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Personalidade jurídica das OI’s Os Estados são os criadores das organizações = vontade coletiva de caráter internacional, ou seja, é algo externo e distinto em relação aos Estados Tal objetivo representa o encontro de interesses e aspirações da comunidade de Estados que compõem a organização Sendo uma correlação a longo prazo, as organizações dependem estreitamente do entusiasmo, apatia, respeito ou da má-fé que seus membros aplicam Os compromissos firmados coletivamente fazem surgir, de forma objetiva, uma nova entidade distinta das representadas pelos signatários anteriormente no cenário internacional Identifica-se o caráter distintivo de cada organização a partir do capital, haja vista que permite diferenciar as OI’s das outras manifestações transnacionais (públicas ou privadas) que permeiam as relações internacionais Historicamente, os tratados constitutivos das organizações internacionais não manifestavam preocupação sobre sua eventual personalidade jurídica. Sob este influxo, a Carta das Nações Unidas, por exemplo, não fornece indicação sobre o tema e os especialistas dividira-se em múltiplos debates. Outrora, em 1994, a assinatura do documento que reconhece a personalidade jurídica internacional da instituição dos membros do MERCOSUL constitui a importância da definição de tal juridicidade, uma vez que além da parcela da soberania estatal que trabalha em seu benefício individual, a organização expressará a vontade coletiva de seu membro. Competência e Instrumentos de ação O tratado constitutivo é o instrumento básico para delinear os direitos, obrigações e competências das OI’s. As funções, instrumentos de ação, bem como seus poderes e faculdades são definidos pelo tratado. A interpretação literal do mesmo enumera as competências explícitas, ou seja, aquelas que podem ser depreendidas da simples leitura do texto. N a t u r e z a A primeira função é de natureza deliberativa, decorrente do encontro de informações e ideias que caracterizam o esforço coletivo internacional. Próxima das competências jurídicas exercidas pelos Estados, elas se apresentam como competências normativas, operacionais, de controle e outras semelhantes às competências de governo (impositivas). C o m p e t ê n c i a N o r m a t i v a As competências normativas das organizações internacionais podem ser dirigidas ao exterior (Estados ou outras OI’s) ou ao interior da própria organização, objetivando a melhoria de seu funcionamento. C o m p e t ê n c i a O p e r a c i o n a l Trata-se das atividades externas que se desenrolam, de forma permanente ou pontual, junto a setores específicos e problemas concretos experimentados pelos Estados-membros. As operações de longo prazo voltam-se para, basicamente, aos países em desenvolvimento. Contudo, as operações pontuais auxiliam todo e qualquer país que necessite fazer frente problemas circunstanciais, tais como catástrofes naturais, epidemias não controladas ou conflitos militares que venham a afetar de forma dramática a população civil. C o m p e t ê n c i a I m p o s i t i v a A capacidade de impor suas decisões externamente vincula-se ao tratado constitutivo e à natureza de cada organização. Em outras palavras, pode-se dizer que a competência impositiva é natural quando se trata de organizações internacionais comunitárias ou de subordinação, como por exemplo o caso das diretrizes da União Europeia. Outrossim, nas organizações internacionais de concertação - a grande maioria delas – a imposição é uma exceção. A depender de circunstâncias específicas e de interpretações, muitas vezes políticas, do direito das OI’s e dos compromissos assumidos pelos Estados-membros, a competência impositiva somente poderá ser exercida contra os Estados mais débeis → inclusive no caso da ONU, haja vista que ela não poderá ser aplicada aos membros permanentes do Conselho de Segurança. As decisões impositivas das organizações internacionais podem ser aplicadas exclusivamente para a manutenção da paz e da segurança internacional. Portanto, as organizações capazes de assumi-las são somente as que mencionam, em seu tratado constitutivo, que tal objetivo coletivo esteve na origem de sua criação. Ocorre que a imposição de uma decisão do coletivo internacional organizado ao Estado soberano que não se dispõe a obedecê-la, gerará um ato violento que pode ser interpretado como uma ingerência indevida em seus assuntos internos. Tal discussão é um dos mais importantes temas das relações internacionais na atualidade: o esclarecimento sobre o conceito de ingerência, aliado à maior eficácia dos organismos internacionais. C o n t r o l e As OI’s possuem competência de controle, com base no tratado constitutivo (OMS, OIT) quanto em convenções paralelas (ONU, OEA). A iniciativa do processo de controle de uma parte de uma organização contra um Estado que não cumpre suas obrigações pode ser feita de 3 formas: 1. Acusação de um Estado ao suposto infrator Maneira usual, sobretudo nas questões envolvendo direitos humanos, trabalhistas e as questões comerciais no âmbito da OMC. 2. A própria organização possui o direito de iniciativa Baseando-se em relatórios dos Estados, em informações oriundas de órgãos privados ou através de inspeções regulares realizadas por funcionários internacionais ou agentes mandatados pela organização. Neste caso, encontra-se exemplos nos casos de manutenção da paz (observadores da ONU), da organização de eleições (OEA e CSCE) e do respeito à não disseminação dos artefatos nucleares. 3. Iniciativa do controle por parte de pessoas ou grupos Trata-se, essencialmente, de questões envolvendo DH, o direito da guerra e o desrespeito à Convenção de Genebra (ação vinculada ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha – CICV) e as questões trabalhistas e sindicais no âmbito da OIT. I n s t r u m e n t o s M a t e r i a i s Somando-se aos meios jurídicos de atuação, as organizações internacionais devem contar também com instrumentos materiais, sendo eles de duas espécies: 1. Recursos humanos São agentes, funcionários e delegados internacionais que operam em nome da organização 2. Recursos financeiros Necessários pra enfrentar os gastos oriundos de suas atividades Representação dos Estados-membros Cada Estado-membro mantém uma representação ou uma missão permanente junto às OI. Seu chefe possui status de embaixador, beneficiando-se como conjunto de diplomatas que servem à missão acerca de facilidades, privilégios e imunidades diplomáticas. A grande maioria dos Estados-membros não dispõe de representação específica, pois como a sede das organizações normalmente encontra-se em capitais, o embaixador do Estado-membro junto àquele país responde igualmente pela representação junto às organizações internacionais. Entretanto, o caso da ONU em Nova York e a concentração de quase uma dezena de organizações internacionais em Genebra, faz com que os Estados-membros sejam obrigados a manter uma representação específica nas duas cidades. Jurisdições internacionais Paralelo à existência das organizações, o sistema internacional conta com 7 jurisdições. A primeira é a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que substitui, ao final da 2° GM, a Corte Permanente de Justiça Internacional (CPJI). Já as outras cinco são dotadas de uma jurisdição não obrigatória de alcance regional ou tem por função responder a crimes específicos, como por exemplos guerras na ex-Iugoslávia e em Ruanda. A ultima jurisdição mencionada, de âmbito universal, é o Tribunal Penal Internacional (TPI) implantado recentemente. Além da vontade expressa pelos Estados, as jurisdições internacionais devem sercompreendidas como resultantes da obra das organizações internacionais. Contudo, a natureza jurídica penal das atividades das Cortes sugere que elas poderiam transcender o caráter regulador das organizações para transformar em um distribuidor da justiça no plano internacional. Apesar dos recentes avanços, elas ainda estão distantes desse ideal.
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