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CARACTERÍSTICAS GERAIS: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões. É uma doença grave provocada por uma bactéria (bacilo de Koch) e que pode ser fatal. Para além do sistema respiratório, a tuberculose também pode afetar outros órgãos, como ossos, rins e meninges. Ela apresenta longo período de latência entre a infecção inicial e a apresentação clínica. Além disso, tem resposta granulomatosa associada à intensa inflamação e lesão tissular. Apesar de ser uma doença grave, se o tratamento for administrado de maneira correta, ela é curável em 100% dos casos. O tratamento visa eliminar todos os bacilos tuberculosos, anulando as fontes de infecção. A tuberculose primária é a forma mais comum após a infeção pelo bacilo. Vai resulta em uma pequena área de pneumonite (ocupando geralmente o terço médio do pulmão) e por uma adenomegalia hilar e/ou mediastínica homolateral - complexo primário. Após esta fase inicial, o sistema imunológico ou imunitário (sistema de defesa do organismo), geralmente, evita que a doença se propague, mas pode abrigar as micobactérias que causam tuberculose. Por este motivo, faz-se uma distinção entre dois tipos de tuberculose: 1. Tuberculose latente: situação em que existe uma infeção por tuberculose, mas as bactérias permanecem no corpo em um estado inativo e não causam sintomas. A tuberculose latente não é contagiosa, pode ser chamada de tuberculose inativa ou tuberculose infeção. A tuberculose latente pode transformar-se em tuberculose ativa, daí que a instituição de tratamento adequado e atempado seja muito importante, não só para debelar a tuberculose latente na pessoa afetada, mas também para ajudar a controlar a propagação a outros indivíduos. 2. Tuberculose ativa: nesta situação, a doença pode contagiar outros indivíduos. Esta reativação ou tuberculose secundária pode ocorrer nas primeiras semanas após a infeção ou pode ocorrer anos depois. Não podemos falar em período de incubação da tuberculose, mas o processo de transformação de tuberculose infeção em doença pode demorar anos ou nunca ocorrer. O risco de adquirir a tuberculose é maior em pessoas com idade muito jovem ou muito avançada (idosos). Apesar do risco ser semelhante nos homens e nas mulheres, os homens possuem uma maior incidência devido aos fatores de risco serem mais predominantes no sexo masculino. Principalmente a infecção pelo HIV, alcoolismo, tabagismo, toxicodependência. A tuberculose ainda é uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2016, houve 10,4 milhões de novos casos de tuberculose, e que, no mesmo ano, a tuberculose causou a morte de 1,3 milhão de indivíduos não infectados pelo HIV e de 374.000 indivíduos infectados pelo HIV. FISIOPATOLOGIA: As manifestações clínicas decorrerem das repostas imunológicas do hospedeiro à infecção pelas microbactérias e aos seus antígenos. No início da doença ocorre a infecção primária com ativação neutrófilos, que são atraídos e substituídos por macrófagos no prazo de uma semana. Esses macrófagos fagocitam e buscam eliminar os microrganismos, os quais permanecem ilesos e viáveis devido ao seu revestimento seroso. As células T, através da liberação das linfocinas, atraem e mantêm a população de macrófagos em torno do foco da infecção. A resposta imune é desencadeada é a hipersensibilidade do tipo tardia, mediada por células. A relação entre a infecção e a resposta imune pode ser estuda através da combinação de proteínas de baixo peso molecular produzido pelo M. tuberculosis (tuberculina) e, quando purificada, recebe a designação de PPD (derivado proteico purificado) É utilizada em testes dermatológicos de reatividade para diagnosticar a exposição a bacilo e infecção latente e é de grande importância no monitoramento epidemiológico Os multibacilíferos são os principais responsáveis pela transmissão da doença, e essa transmissão vai ocorrer por contato próximo, através da fala, tosse, espirro. Além disso o contato não bastar ser pontual para uma propagação, mas tem que haver um contato frequente para que a transmissão seja efetiva. Uma vez transmitido o bacilo, ele vai entrar na via aérea do paciente, na qual irá chegar até a região alveolar, onde vai ser fogacitado pelos macrófagos locais. Quando fagocitado, bacilo não irá ser destruído, ele vai conseguir se reproduzir dentro do seu citoplasma. Por conta da sua reprodução, ele conseguirá induzir a lise macrofágica, fazendo com que os bacilos sejam liberados e partem para infectar novos macrófagos e continuar o ciclo de reprodução. Essa atividade no espaço alveolar irá desenvolver um foco pneumônico, que é uma região pulmonar onde acontecerá atividade inflamatória. Aos poucos, os bacilos serão drenados para os linfonodos hílares e mediastinais, que estarão próximo da região aovelar. Em crianças de até 12 anos, a resposta imunológica nos linfonodos hílares e mediastinais vai ser agravado, onde vai fazer com que ocorra desenvolvimento da doença, na qual será chamado de tuberculose primaria. Porém, normalmente não será isso que irá acontecer e sim uma disseminação dos linfonodos para o sangue. A disseminação acontece ao longo de 10 semanas, onde o corpo consegue desenvolver uma resposta imunológica para combater o bacilo, fazendo com o que as proliferações baciliares pelo corpo sejam contidas. Porém, na disseminação linfática em crianças menores de 2 anos não vacinadas com BCG vai ocorrer de maneira diferente. Nessas crianças o foco de proliferação não será contido e evoluem para uma lesão, fazendo com que o foco primário continue lançando bacilos na circulação “metastatizando” a infecção, que afeta principalmente o interstício pulmonar e as meninges, sendo essa forma da doença denominada Tuberculose Miliar. Em adultos 95% dos infectados a imunidade vai conseguir controlar a proliferação. A imunidade vai conseguir cercar os bacilos das células do sistema imune, e vai acontecer a formação do granuloma. Esse granuloma vai conter a infecção, onde vai permanecer latente durante a vida. Porém possa ser que o foco seja reativado ou que haja uma reinfecção do indivíduo. Caso isso aconteça estaremos diante de uma tuberculose pós-primária. Caso a imunidade não seja capaz de realizar o controle dos bacilos, isso pode acontecer porque o indivíduo vai estar infectado com uma carga grande de baciliar. Com os bacilos soltos, os focos estarão em progressão, onde pode evoluir para áreas inflamatórias exsudativas, como consequência pode surgir caseosos que vão virar cavernas no parênquima pulmonar, que pode favorecer a disseminação da doença. É o que podemos chamar de tuberculose primarias progressiva, no adulto pode possuir uma semelhança com a tuberculose pós primária. AGENTES ETIOLÓGICOS: A tuberculose pode ser causada por qualquer uma das setes de espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Em saúde pública, a espécie mais importante é M. tuberculosis. Ele é fino, ligeiramente curvo e mede de 0,5 a 3 μm. É um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), aeróbio, com parede celular rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano), o que lhe confere baixa permeabilidade, reduz a efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos macrófagos. Em alguns locais, o M. bovis pode ter especial relevância como agente etiológico da TB e apresenta-se de forma idêntica ao M. tuberculosis, com maior frequência da forma ganglionar e outras extrapulmonares. A ocorrência é mais comum em locais que consomem leite e derivados não pasteurizados ou não fervidos de rebanho bovino infectado; em pessoas que residem em áreas rurais e em profissionais do campo (veterinários, ordenhadores, funcionários de matadouros, entre outros).Obs: Nessas situações, os serviços de vigilância sanitária devem ser informados para atuar na identificação precoce das fontes de infecção e no controle da doença, prevenindo assim a ocorrência de novos casos. TRANSMISSÃO: O M.tuberculosis é transmitido por via aérea, de uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente (caso fonte), a outra pessoa, por exalação de aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro. A transmissão se faz por via respiratória, pela inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. As gotículas exaladas (gotículas de Pflüger) rapidamente se tornam secas e transformam-se em partículas menores. Essas partículas menores (núcleos de Wells), contendo um a dois bacilos, podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de alcançar os alvéolos, onde podem se multiplicar e provocar a chamada primo-infecção. Outras vias de transmissão (pele e placenta) são raras e desprovidas de importância epidemiológica. Os bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel na transmissão da doença. O termo ‘’bacilífero’’ refere-se a pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva no escarro. Esses casos têm maior capacidade de transmissão, entretanto pessoas com outros exames bacteriológicos como cultura e/ ou teste rápido molecular da tuberculose (TRM-TB) positivo também podem transmitir. A TB acomete, prioritariamente, o pulmão que também é a porta de entrada da maioria dos casos. A probabilidade de uma pessoa ser infectada depende de fatores exógenos. Entre eles, pode-se citar a infectividade do caso-fonte, a duração do contato e o tipo de ambiente partilhado. Os pacientes com exame bacteriológico do escarro positivo sustentam a cadeia de transmissão da doença. Estima-se que uma pessoa com baciloscopia positiva infecte de 10 a 15 pessoas em média, em uma comunidade, durante um ano. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Seus principais sintomas são: febre, tosse, expetoração, perda de peso, dor no peito, entre outros. No caso na tuberculose primária, a infecção geralmente aparece uma lesão periférica que leva a adenopatias hiliares e paratraqueais que podem passar despercebidas na radiografia de tórax. Geralmente, essa lesão cicatriza espontaneamente e pode ser descoberta por um pequeno nódulo calcificado. Nesse caso, uma manifestação comum é o derrame pleural, devido á penetração no espaço pleural, de bacilos oriundos de um foco subpleural adjacente. Já a tuberculose secundária, acontece pela reativação endógena da tuberculose latente e é geralmente localizada nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores, onde tem alta concentração de oxigênio e promove o crescimento de micobactérias. Nos dois casos, as lesões pulmonares se tornam fibrosas e podem calcificar. Em indivíduos com a forma crônica da doença, os sintomas são inespecíficos como mal-estar, perda de peso, tosse, sudorese noturna, febre, dor no tórax, anorexia e adinamia. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL: Na maioria dos indivíduos, a infecção primária é assintomática ou branda, podendo causar febre e dor torácica pleurítica ocasional A doença primária localiza-se com frequência nos lobos médio e inferior A lesão primária costuma cicatrizar espontaneamente e permanece um nódulo calcificado (lesão de ghon). A doença tipo adulto inicia-se com sintomas inespecíficos, como febre diurna, sudorese noturna, perda ponderal, anorexia, mal-estar e fraqueza. Com progressão da doença, os pacientes desenvolvem tosse, com hemoptise maciça ocasional Tosse é o sintoma mais frequente e qualquer indivíduo com tosse há mais de três semanas é classificado como sintomático respiratório e deve ser submetido a investigação para TB. A radiografia de tórax deve ser solicitada em todo caso suspeito, embora possa haver alterações até 15% dos casos. Os achados mais frequentes são: opacidades parenquimatosas, linfonomegalia, atelectasia, padrão miliar, derrame pleural. A tomografia computadorizada é indicada em casos de sintomático respiratório com pesquisa de BAAR negativa no escarro ou quando a amostra não é adequada e a radiografia do tórax é insuficiente para o diagnóstico No decorrer da infecção primária, o hospedeiro desenvolve hipersensibilidade, que se torna evidente pelo reconhecimento da reação positiva à tuberculina. O teste tuberculínico é padronizado internacionalmente para triagem da tuberculose, sendo que, quando positivo, não se fecha o diagnóstico da doença, apenas revela que o paciente já entrou em contato com o bacilo ou a cepa vacinal TRATAMENTO E PREVENÇÃO: A tuberculose é uma doença curável apesar de ser grave, e o seu tratamento consiste na combinação de diversos fármacos anti-TB Cuidados devem ser tomados em algumas situações: ✓ Mulheres em uso de anticoncepcional (a rifampicina interfere no efeito) ✓ Pacientes em uso de outras drogas hepatotóxicas, como anticonvulsivantes ✓ Portadores de doença hepática ou HIV ✓ Etilistas ✓ Pessoas com mais de 60 anos e pessoas em mau estado geral O teste do HIV é recomendado pelo Ministério da Saúde para todos os pacientes de tuberculose, embora na prática isso não ocorra COMO A FISIOTERAPIA AUXILIA NO TRATAMENTO: Pacientes com tuberculose pulmonar, após o fim do tratamento medicamentoso, podem apresentar distúrbios ventilatórios e entre os resquícios mais comuns, estão o enfisema regional, estrias atelectásicas e fibrose pleural, o que pode levar inclusive a lobectomia, toracoplasia ou pnemectomia, reduzindo a tolerância ao exercício e levando a um declínio da qualidade de vida Além do comprometimento pulmonar, o emagrecimento causado pela doença pode levar a uma redução de massa muscular, o que pode causar redução da força muscular respiratória Programas de fisioterapia respiratória para portadores de distúrbios ventilatórios obstrutivos estão bem consolidados na literatura, mas nos últimos anos há uma tendência de publicações voltadas para os distúrbios ventilatórios restritivos. Mesmo ainda não conclusivos, os resultados desses estudos mostram que há uma aparente melhora na tolerância ao exercício, melhora na sensação de dispneia e melhora na qualidade de vida dos pacientes que realizaram a fisioterapia. Aqueles que apresentavam distúrbios mais severos mostraram melhora em seu status funcional após os programas de reabilitação pulmonar. Os recursos manuais da fisioterapia respiratória compõem um grupo de técnicas de exercícios manuais específicos que têm como finalidade a prevenção, no intuito de evitar a complicação de um quadro de pneumopatia instalado, a melhora ou a reabilitação de uma disfunção toracopulmonar e o treinamento e recondicionamento físico das condições respiratórias de um pneumopata. Os exercícios respiratórios podem ensinar o paciente a controlar a respiração, aumentar a coordenação e a eficiência dos músculos respiratórios, mobilizar a caixa torácica e treinar técnicas de relaxamento. Referências: http://medicplus.com.br/tuberculose/ https://central3.to.gov.br/arquivo/400709/ https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v44n2/pt_1806-3756-jbpneu-44-02-00134.pdf https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v46n2/pt_1806-3713-jbpneu-46-02-e20200027.pdf https://blogfisioterapia.com.br/o-que-e- tuberculose/#:~:text=A%20fisioterapia%20auxilia%20diretamente%20na,o%20tratamento%20medicament oso%20de%20tuberculose http://medicplus.com.br/tuberculose/ https://central3.to.gov.br/arquivo/400709/ https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v44n2/pt_1806-3756-jbpneu-44-02-00134.pdf https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v46n2/pt_1806-3713-jbpneu-46-02-e20200027.pdf https://blogfisioterapia.com.br/o-que-e-tuberculose/#:~:text=A%20fisioterapia%20auxilia%20diretamente%20na,o%20tratamento%20medicamentoso%20de%20tuberculosehttps://blogfisioterapia.com.br/o-que-e-tuberculose/#:~:text=A%20fisioterapia%20auxilia%20diretamente%20na,o%20tratamento%20medicamentoso%20de%20tuberculose https://blogfisioterapia.com.br/o-que-e-tuberculose/#:~:text=A%20fisioterapia%20auxilia%20diretamente%20na,o%20tratamento%20medicamentoso%20de%20tuberculose
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