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RESPONSABILIDADE CIVIL

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UNIDADE 1 -> INTRODUCAO A RESPONSABILIDADE CIVIL
1)Etimologia do termo “Responsabilidade” -> origem do verbo latino “respondere”, significando 
a obrigação que alguém tem de assumir as conseqüências jurídicas de sua atividade. 
->Spondeo: aquele que assumia a obrigação.
2)Noção Geral sobre Responsabilidade: a acepção que se faz de responsabilidade está ligada 
ao surgimento de uma obrigação derivada, ou seja, um dever jurídico sucessivo.
* Distinção (não se confundem) entre Responsabilidade e Obrigação:
-> Obrigação: é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor, o 
cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação jurídica pessoal, de credito e 
débito, de caráter transitório, cujo objeto consiste numa prestação econômica aferível -> dever 
jurídico primário; vínculo primário (481 CC) -> obrigação primária.
->Responsabilidade: surge depois, quando o devedor não cumpre espontaneamente a sua 
obrigação; é um dever jurídico sucessivo (389 CC); o inadimplemento da obrigação primária, faz 
surgir a responsabilidade.
*é a conseqüência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Assim, aquele 
que é responsável pelo cumprimento da obrigação pode não ser o titular da relação obrigacional.
*Dever jurídico sucessivo que surge para recompor um dano decorrente da violação de um 
dever jurídico originário. Assim, toda conduta humana que, violando dever jurídico originário 
(obrigação), causa prejuízo a outrem, é fonte geradora de responsabilidade civil.
->Em que pese ambas se relacionem, uma pode existir sem a outra:
Ex: dívida prescrita de jogo -> não há responsabilidade, mas há uma obrigação; o devedor, 
nesses casos, não pode ser condenado a cumprir a prestação, isto é, ser responsabilizado, 
embora continue com a obrigação de devedor.
fiança -> há responsabilidade, mas inicialmente não há obrigação: responsável pelo pagamento 
do débito afiançado, originalmente obrigado ao pagamento dos aluguéis.
=>Na responsabilidade civil extra contratual/geral/em sentido estrito: Não há vínculo negocial 
prévio, mas surge o dever de indenizar por outro ato jurídico -> Ex: acidente: qual é o dever 
jurídico primário? dever geral de não lesar ninguém (todos já tem esse dever); primeira vez que for 
descumprido esse dever, surge a responsabilidade, ou seja, o dever de indenizar (dever jurídico 
sucessivo).
=>Responsabilidade Civil pelo dever geral de não causar danos a outros, pode surgir no âmbito 
da responsabilidade civil contratual/negocial -> “ boa-fé”; nas negociações preliminares 
(sem vínculo); na fase pós-contratual também pode ser afetada pelo dever geral de cuidado -> 
responsabilidade civil decorre desse dever.
=>Responsabilidade exprime a ideia de restauração de equilíbrio, de contra-prestação, reparação 
de dano, por violação do princípio fundamental da proibição de ofender (não lesar ninguém), por 
violação de determinada norma jurídica ou por descumprimento de um negócio jurídico pactuado -
> tanto para a esfera contratual como extra contratual.
*Dever de reparar o dano = violação do vínculo obrigacional (responsabilidade civil 
negocial) ou do dever legal (responsabilidade civil geral).
RESPONSABILIDADE JURÍDICA X RESPONSABILIDADE MORAL:
1)Responsabilidade moral: não há coerção/sanções; age no campo da consciência; constitui um 
campo mais amplo.
2)Responsabilidade jurídica: possui conseqüências coercitivas; âmbito mais restrito, pois só se 
cogita quando há prejuízo, danos ao indivíduo ou ao seu patrimônio -> sanções imputadas 
coercitivamente pela força organizada do Estado.
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*A doutrina distingue a responsabilidade moral da jurídica, considerando vários aspectos, 
como:
=>A natureza da norma violada: norma de conduta social x norma jurídica;
=>Âmbito de abrangência das condutas humanas: mais amplo x mais restrito;
=>Consequências produzidas por sua incidência: sanções de foro íntimo e na consciência do 
indivíduo x sanções imputáveis com coerção pelo Estado (norma se impõe independentemente da 
vontade = coerção organizada do Estado).
RESPONSABILIDADE PENAL X RESPONSABILIDADE CIVIL:
=>Responsabilidade jurídica: abrange responsabilidade penal, civil ou administrativa -> a 
responsabilidade jurídica aparece quando houver infração de norma jurídica civil, penal ou 
administrativa/disciplinar, causadora de danos que perturbem a paz social, que essa norma visa 
manter.
*Responsabilidade civil é uma espécie da responsabilidade jurídica distinta da penal e 
administrativa/disciplinar.
1)Responsabilidade penal: pratica de um ato ilícito criminal -> finalidade sancionatória/ 
essencialmente punitiva, tendo como foco a pessoa do infrator (pessoal) cuja conduta é preciso 
reprimir.
*Pressupõem lesão aos deveres de cidadãos para com a sociedade, acarretando um dano social 
determinado por violação da norma penal, exigindo, para restabelecer o equilíbrio, a aplicação de 
uma pena ao lesante.
*Presume uma conduta dolosa ou, por exceção, culposa.
*Processo penal até o trânsito em julgado da sentença configura causa impeditiva da prescrição.
*Embora não atinja terceiros, pode ter eficácia pan processual.
2)Responsabilidade civil : consiste em reparar o dano do lesado, decorrente da violação de 
deveres gerais, ou mesmo (nos casos de responsabilidade objetiva) independente da 
violação de qualquer dever, olhando sobretudo as conseqüências do ato danoso, com uma 
finalidade indenizatória. 
*Obrigação de reparar danos, ainda que estes possam ser de várias naturezas: a pessoas, coisas, 
patrimoniais, extrapatrimoniais, individuais, ou coletivos.
*Responsabilidade civil requer prejuízo de natureza material ou imaterial a terceiro, ao 
particular, à coletividade, ou ao Estado, de modo que a vitima poderá pedir a reparação do dano, 
traduzida na recomposição do stato quo ante ou numa importância em dinheiro.
*A responsabilidade civil passa para herdeiros, que respondem até o valor dos bens que 
eventualmente receberam, além da responsabilidade civil por fato de terceiro/outrem, como a 
responsabilidade do patrão pelo empregado, do pai pelo filho etc.
*Se contenta com qualquer atuação culposa e ainda alçada em várias situações em que não é 
imputável qualquer culpa à pessoa obrigada a reparar o dano (responsabilidade objetiva).
=>Devido à diferente natureza das responsabilidades penal e civil, compreende-se que em 
princípio elas sejam independentes. Mas, há certos atos jurídicos que tem repercussão tanto no 
âmbito cível como no criminal. Nesse caso, há uma dupla reação da ordem jurídica: imposição 
de uma pena ao criminoso e a reparação do dano causado à vítima.
*Sanções podem ser cumuláveis-> de vários âmbitos diferentes.
Ex: homicídio -> responde pelo artigo 121 do CP + indenização dos prejuízos:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; 
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a 
duração provável da vida da vítima. 
=>Artigo 935 CC: estabelece o Princípio da independência RELATIVA da responsabilidade 
civil em relação a responsabilidade criminal-> ou seja, não se podendo questionar mais sobre 
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a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal.
Art. 935 CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais 
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal.
=> Art. 387.CPP  O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido; 
*Dever do juiz de impor um valor mínimo para a reparação cível.
=> Art. 91 CP - São efeitos da condenação (Sentença Penal Condenatória): 
I- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
*Em regra, todavia, quando há responsabilidade penal também haverá responsabilidade civil; 
geralmente oilícito penal gera danos e, por tanto, será também fonte de responsabilidade civil -> 
mas não é verdadeiro alegar que o ilícito penal será SEMPRE um ilícito civil.
->Se já foi condenado na criminal, não se discute mais; só se discute a quantia devida no juízo 
cível (necessária a liquidação do dano, porque no juízo criminal foi dado um valor mínimo).
*Sentença penal fixará o mínimo para a sua reparação -> no juízo cível não se discutira se se 
deve, mas o quanto se deve.
*Se o juiz criminal se omite quanto ao valor mínimo -> a pergunta SE DEVE? não pode ser 
analisada, porque já fora condenado; 
->OU, se propõe uma ACAO CIVEL EX DELITO (se nada mencionado): caso o juiz não tenha 
estabelecido valor mínimo ou qualquer outra coisa em relação ao artigo 91, deve-se propor essa 
ação autônoma, que não depende da propositada no juízo criminal (sem título judicial);
*Pode decidir sobre questões que ainda não estão decididas no juízo criminal, mas não faz coisa 
julgada.
Art. 64. CPP Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano 
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o 
responsável civil. 
 Parágrafo único.Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso 
desta, até o julgamento definitivo daquela. 
->Não espera a decisão criminal e já propõem a ação cível. 
->Ação civil ex delito é necessária para imputar a responsabilidade ao terceiro (responsável 
civil), nas hipóteses em que a legislação prevê a responsabilidade por fato de terceiro. 
->Vítima, representante legal, espólio e herdeiros tem legitimidade para propor ação civil ex 
delicto. 
=> Art. 63. CPP: PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE SENTENCA (execução 
liquidação)Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a 
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante 
legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único: Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser 
efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo 
da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
*Título executivo para o cível: “promover-lhe a execução”-> no juízo cível é possível promover 
diretamente o cumprimento da sentença penal.
*Espera a condenação criminal, para depois discutir a ação cível.
*Embora, segundo jurisprudência, a eficácia da sentença penal é de tal ordem, que se entende 
que ela não pode nunca constituir título executivo contra terceiros responsáveis (empregador, 
pais, Estado -> que não participaram no processo-crime); estas pessoas, na ação civil que contra 
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elas venha a ser proposta, não poderão rediscutir a culpa do réu condenado, sob alegação de não 
terem sido partes no processo criminal, considerando-se que “a sentença faz coisa julgada entre 
as partes, não beneficiando e nem prejudicando terceiros” -> Eficácia Preclusiva 
Panprocessual.
=>Ato ilícito que tenha repercussão tanto no âmbito civil quanto no criminal, para 
reparação do dano causado à vítima poderá ser pleiteada de duas maneiras:
1)Pedido de cumprimento da sentença penal condenatória no âmbito civil no valor mínimo fixado 
(artigo 63 CPP, 387, IV CPP), sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano 
efetivamente sofrido (art 63, parágrafo único CPP);
2)Pela própria Ação de Indenização (ação civil ex delito), que independe de sentença criminal e 
que pode ser proposta paralelamente a ação penal (art. 64 CPP), caso em que é admitida a 
suspensão do processo pelo juízo cível, até o julgamento definitivo da ação penal (art. 265, IV, a 
CPC).
=> Art. 65 CPP.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato 
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever 
legal ou no exercício regular de direito -> excedentes de ilicitude.
*Porém, não exime a pessoa da responsabilidade civil; não impede de se discutir no cível 
indenização de terceiro que não tenha nada a ver com o estado de perigo.
=>Art. 66 CPP (Sentença Penal Absolutória).  Não obstante a sentença absolutória no juízo 
criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, 
reconhecida a inexistência material do fato -> extinção da punibilidade.
*Quando não tiver sido reconhecido que o réu não foi autor do fato criminoso.
->O que significa que não poderá ser condenado na esfera civil ou administrativa quando for 
absolvido na esfera penal por: inexistência de fato; negativa de autoria. 
=> Art. 67. CPP  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
*Porque são juízo diferentes, pode não ter sido constituído o crime, porém pode ter causado 
algum dano.
=>Art. 68 CPP.  Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre, a execução da 
sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo 
Ministério Público.
*Onde não tem defensória pública, o MP ainda tem legitimidade para propor ação cível.
=>O juízo criminal interfere na decisão cível? Em regra geral não, porque a responsabilidade 
civil é independente da criminal, pelo Princípio da Independência das instâncias. Mas há 
exceções, na qual haverá vinculação: 
=>Se a decisão for condenatória: irá influenciar na decisão civil -> um dos efeitos da 
condenação é tornar certa o dever de indenizar o dano causado pelo crime (art 91), logo juízo 
cível não pode dizer que o fato não ocorreu ou que o condenado não foi seu autor. Transitada em 
julgado a sentença condenatória, ela poderá ser executada no juízo cível, para efeito da 
reparação do dano (Pedido de cumprimento de sentença). Essa decisão torna a sentença penal 
título executivo para a cível.
->Se a decisão for absolutória: mesmo o réu sendo absolvido no juízo penal, ele pode em 
alguns casos ser condenado no juízo cível nas hipóteses do artigo 386 CPP.
*Nem sempre irá influenciar na decisão cível, dependendo do fundamento da decisão. Nesse 
caso, a ação civil pode ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, provado que o 
indigitado responsável não concorreu para a infração (art.66 CPP).
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Caso ela se basear em falta de prova, nenhum efeito produzirá no juízo cível.
 
1)Juiz criminal absolve o réu por estar provada inexistência do FATO ou que o réu não concorreu 
para o crime -> sentença penal absolutória faz coisa julgada no cível.
*Exclui-se a responsabilidade penal e também, por obvio, a responsabilidade do acusado.
*Tourinho Filho afirma que "se o Juiz absolver o réu, alegando a inexistência do fato, a ação civil 
não pode ser proposta (CPP, art. 66)". (TOURINHO FILHO, 2004, p.727)
2)Absolver por não haver prova de existência do fato, não constituir o fato infração penal, não 
existir prova suficiente para a condenação: mesmo com a sentença absolutória, pode ser 
declarada condenada no juízo cível (nenhum efeito produz no cível).
*Se, o processo penal não se conseguiu comprovar a existência do fato, isso não significa que 
este não tenha existido, mas, sim que, apena, não restou comprovado o fato naquela esfera, 
sendo, portanto, possível, a responsabilização civil do agente causador do dano.
*Não constituir infração penal: decisão dada no juízo criminal em nada influirá na que deva ser 
proferida no juízo cível, vez que, uma conduta pode não ser penalmente ilícita e mesmo assim 
constituir ilícito civil.
3)Circunstâncias que excluam o crime ou isentam o réu de pena -> pode fazer coisa julgada no 
cível ou não, depende do caso concreto.
=>Não caracteriza a infração penal ou inexistência da culpa do réu -> não faz coisa julgada 
para efeito de responsabilidade civil, podendo ser proposta ação de indenização no cível.
Ex: José, na direção de veículo, atropela Pedro, causando-lhe lesões corporais. Vale ressaltar que 
José era motorista da transportadora “A” e estava dirigindoo carro da empresa para fazer uma 
entrega.
Sob aspecto penal: José pode responder pelo crime de lesão corporal culposa na direção do 
veículo;
Sob o aspecto civil: José e/ou a transportadora (responsabilidade civil em causa de terceiro) 
podem ser condenados a pagar a indenização pelos danos causados a Pedro.
UNIDADE II - CARACTERIZACAO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
1)Responsabilidade Civil como problemática jurídica atual: pela sua surpreendente evolução 
no direito moderno; reflexos nas atividades humanas e no progresso tecnológico (aperfeiçoamento 
dos produtos pelo dever de indenizar - controle de qualidade); repercussão em todos os ramos do 
direito. Por tanto, devido ao seu CAMPO ILIMITADO, não há entendimento uniforme 
doutrinário e jurisprudencial quanto a definição do seu alcance, enunciação de seus 
pressupostos e a sua propria textura -> interconexão com várias disciplinas.
2)Evolução PLURIDIMENSIONAL da Responsabilidade Civil (Maria Helena Diniz): É matéria 
viva e dinâmica que constantemente se renova, de modo que a cada momento surgem novas 
teses jurídicas a fim de atender as necessidades sociais emergentes.
Ex: dano moral reconhecidos coletivamente/ perda de uma chance.
*Sofreu uma evolução pluridimensional, tendo em vista a sua expansão que se deu quanto a 
forma de reparação dos danos (histórica), a seus fundamentos, a sua área de incidência e sua 
profundidade da indenização.
=>Quanto à forma de Reparação dos Danos: 
1)Vindita ou vingança privada -> exercida pelo grupo (vingança coletiva) e mais tarde pelo 
indivíduo (vingança privada);
*Lei de Talião: “dente por dente, olho por olho” -> corpo do devedor responsável pelas dívidas 
(não há estado).
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2)Composição econômica dos danos sofridos: 
*Primeiro, foi voluntária, a critério da vítima e sem cogitar culpa, empreendida pelo exercício da 
autotutela.
*Depois, Composição econômica obrigatória, porém tarifada (critério tarifado, como uma multa 
fixa) ou seja, o ofensor paga por causar lesão a um membro do corpo -> uma indenização como 
uma multa fixa.
->Vedado autotutela: vedado nesse período fazer justiça com as próprias mãos, mas isso somente 
foi possível porque já existia uma autoridade soberana organizada.
->Lei das XII Tábuas e Código de Manu.
*A maior evolução do instituto ocorreu com o advento da Lex Aquilia de Damno -> quando 
começa a se verificar se o sujeito que pratica o dano, se agiu com dolo ou culpa, mas não 
estava clara a distinção entre a responsabilidade civil e a criminal (só na Idade Média).
->Veio estabelecer as bases da responsabilidade patrimonial, criando uma forma pecuniária de 
indenização dos prejuízos, com base no estabelecimento de seu valor, tendo como pressuposto 
a ideia de culpa.
->Culpa como condição para a obrigação de indenizar, fosse na forma de culpa em sentido 
estrito ou na forma de dolo.
->Na idade média, com a estruturação da ideia de dolo e de culpa, distingui-se a responsabilidade 
civil da criminal.
OBS: Na medida que o Estado vai assumindo o monopólio do direito de punir, surge de forma 
autônoma a ação de indenização por responsabilidade civil.
->O elemento da culpa ainda é indispensável para caracterizar a atual responsabilidade civil 
subjetiva (ou culposa ou por ato ilícito) ->artigo 186 CC.
=>Quanto aos seus fundamentos: Durante séculos se entendeu que não poderia haver 
responsabilidade sem um ato voluntário e culpável -> fundamento da responsabilidade era 
buscado no agente provocador do dano: “Não há responsabilidade sem culpa” - fundamento 
que inspirou concepções jurídicas da Europa e América Latina, até século XIX.
*De acordo com o Princípio da Culpa, o agente só deveria ser obrigado a indenizar quando 
tivesse procedido com culpa ou dolo.->Agiu de forma censurável: quando fosse exigível dele 
um comportamento diverso.
->AVANCO: sem negar a culpa, se desenvolveu o Princípio do Risco (responsabilidade 
objetiva), pelas necessidades dos novos tempos. Então, ao lado do Princípio da Culpa 
(insuficiente para cobrir todos os prejuízos) buscou-se outros fundamentos para a 
responsabilidade: o Risco da Atividade: visando ampliar a proteção jurídica da pessoa lesada, 
contra a insegurança material
->Atualmente, há alguns que defendem o Princípio da Socialização dos Custos: imputar 
responsabilidade por danos a quem agiu exatamente como deveria ter agido (ex: caso fortuito), 
quando o sujeito passivo da obrigação de indenizar ocupa posição econômica que lhe 
permita socializar os custos de sua atividade entre os beneficiários dela.
Ex: Estado, empresários, agências de seguro social
=>Quanto à sua extensão (agente causador do dano e beneficiários): 
*Em relação à extensão, houve um aumento do número das pessoas responsáveis pelos 
danos: admitindo-se além da responsabilidade direta ou por fato próprio; a indireta ou por fato de 
outrem; a por fatos de animais e coisas, fundada inicialmente na ideia de culpa presumida e 
atualmente com fundamento no risco; 
*Como também um aumento dos beneficiários da indenização: herdeiros, dependentes 
econômicos, parente.
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=>Quanto à profundidade: 
*Quanto à profundidade, vigora o Princípio da Responsabilidade Patrimonial: responsabilidade 
deve ser total (princípio da reparação integral dos danos previstos no artigo 944 CC), buscando a 
plena e integral reparação.
*Na responsabilidade civil, há mais de uma forma de reparação do dano:
1)Reparação Natural -> entrega do próprio objeto;
2)Reparação por Substituição -> entrega de objeto da mesma espécie em substituição àquele 
que se deteriorou ou pereceu, de modo a restaurar a situação alterada pelo dano;
3)E sendo essas hipóteses impossíveis ou sem interesse para o credor (última opção) -> 
imputável a substituição pecuniária.
NATUREZA JURÍDICA: Natureza Jurídica da Responsabilidade Civil pode ser melhor identificada 
no âmbito do direito das obrigações e das modalidades de obrigações. Tripartição das 
obrigações: obrigações negociais, responsabilidade civil e enriquecimento sem causa.
1)Obrigações não autônomas: relações obrigacionais que nascem no seio das relações jurídicas 
não obrigacionais, só existindo em função dessas relações -> outro ramo do direito.
*Surgem no desenvolvimento de relações de outra natureza que ligavam as pessoas que agora 
são devedor e credor.
*Ex: em relações jurídicas de direito real (obrigações reais) -> direito de vizinhança, de 
condomínio e de servidão;
de natureza familiar, com obrigação de alimentos;
de natureza sucessória, como na obrigação do pagamento de legados;
vínculo preexistente pode ser até de direito público, como na obrigação tributária.
=>Não são obrigações acessórias como ocorre com a fiança, na obrigação de locação (que 
garantem uma obrigação principal), e nem se trata de dever acessório de obrigação como ocorre 
com o locatário que deverá pagar despesas ordinárias do condomínio.
2)Obrigações Autônomas: aquelas estabelecidas diretamente entre o credor e o devedor, 
independentemente de qualquer relação jurídica não obrigacional; por tanto, não constituem 
desenvolvimento ou projeção de outra relação jurídica específica.
=>Obrigações Voluntariamente criadas pelo credor e devedor, por meio de negócio jurídico: 
contratos e negócios jurídicos unilaterais (responsabilidade civil negocial ou contratual).
Ex: casamento.
=>Obrigações não negociais (não houve ato de vontade prévio): onde há duas espécies ->
1)Obrigações resultantes da violação do dever geral de respeito por pessoas e bens alheios 
(responsabilidade civil em sentido estrito ou responsabilidade civil extracontratual): 
Ex: acidente de trânsito.
*Resulta para outro um dano, ou seja, prejuízo econômico ou não econômico, resultante de ato 
ou fato antijurídico (atos ilícitos ou equiparados a estes) que viole qualquer valor inerente à 
pessoa humana, ou atinja coisa do mundo externo que seja antijuridicamente tutelada.
*Dever geral de não lesar ninguém => surge o dever de reparar o dano e fala-se em 
responsabilidade civil em sentido estrito/ geral/extra contratual - denominação equívoca da 
doutrina).
*Consequência prática de atos ilícitos e de outros atos cometidos, mas equiparados aos ilícitos.
=>Necessidade de reparar os danos a outras pessoas em consequência da prática de atos ilícitos 
e de outros cometidos sem culpa, mas equiparados aos ilícitos, para efeito de indenização.
Assim, pedestre atropelado pelo condutor inexperiente terá direito a indenização 
(responsabilidade civil culposa ou subjetiva - culpa ou dolo) mas também a terá, se o 
acidente foi devido falha mecânica do veículo (responsabilidade civil objetiva, ou pelo risco - 
resultado antijurídico).
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->Ilícito pode ser: objetivo (resultado antijuridico que produz) ou subjetivo (dolo ou culpa).
2)Obrigações resultantes da violação do dever geral de não intromissão na esfera jurídica 
alheia e da restituição dos acréscimos (não houve prejuízo/dano) ocorridos indevidamente 
no patrimônio alheio (obrigação de restituir o enriquecimento sem causa ao patrimônio do 
credor):
* Não ocorre dano, mas acréscimo patrimonial, que ocorreu da intromissão na esfera alheia -> 
enriquecimento sem causa que leva a indenização = restituição do acréscimo à pessoa que teve 
a sua esfera afetada.
*Ex: artigo 181 CC -> um menor vendeu uma jóia e o negócio vem a ser anulado, ele só será 
obrigado a restituir o preço que recebeu se a importância respectiva houver revertido em seu 
proveito; se ele a tiver dissipado, nada terá de pagar ao comprador, porque o seu patrimônio não 
registrará acréscimo algum. Se fosse o dano sofrido que aqui estivesse em causa, a solução teria 
de ser sempre uma obrigação de restituir o valor recebido.
=>Pode dizer que há 3 categorias de interesses tutelados:
1)Interesse na realização das expectativas nascidas de compromissos assumidos por outra 
pessoa (devedor) em negócio jurídico (obrigação negocial e responsabilidade civil negocial ou 
contratual);
2)Interesse na reptação dos danos antijuridicamente causados por outra pessoa (devedor) -
> danos resultantes da violação de deveres gerais de não lesar a pessoa nem o patrimônio alheio 
(responsabilidade civil em sentido estrito ou responsabilidade extracontratual).
3)Interesse na reversão para o patrimônio de uma pessoa (credor) dos acréscimos verificados 
no patrimônio de outrem (devedor) -> enriquecimento sem causa.
REGIME ESPECIAL E REGIME GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL:
1)Responsabilidade Civil Negocial (regime especial) -> a obrigação de reparar danos que 
sejam conseqüência do inadimplemento de obrigações negociais (contratos e negócios jurídicos 
unilaterais).Trata-se de um direito especial da Responsabilidade Civil, sendo que tudo aquilo que 
ficar fora será regido pelo Regime Geral que é da responsabilidade civil em sentido estrito (extra 
negocial).
*Prestações assumidas voluntariamente pelo devedor.
2)Regime Geral da Responsabilidade Civil (extra contratual)-> reparação de danos 
causados à pessoas que não estavam ligadas ao lesante por negócio jurídico.
*Violação de deveres gerais de respeito pelo pessoa e bens alheios.
*Também pode ter vinculado, mas não está previsto em cláusulas - cabe regime geral.
*Obrigação de reparar danos antijurídicos (atos ilícitos ou equiparáveis).
->Sempre que há regulamentação específica será afastada a aplicabilidade das normas gerais da 
responsabilidade civil: norma especial afasta, dentro do seu âmbito de aplicação mais 
restrito, a norma geral.
->Outras hipóteses: dupla incidência de regime geral + regime especial (existência de negócio 
jurídico) -> ex: não realização de um transporte ou sua realização em condições danosas para o 
passageiro ou mercadoria.
->Regras do direito normal devem ser aplicadas se o direito especial não contiver norma 
específica - direito especial não contém princípios jurídicos conflitantes com os do direito comum.
Tudo que ficar fora da relação negocial (regime especial) vai ser regido pela responsabilidade 
em sentido estrito (dever geral de não causar danos); 
*Que regula também, os danos acontecidos na fase das:
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1)Negociações preliminares (Responsabilidade civil pré-contratual): não há contrato - ex: 
fase de contratação de empregados (antes da contratação de fato);
*Dever geral de agir conforme a boa-fé -> dever de informação, cuidado e lealdade.
2)Os danos que possam acontecer após integral cumprimento das obrigações assumidas 
(responsabilidade pós contratual): contrato já realizou-se.
*Violação dos deveres de conduta.
3)E aqueles acontecidos durante a relação contratual, mas que fiquem de fora do âmbito da 
autonomia privada (os contratos) - responsabilidade supra contratual.
Ex: Durante o desenvolvimento da relação negocial, de situações que não estão previstas em 
cláusulas.- Como, direitos da personalidade do trabalhador (direitos indisponíveis).
=>Situações de ocorrência entre os dois regimes (negocial e extra negocial):
Ex: concurso entre a responsabilidade por acidentes de trabalho e a responsabilidade 
objetiva a que esta sujeito o transportador -> 
Art.7, XXVIII, CF - Regime especial: responsabilidade do empregador por acidente de trabalho do 
seu empregado depende de ocorrer “dolo ou culpa” (responsabilidade subjetiva) X art. 735 CC e 
súmula 187 STF Regime Geral): responsabilidade do transportador por acidentes sofridos pela 
pessoas transportadas é objetiva agravada.
Assim, se o patrão contrata uma empresa para fazer transporte dos empregados, em caso de 
acidente -> A responsabilidade será objetiva agravada. Responsabilidade do patrão depende 
de prova de culpa sua.
->Se for favorável o regime geral, afasta o regime especial por causa do caput do artigo 7˚ da CF: 
não é inconstitucional - pela complexidade dos fatos.
*A empresa se responsabiliza mesmo por fato de terceiro (cabe regresso ao terceiro) - 
responde pela atividade de risco do trabalhador (responsabilidade objetiva).
*Se for favorável o regime geral afasta o regime especial por causa do caput do artigo 7 da CF.
CONFRONTO COM A TERMINOLOGIA TRADICIONAL: 
->Responsabilidade Contratual e Extracontratual: expressões equivocadas pois ignoram os 
negócios jurídicos unilaterais, os quais seguem o regime jurídico dos vínculos (responsabilidade 
contratual), mesmo não sendo um contrato.
->Tratamento legal da Responsabilidade Civil: 
*Regime geral (CC) -> que tem regimes especiais (contratos);
*Direito Especial -> CDC, Direito Ambiental etc.
UNIDADE III - OS FUNDAMENTOS E AS FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL:
1)Fundamentos da Responsabilidade Civil -> o dano resultante da perda de uma coisa é 
suportado pelo dono respectivo (res perit domino). Ou seja, o proprietário só não arcará com o 
prejuízo quando tiver uma razão jurídica que possibilite a responsabilidade de outra pessoa. 
Unicamente nesses casos que surge a responsabilidade civil, isto é, a obrigação de reparar danos 
sofridos por outrem.
*Problemática da Responsabilidade Civil: quais os casos em que as pessoas lesadas podem 
exigir de outra pessoa a reparação dos danos que tiverem sofrido, atribuindo essa obrigação a tal 
pessoa?
->A atribuição a outra pessoa da obrigação de reparar o dano, tem nesse sentido natureza 
excepcional: para que possa ser responsabilizada, é necessário que se prove a culpa dela 
(negligência, imprudência ou imperícia; ou dolo -> Princípio da Culpa) ou então que exista uma 
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norma específica (ainda que jurisprudência; ex: 927 CC) fazendo recair sobre ela o risco do 
dano (Princípio do Risco da Atividade), ou ainda, o dever de socialização dos custos da 
indenização.
->Assim a irresponsabilidade é a regra, sendo a responsabilidade a exceção (olhar pelo 
âmbito do causador). Essas exceções são fundamentados nos seguintes princípio éticos 
jurídicos: Princípio da Culpa, do Risco da Atividade e da Socilização dos custos.
->Externalidades negativas: ocorrem quando a ação de uma pessoa prejudica a outra, devemos 
assim reparar ou compensar certos danos -> pois, a convivência em sociedade pressupõem a 
internalização de algumasexternalidades negativas. As normas de responsabilidade civil 
cuidam da internalização das externalidades (interferências).
*Externalidades negativas nem sempre geram o direito de indenização, tanto no dolo quanto na 
culpa; ou ainda, algumas atividades, como a de risco, mesmo lícita e ainda que não haja culpa, 
terá dever de indenizar.
*Aquele que causou a interferência, desde que haja fundamentos para a responsabilização, 
é ele que vai ter que internalizar (arcar com os custos) a obrigação.
*Há muitas externalidades que não são internalizadas pelo causador da interferência negativa e 
outras que sequer comportar internalização.
Ex: concorrência de livre mercado entre empresário, um dele pode perder clientela para outro 
reduzindo assim seus negócios, sem direito a indenização; em razão de pintura do apartamento, 
vizinho pode sofrer incomodo provocado pelo cheiro da tinta, e não será ressarcido; transtornos 
do trânsito etc.
*Fábio Ulhoa Coelho -> Pelo Princípio da Indenidade, a elaboração, interpretação e aplicação das 
normas de responsabilidade civil devem ser feitas com o objetivo de facilitar o acesso da 
vítima à indenização. Não é possível sustentar-se nele, porém, a indenidade plena prometida 
pelo Estado mutualista; muitos menos a indenidade absoluta, que parece ser incompatível com a 
vida em sociedade -> segundo esse entendimento, é correto afirmar que a regra é a da 
indenização de qualquer dano sofrido por um sujeito de direito por causa de outra pessoa; 
e a exceção é a inexistência de responsabilidade.
->Olhar pelo âmbito da vítima.
=>Princípio da Culpa e do Risco que fundamentam a responsabilidade civil, justificando a 
imputação desta a alguém. A partir desses dois princípios que se distingue as duas 
categorias de responsabilidade: a subjetiva e objetiva.
Na atualidade pode-se dizer que se procura um equilíbrio entre os dois princípios; fazendo 
prevalecer em geral o princípio da culpa, mas afirmando também a necessidade social de não 
deixar ao desamparo as vítimas inocentes de danos que sao estaticamente inevitáveis de certas 
atividades.
-> Independente do princípio que deva prevalecer, se não houver um nexo de imputação (que seja 
culpa do agente ou risco da atividade), não surgirá a obrigação de indenizar. 
PRIMEIRO FUNDAMENTO: PRINCÍPIO DA CULPA (Responsabilidade Subjetiva)
->Só deveria ser obrigado a indenizar quando tivesse precedido de forma censurável, com 
culpa ou dolo.
->Para responder culposamente tem que ter a intenção, ciência não (ato voluntário), mas tem 
que ser possível exigir dele um comportamento diverso.
->Vítima tinha que provar que o causador do dano agiu com culpa para indenização.
*A culpa é definida em sentido subjetivo: inexecução de um dever que o agente podia 
conhecer e observar;
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-> em sentido objetivo: comparando o padrão de comportamento do a gente a um tipo abstrato 
de homem mérito verificando se o dano resultou de: negligência, imperícia, ou imprudência, 
nas quais não incorreria o homem-padrão normal e o sujeito diligente.
1)Negligência: falta de atenção, omissão ao cumprimento de um dever, ausência de reflexão, em 
virtude da qual deixa de prever o resultado que podia e devia ter previsto.
2)Imprudência: agir sem as cautelas necessárias, com arrojo e sem a devida consideração pelos 
interesses alheios. Ex: quando o automóvel avança sinal fechado.
3)Imperícia: inaptidão técnica, ausência de conhecimento para a prática do ato, omissão de 
providência que se fazia necessária para o ato, como ex: carteira de habilitação.
=>Noção de ato ilícito, como causa da responsabilidade civil (art. 186 CC) = “Aquele que, por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
*Esse artigo define o que se entende por comportamento culposo do agente causador do dano 
“ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência” em consequência da qual, fica o agente 
obrigado a reparar o dano.
*Pressupõe a existência de culpa lato senso, que abrange o dolo e a culpa stricto sensu ou 
aquilia.
->Não confundir com o ilícito de forma objetiva (abuso de direito) do artigo 187: “Também 
comete ato ilícito, o titular de um direito que, ao exerce-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
=>Gradação da culpa ou graus da culpa (lata, leve, levíssima) não representa nenhuma utilidade 
para a imputação da responsabilidade civil, mas apenas em relação à fixação do quantum 
debeatur da reparação dos danos causados (art. 944, pu. e 945 CC) -> o juiz pode reduzir 
eqüitativamente a reparação do dano material se houver excessiva desproporção entre a 
gravidade da culpa e o dano, adotando a teoria da gradação da culpa influenciar no definição do 
quantum indenizatório. Mas há entendimento de que nas hipóteses de responsabilidade civil 
objetiva, por não se apurar culpa, não se cogita da diminuição da indenização.
=>A responsabilidade por ato ilícito pressupõe opaco (intencional ou não, consciente ou não) pela 
conduta que levou ao dano quando havia exigibilidade de conduta diversa. Caracterizado o ato 
ilícito, com dano a outrem, poderá ser imputada a RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA.
SEGUNDO FUNDAMENTO: RISCO DA ATIVIDADE -> Princípio do Risco: RESP OBJETIVA
*Todo dano deve ser indenizado. O fundamento da responsabilidade deixa de ser buscado 
somente na culpa, podendo ser encontrado também no próprio fato da coisa e no exercício de 
atividades perigosas, que multiplicam o risco de danos -> Responsabilidade decorrente do 
risco proveito, do risco criado, do risco profissional, do risco da empresa e de se recorrer a mão de 
obra alheia, etc.
*Ou seja, ainda que sem qualquer culpa ou dolo e mesmo que não seja a causadora: quem cria 
risco deve responder pelos eventuais danos -> quem causa o dano, ou quem exerce 
determinadas atividades, deve reparar os danos sofridos pelas outras pessoas; mesmo 
quando a pessoa responsabilizada tenha procedido com todos os cuidados exigíveis.
*Os riscos de cada atividade devem ficar com a pessoa que a realiza.
*Dano causado por outrem, ainda que sem culpa, ou em casos especiais, acontecidos em 
conexão com atividades desenvolvidas por outra pessoa (atividade de risco).
->Preocupação em julgar o dano em si mesmo, tendo em vista a vítima (exposta a risco).
=>Modalidades de Risco: Fernando Noronha fundamenta que são 3 os risco que fundamentam a 
responsabilidade objetiva, todos relacionados com determinadas atividades.
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1)Risco de empresa (Risco Comum)-> Quem exerce profissionalmente uma atividade 
econômica, organizada para produção ou circulação de bens e serviços, deve arcar com todos os 
ônus resultantes de qualquer evento danoso inerente ao processo produtivo ou distributivo -> 
ainda no caso de força maior.
Ex: responsabilidade do fornecedor de produtos ou serviços -> Arts. 12 e 14 CDC.
-> Respondem por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação de seus produtos e também pelas informações insuficientes ou 
inadequadas sobre o uso.
2)Risco Administrativo (mais exacerbado na esfera pública) -> A pessoa jurídica pública 
responsável na prossecução do bem comum, por uma certa atividade, deve assumir a obrigação 
de indenizar particulares que porventura sejam lesados, para que os danos sofridos por estes 
sejam restituídos pela coletividade beneficiada.
Ex: Responsabilidade civil pública (Da União, Estados, Municípios, suas autarquias e fundações e 
das entidades de direito privado prestadoras de serviço público) -> Artigo37, parágrafo 6 da CF: 
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público 
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o 
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
3) Risco-Perigo -> risco de uma gravidade maior. Quem se beneficiacom uma atividade 
potencialmente perigosa (para outras pessoas ou para o meio ambiente), deve arcar com 
eventuais conseqüências danosas.
Ex: responsabilidade por acidente de transporte de pessoas; acidentes de trânsito.
=>Outros autores comentam outras modalidades de risco:
1)Risco proveito: responsabilidade incorre sobre aquele que adquire algum proveito da atividade 
danosa. De acordo com essa teoria, a vítima do fato lesivo teria que provar a obtenção do 
proveito, ou seja, do lucro ou vantagem pelo autor do dano.
*Crítica -> uma atividade não lucrativa, também pode ser de risco e gerar danos, não podendo ser 
excluída da responsabilidade objetiva.
2)Teoria do Risco Profissional: sustenta que o dever de indenizar decorre de um fato prejudicial 
à atividade ou profissão do lesado.
Ex: Danos causados por acidente de trabalho, porque a pessoa estava exposta ao risco de danos 
para o exercício profissional -> posição minoritária.
3)Risco Excepcional (Risco comum maior): aquele que escapa à atividade comum de vítima.
Ex: casos de acidentes de rede elétrica, exploração nuclear, de radioatividade.
OBS: nesse sentido, alguns autores identificam esse risco com o “Risco-Perigo” -> aquele risco 
que se traduzisse como imposição de perigo, de modo que aquele que expõe os demais a perigo 
grave deve suportar os danos que daí decorram.
4)Teoria do Risco Criado: Aquele que em razão de atividade ou profissão cria um risco ou 
perigo, está sujeito a reparação do dano que causa -> “quem organizar uma atividade e 
desencadeia uma estrutura, provocando com isso danos a outrem, deve responder pelo risco em 
dii que há nessa escolha, na prática dessa sucessão de atos coordenados à obtenção de um 
resultado, objetivo.
OBS1: Não se relaciona com o risco proveito, pois a Teoria do Risco Criado não se correlaciona o 
dano a um proveito ou vantagem da parte.
OBS2: Essa modalidade equivale ao risco de empresa ou risco de atividade.
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OBS3: Majoritário entendimento de que o CC adotou a Teoria do Risco Criado/de empresa/
de atividade.
5)Teoria do Risco Integral: modalidade extremada da doutrina do Risco, porquanto nela se 
dispensa até mesmo o nexo causal para justifica o deve de indenizar, que se faz presente 
somente em razão do dano,ainda que nos casos de culpa exclusiva da vítima.
Ex: atividades nucleares e de exploração de petróleo.
->Atividade desenvolvida é de alto risco, não só por lesar o meio ambiente -> não só olhando para 
o dano em si, mas para a atividade.
->Responsabilidade objetiva agravada (uma das hipóteses).
6)Teoria dos Riscos do Desenvolvimento: aqueles riscos não cognoscíveis pelo mais avançado 
estado da ciência e da técnica no momento da introdução do produto no mercado de consumo e 
que só vem a ser descobertos após um período de uso do produto, em decorrência do avanço dos 
estudos científicos e tecnológicos.
Ex: cigarro (mas ainda não sabem o percentual que ele influência na ocorrência de câncer no 
pulmão), anti-colesterol, MER-29 etc.
->Questão: Se um paciente de um hospital público (não é uma atividade lucrativa) adquire 
hepatite C durante o procedimento de transfusão de sangue, terá direito a indenização (em face 
do hospital), quando foram realizados os testes de sangue?
Estado tem que assumir o risco do desenvolvimento? é diferente do Risco Administrativo do 
Estado.
*Hospital que realiza o serviço com observância de todas as cautelas -> não é responsável pelos 
danos causados, ainda que tenha responsabilidade objetiva para defeitos dos serviços - risco 
acaba sendo do paciente. (STJ)
Não é absoluta a segurança da transfusão - mas, não é passível de tornar defeituoso o serviço 
prestado pelo hospital.
Se ficar comprovada alguma negligência/imprudência/imperícia no processo de realização = daí 
seria imputada - culpa.
*Se fosse um hospital privado (que desenvolva uma atividade lucrativa): o senso de justiça apela 
para que a vítima não ficasse no prejuízo - caixa suficiente para honrar certos danos.
TERCEIRO FUNDAMENTO: SOCIALIZACAO DE CUSTOS
->Segundo Fabio Ulhoa Coelho, o desamparo de vítimas por acidentes inevitáveis agrediam o 
senso de justiça e, por outro lado, o acúmulo de capitais já era suficiente para implantação de 
aprimorados mecanismos jurídicos de socialização dos custos -> razão pela qual surge a 
responsabilidade objetiva, em que o devedor é obrigado a indenizar os danos do credor, 
mesmo não tendo nenhuma culpa por eles. -> agiu como devia, não é ato ilícito.
 
->Segundo o autor nessa modalidade, o devedor responde por ato ilícito. Sua conduta não é 
contrária ao direito, todavia, é racional imputar responsabilidade por danos a quem agiu 
exatamente como deveria ter agido quando o sujeito passivo da obrigação de indenizar 
ocupa posição econômica que lhe permita socializar custos da sua atividade entre 
beneficiários dela.
Ex: O município deve indenizar os proprietários dos imóveis que desvalorizaram em função da 
construção de um viaduto (obra lícita);
O empresário responde objetivamente pelos danos derivados de acidentes de consumo;
O INSS terá que pagar as vítimas do acidente de trabalho, independentemente de perquirir sobre 
a culpa pelo evento.
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
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Em relação ao seu fundamento de imputação:
1)Responsabilidade Subjetiva (Aquiliana ou por Ato Ilícito) -> fundada na culpa ou dolo por 
ação ou omissão lesiva a determinada pessoa.
*Dano resultante de uma ação ou omissão do responsável (embora culposa), de ação ou omissão 
de pessoa a ele livrada ou ainda de fato de coisa que ele seja o detentor.
2)Responsabilidade Objetiva -> quando encontra justificativa no risco (risco criado; risco da 
atividade; risco administrativo; risco perigo).
*Dano causado por outrem, ainda que sem culpa, ou em casos especiais, acontecidos em 
conexão com atividades desenvolvidas por outra pessoa (atividade de risco).
->Dano seja resultante de ação ou omissão do responsável, ou de ação ou omissão de pessoa a 
ele ligada, ou ainda de fato de coisas de que ele seja detentor.
->Responsabilidade objetiva: obrigação de reparar danos resultante de qualquer atividade, que 
sendo, normalmente desenvolvida, implique, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Para além dessas situações que cabem aqui, também os demais casos especificados em lei.
->Exige o nexo de causalidade entre a atividade do responsável e o dano.
3)Responsabilidade Objetiva Agravada: quando se sustenta a ideia de risco próprio inerente, 
característico ou típico de determinada atividade. -> danos acontecidos durante a atividade que se 
desenvolve.
* A peculiaridade é que haverá dever de indenizar mesmo sem nexo de causalidade, pois se 
impõe, ainda que decorrente de fato de terceiro, fato da vítima ou caso fortuito ou de força 
maior.
*Por isso, é modalidade excepcionalíssima.
->Aqui, ainda estamos perante riscos de atividade (de empresa ou administrativos), mas que são 
bem específicos -> riscos que já se sabem que essa atividade pode sofrer.
-> Não é objeto de expressa previsão legal; é construção jurisprudêncial.
->Aquela que vai além do risco que tal atividade faz naturalmente correr; responde por danos 
conexos com a sua atividade.
Ex: atividade de transporte = assalto não é um risco inerente a atividade de transporte.
Banco = assalto é um risco inerente.
->Responsabilidade do transportador por acidente com o passageiro por fato de terceiro.
FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Atualmente, pode-se afirmar serem 3 as principais funções exercidas pela responsabilidade civil: 
indenização da vítima, distribuição dos danos entre os membros da sociedade e a 
prevenção de comportamentos anti-sociais.
*+ a distribuição dos danos entre os membros da sociedade -> atualmente (Princípio da 
Socialização dos Custos.
*Se aproxima das funções da responsabilidade criminal: punir um culpado, vingar a vítima e 
restabelecer a ordem social -> tornaram-se secundárias/subsidiárias, após a distinção entre a 
responsabilidade civil e criminal.
=>Segundo PabloStolze e Rodolfo Pamplona, são 3 as funções da responsabilidade civil: 
função compensatória do dano à vítima; punição do ofensor e desmotivacao social da 
conduta lesiva.
1)Função Compensatória do Dano a vítima -> objetivo básico e finalidade principal: retornar 
as coisas ao status quo ante. Repor-se o bem perdido diretamente ou, quando não é mais 
possível tal circunstância, impõe-se o pagamento de um quantum indenizatório, em importância, 
equivalente ao valor do bem material ou compesatório do direito não retributível pecuniariamente. 
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2)Função Punitiva do Ofensor: a prestação imposta ao ofensor também gera um efeito punitivo 
pela ausência de cautela na prática de seus atos, persuadindo o autor do dano a não mais 
lesionar (prevenção).
3)Desmotivação social da conduta lesiva: persuasão não se limita à pessoa da ofensor, mas 
também tem um cunho socioeducativo, que é a de tornar público que condutas semelhantes não 
serão toleradas. Assim, alcança por via indireta, a própria sociedade, restabelecendo o equilíbrio e 
a segurança desejadas pelo direito. 
=>Fabio Ulhoa Coelho: função principal de ressarcir os prejuízos da vítima (função de 
compensação).
*Não se leva em consideração ao patrimônio do causador.
=>FERNANDO NORONHA: Reparatória, sancionatória e preventiva.
1)Função Sancionatória (ou punitiva) -> característica da responsabilidade criminal; impor uma 
pena, como um castigo proporcional, mais dissuadir outras pessoas da prática de atos similares 
(prevenção geral) e ainda dissuadir o próprio criminoso da prática de novos crimes (prevenção 
especial).
*Imposição ao infrator de uma pena -> retribuir o ilícito - aplicar um castigo proporcional.
*De forma mitigada e assumindo características diversas, essas 3 finalidades estão na reparação 
civil, pois impondo um sacrifício, maior ou menor, ao lesante, acaba também punindo este. 
->Todavia, na responsabilidade civil uma finalidade punitiva não é facilmente justificável: 
quando tem por fundamento uma conduta dolosa ou culposa, pode-se entender em punir; mas no 
caso de responsabilidade objetiva, só é possível falar em função sancionatória nos casos em que 
for possível incentivar as pessoas a adotar medidas de segurança preventivas, para evitar a 
ocorrência de danos.
*Com um caráter secundário (2˚ plano), essa função fica mais visível em casos de danos 
puramente anímicos (ou morais em sentido estrito) e com danos puramente corporais, que 
propriamente não se indenizam (satisfação compensatória), ainda que de natureza pecuniária.
*Não se deve exagerar na ideia de punição através da responsabilidade civil: função dissuasora 
tem sempre papel acessório -> em princípio, a responsabilidade visa apenas reparar danos.
*A função sancionatória da responsabilidade civil é invocada geralmente para justificar o 
agravamento da obrigação de indenizar, mas as vezes ela tem um efeito contrário, 
fundamentando uma redução do quantitativo que em princípio seria defensável. Assim,a 
natureza indenizatória da responsabilidade civil não impede que o juiz possa reduzir 
equitativamente a indenização (Ex: para não levar à falência a empresa), nos casos em que sejam 
enormes os danos causados e seja reduzida a culpa do responsável, nos termos do art. 144, 
parágrafo único.
Por outro lado, é considerando a função sancionatória, ou melhor, a inexistência de 
censurabilidade, que em muitos casos de responsabilidade sem culpa (ou culpa menor) se fixam 
limites máximos de indenização, impossibilitando muitas vezes a reparação integral do dano 
sofrido pelo lesado .
2)Função Preventiva (dissuasora) -> é paralela à função sancionatória; função de prevenção 
geral (para que as pessoas não pratiquem atos danosos) e de prevenção especial (para que o 
tensor seja desestimulado) -> desestímulo: pedagógica, educativa.
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*Não se deve exagerar na ideia do valor de desestímulo, associada à ideia dos punitive ou 
exemplary damages -> constituem uma soma de valor variável estabelecida em separado dos 
compensatory damages, quando o dano é decorrência de comportamento lesivo marcado por 
grave negligência, malícia ou opressão.
*Segundo Carlos Alberto Bittar (que defende a adoção dos punitive damages da jurisprudencia 
norte-americana): à luz da legislação brasileira à responsabilidade civil, considerando o disposto 
no art. 944 do CC, existe compatibilidade desse regime jurídico com a importação da teoria norte 
americana. O direito brasileiro já prevê vários institutos com natureza penal dentre eles a 
cláusula penal (art.416 CC), juros de mora, aras, pagamento em dobro, restituição em dobro e 
astreintes -> hipótese clara do valor de punição, pois restituição em dobro não faz sentido 
com o artigo 944.
Art. 944 “ A indenização se mede pela extensão do dano.
Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, 
equitativamente, a indenização.
->Contra Punitive damages ou exemplar demages: forte corrente doutrinária que defende a 
não utilização da doutrina norte-americana do dano punitivo, sustendo que ela quebraria a 
autonomia do direito civil e direito penal -> misturaria o que é propriedade da responsabilidade 
criminal com a civil;
*Enriquecimento sem causa com o valor da punição superior ao dano.
*Juiz iria além da prestação jurisdicional, sendo não pleiteado pela parte.
->Multa Cominatória: instituto onde a finalidade dissuasora também assume especial relevância -> 
a imposição de penas pecuniárias não visa apenas coagir o devedor a reparar prontamente os 
danos causados; visa também evitar que eles vão se propagando, pela resistência do 
responsável.
->Danos Transindividuais (que atingem bens de interesse da generalidade das pessoa): como o 
dano ao meio ambiente, ao qual se enfatiza a necessidade de punições “exemplares”, através da 
responsabilidade civil, como forma de coagir as pessoas, empresas e outras entidades a adotar 
todos os cuidados que sejam cogitáveis para evitar esses danos. Ex: Lei da Ação Civil 
Pública.
3)Função Reparatória -> Finalidade fundamental é de REPARAR O DANO -> apagar o prejuízo 
econômico (indenização do dano patrimonial); minorar o sofrimento infligido (satisfação 
compensatória do dano moral puro) ou compensação pela ofensa à vida ou integridade física de 
outrem (satisfação compensatória do dano puramente corporal).
*Sobretudo em matéria de danos patrimoniais;
*Consistindo-se fundamentalmente na obrigação de reparar o dano, a responsabilidade civil, em 
princípio não tem como medida a gravidade da conduta do lesante, nem outros fatores subjetivos, 
mas unicamente a extensão do dano causado -> art. 944 CC.
=>As três Funções:
*Conjugação das 3 funções -> nos danos ambientais -> deve reparar de forma completa o dano 
(reparatória), mesmo que o preço seja alto ao poluidor; representar o mínimo indispensável para 
dar satisfação ao sentimento geral de frustação e mesmo de revolta experimentado pela 
comunidade, imputando ao agente uma retribuição como castigo proporcional à lesão causada 
(função sancionatória); e para coagir à adoção dos cuidados que razoavelmente sejam cogitáveis 
(função dissuasora).
=>Além das 3 funções mencionadas, nota-se tendência geral, presente no direito comparado, de 
considerar a responsabilidade civil sob o enfoque do balanceamento de interesses conflitantes, da 
cessação do ilícito, da proteção dos valores constitucionais e da busca por justiça e equidade.
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UNIDADE 4 - PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
1)Noções gerais e divergências -> reduzida a responsabilidade civil a sua expressão mas 
simples, surge quando há um dano e uma pessoa que deva responder por ele. Mas para saber 
quando é que uma pessoa pode ser responsabilizada por um dano é necessário apurar 
diversos elementos, os quais a doutrina denomina de pressupostos da responsabilidade.
*Como elementos de existência indispensável, a realidade tática deve apresentar: fato gerador 
(ação ou omissão, ou acontecimento natural) que produziu umdano ou lesão de qualquer 
natureza (isto é, a pessoas ou coisas, patrimoniais ou e extrapatrimoniais, individuais, ou 
coletivos).
1 PASSO -> perante um dano de qualquer natureza, o jurista começa procurando saber se ele 
corresponde à violação de um bem juridicamente tutelado, ou seja, verifica se o dano tem 
cabimento no âmbito de proteção, ou escopo de uma norma.
2 PASSO -> Se existir normas tutelando o bem violado, procurará saber qual foi a causa do 
dano ou em casos muito excepcionais, se ele simplesmente se verificou no decurso de uma 
dada atividade.
3 PASSO -> Estabelecido que foi causado por um determinado fato, procurará saber se este pode 
ser imputado a alguém.
Seja a título de culpa, ou de risco criado; nos casos em que o dano se verificou no decurso de 
uma dada atividade, mas sem ter sido causado por qualquer fato atribuível ao exerceste, 
procurará ainda saber se pode ser considerado risco típico da atividade.
=> 5 pressupostos ou requisitos: dano, cabimento no âmbito de proteção de uma norma, 
fato gerador, nexo de causalidade, e nexo de imputação -> Fernando Noronha.
*Assim, o fato gerador terá que ser antijurídico e deverá ser imputado a alguém. E o dano há de 
ser efetivo e deverá ter sido causado pelo fato gerador, além disso, o dano deverá constituir lesão 
de um dos bens que a ordem jurídica queria proteger.
=>Há quem aponte que os elementos básicos são apenas 3: conduta humana (positiva; ação ou 
negativa; omissão); o dano ou prejuízo; e nexo de causalidade
*Justificativa apresentada por essa linha de entendimento é de que a culpa não é elemento 
essencial mas sim acidental.
->Conduta humana: não é certo, uma vez que acontece eventos naturais e fato de animais.
=>Já alguns autores preferem atribuir ao fato gerador um qualificativo, associando esse requisito 
ao dano -> fato danoso: pois, as vezes mesmo havendo um fato antijurídico, senão causar 
danos, nunca surgirá a obrigação de indenizar, mesmo que ele possa ser relevante para outros 
efeitos (por exemplo, em matéria criminal ou contravencional). Assim, entendem haver 3 
requisitos: fato danoso, prejuízo e o liame entre eles como a estrutura comum da responsabilidade 
civil.
->Outros acrescentam a culpa ou imputabilidade como pressupostos.
->Alguns ainda preferem dizer que se exige o fato danoso,o dano e a antijuridicidade ou 
culpabilidade.
FATO GERADOR DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU FATO ANTIJURIDICO
*Evento causador do dano -> essencial para saber quais as situações ensejeadoras da 
responsabilidade civil.
*Há unanimidade na doutrina quanto a exigência, porém nem todos os autores enunciam 
expressamente esse pressuposto de forma destacada e autônoma.
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*Mas há divergência quanto a sua denominação -> alguns falam em “existência de uma ação 
(comissiva ou missiva) ou conduta humana (positiva ou negativa) ou outros preferem dizer que é 
necessário um fato antijurídico (humano ou natural).
=>Fato Antijurídico: são fatos que se colocam em contradição com o ordenamento, afetando 
negativamente situações que eram juridicamente tuteladas. Poder ser um fato humano, culposo 
ou não, mas também um fato natural.
*Fato natural: independe de qualquer ação ou omissão, logo independente de qualquer culpa.
*Fato humano -> constitui, na maioria da vezes, uma conduta comissiva (ação) ou por 
omissão. A ação ou omissão pode ou não resultar de culpa da pessoa que estiver envolvida, mas 
isto é questão que diz respeito ao nexo de causalidade.
=>A antijuridicidade, quer diga respeito a um fato humano ou natural, é um dado de natureza 
objetiva: existe quando o fato (ação, omissão, fato natural) ofende direitos alheios de modo 
contrário ao ordenamento jurídico, independentemente de qualquer juízo de censura que 
porventura também possa estar presente e ser referida a alguém.
*Alguns autores chamam de dano injusto e outros em ilicitude do fato.
=>Nem sempre a ofensa a direitos de outrem é antijurídica, como exemplo, nos atos 
justificados (quando sejam lesados direitos de pessoas estranhas à situação contra a qual se 
esteja procedendo - legítima defesa, por exemplo). Mas nesse caso, a circunstância de o ato 
justificado ser lícito não impede que seja antijurídica a CONSEQUENCIA produzida (lesão do 
direito da terceira pessoa ) -> só não será antijurídico os danos causados ao próprio agressor 
ou ao criador do perigo.
=>Situações em que podem ocorrer fatos antijurídicos:
1)Quando tiver ato ilícito subjetivamente reprovável porque houve violação culposa do direito de 
outrem (dolo ou culpa) -> ato subjetivamente ilícito.
Ex: homicídio doloso ou culposo.
2)Ato objetivamente ilícito, ato danoso praticado por inimputável ou por pessoa em situação 
de inimputabilidade acidental;
*Ato que só não é qualificável como ilícito subjetivo devido a situação de inimputabilidade de quem 
realiza.
Ex: homicídio cometido por um demente.
3)Atos justificados, quando for atingida pessoa diversa daquela que criou a situação 
implicativa da necessidade de intervenção: ato danoso é praticado em situação em que seria 
inexigível outro comportamento.
Ex: a morte de uma terceira pessoa, que seja conseqüência de uma legítima defesa ou estado de 
perigo.
4)Quando ocorre certo acontecimento naturais que atinjam um direito de alguém, desde que 
ocorrência esteja ligada à atividade desenvolvida por outra pessoa.
Ex: fatos de animais.
=>Não basta a existência de um fato antijurídico para existir o dever de indenizar; andar na 
contramão numa estrada deserta, não gera obrigação -> é necessário causar dano a outrem e 
além disso, a imputação do fato ao agente e a verificação de danos.
CONDUTA HUMANA: COMISSAO E OMISSAO
*Comissiva -> ato positivo (ação); movimento físico do ser humano desencadeia eventos que 
direta ou indiretamente causam danos a alguém. Ex: acionar o gatilho de uma arma, falar mal de 
alguém.
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->Ato voluntário, que pode ser consciente ou não. O que importa é a existência de 
possibilidade de decisão voluntária, entre duas ou mais alternativas -> por isso, esses atos geram 
responsabilidade civil subjetiva quando ilícitos.
*Omissiva -> trata-se de um não fazer, acompanhada e 2 requisitos: 
1)Sujeito a quem se imputa a responsabilidade tinha o DEVER de praticar o ato omitido;
2)Havia razoável expectativa de que a pratica do ato impediria o dano (se o sujeito poderia evitar 
o dano com alguma certeza ou grande probabilidade).
Ex: instrutor distraído ao deixar de acudir o aluno que está morrendo afogado na piscina durante a 
aula de natação, responde pelos danos advindos de sua atuação culposa. Em razão da função 
exercida, o instrutor tinha o DEVER de praticar o ato e há razoável expectativa de que os demais 
alunos não respondem pela omissão, assim como não responderia o instrutor se demonstrado 
que o aluna se afogará por ter sofrido fulminante ataque cardíaco, porque nesse caso, nenhuma 
ação dele seria suficiente para salvar.
->Assim, a falta de movimento físico impeditivo da concretização do dano, considera-se 
causa deste, e portanto, geradora de responsabilidade civil, se a ação omitida é exigível e 
eficiente.
*Se quem se omitiu não tinha dever de agir ou se a ação seria insuficiente para evitar o dano -> 
omissão é tida como mera condição deste. Apenas a omissão-causa implica responsabilidade.
=>Quando se trata da responsabilidade do Estado, a doutrina diferencia omissão específica da 
omissão genérica.
*Dever geral de segurança pública -> omissão genérica, não há imputação de 
responsabilidade civil. Ex: alguém sofrer um assalto na rua e por perto não havia nenhum policial -
> trata-se de situações em que a responsabilidade civil decorre de omissão culposa dos agentes 
do Estado.
*Omissão específica: policial vê um assalto e não faz nada -> foi omisso tendo ciência da 
ocorrência do fato que devia evitar. Quando específica, a responsabilidade do Estado é objetiva.
ABUSO DE DIREITO: Também é FATO GERADOR da Responsabilidade.
*Exercício imoderado de um direito que extrapola os limites impostospela boa-fé, pelos fins 
econômicos, ou aos bons costumes. É lícito quanto ao conteúdo, mas ilícito quanto as 
conseqüências.
*Nesses casos de abuso, a responsabilidade será objetiva -> independe de culpa e fundamenta-
se somente no critério objetivo-finalístico.
NEXO DE IMPUTAÇÃO: liga o responsável ao fato danoso.
*Na responsabilidade subjetiva o fundamento da imputação será uma atuação culposa ou dolosa, 
enquanto na objetiva há imputação pelo risco.
->Responsabilidade subjetiva, o fato gerador será SEMPRE um ato ilícito em sentido próprio, 
fruto da conduta culposa do agente.
OBS: na responsabilidade civil do estado por omissão, uma parte da doutrina e jurisprudência 
defende que seria necessário a apuração da culpa (responsabilidade subjetiva). Isso decorre da 
interpretação do disposto no art. 37, parágrafo 6˚ da CF, segundo o qual o Estado teria 
responsabilidade objetiva pelos atos de seus agentes praticados na função de servidor (comissão) 
-> não estaria tratando de omissão, trata apenas da ação do Estado.
->Conduta omissiva culposa -> necessário que o responsável tivesse o dever de praticar o fato 
omitido.
->Responsabilidade Objetiva: fato gerador pode ser tanto uma conduta humana como 
fenômeno natural. -> fato antijurídico.
Ex: um ato praticado por um sonâmbulo.
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*Omissão não culposa pode gerar responsabilidade objetiva, bastando que o responsável 
devesse ter agido sem importar as razões de não-atuação.
*Fatos de natureza também podem gerar responsabilidade objetiva, bastando que tenham 
ocorrido dentro da esfera jurídica sob controle do responsável. 
Ex de responsabilidade ligada a fenômenos naturais e independentemente de culpa: ruptura 
acidental de pneu, mordida de um cachorro, vazamento de gás tóxico (mesmo quando todos os 
cuidados foram tomados).
DANOS
DEFINIÇÃO -> Prejuízo, de natureza individual ou coletiva, econômico ou não-econômico, 
resultante de fato antijurídico que viole qualquer valor inerente à pessoa humana ou atinja coisa 
do mundo externo que seja juridicamente tutelada.
->É prejuízo gerado num bem, numa coisa, ou no corpo ou alma de uma pessoa.
->Só tem responsabilidade, quando existir um dano resultante de uma lesão antijurídica -> dano é 
decorrente da lesão; não há dever de indenizar sem a existência de um prejuízo a um bem 
jurídico. Assim, seja qual for a espécie de responsabilidade, o dano é requisito indispensável para 
configurar a responsabilidade.
CARACTERISTICAS: 
1)Violação de um interesse jurídico PATRIMONIAL OU EXTRAPATRIMONIAL de uma pessoa 
física ou jurídica: todo dano pressupõe agressão a um bem tutelado, de natureza material ou 
não, pertencente a um sujeito de direito.
*Dano é a conseqüência prejudicial resultante da violação do bem tutelado.
*Violação de uma norma jurídica pode não ocasionar danos, como dirigir acima da velocidade 
permitida -> ofende o direito, mas nem sempre causa dano -> não gera responsabilidade.
*Em casos especiais, pode ter danos reparáveis resultante de fatos que no plano subjetivo são 
lícitos: danos resultantes de atos justificados ou de fatos naturais. Só os resultados são tidos 
como antijurídicos e não aceitos pela ordem jurídica.
2)Certeza da existência do dano: só o dano certo, efetivo é indenizável, ou seja, não será 
indenizáveis um dano abstrato ou hipotético. Não há uma necessidade de certeza quanto ao 
momento patrimonial de indenização. Assim, ainda quando estejam em causa danos 
extrapatrimonais, como calúnia, haverá dano certo à honra da vítima.
3)Subsistência do dano a ser reparado: dano não reparado. Ex: partes entraram num acordo, já 
houve o recibo e indenização total dos danos.
CLASSIFICACAO DOS DANOS:
1)Danos Pessoais (à pessoa) e danos materiais (à coisa): lesão sofrida pode afetar valores 
ligados à própria pessoa do lesado na sua integridade física, psíquica ou moral (danos pessoais) 
ou pode atingir objetos do mundo externo, isto é, objetos materiais ou mesmo coisas incorpóreas 
(danos a coisas ou danos materiais).
->Essa distinção não considera o ato ou fato lesivo registrado, mas a esfera jurídica em que a 
lesão se reflete. Ex: de um mesmo fato, um acidente de transito, podem resultar danos materiais 
(destruição do veiculo) e pessoais (lesões a pessoas transportadas).
1)DANOS A PESSOA: ofensa à vida, integridade física de outrem (danos corporais ou 
biológicos) ou na afronta a sentimentos e outros valores espirituais ou afetivos. Atualmente, 
pode-se dizer também que nessa categoria se incluem lesões que deixam alterações morfológicas 
ou cicatrizes no corpo (danos estéticos) e ainda os que afetam os projetos de vida e a vida de 
relações da pessoa (danos existenciais).
*Essa classificação surgiu após o reconhecimento da tutela da dignidade da pessoa humana -> 
tutela da integridade física, psíquica/intelectual ou atributos do intelecto e moral da pessoa, com o 
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consequente direito à reparação por todos os danos resultantes de atos ou fatos que atentem 
contra ela.
=>ESPECIES DE DANOS A PESSOA (ou pessoais):
1)Danos Corporais/Saúde/Biológicos: aqueles que atingem o suporte vivo, a integridade 
físico-psíquica da pessoa abrangendo desde lesões corporais ate a privação da vida.
->Situações em que as pessoas ficam incapazes de experimentar sensações, ou de entender e 
querer, devido a lesões no sistema nervoso (patologia neurológicas e psíquicas).
-> Afetando a vida e a integridade física e psíquica, é essencialmente objetivo, podendo e 
devendo ser constatado através de uma avaliação medica; quanto a ele, o juiz limitar-se-á a 
arbitrar o valor pecuniário que entenda dever corresponder-lhe.
2)Danos Anímicos ou Morais, em sentido estrito: todas as ofensas que atinjam as pessoas nos 
aspectos relacionados aos sentimentos, à vida efetiva, cultural e de relações sociais; elas 
traduzem-se na violação de valores ou interesses puramente espirituais ou afetivos, ocasionando 
perturbações no ofendido.
->Afetando sentimentos, é essencialmente subjetivo, devendo o julgador, em seu prudente 
arbítrio, começar por apreciar da respectiva existência, intensidade e duração, para só depois 
passar à determinação da forma de reparação -> dispensa exame técnicos.
3)Danos Estéticos: toda alteração morfológica do indivíduo, que, alem do aleijão, abrange as 
deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e que impliquem sob 
qualquer aspectos um afeiamento da vitima, consistindo numa simples lesão desgostaste ou 
num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade (NAO EH 
NECESSARIO QUE CAUSE DESGOSTO/RIDICULO), exercendo ou não influencia sobre a 
capacidade laborativa. Ex: mutilações, cicatrizes, mesmo acorbetáveis, perda de cabelos, feridas 
repulsivas etc em consequência do evento danoso.
->Dano estético, em regra, constitui também um dano moral (lícita cumulação/súmula 387 STJ; 
não só pelas dores físicas mas também por ser atingido na sua integridade), e às vezes, até um 
dano patrimonial (quando a deformidade traz também uma redução da capacidade de trabalho-> 
dano patrimonial indireto). Todavia, dano estético não necessariamente produz sofrimento, 
angústia, sensação de inferioridade e também pode não ter um repercussão patrimonial, 
em determinadas circunstancias mesmo assim vai ter que indenizar -> Jurisprudência STJ (Danos 
Estéticos): ex -> disparo de espingarda que provocou cegueira parcial irreversível no olho da 
vitima.
4)Danos Existenciais/Não biológicos: essa categoria ainda esta em desenvolvimento -> são 
aqueles ligados a qualquer modificação que faz piorar a esfera pessoal do sujeito, vista como 
conjunto de atividades através das quais este realiza a própria individualidade -> danos que 
afetam a esfera mundano-relacional (privação da vida de relações) da vítima ou trazem um 
decaimento objetivo na qualidade de vida.
*Não se analisa os sentimentos sofridos pela vítima, basta ser constada a necessidade de 
adotar na vida comportamento distintos em relação ao passado -> uma adaptação a umanova forma que tem como consequência uma pior qualidade de vida.
*Modificação pejorativa sofrida pela vitima em nível de desenvolvimento da própria 
individualidade.
*Prejuízo provocado sobre atividades não econômicas do sujeito, alterando seus hábitos de vida e 
sua maneira de viver socialmente e privando a possibilidade de exprimir e realizar sua 
personalidade no mundo externo,
*Alteração do projeto de vida; privada do desenvolvimento da sua vida de relações-> ex: várias 
horas extras que fazia - privação do convívio familiar.
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DANOS MATERIAIS (danos às coisas): relativos a bens corpóreos (móveis, semoventes e 
imóveis) ou bens incorpóreos, exemplo, concorrente desleal que usurpa marca registrada inflige 
danos a um bem imaterial que se traduz na perda de faturamento por desvio ilegítimo de clientela.
*Podemos ter um mesmo fato causando simultaneamente danos materiais e pessoais, como 
também podemos ter um fato causando danos corporais (biológicos), anímicos, estéticos e 
existenciais.
*Temos danos à pessoa e as coisas quando seja destruído objeto material ou animal que possua 
um interesse afetivo para o titular. Ex: automóvel mata o cachorro de estimação -> dano a coisa 
que traz associado um dano à pessoa, de natureza não patrimonial (danos morais reflexos pela 
afeição) -> além do dano à coisa tem o dano à pessoa que é reflexo pelo sentimento.
*Temos, ao mesmo tempo dano corporal (biológico), dano anímico, estético e dano existencial no 
caso de lesão que deixa uma pessoa paraplégica.
 
->Importante essa classificação para avaliar as excedentes da responsabilidade civil, 
considerando que,na mesma categoria os danos tem peso idêntico, mas há maior relevância na 
proteção aos danos pessoais quando relacionados com os danos materiais, numa situação 
concreta.
*Entre duas coisas não se exige que a sacrificada seja menos valiosa que a salvaguarda. Se os 
bens eram materiais, o valor de cada um deles é irrelevante e a ilicitude será descaracterizada.
Do mesmo modo, não há como operar qualquer noção de valor dos danos em questão (o causado 
e o evitado) quando o perigo iminente ameaça pessoa e, para salvaguarda-la era necessário 
sacrifício de outra (não gera responsabilidade de indenização).
*Quando alguém em estado de necessidade causa dano pessoal com o objetivo de evitar 
dano material, exclusão de ilicitude não tem lugar. Quem sacrifica a integridade física ou moral 
ou mesmo a vaidade de uma pessoa para remover perigo iminente sobre a coisa incorre sempre 
em ato ilícito, por mais valioso que fosse o bem.
->Estado de necessidade produzido por terceiro -> direito de regresso contra o agressor ou contra 
própria pessoa defendida.
FIXANDO-> os atos justificados (em estado de perigo ou legitima defesa), note-se: só excluem 
a obrigação de reparar os danos causados à pessoa do agressor ou do criador do estado 
de perigo, mas não a terceiros que eventualmente venham a ser atingidos (arts. 920 e 930).
terceiros pode acionar -> direito regressivo.
=>Outra aplicação dessa distinção entre dano à pessoa e às coisas materiais: no campo dos 
seguros -> coberturas costumam varias para as hipóteses de dano material ou pessoa. Para os 
proprietários de veículos automotores terrestres, o seguro para cobertura de danos 
pessoais é obrigatório (DPVAT), mas é facultativo de danos materiais.
=>Outra importância dessa classificação, revela-se na jurisprudência: o contrato de seguro por 
danos pessoais compreende o dano moral, salvo cláusula expressa de exclusão (súmula 402, 
STJ). Isso aconteceu quando a jurisprudência procurava esclarecer o alcance de uma clausula 
constante das apólices de seguro de responsabilidade civil, segundo a qual deve entender-se 
como garantia de danos pessoais “a obrigação de reembolso assumida pelo Segurador no 
tocante a reclamação de terceiros decorrentes de danos corporais.”
CRITICA A DENOMINACAO DANO MATERIAL: expressão dano material é equivoca, devido a 
ser frequentemente utilizada como sinônima de dano patrimonial, que é realidade diversa, 
pois existem danos patrimoniais ligados a ofensas à pessoa e ainda existe danos 
extrapatrimoniais resultantes de lesões a coisas (ainda que nesse caso tais danos se traduzam 
em reflexos anímicos, para as pessoas ligadas a essas coisas - danos pessoais).
DANOS PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONAIS
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*Essa classificação é feita com base na teoria do reflexo: parte-se não do ato lesivo, em si 
mesmo, mas da esfera jurídica, econômica ou puramente espiritual (não aferível 
pecuniariamente), de pessoa em que a lesão se reflete.
*A lesão pode consistir num prejuízo patrimonial (ou econômico) ou pode reportar-se a 
valores insuscetíveis de avaliação pecuniária:
1)Primeiro caso, tem-se danos patrimoniais, quando prejuízo for econômico, pode se traduzir 
em efetiva diminuição do valor do patrimônio (dano emergente), ou na frustação de um 
acréscimo patrimonial esperado (lucro cessante).
*Podem dizer respeito a ofensa a pessoas ou ofensa as coisas.
Ex: privação do uso da coisa, estragos nela causados, incapacitarão do lesado ao trabalho, 
ofensa a reputação (dano a pessoa que gerou um dano de natureza patrimonial), quando tiver 
repercussão na vida profissional ou em seus negócios.
2)Segundo danos extrapatrimoniais (danos morais sem sentido amplo): violação de quaisquer 
interesses não suscetíveis de avaliação pecuniária. Afeta exclusivamente a esfera dos valores 
espirituais ou afetivos
->De uma lesão a pessoa pode ter tanto dano de natureza patrimonial (posso avaliar) e de 
moral.
DANOS EXTRAPATRIMONIAIS (em gênero, que aufere todos aqueles que não são avaliados 
pecuniariamente): normalmente, chamados de danos morais (em sentido amplo) -> estão 
referidos no artigo 186 do CC e nos incisos V e X, doa artigo 5˚ da CF.
A tradicional confusão entre dano extrapatrimonial e danos morais esta presente em todos os 
autores clássicos no brasil.
->Só a designação extra patrimonial que consegue deixar claro que unicamente terá esta natureza 
o dano sem reflexos no patrimônio do lesado, e isso independentemente de se saber qual foi a 
origem desses danos: às vezes até pode ser resultado de atentado a coisas. Nem sempre o 
dano extra patrimonial terá natureza moral, que é carregado de conteúdo ético e dano extra 
patrimonial não tem necessariamente esse conteúdo. Ex: danos estéticos.
AVALIACAO DOS PREJUIZOS PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS
->Teoria da Diferença, quando prejuízos patrimoniais: indenização mede-se pela diferença 
entre o valor atual do patrimônio da vitima e aquele que teria, no mesmo momento, se não houver 
a conseqüência da lesão.
*Critério matemático aritmético.
->Princípio da Satisfação Compensatória, para danos extra patrimoniais -> quantitativo 
pecuniário nunca poderá ser equivalente a um preço, será o valor necessário para lhe 
proporcionar um lenitivo para o sofrimento infligido, compensação pela ofensa.
*Critério estimatório-> Ao invés de serem indenizados, são compensados.
=>Possível termos relações intercruzadas das duas classificações.
EXEMPLOS:
1)Um mesmo evento pode produzir somente danos patrimoniais ou somente extra 
patrimoniais.
O fato gerador da responsabilidade pode causar somente danos patrimoniais. Ex: esbulho de um 
terreno baldio. Normalmente, mesmo que cause incomodo ao proprietário, não implica nenhuma 
dor, angustia ou aborrecimento merecedores de compensação pecuniária extrapatrimonial. O 
ofendido pelo dano à coisa terá danos materiais patrimoniais a serem indenizados.
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De outro lado, os fatos geradores da responsabilidade podem implicar somente danos 
extrapatrimoniais. é o caso da dor experimentada por quem lê no jornal notícia falsa do 
falecimento de familiar. O fato não impacta de nenhuma forma no patrimônio do leitor. Mas, 
sofre danos (pessoais anímicos) extra patrimoniais -> moral apenas.
2)Comum, porém, que mesmo evento danoso cause danos dessas duas espécies.
O dano é uno, embora possa projetar efeitos patrimoniais ou extra patrimoniais.

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