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RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira : Identificação: L.R.O.P., sexo feminino, branca, 2 anos, natural e procedente de Macéio Informante : a mãe P: “Febre e dor ao urinar” HDA relatado pela mãe: Há três dias a menor iniciou quadro de febre de 38-39º C, associado a dor na parte baixa do abdome de forte intensidade e dor ao urinar. Relata no período dois episódios de vômitos. IS: Nega sintomas respiratórios. Aceita parcialmente a dieta. Diurese presente. Fezes presentes e sem alterações. Antecedentes Pessoais: Mãe G2P2A0, gestação a termo, parto vaginal; fez pré natal; sem intercorrências; chorou ao nascer; PN : 3185g. Vacinação completa. Nega alergia medicamentosa. Internação em maio de 2013 por quadro de ITU 10 dias internada; nega quadros anteriores de ITU. História Familiar: Mãe (25 a): dona de casa, tem um “problema na tireóide” que não sabe informar. Pai (39 a): pedreiro, hipertenso, etilista social. Nega tabagismo. Irmã (5 a): saudável. História Social: Reside em casa de alvenaria (7 cômodos) com mais 3 pessoas. Saneamento básico presente. Sem animais domésticos. Exame físico: Eupneica, corada, hidratada, afebril(no momento do exame) SNC: Ativa e reativa; sem sinais de irritação meníngea. Orofaringe e Otoscopia: NDN. AR: Murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios. ACV: RCR em 2T, BNF, sem sopros. Abdome: flácido, doloroso á palpação profunda em andar inferior. Giordano: + ? Extremidades: boa perfusão; sem edema Exames Complementares (da admissão): Hemograma: 11.000 leu (74 seg; 03 bast; 18 linf); hg 11,3; ht 33; plaquetas 208.000. VHS: 49 mm. Bioquímica: uréia 41; creat. 0,5; Ca 10,7; Na 131; K 4,5; Cl 99. EAS: dens. 1,020; ph 5; prot. +; acetona ++; hemoglobina +++; CED 6 p/campo; leucócitos numerosos; hemácias 10 p/campo; flora bacteriana +++; muco +; nitrito positivo. PONTOS IMPORTANTES - Internação em maio de 2013 por quadro de ITU 10 dias internada→Pielonefrite c/ febre baixa - acetona ++→ mostra déficit calórico - hemoglobina +++→ mostra hemoglobina presente sugere sangue na urina por infecção ou calculo -nitrito positivo → bactérias LISTA DE PROBLEMAS • Febre-39º C • dor na parte baixa do abdome de forte intensidade • dor ao urinar • 2 episódios de vômitos • Aceita parcialmente a dieta HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1. ITU 2. Pielonefrite -A Infecção do Trato Urinário (ITU) é uma doença bastante comum na infância, caracteriza-se pela multiplicação bacteriana em qualquer segmento do aparelho urinário, incluindo próstata e epidídimo, que resulte em sintomas -A ITU alta, pielonefrite, pode levar a cicatrizes renais, hipertensão e doença renal crônica. Embora crianças c/ pielonefrite geralmente se apresentem c/ febre, é sempre difícil distinguir clinicamente entre cistite e pielonefrite, particularmente nas crianças c/ menos de 2 anos. -C/ exceção daquela que ocorre no período neonatal, a maioria das ITUs são infecções ascendentes, em que as bactérias penetram pela uretra, chegam à bexiga e, eventualmente, ascendem pelo ureter, atingindo os rins. RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira EPIDEMIOLOGIA -A prevalência geral em crianças < de 2 anos e febris é de aproximadamente 7%, mas pode variar de acordo c/ a idade, a raça, o sexo e a presença ou ñ de circuncisão nos meninos -No 1º ano de vida é + prevalente em meninos, isso se deve a infecção na fase neonatal(observado sepse em RN masculino por disseminação hematogênica ocorre a infecção do trato urinário) -Lactentes do sexo feminino têm 2 a 4 vezes + ITUs do que meninos circuncidados, 10: 1 meninas p/ cada menina -De maneira geral, predominam no sexo feminino (exceto nos 1º 6 meses de vida, quando ocorre + no sexo masculino). Seu pico de incidência acontece ao redor de 3 a 4 anos. -No 1º ano de vida, a infecção de urina febril pode corresponder a pielonefrite aguda na maioria dos casos (90%). -Os RN de mães que apresentaram, na gestação, ITU de repetição têm risco> , até 4 vezes, de ter ITU no período neonatal. ETIOLOGIA -Escherichia coli é o agente bacteriano + comum da ITU, responsável por 75% a 90% dos casos nas meninas, já nos meninos observa-se se um equilíbrio entre as infecções por Escherichia coli e Proteus -Outras bactérias Gram negativas incluem: Klebsiella, Proteus e Enterobacter. Patógenos bacterianos Gram positivos incluem Staphylococcus saprophyticus, Enterococcus e, raramente, Staphylococcus aureus. -As ITUs causadas por bactérias que não a E. coli estão + associadas a: • anomalias do trato urinário • ITU materna no período neonatal • tratamento prévio c/ antibióticos -Vírus e fungos também são causas menos comuns de ITUs em crianças. Quando for de etiologia viral onde eu tenho uma cistite hemorrágica pelo adenovírus -A patogênese das ITUs, principalmente as relacionadas c/ a E. coli, deve-se à contaminação pela flora fecal da região periuretral, que chega à bexiga ou às vias urinárias altas pela via ascendente -Proteus é responsável por cerca de 30% das cistites e apresenta > incidência em meninos ñ circuncisados, pois as bactérias que ascendem pela uretra são provenientes do prepúcio -Em RN a infecção pode ocorrer pela via hematogênica. Muitas vezes, a ITU no RN é oriunda da disseminação transplacentária da infecção urinária materna -Já em adolescentes, 20% a 30% das ITUs são causadas pelo Staphylococcus saprophyticus -Etiologia: Klebsiella sp: + frequentes em recém-nascidos; Proteus sp: 30 a 40% dos meninos; Staphylococcus saprophyticus: 30% dos adolescentes de ambos os sexos; Enterococcus, Pseudomonas, Staphylococcus aureus ou epidermidis: crianças c/ malformação ou disfunção do trato urinário. -A ITU pode levar a insuficiência renal crônica se ñ for tratada no tempo correto e ela for repetitiva o que leva a lesão renal FATORES DE RISCO • Idade: é bem > nos meninos c/ menos de 1 ano e nas meninas c/ menos de 4 anos. • Sexo: em meninas é + comum devido a possuírem uma uretra + curta • Meninos não circuncisados: meninos ñ circuncidados c/ febre de origem desconhecida têm até 20 vezes + chances de estarem c/ ITU do que meninos circuncidados da mesma idade. A mucosa do prepúcio é + suscetível à colonização de uropatógenos, a obstrução parcial do meato uretral também está relacionada c/ > facilidade a colonização e consequente desenvolvimento de ITU RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira • Disfunção miccional temporária: • Anormalidades anatômicas • Bexiga neurogênica • Atividade sexual(mulheres) • Constipação • Uropatia obstrutiva: crianças c/ esta condição podem apresentar esvaziamento incompleto da bexiga, a urina estagnada é um excelente meio de cultura p/ a maioria dos patógenos. A predisposição às anormalidades obstrutivas pode ser anatômica (válvula de uretra posterior, estenose de junção ureteropélvica e estenose de junção ureterovesical, neurológica (mielomeningocele c/ bexiga neurogênica) ou funcional; alterações que podem cursar simultaneamente c/ refluxo vesicoureteral e, em alguns casos, levar a hidronefrose e lesões parenquimatosas renais. Essas lesões serão + graves se estiverem associadas à ITU. Em meninos, a válvula da uretra posterior é a principal causa obstrutiva primária de uropatia. A obstrução pode ocorrer em qualquer nível do trato urinário, do meato uretral aos infundíbulos dos cálices renais. Pode ser causada por processos traumáticos, neoplasia (tumor de Wilms, neuroblastoma), cálculos, processos inflamatórios (tuberculose) ou mesmo procedimentos cirúrgicos. • Refluxo vesicoureteral: é a anomalia urológica + comum nas crianças e compreende a passagem retrógrada da urina da bexiga p/ o trato urinárioalto.Crianças c/ refluxo vesicoureteral apresentam risco ↑p/ o desenvolvimento de ITUs recorrentes e pielonefrite clínica à medida que a urina presente na bexiga retorna em direção ao ureter, podendo chegar até os cálices renais, na dependência da gravidade do refluxo. PATOGÊNESE -Apresenta uma infecção ascendente na maioria dos casos, exceto nos RNs que é por disseminação hematogênica -Bactérias c/ fimbrias p causam a pielonefrite, pois elas possuem a capacidade de se aderirem ao uroepitelio da ureter chegando até o rim QUADRO CLÍNICO -A ITU pode apresentar-se c/ sinais e sintomas inespecíficos, particularmente nos lactentes jovens. O quadro clínico varia conforme a faixa etária e o segmento do trato urinário acometido. -Faixa etária: Recém-nascidos e lactentes: os sintomas são pouco específicos, principalmente nos RN (apresentam-se geralmente c/ um quadro séptico) e nos lactentes jovens (nos quais a febre é o principal sinal clínico). Caracterizam-se por febre ou hipotermia, vômitos, anorexia, irritabilidade, icterícia, distensão abdominal e baixo ganho ponderal. Nos casos + graves, apresentam-se sob a forma de bacteriemia ou sepse. Até os 2 anos, raramente se identificam sintomas urinários. É importante lembrar que os < de 1 ano apresentam risco elevado p/ pielonefrite e, consequentemente, cicatriz renal. Lactentes jovens c/ quadros febris sem sinais localizatórios do processo infeccioso devem ser sempre investigados p/ ITU Acima de 2 anos: a partir dessa idade surgem os sintomas urinários típicos, como disúria, polaciúria, urgência miccional, incontinência urinária, enurese secundária e sintomas sistêmicos c/ febre e dor abdominal, + predominantemente hipogástrica. A presença de febre, tremores e dor lombar é altamente sugestiva de pielonefrite em crianças + velhas. Adolescência: em adolescentes e jovens, é uma importante causa de morbidade no sexo feminino. Nas adolescentes, as alterações hormonais favorecem a colonização vaginal por bactérias nefrogênicas, que, migrando para a área periuretral, podem ascender pelo trato urinário, causando ITU. As infecções baixas são as + frequentes. C/ exceção dos abscessos perirrenais e renais decorrentes de bacteriemia, as infecções urinárias altas são secundárias a cistites. A disseminação ascendente envolve diversos fatores: urodinâmicos, de virulência, de suscetibilidade da medula renal e obstrução ou refluxo vesicoureteral (RVU). -Segmento acometido: RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira Pielonefrite aguda: ocorre o comprometimento do parênquima renal, que pode resultar em cicatriz pielonefrítica, ou seja, lesão renal faz sequela localizada ou global, o que pode levar a insuficiência renal Cistite: ocorre comprometimento na bexiga urinária ou desta em direção ao meato uretral, já que a localização precisa pode ser difícil. Bacteriúria assintomática: há urocultura positiva p/ bactérias sem existirem sintomas indicativos de infecção. No entanto, pode evoluir p/ ITU sintomática. -Sinais e sintomas na pielonefrite: dor abdominal, mal-estar geral, prostração, febre, náuseas e vômitos.O exame do sedimento urinário pode demonstrar cilindros leucocitários. -Sinais e sintomas na cistite: disúria, polaciúria, estranguria, dor suprapúbica, incontinência urinária e urina c/ mau cheiro, dor ao urinar, ñ causa febre, ñ causa lesão renal - Sinais e sintomas na bacterúria assintomatica: é + comum em mulheres, apresenta uma urocultura positiva e sem manifestações clínica. Ñ há necessidade de tratamento, exceto em casos de gestante, pois nela pode levar a uma cistite DIAGNÓSTICO -Diagnóstico: EAS(urina I)+ urinocultura -P/ o diagnóstico serão necessárias: Uroanálise c/ piúria ou bacteriúria+ Cultura mostrando no mínimo 50.000 UFC/mL de um único patógeno, em urina colhida por cateterismo ou PSB → A anamnese detalhada e o exame físico podem direcionar o quadro p/ o diagnóstico de ITU, mas a sua confirmação deve ser feita pela cultura de urina, que evidencia a proliferação de micro-organismos no trato urinário. -A avaliação laboratorial da criança c/ suspeita de ITU inclui a obtenção de urina p/ avaliação bioquímica ou de celularidade e p/ cultura. → A cateterização vesical ou punção suprapúbica são os métodos de escolha p/ a coleta de urina p/ cultura em lactentes e crianças sem controle esfincteriano. → P/ crianças já treinadas, a urina de jato médio é o método preferencial. → As urinas coletadas por meio de sacos coletores estéreis ñ são recomendadas devido aos altos índices de falsos positivos. → A urina coletada deve ser analisada o + rápido possível p/ a chance de resultados falsos positivos ou falsos negativos DIAGNÓSTICO LABORATORIAL -Urina tipo I: 1. Leucocitúria: em 80% dos casos, nos 1º surtos de ITU há leucocitúria. Entretanto, isso ñ é suficiente p/ o diagnóstico, pois em outras patologias se pode encontrar leucocitúria estéril, como na leucorreia, balanopostite, glomerulonefrite, gastroenterocolite, litíase e mesmo processos febris de etiologia viral. Leucocitúria é definida como + de 10 leucócitos/mm3; 2. Hematúria: hematúria microscópica e, ou cilindros leucocitários podem estar presentes; 3. Teste de nitrito: quando positivo, é sugestivo de infecção urinária, pois é altamente específico, c/ poucos falsos positivos, porém é necessário que a urina esteja na bexiga por pelo menos 4 horas p/ os nitritos serem detectados; 4. Bacterioscopia: é definida pela presença de qualquer bactéria por intermédio da coloração de Gram. -Urocultura:o diagnóstico de certeza só pode ser feito na presença de urocultura positiva, e o seu resultado depende diretamente da técnica de coleta. A urocultura deve ser solicitada juntamente c/ a avaliação de antibiograma. 1. Critérios de Kass: quando a amostra de urina utilizada p/ a cultura é colhida por jato médio, são necessárias + de 100.000 Unidades Formadoras de Colônia (UFCs) do mesmo patógeno ou > 50.000 UFC associada a exame de urina I com piúria p/ que se possa diagnosticar ITU. Uroculturas c/ < nº de colônias devem ser consideradas como possível contaminação. Quando a amostra de urina é coletada por cateterismo vesical sob condições adequadas de assepsia, qualquer valor > 1.000 UFC é diagnóstico, alguns serviços consideram 5.000 UFC; quando a amostra é coletada por punção suprapúbica, qualquer crescimento bacteriano é considerado positivo RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira 2. Uso do saco coletor: a coleta por meio do saco coletor ñ é considerada adequada. Terá valor se mostrar urinoculturas negativas, haja vista o grande risco de contaminação c/ resultados falsos positivos. Punção suprapubica EXAMES DE IMAGEM -Estudos de imagem: USG, cintigrafia renal com DMSA, uretrocistografia miccional(usada na 2º ITU), urografia excretora, cistoscopia ° Ultrassonografia: poderá revelar do volume renal, alterações da ecogenicidade do parênquima, perda da visualização normal das pirâmides e dilatação pielocalicial. É um exame ñ invasivo e ñ expõem o paciente à radiação, mas é examinador dependente. Deve ser realizado em todas as crianças c/ ITU febril < de 3 anos, no 1º episódio. É também indicado a partir do 2º episódio de ITU, independentemente da idade do paciente, p/ pesquisa de malformações e presença de lesão renal. ° Cintilografia: utiliza-se o ácido dimercaptossuccínico. Observam-se hipocaptação do radioisótopo focal ou difusamente e do volume renal. Está indicada em casos selecionados onde o diagnóstico de pielonefrite aguda é necessário e ñpode ser realizado por meio dos exames de urina, uso de antibiótico prévio, por exemplo.É indicada nos casos de ITUs de repetição, complicadas, por agentes que ñ E. coli ou c/ refluxo vesicoureteral associado, alémdas ITUs febris nos lactentes e pielonefrites em < de 6 anos de idade. Deve ser realizado cerca de 5 a 6 meses após o episódio de ITU p/ a detecção de cicatrizes pielonefríticas, é exame padrão-ouro p/ identificar cicatrizes. ° Uretrocistografia miccional (UCM): exame realizado c/ administração de contraste iodado intravesical. Nele podemos visualizar alterações da coluna, visualizar uretra, RVU e alterações da bexiga. Deve ser realizado em pacientes que apresentam USG de rins e vias urinárias e, ou cintilografia c/ DMSA alterada e, ou quadros repetitivos de infecção urinária associados à disfunção miccional. -ITU c/ febre: faz US de vias urinarias -Uretocistografia miccional: eu faço na 2º ocorrência de ITU , na 1º eu so realizo esse exame caso haja alteração no USG renal TRATAMENTO -Os objetivos incluem: a) Eliminação da infecção e prevenção de sepse – e tratamento da sepse quando houver; b) Prevenção da recorrência e de complicações em longo prazo, incluindo hipertensão, cicatrizes renais e alterações da função renal; c) Alívio dos sintomas agudos. Antibioticoterapia -O tratamento c/ antibióticos deve ser instituído imediatamente quando há suspeita de ITU em crianças sintomáticas (febre ou sintomas locais), mesmo antes do resultado da urocultura e do antibiograma → A instituição da terapêutica imediata visa evitar o da gravidade da infecção e a possibilidade de lesão renal. - Antibiótico p/ lactente c/ febre sem foco: colher urina antes da 1ª dose -Febre sem foco sem necessidade de uso imediato de antibiótico: avaliar a probabilidade de ITU, se for alta teste da urina nesse momento -Crianças c/ + de 2 meses: a maioria pode ser tratada ambulatorialmente, desde que estejam garantidos as reavaliações e o acompanhamento. RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira -RN e lactentes c/ menos de 2 meses: quando a infecção ocorre em RN lactentes jovens c/ estado comprometido, imunodeprimidos ou crianças de qualquer idade c/ suspeita de pielonefrite, deve-se proceder a internação e antibioticoterapia intravenosa c/ cefalosporinas de 3º geração ou aminoglicosídeos. -Conforme resultado da bacterioscopia e da urocultura: quando a urocultura estiver disponível c/ o antibiograma correspondente, o antibiótico deverá ser adequado à sensibilidade do agente etiológico. Em lactentes ou outras faixas etárias sem suspeita de pielonefrite, o tratamento pode ser iniciado empiricamente por via oral, até o resultado da urocultura e do antibiograma. -Antibióticos: desse grupo fazem parte as cefalosporinas de 1º, 2º e 3º gerações, sulfametoxazol-trimetoprima e amoxicilina-clavulanato. As fluoroquinolonas são eficazes contra E. coli e podem ser utilizadas em casos selecionados e complicados de ITU e pielonefrite, embora sua segurança em crianças ainda ñ tenha sido totalmente determinada. Também podem ser utilizadas nas ITUs por Pseudomonas aeruginosa ou outras bactérias multirresistentes. A duração do tratamento nunca deve ser inferior a 7 dias, dando preferência aos tratamentos por 10 dias, e, no caso de pielonefrites, deve-se estender por 14 dias Conduta cirúrgica -Crianças c/ abscesso renal ou perirrenal e aquelas c/ ITU obstruído devem ser submetidas a procedimento cirúrgico p/ a drenagem do abscesso e medidas que visem à liberação do fluxo urinário, além da introdução de antibióticos. REFLUXO VESICOURETERAL -Refluxo vesicoureteral: ocorre um fluxo retrógrado de urina da bexiga p/ o ureter e a pelve renal -É classificado segundo a aparência do trato urinário na UCM. -Classificação: RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira • Grau I: refluxo p/ 1 ureter ñ dilatado; • Grau II: sistema coletor superior sem dilatação; • Grau III: ureter dilatado e, ou presença de apagamento dos fórnices cabeceais; • Grau IV: ureter dilatado grosseiramente; • Grau V: refluxo maciço, c/ dilatação ureteral significativa c/ tortuosidade e perda da impressão papilar. -Grau I e II: apresenta resolução espontânea -Grau III: apresenta fatores favoráveis à resolução, é unilateral, detectado em criança pequena -Grau IV e V: a resolução espontânea é rara -No refluxo vesicoureteral primário, há deformidade anatômica da junção ureterovesical. Quando produzido por pressão intravesical ↑, por processos inflamatórios ou como resultado de procedimentos cirúrgicos envolvendo a junção ureterovesical, o refluxo é chamado secundário. -O momento + apropriado p/ a realização da UCM ainda é controverso; alguns autores sugerem que seja adiada em 2 a 6 semanas após a resolução da ITU, p/ permitir a resolução do processo inflamatório na bexiga -É importante ressaltar que esse exame ñ deve ser realizado sob anestesia geral, por invalidar uma parte do exame (esvaziamento vesical ou fase miccional). Alguns autores recomendam que crianças c/ menos de 2 anos recebam antibioticoterapia profilática até a realização da UCM. -Tratamento: clínico(ATB profilático) + cirúrgico, o tratamento tem como finalidade evitara pielonefrite e lesões renais PREVENÇÃO -Alguns grupos de crianças necessitam de profilaxia das ITUs c/ antibióticos administrados diariamente. Os casos em que deve ser considerado esse tipo de profilaxia c/ o objetivo de prevenir recidivas e, ou dano renal são: a) Pacientes c/ achados ultrassonográficos do pré-natal sugerindo uropatias; b) Crianças em curso de investigação ultrassonográfica de alterações do trato urinário; c) Dilatação grave no trato urinário; d) Refluxo vesicoureteral graus 3, 4 e 5. -ITUs de repetição, mesmo na ausência de malformação de trato genitourinário, têm sua indicação de antibioticoterapia profilática discutível, e varia a cada serviço. Não há recomendação específica p/ essa situação, e o uso de antimicrobiano o risco de seleção de cepas resistentes. -Os antimicrobianos de escolha são nitrofurantoína, sulfametoxazol-trimetoprima e cefalosporina de 1º geração. -Convém ressaltar que ñ se recomenda nitrofurantoína antes de 2 meses de vida RCC- Caso Clínico 03 Carolina Ferreira -Algumas recomendações básicas de higiene e hábitos devem ser realizadas em todas as crianças, mesmo as que ñ apresentam malformações do trato urinário. Em meninas, deve ser orientada a higiene anal sempre de frente p/ trás, visando evitar levar bactérias da flora intestinal em direção à vagina. Além disso, o hábito de ingerir grandes quantidades de líquidos p/ a diurese também é eficaz p/ a prevenção de ITU, já que a urina eliminada serve como limpeza mecânica do urotélio, eliminando as bactérias da região uretral. Dieta rica em fibras, atividade física e prevenção da obesidade são outros fatores protetores do trato urinário, principalmente em meninas, uma vez que a constipação intestinal é um grande fator de risco p/ ITU. Como fazer o seguimento por imagens após quadro de ITU, conforme recomendação da American Academy of Pediatrics? 1. USG de rins e vias urinárias: deve ser realizada em todas as crianças < de 3 anos c/ ITU febril, no 1º episódio; entre 3 e 7 anos de idade a realização da USG no 1º episódio de ITU febril é discutível. É também indicada a partir do 2º episódio de ITU, independentemente da idade do paciente, p/ pesquisa de malformações e presença de lesão renal; 2. Cintilografia: indicada nos casos de ITUs de repetição, complicadas, por agentes que não E. coli ou c/ refluxo vesicoureteral associado, além das ITUs febris nos lactentes e pielonefrites em < de 6 anos de idade. Deve ser realizada cerca de 5 a 6 meses após o episódio de ITU p/ a detecção de cicatrizes pielonefríticas (é exame padrão-ouro p/ identificar cicatrizes); 3. Uretrocistografia miccional: deve ser realizada empacientes que apresentam USG de rins e vias urinárias e/ou cintilografia c/ DMSA alterada e/ou quadros repetitivos de infecção urinária associados a disfunção miccional.
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