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Administração da produção KOFFI DJIMA AMOUZOU 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Koffi Djima Amouzou Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Capítulo 1 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ...............................9 Capítulo 2 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS ........................................ 26 Capítulo 3 LOCALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE MANUFATURAS E SERVIÇOS ................................................................. 52 Capítulo 4 LAYOUT DE INSTALAÇÕES DE MANUFATURA E SERVIÇOS E BALANCEAMENTO DE LINHAS DE MONTAGEM................................................................................................................................................................... 75 Capítulo 5 GERENCIAMENTO DAS FILAS DE ESPERA .......................................................................................................... 91 Capítulo 6 GERENCIAMENTO DE PROJETOS: TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PROJETOS ....................................................................................................................................................................103 Referências ........................................................................................................................................................................121 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORGANIZAÇÃO DO LIVRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Muitos alunos não se dão conta da importância da matéria de Administração da Produção no curso graduação em administração até o momento em que se tornam profissionais na área em uma empresa de serviços ou de manufatura de produtos. O fato é que o especialista administração da produção deveria realmente possuir, em função da evolução da tecnologia de informação, conhecimento adequado das melhores práticas em gestão de processos, previsão, controle da qualidade e planejamento de demanda para aplicar corretamente muitas ferramentas e softwares de produção que encontrará no exercício de sua função. Dessa forma, é muito importante que você compreenda o quanto a função da Administração da Produção contribui para o sucesso geral de uma organização. Existem duas razões para isso. Em primeiro lugar, compreender o quanto os diferentes elementos dentro da função da Administração da Produção encaixam-se na estrutura geral da organização oferecerá a você uma perspectiva mais ampla que, por sua vez, irá permitir-lhe realizar melhor seu próprio trabalho. Além disso, os conceitos e princípios desenvolvidos inicialmente dentro da função de Administração da Produção têm aplicação em todas as áreas funcionais da organização, seja de serviço ou de manufatura de produtos. Compreender e aplicar essas ferramentas e conceitos pode melhorar sua habilidade de ser eficaz e eficiente na forma como deseja conduzir seu trabalho, no exercício da sua profissão de administrador. A Administração da Produção está muito relacionada à área de Logística por fazer parte da cadeia de logística como a unidade de produção da cadeia, além das demais unidades de suprimento e distribuição. A Administração da Produção constitui o elemento primordial para análise da eficiência, eficácia, efetividade economicidade e da avaliação do desempenho ecológico, assim como da produtividade da cadeia de logística de uma organização, por ser capaz de fornecer os conceitos e elementos necessários para avaliação do desempenho de uma linha de produção ou de um processo em manufatura e serviços. Esses são os motivos que justificam aqui a importância da disciplina no exercício da função de Administrador. Estudar essa disciplina aumentará, sem dúvida, suas habilidades de analisar informações e tomar decisões racionais quanto ao desenvolvimento de estratégias de produção desde uma linha de produção de produto à oferta de um serviço. 7 Objetivos » Introduzir os conceitos, fundamentos e princípios que englobam a área de administração da produção e suas relações com as demais áreas da cadeia de logística de uma organização. » Identificar algumas ferramentas de gestão de processos de produção que podem ser aplicados a uma ampla variedade de situações de tomada de decisão. » Explicar o papel da tecnologia na Administração da Produção e seu impacto nos diferentes setores . Demostrar que os processos de manufatura e serviço estão se tornando mais integrados nas organizações. » Fornecer um quadro integrado para a compreensão do campo de Administração da Produção como um todo e seu papel na organização. » Fornecer elementos para o desenvolvimento de estratégias de operação e processos de produção nas organizações. 8 9 Introdução Uma melhor administração das operações de uma empresa pode agregar valor por aumentar sua competividade e lucratividade em longo prazo. Importantes decisões sobre operações de empresas devem partir do domínio de conhecimento sobre os princípios, fundamentos e conceitos de Administração. Imagine, por exemplo, que a Intel precisa construir uma fábrica de produção de nanochips de computadores ultravelozes e finos nos próximos anos, esta decisão deve partir da análise da localização da fábrica, dos fornecedores de matéria-prima, de mão de obra mais qualificada possível e de fornecedores de nanotecnologia que a EMBRAER precisará para construir aeronaves comerciais e de operações táticas de última geração com tecnologias modernas, mais velozes e confortáveis nos voos egarantir mais segurança para os passageiros das companhias aéreas no Brasil e no mundo, nos próximos anos. Apesar da crise econômica brasileira e mundial, as companhias áreas precisam alocar mais recursos para atender toda demanda de clientes por viagens aéreas nos próximos meses e como elas devem designar aeronaves de diferentes tamanhos para as rotas de voo, pilotos para as aeronaves e comissárias de bordo? Em todos esses exemplos, os gerentes de produção das empresas devem pensar em diversas variáveis para equacionar problemas para atingir a capacidade máxima de produção em custos reduzidos para garantir o máximo de lucro para as empresas. Ou seja, devem pensar na maneira mais eficiente quanto ao custo para redesenhar a linha de produção e aumentar o volume de produção. O gerente de centro de chamada de emergências de um grande hospital precisa utilizar melhor o quadro de funcionários que atende às chamadas e evitar longas esperas por parte dos usuários dos serviços hospitalares melhorando o atendimento. Esses exemplos são uma demonstração dos problemas enfrentados pelos gerentes de operações de empresas de pequeno, médio e grande porte. Decisões de operações erradas podem prejudicar a competitividade da empresa e aumentar seus custos de produção. Assim sendo, boas decisões podem melhorar o valor agregado a empresa pelo uso e a combinação dos recursos para garantir a lucratividade e o crescimento. Entender então os princípios, fundamentos e conceitos de Administração da Produção é ser capaz de usar uma variedade de ferramentas comuns de 1 CAPÍTULO PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 10 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO tomadas de decisões e abordagens de resolução de problemas para garantir a competitividade e a sustentabilidade econômica e financeira de uma empresa de fomento público ou privado. Objetivos No final do primeiro Capítulo você será capaz de: » Entender as funções da Administração da Produção dentro das perspectivas das definições e seu campo de atuação. » Entender as diferentes maneiras de estudar a administração da produção como um sistema. » Entender os modelos de sistemas de produção. » Entender a produção como uma função organizacional » Entender os diferentes tipos de tomadas de decisões. O que é administração da produção? A Administração da Produção se define sob duas óticas de perspectivas: perspectiva corporativa e da perspectiva operacional. Na ótica da perspectiva corporativa a Administração da Produção é vista de acordo com Davis (2015), como: “a gestão do processo de conversão que transforma insumos, tais como matéria prima e mão de obra, em resultados na forma de produtos acabados e serviços”. A partir dessa perspectiva a Administração da Produção pode ser vista como o gerenciamento dos recursos diretos que são necessários para a obtenção dos produtos e serviços de uma organização. Existem dois pontos de vista na Administração da Produção: a. o ponto de vista corporativa; b. o ponto de vista operacional. Nosso Capítulo vai analisar as duas perspectivas: corporativa e operacional. Sendo assim, nesse primeiro momento nós iremos analisar a Administração da Produção pelo ponto de vista corporativa. 11 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 Administração da Produção no ponto de vista corporativo A Administração da Produção do ponto de vista corporativo pode ser definida como o gerenciamento de dos recursos diretos que são necessários para a obtenção dos produtos e serviços de uma organização. É a gestão do processo de produção que consiste em tomada de decisões de planejamento estratégico, tático e de controle operacional das atividades da organização. Trata-se da definição sobre a estratégia corporativa da organização e identificação das restrições para o desenvolvimento de ações de sustentabilidade da organização. O mercado de consumidor, os clientes dos bens e serviços da empresa dá forma a estratégia corporativa da companhia. A estratégia segundo Davis (2015), está baseada na missão corporativa e basicamente, reflete como a empresa planeja usar todos os seus recursos e suas funções (marketing, finanças e produção) para obter uma vantagem competitiva. A estratégia de produção específica como a empresa irá empregar suas capacidades de produção para apoiar sua estratégia corporativa. De modo semelhante, a estratégia de marketing aborda a forma como a empresa irá vender e distribuir seus bens e serviços e a estratégia de finanças identifica qual a melhor forma de utilizar os recursos financeiros da empresa, como mostrado na figura a seguir que ilustra o papel da Administração da Produção dentro da organização. Figura 1. O Papel da Administração da Produção na Organização. Mercado de Consumidor Estratégia Corporativa Estratégia de Produção Estratégia de Marketing Estratégia de Finanças Fonte: Baseado em Davis, Mark M. Fundamentos de Administração da Produção – Porto Alegre: Bookman Editora, 2015. As decisões gerenciais da função de produção na visão corporativa As decisões gerenciais podem ser divididas em três grandes áreas dentro da função produção na visão corporativa de uma organização: a. decisões estratégicas (de longo prazo); 12 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO b. decisões táticas de médio prazo; c. decisões de planejamento operacional e de controle (curto prazo). A seguir a figura mostrará a estrutura das decisões gerenciais na visão corporativa da organização. Figura 2. Estruttura das Decisões Gerenciais. DECISÕES GERENCIAIS DECISÕES ESTRATÉGICAS DECISÕES TÁTICAS DECISÕES OPERACIONAIS E DE CONTROLE Fonte: elaborada pelo autor. Vamos a seguir, explicar em que consiste cada uma dessas decisões gerenciais na visão corporativa da organização. Decisões estratégicas na visão corporativa da empresa As decisões estratégicas costumam ser de natureza muito ampla visando definir o planejamento estratégico para decisões de longo prazo e abordam aspectos tais como: » Como iremos fazer o produto? » Onde deve se localizar a fábrica? » Qual a capacidade necessária de produção? » Quando deve se ampliar a capacidade de produção? As decisões da Administração da Produção no nível estratégico causam impacto sobre a capacidade de produção da empresa em longo prazo garantindo todas as ações, visando a sustentabilidade da empresa, em termos do grau de adequação com que ela aborda as necessidades de seus clientes. Para a empresa ser bem-sucedida, as decisões estratégicas devem estar alinhadas com a visão corporativa da empresa no tempo. As decisões tomadas no nível estratégico Atenção As decisões estratégicas se referem aos tempos mais longos, costumando ser de vários anos dependendo do ramo de atividade da empresa em questão. 13 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 definem, portanto, as condições de superar os desafios e tendências de risco de mercado ou as restrições sob as quais a companhia deve operar tanto em curto tanto em médio prazo. As decisões táticas na visão corporativa da empresa Por sua vez, as decisões táticas definem as restrições de operações de médio prazo, sob as quais o planejamento operacional e as decisões de controle são tomadas, estas decisões sustentam as ações de sustentabilidade da empresa para garantir as operações de médio prazo, estruturando os resultados e encurtando o prazo de se atingir os resultados de longo prazo nas operações da organização, ajudam a empresa a manter suas operações no médio prazo e as ações do planejamento tático. As decisões de planejamento tático definem as restrições de operações, sob as quais o planejamento operacional e as decisões de controle são tomadas. O planejamento tático aborda basicamente a questão de como enquadrar materiais e mão de obra de forma eficiente,dentro das restrições das decisões estratégicas que foram previamente tomadas. Assim, algumas das questões em que a Administração da Produção se concentra nesse nível são: » De quantos trabalhadores precisamos? » Quando precisamos deles? » Devemos alocar horas extras ou colocar outro turno? » Quando devemos mandar entregar material? » Devemos ter um estoque de produtos acabados? As decisões operacionais na visão corporativa da empresa As decisões operacionais e de controle na visão corporativa da organização são decisões gerenciais que visam o planejamento operacional e as ações de controle da organização. Elas visam a comparação dos resultados ou metas de curto prazo de forma restritivas que as ações imediatas da organização sob a forma de resultados imediatos ou de curto prazo, também respondem questões, tais como: » Em quais tarefas iremos trabalhar hoje ou esta semana? » A quem atribuiremos tais tarefas? » Quais atividades ou trabalhos têm prioridade? 14 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A falta de controle é a razão primordial que leva muitas empresas a falência. Quando os gerentes não têm controle sobre o estoque das lojas de departamento eles precisam pedir um número ideal de materiais para garantir a venda. Caso não possuam o controle sobre o estoque eles serão obrigados a pedir a mais aos seus fornecedores. Há um paradoxo interessante no processo de controle. Controlar implica manter a estabilidade e o equilíbrio, contudo no processo de mudança. A figura a seguir ilustra muito bem isso que em um processo de mudança, precisamos ter domínio de controle de todos os recursos da organização. Figura 3. Objetivos do Controle operacional. CONTROLAR ESTABILIDADE EQUILÍBRIO Fonte: elaborada pelo autor. A seguir, vamos identificar alguns benefícios do controle operacional nas organizações. As vantagens das decisões de controle operacional nas organizações Para identificarmos as vantagens das decisões do controle operacional das organizações, devemos responder a seguinte pergunta: Por que os gerentes devem planejar? Stephen P. Robbins em seus estudos distinguiu as quatro principais razões pelas quais os gerentes devem planejar as operações organizacionais. Atenção As decisões gerenciais com respeito ao planejamento operacional e ao controle são restritas e de curto prazo. 15 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 a. O controle operacional dá direção, reduz o impacto da mudança, minimiza o desperdício e a redundância e fixa os padrões para facilitar o controle. b. O controle operacional estabelece o esforço coordenado. Dá direção ao gerente e aos funcionários. Quando todos os envolvidos sabem para onde vai a organização e qual a sua contribuição individual para alcançar o objetivo, podem começar a coordenar suas atividades, cooperar entre si e trabalhar em equipes. c. Ao obrigar os gerentes a olhar para frente, antecipar-se, considerar o impacto da mudança e desenvolver respostas apropriadas, o planejamento operacional reduz a incerteza e esclarece as consequências das medidas que os gerentes podem tomar com respeito a mudança. d. O plano de controle operacional também reduz as atividades superpostas ou redundantes. A coordenação prévia tende a descobrir desperdícios e redundâncias. Mais adiante, quando meios e fins estiverem claros, as ineficiências se tornarão mais óbvias. Administração da produção de ponto de vista operacional Analisaremos a Administração da Produção sob a perspectiva operacional. Sob esta ótica a Administração da Produção pode ser vista como um conjunto de componentes, cuja função está centrada na conversão de um número de insumos em algum resultado desejado. Essa conversão é denominada por Davis (2015), como o processo de transformação que é mostrado na figura 4 e que costuma ser tratado por núcleo técnico especialmente em organizações de manufatura. A capacidade das empresas de pequeno e médio porte se conectarem em redes, entre si e com grandes empresas, também passou a depender da disponibilidade de novas tecnologias, uma vez que o horizonte das redes se tornou global. Como afirma Manuel Castells em sua obra intitulada a sociedade em rede, “... as redes são e serão os componentes fundamentais das organizações”. Figura 4. Processo de Transformação. Feedback Retroalimentação do processo Outputs Resultados Inputs Insumos PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO 16 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Fonte: elaborada pelo autor. Na figura 4, a capacidade da empresa de competir no mercado passou a depender de como ela transforma os insumos ou inputs em resultados, produtos ou serviços e também de como os processos são organizados de modo que o desempenho da organização seja eficiente; eficaz; efetivo; econômico e ecologicamente correto. Entretanto, de acordo com Peter Drucker, 2015, pai da administração, “a eficiência é o segredo do sucesso em qualquer organização”. Para os administradores, a questão pertinente não é como fazer as coisas direito, e sim como descobrir as coisas certas para fazer, concentrar recursos e esforços para esse fim. Um obstáculo real aos administradores, na prática, é saber o que deve ser feito, e não as atividades rotineiras de como fazer. No processo de transformação um componente pode ser uma máquina, uma pessoa, uma ferramenta, ou um sistema gerencial. Um insumo pode ser uma matéria-prima, uma pessoa ou um produto acabado de outro processo. Algumas transformações são: » física, como na manufatura; » de local, como no transporte; » de troca, como no varejo; » de estocagem, como no armazenamento; » fisiológica, como nos programas de saúde; » informacional, como nas telecomunicações. Indicadores de medição do desempenho do processo de transformação ou de produção O desempenho de uma organização pode ser medido de várias formas. Um dos meios mais comuns são os cinco indicadores de desempenho que consideramos 5E, pois todos começam Atenção As transformações, é claro, não são mutuamente exclusivas. Por exemplo, uma loja de departamento pode: a. permitir que os compradores comprem com melhor preço e qualidade (informacional); b. manter itens em estoque até que sejam necessários (de estocagem); c. vender produtos (de troca). 17 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 com palavras iniciais com a letra E: Eficiência – Eficácia – Efetividade – Economicidade – Ecologia. Há uma diferença bem grande entre esses termos. E então a seguir, iremos analisar esses cinco indicadores de avaliação de desempenho. Figura 5. Indicadores de Avaliação de Desempenho 5E de Um Processo de Produção. INDICADORES DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 5E EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE ECONOMICIDADE ECOLOGICAMENTE CORRETO Fonte: elaborada pelo autor. A seguir vamos entender melhor os indicadores do ciclo de avaliação do desempenho descrevendo os mecanismos que envolvem sua aplicação. Antes de mais nada, é importante esclarecer aqui que esse princípio de avaliação é uma denominação própria minha, portanto o ciclo de avaliação de desempenho 5E é uma denominação do professor Koffi uma vez que na literatura, a maioria somente faz a avaliação voltada para dois itens principais sendo eficiência e eficácia, então consegui aqui reunir cinco indicadores. Eficiência De acordo com Leon C. Megginson da Michigan State University, é a capacidade de um administrador para conseguir produtos em quantidades mais elevados em relação aos insumos necessários para obtê-los. (LEON, C. MEGGIONSON, 2016). Eficiência pode ser considerada como a relação entre insumo e produto (input e output). Um administrador eficiente é aquele que consegue alcançar os resultados ou metas determinadas pela organização. Em outras palavras, um administrador é considerado eficiente quandominimiza 18 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO os custos dos recursos usados no processo de produção para alcançar os resultados previstos pela organização. Dessa forma a palavra eficiência refere-se a quantidade, metas, resultados. Uma organização tem um desempenho eficiente quando tem a capacidade de atender toda sua demanda. A figura define perfeitamente a palavra eficiência. Sendo assim, um processo de produção será considerado eficiente quando consegue alcançar as metas ou resultados da organização com a máxima capacidade de produção a custos reduzidos. Figura 6. Critérios de Eficiência de um Processo de Produção. EFICIENCIA METAS RESULTADOS MÁXIMA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO REDUÇÃO DE CUSTOS Fonte: elaborada pelo autor Saiba Mais A eficiência é a relação entre o que se obteve (output) e o que se consumiu em sua produção (input) medidos na mesma unidade. É usual falarmos em eficiência de sistemas físicos, sempre menor que 1, e de sistemas econômicos, que devem ser maior que 1. Esta relação entre output e input, que chamamos também de produtividade, é muitas vezes denominada eficiência, ou melhor, efetividade que veremos logo a seguir. Se considerarmos um sistema econômico, a eficiência deve ser maior que 100%, isto é, o valor monetário do output deve ser maior que o do input; caso contrário, estará fadado ao desaparecimento ou desperdício de recursos ao longo do processo de transformação. Já os sistemas físicos, como máquinas e instalações, têm eficiência sempre menor, isto é, o menos que 100%, o output, convenientemente medido, é sempre menor que o input, avaliado da mesma forma. 19 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 Exemplo de cálculo de eficiência de processo de transformação Qual é a eficiência de um transformador elétrico que, no processo de redução de tensão de 14.500 volts para 700 volts, recebe energia de 1200 kwh e envia 850 kwh? Resolução Vamos identificar aqui as variáveis de input = 850 kwh e output = 1200 kwh 850Eficiência 0,7083 ou 70,83% 1200 = = Eficácia De acordo com o mesmo autor Leon, a eficácia é a capacidade de um administrador de conseguir resultados certos pela escolha adequada dos objetivos e meios para alcança-los. (MEGGIONSON, 2016). Isto inclui a escolha dos objetivos mais adequados e os melhores meios de alcançá-los. Ou seja, administradores eficazes selecionam as coisas certas para fazer e os métodos certos para alcançá- las. Em outras palavras, a eficácia está relacionada à qualidade dos resultados obtidos, das metas alcançadas, do nível de satisfação dos clientes em relação ao produto ou serviço da organização. A figura mostra então que um processo de produção ou de transformação será considerado eficaz quando os resultados são atingidos com qualidade e garantia de um alto nível de satisfação dos clientes com as melhores combinações de recursos e um nível considerável de vida útil dos produtos ou serviços. Figura 7. Critérios de Eficácia de um Processo de Produção. EFICÁCIA VIDA ÚTIL DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS QUALIDADE DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS ALTO NIVEL DE SATISFAÇÃO DOS CLIENTES MELHORES COMBINAÇÃO DE RECURSOS Fonte: Ilustração Própria. 20 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Efetividade Tecnicamente, a efetividade é a produtividade relativa dos recursos utilizados para alcançar os resultados. Ou seja, um processo de produção é considerado efetivo quando ele usa os recursos com a máxima capacidade projetada de cada insumo ou input, evitando assim, a ociosidade dos recursos, ou ainda melhor, o desperdício dos recursos utilizados no processo de produção. A Figura 8 mostra que a efetividade representa a contribuição relativa de cada insumo ou input aos resultados ou outputs com uso da máxima capacidade projetada dos recursos, sem desperdício, nem ociosidade . Quando cada insumo ou input, seja na sua forma de recursos financeiros, materiais e ou pessoas devem contribuir com total capacidade no processo de produção da organização como um todo. Sendo assim, Efetividade significa produtividade parcial, ou seja, a relação entre o que foi produzido e o consumido de um dos insumos (recursos) utilizados. Por exemplo, a produtividade da mão de obra ou de capital é uma medida de produtividade parcial. i i Produtividade Parcial OutputPP Inp ut == Onde é o input do insumo i. e PPi a produtividade parcial ou relativa de um insumo i. Da mesma forma podemos determinar a Produtividade Total do processo pela seguinte fórmula. Produtividade Total OutputPT I t npu == Onde input de todos os insumos utilizados para produzir o output. Exemplo de cálculo de produtividade parcial Determine a produtividade parcial da mão de obra de uma empresa que faturou R$80 milhões no ano fiscal de 2016, no qual seus 240 colaboradores trabalharam em média 180 horas por mês. Atenção O termo produtividade é hoje exaustivamente usado, como a capacidade para produzir, ou seja, a relação entre o resultado (output) e os recursos empregados para produzi-lo (inputs) medindo assim a efetividade do processo de produção. 21 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 Resolução Lembre-se que estamos calculando a produtividade anual da mão de obra da empresa e ainda mais a produtividade parcial considerando o insumo ou input (mão de obra) sendo assim o total de horas trabalhadas por ano será: Mão de obra (input ) 240 colaboradores x 180 horas/mês x 12 meses /ano = 518.400 horas/ano. Sendo assim: Input MOB = 518.400 horas/ano e Output =R$80.000.000,00 e para tanto, aplicamos a formula da produtividade parcial: MOB MOB Output 80.000.000,00PP R$15,43 / h Input 518.400 = = = Exemplo de cálculo de produtividade Total No mês de janeiro de 2015, a empresa Memu S.A produziu 2.450 unidades do produto alpha, utilizando 1.225Hh. No mês de fevereiro, em razão de menor número de dias úteis, produziu 2.140 unidades, com 1.120Hh. Determine a produtividade total nos meses de janeiro e fevereiro e sua variação. Resolução Lembra-se da fórmula da produtividade total? Então, vamos primeiro reescrever essa fórmula e depois identificar as variáveis que o enunciado nos propõe. Produtividade Total OutputPT I t npu == Vamos então identificar as variáveis do enunciado: » Output de janeiro = Outputjan = 2.450 unidades é o resultado da produção do mês de janeiro. Importante Não basta achar o resultado, o mais importante é saber interpretá-lo, ou seja, cada colaborador agregou em média R$15,43, por hora trabalhada na empresa no ano fiscal 2016 ou ainda agregou R$617,20 por semana ou R$2.777,40 por mês ou R$33.328,80 por ano trabalhado. A produtividade da mão de obra é um bom indicador do grau de desenvolvimento de uma região ou país. De acordo com pesquisas sobre produtividade realizadas internamente num grande conglomerado de empresas brasileiras, o trabalhador brasileiro, produziu por ano de 2012, 18.400 dólares por ano considerado abaixo da média mundial de 26.000 dólares por ano e muito inferior à produtividade do trabalhador americano (100.000 dólares). 22 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO » Input de janeiro = Input jan = 1.225Hh é o total de insumo ou recursos utilizados no mês de janeiro. » Output fevereiro = Outputfev = 2.140 unidades » Input de fevereiro = Input fev = 1.120 Hh Agora vamos proceder aos cálculos: jan 2.450PT 2unides / Hh 1.225 = = fev 2.140PT 1,75unides / Hh 1.220 = = A variação da produtividade foi: ( )2 1,75 0,25PT 100 100 1 2,50% 2 2 − ∆ = × = × = Figura 8. Critérios de Efetividade de um Processo de Produção. EFETIVIDADE PRODUTIVIDADE RELATIVA CAPACIDADE MÁXIMA PROJETADA ELIMINAÇÃO DE DESPERDÍCIO SEM OCIOSIDADE USO PLENO DOS RECUSROS Fonte: elaboradapelo autor. Economicidade Um processo de produção é considerado econômico quando a relação custo/benefício é considerado menor que um, ou seja, os custos de produção deverão ser menores que os benefícios dos resultados obtidos. 23 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 A economicidade representa o VAPS (Valor Agregado do Produto ou Serviço) como sendo o valor agregado de cada um dos resultados (produtos ou serviços) que equivale a fração representada pelo somatório dos benefícios que o produto ou serviço proporciona ao consumidor ou usuário dividido pelo custo de aquisição do produto ou serviço que deverá ser maior que 1 como mostrado na equação 1. Equação 1. Valor Agregado de um Produto ou Serviço. n i 1 Benefícios do Produto ou Serviço VAPS 1 Custo de Aquisição do produto ou serviço == >∑ O custo de aquisição do produto ou serviço para o cliente ou consumidor ou ainda, o usuário, representa o preço pago pelo produto ou serviço mais todos os desgastes físicos ou morais para adquirir o produto ou serviço. Por esse motivo que quando as empresas não podem diminuir o preço devido a competição devem aumentar o VAPS por meio de benefícios criando assim, benefícios adicionais aos clientes ou consumidores para garantir a competitividade no mercado. A figura a seguir mostra que a economicidade é a relação custo/benefício dos resultados de um processo de produção, ou seja, o valor agregado do produto ou serviço com a otimização dos custos de produção para a alta competividade da empresa. Figura 9. Critérios de Economicidade de um Processo de Produção. ECONOMICIDADE RELAÇÃO CUSTO|BENEFÍIO VAPS >1 OTIMIZAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO ALTA COMPETITIVIDADE DOS RESULTADOS Fonte: elaborada pelo autor. Ecologia Ecologia representa os critérios de auditoria ambiental. Isto é que os resultados obtidos do processo de produção precisam respeitar as normas ambientais, ou seja, eles precisam ser 24 CAPÍTULO 1 • PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ecologicamente corretos. Isto envolve a seleção dos insumos ou inputs, com fornecedores que respeitam a família das normas de ISO 1400 e mais especificamente o certificado ISO 14001 que define as diretrizes básicas de gestão ambiental. É a adequação da organização com as práticas sustentáveis com base nas diretrizes básicas das normas do sistema de gestão ambiental. Assim o resultado de um processo de produção será considerado ecologicamente correto, quando ele é sustentável, ou seja, quando ele atende aos requisitos do sistema de normas ambientais. A figura 10 resume o indicador ecológico como a capacidade da empresa em desenvolver processos inovadores para reciclagem dos resíduos finais de seus produtos ou serviços priorizando assim, o desenvolvimento de processos de produção sustentáveis e inovadores que satisfazem as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades e, reduzir elementos do sistema de gestão ambiental tais como: » Dejetos banais e perigosos. » Polução do ar, da água, sonora e visual. » Energia. » Matérias primas. » Faunas e floras associadas à organização ou à empresa. Figura 10. Características de um Processo de Produção Ecologicamente Correto. ECOLOGICAMENTE CORRETO PROCESSOS DE PRODUÇÃO INOVADORES ISO 14001 SUSTENTABILIDADE AUDITORIA AMBIENTAL Fonte: elaborada pelo autor. 25 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • CAPÍTULO 1 Como profissional de logística, para alcançar os objetivos da empresa com um alto nível de excelência competitiva e sustentável, saiba que deve buscar constantemente em todos os processos da cadeia de produção da organização: » eficiência: cumprir as metas, superar os resultados projetados; » eficácia: alcançar as normas e certificados de qualidade total dos produtos e serviços; » efetividade: evitar o desperdício, a ociosidade dos recursos envolvidos na cadeia de produção; » economicidade: medir a relação custo benefícios com um alto nível de valor agregado aos produtos e serviços;Ecologicamente correto: atender as normas do sistema de gestão ambiental. Antes de finalizar vamos definir algumas características de um bom indicador de desempenho. Características de um bom indicador de desempenho Um bom indicador de desempenho deve ter pelo menos as seguintes características: a. estar alinhada com os objetivos estratégicos da empresa; b. ser de fácil cálculo e compreensão por todos os colaboradores; c. fornecer rápido feedback para ações corretivas; d. ser tecnicamente consistente, isto é, ordenar duas situações de forma inequívoca; e. ser relevante; f. ter propósito bem definido; g. facilitar melhoria nos processos e não somente os monitorar. Sintetizando Neste primeiro Capítulo, definimos os principais princípios e conceitos de Administração da Produção e sua relação com o ambiente organizacional. Analisamos os principais indicadores de desempenho de uma organização. Vimos que o indicador de desempenho mais utilizado para análise de processos de produção é a produtividade que meça a relação entre o insumo ou input e o resultado, ou output. Isto é, a relação entre o que foi produzido e o que foi consumido de recursos. Chegamos à conclusão de que um indicador de desempenho deve ser na medida do possível, uma razão ou a relação de duas medidas, isto é, uma fração com o denominador representando o universo de possibilidades, ou um referencial, e o numerador, uma situação específica. 26 Introdução Parabéns por chegar até aqui! Ao aprender os conceitos de administração, você se uniu aos 100 milhões de gestores que tomam decisões todos os dias no mundo, para planejar os resultados da empresa que dirigem. As necessidades de crescimento e sobrevivência das organizações têm colocado em checklist todas as práticas gerenciais adotadas até o momento. Agora vamos aprender a elaborar as estratégias competitivas para se alcançar os resultados planejados da organização. De modo geral, sabemos que as decisões tomadas enfrentam desafios de risco de instabilidade ao qual está exposta a empresa e a incerteza de mercado e que, para sua implementação será preciso contar com estratégias competitivas mais elaboradas para se garantir um resultado satisfatório para os clientes, os acionistas e sócios da empresa assim como, a sociedade em geral. Quando uma situação de decisão envolve alternativas conflitantes ou competitivas, ela é analisada pelo gerente; chegam-se a decisões para resolver os conflitos; as decisões são implementadas; e a organização experimenta as consequências na forma de resultados, nem todos monetários. Neste Capítulo, focalizamos as estratégias competitivas em suporte de decisão, ou seja, os modelos de estratégias competitivas usadas nas empresas. Objetivos No final deste Capítulo, você será capaz de: » Compreender o conceito do sistema seis sigma. » Compreender o conceito de análise SWOT. » Dominar os princípios de Benchmarking. » Entender as práticas do sistema just in time. 2 CAPÍTULO DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS 27 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 O que você sabe sobre a estratégia seis sigma? Com certeza você já ouviu falar de estratégias Seis Sigma, ou não. Se essa é a primeira vez que está ouvindo falar desta palavra, não há problema, pois nós iremos entender todos os conceitos que envolvem a estratégia Seis Sigma. A grande maioria dos gestores hoje está preocupada com a redução dos custos organizacionais e adotam estratégias buscando obter melhores resultados para garantir a competitividade da organização. Assim produzir com baixos custos; ter níveis extremamente baixos de falhas; ser competitivo em nosso e nos outros mercados e obter a administração dos clientes é um papel fundamental nas competências de um gestor de negócioscomo desejamos para você. A seguir a técnica que será abordada nesse item é o Seis Sigma, que consiste na utilização sistemática de métodos estatísticos para reduzir a variabilidade, consequentemente, os defeitos e os custos com grande focalização no cliente. Na sua adoção, podemos dividir em dois grupos os desafios para a sua implementação: técnico e o cultural. O técnico, abordado nesta parte do Capítulo 2, envolve os conhecimentos necessários para o verdadeiro conhecimento do processo e a redução da variação. O fator cultural é muito importante e não pode ser desprezado. Entre estes desafios, poderíamos destacar a não tolerância à existência de defeitos em qualquer nível e a necessidade de envolvimento dos funcionários, assim como você, nos processos da organização. Temos que ter em mente que os funcionários são pagos por dois motivos: para a realização de sua atividade-fim e para o aprimoramento da forma com que eles realizam esta atividade. Dessa forma, será notório entender o que é Estratégia Seis Sigma e quais os conceitos importantes para implementação deste método ou técnica de estratégia nas organizações em que trabalhamos ou pretendemos trabalhar. Como você define a estratégia seis sigmas? Estratégia Seis Sigma de acordo com Peter S. Pande e Robert P. Neuman é: “um método altamente técnico utilizado por engenheiros e estatísticos para dar sintonia fina a produtos e processos” (PANDE e NEUMAN, 2016). Os mesmos autores apontam ainda o fato de que medições e estatísticas são ingredientes chaves da Estratégia Seis Sigmas, mas de forma alguma são a história toda. Outra definição da Estratégia Seis Sigmas é que constitui uma meta de quase perfeição no atendimento de exigências de clientes. Isto também segundo os dois autores, é correto; na verdade o próprio termo “Seis Sigmas” refere-se a um alvo de desempenho estatisticamente derivado, de operar com apenas 3,4 defeitos para cada milhão de atividades ou oportunidades. É uma meta que poucas empresas ou processos podem dizer ter alcançado. 28 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS Ainda uma maneira de definir Seis Sigmas é como um abrangente esforço de mudança cultural, visando posicionar uma empresa para maior satisfação de clientes, lucratividade e competitividade, mas também é possível desenvolver o Seis Sigma sem desfechar um ataque frontal à cultura de sua empresa. Figura 11. As dimensões da estratégia Seis Sigmas. SEIS SIGMA MEDIÇÃO METAMUDANÇA CULTURAL Fonte: elaborada pelo autor. Se todas estas definições consideradas na figura apresentada, como medição, meta ou mudança cultural estão, ao menos parcialmente, embora não totalmente, corretas, qual a melhor maneira de definir Seis Sigma? Com base em várias experiências de mercado de busca de melhorias Seis Sigma por gerentes de grandes empresas, os autores desenvolveram uma definição que encerra o alcance e a flexibilidade dos Seis Sigmas como meio de aumentar o desempenho de uma organização e assim sendo, consideram os Seis Sigmas como: “Um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial” (PANDE; NEUMAN, 2016). Figura 12. Definição mais abrangente de seis Sigma. SEIS SIGMA Sistema Abrangente Flexível Alcançar Sustentar Maximizar SUCESSO EMPRESRIAL Fonte: elaborada pelo autor. Atenção Seis Sigmas é singularmente impulsionado por uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, pelo uso disciplinado de fatos, dados e análise estatística e a atenção diligente à gestão, melhoria e reinvenção dos processos de negócios. 29 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 Observando a figura 12 devemos considerar por último que os Seis Sigmas é um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial. Quais os benefícios da estratégia seis sigmas? A definição anterior da figura 12 que fornece a base de nossos esforços para descerrar o potencial dos Seis Sigmas para uma organização. Os tipos de sucesso empresarial que uma organização pode alcançar ao adotar a Estratégia Seis Sigma são amplos porque os benefícios comprovados do sistema Seis Sigma são diversos, incluindo: » redução de custos; » melhoria de Produtividade; » crescimento de fatia de mercado; » retenção de clientes; » redução de tempo de ciclo; » redução de defeitos; » mudança cultural; » desenvolvimento de produto/Serviço. Figura 13. Benefícios dos Seis Sigmas. BENEFÍCIOS DO SEIS SIGMA Redução de Custos Melhoria de Produtividade Crescimento de fatia de mercado Retenção de clientes Reducção de Tempo de Ciclo Redução de defeitos Mudança cultural Desenvolviment o de Produto/Serviço Fonte: elaborada pelo autor. 30 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS Ferramentas da estratégia seis sigmas Algumas pessoas, ao serem expostas ao conceito pela primeira vez, queixam-se que são semelhantes aos esforços de “Qualidade Total”. De fato, as origens de muitos princípios e ferramentas do Seis Sigmas se encontram nos ensinamentos de pensadores de Qualidade Total influentes, como: W Edwards Deming e Joseph Juran. Em algumas empresas os termos Qualidade Total e Seis Sigma andam frequentemente juntos. Entretanto, existem algumas estratégias específicas que diferenciam a Estratégia Seis Sigma da GQT estas incluem: » E-commerce e Serviços eletrônicos. » Planejamento de recursos da empresa. » Fabricação Enxuta. » Sistemas de Gerenciamento do Relacionamento com Clientes. » Parcerias Estratégicas de Negócios. » Gerenciamento do Conhecimento. » Gerenciamento Baseado em Atividades. » Organização Centrada em Processos. » Globalização. » Estoque/Produção Just in time. Objetivos da estratégia seis sigma Para entender os objetivos pretendidos em projetos de Estratégia Seis Sigma será importante partir da premissa dos benefícios que ela garante as empresas que a adotaram respondendo inicialmente as seguintes perguntas: porque você deveria considerar uma iniciativa Seis Sigmas? O que está levando tantas empresas, proeminentes e modestas, a investir neste método de negócios? Partindo destas premissas de sucesso e daquelas de outras empresas e olhando por trás dos dólares brutos, podemos definir vários objetivos que estão atraindo empresas à Estratégia Seis Sigmas. a. Gerar o sucesso sustentado: A única maneira de continuar com um crescimento de dois dígitos e retorno controle sobre mercados em contínua alteração é inovar e reformular a organização constantemente. Os seis Sigmas criam as habilidades e cultura para um revigoramento constante. b. Determinar uma meta de desempenho para todos: em uma empresa de qualquer porte ainda mais em uma corporação global multibilionária, fazer com que todos trabalhem na mesma direção e focalizem uma meta comum é bem difícil. Cada função, unidade de 31 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 negócios e indivíduos possuem diferentes metas e alvos. O que todos têm em comum, porém, é o funcionamento de produtos, serviços ou informações a clientes dentro ou fora da empresa. c. Influenciar o valor para os clientes: o foco no cliente existente no coração dos Seis Sigmas significa aprender o que significa valor para os clientes e futuros prováveis clientes e planejar como oferecer isto a eles lucrativamente. d. Acelerar a taxa de melhoria: o concorrente que é melhor e mais rápido tem mais chances de ganhar a corrida. Pegando ferramentas e ideias emprestadas de muitas disciplinas, os Seis Sigmas ajuda uma empresa a não somente melhorar seu desempenho, mas também a aprimorar a melhoria. e. Promover aprendizagem polinização cruzada: os Seis Sigmas é um método que pode aumentar e acelerar o desenvolvimento, assim como o compartilhamento de novas ideias por toda a organização. f. Executar mudanças estratégicas: introduzir novosprodutos, lançar novos empreendimentos, entrar em novos mercados, adquirir novas organizações o que já foram atividades ocasionais de negócios são hoje eventos diários em muitas empresas. Figura 14. Objetivos da estratégia Seis Sigmas. OBJETIVOS DA ESTARTÉGIA SEIS SIGMA Gera o Sucesso Sustentado Determinar uma meta de desem Intensificar o valor para os clientes Acelerar a taxa de melhoria Pomover atrendizagem Executar Mudanças Estartégicas Fonte: elaborada pelo autor. Atenção Os melhores projetos de Estratégia Seis Sigmas começam não dentro da empresa, mas fora dela, focalizando em responder a questão: como podemos tornar o cliente mais competitivo? O que é crítico para o sucesso do cliente? Uma coisa que os gurus de Seis Sigmas descobriram com certeza é que; qualquer coisa que a empresa fizesse que dê ao cliente maior sucesso inevitavelmente resulta em um retorno financeiro para a empresa. 32 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS Figura 15. Questões que devem ser respondidas por um projeto de estratégia Seis Sigmas. Projetos Seis Sigma O que é Crítico para o Sucesso do Cliente? Como podemos tornar o cliente mais competitivo? Fonte: elaborada pelo autor. Saiba Mais Lembre-se que Seis Sigmas não é modismo ou algo passageiro, muito mais do que uma simples medida quantitativa dos processos, é uma nova forma de pensarmos o negócio, o valor do cliente e como pretendemos encarrar o futuro. Seis Sigmas diz respeito tanto à excelência de pessoas quanto à excelência técnica. Criatividade, colaboração, comunicação, dedicação estas são infinitamente mais poderosas do que um corpo de superestatísticos. PARA ENTENDER MELHOR, VAMOS ASSISTIR AO VÍDEO: A metodologia dos Seis Sigmas: <https://www.youtube. com/watch?v=IjLbr-75KLM> A próxima ferramenta de gestão estratégica de negócios que vamos abordar é a análise SWOT ou FOFA, espero que tenha assimilado a estratégia seis sigmas e já poderá adotar isso na empresa em que você trabalha ou na vida profissional. Está convidado para fazer um levantamento de dados estatísticos de controle dos processos produtivos na empresa e verificar como esses afetam a produtividade. Vamos seguir então? O que você sabe sobre análise SWOT ou FOFA? O conceito de Análise SWOT ou FOFA no processo de planejamento estratégico, tem se tornado excepcionalmente importante nos círculos empresariais hoje, em grande parte devido a crescente complexidade dos ambientes tanto interno como externo, que foram discutidos no Capítulo 1, assim como a sofisticação cada vez maior da administração. 33 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 O termo SWOT vem do inglês e significa: Strenghts (Forças), Weaknesses (Fraquezas); Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças) do qual veio sua versão portuguesa de análise FOFA, mas não na mesma sequência. Assim a análise SWOT é o processo de identificar sistematicamente as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças como veremos com mais detalhes nesta contextualização. A seguir iremos analisar as definições e etapas do processo da análise SWOT no desenvolvimento do planejamento estratégico da empresa. Contextualização da análise SWOT A análise SWOT é o processo de identificar sistematicamente as Forças (Strenghts), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). a. As Forças são os recursos ou aptidões que fazem com que a empresa suplante os concorrentes. A estabilidade financeira e a reputação da IBM para prestar serviços são forças indiscutíveis; assim como o sistema de distribuição e custo baixo da Wal-Mart; as forças da Maytag incluem sua reputação de oferecer produtos duráveis e de qualidade. b. As Fraquezas também devem ser reconhecidas. A principal fraqueza da Dow Chemical, nos anos 70 e começo de 80, foi sua imagem desfavorável advinda da operação Agent Orange, o produto de desfolhamento altamente tóxico usado pelos Estados Unidos no Vietnã, e sua teimosia em resistir aos controles ambientais. Uma fraqueza da Coors, durante anos, foi a localização da fábrica somente no Colorado, o que impedia uma distribuição nacional. c. As oportunidades oferecem um potencial favorável no ambiente da empresa. A abertura dos mercados europeus, programada para 1992, criou oportunidades para várias empresas internacionais, entre elas Honda, Sony e o Citicorp. d. Ameaças são as principais circunstâncias desfavoráveis ou impedimentos a posição atual ou futura da empresa. O movimento para informação eletrônica na preferência e armazenagem é visto como uma ameaça para as companhias a de papel e as editoras. Fatores que afetam a análise SWOT Existem dois grupos de fatores que afetam a análise SWOT no processo de planejamento: fatores incontroláveis e fatores controláveis. 34 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS Figura 16. Fatores que Afetam a Análise SWOT. FATORES QUE AFETAM A ANÁLISE SWOT Fatores Introláveis Fatores Controláveis Fonte: elaborada pelo autor. Fatores incontroláveis São elementos tais como o crescimento da população, o ambiente político e as pressões sociais que não tem uma causa direta e localizável. Figura 17. Fatores Incontroláveis. Elementos Incontroláveis Crescimento da População Ambiente Político Pressões Sociais Fonte: elaborada pelo autor. Fatores controláveis São os elementos tais como a pesquisa, localização das instalações relações organizacionais sobre os quais a organização tem algum controle por meio das decisões de seus administradores. 35 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 Figura 18. Fatores Controláveis. FATORES CONTROLÁVEIS Pesquisa Localiações das Instalações Relações Organizacionais Fonte: elaborada pelo autor. Estratégias para gerenciar as incertezas Os gerentes e as organizações não são totalmente cativos ao seu ambiente. Em graus variados, a incerteza ambiental é um fator corriqueiro para a maioria dos gerentes. Embora eles preferissem operar em ambiente completamente previsível e autônomo, quase todas as organizações enfrentam certa dose de incerteza, e muitos ambientes são bastante dinâmicos. Existe alguma coisa que os gerentes podem fazer para reduzir o ambiente de incerteza? A resposta é sim. Nesta sessão, examinaremos sucintamente as estratégias para gerenciar as incertezas representadas por diversos fatores incontroláveis. De uma maneira simples, os gerentes possuem duas estratégias que podem adotar na tentativa de reduzir a incerteza ambiental. Podem reagir adaptando e alterando suas ações de acordo com o ambiente ou podem tentar alterar o ambiente para que se ajuste melhor às capacidades da organização. A primeira abordagem é chamada de estratégias internas e a segunda de estratégias externas. Figura 19. Classificação das Estratégias. CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS Estratégias Internas Estratégias Externas Fonte: Elaborada pelo autor. 36 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS Estratégias Internas As seguintes estratégias internas evidenciam ações que podem ser tomadas por praticamente todas as organizações para uma adequação melhor ao seu ambiente e, assim, diminuir o impacto do ambiente sobre as operações da organização. Algumas dessas estratégias internas são: » Alteração de domínios: embora existam poucos ambientes com nenhuma incerteza, a administração pode alterar domínios para que a organização passe para um nicho datado de menos incerteza. A seguradora Safeco é um exemplo de alteração de domínios. » Recrutamento: o presidente do Banco Central deixa o cargo e, depois de um período, é contratado por um banco de investimento. Por quê? Você pode apostar que não foi porque ele era o mais instruído ou com mais prática no mercado financeiro. Ele foi selecionado porque a diretoria considerou que era o melhorcandidato para lidar com a incerteza básica do banco e os rumos da economia brasileira. » Absorção de Impacto: é uma estratégia para administrar o ambiente mediante a redução da possibilidade de que as operações da organização sejam perturbadas; realizada por meio da garantia de fornecimento ou absorção dos produtos. » Uniformização: procura compensar o impacto das flutuações no ambiente. Outras organizações que utilizam esta técnica são as companhias telefônicas, loja de varejo e equipes esportivas (jogos ao longo de um campeonato). Para entender vamos citar esse exemplo das companhias telefônicas. A demanda mais pesada das ligações telefônicas acontece no horário comercial, das oito da manhã às seis da tarde. As companhias telefônicas precisam dispor de equipamento suficiente para atender a demanda de pico durante esse período. Dessa forma, elas uniformizam a demanda elevando as tarifas durante o período de pico e reduzindo-as durante a noite e os fins de semana. » Racionamento: Estratégia para administrar o ambiente mediante a alocação de produtos de acordo com algum sistema de prioridade. Para entender isso suponha que em datas especiais, como o Dia dos Namorados, vários restaurantes só atendem por reserva. Além disso, muitas vezes, você ainda precise confirmar seu jantar no dia; caso contrário, a reserva será cancelada. Os gerentes desses restaurantes têm apenas um número fixo de mesas e desejam ter maior certeza possível de que todas estarão ocupadas. O que o sistema de reserva faz, em essência, é racionar essas mesas. » Dispersão Geográfica: A incerteza ambiental às vezes varia conforme a localização. É evidente que existe mais incerteza política para uma empresa que opera no Irã do que para uma que opere na Suíça. Para diminuir a incerteza induzida pela localização, as organizações podem transferir-se para uma comunidade diferente ou operar em 37 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 múltiplas localidades. Para entender isso, considere que várias empresas montadoras foram construídas no Brasil, como as japonesas Toyota e Honda, a alemã Volkswagen, as americanas Ford, Chrysler e GM, a italiana Fiat e a francesa Renault. Dessa forma, estas companhias reduziram sua dependência sobre a flutuação das tarifas de conversão de moeda e reduziram eventuais críticas de que estão obtendo lucros no Brasil, mas não estão gerando empregos. Figura 20. Estratégias Internas. ESTRATÉGIAS INTERNAS Alteração de Domínios Recrutamento Absorção de Impacto Uniformização Racionamento Disperção Geográfica Fonte: elaborada pelo autor. Estratégias externas Consideremos agora as estratégias que buscam diretamente alterar o ambiente para torná-lo mais favorável a uma organização. Essas estratégias se estendem desde o uso de anúncios para moldar a preferência do consumidor até acordos ilegais com um concorrente para restringir a competição. Algumas das estratégias externas são: » Propaganda: a organização que consegue conquistar lealdade de marca reduz a incerteza. Anunciar, portanto, é um dispositivo utilizado para reduzir sua dependência de consumidores inconstantes e das alternativas novas oferecidas pela concorrência. Para entender isso, imagine, por exemplo, o caso da Nestlé, a gigante suíça de produtos alimentícios, gasta centenas de milhões de dólares por ano para promover o chocolate Suflair, sorvete Yopa, Nescafé, Leite Ninho e dezenas de outros produtos. Por meio da propaganda extensiva, a administração da Nestlé busca reduzir pressões competitivas, 38 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS estabilizar a demanda e permitir a oportunidade de estabelecer preços com menos preocupação sobre a opinião de seus concorrentes. » Contrato: Estratégia para administrar o ambiente mediante a proteção da organização contra mudanças na quantidade ou preço seja no lado dos insumos, ou no lado da produção. Podemos assistir ao uso dessa estratégia nos casos em que a administração aceita um contrato fixo de longo prazo para comprar materiais e suprimentos ou vender certa parte da sua produção. Para entender isso considere um fabricante que tenha um contrato de venda mensal de 10 mil caixas de seu detergente padrão como marca própria de um supermercado tem garantido certo montante de vendas todos os meses e reduz sua dependência da flutuação das preferências dos consumidores. » Cooptação: estratégia para administrar o ambiente mediante a assimilação dos indivíduos ou organizações que ameaçam a estabilidade da organização. Para entender isso, considere a composição do conselho de administração de uma grande empresa qualquer. É provável que seus membros externos sejam nomes proeminentes das finanças, política, mídia e indústria. A seleção dos membros externos não é um processo casual. Uma administração competente escolhe indivíduos que possam reduzir a incerteza para a sua organização. » Associações: estratégia para administrar o ambiente mediante a combinação entre uma ou mais organizações no intuito da ação conjunta. A associação abrange fusões, joint ventures e acordos cooperativos para fixar preços ou dividir mercados (embora ilegais). A Caterpillar e a Mitsubishi se associaram para fabricar escavadeiras gigantes. » Lobby: estratégia para administrar o ambiente mediante o uso da influência na consecução de resultados favoráveis. É uma prática generalizada que as organizações utilizam para administrar o ambiente. Muitas companhias e grupos industriais formaram comitês de ação política, uma importante fonte de recursos para candidatos políticos. Figura 21. Estratégias Externas. ESTRATÉGIAS EXTERNAS Propaganda Contrato Cooptação Associações Lobby Fonte: Elaborada pelo autor. 39 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 Um exemplo prático de análise SWOT Thompson S.A, o conglomerado francês com sede em Paris, estava tentando aumentar sua presença global no mercado estrangeiro. Aproveitou uma oportunidade em 1987 quando comprou, da GE, a parte de produtos eletrônicos para o consumidor da RCA, transformando-se instantaneamente em concorrente global. Para concretizar seu plano estratégico precisou de uma lista de análise SWOT cuja estrutura é a seguinte: Figura 22. Lista da Análise SWOT. FORÇAS Vantagens na concorrência? Capacidade de Inovar? Sistema de distribuição? Habilidade de Marketing? Reconhecimento da marca? Vantagem no Custo? Capacidade Financeira? Linha de produtos completas? Reputação /Imagem? FRAQUEZA Intalações obsoletas? Falta de experiência na administração? Baixa identidade da marca? Pouca capacidade de Pesquisa e Desenvolvimento? Capacidade de marketing baixo da média? Falta de apoio financeiro? Custos operacionais baixos? Imagem /Reputação fraca ? OPORTUNIDADES Expansão da linha de produtos? Entrada em novos mercados ? Diversicar para ampliar o risco? Melhorar a relação comprador /Fornecedor? Melhorar a Tecnologia? Melhorar o clima legal/Regimental? Mudanças demográficas favoráveis? AMEAÇAS Novos concorrentes? Crescimento vagaroso do mercado? Mudanças na preferencia do comprador? Mudanças demográficas adversas? Economia enfraquecida? Leis ambientais desfavoráveis ? Poder de barganha maior dos compradores/fornecedores? Fonte: Adaptada de T. Arthur AHOMPSON, Jr., A & ETRICKLAND III, A. J Strategic Management. 5 ed. Homewood, 1990, p. 91. Atenção Na análise SWOT, as forças e fraquezas são do ambiente interno à organização e as oportunidades e ameaças são do ambiente externo. O processo de planejamento exige muitas suposições que não poderão levar em conta todos os acontecimentos futuros, porém mostram à administração um caminho adequado, e que pode ser mudado se as condições exigirem mudanças. Os planejadores estratégicos devem controlar essas mudanças e modificar as suposições que as condições impõem. 40 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTODE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS A seguir vamos analisar mais uma estratégia muito usado para aumentar a competitividade organizacional que você vai encontrar muito na linguagem de negócios: o benchmarking. O que você sabe sobre Benchmarking? Empresas que desejam competir como organizações de classe mundial, em um ambiente altamente competitivo, devem buscar um status de “melhor do mercado” naqueles parâmetros considerados críticos para seu sucesso em seu segmento do mercado. Isso pode ser alcançado somente pela medição e a comparação de seus indicadores de desempenho com os de outras empresas, e assim instituindo as ações necessárias para alcançar as melhorias. Assim, nesta contextualização do benchmarking consideremos alguns exemplos de funções e processos identificados como “melhores práticas” para benchmarking como ilustrando com a Xerox utilizou o benchmarking para melhorar significativamente sua posição competitiva em relação aos competidores japoneses no mercado de máquinas copiadoras. Além disso, descrevemos em detalhes o processo de benchmarking e mostramos como tem ajudado os gerentes a se manterem no domínio das melhores práticas utilizadas por concorrentes e empresas de outros setores. O que é Benchmarking? Benchmarking é simplesmente a prática de comparar, por meio de algum parâmetro mensurável, o desempenho de uma operação fundamental da empresa com uma operação semelhante em outras organizações classificadas como competidores de classe mundial em funções específicas e operações. É um elemento essencial no programa de gestão da qualidade total (TQM) de toda organização. David T. Kearns, CEO da Xerox Corporation, definiu benchmarking como: “um processo continuo de medição dos produtos, dos serviços, e das práticas em relação aos melhores competidores ou aquelas empresas reconhecidas como líderes mundiais”. (KEARNS, 2010). Assim resumindo podemos considerar o benchmarking como a procura por melhores práticas que levam a um desempenho superior. Importante O sucesso na administração do ambiente de negócio exige que os gerentes analisem a fonte da incerteza e depois selecionem uma estratégia que a organização possa implementar eficazmente. Quanto mais dinâmico o ambiente, maior a incerteza e mais provável que a administração desenvolva previsões imprecisas. 41 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 Onde pode ser aplicado o Benchmarking? Benchmarking pode ser aplicado a várias áreas de uma empresa. Entretanto, Robert Camp identifica três áreas: bens e serviços – processos de negócios – indicadores de desempenho, como mostra a figura a seguir. Figura 23. áreas de aplicação do Benchmarking. ÁREAS DE APLICAÇÃO DO BENCHMARKING Bens e Serviços Processos de Negócios Indicadores de Desempenho Fonte: Elaborada pelo autor. Bens e serviços O benchmarking identifica as características e as funções dos produtos e dos serviços que são desejadas pelo cliente. Esta informação é incorporada no processo de planejamento, de projeto e de desenvolvimento do produto na forma de metas para o produto e para as técnicas de projeto de tecnologias. Processos de negócios O benchmarking, nesta área, fornece a base para melhorias significativas nos processos e para a reengenharia. Estas mudanças devem ser parte integrante do processo de melhoria contínua da qualidade. Indicadores de desempenho O resultado final da utilização de benchmarking em produtos e em serviços é a definição e a validação de objetivos para os poucos indicadores de desempenhos vitais que foram indicados como críticos para o sucesso. 42 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS As fases de um processo de Benchmarking Robert Camp, baseado em sua experiência com a Xerox Corporation, identificou cinco fases necessárias para o sucesso na implementação do benchmarking em uma organização. Estas fases são: planejamento – análise – integração – ações – maturidade. A seguir vamos explicar cada fase da implementação. Figura 24. Fases de um Processo de Benchmarking. FASES DA IMPLEMENTAÇÃO DO BENCHMARKING Planejamento Análise Integração Ações Maturidade Fonte: Elaborada pelo autor. Fase de Planejamento Identifica as áreas em que devemos realizar o benchmarking, as organizações específicas com as quais devemos realizar a comparação, os tipos de dados que devemos coletar e o modo como devemos coletar estes dados. Fase de Análise Focaliza a obtenção de um entendimento profundo das práticas e dos processos de nossa organização, assim como dos processos e das técnicas utilizadas nas organizações que serão utilizadas como referência para o benchmarking. Fase de integração Nesta etapa, utilizaremos os resultados encontrados nas duas primeiras fases para definir as áreas de interesse que desejamos modificar. Como componente desta fase, devemos garantir que o 43 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 conceito de benchmarking será implementado no processo de planejamento da organização, e que esta técnica é aceita por todos os níveis de gerência. Fase de ações Os resultados e os objetivos do benchmarking devem ser traduzidos em ações. O pessoal que realmente realiza as atividades deve determinar como os resultados obtidos podem ser incorporados da melhor maneira nos processos existentes. Fase de maturidade Uma organização alcança sua maturidade quando a melhor prática de negócio identificada no mercado é incorporada em todos os processos relevantes, garantindo assim um desempenho superior para a organização como um todo. Tipos de Benchmarking Existem quatro categorias de benchmarking: interno – competitivo – funcional e genérico . A seguir vamos entender os procedimentos que envolvem cada um deles. Figura 25. Tipos de Benchmarking. TIPOS DE BENCHMARKING Interno Competitivo Funcional Genérico Fonte: Elaborada pelo autor. Benchmarking Interno Este tipo de benchmarking é utilizado para comparações entre operações ou processos similares na própria empresa. Esta técnica é frequentemente utilizada como ponto de partida para identificação 44 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS das melhores práticas existentes em um dado momento na organização. O benchmarking interno também fornece o primeiro passo para o processo de documentação, o qual é necessário para identificação de áreas para melhorias futuras. Esta técnica é especialmente apropriada para organizações (tanto manufatureiras quanto de serviços) distribuídas em diferentes localidades. Benchmarking competitivo Esta técnica permite a comparação entre o desempenho de uma empresa e o do seu competidor direto mais forte. As informações relativas obtidas irão mostrar como a empresa está em relação às demais no mercado. O benchmarking dentro de uma indústria é geralmente difícil, devido ao natural desinteresse dos competidores em compartilhar informações críticas. Benchmarking Funcional Este tipo de benchmarking realiza comparações com as melhores áreas funcionais, independentemente do setor de atuação . Os benefícios desta técnica são muitos. Primeiramente, a empresa pode obter mais facilmente parceiros para o benchmarking em empresas que não são concorrentes diretas. Além disso, é mais fácil identificar as empresas consideradas “melhores do mercado” na realização de determinada função. Benchmarking Genérico Este identificador de desempenho preocupa-se com processos de trabalho específicos, que são praticamente os mesmos para todas as empresas que utilizam estes processos. O benchmarking genérico pode facilmente identificar as empresas que adotam processos inovadores, fornecendo dessa maneira, objetivos que podem ser aceitos mais rapidamente pelos membros da organização. Exemplo de líderes em benchmarking genérico inclue o Banco Central do Brasil (rastreamento das contas). Um exemplo prático deBenchmarking Numa recente exposição Comdex, a Compaq enviou um executivo sênior ao stand da Hewlett-Parkard. Guardando o crachá no bolso, jamais deu a entender o quanto sabia sobre o ramo e, para ocultar seu cargo, vestiu uma camiseta polo e calça jeans, em lugar de terno e Atenção A ideia básica subjacente ao Benchmarking é que a administração pode melhorar a qualidade analisando e copiando os métodos dos líderes em vários campos. Por estar voltado para práticas externas da organização, o Benchmarking é classificado como uma ferramenta de sondagem ambiental. 45 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 gravata. Fez inúmeras perguntas ao representante de vendas da HP sobre determinado produto novo. O representante de vendas explicou como o produto foi montado, quem forneceu a tecnologia de comunicação e quais os planos da HP. Para finalizar esse Capítulo ainda, existe um último conceito que nós precisamos saber: o sistema de manufatura just in time, uma das estratégias competitivas das empresas. O que você sabe sobre sistema de manufatura Just intime (JIT)? O sistema de atendimento nos restaurantes japoneses ilustra muito bem o sistema de operação JIT apesar dos restaurantes “à la carte” também operarem no sistema JIT. Mas aqui vamos contar o relato de um restaurante de comida japonesa e chinesa em nova Iguaçu, a China Top. A China Top não é um restaurante comum de sushi e sashimis, é uma moderna vitrine da produtividade japonesa e chinesa. Quando entramos na loja, ouvimos um coro de boas-vindas de todos que trabalham na casa dos cozinheiros, das garçonetes, do dono até do gerente. A casa tem uma área de atendimento em forma de elipse no meio da sala, no qual três ou quatro cozinheiros estão atarefados preparando sushis. Talvez 30 mesas rodeiem a área de serviço, sentados à mesa, somos imediatamente atendidos. A operação diária do gerente está baseada em uma análise cuidadosa de informação. O gerente tem um resumo completo da demanda sobre tipos diferentes de pratos de sushi e, assim, sabe exatamente quantos pratos de cada tipo de sushi deve preparar e quando. Além disso, toda a operação está baseada no princípio da manufatura repetitiva, com sistema de controle de qualidade e JIT apropriado. Como o relato anterior ilustrada, muitas empresas estão entusiasmadas com o sistema de manufatura JIT. Assim nesta contextualização estudaremos a filosofia do JIT, quando podemos usar o JIT, o funcionamento interno do JIT e seus benefícios. Importante O benchmarking pode ir além dos limites tradicionais de uma indústria, fornecendo oportunidades para utilização de novas e inovadoras estratégias para melhorar o desempenho da empresa. A Xerox, por exemplo, para atingir seu objetivo de entregar mais rapidamente os produtos aos seus clientes, estudou o modo como a L.L. Bean de Freeport, Maine, uma conhecida empresa de entregas, conseguiu aumentar a confiabilidade e a rapidez dos serviços. 46 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS O que é o sistema de manufatura JIT? O APICS Dictionary define JIT como: uma filosofia de manufatura que se baseia na eliminação planejada de todo desperdício e na melhoria contínua da produtividade. Ela envolve a execução bem-sucedida de todas as atividades de manufatura necessárias para produzir um produto final, da engenharia de projetos à entrega e inclusão de todos os estados de transformação da matéria- prima em diante. Os elementos principais do just in time são a manutenção somente dos estoques necessários quando preciso; melhorar a qualidade até atingir um nível zero de defeitos; reduzir lead times ao reduzir os tempos de preparação, comprimentos de fila e tamanhos de lote; revisar as próprias operações; e realizar essas coisas a um custo mínimo. Num sentido amplo, aplica-se a todas as formas de manufatura, jobs shops e processos, bem como a manufatura repetitiva. Figura 26. Elementos do Just in Time. PRINCIPAIS ELEMENTOS DO JUST-IN-TIME Manutenção dos estoques necessários quando preciso Melhorar a qualiade até atingir um nivel zero de defeito Reduzir o lead times ao reduzir os tempos de preparação Comprimento de fila e tamanhos de lote Revisar incrementalme nte as próprias operações Reduzir os custos ao mínimo Fonte: Elaborada pelo Autor. Com base na figura 26, podemos chegar as seguintes definições sobre o JIT. a. O JIT pode ser compreendido coloquialmente como o “JIT amplo” e o “JIT restrito”: › O JIT amplo (frequentemente chamado de produção enxuta) é a filosofia de administração de operações que procura eliminar a perda em todos os aspectos das atividades de produção de uma empresa: relações humanas, relações como o fornecedor, tecnologia e administração de materiais e de estoques. › O JIT restrito concentra-se mais especificamente na programação de estoques de bens e na provisão de recursos de serviços onde e quando necessário. b. De forma resumida, JIT é uma abordagem coordenada que reduz os estoques continuamente, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade. 47 DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS • CAPÍTULO 2 c. O JIT é um conjunto de atividades projetado para atingir a produção em alto volume, utilizando estoques mínimos de matérias-primas, estoque intermediário e bens acabados. d. O JIT é eliminar perdas: eliminar tudo que não seja essencial à produção, inclusive estoques de segurança, tempos de espera e mão de obra extra. Objetivos da produção just in time O sistema japonês está baseado em um conceito fundamental chamado de produção just in time. Ele requer a produção do conjunto exato de unidades necessárias, nas quantidades necessárias, no tempo necessário, com o objetivo de atingir desvios mais ou menos zero dentro da programação. Isso significa que produzir uma peça a mais é tão ruim quanto produzir uma peça a menos. Na verdade, qualquer coisa acima da quantia mínima necessária é vista como perda, pois esforço e material gasto para algo não necessário não podem mais ser utilizados. No JIT, o tamanho de lote ideal é uma peça. Os japoneses veem o processo de manufatura como uma rede gigante de centros de trabalho interconectados, no qual a organização perfeita seria aquela em que todo trabalhador concluísse sua tarefa e a passasse diretamente ao próximo, no exato momento em que o trabalhador seguinte estivesse pronto com outra peça. A ideia consiste em reduzir todas as filas na direção de zero com o propósito de: a. Minimizar o investimento em estoques. b. Reduzir tempos de atravessamento de produção (lead time). c. Reagir rapidamente às mudanças na demanda. d. Descobrir quaisquer problemas de qualidade. Figura 27. Objetivos da Produção JIT. OBJETIVOS DA PRODUÇÃO JIT Minimizar o Investimento em Estoques. Reduzir Lead Time Reagir rapidamente às mudanças na demanda Descobrir quaisquer problemas de qualidade. Fonte: Elaborada pelo Autor. 48 CAPÍTULO 2 • DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ORGANIZACIONAIS As vantagens da manufatura JIT Alguns dos benefícios reivindicados do sistema de produção JIT de acordo com os mais estúdios autores Norman Gaither e Greg Frazier (2015) são de: a. Os níveis de estoque são drasticamente reduzidos. b. O tempo necessário para que os produtos percorram a fábrica é grandemente reduzido. c. A qualidade de produção é melhorada e o custo da produção de sucata é reduzido. d. Com menos estoque em processo, menos espaço é ocupado com estoque e equipamentos de manuseio de materiais. e. Uma vez que o foco manufatura está em descobrir e corrigir as causas de problemas de produção, as operações de manufatura são aceleradas e livres de problemas. Prerrequisitos da manufatura JIT O JIT não vem de graça, certas mudanças na fábrica e a maneira como ela é administrada podem ocorrer antes que os benefícios possam ser percebidos. Entre essas mudanças estão: a. Estabilizar