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- -1 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO DA ESCRITA COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO NA ESCRITA TÉCNICO-PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL - -2 Olá! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Identificar os processos metafóricos e metonímicos; 2. relacionar esses processos nos textos técnicos; 3. diferenciar denotação e conotação nos textos. 1 Denotação e Conotação, Metáfora e Metonímia “Vivemos um desses raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado.” (LÉVY, 1993, p.17) LEVY, Pierre. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993As tecnologias da inteligência. 2 O signo linguístico O signo linguístico é constituído de duas partes distintas, mas interdependentes: o (ou plano dasignificante expressão) que é a parte perceptível, constituída de sons, e o (ou ) que é a partesignificado plano do conteúdo inteligível, o conceito. Othon M. Garcia (2000) nos dá um exemplo simples e claro para estes dois conceitos. Vejamos a palavra CÃO: • terá um sentido denotativo quando designar o animal mamífero quadrúpede canino; • terá um sentido conotativo quando expressar o desprezo que desperta em nós uma pessoa sem caráter ou extremamente servil. Também tem sentido conotativo quando quer expressar a fidelidade de alguém para outrem. Por isto, numa palavra que ouvimos, percebemos um conjunto de sons (o significante), que nos faz lembrar de um conceito (o significado). A é o resultado da união existente entre o significante e o significado, ou entre o plano da expressão edenotação o plano do conteúdo. A resulta do acréscimo de outros significados paralelos ao significado de base da palavra, isto é, umconotação outro plano de conteúdo pode ser combinado ao plano da expressão. Este outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos e sociais, negativos ou positivos, reações psíquicas que um signo evoca. • • - -3 3 Denotação Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "estado de dicionário". A palavra tem valor ou quando é tomada no seu sentido usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem osreferencial denotativo dicionários; seu sentido é objetivo, explícito, constante. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se à realidade palpável. A denotação tenta uma relação e uma aproximação mais direta entre o termo e o objeto. Os textos por serem, em geral, objetivos, prendem-se ao sentidoinformativos (científicos e jornalísticos), denotativo das palavras. Vejamos o texto abaixo, em que a linguagem está estruturada em expressões comuns, com um sentido único. Para isso, arraste a lupa até a imagem. 4 Conotação Linguagem Figurada Em sentido complementar aos eixos do significante e do significado de uma palavra ou termo, conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades por associações que ela provoca. Visão de Vanoye Para Vanoye (1998, p. 181), conotação “é tudo aquilo que uma palavra pode sugerir, implicar, clara ou confusamente, além de seu significado propriamente dito. É o conjunto de valores afetivos que se dá à palavra, ou ainda o conjunto dos valores que lhe dá o contexto onde ela é empregada”. Significação Subjetiva A conotação da linguagem é mais comumente compreendida como “linguagem figurada”. Se dissermos “pé da mesa”, estamos nos referindo à semelhança entre o signo pé — que está no campo orgânico do ser humano — e o traço que compõe a sustentação da mesa, no campo dos objetos. É importante o Assistente Social perceber o conceito de conotação, pois o sentido conotativo difere de uma cultura para outra, de uma classe social para outra, de uma época a outra e esse profissional lidará com essas diversidades. Por exemplo, as palavras senhora, esposa, mulher denotam praticamente a mesma coisa, mas têm conteúdos conotativos diversos, principalmente se pensarmos no prestígio que cada uma delas evoca. Um exemplo cotidiano de conotação são os provérbios. Quem se lembra desses? - -4 Casa de ferreiro espeto de pau. Pau que nasce torto morre torto. Veja: Finalizando, Othon M. Garcia ressalta: "Conotação implica, portanto, em relação à coisa designada, um estado de espírito, uma opinião, um juízo, um sentimento, que variam conforme a experiência, o temperamento, a sensibilidade, a cultura - -5 e os hábitos do falante ou ouvinte, do autor ou leitor. Conotação é, assim, uma espécie de emanação semântica, possível graças à faculdade que nos permite relacionar coisas análogas ou semelhadas. Esse é, em essência, o traço característico do pois metaforização é conotação".processo metafórico, 5 Metáfora e Metonímia Metáfora e metonímia são dois processos de transferência semântica. Nelas, sempre um sentido substitui outro. A metáfora constrói-se com a mistura de duas grandezas, que, no caso, são duas isotopias, que mantêm entre si uma relação de analogia, de similaridade, de interseção. A metáfora e a metonímia não são processos apenas da linguagem verbal (JAKOBSON, 1969, p. 63). Em todas as outras linguagens (a pintura, a publicidade etc.) usam-se metáforas e metonímias. Estamos acostumados a considerar a metáfora e a metonímia figuras de palavras. No entanto, não é relevante na sua determinação a dimensão em que operam. Podem, portanto, ter a dimensão de uma palavra, de uma frase, de um texto. Saiba a definição de metáfora dada por Aristóteles Aristóteles define metáfora como “a transposição do nome de uma coisa para outra, transposição do gênero para a espécie, ou da espécie para o gênero, ou de uma espécie para outra, por via de analogia” (ARISTÓTELES, 1959, p. 312). - -6 A metáfora relaciona-se com a ambiguidade, pois quase sempre provoca o sentido literal e o sentido metafórico em uma só sentença, como por exemplo: “Abrace o planeta.” A sentença está em sentido metafórico, que é o de abraçar no sentido de cuidar do planeta e, temos então, o sentido literal, o de abraçar (com os braços) o planeta. Assim, o conteúdo semântico de uma categoria não precisa ser unitário, sendo antes construído por interrelações de sentidos. Por conseguinte, os sentidos de um determinado item não são dados, antes se constroem, sendo “interpretações” que surgem de um contexto particular. Exemplo: • A criança faz beicinho (quando não se lhe faz a vontade). Nesse caso, “beicinho” tem o sentido de, simultaneamente, descontentamento e desapontamento. • O político entrou e saiu sem abrir a boca (“abrir a boca” tem o sentido de “falar”). Vejamos agora a música Metáfora, de Gilberto Gil Metáfora Uma lata existe para conter algo, Mas quando o poeta diz lata Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz meta Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudo-nada cabe, Pois ao poeta cabe fazer Com que na Lata venha caber O incabível Deixe a • • - -7 meta do poeta, não discuta, Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe- a simplesmente metáfora (GIL, Gilberto, In: . LP Elektra n° BR 26036, 1982. L. 1, f.3)Um banda um Metáfora da partida de xadrez - F. Saussure, c.1915 De todas as comparações que se poderiam imaginar, a mais demonstrativa é a que se estabeleceria entre o jogo da língua e uma partida de xadrez. Na metáfora “homens são lobos”, não se vê somente homens e lobos, mas também se vê o domínio das relações sociais humanas como análogo ao domínio dos animais. Ou seja, nota-se uma característica, como a predatória, que se aplica a um domínio (animais/lobos) sendo análoga à característica competitividade, que se aplica a outro domínio (humanos/homens). As metáforas correlacionam dois sistemas de conceitos de diferentes domínios semânticos Assim, de acordo com essa concepção teórica, o conceito de analogia é importante para a construção da metáfora, contribuindo para a correlaçãoentre sistemas de diferentes domínios semânticos. As metáforas do dia a dia destacam-se pelo seu lado intuitivo tornando-se facilmente parte do senso comum em nossa sociedade, “que é mais óbvio do que parece”. As metáforas do cotidiano encontram-se camufladas, bastante interiorizadas nos nossos hábitos diários para que consigamos ter a distância suficiente para repararmos nelas. A metáfora supõe capacidade de substituição, operando por semelhanças, as mais longínquas. Isso acontece porque a experiência e o espírito de observação nos ensinam que os objetos, seres, coisas presentes na natureza – fonte primacial das nossas impressões – impõem-se-nos aos sentidos por certos traços distintos. Veja exemplos, tirados de Othon M. Garcia: No primeiro caso, estamos associando a pedra preciosa esmeralda, da cor verde, aos olhos de alguém. Hipótese associa capacidade de compreender metáforas a neurônios que representam nossas ações - -8 O que você diria da frase-síntese com que William Shakespeare descreveu o alumbramento de Romeu por Julieta? “Julieta é o Sol”. Ou da descrição que Carlos Drummond de Andrade fez do seu sentimento: “O mar batia em meu peito, já não batia no cais.” Você entenderia perfeitamente que o escritor inglês quis descrever a beleza luminosa e quente de Julieta, na percepção de Romeu, e não que ela fosse realmente o nosso astro-rei. E que o nosso poeta maior enfatizava a emoção que lhe fazia bater forte o coração, e não a sua presença física na praia. Esse é o poder das metáforas, que se baseiam na nossa capacidade de associar conceitos aparentemente não relacionados, buscando o que têm em comum. Metonímia A metonímia realiza a triagem de um traço para denotar um dado significado. Esse traço pertence à mesma isotopia do significado expresso, havendo entre os dois sentidos uma relação de implicação: contiguidade, coexistência, pertença, na metonímia em sentido estrito, ou inclusão e englobamento. A metonímia opera por associação de significações dentro do mesmo plano. Classicamente é definida “como a parte pelo todo”. Então, o que é a metonímia? É uma amostra da realidade, uma pequena parte daquela realidade inteira que ela representa. Por exemplo: quando vamos ao cinema, o que estamos vendo é uma metonímia do realizador do filme, uma parte representando o todo. - -9 A ideia da metonímia é que quando estamos vendo um noticiário, um filme ou mesmo fazendo um relato oral, estamos dando nossa perspectiva, ou seja, nosso ponto de vista sobre aquele determinado acontecimento. Não podemos transportar toda a realidade daquele evento, fazemos um recorte daquele evento e esse recorte é nosso ângulo de visão, nossa perspectiva de vista. Daí a importância de entendermos esse processo linguístico, pois ao lidarmos com pacientes, temos de ter o cuidado de observar a perspectiva desse paciente, o recorte que ele está fazendo de sua realidade assim como temos de nos distanciarmos para não impregná-lo com nossa própria perspectiva. Se observarmos os noticiários, estes, muitas vezes, produzem metonímias que (des) favorecem o grupo A ou B, pois ao selecionar a metonímia, está se determinando o resto da imagem que construiremos daquele acontecimento. Em resumo, como mostra , todos os processos simbólicos humanos, sejam eles sociais ou individuais,Jakobson organizam-se metafórica e metonimicamente. (JAKOBSON, Roman. São Paulo: Cultrix: EDUSP, 1969. P. 65-66)Linguística e comunicação. Exemplos de metonímia: • Ele é o cabeça da casa. • Ele tem pulso forte. • Ele é bamba em palavras-cruzadas. O que vem na próxima aula • Coerência textual; • Coesão textual, referenciação. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Aprendeu a construção passo a passo do documento: relatório; • Aprendeu a utilizar esses processos linguísticos no cotidiano e no texto. • • • • • • • Olá! 1 Denotação e Conotação, Metáfora e Metonímia 2 O signo linguístico 3 Denotação 4 Conotação 5 Metáfora e Metonímia O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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