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UNIDADE 1 -> INTRODUCAO A RESPONSABILIDADE CIVIL 1)Etimologia do termo “Responsabilidade” -> origem do verbo latino “respondere”, significando a obrigação que alguém tem de assumir as conseqüências jurídicas de sua atividade. ->Spondeo: aquele que assumia a obrigação. 2)Noção Geral sobre Responsabilidade: a acepção que se faz de responsabilidade está ligada ao surgimento de uma obrigação derivada, ou seja, um dever jurídico sucessivo. * Distinção (não se confundem) entre Responsabilidade e Obrigação: -> Obrigação: é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor, o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação jurídica pessoal, de credito e débito, de caráter transitório, cujo objeto consiste numa prestação econômica aferível -> dever jurídico primário; vínculo primário (481 CC) -> obrigação primária. ->Responsabilidade: surge depois, quando o devedor não cumpre espontaneamente a sua obrigação; é um dever jurídico sucessivo (389 CC); o inadimplemento da obrigação primária, faz surgir a responsabilidade. *é a conseqüência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Assim, aquele que é responsável pelo cumprimento da obrigação pode não ser o titular da relação obrigacional. *Dever jurídico sucessivo que surge para recompor um dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. Assim, toda conduta humana que, violando dever jurídico originário (obrigação), causa prejuízo a outrem, é fonte geradora de responsabilidade civil. ->Em que pese ambas se relacionem, uma pode existir sem a outra: Ex: dívida prescrita de jogo -> não há responsabilidade, mas há uma obrigação; o devedor, nesses casos, não pode ser condenado a cumprir a prestação, isto é, ser responsabilizado, embora continue com a obrigação de devedor. fiança -> há responsabilidade, mas inicialmente não há obrigação: responsável pelo pagamento do débito afiançado, originalmente obrigado ao pagamento dos aluguéis. =>Na responsabilidade civil extra contratual/geral/em sentido estrito: Não há vínculo negocial prévio, mas surge o dever de indenizar por outro ato jurídico -> Ex: acidente: qual é o dever jurídico primário? dever geral de não lesar ninguém (todos já tem esse dever); primeira vez que for descumprido esse dever, surge a responsabilidade, ou seja, o dever de indenizar (dever jurídico sucessivo). =>Responsabilidade Civil pelo dever geral de não causar danos a outros, pode surgir no âmbito da responsabilidade civil contratual/negocial -> “ boa-fé”; nas negociações preliminares (sem vínculo); na fase pós-contratual também pode ser afetada pelo dever geral de cuidado -> responsabilidade civil decorre desse dever. =>Responsabilidade exprime a ideia de restauração de equilíbrio, de contra-prestação, reparação de dano, por violação do princípio fundamental da proibição de ofender (não lesar ninguém), por violação de determinada norma jurídica ou por descumprimento de um negócio jurídico pactuado - > tanto para a esfera contratual como extra contratual. *Dever de reparar o dano = violação do vínculo obrigacional (responsabilidade civil negocial) ou do dever legal (responsabilidade civil geral). RESPONSABILIDADE JURÍDICA X RESPONSABILIDADE MORAL: 1)Responsabilidade moral: não há coerção/sanções; age no campo da consciência; constitui um campo mais amplo. 2)Responsabilidade jurídica: possui conseqüências coercitivas; âmbito mais restrito, pois só se cogita quando há prejuízo, danos ao indivíduo ou ao seu patrimônio -> sanções imputadas coercitivamente pela força organizada do Estado. � de �1 64 *A doutrina distingue a responsabilidade moral da jurídica, considerando vários aspectos, como: =>A natureza da norma violada: norma de conduta social x norma jurídica; =>Âmbito de abrangência das condutas humanas: mais amplo x mais restrito; =>Consequências produzidas por sua incidência: sanções de foro íntimo e na consciência do indivíduo x sanções imputáveis com coerção pelo Estado (norma se impõe independentemente da vontade = coerção organizada do Estado). RESPONSABILIDADE PENAL X RESPONSABILIDADE CIVIL: =>Responsabilidade jurídica: abrange responsabilidade penal, civil ou administrativa -> a responsabilidade jurídica aparece quando houver infração de norma jurídica civil, penal ou administrativa/disciplinar, causadora de danos que perturbem a paz social, que essa norma visa manter. *Responsabilidade civil é uma espécie da responsabilidade jurídica distinta da penal e administrativa/disciplinar. 1)Responsabilidade penal: pratica de um ato ilícito criminal -> finalidade sancionatória/ essencialmente punitiva, tendo como foco a pessoa do infrator (pessoal) cuja conduta é preciso reprimir. *Pressupõem lesão aos deveres de cidadãos para com a sociedade, acarretando um dano social determinado por violação da norma penal, exigindo, para restabelecer o equilíbrio, a aplicação de uma pena ao lesante. *Presume uma conduta dolosa ou, por exceção, culposa. *Processo penal até o trânsito em julgado da sentença configura causa impeditiva da prescrição. *Embora não atinja terceiros, pode ter eficácia pan processual. 2)Responsabilidade civil : consiste em reparar o dano do lesado, decorrente da violação de deveres gerais, ou mesmo (nos casos de responsabilidade objetiva) independente da violação de qualquer dever, olhando sobretudo as conseqüências do ato danoso, com uma finalidade indenizatória. *Obrigação de reparar danos, ainda que estes possam ser de várias naturezas: a pessoas, coisas, patrimoniais, extrapatrimoniais, individuais, ou coletivos. *Responsabilidade civil requer prejuízo de natureza material ou imaterial a terceiro, ao particular, à coletividade, ou ao Estado, de modo que a vitima poderá pedir a reparação do dano, traduzida na recomposição do stato quo ante ou numa importância em dinheiro. *A responsabilidade civil passa para herdeiros, que respondem até o valor dos bens que eventualmente receberam, além da responsabilidade civil por fato de terceiro/outrem, como a responsabilidade do patrão pelo empregado, do pai pelo filho etc. *Se contenta com qualquer atuação culposa e ainda alçada em várias situações em que não é imputável qualquer culpa à pessoa obrigada a reparar o dano (responsabilidade objetiva). =>Devido à diferente natureza das responsabilidades penal e civil, compreende-se que em princípio elas sejam independentes. Mas, há certos atos jurídicos que tem repercussão tanto no âmbito cível como no criminal. Nesse caso, há uma dupla reação da ordem jurídica: imposição de uma pena ao criminoso e a reparação do dano causado à vítima. *Sanções podem ser cumuláveis-> de vários âmbitos diferentes. Ex: homicídio -> responde pelo artigo 121 do CP + indenização dos prejuízos: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. =>Artigo 935 CC: estabelece o Princípio da independência RELATIVA da responsabilidade civil em relação a responsabilidade criminal-> ou seja, não se podendo questionar mais sobre � de �2 64 a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Art. 935 CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. => Art. 387.CPP O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; *Dever do juiz de impor um valor mínimo para a reparação cível. => Art. 91 CP - São efeitos da condenação (Sentença Penal Condenatória): I- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; *Em regra, todavia, quando há responsabilidade penal também haverá responsabilidade civil; geralmente oilícito penal gera danos e, por tanto, será também fonte de responsabilidade civil -> mas não é verdadeiro alegar que o ilícito penal será SEMPRE um ilícito civil. ->Se já foi condenado na criminal, não se discute mais; só se discute a quantia devida no juízo cível (necessária a liquidação do dano, porque no juízo criminal foi dado um valor mínimo). *Sentença penal fixará o mínimo para a sua reparação -> no juízo cível não se discutira se se deve, mas o quanto se deve. *Se o juiz criminal se omite quanto ao valor mínimo -> a pergunta SE DEVE? não pode ser analisada, porque já fora condenado; ->OU, se propõe uma ACAO CIVEL EX DELITO (se nada mencionado): caso o juiz não tenha estabelecido valor mínimo ou qualquer outra coisa em relação ao artigo 91, deve-se propor essa ação autônoma, que não depende da propositada no juízo criminal (sem título judicial); *Pode decidir sobre questões que ainda não estão decididas no juízo criminal, mas não faz coisa julgada. Art. 64. CPP Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único.Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. ->Não espera a decisão criminal e já propõem a ação cível. ->Ação civil ex delito é necessária para imputar a responsabilidade ao terceiro (responsável civil), nas hipóteses em que a legislação prevê a responsabilidade por fato de terceiro. ->Vítima, representante legal, espólio e herdeiros tem legitimidade para propor ação civil ex delicto. => Art. 63. CPP: PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE SENTENCA (execução liquidação)Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único: Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. *Título executivo para o cível: “promover-lhe a execução”-> no juízo cível é possível promover diretamente o cumprimento da sentença penal. *Espera a condenação criminal, para depois discutir a ação cível. *Embora, segundo jurisprudência, a eficácia da sentença penal é de tal ordem, que se entende que ela não pode nunca constituir título executivo contra terceiros responsáveis (empregador, pais, Estado -> que não participaram no processo-crime); estas pessoas, na ação civil que contra � de �3 64 elas venha a ser proposta, não poderão rediscutir a culpa do réu condenado, sob alegação de não terem sido partes no processo criminal, considerando-se que “a sentença faz coisa julgada entre as partes, não beneficiando e nem prejudicando terceiros” -> Eficácia Preclusiva Panprocessual. =>Ato ilícito que tenha repercussão tanto no âmbito civil quanto no criminal, para reparação do dano causado à vítima poderá ser pleiteada de duas maneiras: 1)Pedido de cumprimento da sentença penal condenatória no âmbito civil no valor mínimo fixado (artigo 63 CPP, 387, IV CPP), sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido (art 63, parágrafo único CPP); 2)Pela própria Ação de Indenização (ação civil ex delito), que independe de sentença criminal e que pode ser proposta paralelamente a ação penal (art. 64 CPP), caso em que é admitida a suspensão do processo pelo juízo cível, até o julgamento definitivo da ação penal (art. 265, IV, a CPC). => Art. 65 CPP. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito -> excedentes de ilicitude. *Porém, não exime a pessoa da responsabilidade civil; não impede de se discutir no cível indenização de terceiro que não tenha nada a ver com o estado de perigo. =>Art. 66 CPP (Sentença Penal Absolutória). Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato -> extinção da punibilidade. *Quando não tiver sido reconhecido que o réu não foi autor do fato criminoso. ->O que significa que não poderá ser condenado na esfera civil ou administrativa quando for absolvido na esfera penal por: inexistência de fato; negativa de autoria. => Art. 67. CPP Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. *Porque são juízo diferentes, pode não ter sido constituído o crime, porém pode ter causado algum dano. =>Art. 68 CPP. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre, a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. *Onde não tem defensória pública, o MP ainda tem legitimidade para propor ação cível. =>O juízo criminal interfere na decisão cível? Em regra geral não, porque a responsabilidade civil é independente da criminal, pelo Princípio da Independência das instâncias. Mas há exceções, na qual haverá vinculação: =>Se a decisão for condenatória: irá influenciar na decisão civil -> um dos efeitos da condenação é tornar certa o dever de indenizar o dano causado pelo crime (art 91), logo juízo cível não pode dizer que o fato não ocorreu ou que o condenado não foi seu autor. Transitada em julgado a sentença condenatória, ela poderá ser executada no juízo cível, para efeito da reparação do dano (Pedido de cumprimento de sentença). Essa decisão torna a sentença penal título executivo para a cível. ->Se a decisão for absolutória: mesmo o réu sendo absolvido no juízo penal, ele pode em alguns casos ser condenado no juízo cível nas hipóteses do artigo 386 CPP. *Nem sempre irá influenciar na decisão cível, dependendo do fundamento da decisão. Nesse caso, a ação civil pode ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, provado que o indigitado responsável não concorreu para a infração (art.66 CPP). � de �4 64 Caso ela se basear em falta de prova, nenhum efeito produzirá no juízo cível. 1)Juiz criminal absolve o réu por estar provada inexistência do FATO ou que o réu não concorreu para o crime -> sentença penal absolutória faz coisa julgada no cível. *Exclui-se a responsabilidade penal e também, por obvio, a responsabilidade do acusado. *Tourinho Filho afirma que "se o Juiz absolver o réu, alegando a inexistência do fato, a ação civil não pode ser proposta (CPP, art. 66)". (TOURINHO FILHO, 2004, p.727) 2)Absolver por não haver prova de existência do fato, não constituir o fato infração penal, não existir prova suficiente para a condenação: mesmo com a sentença absolutória, pode ser declarada condenada no juízo cível (nenhum efeito produz no cível). *Se, o processo penal não se conseguiu comprovar a existência do fato, isso não significa que este não tenha existido, mas, sim que, apena, não restou comprovado o fato naquela esfera, sendo, portanto, possível, a responsabilização civil do agente causador do dano. *Não constituir infração penal: decisão dada no juízo criminal em nada influirá na que deva ser proferida no juízo cível, vez que, uma conduta pode não ser penalmente ilícita e mesmo assim constituir ilícito civil. 3)Circunstâncias que excluam o crime ou isentam o réu de pena -> pode fazer coisa julgada no cível ou não, depende do caso concreto. =>Não caracteriza a infração penal ou inexistência da culpa do réu -> não faz coisa julgada para efeito de responsabilidade civil, podendo ser proposta ação de indenização no cível. Ex: José, na direção de veículo, atropela Pedro, causando-lhe lesões corporais. Vale ressaltar que José era motorista da transportadora “A” e estava dirigindoo carro da empresa para fazer uma entrega. Sob aspecto penal: José pode responder pelo crime de lesão corporal culposa na direção do veículo; Sob o aspecto civil: José e/ou a transportadora (responsabilidade civil em causa de terceiro) podem ser condenados a pagar a indenização pelos danos causados a Pedro. UNIDADE II - CARACTERIZACAO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 1)Responsabilidade Civil como problemática jurídica atual: pela sua surpreendente evolução no direito moderno; reflexos nas atividades humanas e no progresso tecnológico (aperfeiçoamento dos produtos pelo dever de indenizar - controle de qualidade); repercussão em todos os ramos do direito. Por tanto, devido ao seu CAMPO ILIMITADO, não há entendimento uniforme doutrinário e jurisprudencial quanto a definição do seu alcance, enunciação de seus pressupostos e a sua propria textura -> interconexão com várias disciplinas. 2)Evolução PLURIDIMENSIONAL da Responsabilidade Civil (Maria Helena Diniz): É matéria viva e dinâmica que constantemente se renova, de modo que a cada momento surgem novas teses jurídicas a fim de atender as necessidades sociais emergentes. Ex: dano moral reconhecidos coletivamente/ perda de uma chance. *Sofreu uma evolução pluridimensional, tendo em vista a sua expansão que se deu quanto a forma de reparação dos danos (histórica), a seus fundamentos, a sua área de incidência e sua profundidade da indenização. =>Quanto à forma de Reparação dos Danos: 1)Vindita ou vingança privada -> exercida pelo grupo (vingança coletiva) e mais tarde pelo indivíduo (vingança privada); *Lei de Talião: “dente por dente, olho por olho” -> corpo do devedor responsável pelas dívidas (não há estado). � de �5 64 2)Composição econômica dos danos sofridos: *Primeiro, foi voluntária, a critério da vítima e sem cogitar culpa, empreendida pelo exercício da autotutela. *Depois, Composição econômica obrigatória, porém tarifada (critério tarifado, como uma multa fixa) ou seja, o ofensor paga por causar lesão a um membro do corpo -> uma indenização como uma multa fixa. ->Vedado autotutela: vedado nesse período fazer justiça com as próprias mãos, mas isso somente foi possível porque já existia uma autoridade soberana organizada. ->Lei das XII Tábuas e Código de Manu. *A maior evolução do instituto ocorreu com o advento da Lex Aquilia de Damno -> quando começa a se verificar se o sujeito que pratica o dano, se agiu com dolo ou culpa, mas não estava clara a distinção entre a responsabilidade civil e a criminal (só na Idade Média). ->Veio estabelecer as bases da responsabilidade patrimonial, criando uma forma pecuniária de indenização dos prejuízos, com base no estabelecimento de seu valor, tendo como pressuposto a ideia de culpa. ->Culpa como condição para a obrigação de indenizar, fosse na forma de culpa em sentido estrito ou na forma de dolo. ->Na idade média, com a estruturação da ideia de dolo e de culpa, distingui-se a responsabilidade civil da criminal. OBS: Na medida que o Estado vai assumindo o monopólio do direito de punir, surge de forma autônoma a ação de indenização por responsabilidade civil. ->O elemento da culpa ainda é indispensável para caracterizar a atual responsabilidade civil subjetiva (ou culposa ou por ato ilícito) ->artigo 186 CC. =>Quanto aos seus fundamentos: Durante séculos se entendeu que não poderia haver responsabilidade sem um ato voluntário e culpável -> fundamento da responsabilidade era buscado no agente provocador do dano: “Não há responsabilidade sem culpa” - fundamento que inspirou concepções jurídicas da Europa e América Latina, até século XIX. *De acordo com o Princípio da Culpa, o agente só deveria ser obrigado a indenizar quando tivesse procedido com culpa ou dolo.->Agiu de forma censurável: quando fosse exigível dele um comportamento diverso. ->AVANCO: sem negar a culpa, se desenvolveu o Princípio do Risco (responsabilidade objetiva), pelas necessidades dos novos tempos. Então, ao lado do Princípio da Culpa (insuficiente para cobrir todos os prejuízos) buscou-se outros fundamentos para a responsabilidade: o Risco da Atividade: visando ampliar a proteção jurídica da pessoa lesada, contra a insegurança material ->Atualmente, há alguns que defendem o Princípio da Socialização dos Custos: imputar responsabilidade por danos a quem agiu exatamente como deveria ter agido (ex: caso fortuito), quando o sujeito passivo da obrigação de indenizar ocupa posição econômica que lhe permita socializar os custos de sua atividade entre os beneficiários dela. Ex: Estado, empresários, agências de seguro social =>Quanto à sua extensão (agente causador do dano e beneficiários): *Em relação à extensão, houve um aumento do número das pessoas responsáveis pelos danos: admitindo-se além da responsabilidade direta ou por fato próprio; a indireta ou por fato de outrem; a por fatos de animais e coisas, fundada inicialmente na ideia de culpa presumida e atualmente com fundamento no risco; *Como também um aumento dos beneficiários da indenização: herdeiros, dependentes econômicos, parente. � de �6 64 =>Quanto à profundidade: *Quanto à profundidade, vigora o Princípio da Responsabilidade Patrimonial: responsabilidade deve ser total (princípio da reparação integral dos danos previstos no artigo 944 CC), buscando a plena e integral reparação. *Na responsabilidade civil, há mais de uma forma de reparação do dano: 1)Reparação Natural -> entrega do próprio objeto; 2)Reparação por Substituição -> entrega de objeto da mesma espécie em substituição àquele que se deteriorou ou pereceu, de modo a restaurar a situação alterada pelo dano; 3)E sendo essas hipóteses impossíveis ou sem interesse para o credor (última opção) -> imputável a substituição pecuniária. NATUREZA JURÍDICA: Natureza Jurídica da Responsabilidade Civil pode ser melhor identificada no âmbito do direito das obrigações e das modalidades de obrigações. Tripartição das obrigações: obrigações negociais, responsabilidade civil e enriquecimento sem causa. 1)Obrigações não autônomas: relações obrigacionais que nascem no seio das relações jurídicas não obrigacionais, só existindo em função dessas relações -> outro ramo do direito. *Surgem no desenvolvimento de relações de outra natureza que ligavam as pessoas que agora são devedor e credor. *Ex: em relações jurídicas de direito real (obrigações reais) -> direito de vizinhança, de condomínio e de servidão; de natureza familiar, com obrigação de alimentos; de natureza sucessória, como na obrigação do pagamento de legados; vínculo preexistente pode ser até de direito público, como na obrigação tributária. =>Não são obrigações acessórias como ocorre com a fiança, na obrigação de locação (que garantem uma obrigação principal), e nem se trata de dever acessório de obrigação como ocorre com o locatário que deverá pagar despesas ordinárias do condomínio. 2)Obrigações Autônomas: aquelas estabelecidas diretamente entre o credor e o devedor, independentemente de qualquer relação jurídica não obrigacional; por tanto, não constituem desenvolvimento ou projeção de outra relação jurídica específica. =>Obrigações Voluntariamente criadas pelo credor e devedor, por meio de negócio jurídico: contratos e negócios jurídicos unilaterais (responsabilidade civil negocial ou contratual). Ex: casamento. =>Obrigações não negociais (não houve ato de vontade prévio): onde há duas espécies -> 1)Obrigações resultantes da violação do dever geral de respeito por pessoas e bens alheios (responsabilidade civil em sentido estrito ou responsabilidade civil extracontratual): Ex: acidente de trânsito. *Resulta para outro um dano, ou seja, prejuízo econômico ou não econômico, resultante de ato ou fato antijurídico (atos ilícitos ou equiparados a estes) que viole qualquer valor inerente à pessoa humana, ou atinja coisa do mundo externo que seja antijuridicamente tutelada. *Dever geral de não lesar ninguém => surge o dever de reparar o dano e fala-se em responsabilidade civil em sentido estrito/ geral/extra contratual - denominação equívoca da doutrina). *Consequência prática de atos ilícitos e de outros atos cometidos, mas equiparados aos ilícitos. =>Necessidade de reparar os danos a outras pessoas em consequência da prática de atos ilícitos e de outros cometidos sem culpa, mas equiparados aos ilícitos, para efeito de indenização. Assim, pedestre atropelado pelo condutor inexperiente terá direito a indenização (responsabilidade civil culposa ou subjetiva - culpa ou dolo) mas também a terá, se o acidente foi devido falha mecânica do veículo (responsabilidade civil objetiva, ou pelo risco - resultado antijurídico). � de �7 64 ->Ilícito pode ser: objetivo (resultado antijuridico que produz) ou subjetivo (dolo ou culpa). 2)Obrigações resultantes da violação do dever geral de não intromissão na esfera jurídica alheia e da restituição dos acréscimos (não houve prejuízo/dano) ocorridos indevidamente no patrimônio alheio (obrigação de restituir o enriquecimento sem causa ao patrimônio do credor): * Não ocorre dano, mas acréscimo patrimonial, que ocorreu da intromissão na esfera alheia -> enriquecimento sem causa que leva a indenização = restituição do acréscimo à pessoa que teve a sua esfera afetada. *Ex: artigo 181 CC -> um menor vendeu uma jóia e o negócio vem a ser anulado, ele só será obrigado a restituir o preço que recebeu se a importância respectiva houver revertido em seu proveito; se ele a tiver dissipado, nada terá de pagar ao comprador, porque o seu patrimônio não registrará acréscimo algum. Se fosse o dano sofrido que aqui estivesse em causa, a solução teria de ser sempre uma obrigação de restituir o valor recebido. =>Pode dizer que há 3 categorias de interesses tutelados: 1)Interesse na realização das expectativas nascidas de compromissos assumidos por outra pessoa (devedor) em negócio jurídico (obrigação negocial e responsabilidade civil negocial ou contratual); 2)Interesse na reptação dos danos antijuridicamente causados por outra pessoa (devedor) - > danos resultantes da violação de deveres gerais de não lesar a pessoa nem o patrimônio alheio (responsabilidade civil em sentido estrito ou responsabilidade extracontratual). 3)Interesse na reversão para o patrimônio de uma pessoa (credor) dos acréscimos verificados no patrimônio de outrem (devedor) -> enriquecimento sem causa. REGIME ESPECIAL E REGIME GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 1)Responsabilidade Civil Negocial (regime especial) -> a obrigação de reparar danos que sejam conseqüência do inadimplemento de obrigações negociais (contratos e negócios jurídicos unilaterais).Trata-se de um direito especial da Responsabilidade Civil, sendo que tudo aquilo que ficar fora será regido pelo Regime Geral que é da responsabilidade civil em sentido estrito (extra negocial). *Prestações assumidas voluntariamente pelo devedor. 2)Regime Geral da Responsabilidade Civil (extra contratual)-> reparação de danos causados à pessoas que não estavam ligadas ao lesante por negócio jurídico. *Violação de deveres gerais de respeito pelo pessoa e bens alheios. *Também pode ter vinculado, mas não está previsto em cláusulas - cabe regime geral. *Obrigação de reparar danos antijurídicos (atos ilícitos ou equiparáveis). ->Sempre que há regulamentação específica será afastada a aplicabilidade das normas gerais da responsabilidade civil: norma especial afasta, dentro do seu âmbito de aplicação mais restrito, a norma geral. ->Outras hipóteses: dupla incidência de regime geral + regime especial (existência de negócio jurídico) -> ex: não realização de um transporte ou sua realização em condições danosas para o passageiro ou mercadoria. ->Regras do direito normal devem ser aplicadas se o direito especial não contiver norma específica - direito especial não contém princípios jurídicos conflitantes com os do direito comum. Tudo que ficar fora da relação negocial (regime especial) vai ser regido pela responsabilidade em sentido estrito (dever geral de não causar danos); *Que regula também, os danos acontecidos na fase das: � de �8 64 1)Negociações preliminares (Responsabilidade civil pré-contratual): não há contrato - ex: fase de contratação de empregados (antes da contratação de fato); *Dever geral de agir conforme a boa-fé -> dever de informação, cuidado e lealdade. 2)Os danos que possam acontecer após integral cumprimento das obrigações assumidas (responsabilidade pós contratual): contrato já realizou-se. *Violação dos deveres de conduta. 3)E aqueles acontecidos durante a relação contratual, mas que fiquem de fora do âmbito da autonomia privada (os contratos) - responsabilidade supra contratual. Ex: Durante o desenvolvimento da relação negocial, de situações que não estão previstas em cláusulas.- Como, direitos da personalidade do trabalhador (direitos indisponíveis). =>Situações de ocorrência entre os dois regimes (negocial e extra negocial): Ex: concurso entre a responsabilidade por acidentes de trabalho e a responsabilidade objetiva a que esta sujeito o transportador -> Art.7, XXVIII, CF - Regime especial: responsabilidade do empregador por acidente de trabalho do seu empregado depende de ocorrer “dolo ou culpa” (responsabilidade subjetiva) X art. 735 CC e súmula 187 STF Regime Geral): responsabilidade do transportador por acidentes sofridos pela pessoas transportadas é objetiva agravada. Assim, se o patrão contrata uma empresa para fazer transporte dos empregados, em caso de acidente -> A responsabilidade será objetiva agravada. Responsabilidade do patrão depende de prova de culpa sua. ->Se for favorável o regime geral, afasta o regime especial por causa do caput do artigo 7˚ da CF: não é inconstitucional - pela complexidade dos fatos. *A empresa se responsabiliza mesmo por fato de terceiro (cabe regresso ao terceiro) - responde pela atividade de risco do trabalhador (responsabilidade objetiva). *Se for favorável o regime geral afasta o regime especial por causa do caput do artigo 7 da CF. CONFRONTO COM A TERMINOLOGIA TRADICIONAL: ->Responsabilidade Contratual e Extracontratual: expressões equivocadas pois ignoram os negócios jurídicos unilaterais, os quais seguem o regime jurídico dos vínculos (responsabilidade contratual), mesmo não sendo um contrato. ->Tratamento legal da Responsabilidade Civil: *Regime geral (CC) -> que tem regimes especiais (contratos); *Direito Especial -> CDC, Direito Ambiental etc. UNIDADE III - OS FUNDAMENTOS E AS FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 1)Fundamentos da Responsabilidade Civil -> o dano resultante da perda de uma coisa é suportado pelo dono respectivo (res perit domino). Ou seja, o proprietário só não arcará com o prejuízo quando tiver uma razão jurídica que possibilite a responsabilidade de outra pessoa. Unicamente nesses casos que surge a responsabilidade civil, isto é, a obrigação de reparar danos sofridos por outrem. *Problemática da Responsabilidade Civil: quais os casos em que as pessoas lesadas podem exigir de outra pessoa a reparação dos danos que tiverem sofrido, atribuindo essa obrigação a tal pessoa? ->A atribuição a outra pessoa da obrigação de reparar o dano, tem nesse sentido natureza excepcional: para que possa ser responsabilizada, é necessário que se prove a culpa dela (negligência, imprudência ou imperícia; ou dolo -> Princípio da Culpa) ou então que exista uma � de �9 64 norma específica (ainda que jurisprudência; ex: 927 CC) fazendo recair sobre ela o risco do dano (Princípio do Risco da Atividade), ou ainda, o dever de socialização dos custos da indenização. ->Assim a irresponsabilidade é a regra, sendo a responsabilidade a exceção (olhar pelo âmbito do causador). Essas exceções são fundamentados nos seguintes princípio éticos jurídicos: Princípio da Culpa, do Risco da Atividade e da Socilização dos custos. ->Externalidades negativas: ocorrem quando a ação de uma pessoa prejudica a outra, devemos assim reparar ou compensar certos danos -> pois, a convivência em sociedade pressupõem a internalização de algumasexternalidades negativas. As normas de responsabilidade civil cuidam da internalização das externalidades (interferências). *Externalidades negativas nem sempre geram o direito de indenização, tanto no dolo quanto na culpa; ou ainda, algumas atividades, como a de risco, mesmo lícita e ainda que não haja culpa, terá dever de indenizar. *Aquele que causou a interferência, desde que haja fundamentos para a responsabilização, é ele que vai ter que internalizar (arcar com os custos) a obrigação. *Há muitas externalidades que não são internalizadas pelo causador da interferência negativa e outras que sequer comportar internalização. Ex: concorrência de livre mercado entre empresário, um dele pode perder clientela para outro reduzindo assim seus negócios, sem direito a indenização; em razão de pintura do apartamento, vizinho pode sofrer incomodo provocado pelo cheiro da tinta, e não será ressarcido; transtornos do trânsito etc. *Fábio Ulhoa Coelho -> Pelo Princípio da Indenidade, a elaboração, interpretação e aplicação das normas de responsabilidade civil devem ser feitas com o objetivo de facilitar o acesso da vítima à indenização. Não é possível sustentar-se nele, porém, a indenidade plena prometida pelo Estado mutualista; muitos menos a indenidade absoluta, que parece ser incompatível com a vida em sociedade -> segundo esse entendimento, é correto afirmar que a regra é a da indenização de qualquer dano sofrido por um sujeito de direito por causa de outra pessoa; e a exceção é a inexistência de responsabilidade. ->Olhar pelo âmbito da vítima. =>Princípio da Culpa e do Risco que fundamentam a responsabilidade civil, justificando a imputação desta a alguém. A partir desses dois princípios que se distingue as duas categorias de responsabilidade: a subjetiva e objetiva. Na atualidade pode-se dizer que se procura um equilíbrio entre os dois princípios; fazendo prevalecer em geral o princípio da culpa, mas afirmando também a necessidade social de não deixar ao desamparo as vítimas inocentes de danos que sao estaticamente inevitáveis de certas atividades. -> Independente do princípio que deva prevalecer, se não houver um nexo de imputação (que seja culpa do agente ou risco da atividade), não surgirá a obrigação de indenizar. PRIMEIRO FUNDAMENTO: PRINCÍPIO DA CULPA (Responsabilidade Subjetiva) ->Só deveria ser obrigado a indenizar quando tivesse precedido de forma censurável, com culpa ou dolo. ->Para responder culposamente tem que ter a intenção, ciência não (ato voluntário), mas tem que ser possível exigir dele um comportamento diverso. ->Vítima tinha que provar que o causador do dano agiu com culpa para indenização. *A culpa é definida em sentido subjetivo: inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar; � de �10 64 -> em sentido objetivo: comparando o padrão de comportamento do a gente a um tipo abstrato de homem mérito verificando se o dano resultou de: negligência, imperícia, ou imprudência, nas quais não incorreria o homem-padrão normal e o sujeito diligente. 1)Negligência: falta de atenção, omissão ao cumprimento de um dever, ausência de reflexão, em virtude da qual deixa de prever o resultado que podia e devia ter previsto. 2)Imprudência: agir sem as cautelas necessárias, com arrojo e sem a devida consideração pelos interesses alheios. Ex: quando o automóvel avança sinal fechado. 3)Imperícia: inaptidão técnica, ausência de conhecimento para a prática do ato, omissão de providência que se fazia necessária para o ato, como ex: carteira de habilitação. =>Noção de ato ilícito, como causa da responsabilidade civil (art. 186 CC) = “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” *Esse artigo define o que se entende por comportamento culposo do agente causador do dano “ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência” em consequência da qual, fica o agente obrigado a reparar o dano. *Pressupõe a existência de culpa lato senso, que abrange o dolo e a culpa stricto sensu ou aquilia. ->Não confundir com o ilícito de forma objetiva (abuso de direito) do artigo 187: “Também comete ato ilícito, o titular de um direito que, ao exerce-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” =>Gradação da culpa ou graus da culpa (lata, leve, levíssima) não representa nenhuma utilidade para a imputação da responsabilidade civil, mas apenas em relação à fixação do quantum debeatur da reparação dos danos causados (art. 944, pu. e 945 CC) -> o juiz pode reduzir eqüitativamente a reparação do dano material se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, adotando a teoria da gradação da culpa influenciar no definição do quantum indenizatório. Mas há entendimento de que nas hipóteses de responsabilidade civil objetiva, por não se apurar culpa, não se cogita da diminuição da indenização. =>A responsabilidade por ato ilícito pressupõe opaco (intencional ou não, consciente ou não) pela conduta que levou ao dano quando havia exigibilidade de conduta diversa. Caracterizado o ato ilícito, com dano a outrem, poderá ser imputada a RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. SEGUNDO FUNDAMENTO: RISCO DA ATIVIDADE -> Princípio do Risco: RESP OBJETIVA *Todo dano deve ser indenizado. O fundamento da responsabilidade deixa de ser buscado somente na culpa, podendo ser encontrado também no próprio fato da coisa e no exercício de atividades perigosas, que multiplicam o risco de danos -> Responsabilidade decorrente do risco proveito, do risco criado, do risco profissional, do risco da empresa e de se recorrer a mão de obra alheia, etc. *Ou seja, ainda que sem qualquer culpa ou dolo e mesmo que não seja a causadora: quem cria risco deve responder pelos eventuais danos -> quem causa o dano, ou quem exerce determinadas atividades, deve reparar os danos sofridos pelas outras pessoas; mesmo quando a pessoa responsabilizada tenha procedido com todos os cuidados exigíveis. *Os riscos de cada atividade devem ficar com a pessoa que a realiza. *Dano causado por outrem, ainda que sem culpa, ou em casos especiais, acontecidos em conexão com atividades desenvolvidas por outra pessoa (atividade de risco). ->Preocupação em julgar o dano em si mesmo, tendo em vista a vítima (exposta a risco). =>Modalidades de Risco: Fernando Noronha fundamenta que são 3 os risco que fundamentam a responsabilidade objetiva, todos relacionados com determinadas atividades. � de �11 64 1)Risco de empresa (Risco Comum)-> Quem exerce profissionalmente uma atividade econômica, organizada para produção ou circulação de bens e serviços, deve arcar com todos os ônus resultantes de qualquer evento danoso inerente ao processo produtivo ou distributivo -> ainda no caso de força maior. Ex: responsabilidade do fornecedor de produtos ou serviços -> Arts. 12 e 14 CDC. -> Respondem por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação de seus produtos e também pelas informações insuficientes ou inadequadas sobre o uso. 2)Risco Administrativo (mais exacerbado na esfera pública) -> A pessoa jurídica pública responsável na prossecução do bem comum, por uma certa atividade, deve assumir a obrigação de indenizar particulares que porventura sejam lesados, para que os danos sofridos por estes sejam restituídos pela coletividade beneficiada. Ex: Responsabilidade civil pública (Da União, Estados, Municípios, suas autarquias e fundações e das entidades de direito privado prestadoras de serviço público) -> Artigo37, parágrafo 6 da CF: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” 3) Risco-Perigo -> risco de uma gravidade maior. Quem se beneficiacom uma atividade potencialmente perigosa (para outras pessoas ou para o meio ambiente), deve arcar com eventuais conseqüências danosas. Ex: responsabilidade por acidente de transporte de pessoas; acidentes de trânsito. =>Outros autores comentam outras modalidades de risco: 1)Risco proveito: responsabilidade incorre sobre aquele que adquire algum proveito da atividade danosa. De acordo com essa teoria, a vítima do fato lesivo teria que provar a obtenção do proveito, ou seja, do lucro ou vantagem pelo autor do dano. *Crítica -> uma atividade não lucrativa, também pode ser de risco e gerar danos, não podendo ser excluída da responsabilidade objetiva. 2)Teoria do Risco Profissional: sustenta que o dever de indenizar decorre de um fato prejudicial à atividade ou profissão do lesado. Ex: Danos causados por acidente de trabalho, porque a pessoa estava exposta ao risco de danos para o exercício profissional -> posição minoritária. 3)Risco Excepcional (Risco comum maior): aquele que escapa à atividade comum de vítima. Ex: casos de acidentes de rede elétrica, exploração nuclear, de radioatividade. OBS: nesse sentido, alguns autores identificam esse risco com o “Risco-Perigo” -> aquele risco que se traduzisse como imposição de perigo, de modo que aquele que expõe os demais a perigo grave deve suportar os danos que daí decorram. 4)Teoria do Risco Criado: Aquele que em razão de atividade ou profissão cria um risco ou perigo, está sujeito a reparação do dano que causa -> “quem organizar uma atividade e desencadeia uma estrutura, provocando com isso danos a outrem, deve responder pelo risco em dii que há nessa escolha, na prática dessa sucessão de atos coordenados à obtenção de um resultado, objetivo. OBS1: Não se relaciona com o risco proveito, pois a Teoria do Risco Criado não se correlaciona o dano a um proveito ou vantagem da parte. OBS2: Essa modalidade equivale ao risco de empresa ou risco de atividade. � de �12 64 OBS3: Majoritário entendimento de que o CC adotou a Teoria do Risco Criado/de empresa/ de atividade. 5)Teoria do Risco Integral: modalidade extremada da doutrina do Risco, porquanto nela se dispensa até mesmo o nexo causal para justifica o deve de indenizar, que se faz presente somente em razão do dano,ainda que nos casos de culpa exclusiva da vítima. Ex: atividades nucleares e de exploração de petróleo. ->Atividade desenvolvida é de alto risco, não só por lesar o meio ambiente -> não só olhando para o dano em si, mas para a atividade. ->Responsabilidade objetiva agravada (uma das hipóteses). 6)Teoria dos Riscos do Desenvolvimento: aqueles riscos não cognoscíveis pelo mais avançado estado da ciência e da técnica no momento da introdução do produto no mercado de consumo e que só vem a ser descobertos após um período de uso do produto, em decorrência do avanço dos estudos científicos e tecnológicos. Ex: cigarro (mas ainda não sabem o percentual que ele influência na ocorrência de câncer no pulmão), anti-colesterol, MER-29 etc. ->Questão: Se um paciente de um hospital público (não é uma atividade lucrativa) adquire hepatite C durante o procedimento de transfusão de sangue, terá direito a indenização (em face do hospital), quando foram realizados os testes de sangue? Estado tem que assumir o risco do desenvolvimento? é diferente do Risco Administrativo do Estado. *Hospital que realiza o serviço com observância de todas as cautelas -> não é responsável pelos danos causados, ainda que tenha responsabilidade objetiva para defeitos dos serviços - risco acaba sendo do paciente. (STJ) Não é absoluta a segurança da transfusão - mas, não é passível de tornar defeituoso o serviço prestado pelo hospital. Se ficar comprovada alguma negligência/imprudência/imperícia no processo de realização = daí seria imputada - culpa. *Se fosse um hospital privado (que desenvolva uma atividade lucrativa): o senso de justiça apela para que a vítima não ficasse no prejuízo - caixa suficiente para honrar certos danos. TERCEIRO FUNDAMENTO: SOCIALIZACAO DE CUSTOS ->Segundo Fabio Ulhoa Coelho, o desamparo de vítimas por acidentes inevitáveis agrediam o senso de justiça e, por outro lado, o acúmulo de capitais já era suficiente para implantação de aprimorados mecanismos jurídicos de socialização dos custos -> razão pela qual surge a responsabilidade objetiva, em que o devedor é obrigado a indenizar os danos do credor, mesmo não tendo nenhuma culpa por eles. -> agiu como devia, não é ato ilícito. ->Segundo o autor nessa modalidade, o devedor responde por ato ilícito. Sua conduta não é contrária ao direito, todavia, é racional imputar responsabilidade por danos a quem agiu exatamente como deveria ter agido quando o sujeito passivo da obrigação de indenizar ocupa posição econômica que lhe permita socializar custos da sua atividade entre beneficiários dela. Ex: O município deve indenizar os proprietários dos imóveis que desvalorizaram em função da construção de um viaduto (obra lícita); O empresário responde objetivamente pelos danos derivados de acidentes de consumo; O INSS terá que pagar as vítimas do acidente de trabalho, independentemente de perquirir sobre a culpa pelo evento. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL � de �13 64 Em relação ao seu fundamento de imputação: 1)Responsabilidade Subjetiva (Aquiliana ou por Ato Ilícito) -> fundada na culpa ou dolo por ação ou omissão lesiva a determinada pessoa. *Dano resultante de uma ação ou omissão do responsável (embora culposa), de ação ou omissão de pessoa a ele livrada ou ainda de fato de coisa que ele seja o detentor. 2)Responsabilidade Objetiva -> quando encontra justificativa no risco (risco criado; risco da atividade; risco administrativo; risco perigo). *Dano causado por outrem, ainda que sem culpa, ou em casos especiais, acontecidos em conexão com atividades desenvolvidas por outra pessoa (atividade de risco). ->Dano seja resultante de ação ou omissão do responsável, ou de ação ou omissão de pessoa a ele ligada, ou ainda de fato de coisas de que ele seja detentor. ->Responsabilidade objetiva: obrigação de reparar danos resultante de qualquer atividade, que sendo, normalmente desenvolvida, implique, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Para além dessas situações que cabem aqui, também os demais casos especificados em lei. ->Exige o nexo de causalidade entre a atividade do responsável e o dano. 3)Responsabilidade Objetiva Agravada: quando se sustenta a ideia de risco próprio inerente, característico ou típico de determinada atividade. -> danos acontecidos durante a atividade que se desenvolve. * A peculiaridade é que haverá dever de indenizar mesmo sem nexo de causalidade, pois se impõe, ainda que decorrente de fato de terceiro, fato da vítima ou caso fortuito ou de força maior. *Por isso, é modalidade excepcionalíssima. ->Aqui, ainda estamos perante riscos de atividade (de empresa ou administrativos), mas que são bem específicos -> riscos que já se sabem que essa atividade pode sofrer. -> Não é objeto de expressa previsão legal; é construção jurisprudêncial. ->Aquela que vai além do risco que tal atividade faz naturalmente correr; responde por danos conexos com a sua atividade. Ex: atividade de transporte = assalto não é um risco inerente a atividade de transporte. Banco = assalto é um risco inerente. ->Responsabilidade do transportador por acidente com o passageiro por fato de terceiro. FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL Atualmente, pode-se afirmar serem 3 as principais funções exercidas pela responsabilidade civil: indenização da vítima, distribuição dos danos entre os membros da sociedade e a prevenção de comportamentos anti-sociais. *+ a distribuição dos danos entre os membros da sociedade -> atualmente (Princípio da Socialização dos Custos. *Se aproxima das funções da responsabilidade criminal: punir um culpado, vingar a vítima e restabelecer a ordem social -> tornaram-se secundárias/subsidiárias, após a distinção entre a responsabilidade civil e criminal. =>Segundo PabloStolze e Rodolfo Pamplona, são 3 as funções da responsabilidade civil: função compensatória do dano à vítima; punição do ofensor e desmotivacao social da conduta lesiva. 1)Função Compensatória do Dano a vítima -> objetivo básico e finalidade principal: retornar as coisas ao status quo ante. Repor-se o bem perdido diretamente ou, quando não é mais possível tal circunstância, impõe-se o pagamento de um quantum indenizatório, em importância, equivalente ao valor do bem material ou compesatório do direito não retributível pecuniariamente. � de �14 64 2)Função Punitiva do Ofensor: a prestação imposta ao ofensor também gera um efeito punitivo pela ausência de cautela na prática de seus atos, persuadindo o autor do dano a não mais lesionar (prevenção). 3)Desmotivação social da conduta lesiva: persuasão não se limita à pessoa da ofensor, mas também tem um cunho socioeducativo, que é a de tornar público que condutas semelhantes não serão toleradas. Assim, alcança por via indireta, a própria sociedade, restabelecendo o equilíbrio e a segurança desejadas pelo direito. =>Fabio Ulhoa Coelho: função principal de ressarcir os prejuízos da vítima (função de compensação). *Não se leva em consideração ao patrimônio do causador. =>FERNANDO NORONHA: Reparatória, sancionatória e preventiva. 1)Função Sancionatória (ou punitiva) -> característica da responsabilidade criminal; impor uma pena, como um castigo proporcional, mais dissuadir outras pessoas da prática de atos similares (prevenção geral) e ainda dissuadir o próprio criminoso da prática de novos crimes (prevenção especial). *Imposição ao infrator de uma pena -> retribuir o ilícito - aplicar um castigo proporcional. *De forma mitigada e assumindo características diversas, essas 3 finalidades estão na reparação civil, pois impondo um sacrifício, maior ou menor, ao lesante, acaba também punindo este. ->Todavia, na responsabilidade civil uma finalidade punitiva não é facilmente justificável: quando tem por fundamento uma conduta dolosa ou culposa, pode-se entender em punir; mas no caso de responsabilidade objetiva, só é possível falar em função sancionatória nos casos em que for possível incentivar as pessoas a adotar medidas de segurança preventivas, para evitar a ocorrência de danos. *Com um caráter secundário (2˚ plano), essa função fica mais visível em casos de danos puramente anímicos (ou morais em sentido estrito) e com danos puramente corporais, que propriamente não se indenizam (satisfação compensatória), ainda que de natureza pecuniária. *Não se deve exagerar na ideia de punição através da responsabilidade civil: função dissuasora tem sempre papel acessório -> em princípio, a responsabilidade visa apenas reparar danos. *A função sancionatória da responsabilidade civil é invocada geralmente para justificar o agravamento da obrigação de indenizar, mas as vezes ela tem um efeito contrário, fundamentando uma redução do quantitativo que em princípio seria defensável. Assim,a natureza indenizatória da responsabilidade civil não impede que o juiz possa reduzir equitativamente a indenização (Ex: para não levar à falência a empresa), nos casos em que sejam enormes os danos causados e seja reduzida a culpa do responsável, nos termos do art. 144, parágrafo único. Por outro lado, é considerando a função sancionatória, ou melhor, a inexistência de censurabilidade, que em muitos casos de responsabilidade sem culpa (ou culpa menor) se fixam limites máximos de indenização, impossibilitando muitas vezes a reparação integral do dano sofrido pelo lesado . 2)Função Preventiva (dissuasora) -> é paralela à função sancionatória; função de prevenção geral (para que as pessoas não pratiquem atos danosos) e de prevenção especial (para que o tensor seja desestimulado) -> desestímulo: pedagógica, educativa. � de �15 64 *Não se deve exagerar na ideia do valor de desestímulo, associada à ideia dos punitive ou exemplary damages -> constituem uma soma de valor variável estabelecida em separado dos compensatory damages, quando o dano é decorrência de comportamento lesivo marcado por grave negligência, malícia ou opressão. *Segundo Carlos Alberto Bittar (que defende a adoção dos punitive damages da jurisprudencia norte-americana): à luz da legislação brasileira à responsabilidade civil, considerando o disposto no art. 944 do CC, existe compatibilidade desse regime jurídico com a importação da teoria norte americana. O direito brasileiro já prevê vários institutos com natureza penal dentre eles a cláusula penal (art.416 CC), juros de mora, aras, pagamento em dobro, restituição em dobro e astreintes -> hipótese clara do valor de punição, pois restituição em dobro não faz sentido com o artigo 944. Art. 944 “ A indenização se mede pela extensão do dano. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. ->Contra Punitive damages ou exemplar demages: forte corrente doutrinária que defende a não utilização da doutrina norte-americana do dano punitivo, sustendo que ela quebraria a autonomia do direito civil e direito penal -> misturaria o que é propriedade da responsabilidade criminal com a civil; *Enriquecimento sem causa com o valor da punição superior ao dano. *Juiz iria além da prestação jurisdicional, sendo não pleiteado pela parte. ->Multa Cominatória: instituto onde a finalidade dissuasora também assume especial relevância -> a imposição de penas pecuniárias não visa apenas coagir o devedor a reparar prontamente os danos causados; visa também evitar que eles vão se propagando, pela resistência do responsável. ->Danos Transindividuais (que atingem bens de interesse da generalidade das pessoa): como o dano ao meio ambiente, ao qual se enfatiza a necessidade de punições “exemplares”, através da responsabilidade civil, como forma de coagir as pessoas, empresas e outras entidades a adotar todos os cuidados que sejam cogitáveis para evitar esses danos. Ex: Lei da Ação Civil Pública. 3)Função Reparatória -> Finalidade fundamental é de REPARAR O DANO -> apagar o prejuízo econômico (indenização do dano patrimonial); minorar o sofrimento infligido (satisfação compensatória do dano moral puro) ou compensação pela ofensa à vida ou integridade física de outrem (satisfação compensatória do dano puramente corporal). *Sobretudo em matéria de danos patrimoniais; *Consistindo-se fundamentalmente na obrigação de reparar o dano, a responsabilidade civil, em princípio não tem como medida a gravidade da conduta do lesante, nem outros fatores subjetivos, mas unicamente a extensão do dano causado -> art. 944 CC. =>As três Funções: *Conjugação das 3 funções -> nos danos ambientais -> deve reparar de forma completa o dano (reparatória), mesmo que o preço seja alto ao poluidor; representar o mínimo indispensável para dar satisfação ao sentimento geral de frustação e mesmo de revolta experimentado pela comunidade, imputando ao agente uma retribuição como castigo proporcional à lesão causada (função sancionatória); e para coagir à adoção dos cuidados que razoavelmente sejam cogitáveis (função dissuasora). =>Além das 3 funções mencionadas, nota-se tendência geral, presente no direito comparado, de considerar a responsabilidade civil sob o enfoque do balanceamento de interesses conflitantes, da cessação do ilícito, da proteção dos valores constitucionais e da busca por justiça e equidade. � de �16 64 UNIDADE 4 - PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 1)Noções gerais e divergências -> reduzida a responsabilidade civil a sua expressão mas simples, surge quando há um dano e uma pessoa que deva responder por ele. Mas para saber quando é que uma pessoa pode ser responsabilizada por um dano é necessário apurar diversos elementos, os quais a doutrina denomina de pressupostos da responsabilidade. *Como elementos de existência indispensável, a realidade tática deve apresentar: fato gerador (ação ou omissão, ou acontecimento natural) que produziu umdano ou lesão de qualquer natureza (isto é, a pessoas ou coisas, patrimoniais ou e extrapatrimoniais, individuais, ou coletivos). 1 PASSO -> perante um dano de qualquer natureza, o jurista começa procurando saber se ele corresponde à violação de um bem juridicamente tutelado, ou seja, verifica se o dano tem cabimento no âmbito de proteção, ou escopo de uma norma. 2 PASSO -> Se existir normas tutelando o bem violado, procurará saber qual foi a causa do dano ou em casos muito excepcionais, se ele simplesmente se verificou no decurso de uma dada atividade. 3 PASSO -> Estabelecido que foi causado por um determinado fato, procurará saber se este pode ser imputado a alguém. Seja a título de culpa, ou de risco criado; nos casos em que o dano se verificou no decurso de uma dada atividade, mas sem ter sido causado por qualquer fato atribuível ao exerceste, procurará ainda saber se pode ser considerado risco típico da atividade. => 5 pressupostos ou requisitos: dano, cabimento no âmbito de proteção de uma norma, fato gerador, nexo de causalidade, e nexo de imputação -> Fernando Noronha. *Assim, o fato gerador terá que ser antijurídico e deverá ser imputado a alguém. E o dano há de ser efetivo e deverá ter sido causado pelo fato gerador, além disso, o dano deverá constituir lesão de um dos bens que a ordem jurídica queria proteger. =>Há quem aponte que os elementos básicos são apenas 3: conduta humana (positiva; ação ou negativa; omissão); o dano ou prejuízo; e nexo de causalidade *Justificativa apresentada por essa linha de entendimento é de que a culpa não é elemento essencial mas sim acidental. ->Conduta humana: não é certo, uma vez que acontece eventos naturais e fato de animais. =>Já alguns autores preferem atribuir ao fato gerador um qualificativo, associando esse requisito ao dano -> fato danoso: pois, as vezes mesmo havendo um fato antijurídico, senão causar danos, nunca surgirá a obrigação de indenizar, mesmo que ele possa ser relevante para outros efeitos (por exemplo, em matéria criminal ou contravencional). Assim, entendem haver 3 requisitos: fato danoso, prejuízo e o liame entre eles como a estrutura comum da responsabilidade civil. ->Outros acrescentam a culpa ou imputabilidade como pressupostos. ->Alguns ainda preferem dizer que se exige o fato danoso,o dano e a antijuridicidade ou culpabilidade. FATO GERADOR DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU FATO ANTIJURIDICO *Evento causador do dano -> essencial para saber quais as situações ensejeadoras da responsabilidade civil. *Há unanimidade na doutrina quanto a exigência, porém nem todos os autores enunciam expressamente esse pressuposto de forma destacada e autônoma. � de �17 64 *Mas há divergência quanto a sua denominação -> alguns falam em “existência de uma ação (comissiva ou missiva) ou conduta humana (positiva ou negativa) ou outros preferem dizer que é necessário um fato antijurídico (humano ou natural). =>Fato Antijurídico: são fatos que se colocam em contradição com o ordenamento, afetando negativamente situações que eram juridicamente tuteladas. Poder ser um fato humano, culposo ou não, mas também um fato natural. *Fato natural: independe de qualquer ação ou omissão, logo independente de qualquer culpa. *Fato humano -> constitui, na maioria da vezes, uma conduta comissiva (ação) ou por omissão. A ação ou omissão pode ou não resultar de culpa da pessoa que estiver envolvida, mas isto é questão que diz respeito ao nexo de causalidade. =>A antijuridicidade, quer diga respeito a um fato humano ou natural, é um dado de natureza objetiva: existe quando o fato (ação, omissão, fato natural) ofende direitos alheios de modo contrário ao ordenamento jurídico, independentemente de qualquer juízo de censura que porventura também possa estar presente e ser referida a alguém. *Alguns autores chamam de dano injusto e outros em ilicitude do fato. =>Nem sempre a ofensa a direitos de outrem é antijurídica, como exemplo, nos atos justificados (quando sejam lesados direitos de pessoas estranhas à situação contra a qual se esteja procedendo - legítima defesa, por exemplo). Mas nesse caso, a circunstância de o ato justificado ser lícito não impede que seja antijurídica a CONSEQUENCIA produzida (lesão do direito da terceira pessoa ) -> só não será antijurídico os danos causados ao próprio agressor ou ao criador do perigo. =>Situações em que podem ocorrer fatos antijurídicos: 1)Quando tiver ato ilícito subjetivamente reprovável porque houve violação culposa do direito de outrem (dolo ou culpa) -> ato subjetivamente ilícito. Ex: homicídio doloso ou culposo. 2)Ato objetivamente ilícito, ato danoso praticado por inimputável ou por pessoa em situação de inimputabilidade acidental; *Ato que só não é qualificável como ilícito subjetivo devido a situação de inimputabilidade de quem realiza. Ex: homicídio cometido por um demente. 3)Atos justificados, quando for atingida pessoa diversa daquela que criou a situação implicativa da necessidade de intervenção: ato danoso é praticado em situação em que seria inexigível outro comportamento. Ex: a morte de uma terceira pessoa, que seja conseqüência de uma legítima defesa ou estado de perigo. 4)Quando ocorre certo acontecimento naturais que atinjam um direito de alguém, desde que ocorrência esteja ligada à atividade desenvolvida por outra pessoa. Ex: fatos de animais. =>Não basta a existência de um fato antijurídico para existir o dever de indenizar; andar na contramão numa estrada deserta, não gera obrigação -> é necessário causar dano a outrem e além disso, a imputação do fato ao agente e a verificação de danos. CONDUTA HUMANA: COMISSAO E OMISSAO *Comissiva -> ato positivo (ação); movimento físico do ser humano desencadeia eventos que direta ou indiretamente causam danos a alguém. Ex: acionar o gatilho de uma arma, falar mal de alguém. � de �18 64 ->Ato voluntário, que pode ser consciente ou não. O que importa é a existência de possibilidade de decisão voluntária, entre duas ou mais alternativas -> por isso, esses atos geram responsabilidade civil subjetiva quando ilícitos. *Omissiva -> trata-se de um não fazer, acompanhada e 2 requisitos: 1)Sujeito a quem se imputa a responsabilidade tinha o DEVER de praticar o ato omitido; 2)Havia razoável expectativa de que a pratica do ato impediria o dano (se o sujeito poderia evitar o dano com alguma certeza ou grande probabilidade). Ex: instrutor distraído ao deixar de acudir o aluno que está morrendo afogado na piscina durante a aula de natação, responde pelos danos advindos de sua atuação culposa. Em razão da função exercida, o instrutor tinha o DEVER de praticar o ato e há razoável expectativa de que os demais alunos não respondem pela omissão, assim como não responderia o instrutor se demonstrado que o aluna se afogará por ter sofrido fulminante ataque cardíaco, porque nesse caso, nenhuma ação dele seria suficiente para salvar. ->Assim, a falta de movimento físico impeditivo da concretização do dano, considera-se causa deste, e portanto, geradora de responsabilidade civil, se a ação omitida é exigível e eficiente. *Se quem se omitiu não tinha dever de agir ou se a ação seria insuficiente para evitar o dano -> omissão é tida como mera condição deste. Apenas a omissão-causa implica responsabilidade. =>Quando se trata da responsabilidade do Estado, a doutrina diferencia omissão específica da omissão genérica. *Dever geral de segurança pública -> omissão genérica, não há imputação de responsabilidade civil. Ex: alguém sofrer um assalto na rua e por perto não havia nenhum policial - > trata-se de situações em que a responsabilidade civil decorre de omissão culposa dos agentes do Estado. *Omissão específica: policial vê um assalto e não faz nada -> foi omisso tendo ciência da ocorrência do fato que devia evitar. Quando específica, a responsabilidade do Estado é objetiva. ABUSO DE DIREITO: Também é FATO GERADOR da Responsabilidade. *Exercício imoderado de um direito que extrapola os limites impostospela boa-fé, pelos fins econômicos, ou aos bons costumes. É lícito quanto ao conteúdo, mas ilícito quanto as conseqüências. *Nesses casos de abuso, a responsabilidade será objetiva -> independe de culpa e fundamenta- se somente no critério objetivo-finalístico. NEXO DE IMPUTAÇÃO: liga o responsável ao fato danoso. *Na responsabilidade subjetiva o fundamento da imputação será uma atuação culposa ou dolosa, enquanto na objetiva há imputação pelo risco. ->Responsabilidade subjetiva, o fato gerador será SEMPRE um ato ilícito em sentido próprio, fruto da conduta culposa do agente. OBS: na responsabilidade civil do estado por omissão, uma parte da doutrina e jurisprudência defende que seria necessário a apuração da culpa (responsabilidade subjetiva). Isso decorre da interpretação do disposto no art. 37, parágrafo 6˚ da CF, segundo o qual o Estado teria responsabilidade objetiva pelos atos de seus agentes praticados na função de servidor (comissão) -> não estaria tratando de omissão, trata apenas da ação do Estado. ->Conduta omissiva culposa -> necessário que o responsável tivesse o dever de praticar o fato omitido. ->Responsabilidade Objetiva: fato gerador pode ser tanto uma conduta humana como fenômeno natural. -> fato antijurídico. Ex: um ato praticado por um sonâmbulo. � de �19 64 *Omissão não culposa pode gerar responsabilidade objetiva, bastando que o responsável devesse ter agido sem importar as razões de não-atuação. *Fatos de natureza também podem gerar responsabilidade objetiva, bastando que tenham ocorrido dentro da esfera jurídica sob controle do responsável. Ex de responsabilidade ligada a fenômenos naturais e independentemente de culpa: ruptura acidental de pneu, mordida de um cachorro, vazamento de gás tóxico (mesmo quando todos os cuidados foram tomados). DANOS DEFINIÇÃO -> Prejuízo, de natureza individual ou coletiva, econômico ou não-econômico, resultante de fato antijurídico que viole qualquer valor inerente à pessoa humana ou atinja coisa do mundo externo que seja juridicamente tutelada. ->É prejuízo gerado num bem, numa coisa, ou no corpo ou alma de uma pessoa. ->Só tem responsabilidade, quando existir um dano resultante de uma lesão antijurídica -> dano é decorrente da lesão; não há dever de indenizar sem a existência de um prejuízo a um bem jurídico. Assim, seja qual for a espécie de responsabilidade, o dano é requisito indispensável para configurar a responsabilidade. CARACTERISTICAS: 1)Violação de um interesse jurídico PATRIMONIAL OU EXTRAPATRIMONIAL de uma pessoa física ou jurídica: todo dano pressupõe agressão a um bem tutelado, de natureza material ou não, pertencente a um sujeito de direito. *Dano é a conseqüência prejudicial resultante da violação do bem tutelado. *Violação de uma norma jurídica pode não ocasionar danos, como dirigir acima da velocidade permitida -> ofende o direito, mas nem sempre causa dano -> não gera responsabilidade. *Em casos especiais, pode ter danos reparáveis resultante de fatos que no plano subjetivo são lícitos: danos resultantes de atos justificados ou de fatos naturais. Só os resultados são tidos como antijurídicos e não aceitos pela ordem jurídica. 2)Certeza da existência do dano: só o dano certo, efetivo é indenizável, ou seja, não será indenizáveis um dano abstrato ou hipotético. Não há uma necessidade de certeza quanto ao momento patrimonial de indenização. Assim, ainda quando estejam em causa danos extrapatrimonais, como calúnia, haverá dano certo à honra da vítima. 3)Subsistência do dano a ser reparado: dano não reparado. Ex: partes entraram num acordo, já houve o recibo e indenização total dos danos. CLASSIFICACAO DOS DANOS: 1)Danos Pessoais (à pessoa) e danos materiais (à coisa): lesão sofrida pode afetar valores ligados à própria pessoa do lesado na sua integridade física, psíquica ou moral (danos pessoais) ou pode atingir objetos do mundo externo, isto é, objetos materiais ou mesmo coisas incorpóreas (danos a coisas ou danos materiais). ->Essa distinção não considera o ato ou fato lesivo registrado, mas a esfera jurídica em que a lesão se reflete. Ex: de um mesmo fato, um acidente de transito, podem resultar danos materiais (destruição do veiculo) e pessoais (lesões a pessoas transportadas). 1)DANOS A PESSOA: ofensa à vida, integridade física de outrem (danos corporais ou biológicos) ou na afronta a sentimentos e outros valores espirituais ou afetivos. Atualmente, pode-se dizer também que nessa categoria se incluem lesões que deixam alterações morfológicas ou cicatrizes no corpo (danos estéticos) e ainda os que afetam os projetos de vida e a vida de relações da pessoa (danos existenciais). *Essa classificação surgiu após o reconhecimento da tutela da dignidade da pessoa humana -> tutela da integridade física, psíquica/intelectual ou atributos do intelecto e moral da pessoa, com o � de �20 64 consequente direito à reparação por todos os danos resultantes de atos ou fatos que atentem contra ela. =>ESPECIES DE DANOS A PESSOA (ou pessoais): 1)Danos Corporais/Saúde/Biológicos: aqueles que atingem o suporte vivo, a integridade físico-psíquica da pessoa abrangendo desde lesões corporais ate a privação da vida. ->Situações em que as pessoas ficam incapazes de experimentar sensações, ou de entender e querer, devido a lesões no sistema nervoso (patologia neurológicas e psíquicas). -> Afetando a vida e a integridade física e psíquica, é essencialmente objetivo, podendo e devendo ser constatado através de uma avaliação medica; quanto a ele, o juiz limitar-se-á a arbitrar o valor pecuniário que entenda dever corresponder-lhe. 2)Danos Anímicos ou Morais, em sentido estrito: todas as ofensas que atinjam as pessoas nos aspectos relacionados aos sentimentos, à vida efetiva, cultural e de relações sociais; elas traduzem-se na violação de valores ou interesses puramente espirituais ou afetivos, ocasionando perturbações no ofendido. ->Afetando sentimentos, é essencialmente subjetivo, devendo o julgador, em seu prudente arbítrio, começar por apreciar da respectiva existência, intensidade e duração, para só depois passar à determinação da forma de reparação -> dispensa exame técnicos. 3)Danos Estéticos: toda alteração morfológica do indivíduo, que, alem do aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspectos um afeiamento da vitima, consistindo numa simples lesão desgostaste ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade (NAO EH NECESSARIO QUE CAUSE DESGOSTO/RIDICULO), exercendo ou não influencia sobre a capacidade laborativa. Ex: mutilações, cicatrizes, mesmo acorbetáveis, perda de cabelos, feridas repulsivas etc em consequência do evento danoso. ->Dano estético, em regra, constitui também um dano moral (lícita cumulação/súmula 387 STJ; não só pelas dores físicas mas também por ser atingido na sua integridade), e às vezes, até um dano patrimonial (quando a deformidade traz também uma redução da capacidade de trabalho-> dano patrimonial indireto). Todavia, dano estético não necessariamente produz sofrimento, angústia, sensação de inferioridade e também pode não ter um repercussão patrimonial, em determinadas circunstancias mesmo assim vai ter que indenizar -> Jurisprudência STJ (Danos Estéticos): ex -> disparo de espingarda que provocou cegueira parcial irreversível no olho da vitima. 4)Danos Existenciais/Não biológicos: essa categoria ainda esta em desenvolvimento -> são aqueles ligados a qualquer modificação que faz piorar a esfera pessoal do sujeito, vista como conjunto de atividades através das quais este realiza a própria individualidade -> danos que afetam a esfera mundano-relacional (privação da vida de relações) da vítima ou trazem um decaimento objetivo na qualidade de vida. *Não se analisa os sentimentos sofridos pela vítima, basta ser constada a necessidade de adotar na vida comportamento distintos em relação ao passado -> uma adaptação a umanova forma que tem como consequência uma pior qualidade de vida. *Modificação pejorativa sofrida pela vitima em nível de desenvolvimento da própria individualidade. *Prejuízo provocado sobre atividades não econômicas do sujeito, alterando seus hábitos de vida e sua maneira de viver socialmente e privando a possibilidade de exprimir e realizar sua personalidade no mundo externo, *Alteração do projeto de vida; privada do desenvolvimento da sua vida de relações-> ex: várias horas extras que fazia - privação do convívio familiar. � de �21 64 DANOS MATERIAIS (danos às coisas): relativos a bens corpóreos (móveis, semoventes e imóveis) ou bens incorpóreos, exemplo, concorrente desleal que usurpa marca registrada inflige danos a um bem imaterial que se traduz na perda de faturamento por desvio ilegítimo de clientela. *Podemos ter um mesmo fato causando simultaneamente danos materiais e pessoais, como também podemos ter um fato causando danos corporais (biológicos), anímicos, estéticos e existenciais. *Temos danos à pessoa e as coisas quando seja destruído objeto material ou animal que possua um interesse afetivo para o titular. Ex: automóvel mata o cachorro de estimação -> dano a coisa que traz associado um dano à pessoa, de natureza não patrimonial (danos morais reflexos pela afeição) -> além do dano à coisa tem o dano à pessoa que é reflexo pelo sentimento. *Temos, ao mesmo tempo dano corporal (biológico), dano anímico, estético e dano existencial no caso de lesão que deixa uma pessoa paraplégica. ->Importante essa classificação para avaliar as excedentes da responsabilidade civil, considerando que,na mesma categoria os danos tem peso idêntico, mas há maior relevância na proteção aos danos pessoais quando relacionados com os danos materiais, numa situação concreta. *Entre duas coisas não se exige que a sacrificada seja menos valiosa que a salvaguarda. Se os bens eram materiais, o valor de cada um deles é irrelevante e a ilicitude será descaracterizada. Do mesmo modo, não há como operar qualquer noção de valor dos danos em questão (o causado e o evitado) quando o perigo iminente ameaça pessoa e, para salvaguarda-la era necessário sacrifício de outra (não gera responsabilidade de indenização). *Quando alguém em estado de necessidade causa dano pessoal com o objetivo de evitar dano material, exclusão de ilicitude não tem lugar. Quem sacrifica a integridade física ou moral ou mesmo a vaidade de uma pessoa para remover perigo iminente sobre a coisa incorre sempre em ato ilícito, por mais valioso que fosse o bem. ->Estado de necessidade produzido por terceiro -> direito de regresso contra o agressor ou contra própria pessoa defendida. FIXANDO-> os atos justificados (em estado de perigo ou legitima defesa), note-se: só excluem a obrigação de reparar os danos causados à pessoa do agressor ou do criador do estado de perigo, mas não a terceiros que eventualmente venham a ser atingidos (arts. 920 e 930). terceiros pode acionar -> direito regressivo. =>Outra aplicação dessa distinção entre dano à pessoa e às coisas materiais: no campo dos seguros -> coberturas costumam varias para as hipóteses de dano material ou pessoa. Para os proprietários de veículos automotores terrestres, o seguro para cobertura de danos pessoais é obrigatório (DPVAT), mas é facultativo de danos materiais. =>Outra importância dessa classificação, revela-se na jurisprudência: o contrato de seguro por danos pessoais compreende o dano moral, salvo cláusula expressa de exclusão (súmula 402, STJ). Isso aconteceu quando a jurisprudência procurava esclarecer o alcance de uma clausula constante das apólices de seguro de responsabilidade civil, segundo a qual deve entender-se como garantia de danos pessoais “a obrigação de reembolso assumida pelo Segurador no tocante a reclamação de terceiros decorrentes de danos corporais.” CRITICA A DENOMINACAO DANO MATERIAL: expressão dano material é equivoca, devido a ser frequentemente utilizada como sinônima de dano patrimonial, que é realidade diversa, pois existem danos patrimoniais ligados a ofensas à pessoa e ainda existe danos extrapatrimoniais resultantes de lesões a coisas (ainda que nesse caso tais danos se traduzam em reflexos anímicos, para as pessoas ligadas a essas coisas - danos pessoais). DANOS PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONAIS � de �22 64 *Essa classificação é feita com base na teoria do reflexo: parte-se não do ato lesivo, em si mesmo, mas da esfera jurídica, econômica ou puramente espiritual (não aferível pecuniariamente), de pessoa em que a lesão se reflete. *A lesão pode consistir num prejuízo patrimonial (ou econômico) ou pode reportar-se a valores insuscetíveis de avaliação pecuniária: 1)Primeiro caso, tem-se danos patrimoniais, quando prejuízo for econômico, pode se traduzir em efetiva diminuição do valor do patrimônio (dano emergente), ou na frustação de um acréscimo patrimonial esperado (lucro cessante). *Podem dizer respeito a ofensa a pessoas ou ofensa as coisas. Ex: privação do uso da coisa, estragos nela causados, incapacitarão do lesado ao trabalho, ofensa a reputação (dano a pessoa que gerou um dano de natureza patrimonial), quando tiver repercussão na vida profissional ou em seus negócios. 2)Segundo danos extrapatrimoniais (danos morais sem sentido amplo): violação de quaisquer interesses não suscetíveis de avaliação pecuniária. Afeta exclusivamente a esfera dos valores espirituais ou afetivos ->De uma lesão a pessoa pode ter tanto dano de natureza patrimonial (posso avaliar) e de moral. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS (em gênero, que aufere todos aqueles que não são avaliados pecuniariamente): normalmente, chamados de danos morais (em sentido amplo) -> estão referidos no artigo 186 do CC e nos incisos V e X, doa artigo 5˚ da CF. A tradicional confusão entre dano extrapatrimonial e danos morais esta presente em todos os autores clássicos no brasil. ->Só a designação extra patrimonial que consegue deixar claro que unicamente terá esta natureza o dano sem reflexos no patrimônio do lesado, e isso independentemente de se saber qual foi a origem desses danos: às vezes até pode ser resultado de atentado a coisas. Nem sempre o dano extra patrimonial terá natureza moral, que é carregado de conteúdo ético e dano extra patrimonial não tem necessariamente esse conteúdo. Ex: danos estéticos. AVALIACAO DOS PREJUIZOS PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS ->Teoria da Diferença, quando prejuízos patrimoniais: indenização mede-se pela diferença entre o valor atual do patrimônio da vitima e aquele que teria, no mesmo momento, se não houver a conseqüência da lesão. *Critério matemático aritmético. ->Princípio da Satisfação Compensatória, para danos extra patrimoniais -> quantitativo pecuniário nunca poderá ser equivalente a um preço, será o valor necessário para lhe proporcionar um lenitivo para o sofrimento infligido, compensação pela ofensa. *Critério estimatório-> Ao invés de serem indenizados, são compensados. =>Possível termos relações intercruzadas das duas classificações. EXEMPLOS: 1)Um mesmo evento pode produzir somente danos patrimoniais ou somente extra patrimoniais. O fato gerador da responsabilidade pode causar somente danos patrimoniais. Ex: esbulho de um terreno baldio. Normalmente, mesmo que cause incomodo ao proprietário, não implica nenhuma dor, angustia ou aborrecimento merecedores de compensação pecuniária extrapatrimonial. O ofendido pelo dano à coisa terá danos materiais patrimoniais a serem indenizados. � de �23 64 De outro lado, os fatos geradores da responsabilidade podem implicar somente danos extrapatrimoniais. é o caso da dor experimentada por quem lê no jornal notícia falsa do falecimento de familiar. O fato não impacta de nenhuma forma no patrimônio do leitor. Mas, sofre danos (pessoais anímicos) extra patrimoniais -> moral apenas. 2)Comum, porém, que mesmo evento danoso cause danos dessas duas espécies. O dano é uno, embora possa projetar efeitos patrimoniais ou extra patrimoniais.
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