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Fratura do Colo do Fêmur GENERALIDADES • Fraturas do quadril correspondem a 20% das cirurgias do trauma (50% são fraturas do colo) • Risco de fratura do quadril: • 40-50% mulheres • 13-22% homens • Fratura de colo: • 15% sem desvio • 85% desviadas Idade: • Homens jovens (3-5%): alta energia • Mulheres > 60 anos Raça e sexo: • Mulheres brancas são mais acometidas • Menos comum em negros Risco de nova fratura do quadril em 02 anos: • 10% mulheres • 5% homens • A 2º fratura (contralateral) é o mesmo tipo em 70% dos casos • Ângulo entre colo e diáfise : • 130-135˚ • Anteversão : • 15-25 Irrigação Sanguinea : 3 ORIGENS • Vasos capsulares (70%) • Vasos intramedulares (25%) • Vasos do ligamento Redondo (5%) Vasos Capsulares: • Femoral profunda – circunflexas medial e lateral – penetram a capsula – retinaculares Primcipa: retinacular lateral – ramo da circunflexa medial Fatores de Risco Não modificáveis: • Idade (>60 anos) • Gênero (feminino) • Etnia (branco) • Fatores reprodutivos (osteoporose) • Histórico familiar (mãe com fratura de colo) Modificáveis: • Peso (IMC < 18,5) • Tabagismo • Álcool • Nível de atividade física • Dieta e situação nutricional • Baixa exposição ao sol Comorbidades: • HIV • Doença celíaca • Diabete melito • Fratura prévia • Hiperparatireoidismo primário • Anorexia nervosa • Doença hepática crônica • Doença renal crônica • Lesão à coluna vertebral • Depressão • Baixo peso corporal • Imobilidade • Transtornos neurológicos • Esclerose múltipla • Lesão cerebral * OSTEOPOROSE A redução da massa óssea está presente em 84% dos pacientes com fratura do colo. • 1 DP: aumenta 2 vezes o risco de fratura de quadril • > 1,0 DP = Osteopenia • > 2,5 DP = Osteoporose • Outros transtornos metabólicos ósseos: osteomalácia, osteodistrofia renal (raros) MECANISMO DE TRAUMA • QUEDA da própria altura • Cai e quebra?? • Quebra e cai?? * QUADRO CLINICO Impotência funcional ; Dor a mobilização Deformidade em rotação externa e encurtamento Investigar lesões associadas punho e ombro (tentativa de defesa de queda) Obs.: A fratura do colo do fêmur a Rotação externa é menor do que quando quebra a fratura transtrocanteriana Diagnóstico diferencial de fratura transtrocanteriana Anotações livro medcurso Substituição por endoprotese Alguns ossos têm suprimento arterial precário e, portanto, a fratura em si ou a manipulação cirúrgica da fratura podem causam necrose avascular do osso, trazendo graves problemas futuros. O exemplo mais clássico é a cabeça do fêmur Em pacientes idosos, a estratégia de escolha para tratar a fratura de colo de fêmur é a substituição da epífise femoral por uma endoprótese de quadril, de natureza metálica ou de polietileno Essas próteses devem durar cerca de 15-20 anos, sem acarretar problemas. Por isso, num adulto jovem, vale mais a pena tratar a fratura do colo femoral sem endoprótese (mesmo correndo o risco da necrose avascular), pois a cirurgia para troca de prótese acabará sendo necessária no futuro, e este segundo procedimento é mais complicado Fraturas de fêmur O fêmur é o maior e mais forte osso do corpo humano, sendo a sua principal função o suporte de carga e a marcha. Para que este osso execute a sua função de forma plena, ele precisa manter a sua forma e a sua angulação em relação à articulação do quadril, para que sirva adequadamente como braço de alavanca para a musculatura da coxa. Observe o fêmur em vista anterior e posterior Dividimos as fraturas de fêmur em: · Fraturas proximais (fraturas do quadril) (ex.: fratura do colo femoral, a intertrocanteriana (transtrocanteriana) e a subtrocanteriana · Fraturas diafisarias (fraturas do fêmur propriamente dita) (ex.: ocorrem em um quadrado imaginário (“quadrado epifisário”), que tangencia a borda inferior da epífise distal e incluem as fraturas supracondilianas, condilianas e intercondilianas · Fraturas distais (pertencentes aos grupos das fraturas de joelho) (ex.: ocorrem no corpo do fêmur entre as proximais e distais Tratamento: geralmente cirúrgico FRATURA DO COLO FEMORAL INTRACAPSULAR Esta fratura predomina nos idosos e no sexo feminino, tendo como principal fator predisponente a osteoporose. Mecanismo mais comum: queda da própria altura (trauma de alta energia) O número de casos vem aumentando devido, especialmente, ao aumento da expectativa de vida. Esta fratura possui ainda uma mortalidade relativamente alta (25%), pelos problemas inerentes ao idoso acamado (pneumonia, TEP, escara de decúbito etc.), embora novos conceitos terapêuticos tenham melhorado bastante o prognóstico desta fratura Esa fratura possui dois problemas importantes, que fazem ser suscetível a complicações: 1- Instabilidade: a cabeça e o colo do fêmur recebem o peso do corpo de forma angulada, trazendo instabilidade ao foco da fratura (tendencia ao desvio de fragmentos) 2- Necrose avascular: a cabeça do fêmur possui vascularização precária, pelas pequenas artérias retinaculares anteriores e posteriores, com uma discreta contribuição da artéria do ligamento redondo. Estes vasos são facilmente lesados durante o trauma, predispondo a necrose avascular da cabeça femoral Além disso, o hematoma intracapsular que se forma tem efeito compressivo sobre os vasos, contribuindo para a isquemia. Tanto a instabilidade quando a isquemia/necrose avascular contribuem o risco da pseudoartrose (não consolidação da fratura) A suspeita clínica aparece quando nos deparamos com uma senhora idosa, com história recente de queda e dor no quadril e na coxa. Nos casos de fratura desviada, geralmente o paciente não consegue deambular nem apoiar o peso do corpo sobre o lado comprometido, por causa da dor. O exame físico revela rotação externa e encurtamento do membro além de impotência funcional do quadril. As radiografias em AP e perfil confirmam o diagnóstico nas fraturas desviadas FIG. 1 (Figura 2), (Figura 2). Garden I: impactada (incompleta); ● Garden II: completa, sem desvio; ● Garden III: desvio parcial (em varo, ou seja, com redução do ângulo colo-diafisário, que normalmente está em torno de 130º); ● Garden IV: desvio (deslocamento) total. Nas fraturas sem desvio, a clínica não é tão exuberante e o paciente pode conseguir sustentar peso e deambular, embora mancando (claudicação). A radiografia simples pode ser negativa ou inconclusiva nesses casos, havendo então a necessidade de um outro exame de imagem com maior sensibilidade (TC, RM, cintilografia óssea). Assim, no paciente idoso com história de queda e dor no quadril, claudicação e radiografias normais, devem ser solicitados outros exames (ex.: ressonância) para afastar a possibilidade de fratura do colo do fêmur O prognóstico e o tratamento dependem da idade e do grau de desvio (deslocamento) da fratura. A classificação de Garden é a mais aplicada, sendo o prognóstico pior quanto maior o grau TRATAMENTO O tratamento é sempre cirúrgico e deve ser encarado como emergência ortopédica nas fraturas desviadas (deslocadas) em pacientes jovens e ativos (< 65 anos), executado de preferência dentro das primeiras 12h, para reduzir o risco de complicações, especialmente a necrose avascular. Mesmo nas fraturas Garden I e II, embora a terapia conservadora seja uma alternativa (para pacientes com risco cirúrgico proibitivo), a chance de evoluir para desvio é grande, além da necessidade de períodos prolongados de restrição ao leito, o que pode trazer uma série de complicações. Existem três opções de tratamento definitivo para as fraturas de colo de fêmur: 1- Fixação interna 2- Endoprotese do tipo hemiartriplastia (unipolar ou bipolar) 3- Enoprótese do tipo artoplastia total Os pacientes com fraturas não desviadas (Garden I ou II) devem ser tratados com fixação interna, realizada pela inserção de três parafusos canulados através do colo femoral por via percutânea (sem a necessidade de acesso ao foco de fratura). Após a fixação interna, a carga é permitida após 4-6 semanasO tratamento das fraturas deslocadas (Garden III ou IV) depende da faixa etária… em pacientes com menos de 60-70 anos e ativos, a preferência é pela redução fechada + fixação interna. A prótese não é uma boa escolha, pois esses pacientes provavelmente viverão tempo suficiente para que a prótese comece a trazer problemas (15-20 anos). Em pacientes com mais de 65 anos, geralmente sedentários ou menos ativos, a endoprótese é o procedimento de escolha, pelos resultados bem mais favoráveis (menor risco de necrose avascular e pseudoartrose) quando comparados aos da fixação interna (a não ser nos acamados). Esta estratégia também é obrigatória nos casos de complicação do tipo necrose avascular, artropatia prévia de quadril ou pseudoartrose Endoprótese de Quadril Na maioria das vezes, é implantada uma endoprótese de polietileno ou metálica para fazer a substituição cabeça e colo femorais (hemiartroplastia). Com este método, a deambulação é mais precoce do que com a fixação interna (um grande benefício nos idosos!). Nos idosos, pela menor atividade física, a falha de prótese (ex.: lesão acetabular ou deslocamento) é menos provável do que em jovens... A hemiartroplastia pode ser do tipo unipolar (sem articulação própria) ou bipolar (com articulação própria). A segunda possui menor risco de falha, sendo indicada em pacientes entre 65-75 anos ou > 75 anos ativos. A primeira é reservada para pacientes > 75 anos, pouco ativos. A artroplastia total de quadril (substituição da cabeça e colo femorais e do acetábulo por duas próteses articuladas). Esta opção serve para os casos de pacientes com artropatia prévia de quadril
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