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Doenças do Intestino: Síndromes Má Absortivas, Infarto Intestinal e Mega Colón Relembrando • Temos intestino grosso e o delgado • Intestino delgado: é a maior parte onde temos principalmente a absorção de nutrientes, fármacos, água.... – Qualquer cenário de doença nessa porção o sintoma principal é a diarreia • Intestino grosso: chegada do alimento mais seco (fibra na alimentação é muito importante) para realizar de fato a formação do bolo fecal, esses cólon possuem tênias (dobrinhas) para fazer auxiliar o peristaltismo na condução do bolo fecal. • Infecção urinaria alta (inflamação) ou o movimento do útero nas cólicas, qualquer movimento perto do intestino estimula ele a aumentar o peristaltismo • Órgão cabível de ser transportado, porém o corpo do transplantado demora entender e a desnutrição é a principal preocupação Temos uma mucosa bem resistente no esôfago, que se prolonga para o estomago que modifica para aguentar o HCL e a quebra do alimento para ser enviado para o duodeno que possui vilosidades que aumentam a superfície de absorção Diarreia • Definida como o aumento na massa, frequência ou fluidez das fezes, tipicamente para volumes maiores do que 200 mL por dia • Casos graves, o volume das fezes pode exceder 14L por dia e, sem reposição volêmica, resulta em morte – exemplo doença de cólera • Cenário mais grave decorrente da diarreia aguda seria o choque hipovolêmico, causado pela desidratação extrema – quando estamos com diarreia ficamos mais “fracos” pois com a falta de líquido afetamos o volume sistólico junto com o débito cardíaco, o sangue fica mais concentrado (devido a perca liquida), porém o coração começa a bater mais rápido na tentativa de compensar levando a taquicardia • A diarreia dolorosa, sanguinolenta, de pequeno volume, é conhecida como disenteria Diarreia pode ser classificada em quatro categorias principais: 1. Diarreia Secretora: é caracterizada por fezes isotônicas e persiste durante o jejum. Resulta da hipersecreção de água e eletrólitos pelo enterócito, mantendo uma elevada taxa de transporte de líquido das células epiteliais para o lúmen do TGI. Levando ao aumento da secreção e bloqueio da absorção de fluidos e eletrólitos. 2. Diarreia Osmótica: tal como aquela que ocorre com deficiência de lactase, é devida às forças osmóticas exercidas por solutos luminais não absorvidos e leva a retenção de água – equivalente a secretora, porém especifica a esses nutrientes não absorvidos 3. Diarreia Disabsortiva: causada pela absorção inadequada de nutrientes está associada a esteatorreia e é aliviada por jejum 4. Diarreia Exsudativa: é causada por doença inflamatória, caracterizada por fezes purulentas, sanguinolentas, que continuam durante o jejum Má absorção de Nutrientes 1. Digestão intraluminal: em que proteínas, carboidratos e gorduras são degradados em formas absorvíveis – não está absorvendo como o correto • Exemplo: Insuficiência pancreática (levando a deficiência proteica), doença hepatobiliar ou proliferação bacteriana intraluminal 2. Digestão Terminal: que envolve a hidrólise de carboidratos e peptídeos por dissacaridases e peptidases, respectivamente, alterações nas células de borda em escova da mucosa do intestino delgado; • Exemplo: Deficiência de Lactase e intolerância ao glúten 3. Transporte Transepitelial: em que nutrientes, líquido e eletrólitos são transportados pelo epitélio do intestino delgado e processados nele. • Exemplo: Doença Celíaca (não permite a absorção do líquido) 4. Transporte Linfático: de lipídios absorvidos. • Exemplo: Anomalias congênitas, Neoplasias, Traumatismo, Doenças infecciosas. Manifestações Clínica • Esteatorreia • Flatulência • Dor abdominal • Perda de peso. • Má Absorção • Anemia e mucosite devido à piridoxina (deficiência Vit. B6), folato (deficiência Vit. B9) ou deficiência de Vit. B12 • Sangramento devido à deficiência de Vitamina K • Osteopenia e tetania devidas ao cálcio, magnésio ou deficiência de Vit. D • Neuropatia devida à deficiência de Vitamina A ou Vitamina B12. Situação Clinicopatológica 1 Doente do sexo masculino, 20 anos, estudante, caucasiano, natural e residente no interior de SP. Saudável até uns 6 meses atrás, altura em que recorre ao médico assistente por diarreia aquosa, mais de 10 dejecções/dia, surgindo igualmente durante a noite, sem sangue ou muco, mas por vezes com restos alimentares, associada a dores articulares (de predomínio nos joelhos e tornozelos), edemas dos membros inferiores e emagrecimento (cerca de 10 kgs em 1 mês - de 66 Kgs para 56 Kgs - IMC: 17,28kg/m2). Ao exame apresentava-se emagrecido, com secura da pele e mucosas. Sem icterícia. A tiroide era palpável, com características normais. Sem alterações na auscultação pulmonar e cardíaca. O abdómen apresentava timpanismo generalizado à percussão, sem evidência de massas palpáveis. Realizou EDA (endoscopia digestiva alta para vê a região do piloro e duodenal) Pela endoscopia observamos uma inflamação generalizada na mucosa Edema bilateral dos membros inferiores com Godet. Não foram identificadas adenomegalias cervicais, axilares ou inguinais de significado clínico. Não foram identificadas lesões cutâneas ou alterações das fâneras. A avaliação laboratorial revelou anemia (Hgb: 10,7g/dl) normocrómica e normocítica; Htc: 33,3%; VGM: 76,4fl; GB: 4320; Plt: 273000 e elevação da VS (40mm/1ah). A Prot C reactiva encontrava-se elevada (49,4mg/L) – padrão de inflamação liberada pelo fígado - Apresentava hipoproteinemia (56,3g/l) com hipoalbumina (30,7 g/l) – não está absorvendo - Colesterol total e triglicerídeos normais. O exame bacteriológico e parasitológico de fezes, com pesquisa de toxina de Clostridium Difficile, foi negativo. Os anticorpos anti-gliadina foram normais (2,2 mgA/L), mas os anticorpos anti- transglutaminase encontravam- se muito elevados (198,7 UA) - possível diagnostico pelos exames: doença celíaca sistêmica (mais grave que a intolerância ao glúten) – quanto maior contato com o glúten pior fica o epitélio destruindo toda as vilosidades gerando uma inflamação absurda Biopsia: estudo anatomopatológico do produto de biopsia duodenal revelou "retalhos de mucosa totalmente desprovidos de vilosidades e com marcada hiperplasia das criptas. No corion observa-se infiltrado inflamatório polimórfico, de predomínio linfo-plasmocitário Perguntas 1) Quais alterações macroscópicas e microscópicas observadas? 2) Qual é o provável diagnóstico ou processo patológico envolvido? 3) Explique a fisiopatologia da doença. 4) Qual a principal alteração clínica é observada em decorrência a esta alteração? 5) Qual a etiopatogenia? Síndromes de Má Absorção- Doença celíaca • Doença celíaca = Enteropatia imunomediada desencadeada pela ingestão de cereais que contêm glúten • Marca registrada: diarreia crônica + esteatorréia • Absorção defeituosa de gorduras, vitaminas lipo e hidrossolúveis, proteínas, carboidratos, eletrólitos e minerais e água. • Pode haver perda de peso, anorexia, distensão abdominal e fraqueza muscular. • Evacuação volumosa, espumante e de cor amarela. • Criança: distúrbio do crescimento devido a baixa nutrição Fisiopatologia • Enteropatia mediada pelo sistema imunológico • Gatilho: ingestão de alimentos que contêm glúten (trigo, centeio ou cevada) ou indivíduos geneticamente predispostos. • Risco de neoplasia maligna: Linfoma T ou Adenocarcinoma • Pesquisamos os anticorpos anti-gliadina e anticorpos anti- transglutaminase, pois elas fazem parte do processo se sensibilização uma vez que o paciente entrou em contato com o glúten. • Ao chegar na mucosa intestinal o glúten ativa a gliadina e a transglutaminasee uma vez que ele faz essa ativação na doença celíaca o nosso corpo produz anticorpos contra a gliadina e a transglutaminase gerando uma resposta contra o próprio organismo levando ao processo inflamatório com resposta TH1, interferons e citocinas inflamatórias - devido a essa inflamação a mucosa perde suas vilosidades Resumo da fisiopatologia: • As lesões intes3nais iniciam-se pelo reconhecimento de antígenos da gliadina, que estimulam a resposta imunitária, mediante expressão de IL-15 nos enterócitos. • IL-15 promove ativação de linfócitos intraepiteliais (CD8+) citotóxicos que agridem os enterócitos e estimulam a expressão de MIC-A (molécula da classe I do MHC). • Lesão de enterócitos favorece a penetração da gliadina na lâmina própria, onde sofre desamidação pela enzima transglutaminase, o que aumenta a imunogenicidade dos peptídeos gerados. • Antígenos derivados da gliadina ligam-se a moléculas HLA DQ2 ou DQ8 e são apresentados a linfócitos T CD4+, que liberam citocinas (p. ex., IFN-γ), que induz resposta inflamatória OBS: Com a idade nosso sistema imunológico pode não reconhecer mais o glúten, ou em uma dieta exclusiva de glúten sem o contato com muito tempo depois que volta a dieta podemos ter a desenvolvimento dessa doença Situação Clinicopatológica II Uma mulher de 34 anos, mãe de três filhos, apresenta-se ao médico da família com história de 3 semanas de cólicas abdominais em ambos os quadrantes inferiores. Ela vinha apresentando frequentemente fezes pequenas e moles, acompanhadas por muco, mas sem sangue. Seus sintomas melhoram com as evacuações ou com a passagem de gases. Ela vinha apresentando sintomas quase todo mês desde que estava na faculdade, mas eles vêm piorando recentemente. Ela não tinha história anterior, exceto três gestações normais. A história familiar é negativa para câncer de cólon. Ela tem uma irmã com sintomas semelhantes, mas que não foi ao médico. A história pessoal/social revelou que ela é contadora, e que trabalha por muitas horas. Sua empresa está prestes a se fundir com outra, e ela teme perder o emprego. A revisão dos sistemas é negativa. Ela não perdeu peso nem teve nenhum outro sintoma constitucional. No exame físico, o único achado é uma leve sensibilidade no quadrante inferior direito. Não se percebe nenhuma massa. Situação Clinicopatológica III Uma dona-de-casa de 40 anos de idade reclama de constipação constante. Ela vinha apresentando problemas desde os 20 anos de idade, mas eles estão piores agora. A constipação é acompanhada de distensão abdominal e dor abdominal, e o desconforto só melhora quando ela tem movimento intestinal. A pedido de sua ginecologista, ela vinha experimentando mais fibras em sua dieta, incluindo frutas frescas e verduras, mas isso só fez a distensão abdominal piorar. Sua história anterior incluía uma colecistectomia e uma histerectomia. O exame físico é totalmente normal. O exame retal revela fezes com consistência normal. O exame de fezes foi negativo para sangue oculto. Os dois casos temos síndrome da má absorção e síndrome do intestino irritado Questões 1. Quais alterações macroscópicas e microscópicas observadas? 2. Qual é o provável diagnóstico? 3. Explique a fisiopatologia da doença. Síndrome de má absorção do intestino irritado • Transtorno funcional de caráter crônico que acomete até 15% da população brasileira entre 15 • e 65 anos, sendo mais prevalente em mulheres. • É uma doença comum, conhecida como um diagnóstico de exclusão • Tradicionalmente, é considerada uma doença do eixo cérebro-intestino - relação com o SNC dos plexos mioentérico e submucoso • A relação da doença com histórias de traumas, abusos na infância e valores aumentados de • “hormônios do estresse”, como o hormônio liberador de corticotropina (CRH), assim como sua associação com transtorno ansiosos e depressivos corroboram com essa teoria. • Entretanto, mais da metade dos casos de iniciam com sintomas intestinais, posteriormente, mas não necessariamente, evoluindo com sintomas psicológicos • Relação com histórias traumas, - nossa mente interfere diretamente no controle emocional Sintomas • Dor abdominal, flatulência, distensão, sensação de evacuação incompleta e estufamento • Sintomas graves (25%): mulheres e jovens • Angústia severa e catastrofismo • Associação com doenças psiquiátricas (chega a 77%) • Associação com ciclo menstrual e estresse Patogenia: • Alterações da motilidade gastrointestinal o Freq. e irregularidade de contracções gastrointestinais o T. trânsito no SII- Obstipação o Resposta CCK e pós-prandial no SII- Diarreia • Disfunção psico-social (Cor.cotropin Releasing Factor) o Eventos stressantes o Ansiedade, depressão, fobias, somatização • Genética o Gémeos monozigóticos = gémeos dizigóticos o Frequência em familiares • Hipersensibilidade visceral (SN entérico e/ou SNC) o Limiar doloroso à distensão de balão • Inflamação intestinal (> linfócitos, mastócitos, citoquinas) Diagnóstico Clínico • Devendo ser evitado o uso desnecessário de exames complementares invasivos e dispendiosos. • De acordo com os critérios de ROMA IV, na ausência de sinais de alarme, o diagnóstico deve ser feito baseado na presença de dor ou desconforto abdominal associado a evacuação, com mudança em hábitos intestinais (mudança na forma das fezes e/ou na frequência das evacuações) por no mínimo uma vez na semana, nos últimos três meses. Subclassificação de SII • SII-C (subtipo Constipação): >= 25% fezes sólidas ou fragmentadas e <25% pastosas ou líquidas • SII-D (subtipo Diarreia): >= 25% pastosas ou líquidas e <25% sólidas ou fragmentadas • SII-M (subtipo Misto): sólidas e fragmentadas >=25%, pastosas ou líquidas >= 25% • SII forma indeterminado Escala de Bristol OBS: o intestino irritado do ponto de vista patológico, não tem uma afirmação de etiologias, temos raciocínios que apoiam a descrição da doença Situação Clinicopatológica IIII Uma mulher de 25 anos apresenta uma história de 10 anos de diarreia intermitente, distensão abdominal, dor abdominal e flatulência. Seus sintomas se agravaram recentemente. Ela acredita que a mudança nos sintomas pode estar relacionada ao aumento da ingestão de leite nos últimos meses. Antigamente, ela consumia quantidades moderadas de produtos lácteos perecíveis, mas pouco leite. Ela tem uma história prévia de eczema e asma (usa inaladores de salbutamol conforme necessário) e foi diagnosticada com síndrome do intestino irritável (SII) pelo médico da família há vários anos. A história familiar revela que sua única irmã foi diagnosticada com SII e intolerância à lactose. O exame abdominal revela um abdome levemente distendido. Os resultados do exame de sangue oculto nas fezes são negativos. Deficiência de Lactase • Lactose é um dissacarídeos, que é quebrado pela enzima lactase em d-galactose e d-glucose nos enterócitos (das bordas em escova) Patogenia • Os dissacarídeos normalmente são quebrados em monossacarídeos pelas dissacaridases (p. ex., lactase, maltase, isomaltase, sacarase[invertase]) localizadas na borda em escova dos enterócitos. • Dissacarídeos não digeridos aumentam a osmolaridade, o que atrai água e eletrólitos para o intestino, produzindo diarreia aquosa. • A fermentação bacteriana dos carboidratos no cólon produz gases (H2, CO2 e metano), resultando em flatulência excessiva, distensão, desconforto e dor abdominal. Etiologia: 1. Deficiência congênita de lactase é um transtorno autossômico recessivo causado por uma mutação no gene que codifica a lactase. 2. Deficiência adquirida de lactase é causada por infrarregulação de expressão gênica da lactase. • A deficiência adquirida de lactase (hipolactasia primária doadulto) é a forma mais comum de intolerância a carboidratos. Os níveis de lactase são altos em neonatos, permi3ndo a digestão do leite em muitos grupos étnicos os níveis caem no período pós-desmame fazendo com que crianças maiores e adultos não consigam digerir quantidades significativas de lactose. 3. Deficiência secundária de lactase ocorre em condições que danificam a mucosa do intestino delgado (p. ex., doença celíaca, infecções intestinais agudas). Diagnósticos diferenciais Obs: lembrar que a deficiência a lactase é diferente de alergia a proteína do leite (caseína), sendo a última mais grave do ponto de vista de sinais e sintomas sistêmicos Obs: fibrose cística é mutação de um gene relacionado ao transporte de membrana intraepitelial. Levado a alterações no suor, respiratório (catarro fluido) e no intestino gera uma alteração na digestão intraluminal – diagnosticada no teste do pezinho Situação Clinicopatológica V Paciente do sexo feminino, 76 anos, com história de diabetes, constipação crônica e ressecção segmentar de transverso há 10 anos por adenoma não ressecável por colonoscopia. Foi internada com quadro de distensão e dor abdominal difusa há 2 dias e sem evacuar há 5 dias. Nos dias anteriores ao início dos sintomas relatava evacuações a cada 2 dias, sempre em pequena quantidade. A paciente estava em bom estado geral, abdome distendido com ruídos presentes (boa motilidade) e desconforto à palpação difusamente, sem sinais de peritonite e sem massas palpáveis. No toque retal não se notavam lesões e não havia fecaloma tocável. Os exames laboratoriais mostravam eletrólitos, amilase e função renal normais. Hemograma com hemoglobina normal, mas com 17000 leucócitos, sem desvio à esquerda (processo inflamatório). Realizou tomografia de abdome total com os seguintes achados Fecaloma • Fecaloma: fezes endurecidas • Patologia comum e potencialmente fatal. • Todos os grupos etários à Crianças, pacientes acamados e idosos são as populações que estão sob maior risco, além dos paciente acamados ou com traumas psicológicos • A impactação geralmente ocorre na presença de constipação severa, anormalidades anorretais e nas disfunções neurogênicas e funcionais gastrointestinais Obs: muito comum em caso de abuso de idosos e crianças, importante ressaltar que o médico tem o dever de notificar o caso ocorrido independente de pedirem. Volumoso fecaloma no cólon direito. Presença de pneumoperitônio. Ausência de líquido livre Importância clínica: esse fecaloma pode evoluir a ponto de romper a alça intestinal, o que levaria a uma infeção geral peritônio evoluindo para uma sepse gravíssima. Colonoscopia: Volumoso fecaloma impactado no cólon transverso. Foi realizada infusão lenta de 1000 ml de soro fisiológico morno com amolecimento do fecaloma, permitindo a passagem do aparelho através da área de obstrução e descompressão do cólon direito que também apresentava grande quantidade de resíduos fecais. O local de impactação apresentava sinais de isquemia e necrose da mucosa. Relato de um caso clínico: No intraoperatório foi identificada grande área de necrose no ceco, ainda sem perfuração e outro ponto de necrose no cólon transverso. Foi realizada uma colectomia direita ampliada (ceco, ascendente, transverso residual e descendente). Como a paciente estava estável hemodinamicamente, sem anemia, o intestino delgado e o sigmoide não estavam distendidos e não havia contaminação da cavidade foi realizada anastomose primária íleo sigmoide. A paciente apresentou uma boa evolução no pós-operatório, recebendo alta da UTI no 5º pós-operatório com evacuações presentes e recebendo dieta via SNE. Situação Clinicopatológica VI Paciente, 78 anos, com antecedente de valvulopatia (insuficiência ou estenose mitral, aórtica ou pulmonar) e fibrilação atrial (onda p do eletro – átrio) - ventrículo não está trabalhando direito - Foi levado para emergência com dor abdominal difusa, aguda (< 6horas) refratária à medicação, desproporcional ao exame físico e vômitos. Ao exame físico o médico observou na ausculta abdominal sons peristálticos diminuídos quase ausentes e espasmo muscular criando uma espécie de rigidez semelhante a uma prancha da parede abdominal. Realizou exames laboratoriais e angiotomografia abdominal que determinou o diagnóstico – exame menos invasivo, mais rápido e ampliado Relembrando vascularização do Intestino Artéria Mesentérica Superior, responsável pela irrigação: • Porção distal do duodeno • Jejuno • Íleo • Ceco • Apêndice vermiforme • Cólon ascendente • 2/3 iniciais do cólon transverso. Artéria mesentérica inferior, responsável pela irrigação: • 1/3 do cólon transverso (distal) • Colón descendente • Colón sigmoide • Reto • Porção superior do canal anal. Obs: a Art. mesentérica superior tem origem no tronco celíaco (ramo da aorta abdominal) e a Art. mesentérica inferior tem origem na própria aorta abdominal Drenagem venosa: as veias possuem praticamente os mesmos nomes das artérias. • V. Mesentérica inferior → esplênica → hepática • V. Mesentérica superior → hepática Isquemia Intestinal • Os infartos intestinais podem ocorrer tanto de trombos venosos quanto arteriais – gira em torno das artérias e veias mesentéricas • Infarto intestinais são vermelhos, devido a alta vascularização colateral Lesão isquêmica na parede do intestino • Infarto da mucosa, estendendo-se não mais profundamente do que a muscular da mucosa. Geralmente ocorre por hipoperfusão aguda ou crônica, a mucosa é hemorrágica e muitas vezes ulcerada e a parede do intestino é espessada por edema. • Infarto mural de mucosa e submucosa. Ocorre devido também a hipoperfusão aguda ou crônica, em casos grave, as alterações patológicas incluem hemorragia extensa da mucosa e submucosa, e necrose. • Infarto transmural, envolvendo todas as três camadas da parede e sua causa é devido a uma obstrução vascular aguda e em torno de 6 horas já temos todo um cenário clínico complicado. Camada muscular e serosa acometidas com muco corado de sangue ou o sangue acumula-se dentro da luz, levando a uma necrose coagulativa da muscular própria em 1-4 dias e pode ser associada a serosite purulenta e perfuração. Causas do infarto intestinal: Obstrução Arterial Aguda e Crônica • Aterosclerose grave (origem dos vasos mesentéricos) • Aneurisma da aorta • Estados de hipercoagulabilidade • Uso de anticoncepcional • Embolização de vegetações cardíacas ou ateromas aórticos Hipoperfusão Intestinal • Insuficiência cardíaca, choque, desidratação ou fármacos vasoconstritores. Causas Menos Comuns: • Vasculites Sistêmicas à poliarterite nodosa (autoimune), púrpura de Henoch-Schönlein (pele e intestino) ou granulomatose de Wegener (autoimune) • Demais (geralmente trombo venoso): neoplasias invasivas, cirrose, hipertensão portal, traumatismo ou massas abdominais que comprimem a drenagem portal. Obs: Quando nos deparamos com um paciente com um abdômen marmóreo (pele marmórea = paciente com o corpo pálido e veias ressaltadas) é um sinal de óbito, pois não tem como reverter o estado hemodinâmico daquele paciente. Patogenia • Lesão por hipóxia: ocorre no início do comprometimento vascular e, embora ocorra algum dano, as células epiteliais intestinais são relativamente resistentes à hipóxia transitória. • Lesão de reperfusão à Restauração do suprimento sanguíneo → envolvem a produção de radicais livres, infiltração de neutrófilos e liberação de mediadores inflamatórios, como proteínas do complemento e citocinas Curiosidades: • Os infartos intestinais são hemorrágicos (vermelhos), independentemente da origem arterial ou venosa do comprometimento vascular, em razão de reperfusãoda área isquêmica a partir de ramos colaterais (arcadas mesentéricas). • Os infartos transmurais ocorrem predominantemente no jejuno distal e no íleo. • Já no intestino grosso a região da flexura esplênica do cólon é mais acometida (região limítrofe de irrigação pelas artérias mesentérica superior e mesentérica inferior) Macroscopia • Nos estágios iniciais, o intestino infartado fica intensamente congesto e escuro ou vermelho vinhoso com focos de palidez multiforme na submucosa ou na mucosa. • Com o tempo, a parede fica edemaciada, espessada, elástica e hemorrágica. • Dentro de 1 a 4 dias as bactérias intestinais produzem uma gangrena intensa. Infarto Mural da Mucosa e Submucosa • A necrose compromete somente a mucosa e a submucosa, poupando as camadas musculares e a serosa. • Causa principal é baixa perfusão tecidual associada a estados de choque ou insuficiência cardíaca. Macroscopia: • Há necrose de coagulação e hemorragia na mucosa, que podem estender-se à submucosa. • A necrose pode afetar somente o topo das vilosidades ou comprometer a região interna da parede muscular (infarto mural); no entanto, as camadas muscular e serosa ficam preservadas. • Pode haver discreta resposta inflamatória. Quando há infecção bacteriana secundária, a lesão pode assumir aspecto de inflamação pseudomembranos à especialmente no cólon Infarto transmural • Microscopia à partir de 15 a 18 h após o início da isquemia, caracteriza-se por necrose de coagulação (isquêmica) associada a inundação hemorrágica. • A resposta inflamatória é de intensidade variável. Colonização bacteriana, que se instala do primeiro ao quarto dias, pode provocar gangrena e perfuração da parede intestinal. Situação Clinicopatológica VII Recém-nascido pré-termo do sexo masculino, com 48 horas de vida apresentou redução na aceitação de leite materno, ausência de evacuação e distensão abdominal. Foi internado na UTI neonatal, e após avaliação clínica, foi formulada a hipótese diagnóstica de obstrução intestinal baixa do RN, sendo realizadas radiografia simples de abdome e clister opaco. Megacólon Aganglionar Congênito • Chamado também de ou Doença de Hirschsprung • 01 de cada 5.000 nascidos vivos • Defeito congênito na inervação do cólon: não conseguem liberar o mecônio • Recém-nascidos que não conseguem eliminar o mecônio no período pós-natal imediato e depois apresentam obstipação obstrutiva. • Complicações: enterocolite, distúrbios hidrelele- trolíticos, perfuração e peritonite. Patogenia • O plexo entérico neuronal desenvolve-se a partir de células da crista neural que migram para a parede do intestino durante a embriogênese. • A migração normal de células da crista neural do ceco ao reto é interrompida à isso produz um segmento distal do intestino que não tem nem o plexo submucosal de Meissner nem o plexo mientérico de Auerbach (“aganglionose”). • Contrações peristálticas coordenadas estão ausentes, e a obstrução funcional sub-sequente resulta em dilatação proximal ao segmento acometido. • A patogênese da doença de Hirchsprung não é conhecida. Mutações no proto-oncogene RET são identificadas em 50% dos casos familiares e em 15% dos casos esporádicos • A região aganglionar pode ter aparência macroscopicamente normal ou contraída, enquanto normalmente o colón proximal inervado pode passar por dilatação progressiva como resultado da obstrução distal Megacólon adquirido • No Brasil à Doença de Chagas. • A patogênese da lesão é a destruição dos neurônios dos plexos nervosos mioentéricos associada à infecção pelo Trypanosoma cruzi. • Outras causas: Dilatação tóxica do cólon como complicação de colite ulcerativa idiopática; Dilatação funcional relacionada com distúrbios psicossomáticos. Possíveis Causas de Obstrução Mecânica
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