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Resenha do Debate Nome: Beatriz Pimentel Pinto Egrejas de Melo Artigos do Debate: 1) Estereótipos e estigmas de obesos em propagandas com apelos de humor 2) A corporeidade feminina na publicidade: algumas reflexões sobre representações normativas 1. Panorama geral do assunto Comunicação organizacional interna (colaboradores, investidores, fornecedores, terceirizados) e externa (consumidores, concorrentes, mídia, governo, sociedade em geral). Interna: construir imagem da organização, promover consenso, transparência do que ocorre na organização – as pessoas confiam mais, gerar mais acessibilidade de contato entre os colaboradores e gerentes para que a comunicação flua melhor gerando mais motivação. Parte formal (relatórios, organogramas etc.) e parte informal (gestores precisam ter a sensibilidade de escutar e perceber o que está acontecendo dentro da organização). Para ter uma boa comunicação é necessário saber ouvir. Externa: não só voltada para o público-alvo da empresa. Amplo espectro de público. Tem que ter coerência, não pode falar algo para os colaboradores e outra para o público externo. Comunicação mercadológica (mercado, construir marca, venda, promoções) e comunicação institucional (construir uma imagem institucional da empresa). Divulgação de uma vaga (oportunidade de trabalho), por exemplo, faz parte da comunicação externa da empresa. Assim como a comunicação interna, a externa também precisa ter um bom planejamento, alinhamento com a estratégia da empresa, saber escutar o movimento que está acontecendo na sociedade e não somente o seu público-alvo e se posicionar, saber escolher bem os canais de comunicação. Artigo 1: Retrata a estigmatização do corpo gordo como o “não ideal” e constantemente associado a obrigação dessas pessoas desempenharem papéis de proporcionar risadas, além do preconceito que esse humor disfarça. A constância que existe em pessoas com corpos diferentes dos padrões midiáticos não serem consideradas aptas para diversos trabalhos. Realizaram um estudo sobre como essas pessoas gordas ou obesas são vistas pelos espectadores das propagandas que elas participam e analisa se o posicionamento das empresas com essas propagandas reforça os estereótipos e estigmas ou se o uso do humor as isenta de ser politicamente corretas. Artigo 2: Fez-se um ensaio a respeito da representação do corpo feminino na publicidade. O quanto as mulheres atualmente buscam pela perfeição através de 3 pilares impostos socialmente: beleza, magreza e juventude. O quanto a mídia explora essa idealização da mulher perfeita e padronizada. Cita a relação entre popularidade e a beleza física, os recursos recorridos atualmente, como por exemplo grande investimento em produtos cosméticos, idas a academias, intervenções por cirurgias estéticas. O artigo conclui que, em geral, as marcas optam por utilizar em suas publicidades mulheres com corpo considerado padrão. As marcas que optam por algo diferente são casos pontuais. 2. Resumo das questões debatidas Inicialmente foi feito uma introdução sobre o tema, a relação da comunicação externa das empresas e o reforço de estereótipos e os efeitos disso na sociedade. Foi levantado em seguida a questão de ser muito associado, nas novelas, por exemplo, pessoas nordestinas e negras a empregadas domésticas e porteiros (funções consideradas inferiores). O que trouxe uma reflexão a respeito de quando, em filmes, novelas, séries, retratam pessoas com estereótipos considerados inferiores pela sociedade em um cargo ou situação de sucesso sempre há uma busca para contextualizar e mostrar como isso ocorreu, a luta necessária por trás, e quando esse percurso não é mostrado (é tratado com normalidade) tende a causar estranhamento no espectador. Depois uma aluna contou que lembrou do ator Leandro Hassum ao ler um dos artigos pois foi divulgado na mídia que ele perdeu diversos contratos depois de emagrecer, o que reforça o estereótipo de que gordos são engraçados. Foi lembrado pela professora a relação entre heurísticas e o processo decisório, que tem muito a ver com a criação de estereótipos e o quanto essa categorização estigmatizada pode atrapalhar no processo de decisão, mas também o quanto isso é natural e preciso por sermos seres de capacidade cognitiva limitada. Em seguida citou Kotler e a relação que ações publicitárias atingem a sociedade como um todo e não somente o seu público-alvo. E foi questionada a nossa opinião a respeito de como a gente acha que o público-alvo quer ser retratado, se essa estigmatização parece uma boa ideia. Foi levantada a questão de poucas marcas utilizarem pessoas com corpos diferentes do considerado padrão, e que há uma mudança em relação a esse padrão estético, porém ainda pequena e lenta. Foi refletida a mudança, por exemplo, comparada às propagandas da Itaipava que é muito considerada machista e sexista, e levantada a questão relatada nos artigos sobre a questão de estereótipos atingir muito mais as mulheres que os homens. Um outro aluno citou a estratégia de empresas de fazerem estudos comparativos de propagandas para concluir qual funciona mais e em sua experiencia em uma rede de academias que trabalhou foi concluído que as publicidades que tinham maior retorno dos espectadores eram imagens de corpos considerados “atraentes”, porém alcançáveis, e não extremos. Além disso, expôs que imagens de mulheres malhando vendem mais que de homens. Disse ainda que na opinião dele a empresa não tinha intenção de valorizar ou desvalorizar nenhum corpo, era apenas estratégico e pensando em números. Um outro aluno concordou que os homens sofrem menos impactos com essa questão estética, pois já se viram mais vezes retratados em publicidades, novelas, filmes, como gordos, careca, sempre tinham todos os tipos de homens retratados enquanto as mulheres seguem um padrão. Sobre as marcas, disse que ainda não viu grandes marcas de posicionarem, e vê mais marcas pequenas tendo esse posicionamento que foge do padrão, e a relação entre pequenas marcas conseguirem atingir grandes públicos específicos devido as possibilidades que a internet trouxe. Levantou a questão de “algoritmos”, que são automáticos e geram valores de acordo com o tempo que as pessoas gastam em determinada propaganda. Mas que devem ser interpretados por pessoas. Em seguida a professora relatou sua experiência em marketing na qual as pessoas normalmente não querem ser retratadas “feias” nas propagandas, e que entra no dilema vida real vs desejo. E a reflexão de até que ponto esse desejo é de fato nosso ou se é devido a algo que a cultura social nos impôs. Foi levantada a questão também do uso de filtros e manipulações de fotos, o que vem sendo cada vez mais normalizado e popularizado, devido a essa imposição de corpo perfeito e vida maravilhosa. A relação do padrão estético com o questionamento moral das pessoas. A respeito da diferença entre as cobranças feitas a homens e mulheres, a professora citou uma pesquisa da antropóloga Mirian Goldenberg em que era questionado o que a pessoa mais invejava do sexo oposto. A maioria das mulheres respondeu que seria a liberdade. Já os homens responderam que nada, mostrando a superioridade que a sociedade impõe na cultura. Citou ainda que elogios feitos as crianças já mostram essa diferença na cultura, que meninas são elogiadas pela aparência, enquanto meninos são elogiados por pontos de personalidade. Esses estereótipos acontecem com diversos grupos, não somente com mulheres e obesos, mas também com idosos, etnias, deficiências, dentre outros. Por fim foi citado o estudo sobre o corpo como capital do sociólogo Bourdieu e uma outra pesquisa sobre os resultados quantitativos de publicidades que ofendem um grupo de pessoas e a importância da comunicação organizacional na sociedade. E foi recomendado assistir o vídeo da palestra da Chimamanda Ngozi Adichie sobre estereótipos. 3. Sua análise crítica Infelizmente é muito comum na sociedade atribuirmuito poder ao corpo. Relação com o artigo: série Brooklyn 99: dois personagens gordos na delegacia são retratados inicialmente como lesados e incompetentes, só querem saber de comer e não fazem nada. Ninguém entende o porquê de eles estarem ali. Posteriormente um outro personagem os trata diretamente como incapazes e eles mostram que são sim capazes de resolver crimes e que eles fazem jus a profissão de detetive, porém são preguiçosos e por isso desempenham papel de idiotas. Ou seja, inicialmente os gordos são retratados como idiotas, depois é mostrado que não, apenas preguiçosos. O que são estigmas e preconceitos mundialmente comuns praticados às pessoas acima do peso. Assim como fala no artigo: “destacou que as pessoas com excesso de peso são caracterizadas como preguiçosas, desleixadas, indisciplinadas, não confiáveis, insalubres, atrapalhadas (sem cuidado), inseguras, mas, alegres (extrovertidas). Relacionando essas características à lógica do mercado, estas são pouco associadas com o sucesso no trabalho, capacidade e competência (BELLIZZI; HASTY, 1998).” Pg 307 Ambos os artigos citam o fato que as mulheres são mais atingidas que os homens quanto à cobrança do corpo ideal. E historicamente a mulher sempre teve que se impor e provar que merece aquele lugar e/ou tem direito a tal feito, como votar e trabalhar fora de casa, por exemplo. Pode-se refletir acerca de homens que buscam cuidar da aparência serem constantemente ridicularizados e associados a homossexualidade. Hoje em dia isso vem aos poucos sendo mais aceito pela sociedade (observamos o quão novo isso é pela origem do termo metrossexual que só foi criado na década de 90), entretanto esse cuidado com a aparência pelos homens é algo opcional, isto é, algo que eles buscam por interesse próprio e não por pressão da sociedade, como é o caso das mulheres. A colocação do aluno a respeito da estratégia ser apenas comercial e não com intenção de valorizar/desvalorizar corpos entra na questão levantada sobre posicionamento e coerência que são necessários na comunicação organizacional. Atualmente há uma maior cobrança, correta, na minha opinião, sobre posicionamentos politicamente corretos, que tem a intenção justamente de evitar preconceitos gerados por estigmas criados ao longo dos anos. É muito mais valorizado pela população empresas que deixem um pouco de lado a questão financeira para se posicionar com o que concorda/discorda, como por exemplo o caso citado da Natura que não só criou uma propaganda de dia dos pais com o Thammy Gretchen como se posicionou e o defendeu, mantendo sua coerência, mesmo depois de tantos ataques. 4. Conclusões Por mais que esteja tendo mais cobranças e mais posicionamentos em busca da igualdade e procura por extinção de preconceitos e estereótipos, percebe-se que essa mudança ainda é muito lenta, porém qualquer passo nessa direção é muito importante, uma vez que mexe com a vida e saúde de muitas pessoas. Sobre as ações publicitárias é importante que elas sejam feitas de forma a evitar isso e não para reforçar isso na sociedade. E no artigo sobre obesidade podemos perceber que os participantes dos estudos conseguiram perceber que as propagandas exibidas eram feitas em cima dos estereótipos de pessoas gordas, perceberam o quanto utilizaram essas pessoas de forma depreciativa, mas isso só foi percebido pois sabiam que estavam em um estudo e ainda viram uma sequência de propagandas nesse estilo. No cotidiano, essas propagandas são exibidas e expostas de forma mais natural, isto é, em meio a outras propagandas de estilos diferentes, logo tem maior poder de serem absorvidas sem que as pessoas reflitam os absurdos por detrás daquela propaganda. O que torna muito maior a responsabilidade das empresas na hora de desenvolverem ações baseadas em estereótipos e estigmas que segregam e menosprezam determinada parcela da sociedade.
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