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Layla Ricci 1 AULA 1 – PSIQUIATRIA II (DR. ELTON POMPEU) DEPÊNCIAS QUÍMICAS Cannabis, Crack, Cocaína, alucinógenos - Droga ilícita mais utilizada no mundo (4% da população mundial) - 9% no Brasil (14% dos homens, 5% das mulheres) - 22% dos homens entre 25 e 34 anos - A diferença entre homens e mulheres fica menor no caso de usuários mais jovens; dos 12 aos 17 anos, não há diferença significativas. • THC: principal componente da maconha com efeito psíquico e responsável pelo desencadeamento de transtornos psiquiátricos. (delta-9-tetraidrocanabinol) - Conforme indicado anteriormente, o principal componente da Cannabis é o delta-9-THC; contudo, a planta contém mais de 400 componentes químicos, dos quais cerca de 60 estão quimicamente relacionados ao delta -9-THC. Em seres humanos, o delta-9-THC é rapidamente convertido em 11-hidróxi- delta-9-THC, o metabolito ativo no SNC. - O receptor canabinoide, um membro da família de receptores ligados à proteína G, está ligado à proteína G inibitória (Gi), a qual está ligada à adenilciclase de maneira inibitória. O receptor canabinoide é encontrado em suas concentrações mais elevadas nos gânglios basais, no hipocampo e no cerebelo, sen- do que concentrações mais baixas se encontra no córtex cerebral. Esse receptor não é encontrado no tronco encefálico, um fato consistente com os efeitos mínimos da Cannabis sobre as funções respiratória e cardíaca. - Ao se fumar Cannabis, os efeitos de euforia surgem em minutos, atingem o auge em aproximadamente 30 minutos e duram de 2 a 4 horas. Alguns efeitos motores e cognitivos podem durar de 5 a 12 horas. A Cannabis também pode ser ingerida por via oral quando misturada a alimentos, como bolos. O dobro ou triplo de Cannabis precisa ser ingerido por via oral para ter o mesmo efeito da inalação da sua fumaça. • Consequências de Uso - Déficits de aprendizagem - Distúrbios de memória e atenção - Redução da capacidade motora - Síndrome amotivacional • Diagnósticos e Características Clínicas - Efeitos mais comuns da Cannabis: dilatação dos vasos sanguíneos da conjuntiva (olhos injetados) e taquicardia leve. - Em doses elevadas: pode surgir hipotensão ortostática, aumento de apetite e boca seca. - Os efeitos adversos potenciais de maior gravidade são os causados pela inalação dos hidrocarbonos carcinogênicos presentes no tabaco convencional, sendo que dados indicam que indivíduos que fazem uso intenso de Cannabis correm risco de doença respiratória crônica e câncer de pulmão. • Gatilho de Transtornos mentais - Transtornos Psicóticos: psicose induzida pela substância. Esse transtorno é raro, sendo a ideação Layla Ricci 2 transitória a ocorrência mais comum. Quando há ocorrência de transtorno psicótico induzido por Cannabis, ele pode estar correlacionado a um transtorno da personalidade preexistente do indivíduo afetado. - Transtornos Ansiosos: o transtorno de ansiedade induzido por Cannabis é um diagnóstico comum para a intoxicação por Cannabis aguda que, em diversos indivíduos, induz estados de ansiedade breves frequentemente provocados por pensamentos paranoides. Nessas circunstâncias, ataques de pânicos podem ocorrer, com base em temores mal definidos e desorganizados. O surgimento de sintomas de ansiedade está relacionado à dose e constitui a reação adversa mais frequente ao uso moderado da substância. - Transtorno relacionado a Cannabis não especificado: O DSM-5 inclui a categoria de transtorno relacionado a Cannabis não especificado para transtornos envolvendo a substância que não podem ser classificados como transtorno por uso de Cannabis, intoxicação por Cannabis, delirium por intoxicação por Cannabis, abstinência de Cannabis, transtorno psicótico induzido por Cannabis ou transtorno de ansiedade induzido por Cannabis. A intoxicação pela substância pode estar associada a sintomas depressivos, embora esses sintomas possam sugerir uso de longo prazo. Hipomania, contudo, é um sintoma comum na intoxicação por Cannabis. - Transtorno de Humor • Consequências Orgânicas - Descompensação de patologias respiratórias (asma, bronquite) - Aumento de infertilidade (interferência na produção de hormônios sexuais) - Aumento de risco para algumas neoplasias (pulmões, testículos) • Tratamento da Dependência - Majoritariamente ambulatorial, porém casos graves exigem internação. - Existe pouca evidência em relação à eficácia do tratamento farmacológico para auxiliar no tratamento da síndrome de abstinência relacionada ao uso da maconha. Entre os tratamentos utilizados, as terapias psicossociais e cognitivos-comportamentais tem sido as mais efetivas. Técnicas de entrevista motivacional e manejo de contingências tem se revelado efetivas. - O tratamento farmacológico é dirigido principalmente para o tratamento das cormobidades psiquiátricas que deixam o indivíduo mais vulnerável ao uso da substância ou para os sintomas psiquiátricos desencadeados pela intoxicação. - Evidências escassas para psicofármacos, excetuando n-acetilcisteína na dependência. Uso antídoto de carbamazepina para acelerar a clerance hepático. (Estudo com a N-acetilcisteína mostrou que o medicamento pode aumentar em 2X a chance de apresentar urinas negativas para cannabis em relação ao placebo em 8 semanas de tratamento em adolescentes). *monitoramento atento de base ambulatorial por meio de exames de urina, que podem detectar a presença de Cannabis até 4 semanas após o uso. • Intoxicação por Maconha - Sintomas: Ansiedade, agitação, disforia, delírios paranoides. - Geralmente quadro é autolimitado, exigindo apenas medidas de suporte. - Agitação e ansiedade podem ser manejadas com BZD e sitomas paranoides com AP. - Se sintomas persistirem, considerar ativação de transtorno comórbido e tratá-lo. - Normalmente intensifica a sensibilidade do usuário a estímulo externos. - Em doses elevadas, usuários podem experimentar despersonalização e desrealização. - Habilidades motoras ficam prejudicadas, esse prejuízo continua depois da dissipação dos efeitos subjetivos e eufóricos. (8-12 horas interfere na operação de veículos e maquinários pesados). - Esses efeitos são cumulativos aos efeitos do álcool. - Delirium por intoxicação por Cannabis: O delirium associado à intoxicação por Cannabis se Layla Mayara Ricci de Carvalho Layla Mayara Ricci de Carvalho Layla Mayara Ricci de Carvalho anédotico Layla Mayara Ricci de Carvalho Layla Ricci 3 caracteriza por prejuízo acentuado da cognição e de desempenho de tarefas. Mesmo doses moderadas da substância prejudicam a memória, o tempo de reação, a percepção, a coordenação motora e a atenção. Doses elevadas que também prejudicam os níveis de consciência do usuário apresentam efeitos acentuados na cognição. • Abstinência de Cannabis - Os sintomas de abstinência limitam-se a aumentos moderados de irritabilidade, inquietação, insônia, anorexia e náusea leve, fissura, nervosismo, ansiedade, insônia, sonhos vívidos ou perturbadores, perda de peso, humor deprimido, cefaleia, calafrios, dor estomacal, sudorese e tremores; todos esses sintomas surgem apenas quando o individuo interrompe o uso de doses elevadas de Cannabis. - Estudos demonstraram que a cessação do consumo em indivíduos que usam Cannabis diariamente resulta em sintomas de abstinência no período de 1 a 2 semanas da interrupção. - 6 milhões de brasileiros (4% da população adulta) já experimentaram alguma apresentação da cocaína. - 1% da população geral fez uso de crack no período de 1 ano. - Droga estimulante, utilizável por qualquer via: crack, merla e oxi (pasta-base) são fumadas; cocaína em pó é intranasal ou endovenosa. - Uso da cocaína: Homens tiveram o dobro da probabilidade do que mulheres de ter usado a cocaína no ano anterior. - Abuso e dependência de cocaína: Em 2012, indivíduos a partir de 12 anos satisfizeram os critérios diagnósticos para o abuso ou dependência de cocaína no anoanterior. Indivíduos de 18 a 25 anos apresentaram um índice mais elevado de abuso de dependência de cocaína no ano anterior. (Dados semelhantes também para o crack). - Crack: Uma forma de cocaína de base livre, extremamente potente. Vendido em quantidades pequenas prontas para o fumo. É extremamente aditivo, e associação do abuso de crack a casos extremos de violência. - Inalação é o método menos perigoso de uso; injeção intravenosa e fumo, os mais perigosos. Os métodos mais diretos de consumo costumam estar associados a doenças cerebrovasculares, anormalidades cardíacas e morte. • Comorbidade - A maioria dos estudos sobre comorbidade em pacientes com transtornos relacionados à cocaína demostrou que os transtornos depressivo maior, bipolar tipo II, ciclotímico, de ansiedade e transtorno da personalidade antissocial são os diagnósticos psiquiátricos mais habitualmente associados. • Consequências do Uso - Redução da expectativa por violência, desemprego e DSTs. - Alto potencial de dependência com desenvolvimento rápido de tolerância. - Euforia rapidamente seguida por fissuro. - Via fumada amplifica repercussões. - Mecanismo de ação: inibição da recaptação da Dopamina no sistema mesolímbico-cortical (sistema de recompensa). Aumento da ativação de ambos os receptores dopaminérgicos, tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2). - Embora os efeitos comportamentais sejam atribuídos principalmente ao bloqueio da recaptação de dopamina, a cocaína também bloqueia a recaptação de norepinefrina e de serotonina. - Os efeitos comportamentais da cocaína são sentidos quase que imediato e duram um período relativamente curto (30 a 60 minutos). Layla Ricci 4 - Pode-se desenvolver dependência psicológica após um único uso. • Uso Combinado - O uso de outras substâncias concomitantes altera as características clínicas da intoxicação. - Associação mais comum é com álcool (aumento do tempo de efeito e diminuição da euforização). - Uso comórbido de maconha e tabaco é comum. • Intoxicação - Aumento da energia e do alerta. - Redução do apetite. - Ansiedade. - Manifestações paranoides. - Ativação adrenérgica (taquicardia, hipertermia, tremores, sudorese, taquipneia, espasmos musculares) - Possíveis eventos vasculares (IAM, AVC) • Dependência - Tolerância frequente e rápida. - Hipersensibilização dos neurônios dopaminérgicos com redução do limiar convulsivo e depressão de rebote. • Abstinência - Pode ocorrer logo nas primeiras horas após a parada do uso. - Disforia intensa, cansaço, aumento de necessidade de sono, sensação de culpa pelo uso. - Fissura também aparece rapidamente com irritabilidade, anedonia e humor deprimido. - Longo prazo: dificuldades de planejamento e execução de tarefas. • Tratamento - Deve ser multidisciplinar - Terapias Psicossociais (TCC, Terapia Familiar, TO) + Farmacoterapia. - Objetivo: Obter a abstinência total e prevenir recaídas. Monitoramento via amostras de urina é útil, podem auxiliar na manutenção do tratamento, uma vez que o monitoramento é uma etapa importante, além de ser um agente reforçador da motivação do paciente. - Desafios: Motivar paciente a procurar e suportar tratamento minimizando elevadas taxas de abandono precoce. - Avaliar paciente clinicamente, checar motivação, investigar suporte social, diagnosticar e tratar comorbidades psiquiátricas são medidas fundamentais. - Farmacoterapia: - Topiramato e dissilfiram apresentam evidências esparsas. - Uso anedótico de carbamazepina (aumento da velocidade de eliminação). - Uso de anticonvulsivantes para prevenir convulsões por hipersensibilização é inconclusivo. - Antipiscóticos na presença de sintomas paranoides agudos. - Antidepressivos: ação controversa da bupropiona como substituto farmacológico (redução do miliar convulsivo em doses altas). § Topiramato: Redução de fissura pelo aumento de ação inibitória Gabaérgica e inibição de excitação glutamatérgica no nucleus accumbes. - Aumento tempo de abstinência, negativação de testes de urina e reduz craving (desejo) pela Layla Ricci 5 cocaína. - Dose mediana: 300 mg/dia. § Dissulfiram: Antiga droga para dependência de álcool. - Impede conversão de dopamina em noradrenalina. - Contempla muito bem o uso comórbido do álcool. - Efeitos discretamente superiores ao placebo. - Fabricação descontinuada. • Tratamento da Abstinência de Cocaína e CRACK - Prática: o manejo consiste em utilizar fármacos para aliviar quadros de agitação psicomotora, sintomas paranoides e agressividade. Os mais utilizados são os benzodiazepínicos e os antipsicóticos de baixa potência, devido sua ação sedativa. (Clorpromazina (50 a 800mg/dia); Levomepromazina (25 a 50mg/dia); Tioridazina (50 a 300mg/dia); Trifluoroperazina (2 a 4mg/dia); Amissulprida (50 a 800mg/dia); Sulpirida (200 a 800g/dia);Periciazina (60mg/dia)). OBS: São tidos como de baixa potência pois tem um bloqueio fraco dos receptores de dopamina, porém, bloqueiam muito outros receptores como os de histamina, com isso o efeito colateral muito comum dos antipsicóticos de baixa potência é a sedação. - É muito comum a comorbidade do transtorno por uso de cocaína com outras drogas, como o álcool. Por isso, é importante avaliar a necessidade de tratamento para a abstinência alcoólica e prevenção da encefalopatia de wernicke. (A dosagem de tiamina costuma ser iniciada em 100 mg via oral de 2 a 3 vezes por dia e continua durante 1 a 2 semanas. Em pacientes com transtornos relacionados ao álcool que recebem administração IV de solução de glicose, a boa prática recomenda incluir 100 mg de tiamina em cada litro de solução de glicose). • Aspectos gerais - Alucinógenos, por definição, são intoxicantes. - O uso de drogas alucinógenas está associado a ataques de pânico, transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos (flashbacks), psicose, delirium e transtornos do humor e de ansiedade. - Alucinógenos vêm sendo usados há milhares de anos, e estados alucinogênicos induzidos por substâncias fazem parte de rituais sociais e religiosos. - A descoberta da dietilamida do ácido lisérgico (LSD), em 1943, aumentou o uso e o mau uso dessas substâncias porque esses alucinógenos sintéticos são facilmente fabricados, vendidos a preços baixos e muito mais potentes do que seus equivalentes botânicos. - Essas características fomentaram o abuso de alucinógenos sintéticos e o surgimento de vários transtornos psiquiátricos associados que atualmente são observados na prática psiquiátrica • Epidemiologia - Em torno de 3% em escolares (dados de SJRP) -Homens representam 62% dos indivíduos que usaram alucinógeno em algum momento e 75% daqueles que usaram um alucinógeno no mês anterior. - Indivíduos de 26 a 34 anos de idade são os com uso mais elevado dessas substâncias, sendo que 16% usaram um alucinógeno pelo menos uma vez. - Indivíduos de 18 a 25 anos de idade apresentam o índice mais elevado de uso recente de alucinógeno. Além de induzirem alucinações, produzem perda de contato com a realidade e uma experiência de expansão e intensificação da consciência. Layla Ricci 6 • Neurofarmacologia - O efeito farmacodinâmico do LSD continua controverso, embora se concorde, de modo geral, que a droga atue sobre o sistema serotonérgico, seja como antagonista, seja como agonista. Dados atuais sugerem que o LSD atue como agonista parcial em receptores de serotonina pós-sinápticos. • Perfil de Risco - O uso de alucinógenos está associado a menor morbidade e menor mortalidade do que o de determinadas substâncias. Por exemplo, um estudo revelou que apenas 1% das consultas de emergência em hospitais estiveram relacionadas a alucinógenos, em comparação a 40% relacionadas a problemas com cocaína. No entanto, dos indivíduos na emergência hospitalar pormotivos relacionados a alucinógenos, mais de 50% tinham menos de 20 anos de idade. Ressurgimento da popularidade de alucinógenos tem sido relatado. • LSD - Sintomas fisiológicos de LSD costumam ser poucos e relativamente leves. - Pupilas dilatadas, aumento dos reflexos tendinosos profundos motores e tensão muscular, assim como incoordenação motora leve e ataxia, são comuns. - Aumentos da frequência cardíaca, da respiração e da pressão arterial são moderados quanto a grau e variáveis, assim como náusea, redução do apetite e salivação • Tolerância ao LSD - Tolerância, especialmente aos efeitos sensoriais e outros efeitos psicológicos, é evidente já no segundo ou terceiro dia de uso consecutivo de LSD, torna-se praticamente completa após 3 ou 4 dias de uso contínuo. -São necessários de 4 a 6 dias sem o uso de LSD para diminuir significativamente a tolerância. - Esta está associada ao uso frequente de todos os alucinógenos. - Ocorre tolerância cruzada entre mescalina, psilocibina e LSD, mas não entre anfetamina e LSD, apesar da semelhança química entre anfetamina e mescalina. - Dependência física e sintomas de abstinência não ocorrem com alucinógenos, mas um usuário pode desenvolver dependência psicológica das experiências que induziram insight em episódios de uso das substâncias. • Características da ação do LSD - O início de ação da LSD ocorre no prazo de 1 hora, chega ao pico em 2 a 4 horas e dura de 8 a 12 horas. -Seus efeitos simpatomiméticos incluem tremores, taquicardia, hipertensão, hipertermia, sudorese, visão borrada e midríase. -Pode ocorrer morte decorrente de patologia cardíaca ou cerebrovascular relacionada a hipertensão ou hipertermia com o uso do alucinógeno. -Há relatos de uma síndrome semelhante à síndrome neuroléptica maligna. - A intensidade dos efeitos da LSD em um usuário sem tolerância costuma ser proporcional à dose, sendo que 25 ug é a dose-limite aproximada. Layla Ricci 7 • LSD em longo prazo - Não há evidências claras de uma alteração drástica de personalidade ou de psicose crônica produzidas pelo uso prolongado de LSD por usuários moderados que, fora isso, não apresentam predisposição a essas condições. -Alguns indivíduos que fazem uso intenso de alucinógenos, no entanto, podem experimentar ansiedade crônica ou depressão e podem se beneficiar de uma abordagem psicológica ou farmacológica voltada para o problema subjacente. • Outros Psicodélicos *O efeito farmacodinâmico primário da PCP e da cetamina é como antagonista no subtipo NMDA de receptores de glutamato. • Tratamento das Intoxicações - Tranquilizar paciente em ambiente calmo. - Priorizar benzodiazepínicos (Diazepam 20mg oral ou equivalente parenteral de BZD). - Reservar antipsicóticos a pacientes muito psicóticos e que não respondem aos benzodiazepínicos (questionar presença ou surgimento de transtorno comórbido). - Reservar contenção mecânica a casos extremos. - Medidas de suporte clínico quando necessárias • Transtorno Persistente da Percepção Induzido por Alucinógenos - Um indivíduo pode experimentar um flashback de sintomas alucinogênicos mesmo um longo tempo depois de consumir um alucinógeno. - Essa síndrome é diagnosticada como transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos no DSM-5. - De acordo com estudos, de 15 a 80% dos usuários de alucinógenos relatam ter experimentado flashbacks. - O diagnóstico diferencial para flashbacks inclui enxaqueca, convulsões, anormalidades no sistema visual e transtorno de estresse pós-traumático. -Os seguintes fatores podem desencadear um flashback: estresse emocional; privação sensorial, como monotonia ao dirigir; ou uso de outra substância psicoativa, como álcool ou maconha. -Flashbacks são recorrências espontâneas e transitórias da experiência induzida pela substância. - A maioria consiste em episódios de distorção visual, alucinações geométricas, alucinações envolvendo sons ou vozes, falsas percepções de movimento em áreas periféricas, explosões de cores, trilha de imagens de objetos em movimento, pós-imagens positivas e halos, macropsia, micropsia, expansão do tempo, sintomas físicos ou revivência de emoção intensa. - Os episódios costumam durar de poucos segundos a alguns minutos, mas às vezes podem ser mais prolongados. - Com mais frequência, mesmo na presença de perturbações perceptuais distintas, o indivíduo tem insight sobre a natureza patológica da perturbação. - Comportamento suicida, transtorno depressivo maior e transtorno de pânico são complicações § Psilocibina (cogumelo-do-estrume) § Fenciclidina (PCP): sintético, conhecido como pó de anjo § Mescalina (botões de peiote – cacto): uso majoritariamente religioso § Cetamina: anestésico dissociativo derivado da PCP – uso clínico na depressão grave § Catinonas: derivadas da planta khat. Toxicidade de grandes proporções § Ibogaína: grandes efeitos somáticos. Pesquisada no tratamento de dependências (opioides) § Ayahuasca: alucinógeno intenso, curta duração. Popular Santo Daime. Layla Ricci 8 potenciais. - Tratamento: Paliativo; Abordagens farmacológicas incluem benzodiazepínicos de ação prolongada, como clonazepam, e, em menor grau, anticonvulsivantes, incluindo ácido valproico e carbamazepina. - Hoje, não há um fármaco totalmente eficaz para acabar com os sintomas. Agentes antipsicóticos devem ser usados apenas no tratamento de psicoses induzidas por alucinógenos, porque podem apresentar um efeito paradoxal e exacerbar os sintomas. - Uma segunda dimensão do tratamento é comportamental. O paciente deve ser instruído a evitar estímulo gratuito mediante o uso de fármacos sem prescrição médica, cafeína e álcool e evitar estressores físicos e emocionais. - A fumaça da maconha é um intensificador particularmente forte do transtorno, mesmo quando inalada de forma passiva. - Por fim, três condições comórbidas estão associadas ao transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos: transtorno de pânico, depressão maior e dependência de álcool. Todas essas condições exigem prevenção primária e intervenção imediata. • Psicose Induzida por Alucinógenos - O efeito adverso mais comum de LSD e de substâncias relacionadas é uma bad trip, experiência que se assemelha a uma reação de pânico agudo a Cannabis, mas que pode ser mais grave; uma bad trip pode produzir eventualmente sintomas psicóticos verdadeiros. - De modo geral, essa experiência termina quando os efeitos imediatos do alucinógeno se dissipam, mas seu curso é variável. Às vezes, um episódio psicótico prolongado é difícil de distinguir de um transtorno psicótico de origem não-orgânica. - Se uma psicose crônica depois do consumo da substância é resultado de sua ingestão, ou se não está relacionada a sua ingestão, ou se é o caso de uma combinação entre a ingestão e fatores predisponentes, é uma questão ainda a ser esclarecida. - Eventualmente, o transtorno psicótico é prolongado, uma reação que, acredita-se, é mais comum em indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide preexistente e com personalidades pré-psicóticas, com equilíbrio instável do ego ou ansiedade em demasia. - Esses indivíduos não conseguem lidar com as alterações na percepção, distorções da imagem corporal e material inconsciente simbólico estimulado pelo alucinógeno. - O índice de instabilidade mental anterior em indivíduos hospitalizados devido a reações a LSD é elevado. - Reações adversas ocorreram no fim da década de 1960, quando LSD era promovido como psicoterapia autoprescrita para crises emocionais na vida de indivíduos gravemente perturbados. Agora que essa prática é menos frequente, reações adversas prolongadas são menos comuns. - Tratamento: O tratamento de psicose induzida por alucinógenos não é diferente do tratamento convencional para outros tipos de psicose. - Além das medicações antipsicóticas, vários agentes são eficazes, incluindo carbonato de lítio, carbamazepina eeletroconvulsoterapia. Antidepressivos, benzodiazepínicos e anticonvulsivantes também podem contribuir para o tratamento. - Uma particularidade desse transtorno é que, diferentemente da esquizofrenia, na qual se observam normalmente sintomas negativos e fraco relacionamento interpessoal, pacientes com psicose induzida por alucinógenos exibem os sintomas positivos de alucinações e delírios ao mesmo tempo que mantêm a capacidade de se relacionar com o psiquiatra. - As terapias médicas mais bem utilizadas envolvem terapias de apoio, educacionais e de família. • Transtorno de ansiedade induzido por alucinógenos - Com frequência, profissionais relatam transtorno de pânico com agorafobia. Ansiedade provavelmente é o sintoma mais comum que leva um indivíduo intoxicado por PCP a buscar ajuda no setor de emergência. Layla Ricci 9 • Diagnóstico Diferencial da intoxicação por alucinógenos - Intoxicações anticolinérgica e por anfetaminas. - Abstinência de álcool.
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