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Habilidades Médicas - Cardio - Aula 1 - Dor e Dispneia

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Andressa – P4 FMO – 2021.2 
Habilidades Médicas – Aula 1 – Cardio 
♦No raciocínio diagnóstico, são importantes 
todos os elementos da identificação, os 
antecedentes pessoais e familiares, os hábitos de 
vida, as condições socioeconômicas e culturais 
do paciente. 
►Com relação à idade, nas crianças e jovens, 
predominam as anomalias congênitas e os 
episódios iniciais da doença reumática; a doença de 
Chagas e a hipertensão arterial são mais frequentes 
dos 20 aos 50 anos de idade; a doença arterial 
coronariana – angina de peito e infarto agudo do 
miocárdio – é mais comum acima da quinta 
década de vida, apesar de aparecer cada vez mais 
precocemente. 
►Quanto ao sexo, as lesões mitrais, especialmente 
a estenose e o prolapso da valva mitral, ocorrem 
mais em mulheres jovens, enquanto a 
aterosclerose coronária predomina no sexo 
masculino até os 45 anos de idade; a partir desta 
idade, a incidência vai se tornando igual em ambos 
os sexos. 
►O fator racial, avaliado basicamente pela cor da 
pele, pode ter interesse, como é o caso da anemia 
falciforme. A hipertensão arterial, além de ser 
mais frequente nos negros, aparece em faixas 
etárias mais baixas e apresenta evolução mais 
grave. 
►A relação entre profissão e enfermidades do 
coração é indubitável. Ex: profissões que exigem 
esforço físico intenso, é mais frequente o 
aparecimento de insuficiência cardíaca. 
►A naturalidade e o local da residência 
relacionam-se com as doenças endêmicas. Ex: 
doença de Chagas. 
►Antecedentes pessoais. Ex: relações entre 
alimentação rica em lipídios e aterosclerose, entre 
lesões renais e hipertensão arterial. 
►A influência de fatores genéticos pode 
ser avaliada pela análise dos antecedentes 
familiares, sendo indiscutível sua 
importância na hipertensão arterial 
essencial e na cardiopatia isquêmica. 
►Dentre os hábitos de vida, destacam-se o 
tabagismo, o alcoolismo e o 
sedentarismo, relacionados com o 
aparecimento de aterosclerose e 
hipertensão arterial. 
SINAIS E SINTOMAS 
As doenças do coração manifestam-se 
por variados sinais e sintomas, alguns 
originados no próprio coração, outros 
em diferentes órgãos nos quais 
repercutem com mais intensidade as alterações do 
funcionamento cardíaco. Serão analisados: dor 
cardíaca, palpitações, dispneia, tosse e 
expectoração, chieira, hemoptise, desmaio 
(lipotimia e síncope), alterações do sono, 
cianose, edema, astenia e posição de cócoras. 
♦Dor. Dor precordial não é sinônimo de dor 
cardíaca, pois pode ter origem no coração e em 
outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago, 
aorta, mediastino, estômago e na própria parede 
torácica. 
►Na avaliação semiológica da dor precordial, 
todas as características são importantes: 
localização, irradiação, caráter, intensidade, 
duração, frequência, fatores desencadeantes ou 
agravantes, fatores atenuantes e sintomas 
concomitantes, os quais podem preceder, 
acompanhar ou suceder a dor. 
 
■Localização: a localização mais típica é a 
retroesternal, podendo ser sentida à esquerda ou, 
mais raramente, à direita da linha esternal. Pode ser 
restrita a uma pequena área ou ocupar toda a região 
precordial. 
→ A dor perimamilar ou por debaixo do mamilo 
quase nunca é de causa cardíaca, podendo ser de 
origem emocional ou provocada por osteoartrite, 
distensão do estômago ou do ângulo esplênico. 
■ Irradiação. A irradiação da dor está relacionada 
com sua intensidade. Quanto mais intensa, maior a 
probabilidade de irradiar-se. A dor por obstrução 
de uma artéria coronária pode ter diversas 
irradiações: para os pavilhões auriculares, maxilar 
inferior, nuca, região cervical, membros 
superiores, ombros, região epigástrica e região 
interescapulovertebral. 
■ Caráter ou qualidade. A dor 
anginosa é quase sempre do tipo 
constritivo, tendo o paciente a sensação 
de que algo aperta o tórax ou a região 
retroesternal. Para caracterizá-la, o 
paciente leva a mão fechada ao peito. 
Costuma ser descrita como “aperto”, 
“opressão”, “peso”, “queimação” e 
“sufocação”. Pode ter também a 
sensação de nó na garganta, como se 
estivesse sendo estrangulado. 
 ■ Duração. A dor da angina de peito 
tem duração curta, em geral de 2 a 3 
minutos, raramente ultrapassando 10 
minutos. Isso porque sua origem é 
apenas a hipoxia miocárdica, sem 
alteração necrobiótica. 
‼Sinal de Levine 
 
Angina (reclamação do 
coração): diminuição da 
quantidade de sangue no 
miocárdio. 
‼Principal causa: 
aterosclerose coronária; 
- Desbalanço entre oferta e 
demanda de O2. 
 
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• Na angina instável, a dor é mais prolongada, 
chegando a durar 20 minutos, pois nesta síndrome 
já há alterações histológicas. No infarto agudo do 
miocárdio, quando ocorrem alterações necróticas, 
a dor dura mais de 20 minutos, podendo chegar a 
algumas horas. 
■ Intensidade. A intensidade da dor varia de 
acordo com o grau de comprometimento 
isquêmico, podendo ser classificada em leve, 
moderada e intensa. 
• Dor leve é quando o paciente a sente, mas não se 
fixa nela, relatando-a, muitas vezes, como uma 
sensação de peso ou desconforto. 
• Dor moderada é quando incomoda bastante o 
paciente e agrava-se com os exercícios físicos. 
• Dor intensa é aquela que inflige grande 
sofrimento, obrigando o paciente a ficar o mais 
quieto possível, pois ele percebe que a dor se 
agrava com os movimentos ou pequenos esforços. 
Acompanha-se de sudorese, palidez, angústia e 
sensação de morte iminente. 
■ Fatores desencadeantes ou agravantes. A dor 
da angina de peito ocorre quase invariavelmente 
após esforço físico, mas pode ser desencadeada por 
todas as condições que aumentam o trabalho 
cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio ou 
após refeição copiosa. 
• No infarto agudo do miocárdio, a dor costuma 
ter início com o paciente em repouso. 
■ Fatores atenuantes da dor. O alívio da dor pelo 
repouso é uma das características fundamentais da 
angina de peito. O uso de vasodilatadores 
coronários também faz a dor desaparecer. É muito 
importante o tempo que a dor leva para desaparecer 
após uso de nitrato sublingual. 
• Na angina de peito, a dor desaparece 3 ou 4 
minutos após; se levar maior tempo (5 ou 10 
minutos), provavelmente não se trata de angina 
clássica, podendo ser angina instável. A dor da 
pericardite aguda pode ser amenizada ou cessar 
quando o paciente inclina o tórax para frente ou o 
comprime com um travesseiro. 
■ Sintomas concomitantes. Precordialgia intensa, 
acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, 
sugere infarto agudo do miocárdio. 
 
 
♦Dispneia. A dispneia é um dos sintomas mais 
importantes dos pacientes com cardiopatia e 
significa a sensação consciente e desagradável do 
ato de respirar. Semiologicamente, apresenta-se 
de duas maneiras: uma subjetiva, que é a 
dificuldade respiratória sentida pelo paciente, e 
outra objetiva, que se evidencia pela aceleração dos 
movimentos respiratórios (taquipneia) e pela 
participação ativa da musculatura acessória da 
respiração (músculos do pescoço na inspiração e 
músculos abdominais na expiração). 
► A dispneia em paciente com uma cardiopatia 
indica congestão pulmonar. Mas, é necessário ter 
em mente as principais causas de dispneia para que 
seja feito o diagnóstico diferencial a partir de suas 
características semiológicas. 
Os dados anamnésicos possibilitam reconhecer os 
seguintes tipos de dispneia: dispneia de esforço, 
dispneia de decúbito (ortopneia), dispneia 
paroxística noturna e dispneia periódica ou de 
CheyneStokes. 
♦A dispneia de esforço é o tipo mais comum na 
insuficiência ventricular esquerda; aparece quando 
o paciente executa esforço físico, sendo 
classificada em dispneia aos grandes, médios e 
pequenos esforços. A diferença fundamental entre 
a dispneia de esforço de uma pessoa normal e a de 
um cardiopata está no grau de atividade física 
necessáriopara produzir a dificuldade respiratória. 
Assim, quando um cardiopata relata dispneia aos 
grandes esforços, significa que passou a ter 
dificuldade respiratória ao executar uma atividade 
que anteriormente realizava sem qualquer 
desconforto. A dispneia aos médios esforços surge 
durante a realização de exercícios físicos de 
intensidade mediana, tais como andar em local 
plano a passo normal ou subir alguns degraus, 
mesmo devagar. A dispneia aos pequenos esforços 
ocorre durante a prática de exercícios físicos de 
pequena magnitude, como tomar banho, trocar de 
roupa, mudar de posição na cama. Às vezes, a 
dispneia aparece mesmo sem o indivíduo realizar 
exercícios físicos, bastando para desencadeá-la 
apenas o ato de falar. 
‼A evolução da dispneia de esforço da 
insuficiência ventricular esquerda caracteriza-se 
Classificação da Dor Torácica: 
1 – Como começou a dor? Esforço 
2 – O que melhora essa dor? Ex: nitrato/repouso 
3 – Frequência/quanto tempo dura essa dor? Ex: até 10 min 
 
♦Dor típica de angina – atende a esses 3 critérios (começa 
durante esforço; melhora em repouso; curta duração) 
♦Dor não típica – atende a apenas 2 critérios. 
♦Dor não anginosa – atende a apenas 1 critério. 
 
Causas de dispneia. 
-Obstrução das vias respiratórias superiores; 
-Deformidade torácica (escoliose, cifoescoliose); 
-Lesões traumáticas da parede do tórax; 
-Bronquites; - Asma brônquica; -Enfisema pulmonar; - 
Pneumonias; - Pneumoconiose; -Micose pulmonar; -Fibrose 
pulmonar; - Neoplasias broncopulmonares; -Embolia e infarto 
pulmonar; -Derrame pleural; -Atelectasia; -Pneumotórax; -
Tumores do mediastino; -Estenose mitral; -Insuficiência 
ventricular esquerda; -Anemia; -Obesidade Ansiedade 
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por ser de rápida progressão, passando dos 
grandes aos pequenos esforços em curto período de 
tempo. Este tipo de evolução a diferencia da 
dispneia que ocorre nas enfermidades 
pulmonares e nas anemias, condições em que a 
dispneia agrava-se lentamente ou é estacionária. 
♦A dispneia de decúbito surge quando o 
paciente se põe na posição deitada. Para minorá-la, 
o paciente eleva a cabeça e o tórax, usando dois ou 
mais travesseiros; às vezes, inconscientemente, 
adota a posição semissentada ao dormir. Em fase 
mais avançada, quando a dispneia se torna muito 
intensa, o paciente é forçado a sentarse na beira do 
leito (ortopneia), com as pernas para fora, quase 
sempre fletindo a cabeça para frente e segurando 
com as mãos as bordas do colchão, para ajudar o 
trabalho da musculatura acessória da respiração. 
Este tipo de dispneia aparece tão logo o paciente se 
deita, o que a diferencia da dispneia paroxística 
noturna. 
♦A dispneia paroxística ocorre com mais 
frequência à noite, justificando, por isso, a 
denominação de “dispneia paroxística noturna”. 
Sua característica principal consiste no fato de o 
paciente acordar com intensa dispneia, a qual se 
acompanha de sufocação, tosse seca e opressão 
torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira do 
leito ou levantar-se da cama. Durante a crise 
dispneica, pode haver broncospasmo, responsável 
pelo aparecimento de sibilos, cuja causa provável é 
a congestão da mucosa brônquica. Nessas 
condições, costuma ser chamada de asma cardíaca. 
Ao examinar o paciente durante a crise dispneica, 
nota-se pele fria e pálida, às vezes cianótica, tórax 
expandido, sudorese e taquicardia. Nas crises mais 
graves de dispneia paroxística noturna, além da 
intensa dispneia, há também tosse com 
expectoração espumosa – branca ou rosada –, 
cianose, respiração ruidosa pela ocorrência de 
sibilos e estertores. Este conjunto de sintomas e 
sinais caracteriza o edema agudo do pulmão. 
♦A dispneia periódica ou de CheyneStokes 
caracteriza-se por períodos de apneia, seguidos de 
movimentos respiratórios, superficiais a princípio, 
mas que se tornam cada vez mais profundos, até 
chegar a um máximo; depois, diminuem 
paulatinamente de amplitude até uma nova fase de 
apneia, após o que se repetem os mesmos 
fenômenos. As pausas de apneia têm duração 
variável de 15 a 30 segundos, podendo alcançar até 
60 segundos. Quando isso acontece, o enfermo 
apresenta-se em estado de torpor, sonolento ou 
inconsciente, as pupilas se contraem (miose), 
podendo aparecer cianose ao término da fase de 
apneia. A dispneia periódica surge de preferência 
nos portadores de enfermidades cardiovasculares, 
destacando-se hipertensão arterial, insuficiência 
ventricular esquerda e doença arterial 
coronariana, mas aparece, também, em pacientes 
com afecções do tronco cerebroespinal, 
hipertensão intracraniana, hemorragia 
cerebral, uremia, intoxicação por barbitúricos 
ou morfina. Crianças sadias e pessoas idosas 
podem apresentar, durante o sono, este tipo de 
respiração. 
 
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