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CRISES EPILÉPTICAS Lara Camila | 4º Semestre Crise epiléptica: é definida como a ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas devido a uma atividade neuronal síncrona e excessiva no cérebro; Esses sinais ou sintomas incluem fenômenos anormais súbitos e transitórios (alterações da consciência, ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos ou psíquicos involuntários) percebidos pelo paciente ou por um observador. OBS: nem toda crise epiléptica é causada por um paciente que tem epilepsia; no entanto, todas as pessoas que têm epilepsia também têm crises epilépticas. Convulsão X Epilepsia Convulsão -> “termo meio científico”, “meio popular” de crises epilépticas com muitos componentes motores; Epilepsia -> desordem cerebral crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes não provocadas, consequentes a descargas excessivas e síncronas. Critério ILAE: para que seja dado o diagnóstico de epilepsia, o paciente precisa ter ao menos 2 crises epilépticas não provocadas em um intervalo maior que 24h entre elas. ➢ Crises provocadas são crises ocasionadas quando a pessoa tem alguma condição aguda e, ao resolver essa condição, o paciente não apresenta mais crises; SEMIOLOGIA DIAGNÓSTICA DA CRISE Questionamento ao paciente e/ou acompanhante: • Descrição da crise pelo paciente ou observador; • Horário e duração das crises; • Idade de início; • Fatores predisponentes (não dormiu? Bebidas?) • Área do corpo afetada/sintomas prodrômicos (antes da crise); • Sintomas pós ictais (após a crise: sonolência, desorientação, cefaleia, vômitos etc.) CRISES EPILÉPTICAS São traduzidas por manifestações neurológicas variadas e dependente do local em que estas ocorram; ➢ A crise geralmente começa em um ponto do cérebro e, dependendo da região afetada, terá características específicas. Sinais e sintomas • Alterações sensitivas e sensoriais, parestesias, visuais, auditivas, gustativas etc. • Alterações autonômicas (palpitação, piloereção, sudorese, palidez); • Alterações motoras (abalos, mioclonias etc.); • Alterações cognitivas (dismnésicas); • Alterações do nível de consciência. Como classificar as crises? 1- Elicitar sintomas e sinais do evento (semiologia); 2- Procurar padrões familiares em sintomas e sinais; 3- Algumas veze,s usar informações auxiliares, como EEG, RM, genes, anticorpos etc. ➢ Muitas vezes, os sinais e sintomas podem estar presentes em vários tipos de crises; assim, um paciente pode apresentar vários tipos de crises. Classificações das crises epilépticas ➔ Classificação de 1981 – classificava as crises epilépticas em: Parciais complexas; Parciais simples; Parciais; Psíquicas; Discognitivo; Tônico-clônicas; No entanto, a classificação do ILAE 2017 é a mais recente. Tipos de crises: caracterizada de acordo com o seu início • Início focal: inicia-se em um hemisfério cerebral; • Início generalizado: inicia-se em ambos os hemisférios; • Início desconhecido Tipos de epilepsias: de acordo com o tipo de crise • Focal: paciente só teve crises de início focal. • Generalizada: paciente só teve crises de início generalizado. • Focal e generalizada combinada • Desconhecida Etiologia • Estrutural (lesão cerebral devido a acidente, por exemplo), genética, infecciosa (ex: neurocisticercose), metabólica (diabetes não controlada, uso de álcool por muito tempo), imune, desconhecida; Muitas vezes, é possível caracterizar as epilepsias em síndromes (ex: epilepsia do lobo frontal). Essa classificação em síndrome epiléptica é realizada, normalmente, por especialistas. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CRISE – ILAE 2017 1- Início focal Crise perceptiva -> crise em que o paciente tem a consciência preservada; Crise disperceptiva -> crise em que o paciente tem a consciência comprometida durante a crise; Além disso, após saber se a crise de início focal é perceptiva ou disperceptiva, é importante descobrir se é de início motor (automatismos, atônicas, clônicas, espasmos epilépticos, hipercinéticos, mioclônicos, tônicos), ou de início não motor (autonômicas, parada comportamental, cognitivas, emocionais, sensoriais); 2- Início generalizado: as crises de início generalizado são apenas classificadas em motoras ou não motoras; 3- Início desconhecido 4- Não classificadas CRISES DE INÍCIO FOCAL MOTORAS Espasmo epiléptico -> comum que tenha a extensão de um braço e flexão do outro; mais comum em crianças e bebês. Crise tônica -> existe aumento do tônus; o membro fica completamente rígido durante segundos/minutos e, em seguida, relaxa completamente. Crise clônica -> caracterizada por abalos rítmicos focais - movimentos de flexão e extensão do braço/perna que fica parecendo que o paciente está se batendo. Crise mioclônica -> caracterizada como se fosse um choque (não doloroso); é uma alteração do tônus muito rápida. ➢ Nem toda mioclonia é patológica, e nem toda mioclonia patológica é epiléptica. A mioclonia do sono, por exemplo, é comum e fisiológica. Automatismos -> o paciente perde a consciência e começa a fazer movimentos automáticos, como mastigar, puxar a roupa, mexer o braço etc. Crise hipercinética -> o paciente apresenta movimentos muito intensos; ex: movimento de pedalar CRISES DE INÍCIO FOCAL NÃO MOTORAS Emocional -> sensação de medo/angústia precedendo a crise; Parada comportamental -> o paciente está agindo normal e, do nada, para e fica com o olhar vago. Normalmente, cursa com perda da consciência e, em seguida, o paciente volta aos poucos. Cognitiva -> alteração da linguagem, incerteza, sensação de dejavu etc. Snesorial -> parestesia, hipoestesia. Autonômica CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO MOTORAS Crise atônica -> perda ou diminuição abrupta do tônus por segundos; a pessoa apresenta um ataque de queda. Crise tônica -> hipertonia muscular; contração muscular mantida com duração rápida. Crise clônica -> abalos rítmicos focais; a contração muscular é seguida de relaxamento, originando abalos musculares sucessivos. Espasmos epilépticos -> ex: flexão e extensão dos braços e flexão do tronco; Mioclônicas -> abalos focais breves e irregulares – semelhante a um susto; normalmente, o paciente não percebe que tem. Mioclono-atônicas -> o paciente tem a mioclonia antes da perda do tônus. Mioclono-tônico-clônicas -> mioclonia antes da crise tônico-clônica. Tônico-clônicas -> a fase tônica tem a característica de flexão dos MMSS e extensão dos MMII (estica as pernas e encolhe os braços); a fase clônica é caracterizada por abalos rítmicos. CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO NÃO MOTORAS Crise de ausência -> é de curta duração (5s a 10s), início e término súbitos, e o paciente não percebe a crise. ➢ Podem ser típicas ou atípicas; CRISES DE INÍCIO DESCONHECIDO Motoras; Não-motoras; Tônico-clônicas; Espasmos epilépticos; Parada comportamental; REVISANDO... CRISES FOCAIS: são as que se originam em redes neurais limitadas a um hemisfério cerebral; podem ser muito localizadas ou distribuídas amplamente. CRISES GENERALIZADAS: se originam em algum ponto e rapidamente envolvem redes neurais distribuídas bilaterais; podem incluir estruturas corticais e subcorticais; não necessariamente envolvem todo o córtex. Classificação das etiologias 1- Genética: resultado direto de um defeito genético conhecido ou presumido(s) em que as crises são o principal sintoma da doença; 2- Estrutural/metabólica: condição distinta ou estrutural ou metabólica ou outra doença que esteja associada a um substancial aumento do risco de desenvolver epilepsia; 3- Causa desconhecida: é uma forma neutra paradesignar que a natureza da causa subjacente é ainda desconhecida. CUIDANDO DO PACIENTE EXTRA PA ➢ Proteção da cabeça; ➢ Lateralizar o corpo em bloco; ➢ Folgar roupas apertadas; ➢ Não tentar imobilizar o paciente; ➢ Não introduza nada em sua boca; ➢ Posicionar-se ao lado do paciente até retorno da consciência *** Preparar transferência se a crise cursa entre 5-10’ ESTADO DE MAL EPILÉPTICO -> crise epiléptica interrupta de mais (ou igual à) de 30min OU crises seguidas sem o paciente conseguir acordar – por mais de 30min. EXAME FÍSICO DO PACIENTE COM CRISE CONVULSIVA ➢ Exame físico geral ➢ Exame físico neurológico – atenção ao nível de consciência, nervos cranianos e reflexos de tronco. Avaliação do nível de consciência O SARA (Sistema Reticular Ascendente) é um grupo de estruturas que estão no tronco encefálico e que estimulam o tálamo, o qual, por sua vez, estimula o córtex. Assim, quando esse sistema está comprometido, pode haver uma alteração do nível de consciência. OBS: alterações nos níveis de consciência podem ter outras causas, mas geralmente alterações no SARA, tálamo ou córtex são as que provocam essa alteração. ESTADOS DE CONSCIÊNCIA – CONTEÚDO E NÍVEL ➢ Estado vegetativo persistente ➢ Estado de mínima consciência ➢ Estados pseudo-comatosos ➢ Coma o Estado vegetativo persistente Ativação recuperada, porém grave distúrbio do conteúdo Ocorre quando o paciente tem uma lesão mais grave do tálamo, córtex ou telencéfalo, mas o tronco está preservado; quando isso ocorre, ele mantém as funções vegetativas, então o paciente consegue: - Manter os olhos abertos; - Ciclo sono-vigília; - Ausência da interação com o meio (sem linguagem ou movimentação voluntária); - Incontinência fecal e urinária o Estado minimanente consciente Ativação recuperada, porém grave distúrbio do conteúdo É um estado intermediário, no qual o paciente pode ter alterações discretas; são lesões extensas, mas com preservações de algumas áreas, então o paciente consegue: - Olhos abertos + contato visual; - Segue objetos; - Verbalização simples eventuais; o Estados pseudo comatosos São estados em que parece que há um comprometimento da consciência, mas não há. Exemplos: - Síndrome Locked In; - Catatonia; - Reações conversivas; - Mutismo acinético; - Botulismo; Síndrome Locked in (Sd Cativeiro/encarceramento) Ativação e conteúdo preservados – portanto, não é coma!!! O paciente tem o SARA completamente preservado, ou seja, está consciente. O problema dele está no comprometimento das vias motoras e, assim, ele não consegue se mexer e se expressar. O paciente apresenta desaferentação (lesão das vias piramidais), tetraplegia, anartria, paralisia, olhar horizontal e EEG normal. Em alguns casos é reversível. o Coma Ativação e conteúdo comprometidos; O paciente apresenta perda da interação com o meio e perda das respostas aos estímulos internos e externos; ESCALA DE GLASGOW
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