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Pneumologia/Radiologia Mayara Medeiros/T78 Curso intensivo de radiografia do tórax - aula 1 Projeções: Radiografia geralmente é feita com o paciente de pé, ereto, com as costas para a máquina (PA – posição póstero-anterior), a uma distância de 1,8m. A posição AP supino (anteroposterior) também pode ser realizada em casos específicos ou quando o paciente estiver em estado grave e não puder fica de pé. Inspiração profunda (primeira imagem), é mais fácil de avaliar e menos chance de falso positivo. Quando não está bem inspirado pode haver diferença no tamanho do coração, largura do mediastino etc. Obs.: Nunca esqueça de checar a lateralidade! Se não tiver a lateralidade no exame, peça para repetir. Por que realizar a radiografia em PA? Porque avalia melhor o coração, mediastino e escápulas. No supino (AP) existe uma diferença no tamanho do coração e largura do mediastino. Para calcular o índice cardiotorácico pega a maior distância do coração e a maior distância interna do arcabouço torácico, divide as duas e no adulto tem que ser menor que 0,5. Maior que isso, está com o índice aumentado. Na criança, até 0,6 é normal. Em relação às escápulas, se elas aparecerem no campo, dificulta a observação do parênquima pulmonar. O adequado é que não apareçam. Por que realizar a radiografia em pé/ereto? Quando se está de pé o gás sobe, logo, se tiver pneumoperitônio, pneumotórax ele subirá; o líquido se acumula nos seios costofrênicos e os vasos obedecem ao gradiente da gravidade, em relação ao calibre: os vasos mais craniais, que vão para os lobos superiores tem calibre reduzido em relação aos vasos que vão para os lobos inferiores, que são mais calibrosos. Outras projeções: Se puder, sempre pedir Raio x em perfil, pois dá para flagrar muitas lesões que não detecta no PA ou AP, como por exemplo o sinal do gradiente da coluna. Projeção ápico-lordótica: avaliar os ápices pulmonares para descobrir tuberculose, pois na PA normal as clavículas passam sobre os ápices e dificulta a visualização. Radiografia oblíqua: avalia fratura de costela. Normalmente em 45º. Mas é melhor avaliar na tomografia. Quando pedir uma radiografia expiratória? Quando suspeitar de pneumotórax, pois o pulmão do lado afetado reduz, junto com o arcabouço torácico e o ar fica mais evidente. Quando tiver obstrução brônquica, pois o lado obstruído não reduz de tamanho. Quando pedir em decúbito lateral? É normalmente mais realizado em crianças pequenas do lado que se suspeita a obstrução (fazendo dos dois lados para comparar), o lado afetado não irá reduzir. Nesse caso, a radiografia em decúbito lateral funciona como uma expiração passiva. Outra situação é em derrame pleural duvidoso, fazer em decúbito faz com que o líquido escorra pelo espaço pleural e se acumule no lado em que se faz o decúbito, ocupando espaço e fazendo com que o parênquima pulmonar se distancie do arcabouço pulmonar. Anatomia do tórax no raio-x Lateralidade: Imagine o paciente olhando para você. No exame deve haver a marcação da lateralidade. No plano axial, imagina-se que o paciente está deitado com os pés voltados para o observador. Divisão dos pulmões: Direito – lobos superior, médio e inferior. Esquerdo – lobos superior e inferior. Não existe lobo médio à esquerda. A língula faz parte do lobo superior esquerdo, não sendo um lobo separado. Ela é o espelho do lobo médio à esquerda. Ex.: a margem do coração encosta no lobo médio direito e na língula. Mediastino: o pedículo pode variar até 8cm, se passar disso, pedir uma TC para melhor avaliar. Observar a traqueia e a carina se bifurcando em brônquios. Veia ázigos está na angulação entre a traqueia e o brônquio direito. A faixa paratraqueal deve ser fina e o espessamento dela pode se dar devido a linfonodomegalia, principalmente do lado direito. Órgão importante do mediastino anterior: timo. A região paravertebral também é chamada de mediastino posterior. De 1cm dos corpos vertebrais para trás Médio/posterior: estruturas como esôfago e traqueia. Vasos: começam nos hilos e vão se espalhando. São calibrosos no hilo e menos calibrosos na periferia. O vaso para o lobo inferior é ainda mais calibroso que o vaso que vai para o lobo superior. Marcas vasculares: devem ser mais bem vistas nos hilos e menos bem vistas na parte medular e, na parte mais externa, mais cortical, devem ser bem discretamente vistas. Traqueia: tubo de ar que se localiza no centro, e se bifurca nos brônquios principais, formando a carina (angulação da bifurcação), que deve ser menor que 90º (algumas referências podem chegar até 100º). Esôfago: Não se enxerga o esôfago normal no raio-x, só se vê se estiver dilatado. É necessário observar na hora de colocar no paciente uma sonda enteral, para que ela não vá para o pulmão pela traqueia. Aorta: observar o botão do arco aórtico e a aorta descendente. Hilos pulmonares: três estruturas principais – vasos, linfonodos e brônquios. Os linfonodos só serão observados se estiverem aumentados. Os hilos, geralmente são angulados, não devendo serem globosos e redondos, pois os vasos são angulados. Se estiver globoso, há alguma alteração. Diafragma: quando encontra o arcabouço forma o seio costofrênico, quando vai chegando próximo ao coração forma o seio cardiofrênico. Em relação à altura das cúpulas, elas não podem ter mais de 1,5cm de diferença. Se uma delas estiver com mais de 1,5cm de diferença, pode estar tendo paralisia diafragmática, pois ela para de se contrair. Clavículas: passam bem em frente aos ápices pulmonares. Para observá-las, fazer raio-x em posição ápico-lordótica. Costelas: Estruturas mais densas, curvilíneas. Não é possível ver as anteriores por completo, devido a ligação cartilaginosa com o esterno. Já as posteriores, por serem ligação osso-osso com a coluna, consegue-se observar por completo. Anterior é mais oblíqua e posterior é mais horizontalizada. Ao contar as posteriores, é possível observar 10 arcos, já as anteriores, observa- se 6 (ou 5). Anatomia do perfil: No raio-x de perfil, pode-se observar a traqueia e sua bifurcação. Como o brônquio direito é mais verticalizado, não é possível observá-lo. Já o brônquio esquerdo, por ser mais horizontalizado, é possível observar sua abertura. Observa-se também o seio costofrênico posterior (no PA observa-se seio costofrênico lateral). No perfil, pode-se ver derrame pleural com 50ml, já no PA, a partir de 200ml. Anatomia do coração: é importante saber que a margem direita é o átrio direito, a margem esquerda é o ventrículo esquerdo. O átrio esquerdo fica próximo à carina e quem se opõe a ele é o ventrículo direito. No perfil, observa-se que o ventrículo direito encosta no arcabouço, enquanto o ventrículo esquerdo fica mais posterior, assim como o átrio esquerdo, o qual está localizado bem próximo à carina. Quando há hipertensão pulmonar, o tronco da pulmonar e o VD dilatam e o VD encosta mais no arcabouço do que deveria e começa a escalar o esterno. Átrio e ventrículo direito Átrio e ventrículo esquerdo Representação do coração na radiografia Padrões de lesão no RX de tórax: Ordem de cores e densidade no raio-x. Sinais importantes: Broncograma aéreo e sinal da silhueta Consolidação: é a redução da transparência pulmonar, porque o alvéolo, por algum motivo, se preencheu (líquido, sangue, exsudato, transudato). Ele está aberto (sem perda de volume), mas com algo que reduz sua transparência. Quando pega o lobo todo, ou a maiorparte dele, é chamada de consolidação lobar. Se for difusa no pulmão, é consolidação difusa. Consolidação multifocal é quando há consolidações em diversos focos e mal definidas. É padrão típico da broncopneumonia. Obs.: consolidação não é diagnóstico, nem sinônimo de pneumonia. Consolidação é um aspecto radiográfico de um alvéolo ou parênquima muito denso. Reticulação: pode-se ter um padrão linear, que são simplesmente linhas. Pode-se ter um padrão linear mais grosseiro, que são linhas grosseiras e irregulares. E pode-se ter um padrão reticulonodular, que podem ser linhas com nódulos; apenas nódulos, mas conter tantos nódulos que parece ter linhas; ou pode ser um monte de linhas tão irregulares e tantas que parecem ter nódulos no meio. Diferença entre reticulação e consolidação: na reticulação se consegue ver o vaso passando no meio da alteração. Já na consolidação não se enxerga vaso, perde-se completamente o contorno dos vasos. A reticulação não ocupa espaço aéreo, ela é uma alteração intersticial. Reticulação fina: são opacidades fininhas, discretas. Reticulação grosseira: grossa e irregular, parece que está retraindo o pulmão, muitas vezes, na tomografia será fibrosa. Reticulação reticulonodular: padrão “sujo”, mas sem consolidação, parece que tem nódulos e retículos. Atelectasia: alvéolo doente, só que está fechado (há perda de volume, ao contrário da consolidação). Fecham-se os alvéolos e em consequência os lobos e o pulmão. Observa-se o sinal da silhueta e na tomografia se vê opacidade com contorno bem definido. A consolidação segmentar é pequena, a lobar pega todo um lobo e a completa pega todo o pulmão. Quando a consolidação é grande o suficiente ela desvia o mediastino e as estruturas serão tracionadas para o lado lesado. A diferença para o derrame pleural é exatamente essa: as estruturas são puxadas. Se fosse um derrame pleural, as estruturas estariam sendo empurradas. Nódulos e massas: nódulo é sempre menor que 3cm, passou disso, é uma massa. Menor que 1cm chama-se pequeno nódulo e menor que 0,3cm chama-se micro nódulo. O nódulo pode ser solitário, quando há apenas um, ou múltiplo, quando há vários e com aspecto arredondado, mas pode perder o contorno por existir muitos. Hiper transparência: quando o pulmão fica mais transparente, ou seja, mais escuro, e isso pode acontecer por dois motivos principais: ou tem ar demais ou tem vaso de menos, ou seja, ou tem muito ar preso dentro do pulmão, ou por algum motivo se perdeu vaso do parênquima ou ele reduziu de calibre. A densidade do parênquima pulmonar é uma média da quantidade de ar e da quantidade de vasos. Um diferencial é olhar para a cúpula diafragmática: se ela estiver retificada, mostra que tem muito ar preso no pulmão (podendo ser DPOC). A difusa está em todo o pulmão e pode ser diagnóstico de DPOC. A localizada é apenas em uma parte, e pode ser por enfisema pulmonar ou bronquiolite obliterante. O ABCDE do tórax: Descrição inicial: 1. 4 Qs: a. Que? – Rx de tórax em PA/Perfil/etc. b. Quem? – De quem é o exame, ou seja, nome do paciente. c. Quando – A data que o exame foi realizado. d. Qualidade? – Rodado? Inspirado? Penetrado? Qualidade: Rotação: a distância da parte medial das clavículas para os processos espinhosos, devendo ser equidistantes. Inspiração: capacidade de conseguir contar as costelas (6 ou 5 anteriores). Penetração: tem que ver bem a coluna até o nível do arco da aorta e, abaixo dele, ver muito mal a coluna, apenas uma sombra. 2. ABCDE: A – Ar ou aéreas: olhar a traqueia e segui-la, observar desvio traqueal. B – Bordas dos pulmões: percorrer çççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççç as bordas dos pulmões observando se mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm tem pequenas lesões, a perda do zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz sinal da silhueta, checar a simetria da wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww transparência. C – Coração e centro: calcular o índice cardiotorácico – o coração todo precisa caber em um hemitórax (IC=0,5). Checar mediastino: olhar se está alargado, olhar a faixa paratraqueal (que precisa ser fina, se estiver globosa há alteração), olhar o hilo, que precisa estar angulado (se estiver globoso há alteração). D – Diafragma: olhar o diafragma e ir em busca de derrames e hérnias. Olhar as cúpulas, o seio costofrênico, diferenciar hérnia hiatal de abcesso pelo perfil E – Esqueleto e esquecidas: Esqueleto: olhar as costelas em busca de fraturas, que desalinha, fazendo um degrau/calo no osso. Esquecidas: hipocôndrios, gordura lateral, ombros, pescoço, podendo ter enfisema subcutâneo, pneumoperitônio. Pneumoperitônio: bolha gástrica é arredondada, nunca cupuliforme.
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