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AMELOGÊNESE O que é? As células do epitélio interno do órgão do esmalte diferenciam-se em ameloblastos, as células que formarão o esmalte. Os pré- ameloblastos, entretanto, completam sua diferenciação em ameloblastos somente após a deposição da primeira camada de dentina. Assim, a formação propriamente dita do esmalte inicia-se durante a fase de coroa. A amelogênese, ou formação de esmalte, é um processo de duas etapas. Os ameloblastos secretam proteínas da matriz e são responsáveis pela criação e manutenção de um ambiente extracelular favorável à deposição de minerais. É descrita em até seis fases, mas geralmente é subdividida em três estágios funcionais principais, referidos como estágios de pré- secreção, de secreção e de maturação. FASES Ciclo vital dos ameloblastos: 1, Estágio morfogenético; 2, estágio de histodiferenciação; 3, estágio inicial de secreção (sem processos de Tomes); 4, estágio de secreção (com processos de Tomes); 5, ameloblasto de borda pregueada do estágio de maturação; 6, ameloblasto de borda lisa do estágio de maturação; 7, estágio de proteção. A formação do esmalte começa ao início do estágio de coroa durante o desenvolvimento do dente, e envolve a diferenciação das células do epitélio dentário, primeiramente nas pontas dos contornos das cúspides formadas nesse epitélio. Em seguida, o processo se estende ao longo das vertentes da coroa dentária. Vasos sanguíneos que se invaginam em direção ao epitélio dentário externo. Estágio de Pré-secreção Fase Morfogenética Uma lâmina basal está presente entre as células do epitélio dentário interno e a papila dentária. Esta fase corresponde ao início do estágio de campânula, quando nas regiões dos vértices das futuras cúspides (ou borda incisal) do dente as células do epitélio interno do órgão do esmalte param de se dividir, determinando que a forma da coroa do dente seja estabelecida pela dobra desse epitélio. As células, que, até então, multiplicam-se por sucessivas divisões, são cúbicas, com núcleo ovoide, grande e central ou próximo à lâmina basal que as separa da papila dentária; o citoplasma tem numerosos ribossomos livres, polirribossomos, mitocôndrias esparsas e complexas de Golgi pouco desenvolvido, localizado na região adjacente ao retículo estrelado. Fase de Diferenciação Após o período de divisão, as células do epitélio interno do órgão do esmalte alongam-se, alcançando quase o dobro de sua altura original. Localizadas entre as células do epitélio interno e o retículo estrelado, constitui-se uma nova estrutura no órgão do esmalte, denominada estrato intermediário. Inversão da polaridade: o núcleo localiza-se ao lado da célula, próximo ao recém- formado estrato intermediário; O complexo de Golgi migra em sentido inverso, ou seja, para o lado próximo à papila dentária, determinando, por sua vez, o novo polo distal; desenvolvem-se, também, cisternas de retículo endoplasmático granular; Citoesqueleto bem desenvolvido; as células se denominam pré-ameloblastos; Os pré-ameloblastos induzem a diferenciação das células da periferia da papila dentária; completando-se a diferenciação somente após a formação da primeira camada de matriz orgânica de dentina; Inicia-se também a liberação de enzimas lisossomais pelo seu polo distal, que degradam e tornam descontínua a lâmina basal. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se numerosos e curtos processos na superfície distal (processo de Tomes), que se projetam para a matriz de dentina; Entre os pré-ameloblastos, estabelecem-se junções intercelulares comunicantes (gap), desmossomos e junções oclusivas (tight) nos dois polos celulares, formando, desse modo, os complexos juncionais proximais e distais; Delicados filamentos de actina se irradiam a partir dos complexos juncionais em direção ao citoplasma dos ameloblastos e podem ser distinguidos formando tramas terminais distal e proximal. Esses complexos juncionais mantêm os ameloblastos fortemente unidos e determinam em diferentes momentos o que pode, e o que não pode passar entre eles, de modo a entrar ou sair do esmalte. Estágio de Secreção A formação do esmalte é exclusivamente controlada pelos ameloblastos (restrição da via intercelular). Como a amelogênese começa nas regiões dos vértices das futuras cúspides e bordas incisais, ela progride em direção à alça cervical, e existe um gradiente de ameloblastos, pré-ameloblastos e células indiferenciadas do epitélio interno do órgão do esmalte. Entre os ameloblastos recém-diferenciados, as junções oclusivas (tight) dos complexos juncionais distais, já observados entre pré- ameloblastos, desenvolvem-se ainda mais, passando a constituir extensas fileiras. No início da fase secretora, os ameloblastos têm sua superfície distal plana; o retículo endoplasmático rugoso, constituído por numerosas cisternas, inicia a síntese das proteínas da matriz orgânica do esmalte, que depois vai pro complexo de Golgi. Grânulos de secreção envolvidos por membrana no citoplasma distal dos ameloblastos, contendo material orgânico. Rapidamente, esses grânulos migram para o polo distal e são liberados nos espaços intercelulares e sobre a dentina do manto. A superfície distal dos ameloblastos, nos primeiros momentos da fase secretora, é mais ou menos plana, apresentando, porém, numerosas e curtas protrusões com aspecto de microvilos e invaginações- primeira camada de esmalte aprismático- junção amelodentinária. A matriz orgânica do esmalte é constituída por proteínas distintas das que constituem as matrizes de natureza colágena. Dois grupos de proteínas: as amelogeninas e as não amelogeninas. Neste segundo grupo, incluem-se as fosfoproteínas glicosiladas acídicas – enamelina e tufelina – e as glicoproteínas sulfatadas – ameloblastina e suas frações, amelina e bainhalina. A mineralização do esmalte começa imediatamente após o início de secreção da matriz orgânica; 15% do total da matriz recém-formada é mineralizada, sendo, portanto, o esmalte jovem constituído principalmente por componentes orgânicos. Os primeiros cristais de mineral, ou seja, de hidroxiapatita, são depositados em contato direto com a dentina do manto, que, neste estágio, forma uma camada mineralizada contínua- uma primeira camada mais ou menos homogênea de esmalte, com os cristais de mineral alinhados perpendiculares à superfície de dentina. Proteínas orientam o crescimento e organização dos cristais de mineral do esmalte. Após a deposição de uma delgada camada aprismática, os ameloblastos desenvolvem o processo de Tomes. Os ameloblastos afastam-se em direção ao estrato intermediário, desenvolvendo uma curta projeção cônica a partir do seu citoplasma distal, o processo de Tomes- essas projeções passam a comandar a orientação do esmalte em formação. Os outros componentes do órgão do esmalte sofrem também algumas modificações e vão degenerando. Há aproximação entre a camada de ameloblastos e o epitélio externo e, portanto, entre os ameloblastos e o folículo dentário- nutrição dos ameloblastos. Além disso, neste estágio da amelogênese, vasos sanguíneos do folículo penetram na região do retículo estrelado pelas invaginações do epitélio externo, aproximando-se do estrato intermediário e dos ameloblastos. Após o desenvolvimento dos processos de Tomes, os ameloblastos formam um esmalte estruturalmente diferente, constituído pelo arranjo dos cristais de mineral em unidades características denominadas prismas, devido à mudança na movimentação dos ameloblastos durante a deposição da matriz e mineralização. Os processos de Tomes contêm grânulos de secreção, vesículas, túbulos, lisossomos, fagossomos e vesículas cobertas, bem como em algumas regiões,profundas invaginações da membrana plasmática. Todavia, é por meio de pequenas reentrâncias formadas em sua face plana secretora (superfície “S”) que ocorre a liberação dos grânulos que contêm a matriz orgânica do esmalte (Figura 8.19); na face côncava do processo (superfície “N”), não ocorre secreção. A liberação de enzimas para o esmalte jovem, promove a degradação parcial e a reabsorção de moléculas da matriz. Com o avançar da secreção, os outros componentes do órgão do esmalte (o estrato intermediário, o retículo estrelado e o epitélio externo) completam seu colapso, passando a compor uma só estrutura constituída por duas ou três camadas de células pavimentosas. Início da formação do esmalte. Após a primeira camada de esmalte aprismático, os ameloblastos desenvolvem o processo de Tomes, mudam a direção da sua movimentação (setas) e iniciam a formação do esmalte prismático. Ao finalizar a fase secretora, o ameloblasto não mais apresenta processo de Tomes; algumas camadas podem ser ainda depositadas, estabelecendo o esmalte aprismático superficial. FASE DE MATURAÇÃO Maturação pré-eruptiva. A degradação e a remoção da matriz orgânica possibilitam o crescimento dos cristais de mineral. Após a deposição da fina camada superficial de esmalte aprismático, os ameloblastos reduzem sua altura, diminuindo suas organelas relacionadas com síntese e secreção, por meio de mecanismos de autofagia. Desse modo, os ameloblastos mostram-se, nesta fase de maturação, como células cilíndricas baixas, apresentando sua superfície distal lisa. Aumento do componente mineral; Enquanto os primeiros estão envolvidos na remoção de elementos orgânicos e água, os últimos participam no rápido bombeamento de íons cálcio e fosfato para a matriz, tornando possível também o rápido crescimento dos cristais de hidroxiapatita. O aumento no tamanho dos cristais é acompanhado pela fusão de vários deles. A fase de maturação também se inicia nas camadas mais profundas, na região da junção amelodentinária, e termina quando a superfície externa é completamente mineralizada. FASE DE PROTEÇÃO O epitélio reduzido recobre o esmalte maduro até a erupção do dente. Uma vez completada a maturação do esmalte, os ameloblastos perdem a ondulação da sua superfície distal, a qual se torna definitivamente lisa. A altura das células diminui ainda mais, o que as transforma em células cúbicas, que secretam um material semelhante ao da lâmina basal localizada entre as células do epitélio externo e o folículo dentário adjacente. Estabelece-se assim, com a camada de ameloblastos protetores, o epitélio reduzido do esmalte, estrutura que reveste a coroa do dente até sua erupção na cavidade oral, separando-a do conjuntivo adjacente. ESTRUTURA
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