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31/08/2021 Clínica médica - Neurologia Natalia Lisboa Neuropatia periférica Quando pensamos em neuropatia periférica nós associamos com sistema nervoso periférico. É uma razão frequente para consultar um neurologista Síndrome caracterizada por disfunção dos nn. periféricos: • Nervos cranianos, exceto o primeiro e o segundo • Raízes nervosas sensitivas e motoras • Plexos cervical/braquial/lombo sacral • Nervos espinais (31 pares) • Sistema nervoso autônomo (principalmente se vinculado ao n. vago) As 3 manifestações clínicas são: • Alteração de força: paresia • Alteração de sensibilidade: parestesia, hipoalgesia (ou até uma analgesia) • Alterações do sistema nervoso autônomo: anidrose (diminuição do suor), incontinência urinária e fecal, distúrbio vaso vagal, alteração do ritmo cardíaco OBS: as manifestações clínicas, principalmente de sensibilidade, estão vinculadas aos dermátomos Classificação segundo a etiologia As polineuropatias podem ser adquiridas ou hereditárias. Nas crianças, as hereditárias representam 85% e as adquiridas 15%. Nos adultos os dados se invertem. 31/08/2021 Clínica médica - Neurologia Natalia Lisboa Classificação segundo a velocidade de instalação Aguda: • <4 semanas • Polirradiculoneurite aguda (síndrome de Guillain-Barré). O paciente apresenta uma perda de força de caráter ascendente e pode ter alteração de sensibilidade, apesar da parte motora ser a principal. ➢ Causada por uma imunização cruzada (por infecção prévia ou por vacina) • Neuropatia diftérica • Neuropatia porfirínica Subaguda: • 4 a 8 semanas • Neuropatia alcoólica • Neuropatia por deficiência de B12 • Neuropatia tóxica (chumbo/saturnismo, arsênico e tálio) • Neuropatia medicamentosa (isoniazida e nitrofurantoína) Crônica: • >8 semanas • Neuropatia diabética • Neuropatia alcoólica (forma crônica) • Neuropatia por deficiência de B12 (forma crônica) • Neuropatia angiopática (lúpus, artrite reumatoide poliarterite nodosa e granulomatose de Wegener) Outras formas da crônica: • Forma adquirida: o Polirradiculoneurite crônica o Neuropatia paraneoplásica o Neuropatia urêmica o Neuropatia por doenças do tecido conjuntivo o Neurite Hansenica – causa um espessamento do nervo o Neuropatia amilode – causa um espessamento do nervo • Forma geneticamente determinada: o Idiopática (doença de Charcot-Marie-Tooth e polineuropatia de Roussy-Levy) o Metabólica (doença de Fabry e doença de Refsum) Classificação segundo o padrão É a classificação mais importante • Mononeuropatia (lesão focal de um nervo periférico) • Mononeuropatia múltipla (lesão multifocal) • Polineuropatia (simétrico, distal e bilateral) Se houver comprometimento de raízes espinais ou raízes e tronco dos nervos periféricos chama-se Polirradiculoneuropatia ou polirradiculopatia Etiologia Lesões dos plexos nervosos: • Plexo braquial (trauma, síndrome de Pancoast e neurinoma) • Plexo lombossacro (hérnias discais, trauma, tuberculosa e tumor) 31/08/2021 Clínica médica - Neurologia Natalia Lisboa Lesões dos troncos nervosos: • Nervo mediano (trauma, síndrome do túnel do carpo, hanseníase) • Nervo ulnar (trauma, hanseníase) • Nervo radial (trauma, saturnismo) OBS: a compressão geralmente leva a formigamento Síndromes neurológicas • Síndrome do 1º neurônio motor ou superior • Síndrome do 2º neurônio motor ou inferior • Neuropatia periférica: o paciente apresenta síndrome do 2º neurônio motor ou inferior (principalmente perda de força), síndrome sensitiva periférica (principalmente perda de sensibilidade) e síndrome autonômica periférica. • Síndromes medulares • Síndrome de hipertensão intracraniana • Síndrome cerebelar • Síndrome extra-piramidal • Síndrome demencial Quadro clínico Alteração da motricidade (2º neurônio motor ou inferior) • Fraqueza muscular (paresia ou plegia iniciando em pés e pernas, podendo causar marcha parética ou escavante) • Músculo hipotrófico ou atrófico • Perda dos reflexos profundos (hipo ou arreflexia) • Fasciculações e cãibras (contrações ineficientes do músculo) Alteração da sensibilidade • Parestesia (queimação, formigamento ou dormência) • Hiperestesia ou disestesia (sensação desagradável não referida como dor) • Hipoestesia ou anestesia (nas polineuropatias podem ser “em bota” e “em luvas” como nos diabéticos) Síndromes autonômicas • Anidrose e hipotensão ortostática • Impotência sexual, incontinência urinária e fecal • Ataxia sensitiva (comprometimento de fibras grossas) • Tremores 31/08/2021 Clínica médica - Neurologia Natalia Lisboa Para lembrar... N = Nutricional (B12 – cianocobalamina / B6 – piridoxina) E = Endócrino (DM) U = Urêmica R = Reumatológica O = Oncológicas P = Porfiria A = Amiloidose T = Trauma I = Infecciosa (hanseníase/HIV) A = Alcoólica S = Síndrome de Guillain-Barré Diagnóstico Essencialmente clínico Anamnese minuciosa e o exame neurológico completo são suficientes Exames subsidiários para esclarecer a causa: • Eletroneuromiografia (ENMG): sempre para suspeitas de doença do SNP. A topografia é sua principal função (doenças medulares, da placa motora e dos músculos). Ajuda para a determinação do prognóstico • Exames de sangue e urina: glicemia de jejum e pós-prandial, hemograma e VHS, função renal, dosagem de vitamina B12, hormônios da tireoide, pesquisa de HIV, níveis séricos de tiamina (B1) • Exame do líquido cefalorraquidiano (LCR): importante nas PN desmielinizantes. ➢ Se infecciosa pode sugerir com pleocitose ➢ SGB (dissociação proteino-citológico) ➢ Polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica (PIDC) devida ao HIV ➢ PN pelo citomegalovírus existem polimorfonucleares no LCR • Biópsia de nervo: realizada em nervo sensitivo superficial. É importante quando outros exames não invasivos não esclarecem o diagnóstico etiológico. É mandatória para o diagnóstico de vasculite, hanseníase e amiloidose. OBS: os exames complementares não caem na prova! Diagnóstico diferencial Miopatias: • Fraqueza costuma ser proximal (existe miopatias de predominância distal, que mimetizam polineuropatia) • Ausência de distúrbios sensitivos • Reflexos profundos abolidos • Aumento de enzimas musculares séricas (por exemplo CPK) e o padrão ENMG confirma a natureza miopática • Miopatias metabólicas paroxísticas e agudas (por exemplo, excesso ou deficiência de potássio) 31/08/2021 Clínica médica - Neurologia Natalia Lisboa Mielopatias: • Abolição dos reflexos profundos • Comumente com alterações da sensibilidade em nível • Tem sintomas que respeitam os dermátomos • Comumente apresenta distúrbios esfincterianos • Comumente não há queixas dolorosas Lesões do tronco cerebral: • Tetraplegias flácidas agudas podem ocorrer por comprometimento vascular no tronco periférico • Preservação da consciência • Comprometimento de múltiplos nervos cranianos • Ressonância magnética visando o tronco cerebral corroboram o diagnóstico
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