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Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 60 AULA 12 SUMÁRIO PÁGINA Apresentação Inicial 01 Garantias e Privilégios do Crédito tributário 02 Disposições Gerais 03 Preferências e Privilégios do Crédito tributário 25 Questões Propostas 45 Gabaritos 60 Olá, amigo concurseiro e futuro servidor! Chegamos à nossa décima segunda aula do curso de direito tributário para o concurso de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR). Nessa aula iremos tratar do seguinte tema: Garantias e Privilégios do Crédito tributário; Qualquer dúvida que surgir, peço que a envie o mais breve possível ao nosso fórum de dúvidas para que ela seja sanada e não ocorram atrasos em seus estudos. Seguem ainda os meus contatos: aluisioalneto@gmail.com www.facebook.com/aluisioalneto www.facebook.com/prosatributaria Boa sorte! E bons estudos! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 60 Garantias e Privilégios do Crédito Tributário Nesse primeiro item da aula de hoje estudaremos as disposições relativas às garantias e às privilégios atribuídos ao crédito tributário, previstas nos artigos 183 a 193 do CTN. Inicialmente estudaremos as disposições gerais, contidas nos artigo 183 a 185-A. Posteriormente, as demais, que tratam das preferências atribuídas ao crédito tributário. Os artigos que estudaremos agora visam estabelecer regras para que o Estado possa ver saldados seus créditos juntos aos sujeitos passivos devedores, estabelecendo garantias e privilégios especiais frente a terceiros quanto ao pagamento de valores àquele devidos, bem como fixar regras quanto às situações em que a Fazenda Pública não terá preferencia no recebimento dos valores a ela devidos. Esses normativos, contidos no CTN, são, resumidamente, mecanismos e formas de tentar ver assegurado o devido pagamento dos créditos tributários devido pelo sujeito passivo. Vamos em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 60 Disposições Gerais Os artigos 183 e 184 do CTN nos dizem o seguinte em seus textos: “Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram. Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.” (Grifos nosso) Disposição muito importante consta no parágrafo único do artigo 183, regulando que a natureza das garantias atribuídas aos créditos tributários não altera a natureza deste e nem da obrigação tributária correspondente. Por exemplo, caso seja oferecido em garantia para o pagamento de determinado crédito tributário um bem imóvel, a natureza pecuniária daquele não será alterado, permanecendo intocada, o mesmo acontecendo para uma garantia em bens móveis ou em razão de uma hipoteca, direito real por excelência. O crédito tributário, de natureza Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 60 pecuniária, de direito público, de caráter compulsório, continua a mesma, não obstante a garantia dada em pagamento seja de outra natureza. Repito: com ou sem garantia para que seja saldado pelo devedor, o crédito tributário permanece com a mesma natureza, qual seja, pecuniária, de pagar, de dar dinheiro. Essa jamais será alterada. Se a natureza do crédito tributário não pode ser alterada, o mesmo acontece quanto à obrigação tributária, outra que permanecerá intocada em razão da natureza da garantia atribuída ao crédito tributário. Lembre-se que nem mesmo a anulação do lançamento faz desaparecer a obrigação tributária, que somente se extingue com a extinção do crédito tributário dela decorrente, conforme as onze modalidades previstas no artigo 156 do CTN. Uma das possíveis garantias atribuídas para o pagamento do crédito tributário na órbita federal é o arrolamento de bens, presente nos artigos 64 e 64-A da lei federal nº 9.532, de 1997, em que o sujeito passivo devedor, durante o processo de cobrança, tem seus bens arrolados, não podendo aliená-los sem prévia autorização da Receita Federal do Brasil. O arrolamento, e a consequente garantia atribuída ao crédito tributário, podem ser tanto em bens móveis (veículos, por exemplo) quanto em imóveis (casas, fazendas, entre outros) Guarde bem! Uma coisa é a natureza do crédito tributário, outra é a da garantia dada para a liquidação deste, que, naturalmente, podem ser iguais. Não confunda. São coisas diferentes. Seja qual for a natureza da garantia, essa não tem o condão de alterar a natureza do crédito tributário. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 60 (Questão 01) A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário: a) não altera a natureza do crédito tributário, nem da correspondente obrigação b) afeta a obrigação tributária que lhe deu origem c) modifica sua liquidez e certeza d) vincula o lançamento da obrigação principal e) impede a suspensão do crédito tributário. Questão simples, que se resolve com o conhecimento constante no artigo 183, parágrafo único, do CTN, dispondo que a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 60 Sobre o arrolamento de bens e as garantias atribuídas ao crédito tributário, veja uma decisão do STJ sobre os temas: “(...) 1. Cinge-se a questão em verificar a legalidade de o Fisco proceder ao arrolamento de bens do sujeito passivo para garantia do crédito fiscal, antes de sua constituição definitiva; ou seja, antes do julgamento de todos os recursos administrativos interpostos em face do lançamento. 2. O arrolamento de bens disciplinado pelo art. 64 da Lei n. 9.532 de 1997 revela-se por meio de um procedimento administrativo, no qual o ente estatal efetua levantamento de bens dos contribuintes, arrolando-os sempre que o valor dos créditos tributários de sua responsabilidade for superior a trinta por cento do seu patrimônio conhecido e superar R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Finalizado o arrolamento, providencia-seo registro nos órgãos próprios, para efeitos de dar publicidade. 3. Não viola o art. 198 do CTN, pois o arrolamento em exame almeja, em último ratio, a execução do crédito fiscal, bem como a proteção de terceiros, inexistindo, portanto, suposta violação do direito de propriedade, do princípio da ampla defesa e do devido processo legal. 4. A medida acautelatória, sob a ótica do interesse público, tem o intuito de evitar o despojamento patrimonial indevido, por parte de contribuintes. (AgRg nos EDcl no REsp 1190872/RJ, de 12/04/2012) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 60 Por sua vez, o caput do artigo 183 do CTN nos diz que as garantias para o pagamento do crédito tributário atribuídas no CTN não excluem outras EXPRESSAMENTE previstas em outras leis, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram. Nada impede, assim, que outras leis estipulem outras espécies de garantias ao crédito tributário devido, sem que venham a “bater de frente” com o que diz o nosso Código de Exações, responsável por estabelecer regras gerais em matéria de direito tributário, conforme o artigo 146, III, da nossa CF/88. Assim, as garantias previstas no CTN NÃO SÃO EXAUSTIVAS, sendo rol meramente EXEMPLIFICATIVO, uma vez que outras leis podem estipular outras formas de garantias para os créditos tributários. Contudo, para que seja válida, a garantia deve estar prevista em lei. SEMPRE! Quanto aos bens ou direitos a serem dadas em garantia para o pagamento do crédito tributário, temos os constantes no artigo 184 do CTN, excetuando-se aqueles sobre os quais expressamente recaem quaisquer tipo de privilégios de impenhorabilidade, sendo inalcançáveis por meio da execução do crédito tributário. Como exemplo, temos os vencimentos e os subsídios do sujeito passivo, atendidas algumas regras previstas em lei. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 60 Sendo assim, responde pelo pagamento do crédito tributário: A totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida (observe que o dever de pagar os tributos devidos é estendido até mesmo para um momento posterior à morte da pessoa física (no caso da formação do espólio) ou da extinção da pessoa jurídica (massa falida); Além dos bens ou rendas previstos no item anterior, todos aqueles gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula. Somente os bens ou rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis é que não poderão responder pelo pagamento dos créditos tributários devidos pelo sujeito passivo. São os chamados bens impenhoráveis. Observe que somente a lei pode determinar o que é impenhorável, não sendo uma previsão atribuída ao sujeito passivo. Não há qualquer manifestação de vontade deste para determinar o que é e o que não é impenhorável. Se a lei expressamente não prevê essa impenhorabilidade, o bem poderá normalmente ser utilizado como garantia do pagamento do crédito tributário. Assim, uma pessoa não pode, por ato próprio, ainda que registrado em contrato ou qualquer instrumento público ou particular, estipular que determinado bem é impenhorável e, dessa forma, ser excluído de eventual cobrança tributária. Somente a lei, de modo expresso, poderá atribuir a característica de impenhorabilidade a determinado bem ou renda. As regras estipuladas pelo(s) contratante(s) só têm valor entre as partes, sendo inoponíveis ao Fisco. Desse modo, temos dois casos em que o poder do Estado de subtrair o patrimônio do sujeito passivo para ver saldados seus direitos frente a este não pode prosperar: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 60 Os bens sobre os quais recaem privilégios especiais, PREVISTOS EM LEI (parte inicial do artigo 184); Os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis (parte final do artigo 184). Os bens impenhoráveis previstos na parte final do artigo 184 do CTN estão previstos no Código de Processo Civil (CPC) em seu artigo 649. O texto desse artigo é o seguinte: “Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 60 autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político.” (Grifos nosso) Ainda quanto ao artigo 649 do CPC, a impenhorabilidade somente não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem, tornando-se, nesse caso, penhorável para que venham a saldar eventuais débitos. Outro caso de impenhorabilidade está previsto na lei federal nº 8.009, de 1990, que trata da impenhorabilidade dos bens da família, em especial o relativo ao imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar. EM REGRA, o imóvel não responderá por qualquer tipo de dívida contraída pela família, inclusive de natureza tributária ou previdenciária, nem mesmo em relação aos créditos relativos aos trabalhadores da própria residência. Veja o que nos diz a lei em seus artigos 1º e 2º: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 60 “Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias dequalquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.” (Grifos nosso) Vamos agora ao que nos diz o artigo 185 do CTN, que trata da presunção de fraude à execução. Seu texto nos diz o seguinte: “Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.“ (Grifos nosso) E se o sujeito passivo sabe perfeitamente que tem dívidas tributárias em aberto e não deseja pagar, e sabe também que, ao não pagar pode ter seus bens executados e, diante disso, resolve aliená-los, o que acontece? Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 60 Caso o sujeito passivo aliene ou onere determinado bem com o fim de excluí- lo da execução fiscal, resta presente a fraude na alienação ou oneração efetuada, seja em relação a bens ou a rendas do sujeito passivo. O mesmo ocorre quanto ao INÍCIO de qualquer alienação ou oneração. É o que chamamos de fraude à execução fiscal, situação em que o devedor tenta se desfazer do seu patrimônio ou então dilapida-lo com o intuito de não vê-lo ser tomado pelo Fisco por meio de uma execução fiscal a ser iniciada pela Fazenda Pública. A norma visa proteger o Fisco dos devedores fraudulentos e de má-fé que tentam dissolver seus patrimônios para fugir do pagamento dos créditos tributários devidos. Observe uma palavra muito importante no começo do texto do artigo 185, futuro servidor: PRESUME-SE. Não é necessária a comprovação formal e material da tentativa de fraude, ou até mesmo da própria ocorrência da fraude. O simples ato de tentar alienar o próprio patrimônio na existência de dívidas tributárias em aberto já pode ser configurado como uma fraude à execução fiscal. “Então, se eu for devedor de algum tributo e tentar vender um bem meu, estarei cometendo uma fraude, professor?” Calma. Não é bem assim. Existem momentos que definem a partir de que data os atos do sujeito passivo, quanto à alienação de seus bens ou rendas, serão considerados como fraude à execução fiscal. E é o CTN quem define precisamente esse momento. Somente se caracteriza a tentativa de fraude, ou até mesmo a própria fraude, após o sujeito passivo ser regularmente notificado do ato oficial de inscrição em dívida ativa do Ente competente para propor a execução fiscal. Ou seja, a presunção da fraude pressupõe a anterior e regular inscrição do sujeito passivo em dívida ativa, bem como a sua comunicação formal do ato de inscrição. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 60 A constituição do crédito tributário não presume a fraude, mas apenas a inscrição em dívida ativa. Por sua vez, o início da ação de execução também não é pressuposto para a caracterização da fraude, bastando, repito, a simples inscrição em dívida ativa regularmente notificada ao sujeito passivo, que é ato anterior ao início propriamente dito da execução fiscal. Uma vez inscrito o débito em dívida ativa e sendo esta regulamente notificada ao sujeito passivo, qualquer ato de alienação ou oneração é prova de fraude à execução fiscal, não sendo mais possível a análise do intuito fraudulento ou não, sendo este presumido para todos os efeitos. Todos os atos praticados com a finalidade de dilapidar o patrimônio e fugir à execução serão nulos perante a Fazenda Pública. É o caso, por exemplo, do sujeito passivo que vende determinado bem imóvel penhorável com o fim de que este, posteriormente, não venha a ser tomado pelo Fisco em razão de execução efetuada por meio de anterior inscrição do débito em dívida ativa do Ente competente. Uma vez notificado da inscrição, qualquer venda de imóvel que aquele realize será declarada nula, já que restará configurada a presunção absoluta de fraude à execução quanto à venda do imóvel após a inscrição em dívida ativa. “Quer dizer então que, vendendo um bem após a inscrição em dívida ativa, ainda que o sujeito tenha total boa fé, ele está cometendo uma fraude à execução? Sem perdão, professor?” Sem perdão. Veja o que diz o STJ em um dos seus julgados sobre o tema: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 60 “(...)1. Após a nova redação do art. 185, caput, do CTN pela LC 118/2005, a oneração ou alienação de bens, rendas ou direitos após a inscrição em dívida ativa de crédito tributário presume-se em fraude à execução. 2. A presunção de fraude é jure et de jure, sendo irrelevante a existência ou não de boa-fé do terceiro adquirente. 3. No período anterior à vigência da LC 118/2005, presumem-se fraudulentas as alienações de bens ocorridas após a citação do executado. (...) (AgRg no Ag 1191868/MG, de 02/04/2013)” Antes do advento da lei complementar nº 108, de 2005, a fraude à execução se configurava apenas com a citação válida do devedor na ação de execução fiscal. Esse normativo regulou a fraude até a publicação da citada lei. Após, o termo inicial para que se configure a fraude se dá já com a inscrição em dívida ativa do devedor tributário, sendo irrelevante a citação válida do devedor. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 60 O tema visto até aqui é rico em decisões proferidas pelo STJ. Veja as seguintes decisões: “(...) A alienação ou oneração de bens ou rendas, ou o seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, sem a reserva de patrimônio suficiente à sua garantia, configura presunção absoluta de fraude à execução fiscal, sendo certo que tal presunção se perfaz (i) a partir da citação válida do devedor na ação de execução fiscal, em relação aos negócios jurídicos celebrado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/05 e (ii) em relação aos negócios jurídicos que lhes são posteriores, a partir da inscrição do crédito tributário em dívida ativa. No caso, a alienação foi anterior à mencionada LC 118/05 e não houve citação. Fraude à execução não configurada”. (AgRg no REsp 1106045/2011) “1. A lei especial prevalece sobre a lei geral (lex specialis derrogat lex generalis), por isso que a Súmula n.º 375 do Egrégio STJ não se aplica às execuções fiscais. (...) 4. Consectariamente, a alienação efetivada antes da entrada em vigor da LC n.º 118/2005 (09.06.2005) presumia-se em fraude à execução se o negócio jurídico sucedesse a citação válida do devedor; posteriormente à 09.06.2005, consideram-se fraudulentas as alienações efetuadas pelo devedor fiscal após a inscrição do crédito tributário na dívida ativa. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 60 5. A diferença de tratamento entre a fraudecivil e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeira hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na segunda, interesse público, porquanto o recolhimento dos tributos serve à satisfação das necessidades coletivas. 6. É que, consoante a doutrina do tema, a fraude de execução, diversamente da fraude contra credores, opera- se in re ipsa, vale dizer, tem caráter absoluto, objetivo, dispensando o concilium fraudis. (...) "Ressalva do ponto de vista do relator que tem a seguinte compreensão sobre o tema: [...] b) Na redação atual do art. 185 do CTN, exige-se apenas a inscrição em dívida ativa prévia à alienação para caracterizar a presunção relativa de fraude à execução em que incorrem o alienante e o adquirente (regra aplicável às alienações ocorridas após 9.6.2005);”. (...) "Ocorrida a alienação do bem antes da citação do devedor, incabível falar em fraude à execução no regime anterior à nova redação do art. 185 do CTN pela LC 118/2005". Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 60 “A jurisprudência do STJ, interpretando o art. 185 do CTN, até o advento da LC 118/2005, pacificou-se, por entendimento da Primeira Seção (EREsp 40.224/SP), no sentido de só ser possível presumir-se em fraude à execução a alienação de bem de devedor já citado em execução fiscal”. (...) 9. Conclusivamente: (a) a natureza jurídica tributária do crédito conduz a que a simples alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo por quantia inscrita em dívida ativa, sem a reserva de meios para quitação do débito, gera presunção absoluta (jure et de jure) de fraude à execução (lei especial que se sobrepõe ao regime do direito processual civil); (b) a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que tenha havido prévia citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; se o ato translativo foi praticado a partir de 09.06.2005, data de início da vigência da Lei Complementar n.º 118/2005, basta a efetivação da inscrição em dívida ativa para a configuração da figura da fraude; (c) a fraude de execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção jure et de jure, conquanto componente do elenco das "garantias do crédito tributário"; (d) a inaplicação do artigo 185 do CTN, dispositivo que não condiciona a ocorrência de fraude a qualquer registro público, importa violação da Cláusula Reserva de Plenário e afronta à Súmula Vinculante n.º 10, do STF”. (REsp 1141990/PR, de 10/11/2010) Por sua vez, a Súmula nº 375 do STJ, que não é aplicável às execuções fiscais, diz o seguinte em seu texto: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 60 “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.” Diante de tudo, resta a seguinte conclusão: caso o sujeito possua débitos e aliene seus bens anteriormente à inscrição em dívida ativa, não haverá qualquer fraude à execução fiscal. Somente após aquela é que esta se configura. A previsão do artigo 185 do CTN, contudo, não se aplica caso o contribuinte devedor tenha reservado bens ou valores SUFICIENTES ao total pagamento do débito inscrito. Nessa hipótese, não há intuito fraudulento em qualquer alienação ou oneração realizada pelo sujeito passivo devedor, uma vez que, por óbvio, o eventual pagamento dos débitos está assegurado por outros bens ou valores. A inscrição em dívida ativa do devedor não é uma limitação total imposta ao devedor, que poderá indicar bens e valores passíveis de serem utilizados para saldar os débitos tributários e, assim, poder dispor da forma que bem entender quanto aos demais bens em sua propriedade. Atentou bem? A reserva deverá ser equivalente ao TOTAL do débito tributário devido. Não é metade, 30% ou 80%, é 100% mesmo. Sem isso, resta configurada a fraude à execução fiscal. Ok? Por exemplo, caso Mellina possua débitos não pagos no valor de R$ 100.000,00 e possua dois imóveis no valor de R$ 100.000,00 cada, poderá livremente vender ou doar um dos imóveis, uma vez que o valor do crédito tributário devido estará garantido pelo imóvel que permanecerá em seu patrimônio e passível de ser executado pelo Fisco. O mesmo aconteceria caso Mellina vendesse um único imóvel penhorável que possui por R$ 200.000,00 e aplicasse R$ 100.000,00 daqueles na garantia do débito tributário neste mesmo valor. Não haveria nenhuma fraude em razão da simples venda do imóvel, uma vez que houve a reserva de valores para a garantia do pagamento do crédito tributário. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 60 Já o artigo 185-A do CTN trata dos casos caso em que o devedor, após citado pela autoridade judiciária competente a apresentar bens à penhora no prazo legal, em razão de execução fiscal contra ele deflagrada, não o faz. Aqui a coisa complica para o devedor. “Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido.” (Grifos nosso) Uma vez que não foram apresentados bens pelo sujeito passivo devedor após citado pela autoridade judiciária, nem foram encontrados bens penhoráveis pelo Fisco, compete ao Juiz competente DETERMINAR A INDISPOSNIBILIDADE DOS BENS E DIREITOS DO DEVEDOR, ficando este impossibilitado de aliená-los ou onerá-los. A indisponibilidade, entretanto, será apenas no montante do valor total exigível, ainda que o patrimônio do devedor seja maior do que o por ele devido. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 60 Se o sujeito passivo devedor tem débitos no montante de R$ 400.000,00 e patrimônio no montante de R$ 1.000.000,00, somente 40% desse ficará indisponível para alienação. Os R$ 600.000,00 poderão ser livremente alienados. Ao determinar a indisponibilidade, o juiz competente deverá comunicar a decisão, preferencialmente, por meio eletrônico (a chamada penhora eletrônica ou penhora on-line), aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Observe que o artigo 185-A do CTN apresenta quatro requisitospara que o Juízo competente proceda à indisponibilidade dos bens, seja pelos métodos tradicionais, seja por meio da penhora on-line. São eles: 1) O devedor deve ter sido previamente citado no âmbito do processo de execução fiscal; 2) Não detectado o pagamento dos valores do crédito tributário em aberto; 3) Não houve a apresentação, por parte do devedor, de bens à penhora dentro do prazo previsto na legislação; e 4) Não foram localizados bens a serem penhorados. Por sua vez, órgãos e entidades que receberem a comunicação enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houver promovido. A penhora on-line é um instrumento que se mostra útil apenas quando forem esgotados todos os demais meios e formas de serem encontrados bens do devedor para garantir a execução dos valores devidos ao Fisco. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 60 “Professor, e se a razão da penhora on-line é bloquear apenas os bens que possui o devedor nos casos em que este não apresenta bens à penhora, como o juiz vai saber o tamanho do patrimônio do devedor para poder mandar bloquear somente o valor que é devido?” O juiz não tem, regra geral, como saber o montante total do patrimônio do sujeito passivo. A medida, a penhora on-line, é muito prejudicial ao sujeito passivo devedor, uma vez que todos os órgãos comunicados irão efetuar o bloqueio e remeter a listagem de bens nessa situação ao juízo competente. Só após ter em mãos todos os bens é que o juiz mandará desbloquear aqueles bens que excedem o patrimônio. Ou seja: por um determinado tempo, o devedor poderá ter todo o seu patrimônio bloqueado em razão de dívidas tributárias, mesmo aqueles que excedem o valor destas. Somente após o juiz competente receber o comunicado de bloqueio dos bens, e tendo em mãos o montante total bloqueado, é que aquele irá mandar desbloquear os bens que superem, em valores atuais, o valor do débito levado à execução fiscal. Os requisitos para que seja realizada a indisponibilidade dos bens e direitos do sujeito passivo são as seguintes, conforme o artigo 185-A do CTN: Citação prévia no âmbito do processo de execução fiscal; Não haja pagamento dos valores devidos do crédito tributário por parte do sujeito passivo; Não ocorra a apresentação de bens à penhora no prazo legal; Não sejam localizados bens que possam ser penhoráveis. “E a penhora on-line pode ser feita de imediato ou primeiramente devem ser apurados os bens pelos métodos comuns, professor?” Quem nos responde isso é o STJ. Veja o que nos diz a Corte Superior Guardião das Leis: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 60 “Restou consolidado, nesta Corte Superior, por meio de julgamento de recurso representativo de controvérsia, o entendimento no sentido de que, a partir da Lei n. 11.382/06, a penhora on-line por meio do convênio Bacen- Jud não está condicionada ao prévio exaurimento das medidas destinadas à localização de bens penhoráveis”. (AgRg no AREsp 141443/PR, de 24/04/2012” Ou seja, a penhora on-line pode ser realizada sem que antes tenham sido esgotadas as demais vias para se apurar bens penhoráveis do sujeito passivo devedor. Cabe ao juiz decidir sobre a indisponibilidade ou não, e o alcance desta, observado sempre o que nos diz o CTN. (Questão 02) Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a) a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens. b) a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio de carta registrada com AR, aos órgãos do Ministério Público e Polícia Civil. c) o confisco dos seus bens e direitos que futuramente adquirir, comunicando a decisão aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais. d) a indisponibilidade dos bens do devedor, de seus herdeiros e sócios, comunicando a decisão, preferencialmente por meio de intimação pessoal, às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 60 e) a indisponibilidade dos bens do devedor e a comunicação aos órgãos que prestam serviço público de proteção ao crédito, para que lancem seu nome no rol dos inadimplentes, nos termos do Código de Defesa do Consumidor. De acordo com o artigo 185-A do CTN, na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. (Questão 03) A alienação ou oneração de bens ou rendas por sujeito passivo em débito tributário inserido na dívida ativa para com a fazenda pública presume-se fraudulenta a) se não tiverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida. b) somente se o ato ocorrer quando já em execução a dívida ativa regularmente inscrita. c) independentemente de dispor o devedor de outros bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida. d) ainda que o ato seja anterior à inscrição do débito na dívida ativa. Essa questão se resolve com o conhecimento constante no artigo 185 do CTN, que assim nos diz em seu texto: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 60 “Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.” Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Vamos agora ao que determinam os artigos 186 a 193 do CTN, relacionados às preferências do crédito tributário. Em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 60 Preferências ou Privilégios do crédito tributário Nesse item da aula estudaremos as preferências relacionadas ao crédito tributário, previstas nos artigos 186 a 193 do CTN. Esse tema nos diz sobre o status que o crédito tributário terá frente aos demais créditos nãotributários que serão exigidos do sujeito passivo devedor. Por exemplo, se estiver sendo cobrados de uma empresa créditos relativos a dívidas tributárias, no valor de R$ 20.000,00, e a ações trabalhistas, no valor de R$ 15.000,00, mas o devedor somente dispõe do montante de R$ 13.000,00, qual dos dois valores deve ser pago primeiro? O sujeito passivo possui mais débitos do que bens e valores para saldar aqueles. E agora? Quem será pago primeiramente? Estudaremos as preferências nesse item da nossa aula. Veja o que nos diz o artigo 186 do CTN: “Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. Parágrafo único. Na falência: I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados.” (Grifos nosso) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 60 Devemos dividir o que dispõe o artigo acima em duas situações: os créditos tributários devidos quando não seja observada a falência do contribuinte e os devidos em momento em que seja observada essa situação. A falência, atualmente, encontra-se regulada na lei federal nº 11.101/05. Veja a figura ilustrativa abaixo para resumir bem os pontos mais importantes do artigo 186 do CTN, também de grande importância para provas em que o tema é cobrado. A preferência do crédito tributário se refere aos casos em que o sujeito passivo não dispõe de numerário ou bens suficientes para saldar todas as suas dívidas. Nesses casos, os poucos recursos ainda existentes deverão observar determinadas preferências para que os credores recebam os valores devidos, e até o montante total possuído pelo sujeito passivo e passível de disponibilidade para saldar tais valores, uma vez que existem bens e valores que jamais poderão ser utilizados para saldar débitos de qualquer natureza. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 60 Existirão casos, claro, em que alguém ficará sem receber nada. Acabou o dinheiro. Vai pagar como? Paciência. Para que não haja confusão e desentendimento entre os credores, a lei regulou quem deve receber primeiro. Pensou que era na sistemática “ganha quem chegar primeiro”? Não. Não é assim que funciona. Dessa forma, caso o contribuinte possua apenas R$ 100.000,00 para saldar suas dívidas, e o montante destas some R$ 150.000,00, deve ser observada uma ordem de preferências e prioridades quanto à diversidade de credores e valores devidos (quando existem, claro). Desse modo, tenha em mente que o privilégio do crédito tributário não é absoluto, embora seja de grande importância. Caso não seja observada a falência, que é a primeira situação a ser estudada, o crédito tributário, a ser exigido pelo Fisco somente não será cobrado prioritariamente em relação aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho. Casos existentes créditos com essa natureza, estes deverão ser primeiramente liquidados, para tão somente os créditos tributários poderem ser. Claro: supondo que ainda existam valores disponíveis para pagamento. Essas são as situações gerais de preferências para a solvência dos créditos devidos pelo sujeito passivo. Atente bem e guarde a seguinte ordem de preferência (não esqueça que aqui não há falência em jogo!!): 1º) Créditos decorrentes da legislação do trabalho (férias, 13º salário, aviso prévio, etc.); 2º) Créditos decorrentes de acidente do trabalho; 3º) Crédito tributário; 4º) Outros créditos que não preferem aos tributários. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 60 Ainda quanto a esse ponto, observe a redação do seguinte trecho do caput do artigo 186 do CTN: “... seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição...”. Essa passagem nos diz que os créditos tributários serão pagos com preferência sobre qualquer outro, independentemente de sua natureza e do tempo da sua constituição. Mesmo que determinada dívida não tributária tenha sido contraída antes da constituição do crédito tributário, esse terá preferência quanto ao pagamento (excetuados apenas os casos de créditos decorrentes da legislação do trabalho e de acidente do trabalho, conforme previsão expressa no CTN). Caso seja observada a falência do sujeito passivo, a segunda situação a ser estudada, o crédito tributário deverá observar outros créditos preferenciais, contidos no parágrafo único do artigo 186. Observada essa situação, o crédito tributário não terá preferência para seu pagamento em relação a mais três situações previstas no Código, além das vistas anteriormente. Veja a seguinte ordem de preferência a ser observada na falência: 1º) Créditos extraconcursais; 2º) Importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar (lei federal nº 11.101/05); 3º) Créditos decorrentes da legislação do trabalho ou de acidente do trabalho; 4º) Créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; 5º) Crédito tributário. Os créditos extraconcursais são aqueles surgidos dentro do processo de falência, e cujos fatos geradores ocorreram após a decretação desta. Depois de iniciado o processo de falência, caso seja devido algum tributo relativo a, por exemplo, uma transmissão de imóvel onerosa, será devido o ITBI e pago preferencialmente a qualquer outro crédito tributário devido antes do início do processo de falência, o mesmo ocorrendo quanto a créditos não tributários porventura surgidos e devidos durante o processo de falência. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 60 Os créditos listados dispõem de preferência absoluta quanto ao demais no processo de falência, podendo ter ainda qualquer natureza, seja ela tributária ou não. Lembre-se que os créditos extraconcursais (tributários ou não) são os primeiros da lista que apresentamos anteriormente. Os valores considerados créditos extraconcursais estão previstos nos incisos do artigo 84 da Lei de Falências, e segundo a ordem em que aparecem. Seu texto nos diz o seguinte: “Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durantea recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 60 Ou seja, ainda que tenhamos um crédito tributário extraconcursal, esse deverá ser pago posteriormente aos créditos previstos nos incisos I a IV do artigo 84 da lei de falências. Por sua vez, o artigo 188 do CTN também trata dos créditos extraconcursais. Veja o seu texto: “Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata.” Já as importâncias passíveis de restituição são aquelas que pertencem a terceiros, tendo sido arrecadadas dentro do processo de falência. São bens que estava em poder do devedor, mas não eram de propriedade deste. Como exemplo de importâncias passíveis de restituição, temos os bens em posse do falido em virtude de venda em consignação, ou as importâncias retidas em razão de substituição tributária ou por determinação expressa da legislação tributária, como acontece para ao caso das retenções quanto ao imposto sobre a renda e às contribuições previdenciárias. Quanto a esse tema, veja o que nos diz o artigo 85 da lei de falências e a Súmula 307 do STJ: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 60 “Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada.” “Súmula STJ nº 307: A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito.” Os créditos com garantia real são aqueles relativos à hipoteca e ao penhor, devendo ser observado sempre o limite do valor do bem gravado. Esse tipo de crédito também prefere ao crédito tributário num processo de falência. Desse modo, reunindo as regras relativas às preferências, em conformidade com o que dispõe o artigo 83 da lei de falências, podemos estabelecer a seguinte ordem de preferência a ser observada na falência quanto ao pagamento de créditos devidos pelo devedor: 1º) Importâncias passíveis de restituição e créditos extraconcursais; 2º) Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 3º) Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 4º) Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 5º) Créditos com privilégio especial, a saber; 6º) Créditos com privilégio geral; 7º) Créditos quirografários; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 60 8º) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração a dispositivos das leis penais ou das leis administrativas, inclusive as multas tributárias; 9º) Créditos subordinados (os assim previstos em lei ou em contrato; os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício; entre outros). Quanto às preferências, temos ainda o caso das contribuições previdenciárias descontadas dos salários dos empregados pelo devedor falido e não repassadas a União. No processo de falência, esses valores são considerados como importâncias passíveis de restituição, devendo, por conseguinte, ser restituídas antes do pagamento de quaisquer outros créditos, ainda que trabalhistas. Essa previsão decorre, também, do que dispõe a Súmula STJ nº 417. Veja ainda a seguinte decisão do STJ sobre o tema: “(...)1. Os valores correspondentes às contribuições previdenciárias descontadas dos salários dos empregados, e não recolhidos à Previdência Social, podem ser reivindicados pelo INSS e devem ser restituídos antes do pagamento de qualquer crédito, ainda que trabalhista, tendo em vista que tais valores não compõem o patrimônio do falido. Precedentes. 2. Incidência da Súmula 417/STF: "Pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse ele a disponibilidade.” (...) (AgRg no REsp 1276806/RS, de 14/08/2012)” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 60 (Questão 04) Em processo de falência, a ordem de preferência do crédito tributário constituído antes da decretação da falência de determinado contribuinte que deve também créditos trabalhistas anteriores à quebra, equivalentes a vinte mil reais; créditos trabalhistas anteriores à quebra, cedidos a terceiros, equivalentes a quinze mil reais; crédito garantido com hipoteca até o limite do valor do bem gravado; remuneração devida ao administrador judicial equivalente a cinco mil reais, corresponderá ao a) primeiro pagamento. b) segundo pagamento. c) terceiro pagamento. d) quarto pagamento. e) quinto pagamento. Tendo em vista a enumeração que acabamos de apresentar na aula, antes que sejam pagos os créditos tributários, primeiramente devem ser pagos os três primeiros créditos apresentados no enunciado da questão, quais sejam, remuneração devida ao administrador judicial equivalente a cinco mil reais , que são créditos extraconcursais (1º) créditos trabalhistas anteriores à quebra, equivalentes a vinte mil reais (2º); e crédito garantido com hipoteca até o limite do valor do bem gravado (3º). Somente após a solvência destes é que serão pagos, caso reste saldo, os créditos tributários devidos. Assim, o crédito tributário será o quarto item na ordem de pagamento. Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. Créditos trabalhistas anteriores à quebra, cedidos a terceiros, equivalentes a quinze mil reais, são classificados como créditos quirografários. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 60 Observe bem que o crédito tributário relativo a tributos tem uma posição específica (4º) na ordem de preferência para pagamento, enquanto que os créditos relativos a multas e penalidades tributárias tem outra posição (8º) na ordem de preferência. Por sua vez, os incisos II e III do parágrafo único do artigo 186 do CTN dispõem que a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho, bem como que a multa tributáriaprefere apenas aos créditos subordinados. Como vimos anteriormente, esse limite é de 150 salários mínimos, e que a preferência das multas tributárias preferem apenas aos previstos no nono item da enumeração que apresentamos, quais sejam, os créditos subordinados. (Questão 05) Em conformidade com o entendimento do STJ, a multa fiscal moratória, por constituir pena administrativa, não deve ser incluída no crédito habilitado em falência. Essa questão decorre do entendimento já bem consolidado no STJ, que dispõe o seguinte em uma de suas decisões: “(...) Na execução fiscal movida contra a massa falida não incide multa moratória, consoante as Súmulas 192 e 565 da Suprema Corte, e art. 23, parágrafo único, III do Decreto-Lei 7.661/45". 2. "Na hipótese em que decretada a falência de empresa, cabíveis os juros moratórios antes da quebra, sendo irrelevante a existência do ativo suficiente para pagamento de todo o débito principal, mas após essa data, são devidos somente quando há sobra do ativo apurado para pagamento Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 60 do principal. (...)” (AgRg no AREsp 185841 / MG, de 02/05/2013) Em outra decisão, temos o seguinte: “(...) A multa moratória, dado seu caráter punitivo, não se inclui no passivo da massa falida, nos termos da Súmula 192 e 565 do STF. 3. No que pertine aos juros de mora, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que são exigíveis até a decretação da quebra e, após esta, ficam condicionados à suficiência do ativo da massa. (...)” (REsp 1185034 / MG, de 11/05/2010) Assim, resta correta a assertiva apresentada. Já o artigo 187 do CTN dispensa a Fazenda Pública de qualquer procedimento de habilitação em processos de falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento para que venha a ter seus créditos saldados. Ou seja, esse artigo dispõe sobre a autonomia da execução fiscal em relação ao processo da falência, sendo independentes entre si. Todo o rito preferencial de pagamento dos débitos do devedor falido será estabelecido pelo CTN e pela lei de falências. Esse rito independe de pedido de habilitação da Fazenda Pública nos autos do processo falimentar. Nada impede, contudo, a Fazenda Pública de se habilitar no processo de falência para ver saldados os créditos tributários. Mas, repita-se, não é uma obrigatoriedade. Veja o que diz o STJ sobre a desnecessidade de habilitação da Fazenda Pública no processo de falência e o prosseguimento normal da execução fiscal, paralelamente. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 60 “(...) a preferência do crédito trabalhista há de subsistir quer a execução fiscal tenha sido aparelhada antes ou depois da decretação da falência e, mesmo já aparelhada a execução fiscal com penhora, uma vez decretada a falência da empresa executada, sem embargo do prosseguimento da execução singular, o produto da alienação deve ser remetido ao juízo falimentar, para que ali seja entregue aos credores, observada a ordem de preferência legal" (...) (EREsp 276781/SP, de 05/05/2010)” O texto do artigo 187, por sua vez, é o seguinte: “Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata.” (Grifos nossos) “E caso a Fazenda Pública deseje se habilitar no processo de falência, o que ocorre com a execução fiscal já em curso? É suspensa?” Nesse caso, a Fazenda Pública deverá livremente optar por um dos ritos, não podendo se utilizar dos dois instrumentos para ver saldados seus créditos, não sendo admitida uma garantia dúplice. Escolhendo uma via, ocorre a renúncia à outra. Veja o que nos diz o STJ: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 60 “(...) Os arts. 187 e 29 da Lei 6.830/80 não representam um óbice à habilitação de créditos tributários no concurso de credores da falência. Asseguram, na verdade, uma prerrogativa do ente público, que pode optar pelo rito da execução fiscal ou pela habilitação do crédito no concurso de credores da falência. 3. Escolhendo um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não se admitindo uma garantia dúplice. (...) 4. O fato de permitir-se a habilitação do crédito tributário em processo de falência não significa admitir o requerimento de quebra por parte da Fazenda Pública. (...) (REsp 988468 / RS, de 13/11/2007)” Nesse ponto, uma observação importante deve ser feita: É indevida a decretação da falência do sujeito passivo pela Fazenda Pública, uma vez que esta dispõe do instrumento da execução fiscal, que é medida específica para a cobrança do crédito tributário. Vamos em frente com o que dispõe o artigo 187 do CTN e os incisos do seu parágrafo único. Observe que o concurso de preferência quanto ao pagamento dos créditos tributários somente se verifica em relação às demais pessoas jurídicas de direito público, conforme nos dizem os incisos I a III do parágrafo único do artigo 187 do CTN. Desse modo, caso devam ser satisfeitos créditos tributários da União e do Município de Nazaré da Mata/PE, primeiramente devem ser pagos os créditos da União Federal, para tão somente, caso ainda existente algum valor, serem pagos os do Município pernambucano. Para o termo pro rata, esse nos fala que os créditos devem ser pagos conforme os valores devidos, caso insuficientes para serem totalmente pagos. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 60 Por exemplo, considere que Astolfo deve R$ 10.000,00 em ISS ao Município de Camocim de São Feliz/PE e R$ 5.000,00 ao Município de Carpina/PE. Por sua vez, o mesmo sujeito passivo dispõe apenas de R$ 3.000,00 a serem destinados aos dois credores citados. Uma vez que a concorrência dos Municípios é conjunta e pro rata, os valores devem ser pagos conforme os valores devidos. Assim, já que Camocim de São Feliz/PE possui 2/3 do total dos valores devidos por Astolfo, deverá receber também 2/3 dos valores disponíveis, ou seja, R$ 2.000,00 devem ser pagos a este Município. À Carpina serão destinados apenas R$ 1.000,00, que corresponde a 1/3 do montante total disponível, uma vez que são devidos a esse município 1/3 do crédito tributário em aberto. Essa preferência, claro, se observa caso não existam créditos trabalhistas nem decorrentes de acidente do trabalho. Existindo esses, deverão ser prioritariamente ser saldados, para só então serem solvidos os créditos tributários das pessoas políticas. O mesmo acontece quanto aos processos de falência, que segue outra ordem de preferência. “E caso exista débitos de autarquias, professor? Eles entram na preferência?” Esse caso é resolvido com o que dispõe a lei de execuções fiscais (lei federal nº 6.830, de 1980), que assim dispõe em seu artigo 29: “Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública nãoé sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento. Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União e suas autarquias; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 60 II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.” Assim, tanto os débitos da União quanto os de suas autarquias têm a mesma preferência em relação aos créditos tributários dos demais entes políticos. Caso a “disputa” pelo pagamento seja entre uma autarquia federal e um Estado ou município, aquela terá preferência quanto ao pagamento dos créditos destes (estados e municípios). “(...) verificada a pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem em executivos fiscais ajuizados por diferentes entidades garantidas com o privilégio do concurso de preferência, consagra-se a prelação ao pagamento dos créditos tributários da União e suas autarquias em detrimento dos créditos fiscais dos Estados, e destes em relação aos dos Municípios, consoante a dicção do art. 187, parágrafo único, c/c o art. 29 da Lei 6.830/80. (...) (AgRg no REsp 1341707/RS, de 18/04/2013)” “(...) O crédito tributário de autarquia federal goza do direito de preferência em relação àquele de que seja titular a Fazenda Estadual, desde que coexistentes execuções e penhoras. (...) (REsp 957836/SP, de 13/10/2010)” Por sua vez, o artigo 189 nos diz que serão pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. “Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 60 ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se- á na forma do disposto no § 1º do artigo anterior.” (Grifos nosso) Assim, se no curso do inventário existir saldos a serem pagos ao inventariante, por exemplo, primeiramente devem ser saldados os créditos tributários, para só então aqueles serem saldados, mesmo que estes ainda estejam por vencer (vincendos). Mais uma vez, desse ser observada a ordem de preferência para o pagamento dos créditos tributários em relação aos créditos trabalhistas e de acidente do trabalho. Não se esqueça destes! “Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.” Esse artigo nos diz que, caso venham a ser liquidadas pelos seus sócios (liquidação voluntária), os créditos tributários devem ser saldados antes de quaisquer outros, ainda que não tenham vencido os prazos para pagamento destes. As mesmas regras se aplicam no caso de liquidação judicial da pessoa jurídica. Os artigos 191, 191-A e 192 do CTN dispõem sobre a prova de quitação de todos os tributos para que determinados atos possam vir a ser celebrados. Veja o que eles nos dizem: A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos, sejam eles devidos à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observados os casos de suspensão da Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 60 exigibilidade do crédito tributário presente no artigo 151 do mesmo CTN; A prova de quitação de todos os tributos é feita por meio da apresentação de certidão negativa de débitos (CND) ou de Certidão Positiva de Débitos com Efeitos de Negativa (CPEN), conforme disposto nos artigos 205 e 206 do CTN. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Para que os bens deixados pelo De Cujus venham a ser transferidos para os seus herdeiros ou legatários, deve haver prova de que todos os tributos devidos estejam devidamente pagos até a data da oficialização da transferência dos bens e direitos. Por fim, temos o que dispõe o artigo 193 do CTN, que traz dispositivo relacionado à participação em processo licitatório promovida pela Administração Pública. Para que possam se habilitar, os interessados devem apresentar prova de quitação de todos os tributos DEVIDOS À FAZENDA PÚBLICA INTERESSADA. Ou seja, caso o Município de Bodocó/PE promova uma licitação para a compra de colheitadeiras, os interessados em participar do certame somente poderão se habilitar caso apresentem prova de quitação de todos os tributos devidos ao Município pernambucano, e não em relação à União ou ao Estado de Pernambuco, por exemplo. Essa previsão somente não será observada caso haja expressa disposição de lei prevento o contrário. “Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 60 faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre.” (Questão 06) De acordo com a Lei nº 11.101/2005, sobre Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial da sociedade empresarial e do empresário, considere as afirmativas a seguir. I. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. II. Créditos quirografários como remunerações do administrador judicial, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho de serviços prestados após a decretação da falência, não têm precedência sobre os créditos tributários. III. Esta lei aplica-se às sociedades de economia mista, empresas públicas, instituições financeiras privadas, cooperativas de crédito, consórcios e sociedades operadoras de planos de assistência à saúde. IV. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Nesse caso, os credores do devedor conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Netoʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 60 c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Item I) Correto. De acordo com a redação literal do artigo 6º da lei federal nº 11.101, de 2005, a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. Item II) Incorreto. Reunindo as regras relativas às preferências, em conformidade com o que dispõe o artigo 83 da lei de falências e os dispositivos presentes no CTN, em especial o artigo 186, parágrafo único, pode-se estabelecer a seguinte ordem de preferência a ser observada na falência: 10º) Importâncias passíveis de restituição e créditos extraconcursais (inclusive os valores a que se refere a Súmula STJ nº 307); 11º) Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 12º) Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 13º) Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 14º) Créditos com privilégio especial; 15º) Créditos com privilégio geral; 16º) Créditos quirografários; 17º) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração a dispositivos das leis penais ou das leis administrativas, inclusive as multas tributárias; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 60 18º) Créditos subordinados (os assim previstos em lei ou em contrato; os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício; entre outros). Assim, os créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho de serviços prestados após a decretação da falência, têm precedência sobre os créditos tributários, não tendo apenas os créditos quirografários. Item III) Incorreto. De acordo com o artigo 2º da lei federal nº 11.101, de 2005, os dispositivos dessa lei não se aplica a: empresa pública e sociedade de economia mista; instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Item IV) Correto. De acordo com o artigo 49 da lei federal nº 11.10, de 2005, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. E assim chegamos ao final de mais uma aula. Espero que tenha aproveitado bem essa aula e aprendido bastante. Vamos agora às questões propostas quanto ao assunto apresentado. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 60 Questões Propostas 1. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/Consultor Legislativo Área III/2014) O STJ entende que, para que haja o reconhecimento de fraude à execução fiscal, é imprescindível o registro da penhora do bem alienado. Essa questão cobrou o conhecimento constante na Súmula STJ nº 375, que estabelece o seguinte: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.” Assim, resta correta a assertiva apresentada. 2. (CESPE/ANATEL/Especialista – Direito/2014) Suponha que Franco, após ter recebido notificação de lançamento para pagamento voluntário, antes da inscrição do débito em dívida ativa, tenha alienado, pela metade do valor de mercado, barco de sua propriedade a Alemão. Nesse caso, está configurada fraude à execução fiscal. De acordo com o artigo 185 do CTN, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Assim, resta incorreta a assertiva apresentada, uma vez que o débito ainda não estava inscrito em dívida ativa, não restando, assim, configurada a fraude. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 60 3. (CESPE/ANATEL/Especialista – Direito/2014) Para a extinção das obrigações do falido e a concessão de recuperação judicial, exige-se prévia quitação dos tributos devidos, sendo possível, nesse último caso, a concessão da recuperação se o devedor obtiver a suspensão da exigibilidade do crédito devido. De acordo com os artigos 191 e 191-A, ambos do CTN, a extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos, e a concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos. Assim, resta correta a assertiva apresentada. 4. (CESPE/ANATEL/Especialista – Direito/2014) O crédito trabalhista prefere ao crédito tributário quando aquele for inferior a duzentos e cinquenta salários mínimos. em conformidade com o que dispõe o artigo 83 da lei de falências, estabelece-se a ordem de preferência a ser observada na falência: 1º) Importâncias passíveis de restituição e créditos extraconcursais; 2º) Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 3º) Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 4º) Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 5º) Créditos com privilégio especial, a saber; 6º) Créditos com privilégio geral; 7º) Créditos quirografários; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 12 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 60 8º) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração a dispositivos das leis penais ou das leis administrativas, inclusive as multas tributárias; 9º) Créditos subordinados (os assim previstos em lei ou em contrato; os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício; entre outros). Essa previsão, contudo, vale apenas para os casos de falência. Nas demais situações, não há limitações quanto aos créditos trabalhistas. Assim, resta incorreta a assertiva apresentada. 5. (CESPE/TCDF/Procurador/2013) Em conformidade com o entendimento do STJ, a multa fiscal moratória, por constituir pena administrativa, não deve ser incluída no crédito habilitado em falência. Essa questão decorre do entendimento já bem consolidado no STJ, que dispõe o seguinte em uma de suas decisões: “(...) Na execução fiscal movida contra a massa falida não incide multa moratória, consoante as Súmulas 192 e 565 da Suprema Corte, e art. 23, parágrafo único, III do Decreto-Lei 7.661/45". 2. "Na hipótese em que decretada a falência de empresa, cabíveis os juros moratórios antes da quebra, sendo irrelevante a existência do ativo suficiente para pagamento de todo o débito principal, mas após essa data, são devidos somente
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