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07 - Diabetes Mellitus na gestação 1 07 - Diabetes Mellitus na gestação DM: Conjunto de distúrbios endócrinos caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência de insulina, que pode ser devido a uma produção pancreática reduzida, inadequação da liberação e/ou resistência periférica à insulina (receptor de insulina na célula não desempenha sua função) Diabetes Mellitus Gestacional: → Caracteriza-se por hiperglicemia, inicialmente detectada em qualquer momento da gravidez. → Deve ser categorizada e diferenciada do Diabetes Mellitus diagnosticado na gestação (DM) DMG: Mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM. DM diagnosticado na gestação: Mulher sem diagnóstico prévio, com hiperglicemia detectada na gestação e com níveis glicêmicos que atingem os critérios diagnósticos para a DM fora da gestação. Prevalência de DMG: 07 - Diabetes Mellitus na gestação 2 → 3 a 25% das gestações, a depender do grupo avaliado No Brasil: 18% Condições que predispõem o DMG: 1ª metade da gestação: → O Anabolismo intenso leva a menores chances do desenvolvimento do DMG. → Estrogênio e progesterona promovem hiperplasia das células beta-pancreáticas, o que eleva os níveis de insulina Final do 2º trimestre: → Catabolismo intenso pela ação de hormônios antagônicos à insulina leva a uma menor eficácia da mesma Hormônios antagônicos à insulina: ♦ Progesterona, estrogênio, cortisol, prolactina e HPL → Resistência periférica tecidual à ação da insulina. HPL: Eleva a glicogenólise, levando à destruição de insulina na placenta Cortisol: Aumenta a gliconeogênese, levando à destruição da insulina no fígado Glucagon: Aumenta a glicogenólise e a gliconeogenese Resultado do conjunto de hormônios: → Hiperglicemia e hiperinsulinemia Consequências da condição de catabolismo na gestação: Gestantes normais: Há aumento da glicemia e aumento da insulina, porém os níveis glicêmicos são normais para a gravides Gestantes com Fator de Risco: Podem desenvolver o DMG Gestantes com Diabetes pré-gestacional: Podem ter agravamento do quadro 07 - Diabetes Mellitus na gestação 3 Rastreamento de diagnóstico: 1 - Glicemia de jejum 2 - Teste oral de tolerância À glicose (TOTG ou TTG 75g - 2h) Dosagem da glicose plasmática em jejum e 2h após a ingestão de 75g de glicose → O TOTG deve ser precedido por dieta sem restrição de carboidratos ou com, no mínimo, ingestão de 150g de carboidratos nos 3 dias anteriores ao teste, com jejum de 8 horas. Diagnóstico: DMG: Glicemia em jejum (Gestantes com < 20 semanas) DMG: 92 a 125mg/dL Normal: < 92mg/dL TOTG 75g de glicose (Gestantes com > ou igual a 20 semanas) Diagnóstico: 07 - Diabetes Mellitus na gestação 4 DM - Diabetes Miellitus na Gravides (Overt Diabetes), diagnosticado na gestação: Glicemia de jejum: gestantes com < 20 semanas. DM: > 126mg/dL TOTG 75g de glicose: Gestantes com > 20 semanas Fatores de risco para DMG: American Diabetes Association - ADA (2010): → Idade igual ou superior a 25 anos (Manual de Gestação de Alto Risco). → IMC > 25kgm² (sobrepeso e obesidade) → Antecedente pessoal de alteração no metabolismo de glicose → Antecedente familiar de diabetes mellitus (parente de primeiro grau). → Antecedentes obstétricos: Perdas gestacionais de repetição, diabetes gestacional, macrossomia, polidramnio, óbito fetal/neonatal sem causa determinada, má formação fetal, hipoglicemia neonatal e síndrome do desconforto respiratório. Sociedade Brasileira de Diabetes: → Gravidez atual: Ganho excessivo de peso materno, macrossomia fetal (circunferência abdominal fetal > P 75 entre 29 e 36 semanas) e polidramnio. → Uso de fármacos hiperglicemiantes (corticosteroides, diuréticos, tiazídicos) 07 - Diabetes Mellitus na gestação 5 → Síndrome dos ovários policísticos (associada com maior resistência periférica à ação da insulina). → Síndrome metabólica: Dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica. Influência da DMG sobre a gestação Repercussões na mãe → Maiores chances de distúrbios hipertensivos, polidramnio, infecções urinárias, abortamento, parto prematuro, parto cirúrgico, risco de desenvolver DM tipo 2. Repercussões para o concepto: → Macrossomia (a hiperglicemia fetal promove a hiperinsulinemia fetal, que é fator de crescimento) → Obesidade futura, sofrimento fetal durante o parto, óbito fetal, complicações pulmonares, hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, má formação congênita, maior chance de desenvolver DM, menor QI. Tratamento da DMG: Recomenda-se o tratamento não farmacológico, por meio de terapia nutricional, monitoramento glicêmico por glicemia capilar pré e pós prandial (antes de cada refeição e 2h após) e atividade física → Atividade física: Conforme orientação profissional, melhora o aproveitamento da glicose pelas células e o consumo de glicose pelo músculo retira 75% da glicose sanguínea. Cuidado nutricional: Objetivo: Garantir energia e nutrientes para a nutrição materna e fetal, favorecer o ganho ponderal recomendado e atingir as metas glicêmicas. Princípios: Avaliação antropométrica e dietética e planejamento dietético. → Considerar a avaliação do perfil antropométrico da gestante, dos seus hábitos alimentares, da acessibilidade aos alimentos, de características alimentares regionais, das suas condições clínicas, socioeconômicas e culturais. Cerca de 60-70% das mulheres com DMG conseguem controlar a glicemia pela adesão à dieta e às atividades físicas. 07 - Diabetes Mellitus na gestação 6 Planejamento alimentar: Necessidade energética (VET ou EER): Deve garantir o ganho de peso recomendado Carboidrato: 40 - 55% da dieta, sendo mínimo de 175g/dia Adotar o menor percentual (40%) e < 5% de sacarose Estimular o consumo de fibras: 28g/dia ou 14g/1000kcal Proteína: 15 - 20% (1,1g/kg de peso) Lipídeos: 30 - 40% → Gordura saturada: ,; 6% do VET → Colesterol: < 300mg/dia → Evitar gorduras trans → Mínimo de 2 porções de peixes/dia → Fracionar as refeições em pelo menos 3 refeições e 2 a 3 lances saudáveis por dia, evitando intervalos maiores de três horas Objetivo: Evitar picos de glicose Glicemia de jejum > 105 mg/dL e pós-prandial (2h) > 120 mg/dL estão associadas à maior morbidade neonatal Evitar os alimentos contendo sacarose, glicose, mel, xarope de glicose e frutose (como edulcorante). Orientar o uso de óleos vegetais em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos. Estimular o uso de temperos naturais Limitar o uso de sal de adição a, no máximo, 5g ao dia, distribuídas em todas as refeições. Estimular o consumo de sementes adicionadas em frutas ou iogurtes. Fornecer energia e nutrientes suficientes para a demanda gestacional Incluir alimentos integrais ricos em fibras 07 - Diabetes Mellitus na gestação 7 Atenção para a oferta de: K, Mg, Zn e Cr - a deficiência pode agravar a hiperglicemia. Ajustar planejamento alimentar de acordo com o controle glicêmico. Utilizar alimentos de baixo índice glicêmico favorece o controle da glicemia pós- prandial e de jejum, melhora o perfil lipídico e reduz a necessidade de insulina. → Índice glicêmico dos alimentos - Percentagem de aumento da glicemia após a ingestão de 25g do alimento comparado com a ingestão de 25g de glicose. Aponta a velocidade com que o alimento ingerido aumenta a glicemia, evidenciada pela curva glicêmica. Índice Glicêmico: ALTO - Maior que 85 MODERADO - entre 60 e 85 BAIXO - Menor que 60 07 - Diabetes Mellitus na gestação 8 Métodos de orientação dietética comumente adotados na prática clínica 1. Tradicional - o VET da dieta é calculado e dividido ao longo do dia pelas refeições Distribuição energética por refeição (ADA, 1995; 2008): Desjejum - 10 a 15% Lanche da manhã - 5 a 10% Almoço - 20 a 30% Lanche da tarde: 10 a 15% Jantar: 20 a 30% Ceia: 5 a 10% - prevenção de cetose noturna Alimentos de acordo como índice glicêmico, segundo análises 07 - Diabetes Mellitus na gestação 9 Ceia: Refeição importante para a prevenção de episódios de hiperglicemia naquelas que fazem o uso de insulina à noite e deve conter 25g de carboidratos, além de proteínas e lipídios. Contagem de carboidratos (ADA, 2019; SBD,2016) → A quantidade total de carboidratos da dieta é calculada e dividida ao longo do dia pelas refeições. Os gramas de carboidratos consumidos nas refeições são contabilizados. Controle de insulinoterapia: Relação unidades de insulina/g de CHO. Tabela de alimentos equivalentes: Informa a porção/quantidade de cada 1 equivalente/substituto = aprox. 15g de carboidratos (8 a 22g) Ex: 4 Cs rasas de arroz = 2 Cs de feijão = 1 caqui pequeno = 8 a 22g de CHO Controle do uso de Edulcorantes: → Após duas semanas de dieta, se os níveis glicêmicos permanecerem elevados, deve-se iniciar o tratamento farmacológico. Insulina (primeira escolha) ou hipoglicemiante oral (se aprovado para uso no período gestacional) Limites diários de edulcorantes, recomendados pela OMS e aceitos pela ANVISA (SBD, 2019) → Aspartame não deve ser usado por mulheres com fenilcetonúria 07 - Diabetes Mellitus na gestação 10 Situações nas quais o uso de hipoglicemiante oral poderia ser considerado: → Falta de adesão da paciente ao uso de insulina → Não acessibilidade à insulina → Dificuldade na autoadministração de insulina → Estresse para a paciente em níveis exacerbados decorrentes uso de insulina e que determina restrição alimentar não corrigida mesmo após orientação adequada → Necessidade de altas doses diárias de insulina (>100 UI) sem resposta adequada no controle glicêmico e ganho de peso excessivo em uso de insulina Hipoglicemiantes orais: Atuam de diferentes formas - estimulando a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas, retardando a absorção intestinal de glicose, diminuindo a resistência insulinica (aumenta a sensibilidade da célula à insulina) Uso na gestação, de acordo com American Diabates Association Standards of Medical Care in Diabetes - 2017 Metformina: Estudos mostram eficácia e segurança a curto prazo, porém não há dados que sustentem a segurança a longo prazo Gliburida (glibenclamida): Maiores riscos de hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno, maior ganho de peso neonatal e macrossomia. → A gliburida não é recomendada durante a gestação Ajustes na terapia farmacológica: São necessários devido às mudanças fisiológicas ao longo da gestação. são feitas a cada 15 dias até a 30ª semana e depois semanalmente. Pós-parto: Avaliação da glicemia por TOTG 75 a partir de 6 semanas após o parto →Cerca de 40% das mulheres que apresentam diagnóstico de diabetes gestacional se tornarão diabéticas em até 10 anos após o parto ou ja tornam-se diabéticas após a gestação vigente. → Necessidade de avaliar a glicemia de jejum pelo menos 1 vez/ano em toda a vida → Estimular o aleitamento materno, pois ele ajuda no controle da glicemia 07 - Diabetes Mellitus na gestação 11 → Monitorar a glicemia no pós-parto - A maioria das diabéticas com uso de insulina na gestação não requer uso do medicamento após o parto
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