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Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO TRAUMA RAQUIMEDULAR O trauma raquimedular é a lesão da medula espinhal que provoca alterações, temporárias ou permanentes, na função motora, sensibilidade ou função autonômica. Assim, é caracterizado por um conjunto de situações que acarretam comprometimento da função da medula espinal em graus variados de extensão. O dano à medula espinhal varia de uma concussão transitória, da qual o paciente recupera-se completamente (contusão, laceração e compressão da substância da medula) até uma transecção completa da mesma, tornando o paciente paralisado abaixo do nível da lesão traumática. EPIDEMIOLOGIA ▪ A lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. ▪ No Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano. ▪ A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 a 40 anos. ▪ Estima-se que aproximadamente 60% dos casos ocorram em indivíduos na faixa dos 15 aos 30 anos. E 2/3 dos traumas raquimedulares acontecem na coluna cervical. ▪ Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM). ETIOLOGIA Em geral, a coluna espinhal pode suportar forças de até 1.360 joules de energia. Deslocamentos em alta velocidade e esportes de contato costumam aplicar forças acima desta quantidade sobre a coluna. Desse modo, o corpo de uma pessoa pode facilmente exercer forças muito maiores em situações como essas decorrendo em vários tipos de lesões do esqueleto: ▪ Fraturas por compressão de uma vértebra, podendo produzir achatamento total do corpo ou compressão da medula. ▪ Fraturas que produzem pequenos fragmentos de osso, que podem alojar-se no canal espinhal, próximo à medula. ▪ Subluxação: deslocamento parcial de uma vértebra de seu alinhamento normal na coluna espinhal. ▪ Superestiramento ou laceração dos ligamentos e músculos, produzindo uma relação instável entre as vértebras. Quaisquer dessas lesões podem resultar imediatamente em secção irreversível da medula, ou podem comprimir ou estirar a medula. ▪ Os mecanismos específicos que causam lesão raquimedular são: CARGA AXIAL ▪ Mais comumente, isso ocorre quando a cabeça bate em um objeto e o peso do corpo ainda em movimento atinge a cabeça parada. ▪ Além disso, ocorre quando o doente sofre uma queda significativa e cai em pé. Isto dirige o peso da cabeça e tórax para baixo contra a coluna lombar, enquanto a coluna sacra permanece parada. ▪ Durante essa troca de energia extrema, a coluna tende a exagerar suas curavas normais, e fraturas e compressões ocorrem nessas áreas. A coluna tem forma de “S, por isso, pode-se dizer que as forças compressivas tende a quebrar o “S” do doente. Estas forças comprimem o lado côncavo e abrem o lado convexo da coluna. HIPERFLEXÃO, HIPEREXTENSÃO E HIPER-ROTAÇÃO ▪ Podem causas leões ósseas e dilaceração dos músculos e ligamentos, resultando em choque ou estiramento da medula espinhal. INCLINAÇÃO LATERAL ▪ A inclinação lateral repentina ou excessiva requer muito menos movimento do que flexão ou extensão antes que ocorra a lesão. ▪ Durante o impacto lateral, o tronco e a coluna torácica se movem lateralmente. A cabeça tende a permanecer no lugar até que seja puxada pelos ligamentos cervicais. O centro de gravidade da cabeça fica acima e anteriormente à base e a ligação à coluna cervical; Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO portanto a cabeça tenderá a rolar lateralmente. Este movimento frequentemente resulta em deslocamentos e em fraturas ósseas. EXTENSÃO ▪ O superalongamento da coluna ocorre quando uma parte da coluna está estável e o resto está em movimento longitudinal. Esta separação violenta da coluna pode facilmente causar estiramento e dilaceração da medula. Lesão por extensão é um mecanismo comum de lesão em incidentes em parquinhos para crianças e em enforcamentos. FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da lesão medular traumática envolve a compreensão de dois mecanismos, ou momentos, de lesão: a primária e a secundária. ▪ Primária: lesão imediata ao trauma devido a contusão mecânica e hemorragia. ▪ Secundária: sequência de eventos bioquímicos autodestrutivos que podem durar horas ou dias que levam a disfunção e morte celular. LESÃO PRIMÁRIA A transferência de energia cinética para a medula espinhal, o rompimento dos axônios, a lesão das células nervosas e a rotura dos vasos sanguíneos causam a lesão primária da medula espinhal. E, no estágio agudo da lesão (até 08 horas após o trauma), ocorre hemorragia e necrose da substância cinzenta, seguida de edema e hemorragia. Formam-se petéquias hemorrágicas na substância cinzenta, logo no primeiro minuto da LME, que se aglutinam dentro da primeira hora, resultando na necrose central hemorrágica, que pode estender-se para a substância branca nas 04 a 08 horas seguintes, como conseqüência de uma redução geral do fluxo sangüíneo no local da lesão. A seguir, células inflamatórias migram para o local da lesão, acompanhadas de proliferação de células da glia, e, no período de 01 a 04 semanas, ocorre a formação de tecido cicatricial e cistos no interior da medula espinhal. ▪ Ocorre no momento do impacto ou da aplicação da força e pode causar compressão da medula, lesão direta (em geral por fragmentos pontiagudos ou instáveis) e/ou interrupção da oferta de sangue para medula. LESÃO SECUNDÁRIA A redução do fluxo sanguíneo para o segmento lesado da medula espinhal pode ainda ser ocasionado por alteração do canal vertebral, hemorragia, edema ou redução da pressão sistêmica, que conduzem à lesão adicional, denominada de lesão secundária. Essa redução do fluxo sanguíneo pode provocar a morte das células e axônios que não foram inicialmente lesados. A separação física dos tratos da medula espinhal, geralmente, não ocorre nos traumatismos não penetrantes da medula espinhal, tendo sido observada separação física dos axônios somente em alguns casos de ferimento por arma de fogo. A separação dos axônios é um processo gradual, que ocorre no local da lesão, após alguns dias do traumatismo, sendo o resultado de uma série de eventos patológicos, relacionados à lesão da membrana celular e suas proteínas, e não da separação física imediata do axônio. A interrupção da condução do estímulo nervoso imediatamente após o trauma, provocado pela energia cinética da lesão, pode ser devida a uma despolarização imediata da membrana do axônio, associada à falha de sua repolarização, que ocasiona perda de potássio pelo axônio. A isquemia do sistema nervoso central é caracterizada por um grande influxo de cálcio para as células, e reações metabólicas, como falha das mitocôndrias e ativação das fosfolipases, proteases e adenosina trifosfatase ocorrem, e o resultado é a perda de energia e colapso da membrana celular, que também é mediado pela produção de radicais livres e ativação das fosfolipases e lipases. A impossibilidade da célula em converter completamente o oxigênio para dióxido de carbono e água, promove a formação de radicais livres, que resulta em peroxidação lipídica e subseqüente falha da membrana celular. Esses eventos justificam a utilização da metilprednisolona nas primeiras 08 horas após o TRM, que é administrada com o objetivo de inibir a peroxidação lipídica. Obs.: Ocorre após o traumatismo inicial e pode incluir inchaço, isquemia ou movimentos de fragmentos ósseos. Concussão da medula resulta de interrupção temporária das funções da medula espinhal distal à lesão. Contusão da medula envolve ferimento ou sangramento nos tecidos da medula espinhal, que pode resultar em perdatemporária das funções da medula distal à lesão (choque medular). TIPOS DE LESÃO ESPINHAL As lesões podem resultar de alguns mecanismos de trauma, como compressão axial, flexão, extensão, rotação, flexão lateral e tração. ▪ Luxação atlanto-occipital: Resultam de movimentos acentuados de flexão e tração. Ex: síndrome do bebê sacudido. A maioria dos pacientes morre por destruição do tronco cerebral e apneia ou apresentam lesões neurológicas muito graves (dependência de ventilador mecânico e quadriplegia). Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO ▪ Fratura do atlas (C1): Cerca de 40% é acompanhada de fratura do áxis (C2). A lesão mais comum é a por explosão da vértebra (fratura de Jefferson) resultante de sobrecarga axial (ex: objeto pesado caindo sobre a cabeça ou quedas). Há ruptura anterior e posterior do anel de C1, com deslocamento das massas laterais. Incidência radiológica mais adequada para visualização: radiografia transoral ou tomografia axial. ▪ Subluxação por rotação em C1: mais frequente em crianças; o paciente apresenta-se com a cabeça em rotação persistente (torcicolo). Na radiografia transoral, o processo odontoide não está equidistante dos processos laterais de C1. Não se deve forçar o retorno da cabeça à posição neutra. ▪ Fratura do áxis (C2): é a maior vértebra cervical, por isso está mais sujeito a lesões. Duas delas merecem destaque: Fratura do Odontoide (60%), do tipo I (afetam a extremidade e são raras); tipo II (ocorrem na base); e tipo III (afetam a base e se prolongam para o corpo do axis). E Fratura do enforcado: compromete elementos posteriores de C2 e resulta de uma lesão por extensão. ▪ Fraturas e luxações de C3 e C7: em adultos, o local mais frequente de fraturas é C5 e de subluxações, C5 e C6. Os padrões que mais ocorrem são fratura dos corpos vertebrais, processos espinhosos e massas laterais, e subluxações dos processos articulares. Lesões neurológicas geralmente acompanham as luxações das facetas articulares (80% dos casos). ▪ Fraturas da coluna torácica (T1 a T10): Lesões em cunha: resultante de sobrecarga axial associada à flexão; costuma ser uma lesão estável. Lesões por explosão: causadas por compressão vertical axial. Fraturas de Chance: fraturas transversas no corpo vertebral, causadas normalmente por flexão; podem estar associadas a lesões viscerais abdominais e retroperitoneais. Fraturas-luxações: não pouco comuns, porém como o canal medular é mais estreito na porção torácica, essas lesões frequentemente resultam em défices neurológicos completos. ▪ Fraturas da junção toracolombar (T11 a L1): na maioria das vezes resultam de hiperflexão e rotação agudas e frequentemente são instáveis. Lesões ao nível de L1 (final da medula espinhal) costumam causar disfunções da bexiga e do intestino, além de redução da sensibilidade e motricidade dos membros inferiores. ▪ Fraturas lombares: por acometerem apenas a cauda equina, é pequena a probabilidade de um défice neurológico completo. ▪ Lesões penetrantes: as mais comuns são por PAF ou arma branca. Analisar orifício de entrada e saída, radiografia e tomografia. Quando a lesão atravessa o canal medular, o défice costuma ser completo; porém, se um projétil passar próximo à medula, a transferência de energia também pode causar uma lesão completa. CHOQUE MEDULAR X CHOQUE NEUROGÊNICO O choque neurogênico resulta da lesão das vias descendentes do sistema simpático da medula espinhal cervical ou torácica alta. Isso resulta em perda do tônus vasomotor e perda da inervação simpática do coração. A perda do tônus vasomotor causa vasodilatação nas vísceras e extremidades inferiores, com represamento de sangue e, por fim, hipotensão. Seu efeito no coração causa bradicardia ou, ao menos, deixa de apresentar taquicardia em resposta à hipovolemia. Por isso, mesmo com a infusão de líquidos, a PA não costuma se normalizar, o que pode levar à sobrecarga hídrica e edema pulmonar, se persistir a infusão. Nesses casos, a TA pode se normalizar com o uso cuidadoso de vasopressores; a atropina pode ser usada para corrigir bradicardia com repercussões hemodinâmicas. O choque neurogênico é raro nas lesões medulares abaixo de T6; se houver choque nesses doentes, deve-se suspeitar de outra causa. Já o choque medular é um fenômeno neurológico definido como um estado de completa arreflexia da medula espinhal, que ocorre após traumatismo grave na medula. Durante o choque medular, que pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da medula espinhal, mesmo que a lesão medular não seja completa e permanente, o paciente apresenta ausência total da sensibilidade, dos movimentos e do reflexo bulbo cavernoso, que está presente em condições normais. O retorno do reflexo bulbo cavernoso indica o término do choque medular, permitindo então a determinação da lesão neurológica causada pelo trauma. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES As lesões podem ser classificadas em relação ao nível neurológico de lesão, definido pelo segmento mais inferior em que as funções motoras e sensoriais estão normais, bilateralmente. Quanto à gravidade do défice neurológico, as lesões podem ser classificadas em paraplegia (abaixo de T1) ou quadriplegia (acima de T1), e completas ou incompletas. Se houver qualquer função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão, constitui-se numa lesão incompleta (há alguma preservação ao longo dos tratos da medula). Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO SÍNDROMES MEDULARES ▪ Síndrome central da medula: desproporção de perda de força motora nas extremidades superiores (muito mais acentuada que a perda de força nas extremidades inferiores); geralmente decorre de lesões por hiperextensão em pacientes com estenose preexistente do canal medular. Pode ocorrer com ou sem fratura ou luxação da coluna cervical e a recuperação neurológica é ascendente. ▪ Síndrome anterior da medula: paraplegia e dissociação da perda sensorial com a perda de sensibilidade à dor e à temperatura; a coluna posterior está preservada. Das lesões incompletas, é a de pior prognóstico. ▪ Síndrome de Brown-Sequad: comprometimento motor ipsilateral (trato corticoespinhal) e perda da sensibilidade postural (coluna posterior), além da perda contralateral à sensibilidade térmica e à dor (trato espinotalâmico). Resulta da hemissecção da medula, geralmente por traumatismo penetrante, porém é comum ocorrer algum grau de recuperação. OBS.: Como a classificação das lesões em relação à morfologia (instável ou estável) é discordante, todos os pacientes vítimas de trauma devem ser considerados portadores de lesão instável. Diante disso, devem permanecer imobilizados, até serem avaliados por um especialista (neurocirurgião ou ortopedista). RESUMO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas ocorrem de acordo com o nível da lesão, a extensão e o tempo do acometimento, podendo o paciente apresentar mudanças nas funções fisiológicas representadas por alterações respiratórias, vasculares, urinárias, intestinais e musculoesqueléticas HEMISSECÇÃO MEDULAR (SÍNDROME DE BROWN- SÉQUARD) Lesão do TCL: SNMS ipsilateral - Lesão dos fascículos grácil e cuneiforme: perda da propriocepção consciente e do trato epicrítico ipsilateral. Lesão do TEL: perda da sensibilidade térmica e dolorosa a partir de um ou dos dermátomos abaixo do nível da lesão. Lesão do TEA: ligeira diminuição do tato protopático e da pressão. SÍNDROME MEDULAR CENTRAL Perda da função motora bilateral comprometendo as extremidades superiores mas poupando as extremidades inferiores. A fraqueza proximal é maior que a fraqueza distal. A sensibilidade à dor e temperatura está geralmente reduzida, enquanto a propriocepção e vibração geralmente são poupadas. TRANSECÇÃO Tratos ascendentes e descendentes são interrompidos, resultando em perda das funções motora e sensitiva abaixo da lesão. Inicialmente ocorre ARREFLEXIA miotáticae HIPOTONIA dos esfíncteres vesical e retal (fase de choque medular), seguidas de HIPERREFLEXIA miotática e espasticidade dos esfíncteres (fase de automatismo medular). Lesões acima da medula sacra: bexiga neurogênica reflexa espástica, com preservação dos reflexos bulbocavernoso e anal. Lesões do cone medular (medula sacra) e cauda equina: bexiga neurogênica autonômica flácida associada à anestesia em sela e ausência dos reflexos bulbocavernoso e anal. Os reflexos sexuais estão alterados. Junto ao segmento lesado aparecem sinais de lesão do neurônio motor inferior: paresia, atrofia, fasciculações e arreflexia, com distribuição metamérica. Por meio do exame da força muscular, da sensibilidade e dos reflexos, pode-se determinar o nível da lesão medular. SÍNDROME ANTERIOR DA MEDULA Lesão que produz perda da função motora e da sensibilidade à dor e à temperatura, preservando a propriocepção SÍNDROME DO CONE MEDULAR Lesão da medula sacra (cone) e das raízes lombares dentro do canal, que usualmente resulta em arreflexia de bexiga, intestino e membros inferiores. Os segmentos sacros podem ocasionalmente mostrar reflexos preservados, por exemplo, o bulbocavernoso e os reflexos miccionais. Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO SÍNDROME DA CAUDA EQUINA Lesão das raízes nervosas lombossacras dentro do canal neural resultando em arreflexia de bexiga, intestino e membros inferiores. ATENDIMENTO INICIAL – XABCDE O XABCDE é um mnemônico que padroniza o atendimento inicial ao paciente politraumatizado e define prioridades na abordagem ao trauma, no sentido de padronizar o atendimento. Ou seja, é uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com o paciente em politrauma. Ele foi pensado para identificar lesões potencialmente fatais ao indivíduo, e é aplicável a todos as vítimas com quadro crítico, independentemente da idade. O protocolo tem como principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer tipo de trauma. Obs.: O famoso mnemônico do trauma "ABCDE" ganhou na 9ª edição do PHTLS 2018, no capítulo 6 , mais uma letra. O "x' de hemorragia exsanguinante ou seja hemorragia externa grave. QUAIS CONDUTAS DE SEGURANÇA NA FASE PRÉ - HOSPITALAR? Antes de iniciar a abordagem XABCDE ao paciente vítima de trauma é necessário atentar-se a itens essenciais para salvaguardar a vida da equipe, como: avaliação da segurança da cena segura, uso de EPI’s, sinalização da cena (Ex. dispor cones de isolamento na pista). (X) – EXSANGUINAÇÃO Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias aérea uma vez que, epidemiologicamente, apesar da obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves. ▪ Pontos importantes do X Sangramento exanguinante pode matar um paciente mais rápido do que a maioria dos outros mecanismos de trauma. É possível sangrar para morrer em poucos minutos de uma lesão arterial significativa e, portanto, este tipo de sangramento deve ser controlado imediatamente. O paciente pode estar deitado na fonte principal de sangramento ou pode estar escondido por suas roupas. O paciente pode perder uma quantidade significativa de sangue de lacerações no couro cabeludo devido à alta concentração de células sanguíneas ou de feridas que danificam grandes vasos sanguíneos (subclavia, axilar, braquial, radial, ulnar, carótida, femoral ou popliteal). Examine rapidamente o paciente para obter sinais de sangramento grave de um copo grande e iniciei fusões adequadas em um membro, curativos compressivos no couro cabeludo ou embalagem de uma ferida que não seja tratável com alguma outra terapia. A – VIAS AÉREAS E PROTEÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL A abordagem da via aérea é prioridade no exame primário, pois qualquer outro esforço de ressuscitação torna-se inútil sem este primeiro passo. No A, deve-se realizar a avaliação das vias aéreas. No atendimento pré-hospitalar, 66-85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas. Para manutenção das vias aéreas utiliza-se das técnicas: “Chin lift”: elevação do queixo, uso de aspirador de ponta rígida “Jaw thrust”: anteriorização da mandíbula, cânula orofaríngea (Guedel). No A também, realiza-se a proteção da coluna cervical. Em vítimas conscientes, a equipe de socorro deve se aproximar da vítima pela frente, para evitar que mova a cabeça para os lados durante o olhar, podendo causar lesões medulares. ▪ Pontos importantes do A As vias aéreas devem ser avaliadas rapidamente em todos os pacientes. Uma via aérea permeável é um componente para garantir a entrega de quantidades adequadas de oxigênio para as células do corpo. Os pacientes que necessitam de gerenciamento imediato das vias aéreas incluem aqueles com as seguintes condições, por ordem de importância: Pacientes que não respiram Pacientes que têm evidente alteração das vias aéreas Pacientes com frequências ventilatórias maiores que 20 ipm Pacientes que têm sons sugestivos de ventilação comprometida. B –RESPIRAÇÃO No B, o socorrista deve analisar se a respiração está adequada. A frequência respiratória, inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traqueia e observação da musculatura acessória são parâmetros analisados nessa fase. Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspeção, palpação, ausculta e percussão. Verificar se a respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado. https://www.dicio.com.br/mnemonico/ Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO C – CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS No C, a circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de análise. A maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é a principal causa de morte no trauma. A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a hemorragias externas, grandes hemorragias. Já o “C” refere- se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma (pelve, abdomem e membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência. ▪ Classificando o Choque Hipovolêmico ▪ Quais soluções empregar na reposição volêmica? O Soro Ringer com Lactato é a solução isotônica de escolha, contudo, soluções cristaloides não repõem hemácias, portanto, não recupera a capacidade de carrear O2 ou as plaquetas necessárias no processo de coagulação e controle de hemorragias. ▪ Avaliação do pulso O pulso é o próximo ponto importante de avaliação para a infusão. A avaliação inicial do pulso determina se é palpável na artéria a ser examinada. Em geral, a perda de pulso radial indica hipovolemia grave (ou dano vascular ao braço), em especial quando um pulso central, como o das artérias carótidas ou femorais, é fraco, filiforme e extremamente rápido, indicando o estado do sistema circulatório corporal total. Se o pulso for palpável, seu caráter e intensidade devem ser notados da seguinteforma: A pulsação é forte ou fraca e filiforme? A pulsação é normal, muito rápida ou muito lenta? A pulsação é regular ou irregular? D – INCAPACIDADE / ESTADO NEUROLÓGICO No D, a análise do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral, sinais de lateralização e o nível de lesão medular são medidas realizadas. Nessa fase, o objetivo principal é minimizar as chances de lesão secundária pela manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral. Importante aplicar a escala de goma de Glasgow atualizada. Obs.: Condições como hipoxemia, hipotensão e uso de álcool e/ou drogas podem levar a rebaixamento do nível de consciência no pacientevítima de lesões multissistêmicas. Excluídas essas causas, alterações do exame neurológico devem ser atribuídas, até segunda ordem, a traumatismo do sistema nervoso central. E – EXPOSIÇÃO TOTAL DO PACIENTE No E, a análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da hipotermia são as principais medidas realizadas. A vítima é despida e examinada rapidamente dos pés à cabeça. As lesões em região dorsal, o envolvimento do períneo e os traumas penetrantes, ainda não diagnosticados, podem ser revelados. Após esta avaliação, o paciente deve ser aquecido com cobertores térmicos e a temperatura da sala de reanimação deve estar adequada, pequenas medidas que previnem a hipotermia. DIAGNÓSTICO Após a estabilização do paciente é necessário realizar exames para confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de comprometimento do quadro. Basicamente devem ser realizados exames de imagem e exame neurológico. EXAME SECUNDÁRIO O Exame Secundário (ES) deve ser realizado somente nos pacientes que, após as medidas de reanimação, demonstrem uma tendência à normalização de suas funções vitais. O ES inclui uma história clínica somada a exame físico pormenorizado, também conhecido como exame da “cabeça aos pés”. Uma avaliação neurológica cuidadosa e completa também está incluída; durante o ES poderão ser realizadas, a qualquer momento, as radiografias e exames complementares de imagem que se tornarem necessários. Uma história do mecanismo do trauma, muitas vezes importante para entendermos melhor as alterações demonstradas pelo paciente, pode ser colhida com a própria vítima (caso esteja lúcida), com o pessoal de atendimento pré-hospitalar ou com familiares. A utilização do mnemônico “AMPLA” muitas vezes é útil para alcançarmos nosso objetivo. EXAME FÍSICO GERAL Quando se suspeita de uma lesão vertebral (que pode estar associada a lesão medular), deve-se procurar: Dor à palpação Deformidades, assim como “ressalto” sobre a coluna. Edema (inchaço). O quadro clínico indicativo de lesão cervical inclui: Dificuldade respiratória (respiração diafragmática – procurar a presença de respiração paradoxal) Paralisia flácida, com ausência de reflexos. Hipotensão com bradicardia (sem hipovolemia). Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO Obs.: O exame físico geral do indivíduo começa pela avaliação das vias aéreas, com o controle da coluna cervical, respiração, ventilação e circulação (ABC), pois a prioridade no atendimento inicial deve ser a avaliação, preservação e o tratamento das funções vitais básicas. EXAME NEUROLÓGICO Deve determinar-se o nível da lesão. Se o doente está consciente, fazer perguntas relevantes sobre a sensação, e pedir-lhe que faça pequenos movimentos para avaliar a função motora, nos membros superiores e inferiores. Sempre submeter o paciente a um exame neurológico, com atenção para força mm, reflexos, sensibilidade tátil e dolorosa com o intuito de analisar a topografia da lesão. O TRM representa perda transitória de toda atividade neurológica abaixo da lesão Exame neurológico, como fator prognóstico, só pode ser feito depois que acabar isso Normalmente o reflexo bulbo-cavernoso indica retorno da atividade neurológica Componentes sensitivos e motores podem persistir pro no máximo 1h Reflexos autonômicos podem permanecer por semanas EXAME MOTOR Sinais chave para a determinação do nível da lesão: Resposta motora Diafragma intacto - C3, C4, C5 Elevação dos ombros - C4 Bíceps (flexão do cotovelo) - C5 Extensão do punho - C6 Extenção do cotovelo - C7 Flexão do punho - C7 Abdução dos dedos - C8 Respiração profunda - T1-T12 Flexão da anca - L2 Extensão do joelho - L3-L4 Flexão dorsal do pé - L5-S1 Flexão plantar do pé - S1-S2 EXAME DO SISTEMA SENSORIAL Entende-se por dermátomo a área de pele inervada pelos axônios sensitivos que estão situados dentro de uma determinada raiz nervosa segmentar. O conhecimento dos níveis de alguns dermátomos importantes reveste -se do maior significado, pois permite determinar o nível da lesão traumática e avaliar a evolução neurológica, seja para melhora ou para agravamento. Face anterior da coxa - L2 Face anterior do joelho - L3 Face antero-lateral do tornozelo - L4 Dorso do primeiro e segundo dedos - L5 Face lateral do pé - S1 Face posterior da perna - S2 Sensação peri-anal (períneo) - S2-S5 REFLEXOS QUE DEVEM SER PESQUISADOS Reflexos abdominais e cremastéricos São testes do neurônio motor superior. A ausência indica lesão do neurônio superior e uma assimetria de lados indica lesão do neurônio inferior. Se suspeita de SNMS, fazer os testes de Babisnki e Oppenheim. Reflexos Tendíneos Profundos são mediados pelas células de Renshaw, no corno anterior da medula, sendo que o córtex cerebral exerce ação inibidora para evitar resposta exacerbada ao reflexo. A ausência do reflexo indica lesão de SNP, por interrupção do arco ou presença de choque medular. Os tendíneos profundos são o biciptal (C5), estilorradial (C6), triciptal (C7), patelar (L4) e do calcâneo (S1). ▪ Reflexo bulbo-cavernoso É muito importante, já que pode ocorrer logo após a lesão, mesmo que não seja completa e/ou permanente. O paciente tem ausência total da sensibilidade, dos seus movimentos e presença do reflexo. É obtido pela estimulação do pênis ou do clitóris, provocando contração do esfíncter anal. Indica término do choque medular, permitindo a determinação do déficit neurológico. RADIOGRAFIA A coluna vertebral deve ser avaliada por meio de radiografias realizadas nos planos anteroposterior (AP) e lateral, procurando avaliar a assimetria, o alinhamento das vértebras e roturas das partes moles. É muito importante a Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO visualização de todas as vértebras da coluna cervical e a transição cervicotorácica, e, na impossibilidade da visualização desse segmento da coluna vertebral por meio das radiografias convencionais, a realização das radiografias sob tração dos membros superiores ou a utilização da posição do nadador podem, também, auxiliar e utiliza-se a tomografia computadorizada nas situações extremas. Para além da exploração radiológica inicial, todos os doentes com suspeita clínica de traumatismo cervical devem fazer Rx AP e lateral da coluna cervical, que deve incluir a articulação atlanto-axilar. Devem visulizar-se as sete vértebras cervicais em ambas projeções. A realização das radiografias em AP, perfil e transoral para a observação do processo odontóide permite o diagnóstico de 84% das fraturas da coluna cervical. A utilização da tomografia computadorizada permite o diagnóstico de fraturas ocultas da região cervical e ela é também muito útil na avaliação da morfologia da fratura, da estabilidade do segmento lesado e da compressão do canal vertebral pelos fragmentos da vértebra fraturada. Avaliação radiológica: diagnóstico, localização, extensão aspectos morfopatológios Fatores para não realizar a radiografia: Ausência de sintomas e sinais neurológicos Ausência de dor espinhal ou rigidez Nenhum mecanismo distrativo Drogas ou etanol RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A ressonância magnética tem auxiliado sobremaneira o diagnóstico dos TRM e sempre que possível deve ser utilizada na fase primária do diagnóstico, pois ela permite uma análise detalhada das partes moles, com melhor visualização de contusões medulares, hematomas, lesões ligamentares, hérnias discais e coleções líquidas. OUTROS EXAMES Durante a realização do ES, podemos solicitar exames diagnósticos especializados com o objetivo de se identificar lesões específicas. Os principais exames incluem: radiografias adicionais da coluna cervical e das extremidades; tomografia computadorizada da cabeça, do tórax, da coluna e do abdome; urografia excretora; ecocardiograma transesofágico;broncoscopia; e esofagoscopia. Esses métodos complementares exigem muitas vezes transporte do paciente para outros setores do hospital; sendo assim, somente os doentes hemodinamicamente estáveis é que poderão se submeter a estes exames. TRATAMENTO Tem início no local do acidente, com imobilização, para impedir piora neurológica De início, todo paciente com politrauma deve ser tratado como lesão de coluna ⋅ A sequência do atendimento deve ser obedecida segundo o protocolo da ATLS Após a identificação das lesões do paciente, da resolução dos problemas que implicam em risco de vida e da obtenção dos resultados laboratoriais e de exames complementares, o tratamento definitivo deve ser realizado. É nesse momento que a necessidade de transporte ou não para hospitais mais especializados deve ser julgada. O tratamento das lesões de coluna e medula espinhal inclui imobilização, infusão endovenosa de fluidos, medicações e transferência, se necessário. MANEJO DO PACIENTE O tratamento do TRM deve ter início no momento do atendimento inicial (XABCDE), ainda fora do ambiente hospitalar, durante o resgate e transporte dos pacientes, com o objetivo de evitar lesões adicionais ou ampliação das lesões já existentes. A imobilização da coluna cervical deve ser realizada em todos os pacientes politraumatizados e retirada somente após a confirmação da ausência de lesão. Cuidados especiais devem ser tomados durante o transporte dos pacientes e durante a retirada de capacetes de ciclistas ou motociclistas vítimas de acidente. O paciente trazido pelo serviço pré-hospitalar geralmente chega ao hospital já imobilizado e a imobilização deve ser mantida até que a presença de fratura tenha sido excluída. Para isso, manter o paciente em posição supina, sem rotação ou arqueamento da coluna. Se existirem deformidades evidentes, não se deve tentar corrigi-las. Crianças e idosos podem apresentar angulações ou deformidades de origem não traumática ao longo da coluna; por isso, devem ser imobilizados em posição confortável, fazendo uso de coxins, se necessário. A imobilização do pescoço com o colar cervical semirrígido não é suficiente para a estabilização completa; são necessários dispositivos de imobilização que limitem o movimento latero-lateral. Pacientes que necessitem de intubação, esta deve ser realizada com o pescoço em posição neutra, ou seja, não realizar movimentos de flexão ou extensão da coluna. O paciente deve ser retirado o mais rápido possível da prancha, para reduzir o risco de formação de lesão por pressão. A movimentação ou rolamento em bloco do paciente deve ser feita de forma cuidadosa, idealmente com 4 indivíduos para tentar manter o alinhamento neutro da coluna. ▪ Líquidos endovenosos Pacientes com suspeita de lesão de coluna devem receber líquidos endovenosos da mesma forma que qualquer paciente traumatizado. Caso não haja hemorragia ativa e paciente apresentar hipotensão persistente após a reposição de 2.000mL de líquido, suspeitar de choque neurogênico. Doentes com choque hipovolêmico costumam estar taquicárdicos, enquanto o choque neurogênico pode causar Vitor Dantas – LOMOÇÃO E PREENSÃO bradicardia. Se a hipotensão persistir, pode-se utilizar vasopressores (hidrocloridrato de fenilefrina, dopamina ou noreprinefrina). Lembrar que a administração excessiva de fluidos na tentativa de normalizar a pressão pode causar edema pulmonar. Doentes com fraturas de coluna ou défices neurológicos devem ser transferidos para centros capazes de proporcionar um tratamento definitivo. Antes da transferência, o doente deve ser estabilizado e submetido à imobilização. Fraturas cervicais altas (acima de C6) podem causar disfunções respiratórias; logo, se houver dúvida quanto à eficiência da ventilação, o paciente deve ser intubado antes da transferência. ▪ Metilprednisolona A metilprednisolona tem sido administrada até 08 horas após a lesão da medula espinhal, com base nos resultados observados no NASCIS I e II (National Spinal Cord Injury Study), realizados em 1990 e 1992, nos quais foi observada uma melhora neurológica significativa no grupo de pacientes em que essa droga foi administrada. A metil prednisolona tem a capacidade de reduzir a peroxidação lipídica e preservar a integridade das estruturas neuronais, atuando no nível da lesão secundária devido à isquemia e ação dos radicais livres. A metil- prednisolona possui maior efeito que a dexametasona na inibição da peroxidação lipídica, e outras drogas, como o mesilato de tiralazade, que é da classe dos compostos conhecidos como 21-aminoesteróides ou lazaróides, têm sido também utilizadas, pois, também, são potentes inibidores da peroxidação lipídica e não apresentam os efeitos colaterais dos corticóides. A dose recomendada de metil-prednisolona é de 30 mg/Kg de peso, administrada em bolo durante 15 minutos, e 45 minutos após essa dose em bolo, administram-se 5,4 mg/Kg em infusão constante por 23 horas. A dose total de metil- prednisolona é de 154,2 mg/Kg de peso em 24 horas, e deve ser administrada nas primeiras 08 horas após o trauma. Após esse período, a administração dessa droga não alcança o objetivo desejado e pode acarretar ainda certos efeitos nocivos. A utilização dessas drogas, disseminada principalmente nos EUA, tem sido objeto de críticas em outros países e não há consenso definitivo sobre o papel protetor delas, nos traumatismos raquimedulares. TRATAMENTO CÍRURGICO O tratamento definitivo da lesão, no segmento vertebral fraturado, tem, como principais objetivos, a preservação da anatomia e função da medula espinhal, restauração do alinhamento da coluna vertebral, estabilização do segmento vertebral lesado, prevenção de complicações gerais e locais, e o restabelecimento precoce das atividades dos pacientes, devendo ser realizado o mais precocemente possível, desde que as condições gerais do paciente permitam. Na impossibilidade de o tratamento definitivo ser realizado, a redução da fratura e realinhamento do canal vertebral deve ser realizado por meio de tração. Não existe até o momento nenhum tratamento cirúrgico capaz de restaurar as funções da medula espinhal lesada e o objetivo do tratamento cirúrgico é apenas a redução e o realinhamento do segmento vertebral lesado, restauração da estabilidade do segmento lesado, de modo a evitar lesões adicionais da medula espinhal e favorecer a sua recuperação. Outra vantagem adicional dos modernos métodos de fixação vertebral é a possibilidade da mobilização precoce dos pacientes, sem a utilização de imobilização externa, o que facilita a reabilitação no período pós-operatório. As indicações do tratamento cirúrgico têm sido baseadas na presença de instabilidade do segmento vertebral e lesão neurológica, existindo controvérsia com relação a esse tópico. A presença de paralisia após intervalo de quadro neurológico normal, presença de paralisia rápida e progressiva ou paralisia incompleta, que evolui para paralisia completa, têm sido consideradas como indicações absolutas e urgentes de tratamento cirúrgico. Nossa conduta atual tem sido no sentido de realizar a estabilização precoce das lesões, para facilitar a mobilização precoce dos pacientes e promover de modo mais rápido sua reabilitação e reintegração social e não no sentido de realizar sua recuperação neurológica, uma vez que o papel da descompressão é muito discutível. FONTES ▪ Colégio Americano de Cirurgiões. ATLS: Suporte Avançado de Vida no Trauma. 10ª edição. Chicago: Copyright, 2018. ▪ PHTLS – Atendimento Pré-Hospitalar ao Trauma
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