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Avaliação gerontológica ampla (AGA) Envelhecimento Processo natural, lento e inexorável e universal Envelhecimento é um processo que progressivamente reduz as reservas fisiológicas, resultando na menor habilidade em compensar doenças e/ou insultos Histórico AGA - Dra. Marjory Warren A partir de 1936 iniciou trabalho de reabilitação de pacientes incapacitados Impacto positivo com introdução de trabalho multidisciplinar e necessidade de avaliação mais ampla 35% dos pacientes recebeu alta Conceitos Instituo nacional de saúde (1987): “avaliação multidisciplinar na qual os múltiplos problemas do idosos são identificados, descritos e explicados, se possível, e cujos recursos/suporte são catalogados, a necessidade de serviços estimada, e um plano de assistência coordenado é desenvolvimento com foco nas intervenções sobre os problemas do idoso” A AGA é uma avaliação de vários domínios, sendo mais comumente incluídos o físico (médico), mental, social, funcional e ambiental “É um processo diagnóstico multidimensional e geralmente interdisciplinar, para determinar incapacidades e desvantagens do idoso e planejar seu cuidado e assistência a médio e longo prazos, tanto do ponto de vista médico como psicossocial e funcional” Plano de tratamento coordenado, integrado e de longo prazo para restaurar e manter a qualidade de vida ”Coração e alma da geriatria”: AGA é considerada o padrão ouro para avalição de idosos Introdução Prioridades da AGA: estado funcional e qualidade de vida (através de testes, índices e escalas e facilidade de comunicação entre os membros da equipe interdisciplinar) A condição funcional do paciente com idade avançada é um dos parâmetros mais importantes da avaliação geriátrica É possível controlar a progressão das doenças crônico-degenerativas, reduzindo o risco de incapacidade, e aumentar a expectativa e a qualidade de vida (Fried, Guralnik, 2009) Identificação das condições funcionais plano adequado de intervenção tratamento das doenças diagnosticadas diminuição de complicações retardo do aparecimento das limitações funcionais AGA Cognição e status funcional são os preditores mais acurados de saúde, morbidade, mortalidade e utilização de serviços de saúde Conjunto de: Cenário de atuação (enfermaria, hospital) Objetivos de cuidado Status funcional Prognóstico: desfecho/consequências de alguma patologia Parâmetros avaliados na AGA Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas Função cognitiva Condições emocionais Deficiências sensoriais Capacidade funcional Estado e risco nutricional Condições socioambientais Polifarmácia e medicações inapropriadas Comorbidades e multimorbidade Outros Composição do AGA Capacidade funcional Aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que lhe permite cuidar de si mesmo e ter uma vida independente Principal objetivo da AGA Sempre multifatorial Transcende o modelo médico tradicional Quanto pior a avaliação pela AGA Forte preditor de morbimortalidade Baixa qualidade de vida e institucionalização Desafio: estabelecer limites entre senescência e senilidade Exemplo: idoso com dependência (incapacidade) apresenta 5x mais chance de institucionalização e 3x mais de óbito após 2 anos Benefícios da AGA Aumentar a precisão diagnóstica Melhorar o status funcional e mental Reduzir mortalidade Diminuir a internação hospitalar e das institucionalizações (e ajuda no estabelecimento de critérios de tais) Maior satisfação com atendimento Preocupar-se com adaptações ambientais Grau de comprometimento mental, motor e psíquico Metas nutricionais e de reavaliação Instrumento de políticas de saúde Aumentar a rede de suporte social Reduzir custos na saúde Grupos de risco Mais de 80 anos Moram sozinhos Depressão ou luto Déficit cognitivo Quedas frequentes Incontinências Portadores de neoplasias Abordagem geriátrica Status funcional Função sensorial Incontinência Quedas e marcha Perda de peso/nutrição Cognição Sono Humor Tonturas Tremores/rigidez Avaliação - AGA Visão Todos os pacientes idosos Catarata, degeneração macular senil, glaucoma e retinopatia diabética Relacionada a quedas, declínio cognitivo e funcional, processos depressivos e imobilidade (Rosenthal, 2001) Instrumentos de avaliação (rastreio) Teste de Snellen (longe) Cartão de Jaeger (perto) Perguntar se o idoso tem dificuldade para ver TV, dirigir ou ler Audição 35% dos idosos apresenta déficit auditivo 33% dos idosos > 65 anos 50% dos idosos > 80 anos Melhor screening: indeterminado Instrumento de avaliação Teste do sussurro: se alterado, solicitar audiometria Presbiacusia: perda auditiva inicial para altas frequências Isolamento social, depressão, limitação funcional Incontinência urinária Perda involuntária de urina em quantidade suficiente para constituir problema de ordem social e/ou de saúde Sempre perguntar ativamente, uma vez que idosos podem considera-la inerente do envelhecimento ou terem vergonha em abordá-la Epidemiologia: 30-60% dos idosos; 6-14% tem incontinência diariamente; mulheres têm 2x mais chances do que homens Capacidade funcional A capacidade funcional do idoso é definida como aptidão para realizar determinada tarefa que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio PNAD (1998): 80% das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos apresenta alguma doença crônica. IBGE (2000): 7,5% de idosos deficientes, total 24% dos deficientes de todas as idades Principais causas de deficiências: doenças crônicas (AVE), fraturas, doenças reumáticas (OA), doenças cardiovasculares Atividade básica de vida diária (ABVD) Tarefas essenciais na realização do autocuidado (tarefas/atividades básicas) Tomar banho (considerado mais “complexo”) Vestir-se Promover higiene Transferir-se da cama para a cadeira Ter continência Capacidade de alimentar-se (considerado mais “básico”) Não avalia deambulação nem cognição Escalas que avaliam ABVD: Katz (1963): avaliação baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão de declínio (primeiro se perde capacidade de banhar-se e, por último, alimentar-se). 3 ou 4: parcialmente dependente para ABVD Barthel (1965): avalia independência funcional e mobilidade, através de 10 parâmetros (banhar-se, vestir- se, promover higiene, usar o vaso sanitário, transferir-se da cama para cadeira, manter continências fecal e urinaria, capacidade de alimentar-se, deambular e subir/descer escadas) Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) Recursos disponíveis no meio ambiente para execução de atividades rotineiras Tarefas mais complexas: arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, controlar e tomar as medicações e administrar as finanças Escalas que avaliam AIVD Escala de Lawton (1969): pontuação máxima de 27 pontos (maior independência) e mínima de 9 (maior dependência). Deve-se considerar situações em que a pessoa não tenha habilidade (como cozinhar, por exemplo) Escala de Pfeffer (1982): diagnóstico e acompanhamento de demências. Avalia se déficit cognitivo é acompanhado de limitações funcionais. Equilíbrio e motricidade Avaliação da instabilidade postural e alteração da marcha Rastreio anual O que ocorre no idoso Redução da amplitude dos movimentos Passos curtos e lentos Perda da amplitude dos movimentos em MMSS mais próximos no corpo Centro de gravidade corporal se adianta, ebase de sustentação se amplia com o intuito de obter maior segurança e equilíbrio Funções neurológica e reumatológica/proprioceptiva Testes realizados: Timed Up and Go: até 10 segundos é normal (>20s é alterado: alto risco de queda e dependente para ABVD) Get Up and Go: avaliação qualitativa, sem contar tempo. O paciente levanta da cadeira, caminha, gira 180°, volta e senta-se. Teste do alcance funcional (Reach Test): nota de corte varia de 15 a 23cm conforme a fonte (aqui: 23cm) Teste de Nudge: até 2 pessoas para compensar o desequilíbrio após leve empurrão na região esternal Velocidade de marcha: correlação com prognóstico e sobrevida. Tempo (em segundos e milésimos de segundos) que o indivíduo leva para percorrer 4m Maior que 1am/s: mobilidade intacta Entre 0,6 e 1m/s: alto risco Menor que 0,6m/s: dependência em algum grau em AVD SPPB (short physical performance battery): equilíbrio + velocidade de marcha + mobilidade. Auxilia na verificação de ABVD e AIVD Avaliação de sarcopenia: mensuração da massa muscular através de dados antropométricos e/ou bioimpedância e/ou densitometria corporal total. O desempenho muscular é avaliado pela velocidade de marcha e pelo Timed Get up ang Go Tinetti (1986): primeiro testa-se o equilíbrio estático, depois dinâmico. Quanto menor a pontuação, pior o resultado (inferior a 19 pontos indica risco de queda 5x maior) POMA (2003): adaptação para o Brasil, é indicado para idosos frágeis Força de preensão palmar: relação com a força total do corpo Cognição Função cortical que pode ser dividida em subfunções distintas Atenção Memória Orientação têmporo-espacial Organização visuoespacial Raciocínio Funções executivas Planejamento Solução de problemas Instrumentos da avaliação (testes) MEEM (miniexame do estado mental) Orientação Memória imediata (Registro) Atenção e cálculo Memória de evocação Linguagem Funções executivas e praxias Teste de fluência verbal Fala-se o maior número de animais e 1min (corte maior que 9 pontos, se menos de 8 anos de escolaridade; mais de 13 se mais anos de escolaridade) Linguagem, funções executivas e memória semântica Teste do relógio Habilidade visuoespeciais, construtiva e função executiva Dá-se 1 ponto para cada número bem posicionado (exceto 12, 3, 6, 9) Mini-Cog: bom inicialmente Mescla memória imediata e de evocação entremeada pelo teste do relógio. Cada uma faz 3 palavras vale 1 ponto, e relógio desenhado corretamente vale 2 (total de 5 pontos) MIS: citam-se 4 palavras diferentes (agrião, melancia, elefante e flauta) e, depois, pede-se para o idoso repetir. Cada acerto equivale a 2 pontos e, no caso de evocação após nomeação da categoria (“dica”). Dá-se 1 ponto. Quatro ou menos pontos indica possível doença de Alzheimer Depressão geriátrica (GDS) Sintomas atípicos, vagos e inespecíficos, muitas vezes não relatados Tanto para detecção de demência quanto para depressão, o teste tem caráter de rastreio e não de diagnóstico (para isso basear-se em: DSM e CID) Valorizar alterações físicas Desafio ao geriatria: diferenciar quadros depressivos dos demenciais Escala de depressão de Yesavage (1983): 6 ou mais respostas de cunho negativo têm screening positivo PHQ-9: 1 resposta positiva como screening positivo - Durante o último mês, você se sentiu frequentemente mais triste, deprimido ou sem esperança? - Durante o último mês, você frequentemente perdeu interesse por atividades que lhe davam prazer ou em fazer certas atividades? Nutrição Sexo masculino e condições adversas são grupos mais susceptíveis, tendo correlação com mortalidade 5% ou mais de perda de peso não intencional deve considerar avaliação mais fidedigna Avaliação: saúde bucal, medicações, condições sociofamliares Estilo de vida Autopercepção de saúde Instrumentos de avaliação Miniavaliação nutricional (MAN): foi o primeiro e é único instrumento validado para idosos, avaliando o risco de desnutrição para poder intervir quando necessário. Triagem: se menos de 12 pontos, prosseguir Medidas antropométricas: peso, altura, perda de peso, IMC, CB, CP e pregas cutâneas Valores antropométricos - IMC em idosos: 22 a 27 normal / 28 ou mais: obesidade/ < 22 é perda de massa muscular - Circunferência abdominal: 94cm ou mais para homens / 80cm ou mais para mulheres - Medida da panturrilha: <31cm caracteriza sarcopenia / menos massa muscular implica em maior dependência nas atividades diárias e maior risco de quedas Informações dietéticas (alimentação) Fatores socioambientais Avaliação complexa e de difícil dimensão Influência no manejo terapêutico Isolamento social é comprovadamente fator de risco de morbimortaidade Adaptação da residência dos idosos às suas limitações de forma a preservar ou recuperar a independência Estresse de cuidados Maus trato Instrumentos de avaliação Apgar de família e amigos: perguntas sobre a vida do idoso, condições de saúde, necessidade de adaptação do ambiente, relação com amigos e família AGA tem objetivo detectar as deficiências, incapacidades e desvantagens apresentadas pelo paciente e quantifica-las Barreiras: falta de abordagem sistêmica e falta de tempo Reavaliar em todas as consultas nos grupo de risco e anualmente nos demais
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