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AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Diego Rezende Enfermeiro Coren-PE 1209721 2 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA • Reino Unido - Dra Marjory Warren - “mãe da geriatria”: – Em 1936 assume a chefia do hospital londrino de doentes crônicos, – cria a avaliação geriátrica especializada e – introduz a reabilitação, objetivando melhora da qualidade de vida. • Atualmente e estabelecida como: – Avaliação Multidimensional e frequentemente interdisciplinar que utiliza escalas e testes 3 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA • DEFINICÃO: – Método multidimensional de avaliação do idoso. – Aborda os aspectos clínico, funcional, psicológico • OBJETIVO – Planejamento do cuidado – Acompanhamento a longo-prazo • AGA ≠ Exame Clinico Padrão – Enfatizar a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida – Baseia-se em escalas e testes quantitativos 4 BENEFÍCIOS E UTILIDADES DA AGA: NÍVEL POPULACIONAL serve como uma medida precisa em estudos clínicos onde se avalia a capacidade funcional e a qualidade de vida; identifica populações de risco; permite um investimento em saúde, qualidade de vida e bem-estar; serve para planejamento de ações e políticas de saúde. NÍVEL INDIVIDUAL complementa o ex. clinico tradicional e melhora a precisão diagnostica; determina o grau e a extensão da incapacidade; identifica risco de declínio funcional; permite avaliação de riscos no estado nutricional; serve de guia para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar a saúde (farmacoterapia, fisioterapia, TO,psicoterapia); identifica fatores que predispõem a iatrogenia e permite estabelecer medidas para sua prevenção; serve de orientação para mudanças e adaptações no ambiente em que o paciente vive para preservar sua independência; estabelece critérios para a indicação de internação hospitalar ou em ILP 5 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Cognição Humor Comunicação Mobilidade 6 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Cognição: Memória – Função Executiva Linguagem – Praxia Gnoxia – Função Visuoespacial Humor: Motivação Mobilidade: Postura/Marcha Capacidade Aeróbica Comunicação: Visão, Audição e Fala ncapacidade cognitiva nstabilidade postural mobilidade ncapacidade Comunicativa ncontinência urinaria atrogênia nsuficiência familiar 7 OS “IS” DA GERIATRIA • Equilíbrio e mobilidade • Função cognitiva • Deficiências sensoriais • Condições emocionais/sintomas depressivos • Disponibilidade e adequação de suporte familiar e social • Condições ambientais • Capacidade funcional – AVD • Estado e risco nutricional 8 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 9 EQUILIBRIO E MOBILIDADE O envelhecimento altera equilíbrio e mobilidade provocando instabilidade postural, alterações da marcha e risco aumentado de quedas. • Instrumento: – “Timed up and go test” (levantar e andar 3metros). – ≥20 segundos indica instabilidade postural e alto risco de quedas. 10 FUNÇÃO COGNITIVA POR QUE RASTREAR DEFICIT COGNITIVO? • Alta Prevalência de Doença de Alzheimer - 10% daqueles com 65 anos ou mais e quase 50% daqueles com 85 anos ou mais • A maioria das pessoas com demência não apresenta queixa de perda de memória • Déficit cognitivo aumenta o risco de acidentes, não aderência ao tratamento e incapacidade 11 FUNÇÃO COGNITIVA Mini-Exame do Estado Mental (Folstein et al., 1975) usado largamente avalia orientação, fixação, evocação, atenção, calculo, linguagem, habilidades visuo-espaciais Testes de funções executivas teste do relógio fluência verbal 12 TESTE DO RELÓGIO Avalia melhor a função visuo-espacial e a função executiva, mas sofre influência de todas as funções cognitivas. Outra grande vantagem é a menor influência do grau de alfabetização na realização do teste, aumentando a fidedignidade do teste em pacientes com baixo nível de escolaridade. É um teste eminentemente qualitativo e, portanto, não necessita de score. Consiste em solicitar ao paciente desenhar os números do relógio, marcando determinada hora (2:40), sem mencionar a necessidade de ponteiros. O círculo pode ou não ser oferecido previamente. O teste é considerado completo quando o paciente desenha todos os números do relógio, espacialmente bem distribuídos, e os ponteiros marcando 2:40. O teste não é cronometrado e pode ser repetido quantas vezes forem necessárias. 13 TESTE DO RELÓGIO Interpretação do teste segundo Shulman: 1. Inabilidade absoluta de representar o relógio; 2. O desenho tem algo a ver com o relógio mas com desorganização visuo-espacial grave; 3. Desorganização visuo-espacial moderada que leva a uma marcação de hora incorreta, perseveração, confusão esquerda-direita, números faltando, números repetidos, sem ponteiros, com ponteiros em excesso; 4. Distribuição visuo-espacial correta com marcação errada da hora; 5. 5. Pequenos erros espaciais com dígitos e hora corretos; 6. 6. Relógio perfeito; 14 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 15 TESTE DE FLUÊNCIA VERBAL (BRUCKI E COL, 2004) Instruções: “Agora o(a) Sr.(a) vai me falar nomes de animais, o máximo de nomes possíveis. Pode ser qualquer tipo de animal (bicho). Fale o mais rápido que puder. Pode começar.” (Marque um minuto) Pontuação de acordo com a escolaridade: Analfabetos: 12 palavras 1-4 anos: 13 palavras 5-8 anos: 14 palavras 9-11 anos: 16 palavras >11 anos: 18 palavras 16 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) FOLSTEIN, FOLSTEIN & MCHUGH, 1975 –BERTOLUCCI E COL., 1994 –BRUCKI E COL., 2003 1. ORIENTAÇÃO NO TEMPO: ( ) ANO ( ) SEMESTRE ( ) MES ( ) DIA DO MES ( ) DIA DA SEMANA 2. ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO: ( ) ESTADO ( ) CIDADE ( ) BAIRRO ( ) LOCAL (nome, função) ( ) ANDAR 3. MEMÓRIA IMEDIATA: Repita as palavras: (um segundo para dizer cada uma, depois pergunte ao idoso todas as três) ( ) CANECA ( ) TIJOLO ( ) TAPETE 4. ATENÇÃO E CÁLCULO: O Sr. Faz cálculos? ( ) Sim ( ) Não Se “sim” faca cinco contas de subtrações de “7” seriadas. ( ) 100-7 ( ) 93-7 ( ) 86-7 ( ) 79-7 ( ) 72-7 Se “não” peca para soletrar a palavra “MUNDO” de trás para frente. ( ) O ( ) D ( ) N ( ) U ( )M 5. MEMÓRIA DE EVOCAÇÃO: Repita as três palavras que disse há pouco ( ) CANECA ( ) TIJOLO ( ) TAPETE 17 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) FOLSTEIN, FOLSTEIN & MCHUGH, 1975 –BERTOLUCCI E COL., 1994 –BRUCKI E COL., 2003 Mostre um relógio de pulso e pergunte: O que e isto? Repita com uma caneta ( ) RELOGIO ( ) CANETA Repita o seguinte: ( ) “NEM AQUI, NEM ALI, NEM LA” Realize uma tarefa em três estágios: ( ) “PEGUE ESTE PAPEL COM SUA MAO DIREITA..., ( ) ...COM AS DUAS MAOS DOBRE-O AO MEIO..., ( ) ...EM SEGUIDA PONHA-O AO CHAO.” Leia e faça o que esta escrito no papel: ( ) FECHE OS OLHOS (Mostrar a folha com o comando) Escreva uma frase: ( ) Dar uma folha em branco (Verso) Copiar os pentágonos: ( ) Mostrar a folha com os pentágonos que se cruza PONTUACÃO PELA ESCOLARIDADE: Analfabetos: 20 pontos 1-4 anos: 25 pontos 5-8 anos: 26 pontos 9-11 anos: 28 pontos ≥12 anos: 29 pontos 18 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) FOLSTEIN, FOLSTEIN & MCHUGH, 1975 –BERTOLUCCI E COL., 1994 –BRUCKI E COL., 2003 19 CONDIÇÕES EMOCIONAIS/SINTOMAS DEPRESSIVOS Os idosos tem alto risco de apresentar depressão. • Manifesta-se de forma atípica, o que dificulta o seu reconhecimento • Importante pesquisar depressão em todos os idosos • Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS) completa e/ou abreviada. 20 CONDIÇÕES EMOCIONAIS/SINTOMAS DEPRESSIVOS 21 DEFICIENCIAS SENSORIAIS 50% dos idosos tem deficiência auditiva/visual que comprometem sua capacidade para AVD e aumentam o risco de declínio funcional. AVALIACAO AUDITIVA – A perda auditiva e comum entre idosos – O déficit auditivo provoca depressão e isolamento – A principio, devemos sempre descartar cerume – Encaminhar para audiometria se necessário ] • Rastreamentoanual 22 DEFICIENCIAS SENSORIAIS Teste do sussurro – Avalia a compreensão de sons de baixa intensidade e alta frequência. O examinador permanece de pé, fora do alcance do campo visual do paciente, a uma distancia equivalente ao comprimento do braço do paciente estendido (60cm). O examinador sussurra um conjunto de 3 letras/números, enquanto massageia o tragus da orelha contralateral. O teste é considerado positivo, caso o paciente não consiga repetir corretamente o conjunto de letras/palavras. 23 DEFICIENCIAS SENSORIAIS 24 DEFICIENCIAS SENSORIAIS AVALIAÇÃO VISUAL – Catarata, Glaucoma, Degeneração Macular aumentam com a idade – Perguntar sobre dificuldades no dia-a-dia, dirigir, assistir a TV, ler • Se necessário, usar instrumentos para avaliação – Pedir para ler uma revista ou jornal – Quadro de Snellen Pacientes que leem ate 20/40 são considerados sem disfunção visual P 25 CAPACIDADE FUNCIONAL Capacidade do idoso para executar atividades que lhe permitem cuidar de si próprio e viver independente em seu meio. Medida através de instrumentos de avaliação para executar as Atividades da Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) 26 CAPACIDADE FUNCIONAL AVD – englobam todas as tarefas que uma pessoa precisa realizar para o autocuidado. • Escalas que avaliam AVDs : – Índice de Barthel – Índice de Katz – Outras AIVD – compreendem a habilidade do idoso para administrar o ambiente onde vive. • Escalas que avaliam AIVDs : 27 ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA (AVD) MODIFICADO POR KATZ S, DOWNSTD, CASH HR ET AL. GERONTOLOGIST, 1970; 10:20-30 SIM NÂO BANHO Não recebe ajuda ou somente recebe ajuda para uma parte do corpo VESTUÁRIO Pega as roupas e se veste sem qualquer ajuda, exceto p/ amarrar os sapatos HIGIENE PESSOAL Vai e usa o banheiro, veste-se e retorna sem ajuda (andador ou bengala) LOCOMOÇÃO Consegue deitar na cama, sentar na cadeira e levantar- se sem ajuda (andador ou bengala) ALIMENTAÇÃO Come sem ajuda (exceto p/ cortar carne e passar manteiga no pão). CONTINÊNCIA Controla completamente urina e fezes TOTAL SOMATÓRA DE SOMATÓRA DE SIMS: 6 – INDEPENDENCIA; SIMS: 6 – INDEPENDENCIA; 4 – DEPENDENCIA PARCIAL; 2 – DEPENDENCIA TOTAL 4 – DEPENDENCIA PARCIAL; 2 – DEPENDENCIA TOTAL 28 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD) CAPACIDADE PARA REALIZAR AVDS 29 SP 2003 Anos Independentes Dependentes para 3 ou mais AVs 65 a 69 80 25 70 ou + 20 55 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 65 a 69 70 ou + Indepedentes Dependentes para 3 ou mais AVD FONTE: Projeto SABE, 2003 30 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD) LAWTONET AL, 1982 ESCORE 9 – TOTALMENTE DEPENDENTE; 10 a 15 – DEPENDENCIA GRAVE; 16 a 20 – DEPENDENCIA MODERADA 21 a 25 – DEPENDENCIA LEVE; 26 a 27 – INDEPENDENCIA 31 ESTADO E RISCO NUTRICIONAL Antropometria: representa as medidas das dimensões corporais usadas para avaliação do estado nutricional. Não ha consenso do uso no idoso. As medidas avaliadas são: Peso e altura – Índice de Massa Corporal (IMC=peso(Kg)/altura(m)2 Circunferência abdominal Cintura Circunferência do braço Pregas cutâneas Altura do joelho - estimar altura dos idosos acamados (calcanhar ate a rotula do joelho) Outros 32 ESTADO E RISCO NUTRICIONAL Mini avaliação nutricional Mini Avaliação Nutricional (Triagem) A - Nos últimos três meses houve diminuição da ingesta alimentar devido a perda de apetite, problemas digestivos ou dificuldade para mastigar ou deglutir? 0 = diminuição severa da ingesta, 1 = diminuição moderada da ingesta, 2 = sem diminuição da ingesta B - Perda de peso nos últimos meses: 0 = superior a três quilos, 1 = não sabe informar, 2 = entre um e três quilos, 3 = sem perda de peso C –Mobilidade 0 = restrito ao leito ou à cadeira de rodas, 1 = deambula, mas não é capaz de sair de casa, 2 = normal D - Passou por algum estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses? 0 = sim, 2 = não E - Problemas neuropsicológicos 0 = demência ou depressão graves, 1 = demência leve, 2 = sem problemas psicológicos F - Índice de massa corpórea (IMC = peso [kg] / estatura [m]2 ) 0 = IMC < 19, 1 = 19 ≤ IMC < 21, 2 = 21 ≤ IMC < 23, 3 = IMC ≥ 23 Escore de triagem (subtotal, máximo de 14 pontos) 12 = pontos ou mais = normal; desnecessário continuar a avaliação, 11 = pontos ou menos possibilidade de desnutrição; continuar a avaliação 33 ESTADO E RISCO NUTRICIONAL Avaliação nos idosos deve ser feita em 2 grupos: Idosos de 60-69 anos apresentam perfil epidemiológico semelhante aos adultos jovens com alta prevalência de sobrepeso. Idosos de 70 anos e mais apresentam perfil nutricional diferenciado com alta prevalência de baixo peso; A avaliação e feita pelos seguintes itens: • Analise dos fatores de risco • Antropometria • Mini avaliação nutricional • Avaliação laboratorial 34 DISPONIBILIDADE E ADEQUAÇÃO DE SUPORTE FAMILIAR E SOCIAL A falta de suporte e de adequação do idoso a vida familiar e social e um dos fatores que contribuem negativamente para as suas condições clinicas e seu estado funcional. Atenção aos indicadores de violência domiciliar, abuso e maus tratos contra o idoso. Lesões corporais inexplicáveis, descuido com a higiene pessoal, demora na busca de atenção medica, internações frequentes por não adesão ao tratamento de doenças crônicas, ausência do familiar na consulta são extremante sugestivos de violência familiar. O suporte social e decisivo para o envelhecimento saudável. A capacidade de socialização e integração social e considerada fator protetor de saúde e bem-estar. 35 DISPONIBILIDADE E ADEQUAÇÃO DE SUPORTE FAMILIAR E SOCIAL Avaliar se o idoso: sente-se satisfeito e pode contar com familiares para ajudar a resolver seus problemas; participa da vida familiar e oferece seu apoio quando os outros membros tem problemas; apresenta conflitos com as gerações que compõem a família; tem suas opiniões acatadas e respeitadas pelos membros que compõem o núcleo familiar; aceita e respeita as opiniões dos demais membros da família; participa da vida comunitária e da sociedade em que vive; tem amigos e pode contar com eles; apoiar seus amigos quando eles tem problemas; 36 APGARDA FAMÍLIA 37 CONDIÇÕES AMBIENTAIS Ambiente inadequados contribuem para a diminuição da capacidade funcional do idoso. Avaliar a possibilidade de introduzir modificações físicas que possam tornar a casa mais convenientes as suas limitações, para garantir o máximo de independência possível. Centro de Inovação UNIMED – BH, Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). Disponível em: https://www.acoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/ wp-content/uploads/2015/02/Avalia%C3%A7%C3%A3o- Geri%C3%A1trica.pdf 38 REFERÊNCIAS https://www.acoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-content/uploads/2015/02/Avalia%C3%A7%C3%A3o-Geri%C3%A1trica.pdf OBRIGADO Diego Rezende diegoresende4@gmail.com Enfermeiro da Família Coren-PE 1209721. Esp em gerontologia
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