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POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO

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POLÍTICAS PÚBLICAS 
E LEGISLAÇÃO EM 
EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Maria Aparecida de Oliveira Silva
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Profa: Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão Gramatical: Sandra Pottmeier
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 370.193490981
 S586p Silva, Maria Aparecida de Oliveira
 Políticas públicas e legislação em educação / Maria 
Aparecida de Oliveira Silva. Indaial : UNIASSELVI, 2017.
 146 p. : il
 
 ISBN 978-85-69910-69-5
 1.Política e Educação.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Maria Aparecida de Oliveira Silva
Graduada em Pedagogia/Administração 
Escolar (1997) e Mestrado em Educação. Tem 
experiência na área de Gestão Escolar e Gestão 
Educacional, Memória da Educação e Formação 
Continuada docente, com trabalhos e 
publicações. 
Sumário
APRESENTAÇÃO .......................................................................... 01
CAPÍTULO 1
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX .....................................................09
CAPÍTULO 2
Educação Integral no Sistema Formal de Ensino Brasileiro 
seu Embasamento Legal e sua Legislação Específica ............53
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
As Concepções de Infância, Adolescência no Cotidiano da 
Escola Brasileira, a Partir das Prescrições Legais e 
Promoção da Educação Integral ..............................................85
As Políticas Públicas para a Formação de Professores, 
Desde o Início do Século XX até os Dias Atuais ....................103
Educação Democrática de Qualidade, Fundamentada na 
Concepção de Educação Integral e Integrada.....................133
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Aluno(a)
Neste Livro de Estudo sobre “Políticas públicas e legislação em educação”, 
que você está iniciando, propomos pensarmos juntos algumas questões 
relacionadas à temática, numa perspectiva da Educação Integral. 
Iniciamos nossa discussão buscando na história, a construção do conceito 
de Educação Integral que hoje é assumido, apontando as diferentes concepções 
que foram constituintes neste processo.
Pretendemos neste Livro de Estudo fazer uma retrospectiva histórica, para 
entendermos a construção do conceito de Educação Integral, apontando que as 
diferentes concepções fazem parte deste movimento. As diversas experiências 
e propostas em várias partes do mundo desde o século XVII tinham como 
objetivo maior: a centralidade do(a) aluno(a) no processo educacional. Essa 
revisão vai contribuir para entendermos que as idéias e concepções foram sendo 
historicamente aperfeiçoadas, redimensionadas e influenciaram a construção da 
educação brasileira. 
Assim no Capítulo 1, percorremos os caminhos da implementação das 
políticas públicas educacionais para a Educação Integral no mundo e no Brasil, 
as diferentes concepções, momentos históricos e características, relacionando-as 
com a realidade escolar atual. 
As políticas públicas da educação no Brasil foram sedimentadas e 
fortalecidas pela Constituição Federal Brasileira, de 1988, que definiu as bases 
para a Lei de Diretrizes e Bases - Lei Nº 9394 de 1996, para o Plano Nacional 
de Educação - PNE (desde 2001 quando sancionado como Lei) e o Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação (2006) e outros documentos legais que trazem em seu 
bojo o principio fundamental da formação humana, que é um dos direitos sociais, 
o direito à Educação Integral. Essas e outras questões abordadas no Capítulo 2, 
possibilitaram a discussão do currículo na perspectiva da Educação Integral. 
 
No Capítulo 3, para diferenciar os aspectos significativos de infância e 
adolescência, contidos nos preceitos legais para a concretude da Educação 
Integral, fez-se imprescindível conhecer os conceitos de infância e adolescência, 
definidos na legislação brasileira atual, identificando os alunos nas diferentes 
etapas da educação escolar. 
A formação inicial e continuada docente, desde o início do século XX até 
os dias atuais, a construção histórica conceitual e as políticas públicas atuais 
que devem estabelecer as redes conectivas, para a concretização das ações 
necessárias para a Educação Integral, são discutidas no Capítulo 4 deste Livro 
de Estudos.
 
 Finalizando, no Capítulo 5, a partir dos conceitos que perpassam a 
concepção de Educação Integral, entre eles: tempo, espaço, diversidade, currículo 
integrado, gestão democrática e compartilhada, criatividade, participação, diálogo, 
etc. apontamos os aspectos positivos, as dificuldades, necessidades e resistência 
na implementação dessa Proposta. 
 A discussão deste Livro de Estudos, numa concepção de educação 
de qualidade, para as escolas públicas no Brasil, possibilitou apresentarmos, 
além da proposta da Educação Integral, alguns embates, dificuldades, avanços 
e retrocessos que sempre acontecem quando mudanças são propostas na 
educação escolar. 
A autora.
CAPÍTULO 1
Caminhos Percorridos para a 
Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação 
Integral no Mundo e no Brasil a 
Partir do Século XX
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
�	Compreender a construção da concepção de Educação para o século XXI, no 
mundo e no Brasil.
� Demonstrar historicamente a evolução conceitual e as mudanças de 
concepções dos termos: escola de tempo integral, educação integral e escola 
em tempo integral.
� Reconhecer, no momento histórico atual, o caminho percorrido das ações e 
políticas públicas e administrativas, na implementação e organização da 
educação escolar brasileira.
� Diferenciar as concepções e os momentos históricos da Educação Integral.
� Distinguir as características da Educação Integral e relacioná-las com a 
realidade escolar.
10
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
11
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Contextualização
A humanidade, historicamente, percorreu um longo caminho e, a educação 
vem trilhando junto, acompanhando as mudanças, avanços e retrocessos da 
sociedade, num emaranhado de ideias, concepções, práticas e modos de viver que 
refletem a forma como veem e entendem o mundo. Nesta dinâmica social complexa, 
existem pontos convergentes, mas, na grande maioria há pontos em que divergem 
as ideias. E são as divergências que as individualizam e fazem a diferença. 
Entender, portanto, que dentro de um contexto podem existir diferentes 
ideias, conceitos e que as práticas estão relacionadas às concepções construídas 
historicamente é de suma importância, para podermos acompanhar a evolução do 
conceito da Educação Integral, que iremos discutir neste Livro de Estudos. 
A educação integral, discutida há muitos anos, por várias correntes 
epistemológicas, tendo como ponto central a formação humana plena, não pode 
ser compreendida somente como um projeto para a educação, pois, ela está 
diretamente vinculada a um projeto de sociedade. 
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo vamos retroceder no tempo,revendo as 
contribuições educacionais, provenientes de diferentes concepções ideológicas, 
em espaços e tempos diferentes, mas com objetivos e proposições semelhantes. 
Essa visão vai contribuir para entendermos que as ideias e concepções 
construídas historicamente serão aperfeiçoadas, redimensionadas no cotidiano 
contemporâneo. 
Fundamentos para a Educação do 
Século XXI
Iniciamos nossa discussão buscando na história, a construção do conceito 
de Educação Integral que hoje é assumido, apontando as diferentes concepções 
que foram constituintes neste processo.
12
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
 Mariana (2011, p. 1), em seu texto - Educação Integral: construção 
histórica e perspectivas contemporâneas, nos diz que:
As origens do conceito de educação integral residem, portanto, 
na resistência ativa de trabalhadores contra a alienação do 
processo produtivo consolidada na Revolução Industrial. 
Nesse panorama, observamos o aparecimento da escola 
enquanto instituição moderna que poderia cuidar da disciplina 
do enorme contingente de trabalhadores recém-usurpados 
das habilidades requeridas a um grau elevado de autonomia 
econômica na sociedade. 
A partir da Revolução Industrial, a escola começa a exercer 
importante papel na instituição heterônoma da sociedade. Se 
as monarquias absolutas européias utilizaram ensino religioso 
como base pedagógica preponderante para a manutenção de 
suas estruturas de poder, é a partir do início do processo de 
urbanização do continente europeu, do mercantilismo e da 
configuração dos primórdios da industrialização que surgem 
as novas formulações educacionais, desta vez voltadas para a 
manutenção do poder da ascendente burguesia.
 Outros autores como Cavaliere (2002) e Coelho (2009a, 2009b), apontam 
o século XVIII, com a Revolução Francesa (1789 -1799), a constituição da escola 
pública como a concebemos hoje, numa perspectiva de formação humana integral.
Nesta conjuntura, há dois pontos que precisam ser ressaltados: 
o primeiro, de que o período constitui a instituição pública de 
ensino – a escola – como lócus privilegiado desse trabalho 
educativo; o segundo, de que é evidente que essa completude 
contém elementos propostos anteriormente, desde a Paidéia, 
mas também descarta, ou pelo menos olvida outros que o 
pensamento anarquista, construído ao longo dos séculos 
18, 19 e 20, vai trazer à tona e tornar relevantes como, por 
exemplo, a dimensão estética dessa formação completa 
(COELHO, 2009a, p. 86). 
 Assim, a base da educação assumida nas experiências educacionais em 
várias partes do mundo, trouxeram características e fundamentos da concepção 
de educação integral entre elas, podemos citar: 
• “As escolas de vida completa” na Inglaterra;
• “Landerzieehungshelm” - Lares de Educação no campo e “As 
comunidades escolares livres”, na Alemanha; 
• “As casas das crianças” na Itália com Maria Montessori;
• “A casa dos pequenos” criada por Èdouard Claparède e Pierre Bovet 
em Genebra - Suíça; 
• “A escola para a vida” de Jean-Ovide Decroly em Bruxelas-Bélgica; 
• Na França, temos também, a grande contribuição de Célestin Freinet, 
numa linha de pensamento anarquista.
13
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
MARIA MONTESSORI
Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora 
dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, 
com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que 
conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana 
Maria Montessori (1870-1952). Primeira mulher a se formar em 
medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico 
ao dar mais ênfase à autoeducação do aluno do que ao papel do 
professor como fonte de conhecimento.
Fonte: Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/459/
medica-valorizou-aluno>. Acesso em: 30 jun. 2017.
Figura 1 - A sala de estudo - La Ruche
Fonte: Disponível em: <https://fr.wikipedia.org/wiki/La_Ruche_
(%C3%A9cole)>. Acesso em: 15 jun. 2017. 
14
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Figura 2 - Célestin Freinet
Fonte: Disponível em:<https://novaescola.org.br/conteudo/1754/celestin-
freinet-o-mestre-do-trabalho-e-do-bom-senso>. Acesso em: 20 mai. 2017.
“A democracia de amanhã se prepara na democracia da escola, 
Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões 
sobre educação, continuaremos a forjar almas de escravos em 
nossos filhos” (Célestin Freinet).
 Nos Estados Unidos, o maior representante da Escola Nova foi John Dewey, 
cujas ideias e concepções, influenciaram educadores brasileiros como Anísio 
Teixeira e Darcy Ribeiro, a pensarem e reorganizarem a educação brasileira.
Outras experiências educacionais com concepções inovadoras e ênfase 
no aprendizado através da prática se destacaram, conforme Mariana (2011), no 
viés da pedagogia libertária que apresenta como pilares o ensino integral de Paul 
Robin (considerado o precursor da pedagogia libertária) e o ensino racional de 
Francisco Ferrer y Guardia. A partir destas tentativas e da firmação desta ideologia 
anarquista desde a primeira década do século XX, surgiram práticas pedagógicas, 
entre elas no Brasil, a Pedagogia Libertadora, de Paulo Freire.
Dentre as experiências mais relevantes e conhecidas, destacamos aquelas 
embasadas teoricamente na nascente da pedagogia libertária ao final do século 
XIX, tais como:
15
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
•	Orfanato de Cempuis, sob a coordenação de Paul Robin (França); 
•	O instituto educacional “A Colméia”, organizada por Sébastien Faure 
(França); e a 
•	Escola Racionalista ou Moderna, do educador catalão Francisco Ferrer 
i Guàrdia (Espanha). 
Mariana (2011, p. 6) menciona ainda que:
Outros importantes experimentos educacionais também 
contribuíram para a conceitu alização da educação integral, 
como as comunidades escolares (grifo nosso) de Hamburgo, 
estruturadas na época da República de Weimar; o Jardim de 
Infância experimental “Solidariedade Internacio nal” (grifo 
nosso), organizado pela pedagoga e psicanalista russa Vera 
Schmidt na cidade de Moscou, na década de 20; a escola de 
Yasnaia Poliana, (grifo nosso) do escritor russo Tolstoi.
Figura 3 - Escritos de Francisco Ferrer Guardia sobre a Escola Moderna (1912)
Fonte: Disponível em: <http://libertariosufpel.blogspot.com.br/2014/02/
sebastien-faure-e-educacao-libertaria.html>. Acesso em: 15 jun. 2017.
Essas experiências, desenvolvidas em várias partes do mundo, apesar das 
particularidades de cada uma delas, tinham algumas características básicas da 
Educação Integral, que concebemos para o século XXI, entre elas a formação 
integral dos (as) alunos (as). 
16
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Particularidades das Propostas Educativas: Maria 
Montessori apresenta seus materiais concretos; Jean-Ovide 
Decroly formula sua ideia sobre o interesse; e Célestin Freinet 
propõe as aulas-passeio ou a imprensa escolar.
Atividade de Estudos:
1) Relendo o texto acima, cite 3 (três) nomes de educadores cujas 
experiências pedagógicas têm embasamento semelhantes aos 
da pedagogia libertária ao final do século XIX:
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
PAIDÉIA - é um termo do grego antigo, empregado para definir 
a noção de educação na sociedade. A palavra derivada de paidos 
(pedós) - criança, se referia inicialmente à educação familiar, aos 
bons modos e princípios morais e, depois, passou a sintetizar a 
educação semelhante ao conceito atual. 
PEDAGOGIA ESCOLANOVISTA - veio para contrapor a uma 
educação escolarque atendesse as necessidades da sociedade 
vigentes da primeira metade do século XX, assumindo uma visão mais 
social e mais humana em busca da formação integral dos indivíduos. 
O aluno era o centro do processo de aprendizagem desde a infância. 
Havia uma preocupação de associar e de seguir técnicas para a 
aquisição dos códigos da escrita e da leitura, considerados capacidades 
fundamentais no desenvolvimento humano. A metodologia utilizada, 
em sala de aula, era a do experimento e os alunos eram disciplinados 
para observarem fatos e objetos para poderem estudá-los. Todos 
tinham direito à educação e que esta, deveria ser pública e gratuita.
17
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Nos últimos anos, a busca por uma educação, que atendesse as necessidades 
e especificidades locais, interligadas pelos avanços tecnológicos - globalização, 
invadiu a agenda de professores, especialistas, diretores, secretários e ministros 
da Educação. As mudanças sem dúvida são imprescindíveis e muitos debates e 
estudos têm sido realizados frente à realidade mundial. 
Mas, caro(a) aluno(a) você sabe quais as ideias que eles defendem? As 
teorias e pensamentos se completam ou são contraditórios? Que educação 
buscamos para o nosso espaço de atuação? E, quando falamos de espaços de 
educação, nos referimos somente à escola?
Vamos juntos estudar e refletir, a partir das contribuições de alguns 
pensadores de renome mundial, que com suas ideias, colaboraram para a 
renovação da educação e da escola para o novo milênio.
a) Relatório Edgar Fauser
A crise na Educação foi detectada, desde a década de 1960 do século 
passado, como um evento mundial e que está cada vez mais acentuada, 
principalmente nos países mais pobres ou em desenvolvimento. Essa crise e suas 
consequeências graves vêm sendo percebidas há muitos anos, o que levou a 
uma série de ações por parte de órgãos internacionais, para orientar as políticas 
educacionais dos países, respeitando a diversidade e as diferentes realidades. 
Em 1968, Philip Hall Coombs, (ex-diretor do Instituto Internacional de 
Planejamento da Educação da UNESCO) realizou um estudo sobre a crise 
mundial da educação e o resultado trouxe bastante preocupação para a UNESCO- 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura que 
percebendo a dimensão dessa situação, como primeiro esforço sistemático, solicitou 
um relatório sob a coordenação de Edgar Faure - renomado político francês. 
Foi constituída em 1971, para a realização desse trabalho, a "Comissão 
Internacional para o Desenvolvimento da Educação" que concluiu o relatório em 
1972. Fizeram parte da comissão além de Faure: Felipe Herrero (Chile), Abdulzak 
Kaddoura (Síria), Henri Lopez (Congo), Arthur Petrovski (URSS), Majid Rqhnema 
(Iran) e F. Champion Ward (Estados Unidos da América). Os dados trazidos por 
este relatório fazem dele, um marco importante, pois geraram diversas ações 
orientadoras para a educação mundial. 
O relatório se deu a partir de reuniões com diferentes segmentos educacionais 
e especialistas de renome mundial entre eles, segundo Gadotti (2013, p. 15), o 
educador brasileiro, Paulo Freire. Foram realizadas visitas a várias partes do 
mundo, para obter dados e trocar experiências, além do estudo de documentos 
18
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
relevantes, que resultaram nos escritos deste relatório. O documento orientou 
diferentes políticas públicas para a educação no mundo e, certamente, para os 
encaminhamentos das ações no Brasil, especificamente, relacionada à proposta 
para a viabilização da Educação Integral e a escola de tempo integral. O relatório 
foi publicado com o título "Aprender a Ser” organizado por Edgar Faure em 1972.
 A UNESCO, segundo Werthein e Cunha (2000, p. 11) "[...] persegue hoje 
uma cultura de paz, percebe-se logo que a ancora dessa busca é a educação, 
pois a conquista da paz pressupõe, entre outros o direito à educação". O direito 
à educação entendido, como direito à formação e ao desenvolvimento humano, 
como processo de apropriação de saberes, conhecimentos, valores, culturas, 
ciências, artes etc, resultado do desenvolvimento da humanidade. O direito de 
acesso ao conhecimento só será atingido, quando todos os indivíduos forem 
valorizados e respeitados integralmente. Pois, como Cury (2002, p. 260) nos diz:
O acesso à educação é também um meio de abertura que dá 
ao indivíduo uma chave de autoconstrução e de se reconhecer 
como capaz de opções. O direito à educação, nesta medida, 
é uma oportunidade de crescimento cidadão, um caminho de 
opções diferenciadas e uma chave de crescente estima de si.
Quatro questões de são apontadas por Faure que orientaram 
todo o trabalho para a realização do relatório, que são: 
1) A existência de uma comunidade internacional que, sob a 
diversidade de nações e de culturas, das opções políticas e dos 
níveis de desenvolvimento deve buscar solidariedade e a unidade 
de aspirações;
2) A crença numa democracia concebida como o direito de cada ser 
humano se realizar plenamente e de participar na edificação de 
seu próprio futuro;
3) O desenvolvimento que deve ter por objetivo a expansão integral 
das pessoas em toda a riqueza e a complexidade de suas 
expressões e compromissos;
19
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
4) Uma educação formadora das pessoas, cujo advento se torna mais 
necessário à medida que coações sempre mais duras separam 
e fragmentam cada ser. Trata-se então de não mais adquirir, de 
maneira exata, conhecimentos definitivos, mas de preparar para 
elaborar ao longo de toda a vida, um saber em constante evolução 
e de aprender a ser.
Fonte: Werthein e Cunha (2000, p. 13).
O Relatório Faure, conforme Werthein e Cunha (2000, p. 14):
[...] chamou a atenção, por exemplo, para a importância 
das tecnologias educativas que poderiam provocar 
verdadeira revolução intelectual, facilitando a função 
libertadora da escola. Além disso, sublinha-se, uma 
das grandes contribuições desse Relatório refere-se à 
educação permanente e às cidades educativas.
O relatório fala de maneira atual sobre a necessidade das reformas do ensino 
e traz propostas, orientando ações para viabilizar a implementação das políticas 
públicas educacionais e, conforme Gadotti (2013, p.15), introduz [...] a noção de 
“cidade educadora” (grifo do autor), chamando a atenção para os novos espaços 
educacionais da cidade. 
Foi com o relatório de Edgard Faure na Primeira Comissão 
Mundial de Educação publicado pela UNESCO em 1973, com 
o título Aprender a Ser, que se acolheu a proposta de “cidade 
educativa” como visão prospectiva da educação nos últimos 
tempos (AIETA; ZUIN s/d, p. 206).
As questões apontadas pelo Relatório Faure serviram de orientação para 
a elaboração das políticas educacionais dos países. Os principais postulados 
apresentados são:
• Todo indivíduo deve ter a possibilidade de aprender por toda a vida;
• Prolongar a educação por todas as idades mediante a ampliação e a 
diversificação da oferta, aproveitando todos os tipos de instituições 
existentes, educacionais ou não;
• Permitir a cada um escolher seu caminho mais livremente, optando por 
métodos convencionais ou pelas diversas formas da autodidaxia;
• O sistema educativo deverá ser global e aberto, para facilitar a mobilidade 
vertical e horizontal dos alunos;
20
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
• O conceito de ensino geral deverá ser alargado, de maneira a englobar 
efetivamente o domínio dos conhecimentos socioeconômicos, técnicos e 
práticos de ordem geral;
• No que diz respeito à preparação para o trabalho, a educação deve 
formar não apenas para um ofício, mas também preparar os jovens parase adaptarem a trabalhos diferentes à medida que evoluem as formas de 
produção. Em outras palavras, a educação deverá facilitar a reconversão 
profissional;
• A responsabilidade pela formação técnica deverá ser partilhada pelas 
escolas, empresas e educação extraescolar; promover a diversificação 
das estruturas e dos conteúdos do ensino superior;
• A alfabetização deverá ser apenas uma etapa da educação de adultos;
• A nova ética da educação valoriza a autodidaxia, especialmente a 
assistida, de forma a fazer do indivíduo senhor e autor de sua educação;
• O efeito acelerador das novas tecnologias educativas constitui a primeira 
condição para a realização da maior parte das inovações;
• Cabe ao ensino adaptar-se aos alunos e não o aluno sujeitar-se às 
regras preestabelecidas (FAURE, 1981, p. 265).
 
Como constata Wernek (s/d, s/p):
É, de certa forma, incrível constatar que este relatório fala 
de maneira tão atual sobre reformas do ensino, propondo a 
cidade educativa. Aproximação da escola à vida das pessoas e 
à necessidade de se compreender o mundo nas suas múltiplas 
formas de oferecer oportunidades de conhecimento, fazem 
parte das considerações preliminares do próprio relatório.
 
Assim, [...] o Relatório Faure, por sua visão prospectiva, coloca-se 
historicamente como um importante ponto de mudança (WERTHEIN; CUNHA 
2000, p. 14).
Autodidaxia: Busca individual do saber através de diversos 
meios como: Material impresso (livros, revistas etc) e as Tecnologias 
de Informação e Comunicação (sites da Web, equipamentos de 
informática (hardware e software), telefonia e balcões de serviços 
automatizados.
21
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Tendo Jacques Delors presidindo a Comissão Internacional 
sobre Educação para o século XXI, fizeram parte dela: 
In’am Al Mufti (Jordânia), 
Isao Amagi (Japão),
Roberto Carneiro (Portugal), 
Fay Chung (Zimbábue)
Bronislaw Geremek (Polônia),
William Gorham (Estados Unidos), 
Aleksandra Kornhauser (Eslovênia),
Michael Manley (Jamaica),
Marisela Padrón Quero (Venezuela), 
Esse documento, perto de completar 50 anos, traz no seu bojo, conceitos 
e orientações que ainda são significativas na elaboração das políticas públicas 
para a educação. Esses encaminhamentos e concepções serviram de base para 
outros relatórios entre eles, o Relatório Jacques Delors, como veremos a seguir.
b) Jacques Dellors 
Com o passar dos anos, desde a publicação do Relatório Faure em 1972 
muitas mudanças ocorreram, quer pelos progressos econômicos e científicos. Nos 
avanços tecnológicos possibilitou o processo de globalização e, acontecimentos 
históricos, como a decadência dos países socialistas e a queda do muro de Berlim 
em 1989 - este último que representou o fim do socialismo. Na educação mundial, 
houve a expansão das matrículas nas instituições de ensino e a introdução de 
novas metodologias pedagógicas nos várias etapas escolares, em muitos países. 
Mas, como nos dizem Werthein e Cunha (2000, p. 18) "[...] apesar desse 
progresso, a “geografia da ignorância” a que se referia Edgar Faure no preâmbulo 
de seu Relatório, continuava a vitimar boa parte da população mundial". Além 
disso, o "fosso" entre ricos e pobres continuava aumentando; os ricos cada vez 
mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 
 
Assim, diante do novo cenário que se desenhava, a UNESCO, seguindo sua 
tradição prospectiva e percebendo as implicações educacionais das mudanças 
sem precedentes que aconteciam "[...] (WERTHEIN; CUNHA, 2000, p. 18) institui 
a Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, em 1993, que tem 
como objetivo, levantar dados e apontar as tendências da educação frente às 
mudanças provocadas pelo processo de globalização mundial".
22
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Marie-Angélique Savané (Senegal)
Karan Singh (Índia),
Rodolfo Stavenhagen (México),
Myong Won Suhr (Coréia do Sul),
Zhou Nanzhao (China).
A Comissão Delors, trilhou o mesmo caminho da Comissão Faure, mas de 
maneira mais atual, aperfeiçoando o modelo anterior de trabalho. De março de 
1993 até janeiro de 1996, foram realizadas pesquisas e estudos por especialistas 
que deram suporte à Comissão, além dos encontros de estudo realizados em várias 
partes do mundo como: Dacar, Paris, Vancouver, Santiago, Túnis e Nova Deli. 
Após análise dos trabalhos realizados, a Comissão Internacional sobre 
Educação para o século XXI, concluiu seus trabalhos definindo 4 (quatro) 
princípios para a educação do próximo milênio: 
•	Aprender a Conhecer
A concepção de aprendizagem proposta pela comissão, salienta que todas 
as pessoas precisam descobrir como aprendem (metodologia de aprendizagem), 
"descobrir reanimar e fortalecer o seu potencial criativo" (Delors, 1998, p. 90). 
Isso, possibilita o domínio, a seleção dos conhecimentos. Os conhecimentos 
da humanidade são múltiplos e evoluem rapidamente, tornando impossível 
conhecermos tudo. Contudo, é preciso ter uma cultura geral ampla que permita o 
aprofundamento dos estudos em determinado(s) assunto(s). Saber como cada um 
aprende e ter um conhecimento cultural amplo é a base e o impulso que deve ser 
desenvolvida nos primeiros anos de educação das crianças, para que continuem 
querendo aprender por toda a sua vida. "Aprender para conhecer supõe, antes 
tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento" 
(DELORS, 1998, p. 92).
•	Aprender a Fazer
Essa segunda aprendizagem está diretamente ligada a primeira - aprender 
a aprender e a formação profissional de cada um. Mas segundo, Werthein e 
Cunha (2000, p. 23) "Além da competência técnica e profissional, a disposição 
para o trabalho em equipe, o gosto pelo risco e a capacidade de tomar iniciativas 
constituem fatores importantes no mundo do trabalho". Ou seja, deverá aprender 
sobre seu trabalho - formação técnica e profissional e a de se comunicar com os 
outros, de gerir e resolver conflitos. 
23
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
•	 Aprender a Viver Juntos
A competição e a busca do sucesso individual levam as pessoas a estarem 
supervalorizando as suas qualidades individuais e as do seu grupo em detrimento 
dos outros. Por isso, o Relatório Delors aponta que, aprender a conviver no grupo 
é um dos maiores desafios da educação do século XXI. Isso só será possível se 
existirem objetivos e projetos comuns, diminuindo desta maneira a competitividade 
e desenvolvendo a cumplicidade e solidariedade.
A educação formal deve, pois, reservar tempo e ocasiões 
suficientes em seus programas para iniciar os jovens em projetos 
de cooperação, logo desde a infância, no campo das atividades 
desportivas e culturais, evidentemente, mas também estimulando 
a sua participação em atividades sociais: renovação de bairros, 
ajuda aos mais desfavorecidos, ações humanitárias, serviços de 
solidariedade entre gerações [...] (DELORS, 1998, p. 99).
•	Aprender a Ser
Reafirmando o que Edgar Faure e a Comissão apontaram anteriormente, 
Delors (1998, p. 99), expressa "o temor da desumanização do mundo relacionada 
com a evolução técnica". Assim, muito mais que preparar a criança e o jovem para 
o mundo do trabalho, a educação precisa propiciar que conheçam e interajam com 
os outros, com a natureza, com os seus sentimentos, imaginação e criatividade. 
Dessa maneira, perceberão a totalidade humana e não apenas parte das suas 
possibilidades. Esse processo de aprendizagem, não tem idade definida, ele 
ocorre desde o nascimento das pessoas e se estende por toda a vida.
Sugestão de leitura: Delors, Jacques. “EDUCAÇÃO UM 
TESOURO A DESCOBRIR”. Disponível em: <http://ftp.infoeuropa.
eurocid.pt/database/000046001-000047000/000046258.pdf>.
Os Pilares da Educação, parte do RelatórioDelors, que estabelece as bases 
da educação deste milênio, foi motivo de discussões e debates e ainda faz parte 
quando falamos sobre aprendizagens fundamentais. 
Sem dúvida, o Relatório Delors foi muito feliz ao estabelecer 
os quatro pilares da educação contemporânea. Aprender a ser, 
a fazer, a viver juntos e a conhecer constituem aprendizagens 
indispensáveis que devem ser perseguidas de forma permanente 
pela política educacional de todos os países (WERTHEIN; 
CUNHA, 2000, p. 12). 
24
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Assim, para ampliar e avançar nas propostas para a educação do século 
XXI, a UNESCO em 1999, solicitou a Edgar Morin sua relevante contribuição para 
a educação, como veremos a seguir. 
Figura 4 - Edgar Morin
Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=foto+edgar+morin&rlz>. Acesso em: 12 jun. 2017. 
c) Edgar Morin
Edgar Morim é antropólogo, sociólogo e filósofo francês e é considerado 
o pai da "Teoria da Complexidade" contidos numa minuciosa explicação nos 4 
(quatro) livros da série O Método. O pensador defende que, atualmente, a maior 
necessidade em educação é reformar o pensamento, reelaborando uma nova 
concepção de conhecimento. 
 Morin (2000) defende a interligação de todos os conhecimentos, e combate 
o reducionismo da humanidade, valorizando a complexidade, combatendo a 
simplificação. Isso pode nos parecer estranho, mas segundo Morin (2000, p. 
37). "[...] a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. A partir 
da incorporação das situações problemática do cotidiano ao currículo escolar, 
interligando saberes, aceitando e buscando compreender as mudanças que 
ocorrem, a multiplicidade de saberes, diversidade de culturas, ânimos, sentimentos 
e eventos, incertezas, aprendendo a convivendo com elas". O pensador, não 
condena a especialização, mas refuta a perda da visão geral, a perspectiva global 
dos eventos, nessa era de imediatismo e reducionismo que vivemos. 
25
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Trata-se de favorecer a aptidão natural do espírito humano a 
contextualizar e a globalizar, isto é, relacionar cada informação 
e cada conhecimento a seu contexto e conjunto. Trata-se de 
fortificar a aptidão para integrar o saber particular em sua 
própria vida e não somente a um contexto global, a aptidão 
para colocar a si mesmo os problemas fundamentais de sua 
própria condição e de seu tempo (MORIN, 2010, p. 21). 
Dando continuidade as discussões sobre a Educação do Século XXI, em 1999 
a UNESCO, solicita a Edgar Morin, a sistematização das principais reflexões, que 
pudessem servir para repensar a educação do século XXI, o qual apresenta as suas 
ideias no livro intitulado "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro.".
Há sete saberes “fundamentais” que a educação do futuro 
deveria tratar em toda sociedade e em toda cultura, sem 
exclusividade nem rejeição, segundo modelos e regras 
próprias a cada sociedade e a cada cultura (MORIN, 
2000, p. 13).
Para saber mais ver, acesse: <https://bioetica.catedraunesco.
unb.br/wp-content/uploads/2016/04/Edgar-Morin.-Sete-Saberes.pdf>.
No Brasil, como veremos a seguir, "Historicamente, os ideais e as 
práticas educacionais reformadoras, reunidos sob a denominação de Escola 
Nova, fizeram uso, com variados sentidos, da noção de educação integral" 
(CAVALIERE, 2002, p. 251).
Esses movimentos educacionais, de diferentes tendências políticas e 
sociais e propostas teóricas, desde a primeira metade do século XX, defendiam a 
Educação Integral, mesmo com suas divergências epistemológicas. 
26
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Cavaliere (2002) reafirma a visão desse período histórico (final do século XIX 
e início do século XX) quando diz: 
Do ponto de vista político-social, as novas idéias eram uma 
resposta à generalização e laicização da educação escolar 
alcançada, na Europa e nos Estados Unidos, em fins do século 
XIX. O ideal da educação para todos ganha concretude, 
e esta concretude põe em xeque as tradições escolares. 
Já do ponto de vista do conhecimento científico, as novas 
idéias eram uma conseqüência dos avanços da biologia e da 
psicologia, que embasavam uma nova visão da criança, da 
aprendizagem, da educação em geral e da educação escolar 
(CAVALIERI, 2002, p. 252).
Assim, os católicos, os integralistas e outros grupos tidos como políticos 
conservadores têm como fundamento na proposta de educação: uma disciplina 
rígida, com atividades intelectuais, físicas, artísticas e religiosas para desenvolver 
o nacionalismo cívico e a espiritualidade. Já, para os anarquistas e os liberais 
a ênfase maior era na igualdade de condições para todos os indivíduos, na 
autonomia e na liberdade, determinada pela opção política emancipatória. 
Conforme os escritos de Cavaliere (2002, p. 251): "O movimento reformador, do 
início do século XX, refletia a necessidade de se reencontrar a vocação da escola 
na sociedade urbana de massas, industrializada e democrática".
A partir dos anos 1930 até os anos 1960, do século passado, a educação 
brasileira intensificando a proposta da Escola Nova, com a discussão e atuação 
de educadores entre eles, Anísio Teixeira, lutou pela implantação de um Sistema 
Público de Ensino nacional, de qualidade e que atendesse as peculiaridades 
regionais. Juntamente com outros 25 intelectuais, escreveu o Manifesto dos 
Pioneiros da Escola Nova (1932). O Manifesto é um documento que tem como 
finalidade oferecer diretrizes para uma política de educação nacional. Tendo como 
proposta, renovar o ensino tradicional, aponta para uma educação pública, laica, 
gratuita, obrigatória e como um direito de todo cidadão brasileiro.
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova
Intelectuais que participaram da elaboração do documento
Fernando de Azevedo, Afrânio Peixoto A. de Sampaio Doria, 
Anísio Spinola Teixeira, M. Bergstrom Lourenço Filho, Roquette 
Pinto, J. G. Frota Pessôa, Júlio de Mesquita Filho, Raul Briquet, Mario 
Casassanta, C. Delgado de Carvalho, A. Ferreira de Almeida Jr., J. P. 
Fontenelle, Roldão Lopes de Barros, Noemy M. da Silveira, Hermes 
27
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Lima, Attílio Vivacqua, Francisco Venancio Filho, Paulo Maranhão, 
Cecília Meirelles, Edgar Sussekind de Mendonça, Armanda Álvaro 
Alberto, Garcia de Rezende, Nobrega da Cunha, Paschoal Lemme 
e Raul Gomes.
Leia o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Disponível 
em: <http://download.inep.gov.br/download/70Anos/Manifesto_dos_
Pioneiros_Educacao_Nova.pdf>.
John Dewey refuta, nas suas discussões e escritos, a educação 
escolar como atividade preparatória para a vida. Ele defendia que a 
escola deve priorizar e valorizar as atividades e as práticas cotidianas 
da realidade dos(as) alunos(as).
Anísio Teixeira, enquanto estudante na Universidade de Colúmbia (Estados 
Unidos), teve acesso as propostas educacionais, de dois expoentes americanos 
da Escola Nova: John Dewey e William Heard Kilpatrick. Com as ideias e os 
conceitos adquiridos, buscou incansavelmente contribuir para a reforma da 
educação brasileira.
Anísio Teixeira defendia a ideia de uma escola pública, que além do currículo 
escolar, atendia crianças, jovens e adolescentes de classes menos privilegiadas 
da população brasileira, deveria possibilitar uma educação que oferecesse 
subsídios reais, instrumentalizando os alunos, para viverem e atuarem social e 
economicamente, na sociedade. Ele apostava, portanto, numa educação voltada 
para a democracia e na igualdade de oportunidades e foi um dos principais nomes 
do escolanovismo brasileiro. 
28
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A concepção de escola de Anísio Teixeira pode ser materializada,quando então foi Secretário Estadual de Educação e Saúde da 
Bahia, no governo de Otávio Mangabeira. Assim, em 1953 é 
implantada a primeira escola de educação integral, em Salvador, 
que continua em funcionamento atualmente com o nome de Centro 
Educacional Carneiro Ribeiro. A estrutura inicial era assim organizada, 
conforme denominação de Anísio Teixeira de "Escolas Classes" com atividades 
historicamente entendidas como escolares, e a Escola Parque onde no contraturno 
escolar, os alunos realizavam diversas atividades. 
Além do atendimento à Educação Fundamental na Bahia, 
a Escola-Parque representou um espaço privilegiado para 
o desenvolvimento de atividades culturais por parte da 
comunidade do entorno. O que significa dizer que ela abrigou 
o desenvolvimento de projetos de dança, teatro, dentre outros, 
em horários alternativos aos destinados ao atendimento dos 
alunos regularmente matriculados. Nesse sentido, além de 
educação formal, a Escola-Parque abrigava e estimulava as 
atividades culturais locais e de outros bairros e subúrbios mais 
distantes (MARTINS, 2006, p. 149). 
Historicamente 
entendidas como 
escolares, e a Escola 
Parque onde no 
contraturno escolar, 
os alunos realizavam 
diversas atividades.
“Foi desenhado um projeto arquitetônico para abrigar as 
atividades pensadas para esse projeto de educação integral e de 
atendimento em tempo integral. Havia quatro escolas-classe de 
ensino primário, para um total de 1.000 alunos cada, em dois turnos 
de 500, além de uma Escola-Parque, com sete pavilhões que se 
destinavam às chamadas práticas educativas, que eram como 
os alunos completavam, em horário diverso, sua educação, além 
de receberem alimentação e atendimento médico-odontológico. 
Projetou-se também uma residência para jovens considerados 
sem lar, que não chegou a ser construída. Na Escola-Parque, os 
alunos não eram agrupados só pela idade; mas, sobretudo, pelas 
suas preferências. Em sua área de 42 mil metros quadrados, foram 
construídos um pavilhão de trabalho, um ginásio de esportes, um 
pavilhão de atividades sociais, um teatro com 560 lugares, uma 
biblioteca, um restaurante, além de lavanderia, padaria e banco. As 
atividades eram oferecidas por diferentes setores:
29
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
1) Setor de Trabalho
 Artes aplicadas, industriais e plásticas;
2) Setor de Educação Física e Recreação
 Jogos, ginástica, recreação etc.;
3) Setor Socializante
 Grêmio, jornal, rádio-escola, banco e loja;
4) Setor Artístico
 Música instrumental, canto, dança, teatro;
5) Setor de Extensão Cultural e Biblioteca
 Leitura, estudo, pesquisa etc.”.
Fonte: Ernica (2006, p. 18).
Essa estrutura educacional foi reconhecida pela UNESCO como modelo, 
pois "Escola Parque" não é apenas uma denominação para uma estrutura física, 
mas a concretização de uma filosofia de Educação Integral e de atendimento em 
tempo integral. 
 
Em 1957, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 
recebeu do Presidente Juscelino Kubitscheck a solicitação de que fosse 
elaborado o Plano de Sistema Escolar Público de Brasília. Juntamente com vários 
educadores, entre eles, Darcy Ribeiro, sob a coordenação de Anísio Teixeira, 
então diretor do INEP, foi organizado o Sistema Educacional da capital brasileira. 
Assim, tendo como base a experiência de Salvador (BA) de Educação Integral,o 
ensino fundamental de Brasília (na época educação elementar), foi organizada 
em Centros de Educação Elementar, "[...] que eram formados por uma “rede” de 
escolas, interligadas entre si, organizadas, do ponto de vista espacial, de acordo 
com o planejamento urbanístico da cidade" (MARTINS, 2006, p. 150). 
30
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Figura 5 - Núcleo de Artes do Centro Educacional Carneiro 
Ribeiro - Foto: S.E Cultural Material Escolar
Fonte: Disponível em: <http://www.elfikurten.com.br/2011/02/anisio-
texeira-o-inventor-da-escola.html>. Acesso em: 14 jun. 2017.
Em Brasília, as primeiras quatro superquadras, onde hoje está 
situado o centro histórico da cidade, receberam, cada uma, 
uma “Escola-Classe” e Jardins de Infância. Na superquadra 
308 Sul foi construída a “Escola-Parque” destinada a receber 
os alunos das “Escolas-Classe”, no turno complementar, para 
o desenvolvimento de atividades físicas, esportivas, artísticas 
e culturais. Todas as escolas citadas foram projetadas por 
Niemeyer e tinham a capacidade de atender os cerca de 
30.000 habitantes, residentes nas quatro superquadras iniciais 
(MOLL, 2009, p. 17).
 
Com a ditadura militar instaurada no País (1964), Anísio Teixeira, Darcy 
Ribeiro e muitos outros com ideias contrárias ao regime militar, têm seus direitos 
políticos cassados e a proposta de Educação Integral, enquanto concepção 
filosófica é neutralizada e esquecida, por mais de 20 anos. Mas, na década de 
1980, no Rio de Janeiro ela volta ao palco de discussões com a criação dos 
CIEPs - Centros Integrados de Educação Pública. 
31
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
A partir das experiências da "Escola Parque", proposta de Anísio Teixeira, 
na Bahia e no Distrito Federal, Darcy Ribeiro criou, com a assinatura de Oscar 
Niemeyer (arquiteto) no Rio de Janeiro, as escolas denominadas: "Escola Integral 
em horário integral”, como eram chamadas. Os projetos foram realizados através 
do Programa Especial de Educação (I PEE, de 1983 a 1986, e II PEE, de 1991 a 
1994). E segundo Maurício (2004, p. 42): 
O Programa Especial de Educação (PEE), que implantou 
o horário integral em escolas públicas do Rio de Janeiro, 
foi gestado no período de retomada da democracia no 
Brasil (grifo nosso). Época de intensa agitação política, com 
reorganização de entidades representativas da sociedade civil, 
por um lado, e atentados da direita, por outro: entre 1978 e 
1982, fim da censura pré- via e do AI-5; Lei da Anistia e retorno 
dos exilados; destruição da sede da UNE e atentado do 
Riocentro; eleição direta para governadores, após 18 anos. Na 
área da educação, houve greve de professores da rede pública 
de ensino fundamental nos grandes estados brasileiros. 
Foram criados a Associação Nacional de Pós-Graduação 
em Educação (ANPEd), o Centro de Estudos de Educação e 
Sociedade (CEDES) e a Associação Nacional de Educação 
(ANDE), que realizaram a I Conferência Brasileira de Educação 
(CBE), em 1980, em São Paulo, com mil e quatrocentos 
participantes. Nesse ano, a reunião da Sociedade Brasileira 
para o Progresso da Ciência (SBPC), no Rio de Janeiro, teve 
como tema Ciência e educação na sociedade democrática. 
Em 1981 foi aprovada emenda constitucional que garantiu ao 
professor aposentadoria aos 25 anos de serviço; em 1982, 
a II CBE reuniu 2 mil participantes em Belo Horizonte, onde 
discutiram Educação: perspectiva na democratização da 
sociedade. 
Após a anistia Darcy Ribeiro é eleito como vice-governador do 
Rio de Janeiro na primeira gestão de Leonel Brizola (1983-1986).
A implantação e a continuidade dos 300 (trezentos) CIEPs (Centros 
Integrados de Educação Pública) construídos, geraram muita discussão na 
sociedade e, principalmente, entre os educadores. 
A construção destas novas escolas foi fortemente contestada, 
gerando uma forte polêmica que envolveu diferentes segmentos. 
Do debate participaram professores, partidos políticos, intelectuais, 
artistas, empresários, entidades de classe, associações de 
moradores e profissionais liberais (MINGON, 1989, p. 45).
32
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Além disso, vale ressaltar as condições e consequências do momento 
histórico no Brasil, que Ernica (2006, p. 20) aponta:
[...] partir da segunda metade do século XX, ocorreram dois 
processos simultâneos. Apopulação atendida pelo sistema 
escolar foi ampliada e o sistema escolar se voltou às grandes 
massas. Ao mesmo tempo, os setores de classe média que 
antes ocupavam a escola pública foram migrando para o 
crescente mercado de escolas particulares. Nas escolas 
públicas, a sua expansão se fez acompanhar da deterioração 
das condições de atendimento, o que se
nota na degradação do espaço físico, na multiplicação de 
turnos, na sobreposição de propostas pedagógicas, na redução 
progressiva dos salários, dentre tantos outros fatores. Um dos 
resultados é que, além de não ter se voltado com eficiência às 
novas populações que passaram a atender, nas décadas de 
1970, 80 e 90 o ensino público viveu uma progressiva redução 
de sua qualidade e um aumento contínuo de seu desprestígio.
Figura 6 - Escola Parque (1970) Rio de Janeiro
Fonte: Disponível em: <http://www.elfikurten.com.br/2011/02/anisio-
texeira-o-inventor-da-escola.html>. Acesso em: 14 jun. 2017.
33
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Muitas outras Propostas de Educação Integral, foram implementadas 
no Brasil, nos anos 1980 (oitenta) do século passado, com maior ou menor 
repercussão, entre elas:
• PROFIC – Programa de Formação Integral da Criança, (1986-1993), no 
estado de São Paulo, que foi criticado pelo caráter assistencialista e por 
não apresentar articulação com a proposta pedagógica das Escolas.
• Os Centros Educacionais Unificados (CEUs), em São Paulo (2000-2004), 
"[...] se faz presente no debate, mesmo que não pretendesse o tempo 
integral. Sua importância pode ser reconhecida com base nos estudos de 
Santos (2004), ao destacar a persecução de articular os atendimentos de 
creche, educação infantil e fundamental, o desenvolvimento de atividades 
educacionais, recreativas e culturais, em um mesmo espaço físico, com 
a perspectiva de que os centros se constituíssem em experiências de 
convivência comunitária" (BRASIL, 2009, p. 17).
• Em Belo Horizonte (MG), O Programa Escola Integrada, por exemplo, foi 
criado em 2006, pela Prefeitura, ampliando a educação escolar para 09 
(nove) horas diárias tendo como objetivo, a formação integral dos alunos 
de 06 (seis) a 14 (catorze) e 15 (quinze) anos do Ensino Fundamental, 
ofertando atividades diversificadas, além da curricular, articuladas com o 
PPP (Proposta Político Pedagógico) de cada escola. 
 Essas e outras propostas, buscando ampliar essa concepção de 
educação, surgiram em diversos programas educacionais de governos estaduais 
e municipais. Elas contribuíram com a construção do conceito de Educação 
Integral, que tem como base a constituindo socialmente, culturalmente e 
historicamente, numa tessitura complexa e dinâmica de múltiplas dimensões, a 
partir do contexto, da realidade dos indivíduos. Paulo Freire (1995, p. 15) nos 
seus escritos já nos dizia que: 
[...] o que temos a fazer é repor o ser humano que atua, que 
pensa, que fala, que sonha, que ama, que odeia, que cria e 
recria, que sabe e ignora, que se afirma e que se nega, que 
constrói e destrói, que tanto o que herda quanto o que adquire, 
no centro de nossas preocupações. 
 O grande desafio posto no século XXI é o de garantir a todas as pessoas 
o direito à educação. Esse direito universal, individual e coletivo, voltado para uma 
educação de qualidade social, deve capacitar os indivíduos para exercerem os seus 
direitos civis e políticos como cidadãos, para conviverem na sociedade. E é preciso 
termos consciência de que o processo educativo de socialização de saberes, 
conhecimentos e valores, não acontece somente no espaço e no tempo escolar. 
34
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Atividade de Estudos:
1) Assinale a alternativa correta: 
a) ( ) O grande desafio do XXI é apenas garantir o acesso à escola.
b) ( ) O grande desafio do XXI é garantir as pessoas dos centros 
urbanos o direito universal a educação de qualidade social 
capacitando-os para exercerem seus direitos civis e políticos 
para viverem em sociedade.
c) ( ) O grande desafio do XXI é garantir a todas as pessoas, o 
direito universal à educação de qualidade social capacitando-
os para exercerem seus direitos civis e políticos para viverem 
em sociedade.
Conceito de Educação Integral: uma 
Proposta em Construção
"Apesar de ter sido considerado, tantas vezes, jeca-tatu, 
carvão para nosso processo produtivo, joão-ninguém, o povo 
brasileiro nunca perdeu sua auto-estima e o encantamento 
do mundo. Talvez seja esta visão encantada do mundo uma 
das maiores contribuições que nós brasileiros podemos dar 
à cultura mundial emergente, tão pouco mágica e tão pouco 
sensível ao jogo, ao humor e à convivência dos contrários".
Leonardo Boff
Prezado(a) aluno(a)! As discussões anteriores nos levam a refletir sobre o 
conceito e concepção de educação integral pensados para os(as) alunos(as) e 
concretizados nos espaços de educação escolar. 
Quando falamos em educação integral temos todos uma 
mesma representação ou existem correntes ideológicas e 
concepções diferentes, que reconhecem como ponto essencial 
para a formação humana?
35
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
Reafirmando a contribuição dos pensadores citados anteriormente, Moll (s/d, 
s/p) nos diz: 
O que se caracteriza como uma educação integral, mediante 
o legado desses pensadores e as mudanças dos contextos 
históricos, é o reconhecimento da necessidade de ampliar 
e qualificar o tempo escolar, superando o caráter parcial e 
limitado que as poucas horas diárias proporcionam, em estreita 
associação com o reconhecimento das múltiplas dimensões 
que caracterizam os seres (MOLL, s/d, s/p). 
Sabemos que historicamente, as concepções ideológicas e sociais se 
reconceituam, a partir das necessidades sociais. Por isso são criadas novas 
legislações e implementadas políticas públicas para acompanhar as demandas 
da população. 
Assim, quando pensamos sobre o conceito de Educação Integral, é 
imprescindível entendermos, que diferentes concepções e suas práticas 
educativas se constituíram e vem se construindo ao longo da história da educação. 
As divergentes visões sociais de mundo, as representações, crenças, hábitos 
etc. tanto nos espaços da escola como em outros espaços sociais configuram a 
educação. Como nos diz Ernica (2006, p. 14):
Nas sociedades modernas e fortemente influenciadas pela vida 
urbana, a escola é, por excelência, o ambiente que se dedica 
à atividade educacional. Mas mesmo nessas sociedades a 
escola não é o único ambiente do qual a educação é parte 
integrante. Os saberes que a escola seleciona são uma parte 
do patrimônio valorizado que é considerado necessário aos 
novos membros de uma
sociedade, mas não esgota o conjunto dos saberes socialmente 
valorizados e que devem ser ensinados. Há muitos outros 
saberes que são importantes para a reprodução da vida 
cultural e que são ensinados ao se participar de determinadas 
atividades sociais ao longo da vida.
Perceber isso, nos possibilita compreender os avanços e recuos das práticas 
da educação integral e assumir o conceito de uma educação de qualidade, como 
um direito das crianças, jovens e adolescentes que não se limita aos espaços e 
tempos da Escola. 
A aprendizagem acontece desde o nascimento e continua ao 
longo de toda a vida. Ocorre em diferentes contextos: na família 
inicial, com os pais; com os pares, na nova família, na escola; em 
espaços formais e informais. Nesse sentido, a educação escolar 
precisa ser repensada, de modo a considerar as crianças e os 
adolescentes sujeitos inteiros, levando em conta todas as suas 
vivências, aprendizagens (GONÇALVES, 2006, p. 131).
 
36
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A escola é o ponto de partida da EducaçãoIntegral, mas é imprescindível 
estabelecermos redes - internas e externamente com a educação formal 
- escolar. Com uma proposta, que possibilite fortalecer as redes de ação 
integrada e desenvolver as capacidades de cada uma das pessoas envolvidas 
irá provocar mudanças significativas no processo educacional "[...] como uma 
ação das muitas forças sociais que podem articular-se para reinventar a escola 
[..]" (MOLL, 2012, p. 30). 
Também, quando se fala da questão da Educação Integral, não nos referimos 
apenas em relação a ampliação da jornada na escola, mas discutimos uma 
concepção de educação num universo mais amplo. Com essa concepção, iremos 
possibilitar a formação dos(as) alunos (as) de modo a desenvolverem as diversas 
habilidades, competências e conhecimentos individuais para poderem conviver na 
sociedade contemporânea, porque, 
Só faz sentido pensar na ampliação da jornada escolar, ou seja, 
na implantação de escolas de tempo integral, se considerarmos 
uma concepção de educação integral com a perspectiva 
de que o horário expandido represente uma ampliação de 
oportunidades e situações que promovam aprendizagens 
significativas e emancipadoras (GONÇALVES, 2006, p. 131).
 
Mas, mesmo com essas questões levantadas, conforme nos diz Ernica (2006, 
p. 16) "[...] reconhecemos que, desde que esteja associada à dimensão qualitativa 
à qual nos referimos, a jornada integral pode favorecer uma reorganização da 
atividade educacional em direção à educação integral".
Caro estudante, com essas discussões, apresentamos algumas contribuições 
para fundamentar e ampliar sua visão sobre a educação integral. Vamos continuar 
com mais alguns conceitos e reflexões de teóricos, que consideramos relevantes. 
Iniciamos, trazendo a definição contida no documento “Educação Integral: 
texto referência para o debate nacional” (BRASIL, 2009a), publicado pela 
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do 
Ministério da Educação (MEC), que sinaliza a concepção hoje, de educação 
integral, que permeiam as políticas publicas
37
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
[...] a Educação Integral se caracteriza pela idéia de uma 
formação “mais completa possível” para o ser humano, 
embora não haja consenso sobre o que se convenciona 
chamar de “formação completa” e, muito menos, sobre 
quais pressupostos e metodologias a constituiriam. 
Apesar dessa ausência de consenso, é possível afirmar 
que as concepções de Educação Integral, circulantes 
até o momento, fundamentam-se em princípios político-
ideológicos diversos, porém, mantêm naturezas 
semelhantes, em termos de atividades educativas 
(BRASIL, 2009a, p. 16).
Entretanto, como alerta Arroyo (2012), há uma questão cristalizada pela 
grande maioria da sociedade de que educação integral é sinônimo de educação 
de tempo integral. Esse equívoco precisamos superar porque
Uma forma de perder o significado político será limitar-nos 
a oferecer mais tempo da mesma escola, ou mais um turno 
extra--, ou mais educação do mesmo tipo de educação. Uma 
dose a mais para garantir a visão tradicional do direito à 
escolarização (ARROYO, 2012, p. 33).
Moacir Gadotti (2013) reafirma esse pensamento quando diz que educação 
integral é uma concepção e não apenas uma proposta a ser cumprida. Para ele: 
A educação integral não pode se constituir apenas num “projeto 
especial” de tempo integral, mas numa política pública, para 
todos, entendendo-a como um princípio orientador do projeto 
eco-político-pedagógico de todas as escolas o que implica 
conectividade, intersetorialidade, intertransculturalidade, 
intertransdisciplinaridade, sustentabilidade e informalidade. 
Enfim, educação integral é uma concepção geral da educação 
que não se confunde com o horário integral, o tempo integral 
ou a jornada integral (GADOTTI, 2013, p. 3). 
Castro, (2006) define educação integral apontando a importância de 
buscarmos uma qualidade nesse processo. 
[...] um conceito relacionado ao desenvolvimento das 
capacidades substantivas das pessoas para promover maior 
grau de eqüidade e justiça social. Distingue-se da idéia de 
escola de tempo integral, mas supõe educação de qualidade 
para todos e articulação das políticas públicas nas áreas de 
saúde, assistência social, cultura, esportes; enfim, o conjunto 
de políticas indispensáveis para formar cidadãos efetivos e 
incentivar formas de coesão social, que são a base de uma 
sociedade mais solidária, pluralista e democrática (CASTRO, 
2006, p. 81).
38
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A qualidade na educação, com a participação efetiva da comunidade 
escolar no processo de aprendizagem, é um dos elementos básicos, para a 
implementação da Educação Integral. Gadotti (2013, p. 11) nos diz que:
A educação é de boa qualidade quando ela forma pessoas 
para pensar e agir com autonomia. E isso deve começar na 
primeira educação, na creche, na pré-escola, na educação 
infantil e deve continuar ao longo da vida. Isso depende 
fundamentalmente do professor. Ele é a referência ética-
política e estratégica dessa qualidade. 
Entendemos que o conceito de qualidade que buscamos para a Educação 
Integral, não é estanque e não está pronto. É uma construção histórica, que se 
modifica no tempo e no espaço e como nos fala Mariana (2011, p. 7): "Nesse 
sentido, as perspectivas contemporâneas de educação integral trabalham o 
vínculo entre educação e complexidade apoiado na dimensão poética, ou seja, na 
manifestação da criatividade, novidade e temporalidade .
Sabemos que hoje, trabalhar coletivamente, é fundamental para que ocorram 
avanços na área do conhecimento e novas reorganizações da sociedade. É 
imprescindível, neste processo, a atuação da gestão escolar e a construção e 
implementação de políticas públicas multisetoriais, que deem consistência e 
suporte a proposta de Educação Integral. 
Muito mais que propostas ideológicas, a educação integral, exige 
um trabalho coletivo da comunidade escolar, com norte definido no 
Projeto Político Pedagógico da escola, onde a formação contínua dos 
professores e participantes da proposta, é fator preponderante. Além 
disso, é preciso propiciar as condições de infraestrutura e subsidiar 
meios para sua implantação pois, 
Ela será o resultado dessas condições de partida e daquilo 
que for criado e construído em cada escola, em cada rede 
de ensino, com a participação dos educadores, educandos e 
das comunidades que podem e devem contribuir para ampliar 
os tempos e os espaços de formação de nossas crianças, 
adolescentes e jovens na perspectiva de que o acesso a 
educação pública seja complementado pelos processos de 
permanência e aprendizagem (BRASIL, 2009a, p.10).
 A proposta e o conceito de educação integral tem estado presente 
na legislação e no ideário dos educadores resultando em projetos e propostas 
de grande riqueza há muitos anos, desde o inicio do anos 1920 do século 
passado. Contudo, quase sempre isolados e transitórios. Para possibilitar que a 
Muito mais 
que propostas 
ideológicas, 
a educação 
integral, exige um 
trabalho coletivo 
da comunidade 
escolar, com norte 
definido no Projeto 
Político Pedagógico 
da escola, onde a 
formação contínua 
dos professores 
e participantes da 
proposta, é fator 
preponderante.
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Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
educação integral, efetivamente aconteça, tendo a escola pública como centro 
desse movimento, é necessário o suporte de políticas públicas articuladas 
e a continuidade dos trabalhos pedagógicos pensados coletivamente pela 
comunidade escolar (escola e seu entorno). 
Atividade de Estudos:
1) Por que “educação integral” é considerada pelos teóricos como 
uma concepção e não apenas uma propostaa ser cumprida? 
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Do Conceitual ao Legal
Vimos anteriormente, que pensar, definir e assumir uma concepção nos leva 
a escolhas, que poderão ser modificadas e revistas a partir de análises e reflexões 
das práticas educativas possibilitadas na implementação das políticas públicas.
Faz-se necessário entender, que a realidade educacional brasileira é 
complexa e diversificada não sendo possível "[...] transplantar experiências, mas a 
de tomar acontecimentos, desencadeados em tempos e espaços sócio-históricos 
diferentes, como inspiradores de novas construções (BRASIL, 2009b, p. 17).
Prezado(a) aluno(a), iniciamos essa temática trazendo, para o palco das 
discussões, a Educação Infantil, como a primeira etapa da Educação Básica. 
Até a década de 1980 (século XX) a Educação Infantil era considerada uma 
etapa anterior e preparatória para a escolarização, função do Ensino Fundamental. 
O atendimento para as crianças de 0 (zero a 6 (seis)) em creche e pré-escola 
torna-se obrigação do Estado a partir da Constituição Nacional (1988). Em 1996, 
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/1996, 
a Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica, como o 
40
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Em 2006 com as modificações na LDB 
nº 9.394/96, as crianças de 6 (seis) de idade passam a fazerem parte do Ensino 
Fundamental e a Educação Infantil passa a atender as crianças de 0 (zero) a 5 
(cinco) anos de idade. Com a emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro 
de 2009, estabelece-se a obrigatoriedade da Educação Infantil para as crianças a 
partir dos 4 (quatro) anos de idade. Sendo assim, a Educação Infantil, legalmente, 
é parte do contexto da educação nacional. 
A Educação Integral é garantida na Constituição Brasileira (1988), embora 
não seja mencionada especificamente, permite que seja deduzido do ordenamento 
constitucional pertinente, como um direito social. 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 123). 
Os termos, Educação Integral e/ou Educação de Tempo integral, embora 
não sejam mencionados, é um direito, garantido na Constituição Brasileira 
(BRASIL, 1988). Essa questão também é sinalizada na Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional — Lei nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996). Ambas, firmam a 
obrigatoriedade da oferta pública de educação para as crianças e adolescentes 
no território nacional.
Também, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069 
(BRASIL, 1990), em seu Capítulo V, Art. 53, traz nos seus dizeres o direito 
e a obrigatoriedade do acesso e da permanência da criança na escola, com 
atendimento (alimentação, transporte, material didático etc) e atenção às 
diferenças. Na concepção da formação humana integral para que haja educação 
de qualidade, todos os outros direitos sociais precisam estar garantidos. Como 
nos fala Gadotti (2013, p. 2): "Na educação a qualidade está ligada diretamente 
ao bem viver de todas as nossas comunidades, a partir da comunidade escolar". 
A historicidade da proposta da Educação de Tempo Integral é colocada por 
Moll (2012), que traz a diferença do contexto nacional atual em relação ao século 
passado. Aponta as desigualdades econômicas, culturais e sociais, cada vez 
mais acentuadas no território brasileiro, que trazem para a efetivação da proposta 
educacional, muitos desafios para serem superados:
[...] o sonho de uma escola de dia inteiro, de uma escola 
cujo projeto tenha a educação integral em seu horizonte, 
adiado pelo menos duas vezes, com Anísio Teixeira e 
depois com Darcy Ribeiro, é retomado no final da primeira 
41
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
década do século XXI, com todos os desafios de uma 
"megapopulação" na educação básica, em contextos 
sociais configurados por desigualdades, complexidades 
e diversidades (MOLL, 2012, p. 28).
 
 A ampliação do tempo de permanência dos alunos em atividades na escola, 
está contido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), 
que prevê no Art. 34, o aumento progressivo da jornada escolar para o regime de 
tempo integral.
Além da ampliação do ensino escolar, para tempo integral, previsto na 
LDB - Lei nº 9.394/1996, no Art. 3º, inciso X, as experiências extraescolares 
são apontadas e previstas com a possibilidade de serem desenvolvidas 
em parcerias com instituições da comunidade. Contudo, o norte das ações 
deve ser defino pela escola no seu Projeto Político Pedagógico (PPP), 
"Caso contrário, o papel de tais organizações, quando muito, poderá restringir-se tão 
somente ao caráter da proteção social" (BRASIL, 2009b, p. 22). 
Em 2001, a Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, instituiu o Plano Nacional 
de Educação (PNE - 2014/2024). O documento avança nas proposições da LDB - 
Lei nº 9.394/1996, apresentando dentre suas metas, a ampliação progressiva da 
jornada escolar para um período de, pelo menos, 7 (sete) horas diárias. Com toda 
uma estrutura e organização, a proposta "[...] retoma e valoriza a Educação Integral, 
como possibilidade de formação integral da pessoa" (BRASIL, 2009b, p. 22).
Para possibilitar o atendimento às crianças e jovens, o Decreto nº 7.083, de 
27 de janeiro de 2010, no seu § 1º define educação em tempo integral como a 
jornada escolar com duração igual ou superior a 7 (sete) horas diárias, durante 
todo o período letivo. Esse tempo a que a legislação se refere é relativo, ao tempo 
total em que o (a) aluno(a) permanece em atividades, tanto no espaço da escola 
como em outros espaços educacionais.
Nesse sentido, garantir educação integral requer mais que 
simplesmente a ampliação da jornada escolar diária, exigindo 
dos sistemas de ensino e seus profissionais, da sociedade 
em geral e das diferentes esferas de governo não só o 
compromisso para que a educação seja de tempo integral, mas 
também um projeto pedagógico diferenciado, a formação de 
seus agentes, a infraestrutura e os meios para sua implantação 
(BRASIL, 2009b, p. 22).
O Plano Nacional de Educação - PND, estabelecido pelo Decreto nº 6.253/07, 
que passou a ser considerado uma exigência constitucional, com periodicidade 
decenal. Nos seus escritos, define que a educação básica, em tempo integral, tenha 
a duração igual ou superior a 7 (sete) horas diárias, durante todo o período letivo, 
tempo total que um mesmo aluno permanece na escola ou em atividades escolares. 
O norte das ações 
deve ser defino pela 
escola no seu Projeto 
Político Pedagógico 
(PPP).
42
 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Em relação ao financiamento, para a concretização das ações do PNE, pois 
é preciso uma sólida estrutura de recursos, foram aprovados pelo Congresso 
Nacional, 2 (dois) fundos direcionados ao financiamento da educação pública. 
Em 1996, foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) e, em substituição a este, 
em 2007, foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) que foi 
instituído no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
 
Nesse sentido, o FUNDEB, ao conceder um maior aporte de 
recursos
à educação em tempo integral, busca, entre outros aspectos,responder aos objetivos gerais do Ministério da Educação de 
estabelecimento de políticas públicas voltadas à universalização 
da educação com qualidade social (BRASIL, 2009b, p. 23).
Em 24 de abril de 2007, o Decreto nº 6.094, institui o Plano de Metas 
Compromisso Todos pela Educação, suporte básico do PDE, e tem como objetivo 
reunir esforços da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, com a colaboração 
das famílias e comunidade, para assegurar a qualidade da educação básica.
No Plano de Desenvolvimento da Educação, uma outra ação apresentada 
foi o programa Mais Educação, considerado como ação incentivadora para a 
elaboração da política para a implementação da educação integral, no sistema 
educacional brasileiro. O programa Mais Educação foi criado em abril de 2007, 
através da Portaria Interministerial n. 17 e tem como objetivo a ampliação da 
jornada escolar e a reorganização curricular.
Substituindo o Programa "Mais Educação", foi criado pela Portaria do MEC 
nº 1.144/2016 e regido pela Resolução FNDE nº 5/2016, o Programa "Novo 
Mais Educação” que tem como estratégia do Ministério da Educação, melhorar 
a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, por 
meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes, mediante a 
complementação da carga horária em cinco ou quinze horas semanais no turno e 
contraturno escolar.
O Programa Novo Mais Educação será implementado nas escolas públicas 
de ensino fundamental, por meio de articulação institucional e cooperação com as 
secretarias estaduais, distrital e municipais de educação, mediante apoio técnico 
e financeiro do Ministério da Educação - MEC.
Vimos que várias ações e determinações legais foram estabelecidas para 
a educação, especialmente, para o Ensino Fundamental. Na Educação Infantil, 
primeira etapa da Educação Básica, há um intenso processo de reconceitualização 
43
Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
da educação de crianças de 0(zero) a 5(cinco) nos espaços institucionalizados. 
Tem-se buscado a orientação e discussão dos trabalhos pedagógicos realizados 
pelos profissionais da educação, junto as crianças das creches (até 3 anos de 
idade). Para as crianças de 4(quatro) e 5(cinco) anos, a relevância é assegurar 
práticas que garantam o desenvolvimento delas, sem a necessidade de antecipar 
os conteúdos do Ensino Fundamental. O atendimento em tempo integral para 
a Educação Infantil, está contido no PNE (2014) na Meta 6 que é: oferecer 
educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das 
escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) 
dos(as) alunos(as) da educação básica.
Para o ensino médio, o Plano Nacional da Educação (PNE) tem estipulado 
como meta (Meta 3.1):
Institucionalizar programa nacional de renovação do 
ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com 
abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação 
entre teoria e prática, por meio de currículos escolares que 
organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos 
obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, 
trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-
se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a produção 
de material didático específico, a formação continuada de 
professores e a articulação com instituições acadêmicas, 
esportivas e culturais (BRASIL, 2014, p. 22). 
Com a aprovação do FUNDEB e, principalmente, da Emenda Constitucional 
nº 59/2009, que aumenta a obrigatoriedade da oferta da educação básica dos 4 
aos 17 anos de idade, portanto, a universalização do ensino médio, passa a fazer 
parte das políticas governamentais efetivamente.
Os dados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação 
Básica (IDEB) do ensino médio nacional, demonstraram uma realidade trágica 
e a defasagem da estrutura atual dessa etapa da educação escolar brasileira. 
Pela urgência dessa questão, apesar de estar sendo discutida há muitos anos, foi 
editada através de Medida Provisória (MP), seguindo rigorosamente as exigências 
previstas na Constituição Federal. 
O currículo do ensino médio vai ser dividido com uma parte com as disciplinas 
obrigatórias (BNCC - Base Nacional Comum Curricular) e outra com disciplinas 
optativas, escolhidas pelo aluno de acordo com seu perfil e seu projeto de futuro e 
o contexto histórico, econômico, social, cultural e ambiental de cada região. 
Assim, como o ensino fundamental, a ampliação do tempo da educação 
escolar será realizado gradativamente. 
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 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A BNCC é um documento de caráter normativo que define 
o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais 
que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e 
modalidades da educação básica. A Base deve nortear os currículos 
dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como 
também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e 
privadas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, 
em todo o Brasil. 
Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/
tags/tag/37551>. Acesso em: 20 jun. 2017.
Atividade de Estudos:
1) Qual o programa considerado como ação incentivadora para 
a elaboração da política para a implementação da educação 
integral? E em que ano foi criado? 
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A Proposta da Educação Integral no 
Processo Educativo
A educação integral tem como principal característica a busca de uma 
formação total, completa, possível para todo ser humano, mesmo com os 
diferentes pressupostos teóricos e as diferentes abordagens metodológicas que 
a constituem. 
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Caminhos Percorridos para a Implementação das Políticas 
Públicas Educacionais da Educação Integral no Mundo e no 
Brasil a Partir do Século XX
 Capítulo 1 
A escola tem um papel importante, ser o centro do processo 
sistemático de aprendizagem, principalmente para as crianças das 
classes populares. Contudo, ela não é o único espaço onde crianças e 
jovens aprendem. Entretanto, essa constatação não é uma crítica nem 
tão pouco a desvalorização do trabalho desenvolvido na escola.
 
A partir do Projeto Político Pedagógico, a unidade escolar vai 
interagir com o seu entorno, buscando no diálogo as parcerias - 
redes, para a realização de seus projetos educativos. Além disso, é 
de fundamental importância que os conteúdos abordados tenham 
significação para os alunos. Ou seja, que as questões/situações 
problemas locais, façam parte dos conteúdos curriculares, nas várias 
dimensões que compõem a vida humana, em tempos e espaços 
diferenciados- a comunidade local, regional e global. 
E a proposta da Educação Integral dentro desse processo educativo é o de 
propiciar espaços para uma educação de qualidade social. 
Por escola de qualidade entende-se a que desenvolve 
relações interpessoais que conduzem a atitudes e expectativas 
positivas em relação aos alunos; que coloca o aluno como foco 
de suas preocupações; que dispõe de recursos humanos com 
formação e motivação adequadas e com material escolar e 
didático necessário; que conta com instalações em quantidade 
e em condições adequadas de funcionamento; que tem 
assegurada a participação dos pais no acompanhamento do 
desempenho dos filhos e na avaliação da escola. Além disso, 
uma escola de qualidade é aquela que constrói um clima 
escolar que favorece o processo de ensino-aprendizagem e 
que define e organiza processos que conduzem ao alcance de 
seus objetivos (BRASIL, 2006, p. 7).
Para Moll (2009) a educação

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