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A anestesia geral se subdivide em algumas etapas: inicia antes da anestesia propriamente dita, durante o processo anestésico e o pós. MPA, acesso vascular (acesso venoso), indução para anestesia geral, manutenção anestesia geral, técnicas de analgesia e recuperação pós anestésica. MPA: qualquer fármaco que aplique no paciente em ate 45 minutos antes da indução da anestesia geral e o seu uso possui benefícios para a execução da anestesia. ➾ Tranquilização/ sedação ➾ Potencializa os efeitos anestésicos (reduz consumo e dose de anestésicos no transoperatório) ➾ Alguns fármacos possuem efeito analgésico que pode se estender no trans e pós operatório ➾ Reduz efeitos autonômicos e adversos (vomito, regurgitação, secreção de vias aéreas, FC elevada) ➾ Promove que a indução e a recuperação da anestesia seja suave. A indução e a recuperação anestésica é mais suave e tranquila com o uso da MPA, por que a anestesia geral é dividida em planos e estágios. O terceiro estágio faz referencia a anestesia cirúrgica, e este pode ser leve, moderado ou profundo. Estagio I é o estágio de transição (entre consciente ou não) e este paciente pode passar para o segundo estágio ou não. Estagio II: paciente inconsciente, mas com excitação, pode ter mioclonias, vocalização. O objetivo na indução anestésica é que o paciente saia do estágio I e vá para a anestesia cirúrgica. Mas na recuperação também é esperado que o paciente saia da anestesia cirúrgica e vá para o estágio I, sem excitar, sem passar pelo estágio II. Os planos anestésicos podem ser avaliados de acordo com o nível de atividade cerebral. No valor 100 (significa que o paciente esta com 100% de sua atividade cerebral, consciente). Quando submetemos o animal à anestesia geral a atividade cerebral ira reduzir, quanto mais profundo o plano e estagio anestésico mais deprimido será o nível de atividade cerebral e cortical. Estágio I reduz um pouco a atividade cerebral e cortical Estágio II a atividade volta a aumentar Estágio III diminui acentuadamente e teremos planos 1, 2 e 3 (leve, moderada e profunda) O objetivo é que o paciente vá da indução ao estágio III. Sem excitação, quando usamos MPA reduzimos os riscos do paciente entrar em estágio II. Fenotiazínicos (tranquilizantes)* Opióides (analgésicos)* Agonistas alfa-2 adrenérgicos (ex: atropina)* Benzodiazepínicos Dissociativos Anticolinérgicos Fenotiazínicos São tranquilizantes ou neurolépticos. A principal representante é a Acepromazina. Tranquilização sem analgesia (alguns sedativos podem promover analgesia, mas acepram só tranquiliza). Potencializa os fármacos utilizados nas etapas posteriores da anestesia (melhora efeito dos outros fármacos que são utilizados para indução, manutenção). MECANISMO DE AÇÃO: antagonismo dopaminérgico no SNC A Acepromazina se liga no receptor de dopamina impedindo que ela se ligue e gere seus efeitos. Dopamina promove excitação; Se ela não se liga no SNC não haverá excitação. Bloqueio periférico em alfa 1 adrenérgico: Pode promover vasodilatação, quanto maior a dose maior vasodilatação, pacientes susceptíveis a hipotensão acepram contribui a queda de pressão. ACEPROMAZINA Associação com opioides promove sedação. Evitar* em pacientes com risco de hipotensão/ vasodilatação/ uso de vasodilatadores. (pacientes cardiopatas que usam vasodilatador, sepse, cirurgias com potencial de sangramento). SEQUESTRO ESPLENICO DE HEMACIAS (não usar para sedar caso precise fazer esplenectomia, coleta de sangue para transfusão) Raças sensíveis: boxers; galgos; braquicefálicos, collies (existe uma proteína chamada glicoproteína P que esta na membrana celular e ela remove substâncias estranhas na célula no meio intracelular e manda para fora- retira o fármaco, mas estas raças podem ter um gene que não produz esta glicoproteína P, ou seja, pode potencializar o fármaco no SNC e prolongar os efeitos. Nas raças sensíveis se for usar Acepromazina realizar dose de 0,01 – 0,02mg/Kg, IM Comum associar acepram com metadona, morfina e petidina. Felinos são menos sensíveis (precisa de maiores doses) Não esquecer de associar com opioides. Sem associação só tranquiliza, não seda. Animal hígido relativamente seguro. Se você esta sedando animal apenas com Acepromazina esta usando dose errada. Em equinos podem ocasionar priapismo. Em felinos não utilizar em pacientes com lesão renal, ou que façam uso de medicações que gerem vasodilatação, quadros de sepse. OPIÓIDES Analgésicos mais potentes, muito utilizado, praticamente em todas as etapas da anestesia. MECANISMO DE AÇÃO: Atuam sobre receptores opioides no SNC, especificamente nos neurônios (mu, kappa e delta) Existem alguns ligantes naturais para estes receptores opioides, sendo elas, as endorfinas. Podem ser agonistas, antagonistas ou agonistas-antagonistas Agonista: Se liga ao receptor e promove sua ativação. Antagonista: Se liga e impede que um agonista se ligue Agonista- antagonista: Se liga e ativa um tipo de receptor e se liga e não promove alteração em outro. Ex: morfina é agonista de receptor mu (se liga e o ativa) Naloxona é antagonista do receptor mu Butorfanol é antagonista em receptor mu e agonista em receptor kappa. Para reverter um agonista puro indicado a usar um antagonista puro. Quanto à eficácia: os opioides podem ser fracos ou fortes (efeito o quão intensa a analgesia será) Morfina é forte altamente eficaz, petidina é fraca Variam muito em potência (dose) (potencia é uma relação entre dose e efeito), ou seja, se você precisa de uma dose menor de um fármaco para gerar efeito, logo este será mais potente. Fentanil potencia 100x > morfina, mas ambos possuem a mesma intensidade de analgesia (mas fentanil consegue com dose menor). Mecanismo de ação a nível celular: a transmissão do impulso doloroso, nada mais é que um evento de neurotransmissao, ou seja, desde o estimulo nocivo ate a percepção de dor no córtex, essa informação vai passando por neurônios. Ao nível da medula espinhal os neurônios sensitivos de entrada liberam uma substancia transmissora P, os opioides se ligam no terminal pré sináptico em seu receptor, gerando hiperpolarização da membrana do neurônio, tornando-a mais difícil de ser excitada e este opioide bloqueia a entrada de Ca fazendo com que não conduza a transmissão da informação dolorosa, por que não ira liberar substancia P. Torna a membrana neuronal menos excitável Reduz liberação de neurotransmissores da dor (substancia P) Opioides fortes são agonistas plenos e os fracos agonistas parciais; Os antagonistas são utilizados para reverter os efeitos dos opioides agonistas, principalmente quando houver intoxicação ou overdose. Mais usado naloxona atua nos três receptores; Morfina, metadona, fentanil, petidina e tramadol atuam mais sobre receptor mu. Morfina opioide padrão, potencia não significa poder analgésico e sim DOSE. E ela é usada para comparar com outros opioides. Fentanil e seus análagos são mais potentes que a morfina, ou seja, ele precisa de uma dose menor para atingir o mesmo efeito da morfina. Ex: morfina em dose 0,5mg/Kg equivale em realizar 0,005mg/Kg de fentanil. Opióides efeitos clínicos Analgesia Sedação (alguns fármacos podem promover sedação) Excitação/ disforia (alguns animais podem ficar agitados, mas isto varia entre espécies e às vezes entre indivíduos da mesma espécie). Cão tende a relaxar a sedar com opioides. Alguns gatos podem excitar Depressão respiratória (praticamente todos os opioides causam isso, por deprimirem o SNC, acabamdeprimindo também o centro da respiração, opioide forte tende a deprimir mais a respiração, efeito dose dependente). Reduz motilidade intestinal Potencial liberação de histamina (petidina / morfina) alguns opioides podem induzir liberação de histamina. Substancia vasoativa e vasodilatadora. Ou seja, alguns pacientes podem apresentar sinais semelhantes a reações alérgicas podendo evoluir para anafilaxia. Observar o histórico do animal: se ele tem alergias, seja ela cutânea ou alimentar, evitar usar morfina e petidina. Pacientes com mastocitoma evitar. Emêse (morfina) cuidado ao sedar paciente que não esteja em jejum, tramal também pode gerar emêse em cães. Perigoso o refluxo, pode ocorrer aspiração. A Acepromazina quando associada à morfina realiza efeito anti emético. Retenção urinaria (podem prejudicar o relaxamento do esfíncter uretral, e o paciente retém urina). Isso vale tanto por via sistêmica IV, IM ou via espinhal- epidural. Imunossupressão: é preciso considerar, principalmente em pacientes oncológicos, isso ira depender da dose, potencia e do tempo de tratamento. Por outro lado, pacientes onco sentem muita dor e acabam precisando utilizar. (SEMPRE TRATAR A DOR, POR QUE DOR TAMBEM LEVA A IMUNOSSUPRESSÃO) Opioides são tolerantes, ou seja, conforme o paciente usa por muito em uso crônico com o tempo ele vai reduzindo sua eficácia, sendo necessário aumentar dose ou trocar de opioide. µ MORFINA: MPA: 0,2- 0,3/Kg, IM (cães e gatos) / 0,1 mg/Kg, IV (cães e gatos) lento e diluído. É um opioide forte e que gera intensa analgesia Sedação (cães) Liberação de histamina IV: hipotensão grave (caso faça IV realizar de forma lenta e diluída). Pode ser administrada IV em infusão continua (lenta) diluída para analgesia. METADONA MPA: 0,2- 0,3mg/Kg, IM (cães e gatos) 0,1mg/Kg, IV (cães e gatos) Opioide sintético, mesma potencia e eficácia da morfina. Vantagem: não libera histamina e não induz emese. Efeito sedativo é menor que a morfina mas associado a outros fármacos compensa essa características. Analgesia entre 4 a 8 horas. Pode usar em paciente com mastocitoma MEPEREDINA (PETIDINA) MPA: 3- 4mg/Kg, IM (cães) / 4-7mg/Kg, IM (gatos) Menos potente e eficaz que a morfina (é uma agonista parcial), possui apenas ¼ da potencia da morfina. Boa sedação (particularmente se combinada a Fenotiazínicos) Grande liberação de histamina IV (não usar IV NUNCA) Amplamente utilizada em cães e gatos TRAMADOL analgesia pós op: 3,0- 5,0mg/Kg, IM, SC (cães) 2,0- 3,0mg/ Kg, IM, SC (gatos) Não é um opioide clássico, mas atua sobre receptores Mu (MOP) Menos potente que a morfina (1/10) baixa potencia e eficácia opioide, mas forte analgésico. Possui mecanismo analgésico secundário atuando sobre a liberação de neurotransmissores (serotonina e noradrenalina) Pode induzir êmese em cães Normalmente usado para analgesia pós- operatoria. O uso da ondansetrona (vonau) diminui o efeito analgésico do tramadol. O vonau bloqueia os receptores de serotonina 5-HT e o tramadol atua indiretamente nestes receptores, então perde efeito analgésico. Serotonina e noradrenalina são neurotransmissores excitatórios, mas nas vias da dor, principalmente na via de modulação descendente esses neurotransmissores tem efeito inibidor da propagação da informação dolorosa. No caso o tramadol bloqueia a recapitação dos neurotransmissores, então eles ficam mais tempo atuando sobre os receptores inibindo por mais tempo a propagação da informação dolorosa. O tramadol propriamente dito tem pouca ação opioide, mas seu metabolito (M1) após biotransformação no fígado tem ação opioide de 2 a 4x mais potente que o tramadol. Ou seja, ele é um opioide atípico. Atenção GATOS formam mais M1, sendo neles o efeito analgésico mais potente. Por isso, em gatos as doses de tramal são menores. Cães formam mais M2 (forma inativa), ou seja, em cães as doses são maiores. FENTANIL 5- 10ug/Kg, IV lento, a cada 30 a 45 min / 2ug/Kg, IV (lento, resgates) / 0,15- 0,30ug/Kg/min, IV infusão Agonista Mu extremamente potente 100x mais que morfina (não utilizado em MPA, indicado para transoperatório) Alta lipossolubilidade Duração ultracurta 45-60 minutos Deprime a função ventilatória de forma importante Bradicardia intensa caso administre de forma rápida (aumenta a atividade do nervo vago e assim reduz FC) Potente efeito sedativo IM na MPA (mas não é utilizado, não recomendado pra MPA) Habitualmente utilizado na indução anestésica e em protocolos de analgesia sistêmica (isolado ou associado a outros fármacos) Contra indicado em equinos (excitação) Em cães associam as vezes Fentanil, cetamina e lidocaína FILK REMIFENTANIL 0,15- 0,30ug/Kg/min, IV (infusão continua) Agonista Mu extremamente potente (igual fentanil) Mesmos efeitos clínicos Usado apenas para analgesia sistêmica sob infusão continua Meia vida contexto- sensitiva 3 a 4 minutos (ou seja, meia vida curta significa o tempo que a concentração do fármaco demora para ser reduzido pela metade) meia vida curta, efeito curto. / metabolização extra hepática (esterases plasmáticas, enzimas do sangue) paciente recupera no pós melhor, mais rápido. Menor prejuízo respiratório. NÃO É UTILIZADO EM MPA Gráfico de meia-vida (contexto sensitiva) em relação ao tempo de infusão. BUTORFANOL MPA: 0,2- 0,4mg/Kg, IM (limita o uso dos opioides agonistas) Atividade analgésica sobre os receptores KOP Mais potente e menos eficaz que a morfina, com duração de efeitos 60 minutos. Pouca depressão cardiorrespiratória Após sua aplicação, os agonistas Mu, tem seu efeito reduzido. Em cães e gatos pode ser associado a Fenotiazínicos para sedação NALOXONA É utilizado para rever os efeitos analgésicos e depressores dos agonistas opioides Curta duração 45 minutos Indicada em casos de intoxicação, overdose, recuperação anestésica prolongada (em decorrência dos efeitos sedativos dos opioides) Efeitos colaterais: taquicardia, hipertensão e edema pulmonar MAS SÓ SE FOR FEITO RAPIDAMENTE IV Recomendação de aplicação uma dose baixa IV e outra dose IM Pacientes que revertemos o efeitos dos opioides com naloxona, podem renarcotizar, ou seja, tiramos do efeito de narcose e o animal entra novamente em narcose. Por que alguns fármacos possuem minha vida maior que a naloxona, que é o caso da morfina por exemplo. Nesses casos precisa reaplicar naloxona. Sedativos potentes Relaxante muscular de ação central (não atua diretamente sobre músculos) Efeito analgésico variável entre espécies Profundos efeitos cardiovasculares (não usar em pacientes que possuem comprometimento cardiovascular, hipotensão, arritmias). Representante clássico: xilazina Representante em destaque: dexmedetomidina (pode causar hipertensão) POSSUEM ANTAGONISTAS Ter um antagonista é uma vantagem por que temos a possibilidade de reverter os efeitos. E o antagonista é bom por que às vezes não queremos que o paciente fique muito tempo sedado, então revertemos o estado ao fim do procedimento. Se o paciente entrar em bradicardia intensa, ou hipertensão grave. Ou ate mesmo quando precisa sedar o paciente para procedimento rápido por ex: RX, no fim do procedimento aplicamos antagonistas. Alfa 2 agonista. MECANISMO DE AÇÃO: tem ação tanto em SNC como também ação periférica, independente de qual seja o lugar, o alvo é o mesmo, o receptor alfa 2 adrenérgicos, neste caso, eles são receptores pré sinápticos mas também estão presentes em algumas células musculares. A maior parte dosefeitos clínicos se deve a ligação aos receptores pré sinápticos. Efeitos centrais: Quando aplicamos um agonista alfa 2 adrenergicos, estimulamos o receptor pré sináptico resultando em inibição da liberação do neurotransmissor noradrenalina, sem noradrenalina, não terá sinapses excitatórias, ou seja, promovendo sedação e relaxamento muscular. Reduz condução da resposta dolorosa, levando a uma certa analgesia. Efeitos periféricos: os nervos simpáticos que inervam coração também possuem receptor alfa 2, quando fármaco se liga, causa uma bloqueio simpático sobre coração, pois inibe liberação de noradrenalina, causando redução de DC, diminuição da contratilidade cardíaca, bradicardia. Em musculatura lisa vascular temos receptores alfa 1 e alfa 2, ira ocorrer vasoconstrição acentuada levando a hipertensão arterial. Xilazina Detomidina- equinos Romifidina- não tem no BR Medetomidina- não tem no BR Dexmedetomidina Diferença entre estes fármacos é a afinidade e seletividade pelo receptor alfa 2. Por que os fármacos adrenérgicos podem se ligar tanto em alfa 1 ou alfa 2, mas eles sempre se ligam mais em alfa 2. Quanto mais seletivo ele for, mais potente ele será. EFEITOS CLINICOS Sedação Relaxamento muscular Analgesia Reduz consumo de anestésicos e opioides Em contrapartida: Bradicardia/ arritmias Hipertensão (por causa da vasoconstrição arterial e venosa) Hiperglicemia (por que pâncreas tem receptor alfa 2 adrenergicos, logo inibe a liberação de insulina) não usar em paciente diabético Reduz DC (não usar em pacientes hipertensos, cardiopatas, portadores de arritmias. ANTAGONISTAS PARA REVERSÃO: IOIMBINA (Reverte xilazina e detomidina) / ATIPAMEZOL (reverte dexmedeto) Outros efeitos relevantes Redução da motilidade intestinal Aumenta diurese (pelo aumento do fluxo sanguíneo renal e redução na secreção de ADH hormônio antidiurético) Êmese em cães e gatos (mas ocorre mais em gatos) DOSES XILASINA 0,1- 0,5mg/Kg, IM (MPA), normalmente associado a outros fármacos, opioides, Fenotiazínicos. 1,0 – 2,0mg/Kg, IM anestesia dissociativa DEXMEDETOMIDINA Sedação/ MPA 5-10ug/Kg IM (associado à opioides ou cetamina) Para dexmedetomidina os efeitos cardiovasculares são efeitos dose dependente, dose maior, o efeito adverso será maior. Para reverter usamos ATIPAMIZOL Dose de ATIPAMIZOL deve ser de 5- 10 MAIOR que a de dexmedeto. Ou seja, se usarmos 10ug/Kg de dexmedeto, faremos algo entre 50-100ug/Kg
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