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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV ANAMNESE FATORES QUE INFLUENCIAM: Com relação à IDADE: • Nas crianças e jovens, predominam as anomalias congênitas e os episódios iniciais da doença reumática; • Dos 20 aos 50 anos de idade: doença de Chagas e a hipertensão arterial são mais frequentes; • Acima dos 50 anos de idade: doença arterial coronariana – angina de peito e infarto agudo do miocárdio; Quanto ao SEXO: • As lesões mitrais, especialmente a estenose e o prolapso da valva mitral, ocorrem mais em mulheres jovens; • A aterosclerose coronária predomina no sexo masculino até os 45 anos de idade e, a partir desta idade, a incidência vai se tornando igual em ambos os sexos. Quanto ao FATOR RACIAL: • Avaliado basicamente pela cor da pele, pode ter interesse, como é o caso da anemia falciforme. • A hipertensão arterial, além de ser mais frequente nos negros, aparece em faixas etárias mais baixas e apresenta evolução mais grave. Quanto a PROFISSÃO: • Nos pacientes cardíacos que exercem profissões que exigem esforço físico intenso, é mais frequente o aparecimento de insuficiência cardíaca. • Por outro lado, as atividades que se acompanham de estresse emocional ou que o provocam constituem um fator importante na hipertensão arterial e na cardiopatia isquêmica. Quanto a NATURALIDADE e o LOCAL DA RESIDÊNCIA: • Relacionam se com as doenças endêmicas, salientando-se em determinadas regiões a alta incidência da doença de Chagas. Quanto aos ANTECEDENTES PESSOAIS: • Destacam-se a relação entre infecções estreptocócicas, principalmente da bucofaringe, e lesões orovalvares de etiologia reumática. • Uma alimentação rica em lipídios está relacionada a aterosclerose, lesões renais, hipertensão arterial e perturbações emocionais e manifestações cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão. Quanto aos ANTECEDENTES FAMILIARES: • A influência de fatores genéticos pode ser avaliada pela análise dos antecedentes familiares, sendo indiscutível sua importância na hipertensão arterial essencial e na cardiopatia isquêmica. • O estudo das mutações genéticas pode contribuir para o esclarecimento de algumas doenças cardíacas. Quanto aos HÁBITOS DE VIDA: • Destacam-se o tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo, relacionados com o aparecimento de aterosclerose e hipertensão arterial. Quanto as CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS: • A doença reumática é mais frequente em pessoas de renda mais baixa, seja em consequência das más condições alimentares e habitacionais ou por falta de tratamento precoce e adequado das infecções estreptocócicas. • As péssimas condições das habitações rurais e da periferia das cidades estão entre as causas determinantes da endemia chagásica. SINAIS E SINTOMAS As doenças do coração manifestam-se por variados sinais e sintomas, alguns originados no próprio coração, outros em diferentes órgãos nos quais repercutem com mais intensidade as alterações do funcionamento cardíaco. Serão analisados: dor cardíaca, palpitações, dispneia, tosse e expectoração, chieira, hemoptise, desmaio (lipotimia e síncope), alterações do sono, cianose, edema, astenia e posição de cócoras. Dor Dor precordial (dor no peito na região à frente do coração) não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem no coração e em outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. A dor relacionada com o coração e com a aorta compreende a de origem isquêmica, a pericárdica e a aórtica. Na avaliação semiológica da dor precordial, todas as características são importantes: localização, irradiação, caráter, intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e sintomas concomitantes, os quais podem preceder, acompanhar ou suceder a dor Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV Dor na isquemia miocárdica A dor de origem isquêmica tem origem na hipoxia celular. Sempre que houver desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio, vale dizer, quando há isquemia miocárdica, ocorre estimulação das terminações nervosas da adventícia das artérias e do próprio músculo por substâncias químicas liberadas durante a contração. A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose coronária, assumindo características especiais na angina de peito e no infarto agudo do miocárdio. Localização • Sendo o coração embriologicamente uma víscera de posição mediana, a localização mais típica é a retroesternal, podendo ser sentida à esquerda ou, mais raramente, à direita da linha esternal. Pode ser restrita a uma pequena área ou ocupar toda a região precordial. • Se a dor for percebida na pele ou em outras estruturas superficiais, é possível afirmar que se origine na parede torácica. • A dor perimamilar ou por debaixo do mamilo quase nunca é de causa cardíaca, podendo ser de origem emocional ou provocada por osteoartrite, distensão do estômago ou do ângulo esplênico. • Dor nas articulações condroesternais que piora à palpação caracteriza a osteocondrite (síndrome de Tietze – inflamação de uma ou mais cartilagens costais, principalmente a esternocostal). Irradiação A irradiação da dor está relacionada com sua intensidade. Quanto mais intensa, maior a probabilidade de irradiar-se. A dor por obstrução de uma artéria coronária pode ter diversas irradiações: para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros, região epigástrica e região interescapulovertebral. Caráter ou qualidade • A dor anginosa é quase sempre do tipo constritivo, tendo o paciente a sensação de que algo aperta o tórax ou a região retroesternal. • Para caracterizá-la, o paciente leva a mão fechada ao peito (Sinal de Levine). • Costuma ser descrita como “aperto”, “opressão”, “peso”, “queimação” e “sufocação”. • Pode ter também a sensação de nó na garganta, como se estivesse sendo estrangulado. • A mesma sensação pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor como, por exemplo, impressão de aperto ou de um bracelete no braço. • Outros tipos são a dor em queimação ou ardência no precórdio, formigamento ou facada, que podem ser expressões da dor cardíaca. Duração • A dor da angina de peito tem duração curta, em geral de 2 a 3 minutos, raramente ultrapassando 10 minutos. Isso porque sua origem é apenas a hipoxia miocárdica, sem alteração necrobiótica. • Na angina instável, a dor é mais prolongada, chegando a durar 20 minutos, pois nesta síndrome já há alterações histológicas. • No infarto agudo do miocárdio, quando ocorrem alterações necróticas, a dor dura mais de 20 minutos, podendo chegar a algumas horas. Intensidade A intensidade da dor varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa. • Dor leve – o paciente a sente, mas não se fixa nela, relatando-a, muitas vezes, como uma sensação de peso ou desconforto. • Dor moderada – incomoda bastante o paciente e agrava-se com os exercícios físicos. • Dor intensa – causa grande sofrimento, obrigando o paciente a ficar o mais quieto possível, pois ele percebe que a dor se agrava com os movimentos ou pequenos esforços. Acompanha-se de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente. Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV Fatores desencadeantes ou agravantes • A dor da angina de peito ocorre quase invariavelmente após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio ou após refeição copiosa. • No infartoagudo do miocárdio, a dor costuma ter início com o paciente em repouso. • A dor retroesternal, que ocorre após vômitos intensos, deve-se à laceração da mucosa do segmento inferior do esôfago. • A dor torácica, em consequência das mudanças de decúbito ou de movimentos do pescoço, origina-se na coluna cervical ou dorsal (osteoartrite, hérnia de disco). • A dor retroesternal e epigástrica durante a deglutição é causada por espasmo esofágico ou esofagite. • A dor que se agrava com a tosse pode ocorrer em virtude de pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa. Fatores atenuantes da dor • O alívio da dor pelo repouso é uma das características fundamentais da angina de peito. • O uso de vasodilatadores coronários também faz a dor desaparecer. • É muito importante o tempo que a dor leva para desaparecer após uso de nitrato sublingual. Na angina de peito, a dor desaparece 3 ou 4 minutos após; se levar maior tempo (5 ou 10 minutos), provavelmente não se trata de angina clássica, podendo ser angina instável. • A dor da pericardite aguda pode ser amenizada ou cessar quando o paciente inclina o tórax para frente ou o comprime com um travesseiro. • Alguns pacientes com quadro anginoso e outros com enfermidades gastrintestinais ou com ansiedade encontram alívio após eructação ou eliminação de gases. Sintomas concomitantes Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere infarto agudo do miocárdio. Dor precordial durante crise de palpitações pode decorrer de isquemia provocada por taquiarritmia. Dor de origem pericárdica • A dor da inflamação do pericárdio é mais aguda que a da angina de peito, localiza-se na região retroesternal junto da reborda esternal esquerda e irradia-se para o pescoço e as costas. • Pode ser do tipo “constritiva”, “peso”, “opressão”, “queimação” e apresentar grande intensidade; costuma ser contínua – durante várias horas –, não se relaciona com exercícios, agrava-se com a respiração, com o decúbito dorsal, com os movimentos na cama, com a deglutição e com a movimentação do tronco. O paciente tem algum alívio quando inclina o tórax para frente ou ao se colocar na posição genupeitoral. • O mecanismo provável da dor da pericardite é o atrito entre as membranas ou uma grande e rápida distensão do saco pericárdico por líquido. • É provável que a irritação das estruturas vizinhas – pleura mediastinal, por exemplo – também participe do mecanismo da dor da pericardite. AVALIAÇÃO DA DOR: PERGUNTAR AO PACIENTE SOBRE: • Localização (onde dói?) • Intensidade (Escala Visual Analógica (EVA) e a Escala Visual Numérica (de 1-10) (EVN).) • Irradiação (a dor está restrita a um local? Onde mais dói?) • Fator de piora e melhora (melhora/piora quando você faz algo específico?) • Frequência ou periodicidade (de quanto em quanto tempo sente a dor?) • Duração (há quanto tempo começou?) • Caráter ou qualidade (aperto, queimação, em pontadas...) • Sintomas associados (junto com a dor, a sra. Sente alguma coisa? A dor foi o primeiro sintoma da sra.?) • Respostas a intervenção • Estado atual Dor de origem psicogênica • Se caracteriza por ser uma dor que ocorre geralmente em pacientes que apresentam depressão ou ansiedade. • A dor limita-se à região da ponta do coração, costuma ser surda, persistindo por horas ou semanas e acentuando-se quando o paciente sofre contrariedades ou emoções desagradáveis. • Não está relacionada com exercícios e pode ser acompanhada de hipersensibilidade do precórdio. Nas crises de dor, ocorrem também palpitações, dispneia suspirosa, dormências, astenia, instabilidade emocional e depressão. A dor alivia-se parcialmente com repouso, analgésicos, tranquilizantes e placebos Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • Em pacientes que já sofreram infarto agudo do miocárdio (IAM) é tão grande, que eles se alteram emocionalmente com qualquer tipo de dor torácica. Em alguns, torna-se difícil diferenciar a dor precordial isquêmica da dor psicogênica. Dor de origem aórtica Os aneurismas da aorta geralmente não provocam dor, mas a dissecção aguda da aorta determina quadro doloroso importante. • Início súbito • Dor muito Intensa do tipo lancinante • Localização retroesternal • Irradia para pescoço, região interescapular e ombros. Durante a crise dolorosa, o paciente fica inquieto – deita-se, levanta-se, revira-se na cama, adota posturas estranhas, comprime o tórax com um travesseiro, tentando obter algum alívio. A separação das camadas da parede arterial, particularmente da adventícia, com súbita distensão das terminações nervosas aí situadas, estimula as terminações nervosas do plexo aórtico, determinando a dor Palpitações • Consistem na percepção consciente e desconfortável das contrações cardíacas, as quais podem ser irregulares, com aumento ou redução rápida da frequência. • Os pacientes geralmente referem-se como “batimentos mais fortes”, “falhas”, “arrancos”, “paradas”, “tremor no coração”, “coração deixando de bater”, “coração aos pulos”. • Palpitações nem sempre significam arritmia • Podem estar ou não relacionadas a cardiopatias • Durante a realização da anamnese deve-se questionar/ sobre o consumo de café, refrigerantes à base de cola, tabaco ou drogas (princ. Cocaína e anfetaminas.) • Importante diferenciar a taquicardia de palpitação • Devem ser analisadas quanto a frequência, ritmo, horário de aparecimento, modo de instalação e desaparecimento, isto é, se têm início e término súbitos Há três tipos principais de palpitações: ➢ palpitações de esforço – ocorrem durante a execução de esforço físico e desaparecem com o repouso. Nos cardíacos, têm o mesmo significado da dispneia de esforço, sendo comum ocorrerem conjuntamente. ➢ as que traduzem alterações do ritmo cardíaco ➢ as que acompanham os transtornos emocionais • é necessário caracterizar as palpitações em relação a magnitude do esforço, habitualmente escalonado em grandes, médios e pequenos esforços. • Na insuficiência cardíaca, as palpitações, assim como a dispneia, iniciam-se de modo súbito, logo ao se fazer um esforço físico, e desaparecem com o repouso, de maneira gradual e lenta. • De maneira geral, os pacientes relatam batimentos rítmicos, enérgicos e rápidos • Causas de palpitações cardíacas: arritmias, insuficiências cardíacas, miocardites, miocardiopatias • Causas de palpitações não cardíacas: hipertensão arterial sistêmica, hipertireoidismo, anemia, esforço físico, emoções, síndrome do pânico, tóxicas Dispneia • Conhecida como: cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga ou respiração difícil. • é preciso diferenciá-la da astenia e da fatigabilidade, o que se consegue ao perguntar aos pacientes as características de sua queixa. • É um dos sintomas mais importantes dos portadores de cardiopatias e significa a sensação consciente e desagradável do ato de respirar Apresenta-se de duas maneiras: ➢ Subjetiva, que é a dificuldade respiratória sentida pelo paciente→ o paciente relata ➢ Objetiva, que se evidencia pela aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura acessória da respiração (músculos do pescoço na inspiração e músculos abdominais na expiração) → o profissional repara • A dispneia em paciente com uma cardiopatia indica congestão pulmonar. • Mas, é necessário ter em mente as principais causas de dispneia para que seja feito o diagnóstico diferencial a partir de suas características semiológicas • A dispneia da insuficiência ventricular esquerda apresenta características quanto ao tempo de duração, evolução, relação com esforço e posição adotada pelo paciente. A análise da sua relação com esforços deve levar em conta asatividades habitualmente exercidas pelo paciente. • Ortopneia: dispneia que ocorre com o paciente deitado e que melhora quando ele se senta; • Dispneia paroxística noturna: consiste em episódios de dispneia e ortopneia súbitas que despertam o paciente do sono, com uma sensação Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV de sufocamento, obrigando-o a se sentar ou ficar de pé. (sinal patognomônico: IC esquerda – edema agudo de pulmão) obs. pode ser confundida com crises asmáticas noturnas • Durante a crise dispneica, pode haver broncospasmo, responsável pelo aparecimento de sibilos, cuja causa provável é a congestão da mucosa brônquica. Nessas condições, costuma ser chamada de asma cardíaca. • Dispneia periódica (Cheyne-Strokes): caracteriza- se por períodos de apneia, seguidos de movimentos respiratórios, superficiais a princípio, mas que se tornam cada vez mais profundos, até chegar a um máximo; depois, diminuem de amplitude até uma nova fase de apneia, após o que se repetem os mesmos fenômenos. As pausas têm duração variável de 15 a 30 segundos, podendo alcançar até 60 segundos. Quando isso acontece, o enfermo apresenta-se em estado de torpor, sonolento ou inconsciente, as pupilas se contraem (miose), podendo aparecer cianose ao término da fase de apneia. • Dispneia de esforço: é o tipo mais comum na insuficiência ventricular esquerda; conforme sua denominação, aparece quando o paciente executa esforço físico, sendo classificada em dispneia aos grandes, médios e pequenos esforços. A diferença fundamental entre a dispneia de esforço de uma pessoa normal e a de um cardiopata está no grau de atividade física necessário para produzir a dificuldade respiratória. Síncope Caracteriza-se pela perda transitória da consciência seguida por recuperação dela, podendo possuir relação cardíacas e extracardíacas. Causas extracardíacas: síncope neurogênica, hipotensão postural • A síncope neurogênica é o tipo mais comum de desmaio, podendo ser desencadeada por impacto emocional, visão de sangue, dor intensa, lugar fechado e ambiente quente. • Uma de suas principais características é a rápida recuperação ao se deitar o paciente. Em geral, dura poucos segundos. • A perda da consciência pode ocorrer abruptamente ou ser precedida de sensação de mal-estar geral, fraqueza, tonturas, palidez, sudorese, bocejos, desconforto abdominal ou náuseas. • O pulso e a pressão arterial podem estar elevados, caindo gradativamente, sem chegar a níveis abaixo do normal. • o mecanismo da síncope neurogênica é o desvio do sangue para os músculos, em consequência de queda da resistência periférica por vasodilatação. Do ponto de vista neurovegetativo, há inibição generalizada do tônus simpático com aumento relativo da atividade vagal. Por isso, costuma ser designada de síncope “vasovagal”. A síndrome de stoke-adams se caracteriza por perda da consciência (episódios de síncopes), acompanhada ou não de convulsões resultantes de arritmias cardíacas (geralmente com bradicardia). Cianose • Caracterizada pela coloração azulada da pele e das mucosa devido ao aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar, chegando a 5g por 100mL Pode ser classificada em quatro tipos: ➢ A periférica é aquela em que apenas a pele apresenta uma coloração azulada, permanecendo rosadas a língua e a mucosa oral. ➢ Na central, tanto a pele como a língua e a mucosa oral apresentam uma coloração azulada, porque há uma descida da quantidade de oxigénio no sangue que circula pelo corpo (circulação sistêmica). ➢ A cianose mista é assim chamada quando se associam os mecanismos responsáveis por cianose central com os da periférica. Exemplo típico é a cianose da insuficiência cardíaca congestiva grave, na qual, além da congestão pulmonar que impede uma oxigenação adequada do sangue, há estase venosa periférica com grande perda de oxigenação. A diferenciação entre a cianose central e a periférica pode apresentar dificuldade. ➢ A cianose por alteração da hemoglobina deve-se a alterações bioquímicas que impedem a fixação do oxigênio pelo pigmento. A existência de meta- hemoglobina dificulta a oxigenação porque estes derivados da hemoglobina não são facilmente dissociáveis, tendo perdido sua afinidade pelo oxigênio; produzem uma coloração azul acinzentada. Essa alteração surge pela inalação ou ingestão de substâncias tóxicas que contêm nitritos, fenacetina, sulfanilamida, anilinas • O baqueteamento (sinal caracterizado pelo aumento (hipertrofia) das falanges distais dos dedos e unhas da mão que está associada a diversas doenças, a maioria cardíacas e pulmonares) sem cianose é frequente em pacientes com endocardite infecciosa aguda. Já a combinação cianose com baqueteamento Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV é frequente em pacientes com certos tipos cardiopatias congênitas. • A pigmentação e a espessura da pele modificam o aspecto da cianose, podendo mascará-la completamente. • A impregnação da pele por bilirrubina dificulta o reconhecimento da cianose. • A inspeção deve ser feita nos lugares em que a pele é mais fina e em áreas ricas de capilares sanguíneos. • Nos casos de cianose intensa, todo o tegumento cutâneo adquire tonalidade azulada ou mesmo arroxeada. • Quando é discreta, restringe-se a determinadas regiões. Deve-se investigar se aparece ou piora após esforço físico Edema • As expressões “inchaço” e “inchume” são as mais usadas pelos pacientes para relatar este sintoma, mas elas podem designar, também, crescimento ou distensão do abdome (p. ex., “inchaço na boca do estômago”) • É o resultado do aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo • O edema pode ser localizado ou sistêmico • A causa básica do edema cardíaco é a insuficiência ventricular direita por aumento da pressão hidrostática associada à retenção de sódio; • Quando sua origem é cardíaca, outros sinais de insuficiência direita aparecem, tais como ingurgitamento das jugulares, refluxo hepatojugular e hepatomegalia • Nos casos em que há lesão da valva tricúspide e na pericardite constritiva, a ascite predomina sobre o edema das extremidades. SINAL DE GODET OU CACIFO é a depressão que se forma na pele após a compressão desse local, por meio dos dedos das mãos, indicador e polegar, fazendo um movimento de pinça ou contra a estrutura óssea. Astenia • É uma sensação de fraqueza generalizada. • Esta expressão define um sintoma de caráter subjetivo, que tem como base uma impotência motora funcional. • Está presente na maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio. • A queixa de fraqueza ou cansaço pode ser confundida com dispneia, quando não se faz uma anamnese correta. • Nos pacientes com insuficiência cardíaca, a astenia relaciona-se principalmente com a diminuição do débito cardíaco e com oxigenação insuficiente dos músculos esqueléticos. • A astenia dos cardiopatas pode estar relacionada também com atrofia muscular, seja em razão da própria insuficiência cardíaca ou por falta de exercício físico. • Por fim, a inapetência causada por digital ou outros medicamentos provoca a redução de ingestão de alimentos, o que muito contribui para a astenia dos cardíacos. Referências: • BICKLEY, L.S. BATES – Propedêutica Médica. 12ª ed. Guanabara Koogan, 2018. • PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019
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