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COVID-19 • Os coronavírus são vírus de RNA envelopados com um dos maiores genomas virais, responsáveis por infecções tanto em animais (morcegos, camelos, felinos, porcos, vacas, aves etc.), quanto em humanos. • Nos seres humanos, estes causam até 1/3 das infecções do trato respiratório adquiridas na comunidade, assim como possuem um papel relevante dentre as infecções graves entre adultos e crianças. • Dos 4 gêneros entre os coronavírus: alfa, beta, delta e gama, o SARS-CoV-2 pertence ao grupo beta. ESTRUTURA • Proteína S se projeta através do envelope viral e forma os picos (“coroa” do Coronavírus) → ligação e fusão com o receptor da célula hospedeira; além de estimular a produção de Acs neutralizantes e linfócitos citotóxicos do hospedeiro; • Proteína M → montagem do vírus; • Proteína N → se associa ao genoma do RNA para formar o nucleocapsídeo, pode estar envolvida na regulação da síntese do RNA viral e interagir com a proteína M no surgimento do vírus; • Proteína E → não tem sua função bem elucidada, mas no SARS-CoV esta atua junto com as proteínas M e N na montagem e liberação viral TRANSMISSÃO DO SARS-COV-2 • Ocorre por meio de fala, tosse e/ou espirro, gotículas respiratórias que contém o SARS-CoV-2 → contágio direto requer uma proximidade de 1 a 1,5 m de distância entre o paciente e o hospedeiro suscetível. Portanto, ambientes fechados e aglomerados facilitam a disseminação do vírus • Pode se depositar em sup. como aço e plástico e sobreviver por até 72h. FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA 1. Entrada do SARS-CoV-2 pelas vias áreas 2. Adesão à mucosa do epitélio respiratório superior → interação entre a glicoproteína S e o receptor ECA-2 3. Penetração da partícula viral na célula hospedeira, seguida de desnudamento e rápida replicação viral, desencadeando modificações no epitélio vascular e alveolar, através de intensa apoptose e/ou piroptose de céls infectada. ▪ Apoptose + danos no epitélio vascular e alveolar → extravasamento de conteúdos celulares: proteínas virais presentes no interior das células-alvo e extravasamento de leucócitos do plasma sanguíneo para o interior da matriz pulmonar. 4. Ativação do sistema imune inato → estimulado pelos PAMPs e por APC: desencadeia-se uma resposta imunológica 1ª com a secreção de importantes citocinas pró-inflamatórias ▪ Monócitos e macrófagos, linfócitos e neutrófilos, migram para o epitélio pulmonar para tentar conter o vírus ▪ Quando essa tentativa de limitar a infecção é exacerbada, há efeitos oxidativos e inflamatórios inespecíficos que resultam em danos secundários aos tecidos funcionais e não infectados 5. Ativação do sistema imune adaptativo → após entrada do vírus na célula-alvo, peptídeos virais são apresentados pelo MHC I aos LT CD8+, que exercem sua função citotóxica, levando à morte celular por apoptose da célula infectada e MHC II que ativa céls CD4+ ( produção e liberação de IL-12 que atuará coestimulando a produção de linfócitos com perfil Th1) 6. Agravos: • “TEMPESTADE DE CITONA” (hipercitocinemia) ▪ Hiperativação imunológica ocorre quando as céls efetoras, principalmente NK e linfócitos T CD8+, não são capazes de eliminar as célas infectadas e, consequentemente, os antígenos, resultando em uma persistência destes que levam à produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias ▪ ↑↑citocinas pró-inflamatórias → lesão pulmonar e vascular→ produção de exsudato, edema e fibrose → inflamação pulmonar exacerbada que leva à SRDA e a uma grave desregulação imunológica, que pode ter como um dos seus mecanismos o extenso estímulo à apoptose de linfócitos T • Desregulação do sistema renina-angiotensina devido à internalização do vírus→ contribui para a inflamação e para complicações circulatórias e vasculares • Liberação de Ac neutralizantes, pela resposta imune adaptativa na fase aguda da doença não fica suficiente para neutralização antiviral completa. ▪ Seu englobamento por céls do sistema imune ↑ ainda mais a proliferação viral, a produção de citocinas pró- inflamatórias via ativação do sistema complemento, e intensifica os danos ASPECTOS RESPIRATÓRIOS • Lesões pulmonares graves podem estar relacionadas à resposta imunológica humoral por Acs antiglicoproteína S nos pulmões e pela ↑[quimiocinas] MCP-1 e IL-8. • ↑↑ liberação de mediadores inflamatórios → resposta citotóxica descontrolada na tentativa de impedir a infecção pelo vírus, com graves danos celulares e teciduais: ▪ Perda maciça de células pulmonares por lise celular → extravasamento do conteúdo intracelular → espaços alveolares com exsudato proteico, com formação de edema pulmonar e de tecido fibrótico → ↓capacidade bronquiolar de realizar trocas gasosas, observada clinicamente pela ↓da saturação de O2 e dispneia ASPECTOS CARDIOVASCULARES • Ligação da glicoproteína S viral ao receptor ECA-2 → ↓ expressão do receptor pois a interação desencadeia sinalização intracelular que culmina na sua endocitose ocorrendo, ainda, ↓produção de ECA-2 à níveis genômicos, resultando na perda da função catabólica da enzima. • Equilíbrio fisiológico do RAS é afetado → perda de sensibilidade de barorreceptores, ↑vasoconstrição (↑resistência vascular periférica) → ↑PAS; • Retenção de Na+ → retenção hídrica, com subsequente ↑ volume sanguíneo e da PAS ASPECTOS NEURAIS • A partir da infecção nasal, o vírus invada céls da mucosa, e posteriormente, neurônios olfativos, além de neurônios do sistema nervoso entérico, responsáveis pelo peristaltismo intestina • Sintomas clínicos como a falta de paladar (disgeusia) e de olfato (anosmia) são reportados por pacientes com COVID-19 e são tidos como sinal de infecção das células nervosas pelo vírus • Sintomas neurais mais frequentes → dor de cabeça, tontura e mialgia, podendo estar ou não associados a quadros de isquemia, sangramento e convulsões causados pelas complicações cardiovasculares e respiratórias, as quais contribuem para a modificação da BHE, ↓disponibilidade de O2 e ↑pressão sanguínea. ASPECTOS RENAIS • Pelos efeitos da angiotensina II esse mecanismo compensatório será inibido e haverá retenção de Na+ e água agravando os efeitos cardiovasculares e ↑demanda de FGR • Efeitos teciduais da angiotensina II sobre os rins causará sérios processos inflamatórios que comprometerão o processo de filtração uma vez que a permeabilidade celular estará alterada EPIDEMIOLOGIA • Em 30/01/2020 a OMS declarou que o surto da COVID-19 era uma emergência de saúde pública de importância internacional e, em 11 de março do mesmo ano foi dado o alerta da Organização de que a COVID-19 é uma pandemia. • São mais de 16 milhões de casos e 646 mil mortes em todo o mundo. A incidência de casos em cada local depende não somente da densidade populacional, mas também da disponibilidade de testes, manejo dos casos suspeitos e estratégias de contenção do vírus. • As experiências pregressas com os coronavírus, bem como o que foi vivenciado pela ciência em outros momentos de pandemia (como na pandemia de H1N1) geraram um acúmulo capaz de permitir um avanço mais rápido das políticas públicas de contenção do vírus. No gráfico, nota-se como foi curto o período entre os primeiros casos, as medidas de contenção realizadas na China, o isolamento do vírus e da sua sequência genética, o que permitiu o rápido desenvolvimento do teste diagnóstico de RT-PCR para detecção do vírus, o que no contexto de outras pandemias levou mais tempo para acontecer. • O Brasil fechou a última semana (SE 14) com ↑ de 6% no nº de casos registrados da doença. Entre os dias 4 e 10 de abril de 2021, o país registrou 491.409 casos – 28.174 a mais do que os registrados na semana epidemiológica 13 (463.235 casos). • Em relação ao nº de óbitos, foram registradas 21.141 mortesna última semana – ↑de 8% em relação à semana anterior. • Das 10 UF com ↑nº de casos novos registrados na SE 13, SP, MG, RS, CE e PR registraram os ↑nº absolutos, respectivamente • Em relação ao nº total de óbitos novos na SE 12, SP, MG, RS, RJ e PR foram os que apresentaram os ↑valores registrados, respectivamente TRATAMENTO • A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVD-19. • O tratamento é de suporte (antitérmicos e hidratação). PREVENÇÃO As seis “regras de ouro” da prevenção da COVID-19 devem ser praticadas todo dia, o dia todo, e diminuem MUITO o risco de alguém ser infectado: a. Uso de máscara b. Distanciamento físico de 1,5 metro c. Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%; d. Não participar de aglomerações, como reuniões, festas de confraternização em bares e restaurantes e. Manter ambientes ventilados / arejados f. Paciente com sintomas de “resfriado” ou “gripe” deve ficar imediatamente em isolamento respiratório, pois pode ser COVID-19. SINTOMAS • O quadro clínico inicial é caracterizado como síndrome gripal, sendo mais frequentes: febre, tosse, dor de garganta, dor “tipo sinusite”, náuseas, perda de apetite, perda ou alteração do olfato e/ou do paladar, cansaço, dores musculares, dor torácica e falta de ar. • Alguns pacientes apresentam sintomas gastrointestinais como náuseas, “dor de estômago” ou diarreia; FR >30 irpm, SatO2 <93%, PaO2/FiO2<300 → evolução para ventilação mecânica. • As pessoas com COVID-19 geralmente desenvolvem sinais e sintomas, incluindo problemas respiratórios leves e febre persistente, em média de 5 a 6 dias após a infecção (período médio de incubação de 5 a 6 dias, intervalo de 1 a 14 dias). • A febre é persistente, ao contrário do descenso observado nos casos de influenza → pode não estar presente em alguns casos, como, em pacientes jovens, idosos, imunossuprimidos ou em algumas situações que possam ter utilizado medicamento antitérmico . *A doença em crianças parece ser relativamente rara e leve, com aprox. 2,4% do total de casos notificados entre indivíduos com menos de 19 anos. • No atual momento da pandemia, todo paciente com sintomas de “resfriado ou gripe” pode ter COVID-19 e deve ficar imediatamente em isolamento respiratório, procurando atendimento médico por consulta presencial ou por teleconsulta. DIAGNÓSTICO • Pacientes sintomáticos com suspeita de COVID-19 devem ser submetidos preferencialmente ao exame de RT-PCR, com material coletado da nasofaringe por swab, idealmente na 1ª semana de sintomas → 60% a 80% de sensibilidade. ▪ Se o resultado for + para COVID-19, confirma o diagnóstico, já que resultados falso-positivos são raros ▪ Se o resultado for -, mas a suspeita clínica for forte, o paciente também deve completar 10d de isolamento respiratório, já que o RT-PCR pode ser falsonegativo • Teste de antígeno → possível de ser realizado na 1ªsemana de sintomas. É mais barato, não necessita de um laboratório, tem ↓tempo para o resultado, porém a sensibilidade é inferior à do RT-PCR, principalmente nos indivíduos assintomáticos e com carga viral baixa. ▪ Sendo assim, esse teste negativo não exclui o diagnóstico. • Os testes sorológicos para COVID-19 (exames de sangue), tanto os rápidos de farmácia quanto os de laboratório, não são recomendados para o diagnóstico precoce da doença. ▪ As classes de anticorpos IgA e IgM têm praticamente nenhuma utilidade clínica. A detecção de anticorpos totais ou IgG indica infecção prévia pelo vírus SARS- CoV-2 e são importantes em estudos epidemiológicos RECOMENDAÇÕES • Os principais fatores de risco para evoluir para COVID-19 grave são: pessoas com 60 anos ou mais, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença cardiovascular (insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana, cardiomiopatia), diabetes tipo 2, obesidade (IMC de 30 ou mais), doença renal crônica, imunocomprometidos (receptores de transplante de órgãos, pessoas que vivem com HIV e tem contagem de linfócitos T CD4+ baixa, indivíduos com câncer), anemia falciforme. • Estes pacientes devem ser acompanhados com avaliação dos sintomas, bem como verificação diária de temperatura para detectar febre e da oximetria digital para detectar hipóxia (↓ O2 no sangue e nos tecidos e órgãos). • Todos os pacientes com suspeita clínica forte de COVID- 19 e os com doença confirmada (exame de RT-PCR de nasofaringe positivo) devem ficar 10 dias em isolamento respiratório domiciliar → sozinhos no quarto, afastados de seus familiares e amigos. • Pacientes com COVID-19 grave, que são os que internam nas UTI e/ou os imunodeprimidos poderão ter a duração do isolamento respiratório prolongado para até 20 dias, analisando-se individualmente cada caso. • Nenhum exame está indicado para alta do isolamento ou volta ao trabalho, nem RT-PCR de nasofaringe e nem sorologia. Deve-se contar 10d de isolamento respiratório, desde que sem febre nas últimas 24h, a partir do 1º dia de sintomas. • As pessoas que tiveram contato de ↑risco com paciente com COVID-19, também chamados de contatantes próximos, que são as pessoas que tiveram proximidade com pacientes com suspeita ou COVID-19 confirmada sem máscaras, por 15 minutos ou mais e a uma distância menor de 1,8 metro também devem ficar em isolamento respiratório por 10 a 14d (período máximo de incubação). • O médico deve avaliar o tipo de contato para avaliar a necessidade de testes diagnósticos e acompanhamento. O período de incubação da COVID-19, na maioria dos casos, é entre 2 e 5d, podendo chegar a 14d. ▪ Uma estratégia para os contatantes próximos que permanecem assintomáticos (isto é, sem sintomas) é realizar RT-PCR nasal colhido entre 6 e 8 dias depois do último contato. Se o resultado for +, o indivíduo deve ficar 10d em isolamento respiratório, contados a partir da data do exame. ▪ Se o RT-PCR for negativo, poderá sair do isolamento respiratório em 7 dias, contados a partir da data do último contato, mantendo as medidas preventivas. Se o contato do caso positivo apresentar qualquer sintoma suspeito de COVID-19 nas 2 semanas após o contato, deve colher RT-PCR nasal para SARS-CoV-2 • A reinfecção ou 2ª infecção parece ser incomum → maioria das pessoas que tiveram infecção assintomática ou a doença COVID-19 provavelmente estarão imunes por, pelo menos, 3 a 5 meses. ▪ Mesmo as pessoas que tiveram COVID-19 devem continuar praticando as medidas de prevenção. Não há indicação de fazer sorologia (IgG ou anticorpos totais) em pacientes que tiveram COVID-19 confirmado (PCR nasal para SARS-CoV-2 detectado), a não ser em pesquisas epidemiológicas
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