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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS - UNITINS PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB IRENE PEREIRA FERRO KÁTIA DE LOURDES ASSALIN LUANA SOUZA SANTOS LUCIANA OLIVEIRA DA SILVA Taguatinga Tocantins 2017 CONCEITOS E ASPECTOS HISTÓRICOS DA SURDEZ CÓDIGOS LINGUÍSTICOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - LIBRAS Irene Pereira Ferro Kátia de Lourdes Assalin Luana Souza Santos Luciana Oliveira da Silva CONCEITOS E ASPECTOS HISTÓRICOS DA SURDEZ Códigos Linguísticos de Educação Especial - Libras Trabalho escrito, apresentado a Universidade Unitins, como parte das exigências para a obtenção da nota na disciplina de Códigos Linguísticos de Educação Especial - Libras, do curso de Letras. Orientadora: Rosangela Fernandes de Souza TAGUATINGA TOCANTINS 2017 RESUMO Pretende-se neste trabalho apresentar os conceitos e aspectos históricos da surdez, deficiência auditiva que pode se considerar surgida por volta de 1500 a.c, ano em que na bíblia é feita as primeiras menções da existência de pessoas surdas. Essa deficiência foi tratada pela sociedade com olhares diferentes em cada época. Diante disso, serão apresentados de acordo com estudos de documentos e/ou arquivos na internet, alguns conceitos sobre as metodologias e legislação pertinente a Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea. Na apresentação de cada contexto histórico serão ressaltados alguns dos relevantes autores com sua linha de raciocínio. As metodologias de ensino utilizadas através dos tempos para inserir essas pessoas na sociedade muito evoluíram, mas ainda há um caminho longo a ser percorrido de muitos desafios. Palavras chaves: Surdez. Aspectos históricos. Desafios. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 2 CONCEITOS GERAIS ........................................................................................... 5 3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SURDEZ.................................................................5 3.1 Antiguidade (4000 a.c – 476 d.c)...........................................................................5 3.2 Idade Média (476 d.c – 1453 d.c)..........................................................................6 3.3 Idade Moderna (1453 d.c – 1789 d.c)....................................................................7 3.4 Idade Contemporânea (1789 d.c – até os dias atuais).........................................8 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................10 5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho será apresentado um breve estudo sobre os conceitos e aspectos históricos da surdez, o qual serão expostos as conceituações sobre as metodologias de acordo com um autor e um pouco da trajetória da surdez na Antiguidade, Idade Média, Moderna e Contemporânea. O estudo sobre a surdez possibilitou o conhecimento introdutório da história dos surdos, observando a maneira em que eram tratados em cada período até a criação da Língua de Sinais, vendo também que hoje essa disciplina integra o currículo docente dando a oportunidade de conhecer os desafios dessas pessoas em ser inseridos na sociedade, ou melhor, serem integrados em uma sala de aula. Espera-se que ao final seja desenvolvida a capacidade de conceituar as metodologias e mesmo legislação pertinente a cada período, conhecer um pouco da trajetória dos surdos e visões de alguns autores. 2 CONCEITOS GERAIS O termo surdez pode ser definido como a deficiência auditiva, em que ocorre a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. O indivíduo pode ser considerado surdo, quando sua adição não é funcional, e parcialmente surdo, quando nem mesmo com a prótese auditiva ele consegue escutar. É estimado que pelo menos uma em cada mil crianças que nascem tem o problema de surdez profunda, ou irreversível e outra que desenvolve esse problema auditivo com o tempo. Existem várias causas que podem resultar a isso, desde causas pré-natais até pós-natais e existem também formas de prevenir, sendo elas: primárias, secundárias ou terciárias. As pessoas que perdem a audição tardiamente acabam tendo que adaptar a nova maneira de falar e compreender o que é dito pelos outros, muitas vezes passando por uma reabilitação para aprender a Língua de Sinais, no caso do Brasil, a LIBRAS. Ao passo que as que já nascem com esse problema, aprendem desde muito cedo a se expressar através dos gestos e sinais. É importante ressaltar que apesar de a alguns anos atrás os surdos serem considerados mudos, isso não é verdade, ou seja, mesmo que não consigam falar através da oralização das palavras, eles falam através dos sinais com mãos e face. 3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SURDEZ Para melhor analisar os aspectos históricos da surdez, pode-se dividir em quatro períodos a serem estudados a seguir: 3.1 Antiguidade (4000 a.c – 476 d.c) A primeira menção ao surdo foi feita na Palestina por volta de 1500 a.c, na Bíblia, livro mais antigo que se tem registro. Nesse período eles eram tratados com exclusão da sociedade, porém através de um decreto dos hebreus foram reconhecidos como humanos. Logo nos primórdios, nota-se se a presença dos surdos que foram mencionados por Aristóteles (384-322 a.c), em que na visão dele a consciência plena só era alcançada se o sujeito falasse e ouvisse. Diante dessa afirmativa, observa-se que eles eram privados dos seus direitos, inclusive o de receber heranças ou fazer testamentos para seus descendentes. Visto que nesse período os surdos eram considerados incapazes e incompetentes, eles acabavam sendo sacrificados. Sobretudo nas tribos indígenas, pois sua cultura de grupo ditava que todos tinham que cooperar e se uma criança nascia com deficiência poderia ser privilegiada ou sofrer até morrer, é para isso não acontecer ela já era sacrificada assim que detectada a “incapacidade”. O imperador Justiniano criou um Código por volta de 483 a.c que começou a mudar a vida dos surdos, porém eles ainda eram considerados não educáveis. Nessa época era a igreja que tinha grande poder sobre a sociedade, sendo ela muitas vezes responsável pelas decisões tomadas com relação aos surdos. Nos anos 30 d.c, consideravam que a pessoa nascia com essa deficiência devido a um pecado dela mesmo ou da família, e por isso a deficiente era considerada “Oficina do diabo”, precisando assim ser exorcizado para poder viver na sociedade, outros já eram logo queimados na “fogueira da inquisição” para purificar a alma. No Evangelho de Lucas (11: 14 apud Conrad 2011) está escrito “Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.” 3.2 Idade Média (476 d.c – 1453 d.c) Na Idade Média a igreja condenava o sacrifício da criança deficiente e atribuía a essas anormalidades causas sobrenaturais. Nesse período a concepção da sociedade em relação aos deficientes começou a mudar, em que já não se exterminava mais uma criatura que também era de Deus, muitos poderiam até se considerar abençoados por cuidar de alguém tão espacial para o Senhor. Em 700 d.c John Beverley, ensinou um surdo a falar, pela primeira vez e por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de pessoas com surdez. Foi só no fim da Idade Média e inicio do Renascimento, que saíram da perspectiva religiosa para o conhecimento médico e científico,antes era a igreja católica que determinava sobre a vida dos surdos. Nessa fase iniciou-se um caminho para a educação dos surdos, para garantir a eles o direito de herdar títulos e bens da família. 3.3 Idade Moderna (1453 d.c – 1789 d.c) A idade Moderna é marcada por notícias de experiências educacionais com surdos e é nesse período a educação começa a ser institucionalizada, iniciando em sala de aula a aprendizagem do alfabeto bi-manual e soletração de letã por letra, mas não a se comunicar. Fora da sala de aula era proibido o uso de gestos, pois o objetivo era de torná-los o mais normal possível perante a sociedade. No modernismo somente os filhos da nobreza tinham acesso à escola, pois era de iniciativa privada e os pobres não tinham condições de pagar. Em 1644 o médico inglês John Bulwer escreveu vários livros, defendendo a ideia de que a língua de sinais deveria ter destaque na educação dos surdos, para que assim conseguissem um desenvolvimento proveitoso, iniciando com a leitura e a escrita para então chegar à fala. Pedro Ponce León monge espanhol ensinou seus alunos surdos a falar, ler, escrever, orar e confessar-se a fim de serem reconhecidas como pessoas aptas a herdar títulos, uma vez que nessa época o surdo não herdava nem deixava heranças a seus familiares. Em 1704, o autor Wilhelm Keger defendia a educação obrigatória aos surdos, utilizando da escrita, fala e gestos para educar seus alunos. E em 1750, Charles Michel de L’Epée (1712 – 1789) veio fazer toda diferença socializando seus métodos, pesquisas e práticas. L’Epée reconheceu que os gestos deveriam ser considerados uma língua, fundando assim o Instituto Nacional de Surdos-Mudos em Paris no ano de 1760. Ele trabalhava com os surdos que eram pobres e moravam nas ruas, aprendendo a comunicar-se com eles, estudar os sinais e desenvolver metodologias para os ajudar. 3.4 Idade Contemporânea (1789 d.c – até os dias atuais) Ao longo das eras, os surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que têm hoje. O século XVIII é considerado o período de maiores conquista para os surdos, já que nesse século houve a fundação de várias escolas espacialmente para eles, sendo a primeira construída em Paris. Nessa época, houve também um avanço na educação, pois através da Língua de Sinais eles começaram a ter oportunidade de aprender diversas profissões. No final do século XVIII apareceu o autor Heinicke, que valorizava a educação dos surdos através do oralismo, método em que a Língua de Sinais era colocada em segundo plano e a língua oral como essencial. Essa modalidade fracassou e mais tarde surgiu o autor William Stokoe, implantando a “Comunicação Total”, método esse em que os gestos e sinais eram tidos como essenciais para a comunicação dos surdos. Em 1970 iniciou-se a transição para o Bilingüismo, que defende que a Língua de Sinais é natural dos surdos e a do país é a segunda língua. Honora e Frizanco (2009 apud Conrad, 2011) expõem “A Língua de Sinais usada inicialmente foi a Francesa, mas automaticamente foi se modificando e adequando à cultura dos Surdos norte-americanos, tornando-se a Língua Americana de Sinais – American Sign Language.”. No Brasil a educação dos surdos se iniciou no Rio de Janeiro em 1855, com a chegada do francês Ernest Huent, num momento em que os surdos não eram considerados cidadãos. Assim como muitos países, inclusive a França o Brasil deixou de usar a língua de sinais devido ao Congresso de Milão, passando a usar apenas o método oral até 1960. Embora haja tantos desafios, essa nova política educacional vem alcançando muitos adeptos e evoluindo, no caso do Brasil a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) ainda é muito nova e precisa de uma política de inclusão e integração principalmente por iniciativa governamental para melhor desenvolvimento, uma vez que os surdos ainda enfrentem dificuldades em relação a isso e preconceito, discriminação e não aceitação de muitos na sociedade. No Brasil a LIBRAS foi reconhecida com língua em 24 de abril de 2002 com a Lei nº 10.436 e sancionada com o decreto Lei nº 5.626 em 22/12/2005. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para concluir o trabalho, foi observado que a surdez é uma deficiência auditiva surgida a muito tempo atrás, que foi tratada pela sociedade de diversas formas, desde o sacrifício da pessoa até o abandono. Diante da trajetória observada vê-se que há um grande avanço, pois hoje já são tratados como humanos, porém ainda há muito preconceito e discriminação. Foi possível observar também que a disciplina de Libras muito contribui para uma boa formação acadêmica, pois mostra ao futuro profissional que a integração é necessária e é importante conhecer a história dessas pessoas que sofrem tanto preconceito e enfrentam tantos desafios, até mesmo como uma forma do educador se conscientizar e buscar soluções para inserir os surdos na sociedade. Com este trabalho foi possível conhecer os conceitos de metodologias e legislação da trajetória dos surdos, compreender quais são as dificuldades enfrentadas por eles e saber um pouco da visão de alguns autores. 6 REFERÊNCIAS CONRAD, Katia Regina. Educação e Surdez: Um Resgate Histórico pela Trajetória Educacional dos Surdos no Brasil e no Mundo. Disponível em: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=7&idart=93. Acesso em Novembro de 2017. EDITORA ARARA AZUL. O Mundo do Silêncio – Uma Breve Contextualização da Trajetória do Indivíduo Surdo na Humanidade. Disponível em: http://editora- arara-azul.com.br/site/edicao/60. Acesso em Novembro de 2017. EDUC@-UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS – UNITINS. Capítulo 1 – Conceitos Gerais e Aspectos históricos da surdez. Disponível em: http://educauab.unitins.br/main/newscorm/lp_controller.php?cidReq=028001049&id_ session=0&gidReq=0&action=view&lp_id=17. Acesso em Novembro de 2017. SURDEZ E LINGUAGEM. Um breve histórico da educação de surdos. Disponível em: http://surdezelinguagem.blogspot.com.br/. Acesso em Novembro de 2017. http://surdezelinguagem.blogspot.com.br/2010/11/um-breve-historico-da-educacao-de.html
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