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Síndrome Gripal e COVID-19

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Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
 
Objetivos: 
1. Estudar síndrome gripal (definição, epidemiologia, fisiopatologia, sintomatologia, diagnóstico e 
tratamento). 
2. Diferenciar a rinite alérgica, do resfriado comum, e da síndrome gripal. 
3. Conceituar a síndrome respiratória aguda grave (definição, epidemiologia, fisiopatologia, 
sintomatologia, diagnóstico e tratamento). 
4. Compreender a covid-19 (definição, epidemiologia, fisiopatologia, sintomatologia). 
5. Compreender a covid-19 (complicações, diagnóstico diferencial, diagnóstico e tratamento). 
 
Objetivo 1: Estudar síndrome gripal (definição, epidemiologia, fisiopatologia, sintomatologia, 
diagnóstico e tratamento). 
 
DEFINIÇÃO: 
➔ Indivíduo apresentando febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou 
dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaléia, mialgia ou artralgia, na 
ausência de outro diagnóstico específico; 
➔ Em crianças menores de 2 anos de idade, considera-se também como síndrome gripal febre de 
início súbito, mesmo que referida, acompanhada sintomas respiratórios (tosse, coriza e 
obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico. 
EPIDEMIOLOGIA: 
➔ Até a SE 28 de 2014 - coletaram 8.882 amostras. 
o 1.521 (17,1%) - influenza ou outros vírus respiratórios; 
▪ 461 positivas para influenza A(H3N2); 
▪ 99 para influenza A(H1N1) pdm09; 
▪ 85 para influenza B; 
▪ 50 para influenza A não subtipado. 
o Houve destaque para a circulação do rinovírus no início do ano e, a partir da SE 11, a 
atividade dos vírus influenza se tornou predominante, principalmente do influenza A(H3N2). 
o Destaque também para a cocirculação do VRS desde a SE 16. 
 
➔ A região Sul apresentou a maior proporção de amostras positivas 
o predomínio de rinovírus (45,3% – 326/719) e de influenza A(H3N2) (26,3% – 189/719). 
➔ Na região Sudeste - influenza A(H3N2) (53,1% – 197/371) e o VRS (33,2% – 123/371). 
➔ Na região Norte - VRS (33,8% – 76/225) e o vírus influenza B (16,9% – 38/225). 
➔ Na região Nordeste - circulação de adenovírus (22,2% – 20/90), VRS (18,9% – 17/90) e influenza 
A(H3N2) (16,7% – 15/90). 
➔ Na região Centro Oeste houve predomínio da atividade dos vírus influenza A(H1N1)pdm09 
(41,4% – 48/116) e A(H3N2) (31,0% – 36/116). 
➔ Quanto à distribuição dos vírus por faixa etária, o vírus influenza A(H3N2) teve maior circulação 
entre os indivíduos maiores de 04 anos, em maior proporção naqueles com 30 a 39 anos. Entre 
os outros vírus respiratórios, houve destaque para a circulação de rinovírus em maiores de 09 
anos e de VRS em menores de 05 anos. 
Grupos de risco: extremos de idade, obesos, gestantes... 
 
ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA: 
➔ Período de incubação: 1 a 4 dias, em média 2 dias; 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
➔ Transmissibilidade em adultos: principalmente 24 horas antes do início dos sintomas até 3 dias 
após o final da febre; nas crianças pode durar em média até 10 dias e nos imunossuprimidos, 
por mais tempo. 
 
➔ Influenza A, B e C pertence à família Orthomyxoviridae . 
➔ Influenza A: 
o genoma composto por 8 segmentos de RNA de sentido negativo que codifica 11 proteínas. 
o A estrutura e função das proteínas codificadas pelos 8 segmentos do genoma foram 
definidas. 
▪ proteína HA facilita a ligação do vírus aos receptores da célula hospedeira e 
subsequente fusão endossomal. 
▪ Subunidades da polimerase (polimerase básica [PB] 1, PB2 e polimerase ácida) e a 
nucleoproteína implementam a replicação e a transcrição do RNA viral. 
▪ Proteína de exportação nuclear e a proteína da matriz exportam os complexos de 
ribonucleoproteína viral do núcleo para o citoplasma para montagem em novos vírions 
na membrana plasmática. 
▪ A liberação viral das células é facilitada pela proteína NA. 
 
➔ Variação antigênica através da deriva e mudança das proteínas HA e NA permite que o vírus 
escape das respostas imunológicas do hospedeiro. 
o Os desvios antigênicos no subtipo HA estão associados a epidemias sazonais e reduzem a 
eficácia das vacinas sazonais anteriores - as mudanças são facilitadas pelo genoma 
segmentado do vírus e pela diversidade genética que ele alcança ao infectar um reservatório 
variado de animais. 
o Mudanças antigênicas nos subtipos de HA estão associadas a pandemias, 3 das quais 
ocorreram no século passado. 
▪ Pandemia de “gripe espanhola” de 1918; 
▪ Pandemia Gripe asiática: 1957; introdução do H2N2; 
▪ vírus H3N2 - “gripe de Hong Kong” de 1968; 
 
B – subtipos: 
C 
➔ O reservatório natural de todos os subtipos de influenza A são as aves aquáticas, com certos 
subtipos transmissíveis entre humanos, porcos e outros 16 mamíferos. 
 
Receptores compostos por um acido sialico e galactose nas células epitaliais do trato respiratório–
ligação alfa  vírus da influenza. 
 
A partir da ligação do vírus às células epiteliais colunares do trato respiratório: 
1. interfere na síntese de proteínas da célula hospedeira → induz a apoptose da célula 
hospedeira. 
2. Antes da morte celular, novos vírions são produzidos e liberados para infectar células 
adjacentes. O resultado é bronquite necrosante, hemorragia intra-alveolar e edema. 
 
SINTOMATOLOGIA: 
➔ Infecção aguda febril (temperatura ≥ 37,8°C) das vias aéreas; 
o declinando após o período de 2 a 3 dias e normalizando no 6º dia de evolução; 
o temperatura corpórea é mais acentuado em crianças do que em adultos; 
➔ Desenvolvimento súbito: calafrios, mal-estar, cefaléia (fotofobia associada), mialgia, dor de 
garganta, artralgias, prostração, rinorréia e tosse seca; 
➔ Diarréia, vômitos, fadiga, rouquidão, vermelhidão da conjuntiva palpebral; 
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➔ Queixas respiratórias tornam-se mais evidentes com a sua progressão e mantêm-se, em geral, 
por 3 a 4 dias após o desaparecimento da febre; 
➔ A rouquidão e a linfadenopatia cervical são mais comuns em crianças; 
➔ A tosse, a fadiga e o mal-estar podem persistir pelo período de uma a duas semanas ou até por 
mais de seis semanas. 
 
Evolução clínica 
A evolução usual da gripe é a resolução espontânea em 7 dias, embora a tosse, o mal-estar e a 
fadiga possam permanecer por algumas semanas. Alguns casos podem evoluir com complicações. 
➔ Sinais de agravamento: 
o Aparecimento de dispnéia, taquipnéia ou hipoxemia (SpO2<95%); 
o Persistência ou aumento da febre por mais de três a cinco dias (pode indicar pneumonite 
primária pelo vírus influenza ou secundária à infecção bacteriana); 
o Exacerbação de doença pré-existente (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, cardiopatias 
ou outras doenças com repercussão sistêmica); 
o Disfunções orgânicas graves (como Insuficiência Renal Aguda); 
o Miosite comprovada por Creatinoquinase-CPK (≥2 a 3x); 
o Exacerbação dos sintomas gastrointestinais em crianças; 
o Sinais de condensação ao RX ou CT de tórax; 
o Mialgia intensa; 
o Alteração do sensório; 
o Desidratação. 
➔ Uma revisão de 44 casos de H1N1 confirmados em 2009 em uma escola de ensino médio de 
Nova York: 
o tosse (98%); 
o febre (96%); 
o dor de cabeça (82%); 
o dor de garganta (82%); 
o rinorréia (82%); 
o calafrios (80%); 
o dores musculares (80%); 
o náuseas (55%); 
o diarreia (48%); 
o dispneia (48%); 
o dores nas articulações (46%); 
o dores de estômago (36%). 
 
DIAGNOSTICO: 
➔ O diagnóstico baseado somente em dados clínicos não é possível, uma vez que outros agentes 
infecciosos se manifestam com sintomas muito semelhantes, como adenovírus, vírus sincicial 
respiratório, vírus parainfluenza, M. pneumoniae e Legionella pneumophila. 
➔ Dados epidemiológicos (períodos de surtos e/ou história de exposição a um caso confirmado dadoença) + testes diagnósticos ➔ tratamento adequado dos casos. 
➔ Testes de pesquisa viral: 
o Principal ferramenta para auxílio diagnóstico. 
o Esfregaço de nasofaringe ou lavado broncoalveolar podem ser utilizadas para análise. 
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TRATAMENTO: 
Síndrome Gripal em pacientes com ou sem fatores de risco: 
➔ Deve-se fazer indicação: 
o medicamentos sintomáticos; 
o hidratação oral; 
o repouso domiciliar. 
➔ Para menores de 18 anos é contraindicado o uso de salicilatos (risco de Síndrome de Reye); 
➔ Além do tratamento sintomático e a hidratação, independente da situação vacinal: 
o prescrição do fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) para todos os casos de síndrome gripal: 
▪ preferencialmente dentro das 48 horas do início da doença, a critério médico, 
independente da confirmação laboratorial; 
o Indicação de zanamivir (Relenza®) está autorizada em casos de intolerância ao Oseltamivir. 
 
http://www2.maringa.pr.gov.br/sistema/arquivos/8a6a9298f8b8.pdf 
http://www2.maringa.pr.gov.br/sistema/arquivos/8a6a9298f8b8.pdf
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vacinação: _______________________ 
 
Objetivo 2: Diferenciar a rinite alérgica, do resfriado comum e da síndrome gripal 
 
 Síndrome gripal Resfriado comum Rinite alérgica 
Início dos sintomas Agudo Agudo 
Febre Comum (alta – 37º a 
39ºC), pode durar de 2 
a 4 dias 
Raro Às vezes (baixa ou 
afebril) 
Cansaço Comum (intensa, pode 
durar de 2 a 3 
semanas) 
Às vezes (suave) Às vezes 
Tosse Comum (geralmente, 
seca; pode ser severa) 
Leve a moderada Às vezes (seca) 
Espirros Raro Comum Comum 
Dores no corpo e mal-
estar 
Comum Comum (leve) Não 
Coriza ou nariz 
entupido 
Às vezes Comum Comum 
Dor de garganta Às vezes Comum Não 
Diarreia Às vezes, em crianças Raro Não 
Dor de cabeça Comum (intensa) Raro Às vezes 
Falta de ar Raro Raro Comum 
Prurido nasal Às vezes Às vezes Comum 
Risco de contagio Sim Sim Não 
Duração da doença 1 a 2 semanas 4 a 7 dias Variável 
 
Resfriado comum: 
➔ doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum - rinofaringite aguda. 
➔ Quase que exclusivamente causada por vírus - rinovírus, coronavírus, vírus respiratório sincicial 
(VRS), parainfluenza, influenza, coxsackie e adenovírus. 
➔ Transmissão: por meio de gotículas produzidas pela tosse ou espirros, ou pelo contato de mãos 
contaminadas. 
➔ Período de incubação: 2 a 5 dias. 
➔ Sinais e sintomas: dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre. Alguns 
tipos de vírus podem causar diarreia. Os lactentes podem evoluir com inquietação, choro fácil, 
recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por obstrução nasal. Em 
crianças maiores pode ocorrer cefaleia, mialgia e calafrios. 
➔ Exame Físico: congestão da mucosa nasal e faríngea, hiperemia das membranas timpânicas. 
➔ Doença é autolimitada, com duração de 5 a 7 dias, com bom prognóstico em crianças 
previamente hígidas. As complicações ocorrem mais frequentemente em lactentes, desnutridos 
ou imunodeprimidos. 
➔ Podem ocorrer complicações bacterianas, sendo as mais frequentes a sinusite e otite por 
obstrução dos óstios dos seios paranasais e tubária, devido ao processo inflamatório da mucosa 
nasal. 
➔ Deve-se suspeitar dessas complicações quando da persistência da febre além de 72 horas, 
recorrência de hipertermia após este período ou prostração mais acentuada. A presença de 
dificuldade respiratória (taquipneia, retrações e gemência) indicam a possibilidade de 
bronquiolite aguda, pneumonia, laringite e crise de asma. 
➔ O diagnóstico é essencialmente clínico, a identificação dos vírus só é solicitada em situações de 
epidemias. 
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➔ Tratamento: repouso, hidratação, higiene e desobstrução nasal com solução isotônica nas 
narinas, antitérmicos e analgésicos. 
➔ Crianças: 7/8 episódios por ano; adultos: 2/3 episódios/ano. 
 
 
Gripe: 
➔ Quadro de IVAS com maior repercussão clínica, como febre alta, prostração, mialgia, calafrios, 
diarreia, vômitos e dor abdominal. Tosse e fadiga podem durar várias semanas; geralmente 
causada pelo vírus da influenza. 
➔ Ministério da Saúde: a síndrome gripal caracteriza-se nas crianças por: 
o infecção aguda febril (37,9 a 39,6°C) das vias aéreas, com curva térmica usualmente 
declinando após 2 a 3 dias e normalizando no sexto dia de evolução; 
o desenvolvimento súbito de calafrios, mal-estar, cefaleia, mialgia, dor de garganta, artralgias, 
prostração, rinorreia e tosse seca; 
o podem estar presentes: diarreia, vômitos, fadiga, rouquidão, vermelhidão da conjuntiva 
palpebral, tosse e fraqueza persistentes; 
o as queixas respiratórias tornam-se mais evidentes com a progressão do quadro e mantem-
se, em geral, por três a quatro dias após o desaparecimento da febre; 
o rouquidão e linfoadenopatia cervical são mais comuns em crianças; 
o tosse, lassidão e mal-estar podem persistir por uma a duas semanas ou até por mais de seis 
semanas; 
➔ período de incubação de um a quatro dias. 
➔ transmissibilidade em crianças é de 7 a 14 dias. 
➔ Manejo Clínico: a evolução usual da gripe é a resolução espontânea em sete dias, embora a 
tosse, o mal-estar e a lassidão possam permanecer por algumas semanas. 
➔ Sinais de agravamento: 
o aparecimento da dispneia; 
o persistência ou aumento da febre por mais três a cinco dias pode indicar pneumonite 
primária pelo vírus influenza, ou secundária à infecção bacteriana. Pode associar-se com 
miosite, linfocitopenia, exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome de 
Reye e, raramente, miocardite, mielite transversa e encefalite; 
o piora dos sintomas gastrintestinais 
➔ Tratamento: sintomáticos, hidratação oral e repouso domiciliar. Não usar ácido acetilsalicílico. 
 
RINITE ALÉRGICA: 
➔ Definição: 
o Inflamação eosinofílica da mucosa do nariz e dos seios paranasais, de caráter crônico, 
resultante de uma reação mediada por IgE (reação do tipo 1). 
➔ Classificação: 
o Severidade dos sintomas: 
▪ Intermitente: menos de 4 vezes na semana e por menos de 4 semanas 
▪ Persistente: mais de 4 vezes na semana ou por mais de 4 semanas 
o Tempo dos sintomas: 
▪ “leve”: os sintomas não prejudicam o sono e as atividades diárias do paciente; 
▪ “moderada-severa” quando há interferência no cotidiano do indivíduo 
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Fisiopatologia: 
1º momento: Antigeno na mucosa nasal ➔ processamento pelas APCs ➔ ligados a moléculas de 
complexos de histocompatibilidade principal classe II. 
Antígeno → apresentado ao linfócito T auxiliar (TH0) →linfócitos TH0 se diferenciam em TH2 
(linfócito auxiliar tipo 2) → liberam citocinas próprias como a interleucina (IL) 3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-
10, IL-13, GM-CSF (fator de estimulação de colônias de macrófago e granulócito). 
 LB --IL-4 e IL-13→ plasmócito → produção de IgE → se ligam aos receptores dos mastócitos. 
 
2º momento: 
Antígeno → degranulação dos mastócitos e liberação de mediadores inflamatórios, como histamina, 
bradicinina, leucotrienos, entre outros → sintomas de prurido, espirro, rinorréia e obstrução nasal 
aparecem (fase imediata- 30 minutos); 
Fase tardia (horas depois): novo aumento nos níveis dos mediadores (histamina*), acúmulo de 
eosinófilos e ativação dos linfócitos T → exacerbação da sintomatologia. 
Mediadores → expressão de P-selectina e E-selectina nas células endoteliais (degranulação 
de mastócitos e macrófagos) + moléculas de adesão ICAM-1 e VCAM-1 (específica para eosinófilo). 
Os eosinófilos aderem-seao endotélio e fazem sua diapedese → liberam a proteína básica 
principal, proteína catiônica eosinofílica e a peroxidase (tóxicas para a mucosa nasal) 
 
Simultaneamente com esses fenômenos alérgicos, ocorre um envolvimento neural. Além da 
regulação autonômica de secreção glandular e tônus vascular nasal, existe uma regulação não 
colinérgica e não-adrenérgica nas vias aéreas nasais. Irritantes e mediadores liberados localmente 
levam a uma estimulação de neuropeptídeos (substância P, neurocinina A e peptídeo ligado ao gene 
da calcitonina), promovendo uma vasodilatação com posterior aumento da saída de líquido pela 
microvasculatura. 
 
Objetivo 3: Conceituar a síndrome respiratória aguda grave (definição, epidemiologia, fisiopatologia, 
sintomatologia, diagnóstico e tratamento). 
 
DEFINIÇÃO: 
Indivíduo de qualquer idade que atenda a definição de SG e que apresente dispnéia ou os seguintes 
sinais de gravidade: 
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➔ Saturação de SpO2 < 95% em ar ambiente; 
➔ Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória de acordo com 
idade; 
➔ Piora nas condições clínicas de base; 
➔ Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; 
➔ Em crianças além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, 
tiragem intercostal, desidratação e inapetência. 
 
CIANOSE, DISTÚRBIOS GASTROINTRINSI 
 
O quadro clínico pode ou não ser acompanhado das alterações laboratoriais e radiológicas listadas 
abaixo: 
➔ Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia; 
➔ Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de 
condensação. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
➔ Em relação às amostras coletadas pelas unidades sentinelas de SRAG em UTI (659), 196 (29,7%) 
foram positivas para influenza ou outros vírus respiratórios, sendo 25 casos de influenza 
A(H3N2), 05 de influenza B, 03 de influenza A(H1N1)pdm09 e 02 influenza A não subtipado. 
Entre os outros vírus respiratórios houve predomínio da circulação do VRS. 
 
➔ Dentre os casos de SRAG por influenza, a idade variou de 0 a 97 anos, sendo a mediana de 40 
anos. 
➔ Em relação à distribuição geográfica (Anexos 2 a 4), a região Sudeste registrou o maior número 
de casos de SRAG por influenza (207), com destaque para o estado de São Paulo 
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➔ As causas conhecidas e os fatores de risco para o desenvolvimento de SDRA podem ser 
categorizados como insultos decorrentes de lesão direta ou indireta do pulmão. 
➔ A sepse é atualmente a causa mais comumente identificada de SDRA e está associada ao pior 
resultado geral. 
➔ A SDRA relacionada ao trauma tem sido tipicamente associada a uma mortalidade 
significativamente mais baixa do que outras causas de SDRA 
 
 
 
 
FISIOPATOLOGIA: 
 
PATOLOGIA DA SARS: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/106689690301100208 
Histologia 
➔ Membranas hialinas proeminentes revestindo os ductos alveolares e alguns espaços alveolares. 
➔ Histiócitos e pneumócitos destacados (descolamento de pneumócitos provavelmente um 
artefato post mortem) nos espaços alveolares. 
➔ Alguns pneumócitos eram grandes, com núcleos vesiculares, nucléolos distintos e citoplasma 
finamente vacuolado, provavelmente refletindo dano citopático (detalhe). Havia poucos 
polimorfos ou linfócitos. 
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COVID-19 → As alterações patomorfológicas são: desnudação epitelial brônquica, perda de cílios, 
metaplasia escamosa, infiltrado de células gigantes de macrófagos nos alvéolos, hemofagocitose, 
atrofia da polpa branca do baço. 
 
 
 
SINTOMATOLOGIA: 
➔ Os sinais e sintomas da SDRA podem variar em intensidade, dependendo de sua causa e 
gravidade. 
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➔ falta de ar severa, respiração difícil e invulgarmente rápida; 
➔ pressão arterial baixa; 
➔ confusão; 
➔ cansaço extremo. 
➔ Os sintomas da SDRA surgem repentinamente, geralmente horas ou dias após o evento que 
causou inicialmente a lesão pulmonar. 
➔ Outros sintomas podem ocorrer, dependendo do evento que causou a SDRA. 
o Exemplo, se a pneumonia está causando a SDRA - incluir dor no peito e febre. 
➔ Radiografia de tórax frontal mostra infiltrados bilaterais extensos. Esses infiltrados aparecem 
inicialmente como opacidades heterogêneas bilaterais, mas depois tornam-se mais homogêneos 
ao longo de horas ou dias. 
➔ A tomografia computadorizada (TC) demonstrou que a distribuição da SDRA costuma ser 
heterogênea e irregular, com opacidades em vidro fosco e consolidação, muitas vezes 
concentradas nas regiões do pulmão mais dependentes da gravidade 
A ressonância magnética (MRI) também tem sido usada no cenário experimental para diferenciar 
entre hidrostático e edema de permeabilidade, mas este método também não foi amplamente 
implementado clinicamente. 
 
DIAGNOSTICO: 
- critérios de Berlim; testes; 
 
 
TRATAMENTO: 
➔ No indivíduo com manifestações clínicas compatíveis com SRAG recomenda-se: 
o Realizar avaliação clínica minuciosa e iniciar, de acordo com a indicação, terapêutica 
imediata de suporte, incluindo hidratação venosa e oxigenioterapia; 
o Internar o paciente e mantê-lo sob monitoramento frequente, face à possibilidade de 
deterioração rápida do quadro clínico; 
o Iniciar o tratamento com o oseltamivir após a suspeita clínica; 
o O antiviral traz benefícios mesmo se iniciado 48 hs após o início dos sintomas, pois existem 
estudos que indicam algum efeito benéfico no uso até 10 dias após início dos sintomas; 
o O zanamivir pode ser considerado com o mesmo critério da SG; 
o Coletar amostras de material biológico dos pacientes com SRAG internados em até 7 
dias do início dos sintomas e preferencialmente antes do início do oseltamivir. 
o Utilizar equipamentos de proteção individual. 
 
A coleta de material para exame deve ser feita em todo caso de SRAG, de preferência antes do 
início do tratamento com o antiviral. O início do tratamento deve ser o mais precoce possível e a 
coleta de material NÃO DEVE RETARDAR SEU INÍCIO; 
 
 
Indicações para internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 
➔ Instabilidade hemodinâmica persistente após reposição volêmica; 
➔ Sinais e sintomas de insuficiência respiratória, incluindo hipoxemia com necessidade de 
suplementação de oxigênio para manter saturação arterial de oxigênio acima de 90%; 
➔ Evolução para outras disfunções orgânicas (Ex.: insuficiência renal aguda, insuficiência hepática, 
disfunção neurológica). 
 
Uso de antivirais na infecção por influenza: 
➔ Os antivirais - fosfato de oseltamivir e zanamivir: 
o Medicamentos inibidores de neuraminidase, que agem contra os vírus influenza A e B. 
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➔ Ensaios clínicos e dados observacionais - tratamento antiviral precoce → reduzir a duração da 
febre e dos outros sintomas e reduzir o risco de complicações por influenza (otite média, 
pneumonia, insuficiência respiratória) e óbitos. 
➔ A taxa de resistência ao oseltamivir e zanamivir entre os vírus influenza circulantes continua 
sendo baixa. 
 
 
➔ O tratamento da SDRA inclui tratamento definitivo voltado para a causa etiológica subjacente, 
outras medidas de suporte, ventilação mecânica, prevenção de úlceras de estresse e 
tromboembolismo venoso e suporte nutricional. 
➔ As opções farmacológicas para o tratamento da SDRA são limitadas. 
o Terapia com surfactante possa ser útil em crianças comSDRA, uma revisão da Cochrane não 
achou que seja benéfico em adultos. 
o Uso de corticosteroides é controverso. 
o Medidas ventilatórias; 
o Pacientes com SDRA devem receber heparina de baixo peso molecular (40 mg de 
enoxaparina ou 5.000 unidades de dalteparina por via subcutânea por dia) ou heparina não 
fracionada de baixa dose (5.000 unidades por via subcutânea duas vezes ao dia) para 
prevenir tromboembolismo venoso, a menos que contra-indicado. 
o Profilaxia de úlcera de ressalto com um agente como sucralato (1 g por sonda nasogástrica 
quatro vezes ao dia), ranitidina (150 mg por sonda nasogástrica duas vezes ao dia, 50 mg 
por via intravenosa a cada seis a oito horas ou 6,25 mg infusão intravenosa contínua por hora) 
ou omeprazol (40 mg por via intravenosa ou via sonda nasogástrica diariamente). 
o Finalmente, os pacientes devem receber suporte nutricional, preferencialmente enteral, em 
24 a 48 horas da admissão na UTI. 
 
Ventilação na posição prona: Anteriormente, em meados dos anos 70, o posicionamento prono 
demonstrou melhorar a oxigenação em pacientes com insuficiência respiratória hipóxica. Os 
mecanismos propostos centraram-se na reversão potencial da perfusão distribuída 
gravitacionalmente para as regiões pulmonares ventrais mais bem ventiladas e melhora da 
ventilação do pulmão dorsal anteriormente dependente, ambos melhorariam a combinação 
ventilação / perfusão. 
 
https://www.dive.sc.gov.br/conteudos/imunizacao/publicacoes/Classificacao_de_Risco_e_Manejo_
do_Paciente_SG_SRAG.pdf 
 
 
Objetivo 4: Compreender a covid-19 (definição, epidemiologia, fisiopatologia, sintomatologia). 
 
DEFINIÇÃO: 
https://www.dive.sc.gov.br/conteudos/imunizacao/publicacoes/Classificacao_de_Risco_e_Manejo_do_Paciente_SG_SRAG.pdf
https://www.dive.sc.gov.br/conteudos/imunizacao/publicacoes/Classificacao_de_Risco_e_Manejo_do_Paciente_SG_SRAG.pdf
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➔ Doença causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) – causou uma serie de casos de pneumonia 
na cidade de Wuhan (China); 
➔ Espectro clinico que varia de casos assintomáticos a quadros graves; 
➔ Alta transmissibilidade e provoca uma síndrome respiratória aguda; 
➔ Segundo a OMS, ~80% dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos, 
oligossintomáticos e ~20% dos casos detectados precisam de atendimento hospitalar 
(dificuldade respiratória) e entre eles, 5% precisará de suporte ventilatório; 
➔ Período incubatório: 1 a 14 dias (mediana de 5 a 6 dias); 
➔ Transmissão: diretamente (contato com pessoas infectadas – gotículas respiratórias) ou 
indiretamente (superfícies e objetos infectados); 
o A maioria das transmissões são diretas quando não usado os EPIs corretamente; 
o Alguns pacientes transmitem no período de incubação (1 a 3 dias antes dos sintomas). 
o Transmissão pré-sintomática: pessoas infectadas e eliminam os vírus, mas não 
desenvolveram os sintomas ainda. 
➔ Caso suspeito de doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19): 
o Síndrome gripal (SG): 
▪ Quadro respiratório agudo - Pelo menos, 2 dos sintomas: 
• febre (mesmo que referida); 
• calafrios; 
• dor de garganta; 
• dor de cabeça; 
• tosse; 
• coriza; 
• distúrbios olfativos; 
• distúrbios gustativos. 
▪ EM CRIANÇAS: itens anteriores + obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico 
específico. 
▪ EM IDOSOS: considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, 
confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência. 
▪ OBS: Na suspeita de COVID-19, a febre pode não estar presente. Sintomas 
gastrointestinais (diarreia) podem estar presentes. 
o Síndrome respiratória aguda grave (SRAG): 
▪ indivíduo com Síndrome Gripal que apresente: 
• dispneia/desconforto respiratório OU pressão persistente no tórax OU saturação de O2 
menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto. 
▪ EM CRIANÇAS: além dos itens anteriores, deve-se observar os batimentos de asa de nariz, 
cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
 
➔ 10/07/2020 a 10/08/2020 – na região das Américas: 
o 4.433.115 casos novos de COVID-19 (aumento de 64% nos casos em comparação a 4 
semanas anteriores); 
o 114.480 novas mortes (aumento de 37% nas mortes em comparação a 4 semanas anteriores); 
o Total acumulado: 
▪ 10.697.800 casos confirmados de COVID-19, incluindo 390.849 mortes. 
o A maior proporção de novos casos foi notificada nos Estados Unidos da América (44%) e no 
Brasil (30%), ao passo que a maior proporção de novas mortes foi notificada no Brasil (29%), 
Estados Unidos da América (26%) e México (17%). 
Semana Epidemiológica 8 (21 a 27/2/2021) 
➔ De 26/02/2020 (1ª notificação no MS) a 27/02/2021: 10.517.232 casos e 254.221 óbitos por 
covid-19 no Brasil. 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
➔ O maior registro no número de novos casos em um único dia (87.843 casos) ocorreu no dia 7 
de janeiro de 2021 e O de novos óbitos (1.595 óbitos) ocorreu no dia 29 de julho de 2020. 
➔ Na semana epidemiológica 8(21/2 a 27/2/2021), o número de casos novos de covid-19 foi de 
123.134 no Sudeste, 81.409 no Nordeste, 99.954 no Sul, 36.601 no Norte e 36.986 no Centro-
Oeste; o número de óbitos novos foi 3.522 no Sudeste, 1.601 no Nordeste, 590 no Centro-Oeste, 
1.490 no Sul e 1.041 no Norte. 
 
 
➔ A maior parte dos casos em que ocorreu óbito foi em pacientes com alguma comorbidade pré-
existente (10,5% doença cardiovascular, 7,3% diabetes, 6,3% doença respiratória crônica, 6% 
hipertensão e 5,6% câncer (ref)) e/ou idosos) 
 
 
FATORES DE RISCO: 
 
 
 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA: 
Etiologia e características virais: 
➔ Os CoV: 
o Vírus de RNA fita simples com sentido positivo, não segmentados e com um envelope 
proteico, constituído principalmente pela proteína E. 
o Partículas apresentam conformação espacial arredondadas ou ovais, normalmente 
polimórficas, com um diâmetro que varia entre 60 e 140 nm. 
o Através da microscopia eletrônica: presença de grandes projeções em sua superfície, 
semelhantes à uma coroa, daí a origem do seu nome, corona (coroa). 
▪ Grandes glicoproteínas das espículas de superfície - proteína S – bastante características. 
▪ Proteína do nucleocapsídeo (proteína N); 
▪ Proteína hemaglutinina esterase (HE) - medeia o processo de ligação viral; 
▪ Proteína M - garante a manutenção da forma do envelope. 
➔ Os CoV são representativos da ordem Nidovirales e classificados em quatro gêneros 
distintos: 
o Alphacoronavírus (Alpha-CoV) – HcoV-229E e HCoV-NL63 
o Betacoronavírus (Beta-CoV) - HCoV-OC43*, HCoV-HKU1*, 
MERS-CoV, SARS-CoV e o SARS-CoV-2 
Todos esses têm origem zoonótica – morcegos e ratos (*), já foi encontrado em animais domésticos 
e selvagens. 
o Gammacoronavírus (Gamma-CoV) 
o Deltacoronavírus (Delta-CoV). 
 
➔ Os animais adaptam-se ao longo de anos e não apresentam complicações resultantes da 
infecção pelo vírus = potenciais reservatórios. 
o Ao transmitir p/ um novo hospedeiro → mutações pontuais → desenvolvimento de cepas 
patogênicas - oferecem risco à população. 
- Os CoV existentes antes do surgimento do SARS-CoV não representavam um grande problema 
para a saúde pública - doenças respiratórias leves 
- Os CoV de importância médica são restritos aos SARS-CoV, MERS-CoV e os SARS-CoV-2. 
Semelhanças filogenéticas; 
capacidade de codificar proteínas não estruturais como a protease 3 do tipo quimiotripsina 
(3CLpro), a protease do tipo papaína (PLpro), helicase e a RNA polimerase dependente de 
RNA (RdRp) ➔ enzimas imprescindíveis para a replicação viral e altamente conservadas 
entre os CoV de importância médica. 
Proteína estrutural S - atravésdela que o SARS-CoV-2 interage com o receptor específico 
da membrana celular do hospedeiro, permitindo a entrada do vírus no citosol da célula. 
 
 
 
Capacidade de infectar 
mamíferos 
Capacidade de infectar aves 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
SARS-CoV-2: 
➔ Transmissão: gotículas, secreções respiratórias e contato direto com o paciente infectado. 
o Estudo realizado por Van Doremalen et al. demonstrou que o SARS-CoV-2 pode permanecer 
viável e infeccioso em aerossóis por até 3h após ser eliminado no ambiente. 
▪ Este tempo de sobrevida pode variar a depender do local, da quantidade, da espessura da 
secreção liberada pelo paciente e da superfície em que ela irá se depositar. 
o transmissão indireta por superfícies contaminadas 
▪ Superfícies de plástico e aço inoxidável, quando comparadas com o cobre e papelão, 
conferem ao vírus a capacidade de permanecer viável e infeccioso por até 72h. 
o Outras formas de transmissão foram também registradas: 
▪ Estudo realizado por Zhang et al.: detectar a presença de partículas virais em amostras 
de sangue e swabs retais  possibilidade de diferentes vias de transmissão. 
 
➔ Entrada do vírus na célula do hospedeiro: proteína S receptor de superfície celular - 
enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) - células do trato respiratório inferior de 
humanos. 
➔ Processo de replicação viral ➔ formação de novas partículas ➔ liberação por brotamento ➔ 
destruição da célula hospedeira. 
➔ Período de incubação: média de 7 dias, com relatos em alguns estudos de até 21 dias. 
➔ Após este período, os indivíduos podem permanecer assintomáticos ou apresentar um quadro 
clínico majoritariamente leve, excetuando-se aqueles pertencentes aos grupos de risco. 
Contudo, nos casos mais graves, a demora para o desfecho da doença implica em uma 
internação prolongada em média de 14 a 21 dias, refletindo em uma sobrecarga no sistema de 
saúde. 
 
Ação da resposta imunológica: 
Padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs – lipopolissacárides, resíduos de manose 
e ácidos tetóicos) → que se ligam aos receptores Toll-Like das cels dos macrófagos, células 
dendríticas e neutrófilos → interferons do tipo I (IFN-alfa e IFN- beta) → recrutam células do 
sistema imune inato para conter a infecção. 
Sistema complemento – recruta leucócitos e proteínas plasmáticas p/ tentar conter uma 
infecção ➔ edema, calor, rubor, dor e perda da função do órgão/tecido + deposição de 
fibrina por meio da ativação de diversos elementos. 
Elementos capturados são processados no interior dessas células e levados ao complexo 
principal de histocompatibilidade (MHC), fazendo uma ligação com o sistema imune adaptativo 
na apresentação desses componentes. 
 Linfócitos TCD8 – reconhecimento pelo MHC e neutralização do vírus; 
Linfócitos TCD4 → Linfócitos B → produção de anticorpos → se ligam ao vírus → impede a 
replicação. 
 
SINTOMATOLOGIA: 
➔ Estudo realizado por Guan et al. com 1.099 pacientes infectados e confirmados por laboratório 
mostrou que os sintomas mais frequentes foram: 
o febre (43,8% na admissão e 88,7% durante a hospitalização); 
▪ Ao analisar a temperatura, observou-se que aproximadamente 56,0% estavam afebris no 
momento do diagnóstico, ou seja, a ausência de febre não afasta a doença. 
o tosse (67,8%); 
o fadiga (38,1%). 
o Diarreia (3,8% dos indivíduos) - Presença da proteína ACE2 em outros sítios do organismo 
humano, como os enterócitos do intestino delgado, pode explicar os sintomas 
gastrointestinais reportados pelos pacientes. 
o Normalmente, os pacientes internados apresentam-se como a “ponta do iceberg”  sinais 
e sintomas mais graves ➔retrato epidemiológico não fidedigno. 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
➔ Segundo Li et al. e Wang et al., estes “casos não documentados” representam, 
aproximadamente, 80,0% das fontes de infecção. 
o  quantidade de testes disponíveis ➔ impacta diretamente no planejamento e no 
desempenho das ações de saúde pública e controle da vigilância epidemiológica. 
o número real de indivíduos assintomáticos, pré-sintomáticos e oligossintomáticos representa 
um grande gargalo para os órgãos competentes, especialmente porque compromete as 
estatísticas atuais no enfretamento da doença 
➔ grande maioria dos artigos baseia-se em pacientes hospitalizados, os quais apresentam 
demandas assistenciais mais complexas e, portanto, podem não representar uma avaliação 
fidedigna do perfil demográfico dos casos da doença. 
o Grupos prioritários: homens, com idade acima de 60 anos, imunossupressão e presença de 
comorbidades como hipertensão e diabetes. 
➔ Sintomatologia dos casos graves: 
o sintomas relacionados à insuficiência respiratória - falta de ar, sons respiratórios 
baixos, embotamento à percussão, elevação e diminuição do tremor tátil da fala. 
▪ “tempestade de citocinas próinflamatórias”  resposta inflamatória exacerbada que, na 
tentativa de eliminar o agente viral, causa diversas lesões comprometendo os 
pneumócitos tipo I e II, células encontradas nos alvéolos pulmonares. Assim, a ventilação 
alveolar inadequada com pouca obtenção de oxigênio e a diminuição da remoção de 
dióxido de carbono são fatores que levam à falência de múltiplos órgãos e, por fim, ao 
óbito do paciente. 
o Ao realizar a ausculta pulmonar é possível identificar a presença de estertores úmidos, além 
de, em poucos casos, broncofonias (egofonia, pectorilóquia) 
➔ Pode se apresentar clinicamente em uma destas três principais condições: portadores 
assintomáticos, indivíduos com doença respiratória aguda (DRA) ou pacientes com pneumonia 
em diferentes graus de gravidade. 
o Os registros clínicos dos pacientes no início da infecção indicam que os sintomas mais 
comuns são febre, tosse, mialgia e fadiga, e também podem ser acompanhados por 
secreção respiratória, dor de cabeça, hemoptise e diarreia. 
o Dispneia e febre alta - principal diferença clínica entre a COVID-19 e o resfriado comum, 
(congestão nasal, lacrimejamento, espirros e coriza, inicialmente hialina, mas que ao longo 
dos dias se torna amarelo-esverdeada). 
o Influenza vs COVID-19: sintomas clínicos semelhantes, mas com maior proporção de 
evoluções para infecções graves e críticas. 
➔ Lu et al. (2020) realizaram uma metanálise que envolvia a apresentação clínica de pacientes de 
diferentes estudos. 
o Os principais sintomas foram: febre (88,3%); tosse (68,6%); mialgia ou fadiga (35,8%); 
expectoração (23,2%); dispneia (21,9%); cefaleia ou tontura (12,1%); diarreia (4,8%) e vômitos 
ou náuseas (3,9%). 
o A maioria dos pacientes progride com um bom prognóstico. 
➔ A progressão dos primeiros sintomas de COVID-19 para sepse é lenta, e o envolvimento 
extrapulmonar é caracterizado principalmente por insuficiência cardíaca refratária e danos nos 
rins, levando cerca de 25% desses pacientes críticos à terapia renal substitutiva. 
o A acentuada evolução para sepse e choque séptico também é citada na literatura e pode 
atingir uma taxa de incidência superior a 50% em pacientes críticos, como descrito por Zhou 
et al. (2020), demonstrando a capacidade intrínseca da SARS-CoV-2 de levar à sepse, 
principalmente quando agravada por infecções secundárias. 
 
Objetivo 5: Compreender a covid-19 (complicações, diagnóstico diferencial, diagnóstico e 
tratamento). 
 
COMPLICAÇÕES: 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
➔ Ocorrem principalmente em pessoas com fatores de risco: adultos mais idosos, fumantes e 
aqueles com comorbidades subjacentes, como hipertensão, obesidade, diabetes, doença 
cardiovascular, doença pulmonar crônica (por exemplo, doença pulmonar obstrutiva crônica easma), doença renal crônica, doença hepática crônica, doença cerebrovascular, câncer e 
imunodeficiência. 
➔ As principais complicações documentadas da covid-19, além do sistema respiratório, são 
neurológicas (delírio ou encefalopatia, acidente vascular cerebral, meningoencefalite, alteração 
do sentido do olfato [anosmia] e do paladar [hipogeusia], ansiedade, depressão e distúrbios do 
sono; também há casos de síndrome de Guillain-Barré em pacientes com COVID-19); 
➔ Gravidas: Parto prematuro, aborto, pré-eclâmpsia, morte perinatal e/ou indicação de cesariana 
pré-termo ocorreram entre mulheres grávidas infectadas com SARS-CoV-2 que desenvolveram 
pneumonia. Há relatos de possível transmissão vertical da mãe para o feto, que parece ocorrer 
no terceiro trimestre da gestação, portanto a transmissão vertical ainda não pode ser descartada 
 
Sequelas da COVID-19: 
1) Sequelas no sistema respiratório: 
a. desenvolveram quadro clínico grave de COVID-19 ➔ fibrose pulmonar. 
i. Fase aguda da infecção por SARS-CoV-2 ➔ dano pulmonar ➔ edema + liberação alveolar 
de células epiteliais + deposição de material hialino nas membranas alveolares. 
ii. Na fase seguinte da infecção (segunda e a quinta semana): pulmões apresentam sinais de 
fibrose (deposição de fibrina e infiltração de células inflamatórias e fibroblastos próximos 
às células epiteliais nos espaços alveolares) 
iii. Estágio final (sexta e a oitava semana):tecido pulmonar torna-se fibrótico. 
b. Além disso, há vários relatos de lesões bilaterais com predomínio do lobo inferior. 
 
2) Sequelas no sistema cardiovascular: 
a. pacientes com formas graves - lesões miocárdicas significativas: 
i. miocardite relacionada à infecção, com redução da função sistólica e arritmias. 
ii. Podem ser secundárias a danos pulmonares graves. 
iii. Pouco se sabe sobre os mecanismos responsáveis por essas sequelas: 
1. Presume-se que a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) estaria envolvida → 
vírus entra nas células → replicação viral. 
a. Níveis significativamente elevados de ECA2 foram encontrados no 
tecido cardíaco (cardiomiócitos e pericitos), principalmente em 
pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes. 
2. Foi relatada lesão miocárdica, que pode ser decorrente de dano direto aos 
cardiomiócitos, inflamação sistêmica, fibrose intersticial miocárdica e hipóxia. 
iv. Devido às lesões miocárdicas significativas em pacientes com manifestações clínicas 
graves de COVID-19, a morbidade e letalidade da doença podem ser altas, especialmente 
em pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes. 
3) Sequelas neuropsiquiátricas: 
a. Casos graves: 
i. resposta hiperinflamatória sistêmica ➔ declínio cognitivo de longo prazo, como deficiências 
de memória, atenção, velocidade de processamento e funcionamento, juntamente com 
perda neuronal difusa. 
ii. Foi documentado: processos inflamatórios sistêmicos em pessoas de meia-idade podem 
levar a um declínio cognitivo décadas mais tarde. 
iii. No entanto, são necessárias mais evidências para avaliar os efeitos independentes e 
sinérgicos das sequelas da COVID-19 nas funções cognitivas de curto e longo prazo. 
Portanto, será necessária uma avaliação em longo prazo das características e sinais da 
esclerose múltipla em pacientes com COVID-19 recuperados. 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
iv. Relatos de que o SARS-CoV-2 pode atingir os sistemas nervosos central e periférico, 
com disseminação hematogênica ou disseminação neural direta através do trato 
respiratório por possíveis mecanismos de neurotropismo viral. 
1. O receptor da ECA2 desempenharia um papel no mecanismo pelo qual o vírus SARS-
CoV-2 entra na célula e é expresso no cérebro. 
v. Vários tipos de manifestações clínicas neuropsiquiátricas: encefalopatia aguda, alterações 
de humor, psicose, disfunção neuromuscular ou processos desmielinizantes, que podem 
acompanhar uma infecção viral aguda ou podem ocorrer após uma infecção em pacientes 
recuperados em semanas, meses ou potencialmente mais tempo. 
4) Sequelas psicológicas: 
a. disseminação da COVID-19 ➔ distanciamento social ➔ efeitos psicológicos negativos devido 
ao isolamento social. 
b. Todas as faixas etárias — crianças, adolescentes, adultos jovens e idosos — correm o risco 
de sofrer consequências psicológicas devido às medidas de saúde pública implementadas 
durante a pandemia, bem como grupos específicos, tais como profissionais de saúde, que 
podem vir a sofrer repercussões da doença em sua saúde mental. 
 
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL: 
1. Infecção por influenza 
 
Cursa com queixas de uma síndrome gripal com febre de início súbito acompanhada de tosse ou 
dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia. 
 
Pode evoluir para síndrome respiratória aguda grave. O diagnóstico através da detecção viral é 
realizado pela coleta de secreção nasofaríngea nos pacientes com síndrome respiratória aguda 
grave e estas são submetidas a realização de RT-PCR ou testes rápidos. 
 
2. Outros vírus respiratórios 
 
Infecção por outros vírus respiratórios, como rinovírus, parainfluenza, vírus sincicial respiratório, 
adenovírus- causam quadro de resfriado comum não específico, geralmente limitados às vias aéreas 
superiores e com sintomas sistêmicos menos intensos que a influenza. Raramente esse tipo de 
doença gera complicações, sendo seu diagnóstico clínico. 
 
3. Pneumonia bacteriana adquirida na comunidade (PAC) 
 
Identificada em indivíduos fora do ambiente hospitalar ou nas primeiras 48 horas após a admissão 
hospitalar. O diagnóstico é sugerido em um paciente com sintomas clínicos compatíveis (febre, 
dispneia, tosse, produção de escarro, dor ventilatório dependente), achados como taquipneia, 
taquicardia e sinais de consolidação ao exame físico do tórax, além da demonstração de 
consolidação ou infiltrado pulmonar em radiografia de tórax. 
 
Leia também: Pneumonia comunitária em crianças: existem marcadores de gravidade importantes? 
 
4. Coqueluche 
 
Sua fase inicial cursa com sintomas catarrais seguidos de tosse seca, rouquidão, tosse paroxística 
(acessos de 5 a 10 episódios sucessivos ininterruptos), guincho inspiratório e vômito pós-tosse. O 
diagnóstico deve ser realizado através da cultura para B. pertussis ou pela reação em cadeia da 
polimerase (PCR) em tempo real da secreção de nasofaringe. 
 
5. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) exacerbada 
 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
Alteração aguda de pelo menos um entre os sintomas respiratórios de base: piora da dispneia, 
alteração no padrão da tosse (frequência ou intensidade), alteração da cor e/ou volume do escarro, 
extrapolando a variação diária do paciente e o diagnóstico é clínico, realizando-se uma radiografia 
de tórax para exclusão de complicações, fatores descompensantes e avaliação de comorbidades. 
 
6. Tuberculose pulmonar 
 
Gera tosse persistente (> 15 dias) seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e perda 
ponderal. A avaliação é realizada com radiografia de tórax e exame de escarro (BAAR) ou teste 
rápido molecular para TB (TRM-TB). 
 
Veja mais: Quais os fatores de risco para tuberculose entre contatos? 
 
7. Pneumonia fúngica 
 
Possui sinais e sintomas inespecíficos e não diferenciados daqueles de infecções respiratórias de 
outras origens. Os achados incluem febre, taquicardia, taquipneia, esforço respiratório, sinais de 
comprometimento respiratório e outros relacionados a acometimento extrarrespiratório, que devem 
estar associados a algum dos fatores de risco. São alguns exemplos: exposição ocupacional a 
excretas de pássaros, morcegos, roedores e outros animais para histoplasmose, traumas de pele 
com exposição ao solo para a esporotricose,contato com águas poluídas ou desastres naturais para 
infecção por Pseudallescheria boydii / complexo Scedosporium, ou contato com solo para infecções 
por Coccidioides spp., leucemia aguda ou linfoma durante quimioterapia mieloablativa, transplantes, 
corticoterapias prolongadas, AIDS, síndromes congênitas de deficiências imunes, pós-
esplenectomia ou predisposição genética. 
 
O diagnóstico realizado de forma presuntiva, baseado na combinação de achados clínicos, 
radiológicos e microbiológicos. 
 
8. Infecção por HIV 
 
Pode se manifestar como um quadro gripal ou uma síndrome mononucleose-like e os principais 
sintomas são febre alta, adinamia, adenopatia, fotofobia, fadiga, perda ponderal, náuseas e vômitos, 
odinofagia, mialgia, artralgia, exantema maculopapular eritematoso, ulcerações mucocutâneas 
(orais, esofágicas e genitais), hepatoesplenomegalia, hiporexia, diarreia e cefaleia (geralmente dor 
retro-orbitária, que piora com a movimentação dos olhos). O diagnóstico é realizado através de 
testes sorológicos. 
 
9. Legionelose 
 
em sua forma pulmonar cursa com síndrome semelhante às pneumonias por outras etiologias, com 
sintomas mais comuns como febre, tosse e dispneia. A febre e fadiga geralmente precedem o início 
da tosse. Crepitações e/ou sinais de consolidação podem estar presentes ao exame físico. Deve ser 
suspeitada em pacientes com exposição conhecida ou potencial a fontes aquosas contaminadas ou 
exposição ao solo. Os exames laboratoriais são necessários para o diagnóstico definitivo: reação de 
polimerização em cadeia (PCR), detecção de antígenos de Legionella na urina e cultura para esses 
microrganismos 
 
 
diagnósticos diferenciais (https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/3000201/differentials) 
Pneumonia adquirida na comunidade 
Gripe (infecção por influenza) 
Resfriado comum 
https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/3000201/differentials
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
Outras infecções respiratórias virais ou bacterianas 
Pneumonia por aspiração 
Pneumonia por Pneumocystis jirovecii 
Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) 
Síndrome respiratória aguda grave (SARS) 
Infecção pelo vírus da influenza aviária A (H7N9) 
Infecção pelo vírus da influenza aviária A (H5N1) 
Tuberculose pulmonar 
Neutropenia febril 
DIAGNOSTICO: 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL – EXAMES INESPECÍFICOS E ESPECÍFICOS: 
➔ Diagnóstico, o acompanhamento, a evolução e o prognóstico de qualquer patologia ativa ou não. 
➔ Na pandemia de COVID-19, foi relatado o envolvimento de vários biomarcadores como 
indicadores do estado atual da doença, enquanto outros provaram ser marcadores prognósticos 
úteis: 
1) Achados laboratoriais gerais: 
a. Leucocitose ou leucopenia; 
b. Linfopenia acentuada (estágios iniciais da doença) 
c. Presença de neutrofilia (prognóstico desfavorável). 
d. Mais frequentes: 
i.  proteína C reativa (PCR); 
ii.  diminuição da albumina sérica; 
iii. contagem total de leucócitos com considerável variação - por vezes aparecendo alta ou 
diminuída; presença de linfopenia (35%-75%). 
iv.  hemoglobina; 
v.  taxa de sedimentação de eritrócitos (VHS), alanina aminotransferase (ALT) e aspartato 
aminotransferase (AST) e lactato desidrogenase (LDH); 
1. Valores dos biomarcadores relacionados com infecção [PCR, procalcitonina (PCT) e 
VHS] aumentam gradualmente à medida que o estado clínico se deteriora, além de 
dímero-D, creatina quinase (CK), fração MB da creatina quinase (CK-MB), LDH, ALT, AST, 
ureia, creatinina, troponina cardíaca e proteína amiloide sérica A (SAA). 
e.  IL-6 (cascata inflamatória na patogênese da COVID – aumenta de acordo com a evolução) 
f. 1ª semana, a doença pode evoluir para pneumonia, doença respiratória e morte: citocinas 
inflamatórias, incluindo interleucinas 2 (IL-2), 7 (IL-7) e 10 (IL-10). 
i. Nas unidades de terapia intensiva (UTI), os pacientes apresentam altos níveis plasmáticos 
dessas citocinas (IL-2, IL-7, IL-10, GCSF, IP-10, MIP-1α e TGFα). 
1. Características laboratoriais da COVID-19 em pacientes de UTI incluem linfopenia com 
depleção de linfócitos CD4 e CD8, tempo prolongado de protrombina (PT), LDH, dímero-
D, PCR, transaminases e aumento de citocinas – esses aumentos são maiores do que os 
encontrados em pacientes não internados em UTI. 
As anormalidades laboratoriais foram semelhantes às observadas anteriormente em indivíduos com 
infecção por SARS-CoV e MERS-CoV. 
➔ Outro marcador sistêmico proposto é a relação plaquetas/linfócitos (RPL), cujo valor 
prognóstico foi associado ao tempo de internação hospitalar e aos resultados dos casos. 
➔ Em casos graves, a redução da pressão parcial de oxigênio (PaO2) e da relação 
[PaO2/fração inspirada de oxigênio (FiO2)] também foi observada. 
➔ Amplitude de distribuição de monócitos (MDW) aumentou significativamente em 
todos os pacientes com COVID-19, especialmente naqueles em piores condições 
clínicas. Para fins prognósticos, observa-se que os valores de LDH, AST, ALT, bilirrubina 
total, creatinina, troponina cardíaca, dímero-D, PT, PCT e PCR aumentam enquanto a 
albumina sérica diminui. 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
➔ Quantificação da PCT sérica com titulações seriadas tem sido usada para indicar coinfecção 
bacteriana em pacientes com COVID-19. A coinfecção leva a uma maior gravidade da condição 
do paciente, e a concentração de PCT pode indicar as opções terapêuticas. 
➔ Vários artigos propuseram possíveis correlações entre os achados laboratoriais e a 
potencial gravidade da COVID-19, como a relação entre hipoalbuminemia, linfopenia, altos 
níveis de PCR, dímero-D, LDH e maior ocorrência de SRAG, assim como uma carga viral 
maior associada à gravidade da doença; mas essas informações e correlações não são 
uniformes, o que exige evidências ainda mais significativas para seu uso clínico. 
➔ Teste de detecção de ácido nucleico viral – biologia molecular: 
o Principal técnica para diagnóstico laboratorial e é essencial no contexto atual da pandemia 
pelo novo CoVs. 
o RT-PCT: 
▪ padrão-ouro para identificação viral em pacientes com sintomas clínicos na fase aguda da 
doença, fazendo parte de diferentes protocolos de triagem em casos suspeitos. 
▪ amplificação de ácidos nucleicos, e as amostras para essa análise são provenientes, 
principalmente, de swabs nasais e orofaríngeos, ou escarro, secreção traqueal e 
lavagem broncoalveolar em pacientes críticos. 
▪ Desvantagens: requer uma estrutura tecnológica aprimorada e adequada para sua 
execução, além de fatores interferentes pré-analíticos, como coleta, transporte e 
armazenamento de amostras, que, quando executados de forma inadequada, podem 
resultar em erros nas análises laboratoriais. 
▪ MS - Realizado entre o 3º e o 9º dia após o início dos sintomas (encontrar maior carga 
viral). Entretanto, a coleta de amostras pode ser aceitável se realizada até o décimo dia. 
▪ Estudos mostram que após o sétimo dia, a positividade da RT-PCR começa a cair, 
chegando a 45% entre os dias 15 e 39 após o início dos sintomas. 
▪ Devido à alta sensibilidade e especificidade dessa técnica, resultados positivos confirmam 
a infecção na presença epidemiológica da pandemia. Investigações complementares 
adicionais e resultados laboratoriais positivos na presença de sinais e sintomas não são 
necessários. 
▪ Resultados falso-negativos são possíveis devido a vários fatores, como coleta de amostras 
em um estágio muito inicial, coleta, armazenamento ou transporte inadequado de amostras, 
além de razões inerentes ao teste, como mutações virais ou presença de fatores inibitórios 
para o método de PCR. 
o RT-LAMB 
➔ Testes imunológicos - sorologia: 
o Estão emdesenvolvimento e validação para permitir sua inserção como ferramenta 
diagnóstica confiável e mais fácil de usar dinamicamente conforme a pandemia 
prossegue. 
o Fatores individuais em relação à resposta imunológica dependem do paciente e das 
características do antígeno utilizado, e o aumento de anticorpos pode ser precoce ou 
tardio, dependendo do paciente. 
o A literatura científica discute que a resposta imune ao novo CoV ainda é bastante limitada. 
▪ Os relatos indicam que os anticorpos de imunoglobulina da classe A (IgA) e classe M 
(IgM) têm uma detecção sorológica média por volta do 7º dia após o início dos 
sintomas, seguido por um aumento nos níveis de imunoglobulina da classe G (IgG), 
simultaneamente. 
o  Valor preditivo negativo desses testes na fase aguda da infecção - resultados negativos 
não descartam a doença; 
o  valores preditivos nos resultados positivos 
o Segundo alguns autores, a produção de IgM e IgA contra a proteína antigênica S (proteína 
presente na espícula viral) e N (proteína estrutural do nucleocapsídeo helicoidal) ocorre em 
média sete dias após o início dos sintomas e, logo após, a IgG pode ser detectada quase 
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simultaneamente à IgM, mas não há necessariamente uma diminuição na carga viral. Esses 
indivíduos ainda podem estar infectados e disseminando potencialmente o vírus. 
 
 
 
POR CRITÉRIO CLÍNICO- LABORATORIAL: 
➔ Caso de SG, SRAG ou óbito por SRAG com teste de: 
o Biologia Molecular: resultado DETECTÁVEL para SARS-CoV-2 realizado pelo método RT-
qPCR em tempo real. 
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o Imunológico: resultado REAGENTE para IgM, IgA e/ou IgG realizado pelos seguintes 
métodos: 
▪ Ensaio imunoenzimático (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay ELISA); 
▪ Imunocromatografia (teste rápido) para detecção de anticorpos; 
▪ Imunoensaio por Eletroquimioluminescência (ECLIA); 
▪ Imunoensaio por Quimioluminescência (CLIA) 
o Pesquisa de antígeno: resultado REAGENTE para SARS-CoV-2 pelo método de 
Imunocromatografia (teste rápido) para detecção de antígeno em secreções de naso e 
orofaringe ou saliva (detectado do 1º ao 7º dia de sintomas). 
O diagnóstico laboratorial deve ser realizado sempre que possível, assegurando a oportunidade da 
coleta, a qualidade da amostra biológica e todos os demais cuidados da fase pré-analítica. No 
entanto, casos que apresentem indícios clínicos evidentes e exames que corroborem o diagnóstico, 
porém com resultado laboratorial negativo, podem ser confirmados pelos demais critérios, que 
seguem descritos abaixo. 
 
POR CRITÉRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO: 
➔ Caso de SG, SRAG ou óbito por SRAG com histórico de contato próximo ou domiciliar, nos 
últimos 14 dias antes do aparecimento dos sintomas, com caso confirmado laboratorialmente 
para COVID-19. 
POR CRITÉRIO CLÍNICO-IMAGEM: 
➔ Caso de SG ou SRAG ou óbito por SRAG que não foi possível confirmar ou descartar por critério 
laboratorial e que apresente alterações tomográficas: 
o OPACIDADE EM VIDRO FOSCO periférico, bilateral, com ou sem consolidação ou linhas 
intralobulares visíveis (“pavimentação”), OU; 
o OPACIDADE EM VIDRO FOSCO multifocal de morfologia arredondada com ou sem 
consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”), OU; 
o SINAL DE HALO REVERSO ou outros achados de pneumonia em organização (observados 
posteriormente na doença). 
OBSERVAÇÃO: Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia, quando houver indicação de 
tomografia, o protocolo é de uma Tomografia Computadorizada de Alta Resolução (TCAR), se 
possível com protocolo de baixa dose. O uso de meio de contraste endovenoso, em geral, não está 
indicado, sendo reservado para situações específicas a serem determinadas pelo radiologista. 
 
POR CRITÉRIO CLÍNICO: 
➔ Caso de SG ou SRAG associado a anosmia (disfunção olfativa) OU ageusia (disfunção 
gustatória) agudas, sem outra causa pregressa, e que não foi possível encerrar por outro critério 
de confirmação. 
 
POR CRITÉRIO LABORATORIAL EM INDIVÍDUO ASSINTOMÁTICO: 
➔ Indivíduo ASSINTOMÁTICO com teste de: 
o Biologia Molecular: resultado DETECTÁVEL para SARS-CoV-2 realizado pelo método RT-
qPCR em tempo real. 
o Imunológico: resultado REAGENTE para IgM, IgA e/ou IgG. 
o Pesquisa de antígeno: resultado REAGENTE para SARS-CoV-2 pelo método de 
imunocromatografia para detecção de antígeno. 
 
CASO DE SG OU SRAG NÃO ESPECIFICADA: 
➔ Caso de SG ou de SRAG para o qual não houve identificação de nenhum outro agente etiológico 
OU que não foi possível coletar/processar amostra clínica para diagnóstico laboratorial OU que 
não foi possível confirmar por critério clínico-epidemiológico, clínico-imagem ou clínico. 
 
CASO DE SG DESCARTADO PARA COVID-19: 
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➔ Caso de SG para o qual houve identificação de outro agente etiológico confirmada por método 
laboratorial específico, excluindo-se a possibilidade de uma coinfecção OU confirmação por 
causa não infecciosa, atestada pelo médico responsável. 
OBSERVAÇÃO: 
● Ressalta-se que um exame negativo para COVID-19 isoladamente não é suficiente para descartar 
um caso para COVID-19; 
● O registro de casos descartados de SG para COVID-19 deve ser feito no e-SUS notifica. 
 
CLASSIFICAÇÕES: 
 
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TRATAMENTO: 
 
➔ Síndrome Gripal na APS/ESF: 
o Casos leves: medidas de suporte e conforto, isolamento domiciliar e monitoramento até alta 
do isolamento. 
o Casos graves: inclui a estabilização clínica e o encaminhamento e transporte a centros de 
referência ou serviço de urgência/emergência ou hospitalares. 
! Dada a letalidade muito mais elevada da COVID-19 entre os idosos (pessoas com 60 anos ou 
mais), pessoas com doença crônica, gestantes e puérperas deve-se priorizá-los para 
atendimento. 
 
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O manejo diagnóstico e terapêutico de pessoas com suspeita de infecção respiratória caracterizada 
como Síndrome Gripal, causada ou não por COVID-19, no contexto da APS/ESF incluiu os passos 
a seguir: 
1. Identificação de caso suspeito de Síndrome Gripal e de COVID-19: 
a. Sugerimos que essa identificação precoce seja realizada na recepção da Unidade Básica de 
Saúde seguindo o Fast-Track para Síndrome Gripal. 
2. Medidas para evitar contágio na UBS: 
 
3. Estratificação da gravidade da Síndrome Gripal 
a. Consulta presencial com enfermeiro e/ou médico; 
b. Estratificar a gravidade por meio de anamnese e exame físico. 
 
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Casos leves: manejo terapêutico e isolamento domiciliar 
- Manejo terapêutico: 
➔ Casos leves 
o medidas não farmacológicas: repouso, hidratação, alimentação adequada, além de 
analgésicos e antitérmicos e isolamento domiciliar por 14 dias a contar da data de início dos 
sintomas. 
▪ Antitérmicos: 
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• 1ª opção: paracetamol (200mg/mL ou 500mg/cp) a cada 4/4 horas ou 6/6 horas a 
depender da febre ou dor: 
o Crianças: 10-15mg/kg/dose (máximo de 5 doses/dia) 
o Adultos: 500-1000 mg/dose (máximo de 3 doses/dia) 
• 2ª opção: dipirona (solução gotas 500mg/mL ou 500mg/cp) em caso de dor ou febre, 
de 6/6 horas; 
o Crianças > 3meses: lactantes: 10mg/kg/dose; pré-escolares: 15mg/kg/dose; 
o Adultos:500-1000mg VO (dose máxima no adulto 4g) 
➔ Caso haja a possibilidade de síndrome gripal por outros vírus (ex: Influenza) + fatores de risco 
para complicações – OSELTAMIR 
o todos os casos de síndrome gripal que tenham situações de risco para complicações; 
o independe da situação vacinal do paciente; 
o O medicamento deve ser iniciado em até 48hs após o início dos sintomas; 
▪ Adultos: 75mg de 12 em 12 horas por 5 dias. 
▪ Criança > 1 ano: 
• ≤15 kg: 30 mg, 12/12h, 5 dias 
• > 15 kg a 23 kg: 45 mg, 12/12h, 5 dias 
• > 23 kg a 40 kg: 60 mg, 12/12h, 5 dias 
• > 40 kg: 75 mg, 12/12h, 5 dias 
▪ Criança < 1 ano de idade: 
• 0 a 8 meses 3 mg/Kg, 12/12h, 5 dias 
• 9 a 11 meses: 3,5 mg/kg, 12/12h, 5 dias 
 
➔ Deve haver a vigilância ativa e continuada desses pacientes; 
o Revisão dos sintomas e seguimento o quadro devem ser realizados por um profissional da 
APS, a cada 24h em pessoas > 60 anos e portadores de comorbidades de risco e a cada 48h 
nos demais, até completar 14 dias do início dos sintomas. 
 
Casos graves: estabilização e encaminhamento a serviços de urgência/emergência ou 
hospitalares 
➔ Casos classificados como graves devem ser estabilizados e encaminhados aos serviços de 
urgência ou hospitalares de acordo com a organização da Rede de Atenção à Saúde local. 
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4. Notificação Imediata 
5. Monitoramento clínico 
6. Medidas de prevenção comunitária e apoio à vigilância ativa: 
 
 
 
TRATAMENTO SINTOMATICO E MEDIDAS DE SUPORTE: 
➔ Tratamento sintomático compreende opções para controle da febre, dor, tosse seca e náusea 
– utilização de antipiréticos, analgésicos, antitussígenos/expectorantes e antieméticos. 
o Analgesia e controle da febre: paracetamol ou dipirona (*ibuprofeno); 
➔ Adequada suplementação energética – ingestão de dieta balanceada ou adaptada as 
necessidades do paciente. Nutrição enteral pode ser introduzida quando o paciente não puder 
ingerir alimentos da rotina oral. 
➔ Manejo adequado do paciente para evitar ulceras de pressão; 
➔ Pacientes com risco de sangramento gastrointestinal (ventilação mecânica ≥48h, disfunção 
da coagulação, terapia de substituição renal, doença hepática, e maior pontuação de falência de 
órgãos [SOFA score]): inibidores da bomba de prótons. 
➔ Pacientes com dispneia, tosse, sibilo, SRAG e dificuldade respiratória por causa do aumento das 
secreções das vias respiratórias: anticolinérgicos (ex: brometo de Ipratrópio); 
➔ Pacientes com disfunção de coagulação (p/ reduzir o risco de tromboembolismo): 
anticoagulante – heparina. 
 
TRATAMENTO FARMACOLOGICO ESPECIFICO: 
➔ Alguns estudos avaliaram antivirais, corticosteroides, antimaláricos e até anti-hipertensivos 
(inibidores da enzima conversora de angiotensina [iECA] e bloqueadores do receptor de 
angiotensina [BRA]) para o tratamento da pneumonia por COVID-19 ou seus efeitos na doença. 
No entanto, cabe ressaltar que a grande maioria das terapias não possui registro em bula para 
uso em COVID-19 (uso off-label). 
 
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Antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina): 
➔ Os três estudos são pequenos e apresentam vieses importantes. 
➔ Gautret et al. 
o 600 mg/dia de hidroxicloroquina 
o remissão viral de 70% dos pacientes (n= 22), no 6º dia de tratamento, já o grupo controle 
obteve o percentual de 12,5% (n= 20). Adicionalmente, no dia 6 após a inclusão, 100% dos 
seis pacientes tratados com combinação de hidroxicloroquina e azitromicina tiveram remissão 
viral 
➔ Chen et al. 
o não encontrou diferença na taxa de negativação da carga viral após sete dias, ao comparar 
o grupo que recebeu hidroxicloroquina 400mg/1x dia por 5 dias (n= 15) com o grupo 
controle (tratamento convencional, n= 15). 
o Após 14 dias, todos os 30 pacientes apresentaram o exame negativo (136). 
➔ Outro estudo randomizado (135), que também utilizou a hidroxicloroquina na dose de 400 mg/1x 
dia, mostrou que o grupo que recebeu a hidroxicloroquina apresentou maior proporção de 
melhora radiográfica e menores tempos para melhora da tosse e da febre. 
o Este estudo é um preprint e não passou por avaliação por pares de nenhuma revista científica. 
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Antibioticoterapia: 
➔ Alguns exemplos são a azitromicina, vancomicina, ceftriaxona, cefepima e levofloxacino; 
➔ Deve-se evitar o uso inadequado de drogas antibacterianas, especialmente a 
combinação de drogas antibacterianas de amplo espectro. O aprimoramento da vigilância 
bacteriológica deve ser realizado e prontamente administrados os medicamentos 
antibacterianos apropriados quando ocorrer infecção bacteriana secundária. 
➔ De acordo com as manifestações clínicas dos pacientes, se a infecção bacteriana associada não 
puder ser descartada, pacientes com quadros leves podem receber medicamentos 
antibacterianos contra pneumonia adquirida na comunidade, como amoxicilina, azitromicina ou 
fluoroquinolonas. 
➔ Deve-se ter cautela ao usar cloroquina ou hidroxicloroquina em associação com azitromicina, 
pois pode aumentar o risco de complicações cardíacas, provavelmente pelo efeito sinérgico de 
prolongar o intervalo QT. 
➔ Apenas dois relatos de caso avaliaram a antibioticoterapia no paciente com COVID-19 sem 
evidência de infecção bacteriana. Dessa maneira, até o presente momento, não há dados 
clínicos suficientes que demonstrem benefícios ou riscos na utilização da antibioticoterapia no 
paciente com COVID-19 sem evidência de infecção bacteriana. 
 
Corticosteroides: 
➔ ainda é controversa e não foram encontrados ensaios clínicos avaliando especificamente o uso 
em pacientes com COVID-19. Enquanto alguns estudos sugerem benefícios em subpopulações 
específicas, outros sugerem piora, aumento de carga viral e aumento do tempo de internação e 
aumento do risco de infecção secundária. 
➔ A OMS e o Center for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA, recomendam que os 
corticosteroides não sejam utilizados no tratamento de SRAG por COVID-19, a menos que haja 
outra indicação em que seu uso é preconizado, como em episódios de exacerbação de asma e 
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) ou em casos de choque séptico. 
 
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Antivirais: 
➔ Estudos com resultados publicados até o momento avaliaram os antivirais 
lopinavir/ritonavir, remdesivir e umifenovir. Cabe ressaltar que o remdesivir ainda está em 
teste/uso compassivo e não possui registro na ANVISA. O umifenovir também não possui 
registro para uso no Brasil. 
➔ Sendo assim, a não ser em um contexto de uso compassivo ou de pesquisa clínica devidamente 
registrada no país, o uso rotineiro de antivirais não é indicado para o manejo de pacientes com 
COVID-19. 
 
 
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) e Bloqueadores do receptor de 
angiotensina (BRA): 
➔ Estudos ressaltam o fato de o SARS-CoV-2 se ligar aos receptores da Enzima Conversora de 
Angiotensina (ECA2) e, com isso, aumentar a sua capacidade de disseminação e 
patogenicidade. Devido a esse mecanismo os pacientes com comorbidades cardiovasculares 
e/ou em uso de medicamentos da classe iECA e BRA podem ter maior risco de agravamento 
com COVID-19. 
➔ Por outro lado, dois estudos sugerem que pacientes infectados por SARS-CoV-2 apresentam 
elevação da concentração de angiotensina II, aumentando a permeabilidade pulmonar 
e, consequentemente, a patogenicidade da COVID-19. Sendo assim, esses autores propõem 
que os iECAs e BRAs podemser opções terapêuticas para SARS-CoV-2, pois levam à 
diminuição da concentração de angiotensina II e redução da permeabilidade pulmonar. 
➔ Dessa forma, com base na evidência disponível até o momento, não é recomendado o uso de 
iECA (como o captopril ou maleato de enalapril) e BRA (como a losartana potássica) como 
opções terapêuticas para a COVID-19. Pacientes hipertensos, com doenças cardiovasculares 
ou diabéticos que já utilizam estas classes medicamentosas como terapia, não devem abandoná-
las, a não ser quando expressamente indicado por médico assistente. 
 
Tocilizumabe: 
➔ Até o dia 05de abril de 2020, foram identificados 23 estudos que avaliaram o uso de tocilizumabe 
(TOC) em pacientes com COVID-19. Destes 23 estudos, nove eram estudos originais e 14 eram 
registros de ensaios clínicos. 
➔ Os estudos avaliados apresentam resultados que devem ser interpretados com cautela, devido 
ao baixo rigor metodológico (estudos sobre mecanismo, relatos e séries de casos). Dessa forma, 
não é recomendada a aplicação rotineira de tocilizumabe a pacientes com COVID-19. O seu uso 
em protocolos de pesquisa, devidamente registrados nos órgãos competentes (ANVISA, 
CONEP) deve ser avaliado individualmente. 
 
 
Ivermectina: 
➔ A única publicação encontrada foi um estudo in vitro, no qual a ivermectina mostrou reduzir 93% 
do material genético do vírus em 24 horas e uma redução de 99,8% após 48 horas (162). Sendo 
assim, até o momento, não se sabe se a eficácia "in vitro” está presente também in vivo. 
 
Antagonistas do receptor de endotelina: 
➔ Por inibirem os receptores de endotelina (um neuro hormônio de concentração elevada no 
tecido pulmonar), localizados principalmente nas células do músculo liso vascular pulmonar e 
nas células endoteliais vasculares pulmonares, estes agentes (ex. bosentana, ambrisentana, 
etc) bloqueiam a vasoconstrição e a proliferação celular local, diminuindo o remodelamento 
tecidual, a resistência pulmonar e aumentando o débito cardíaco. 
➔ Não foram identificados estudos finalizados ou em andamento que pesquisassem a classe como 
um possível alvo para o tratamento da COVID-19(APÊNDICE14). Dessa forma, nenhuma 
Amandha Victória de Pinho Gonzaga Rodrigues Medicina – UNIT/SE 
 
conclusão acerca do uso de antagonistas do receptor de endotelina em pacientes com 
COVID-19 é possível. 
 
Terapia com plasma de convalescentes de COVID-19: 
➔ uso do plasma para tratamento de pacientes em estado crítico e em risco de vida por infecções 
por coronavírus evidenciaram que o plasma de convalescentes resultou em redução de 
mortalidade, carga viral, tempo de internação hospitalar e melhora dos sintomas, além de terem 
sido relativamente seguros. 
➔ Eventos adversos foram pouco frequentes, tendo sido relatada possível lesão pulmonar 
aguda relacionada à transfusão (TRALI, do inglês Transfusion Related AcuteInjury) (172) e 
reação anafilática (173). Entretanto, eram estudos pequenos, sem braço comparador, em que 
os pacientes apresentavam características clínicas variadas e recebiam diferentes terapias 
(antivirais, antibióticos e corticosteroides, por exemplo), de modo que não se sabe se os efeitos 
podem ser atribuídos somente ao plasma de convalescentes. 
 
Terapia com atazanavir: 
➔ Até o momento não há nenhum estudo clínico publicado ou em andamento que avalie o perfil 
de eficácia e segurança do uso do atazanavir no tratamento da COVID-19. Os resultados dos 
estudos in vitro divergem quanto a capacidade do atazanavir de inibir a replicação do SARS 
CoV-2 (175–177). Em um dos estudos os autores relataram que não foi observada atividade 
antiviral do atazanavir contra a SARS CoV-2 (175). Em outro estudo, tanto o atazanavir isolado 
quanto o associado ao ritonavir apresentaram inibição da replicação viral de SARS-CoV-2 em 
diferentes linhagens celulares. A associação de ritonavir ao atazanavir demostrou ser ainda mais 
potente na inibição da replicação de SARS-CoV-2 comparado com atazanavir isolado e com 
cloroquina (176). A ação inibitória de atazanavir isolado e associado ao ritonavir também foi 
comprovada em células epiteliais pulmonares humanas (176). 
 
 
Terapia com inibidores da Janus Associated Kinases (JAK): 
➔ Até a presente data, não foram identificados estudos clínicos investigando os 
medicamentos da classe de inibidores das Janus Associated Kinases (JAKs) com resultados 
disponíveis. Foram identificados sete estudos clínicos em andamento, investigando os 
efeitos do ruxolitinibe, jakotinibe, baricitinibe e do tofacitinibe sobre (i) desfechos clínicos, 
como mortalidade, melhora clínica, qualidade de vida, eventos adversos; (ii) desfechos 
laboratoriais, como carga viral, provas de função pulmonar, nível de proteína C reativa e dímeros 
D; e (iii) desfechos relacionados à utilização de recursos em saúde, como tempo de internação 
hospitalar (178–184). Em dois estudos, a intervenção de interesse envolve a associação entre 
os inibidores das JAKs e outros tratamentos (uso de células tronco e ritonavir).

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