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ARTICULAÇÃO DO JOELHO Lara Camila | 4º Semestre OSSOS ARTICULAÇÕES DIVISÃO DA PATELA O ÁPICE É A BASE E A BASE É O ÁPICE, ou seja, na porção anterior temos a base da patela, e na porção posterior temos o ápice. A patela desvia para os côndilos, e o que causa isso é a rotação do fêmur. Por muito tempo, achávamos que os movimentos da patela eram lateralizados; hoje sabemos que não é a patela que se medializa e lateraliza, é uma rotação interna de fêmur que gera essa instabilidade patelar. LIGAMENTOS No joelho, temos quatro principais ligamentos: ligamento colateral lateral, colateral medial, cruzado anterior e cruzado posterior. O ligamento cruzado anterior tem a função de monitorar a anteriorização da tíbia. Assim, quando anteriorizamos a tíbia, há uma tensão no ligamento cruzado anterior. O ligamento cruzado posterior tem a função de monitorar a posteriorização da tíbia; uma das principais causas de lesão nessa articulação é acidente de carro. O ligamento colateral medial é solicitado ao stress em valgo, e o ligamento colateral lateral ao stress em varo. MENISCOS Função principal: absorver o impacto do joelho. No entanto, também atuam na estabilização do joelho. Menisco medial: funciona como anteparo entre o fêmur e a tíbia, auxiliando o ligamento cruzado anterior a estabilizá-los, não permitindo que a tíbia vá para frente quando freamos o joelho. Menisco lateral: auxilia na rotação externa e interna do fêmur sobre a tíbia, funcionando como uma espécie de guia para que este complexo movimento ocorra. Quando realizamos uma hiperextensão do joelho, abrimos o espaço articular posterior do joelho e fechamos o espaço articular anterior. ➢ Entorse: lesão ligamentar; ➢ Subluxação: perda parcial do contato articular; ➢ Luxação: perda total/completa do contato articular; VALGO/VARO/VALGO DINÂMICO Valgo – rotação interna do fêmur; Valgo dinâmico – é uma fraqueza muscular em que ocorre uma rotação interna do fêmur durante o movimento. Não necessariamente esses indivíduos têm um joelho em valgo. Varo – ligamento colateral lateral estirado e menisco medial comprimido; Valgo – ligamento colateral medial estirado e menisco lateral comprimido; O JOELHO • Articulação intermediário do MMII; • Só um grau de liberdade flexão- extensão; • Trabalha essencialmente por compressão; • Dois imperativos contraditórios: grande estabilidade, grande mobilidade; • Possuem superfícies com encaixe frouxe, sujeito a entorses e luxações. MOVIMENTOS DE FLEXÃO-EXTENSÃO MECANISMO DE LESÃO Lesão em valgo -> acomete o ligamento colateral medial e comprime o menisco lateral; Lesão em varo -> acomete o ligamento colateral lateral e comprime o menisco medial. ROTAÇÃO AXIAL DO JOELHO Rotação ao redor do seu eixo longitudinal; este movimento só pode ser realizado com o joelho flexionado. ATIVAMENTE PASSIVA PASSIVO PATA DE GANSO OU PATA ANSERINA Músculos sartório, grácil e semitendinoso – a cerca de 5cm distalmente da porção medial da articulação do joelho; Função primária flexora do joelho; Protege o joelho contra o estresse em valgo; ESTRESSE EM VALGO Valgo dinâmico do joelho: caracterizado como medialização do joelho em relação ao quadril e ao tornozelo em atividades de CCF e é associado ao desenvolvimento de DPF. TESTES FUNCIONAIS 1- DropVertical Jump test 2- Single Leg Squat 3- Step Down Test DEFORMIDADES ASSOCIADAS AO JOELHO Deformidades da tíbia e fíbula são as anormalidades mais comuns que afetam os MMII das crianças; A maioria das deformidades da perna é fisiológica e auto-limitada; sendo resolvidas, em sua maioria, até o 5º ano de vida da criança independentemente de ações externas. Podem ser congênitas (diagnosticadas no pré-natal) ou adquiridas; GENU VARUM Afastamento do esqueleto dos MMII; A distância intercondilar é medida para avaliação de genu varo; Fisiológico: ➢ Deformidade com um ângulo fêmoro- tibial maior que 10 graus; OBS: ângulo fêmoro-tibial > 10º só indica varum, mas não dá para dizermos, apenas com esse dado, se é fisiológico ou patológico. ➢ Raio-X tem que estar normal – fise radiologicamente normal; ➢ Arqueamento lateral da tíbia proximal; Varo em crianças de até 2 anos de idade e MMII simétricos = varo fisiológico. Radiologicamente, medimos o geno varo através da medida: 1- do ângulo femoro-tibial 2- do ângulo metáfise-diáfise (Levine- Drennan) – ângulo mais específico para alterações metafisárias no joelho; OBS: a alteração do varo está na tíbia. Ângulo de Levine- Drennan > 11º: 29 em 30 pacientes desenvolveram doença de Blount. < 11º: 3 em 58 pacientes foram afetados. OBS: o ângulo de Levine-Drennan não é diagnóstico de Blount, apenas ajuda a diferenciar tipo 1 de Blount de varo fisiológico. Desenvolvimento do ângulo femoro-tibial ao longo do crescimento; 6-12 meses: varo máximo; 18-24 meses: alinhamento neutro; 4 anos: valgo máximo; 7 anos: atenuação do valgo; 11 anos: padrão adulto Resumindo... • RN tem varo fisiológico até os 2 anos de idade; • Aos dois anos adquire a posição neutra; • Principalmente meninas, até os 4 anos, apresenta um valgo máximo e os pés se afastam; Quadrantes do joelho, de acordo com a carga do eixo mecânico A carga que passa no +3 ou -3 é sempre patológica; Quando há um joelho varo a pressão da carga ocorre mais para o lado positivo; além disso, o menisco medial estará afetado. Ou seja, o desgaste e a dor do joelho varo é medial. Quando há um joelho valgo a pressão da carga ocorre mais para o lado negativo; além disso, o menisco lateral estará afetado. Ou seja, o desgaste e a dor do joelho valgo é lateral. ➢ Os quadrantes dos joelhos são avaliados apenas em adultos; nas crianças, o joelho só tem cartilagem, e não é visualizada na radiografia. Grafico de Vankka e Sanlenius Representa a alteração de varum e valgo no decorrer da idade; ➢ A partir dos 2 anos de idade qualquer grau de varo é patológico; ➢ Criança menor de 1 ano de idade, com varo de 10º é fisiológico ou patológico? Pode ser fisiológico. ➢ Criança com valgo máximo (+/- 16º) de 4 anos de idade, é fisiológico ou patológico? Pode ser fisiológico. TÍBIA VARA Pode ocorrer por retardo de crescimento do aspecto medial da epífise proximal da tíbia; Duas formas reconhecidas: ➢ Tíbia vara infantil: doença de Blount – instalação até os 3 anos ➢ Tíbia vara do adolescente – instalação após os 10 anos; ➢ Tíbia vara juvenil – instalação a partir dos 4 anos de idade e antes da adolescência; é o atraso do diagnóstico da tíbia vara infantil. Doença de Blount – Tíbia vara infantil • Angulação abrupta logo abaixo da fise proximal; • Linha fisária irregular; • Epífise em forma de cunha com bico na metáfise medial; • Subluxação aparente da tíbia proximal; Fisiologia: perda do arranjo colunar e da ossificação endocondral, tanto no aspecto medial da metáfise quanto na área correspondente da fise; É frequente o desenvolvimento de frouxidão do complexo ligamentar lateral do joelho; ➢ Thrust é o varum dinâmico – que quando existe é sempre patológico. Diagnóstico diferencial • Genu varum fisiológico; • Displasias esqueléticas; desconfiar quando a estatura mediana for abaixo da média. • Doenças osteo-metabólicas; doenças de depósito, como mucopolissacaridose, podem provocar genu varum. • Deformidade pós-traumática; • Sequela pós-infecciosa; • Displasia fibrocartilaginosa focal proximal (epífise normal);CLASSIFICAÇÃO – DOENÇA DE BLOUNT No estágio I não há como saber se é fisiológico ou patológico; logo, crianças nesse estágio não devem ser operadas. O estágio II ocorre em crianças de 4 a 6 anos de idade, a fise já está descida. O estágio III ocorre em crianças com 9 anos de idade; a fise caiu muito e formou um degrau/barra óssea. Tratamento conservador Órteses: idade < 3 anos/ Langesnkiold até II / Ausência de instabilidade ligamentar / Ausência de obesidade. Tratamento cirúrgico Langenskiold > II / só é realizado a partir dos 4 anos de idade / já não há indicação de tratamento ortótico isolado no estágio III. Menos de 2 anos de crescimento restante e congruência articular: osteotomia corretiva + fechamento fisário total (epifisiodese); Mais de 2 anos de crescimento restante: epifisiodese lateral, correção angular + alongamento, correção + fixação externa. Tíbia vara do adolescente Aspectos clínicos: paciente típico é masculino, negro e obeso; Teoria da sobrecarga = Lei de Hueter- Volkmann: quanto maior a carga do esqueleto, maior a chance de deformidade. Achados radiográficos: o formato da fise tibial proximal é relativamente normal, mas há sinais de dano microscópico; ocorre alargamento do aspecto lateral da fise femoral distal, pela mudança do eixo mecânico. Tratamento • Osteotomia; • Realinhamento por fixação externa; • Epifisiodese lateral; • Grampo hemiepifisário; • Tratamento de 6 meses até 1 ano alongando aos poucos essa região; DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE GENU VALGO Genu valgo idiopático: > 8 anos; aumento do ângulo Q. Secundário à fratura tibial proximal prévia; Secundário a outras causas: raquitismo, displasias metafisárias, lesões pseudo- tumorais, exostose múltipla hereditária. ➢ Exostose não afeta a articulação, mas provoca deformidades que aparentam ser na articulação. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE ALTERAÇÕES ROTACIONAIS Torção tibial; Deformidade residual de pé: hálux varo, metatarso aduto, pé torto, pé serpentiforme; Doenças do quadril: epifisiólise; coxa vara Doenças neuromusculares: hemiplegia, diplegia ou tetraplegia espástica. ➢ Todo bebê nasce com rotação interna fisiológica devido à posição intraútero. DEFORMIDADES ROTACIONAIS A avaliação consiste em avaliar o ângulo do passo, ângulo coxa-pé, rotação dos quadris e o próprio pé. Ângulo coxa pé -> responsável pelo diagnóstico de deformidade rotacional do membro inferior; ➢ É formado pelo eixo da coxa em relação ao eixo do pé com o paciente em decúbito ventral e joelho fletido a 90º; ➢ No RN está desviado medialmente em função da torção tibial interna fisiológica, com o crescimento o desvio muda gradativamente para o lado lateral até atingir o valor de 10º. Ângulo do passo -> avalia o comportamento da marcha; é o grau de rotação medial ou lateral do pé durante a marcha. ➢ Os pés deslocam-se em rotação externa de aproximadamente 10º em relação ao eixo da marcha. ➢ A rotação medial dos quadris tende a ser maior após os 18 meses de vida, diminuindo gradativamente após isso; Na prática existem dois tipos de marcha, clinicamente manifestas: em rotação interna e em rotação externa. Marcha em rotação interna (toeing in) É marcadamente maior que a externa; 80% dos casos há resolução espontânea até os 8 anos de idade, e a maioria até 5 anos de idade; Há relatos na literatura que a anteversão femoral pode se corrigir até os 16 anos de idade espontaneamente; Em alguns casos há correção por torção tibial externa secundária, configurando a síndrome do mau alinhamento; ➢ O fêmur proximal faz rotação interna e o fêmur distal faz rotação externa. Não existe comprovação prática de que qualquer medida de tratamento conservador tenha algum efeito na correção da AV. Raramente se considera a possibilidade de tratamento cirúrgico após os 8 anos, considera-se nos casos que além do problema estético há também um problema funcional. Isso ocorre nos raros casos que a AV é maior que 50º, a RI em extensão está acima de 80º e a RE é praticamente nula. A correção é feita por meio de osteotomia derrotativa do fêmur proximal (não pode existir torção tibial externa compensatória). OBS: em casos de marcha em rotação interna com assimetria sempre investigar paralisia cerebral. Lembre-se: nada assimétrico é fisiológico. Nos casos de correção cirúrgica a correção é feita no fêmur, porque a origem do problema foi anteversão femoral. NÃO ESQUECER VALGO – correção no fêmur VARO – correção na tíbia Avaliação da perna É feita em decúbito ventral; realiza a medida perpendicular ao solo/maca em rotação interna e externa. OBS -> a rotação interna, em extensão, é maior que a externa. Torção tibial interna É comum em crianças até a idade de 18 meses; Todo RN é portador de torção tibial interna fisiológica, em média de 15º, como resultado da posição intrauterina; ➢ A tíbia vai aumentando a torção tibial lateral progressivamente passando de 5º com 1 ano de idade a 14º aos 13 anos; Aproximadamente 80% das crianças que andam com rotação interna dos MMII antes dos 18 meses de idade são portadores de TTI, e cerca de 1/3 dos casos é associada a metatarso aduto; ➢ A metade da frente do pé da criança gira para dentro = adução. No exame clínico é mais bem quantificada pelo ângulo coxa-pé, a magnitude normal da criança é de 10º. Tratamento conservador Não é efetivo quando comparado a crianças não tratadas, corrigindo-se espontaneamente e mais rapidamente nos primeiros 2 anos de vida. Orienta-se apenas aos pais que evite que a criança durma em decúbito ventral com os MMII rodados internamente, bem como sentarem-se com os MMII assim posicionados; Tratamento cirúrgico Raramente indicado; nos raros casos, o ângulo coxa-pé excedia 10º; a cirurgia não deve ser realizada antes dos 10 anos de idade. Osteotomia da tíbia distal, quando há indicação cirúrgica, é a mais indicada. As complicações estão associadas a compressão da artéria tibial posterior no nível da osteotomia femoral proximal, bem como estiramento do nervo fibular superficial. Marcha em rotação externa (toeing out) Contratura em rotação externa do quadril: na cavidade uterina os quadris são mantidos em flexão e RE. Essa postura em rotação externa persiste após o parto e se mantém durante o primeiro ano de vida; As crianças têm o hábito de dormir em decúbito ventral mantendo os MMII em RE. Durante os primeiros meses após o início da marcha, essas crianças andam mantendo as coxas em rotação externa, o que se manifesta por RE acentuada dos MMII na fase de apoio. RE dos quadris em extensão está aumentada e a RI quase ausente; Bom prognóstico – por volta dos 2 anos de idade já se resolveram. Tíbia vara de Blount Geno varo é o diagnóstico mais comum entre crianças de 14 a 36 meses de idade; Crianças nascem sem deformidade, com crescimento normal dos MMII, geralmente são levadas ao médico com 14 a 36 meses de idade para avaliação de joelhos tortos. História tipicamente se inicia com a deambulação, tal doença é mais comum em crianças negras, obesas e que iniciaram a deambular precocemente; Mudanças histopatológicas são causadas pelo aumento da compressão e reduzido crescimento; tais mudanças incluem: ilhas densamente povoadas de condrócitos, hipertrofiados, ilhas com fibrocartilagem quase acelular e grupos anormais de vasos capilares; Torção tibial interna persistente também pode ocorrer; especula-se que seja devido a um sobrecrescimento da fíbula que bloqueia o desenvolvimento de torção externa. Diagnósticos diferenciais Doença osteo-metabólica: deficiência de vit.D, raquitismo refratário á vit.D, hipofosfatasia; Parada ou retardamentoassimétrico do crescimento: tíbia vara de Blount, trauma, infecção, tumores; Displasia óssea: displasia metafisária, nanismo acondroplasico, encondromatose. Intoxicação por metal: fluorose; Congênita: deficiência longitudinal tibial, tíbia vara congênita. OBS: geno varo fisiológico se resolve até os 3 anos; OBS: Levine e Drennan descreveram o ângulo metáfiso-diafisário normal de 11º ou menos. Blount se desenvolve a partir de 12º ou mais, contudo, alguns ortopedistas esperam angulações de 14 a 16 graus para dar o diagnóstico de Blount e iniciar o tratamento; GENU VALGO Após 18 meses de idade, o joelho das crianças normais passa a assumir o formato em valgo, que atinge o valor máximo aos 3 anos de idade, quanto então passa a diminuir gradativamente até os 6-7 anos; Nos casos de geno valgo que se apresentam de forma mais acentuada e assimétrica, se houver história familiar ou se a criança for de baixa estatura para a idade deve-se pensar em formas patológicas: displasia metafisária, raquitismo e fratura da metáfise proximal da tíbia. Na pré-adolescência, se houver persistência, idade esquelética de 11 anos nas meninas e de 12 anos nos meninos, a possibilidade de correção espontânea é remota. Hemiepifiodese e grampeamento fisário são as duas técnicas mais utilizadas de correção de geno varo e geno valgo no adolescente; Para avaliar se há piora progressiva do geno valgo, realizamos a medida intermaleolar. ➢ O joelho valgo é uma condição clínica onde há um desvio angular da articulação do joelho, no plano frontal, em direção à linha média do corpo, causando alterações no eixo anatômico e mecânico do membro inferior. Denomina-se genu varum a condição inversa, onde há desvio da articulação do joelho para longe da linha média do corpo humano na posição anatômica, no plano frontal. O tratamento dos joelhos valgo e varo está indicado quando há alteração do eixo mecânico do membro inferior. A intervenção está indicada quando o eixo mecânico do membro inferior se encontra fora dos dois quadrantes centrais da articulação proximal da tíbia.
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