Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RELAXANTE MUSCULAR DE AÇÃO CENTRAL ÉTER GLICERIL-GUAIACOL -Meia vida de 20 a 25 minutos; -Biotransformação hepática (glicuronídeo) → cuidado em hepatopatas, que tem dificuldade de metabolização; -Excreção renal; -Dose letal: 3 vezes a dose terapêutica: tomar muito cuidado com a dose pois conseguimos intoxicar muito facilmente. Dependendo do tempo de uso do fármaco podem provocar intoxicação. Precisamos fazer associações para evitar sobredoses e intoxicações. Utilização: -Relaxante muscular excelente, mas que não promove anestesia geral. -Só com EGG usado IV o animal já cai, sendo que os cavalos e bovinos entram em decúbito após sua aplicação. -Podemos usar em casos de tétano, intoxicação com estricnina (onde tem espasticidade muscular), miosites (diminui a contração muscular e a dor), entorse ou estiramento de ligamentos, e como relaxante muscular na anestesia. -A dor muscular é melhorada quando provocamos relaxamento muscular. -De uma maneira geral usamos na indução ou manutenção da anestesia associada a outros fármacos em grandes animais. -Mecanismo de ação: inibição ou bloqueio de interneurônios em SNC, em medula espinhal, tronco cerebral e regiões subcorticais do encéfalo responsáveis pela contração muscular. -Dose: 50-100mg/Kg/IV -Via de uso exclusivamente intravenoso, se extravasar para SC e IM pode provocar necrose. -Sempre conferir se o acesso venoso está na veia ou não. -EGG PPU → vendido comercial diluído em frasco de 500 mL de soro, já está pronto para ser usado. -O outro EGG vem em pó liofilizado que diluímos em glicose 5% ou solução fisiológica, esquentando e fornecendo de maneira estéril IV. Seu inconveniente é a manipulação, devendo tomar cuidado com a contaminação. -Efeitos tóxicos: violentos espasmos, movimentos espásticos musculares, hemólise IV (um dos principais observados em casos de sobredoses, tendo urina de coloração escura). -Pode ter hipotensão, respiração apnêustica, sendo que o EGG não promove a paralisia do diafragma, mas se fornecer dose mais alta tem parada respiratória. -Paciente que recebeu detomidina (10 mg/Kg), com abaixamento de cabeça e relaxamento e vai ser induzido para a anestesia com EGG. Usamos solução heparinizada para conferir se o acesso está na veia ou não. Abaixamos o equipo do soro para conferir se está na veia, pois pela gravidade começa a voltar sangue. Usamos quantidade X de EGG, paramos, e depois usamos cetamina e midazolam. Depois continuamos EGG. O EGG promove indução suave, queremos evitar que ele tenha excitação e suas consequências. -A cetamina é o agente anestésico e usamos benzodiazepínicos para potencializar o efeito relaxante muscular. -Após entrar em plano anestésico colocamos o animal em decúbito lateral. O EGG promove bom relaxamento para promover intubação orotraqueal, pois mesmo fazendo midazolam acaba sendo difícil. Fazemos compressão torácica para ver se está intubado e inflamos o CUFF. Após isso levamos o cavalo para o centro cirúrgico. Suspendemos o cavalo na talha para levá-lo para a mesa cirúrgica. -Vídeo da única empresa que fornece o EGG diluído, em que usam somente esse medicamento e em quantidade bem maior. Fazemos tricotomia e antissepsia para canular o animal e fazer a MPA IM. O EGG vem diluído e em equipo para ser administrado. -Podemos fazer procedimentos de curta duração. Se não mantiver o paciente em infusão contínua, o cavalo levanta em 20 minutos. -Limite de tempo de 1 hora e meia ou 2 horas estourando de realização de infusão contínua em equinos, tomando cuidado com tempo cirúrgico. -Podemos fazer a gota tripla (triple drip) que é xilazina 2,5 mg/Kg, EGG 50 mg/Kg e cetamina 5 mg/Kg, fazendo de 1 a 2 mL/Kg/Hora ou fazendo dose efeito e observando os planos e estágios de Guedel. Não conseguimos usar muito bem os planos de Guedel pois estamos usando cetamina, mas conseguimos observar relaxamento muscular, nistagmo, lacrimejamento (superficialização), pressão arterial, frequência respiratória. Pode ser feito à campo também. -Em bovinos, que são muito sensíveis aos alfa dois agonistas, e devido a isso nós não usamos xilazina, pois se não ele demora muito tempo para levantar (um dia ou dois). Só usamos EGG e cetamina. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES -São relaxantes neuromusculares de ação periférica, atuando em musculatura esquelética da periferia, em que seu uso pode facilitar a intubação orotraqueal. Em pacientes críticos que não quero aprofundar na anestesia podemos usar esse medicamento. -Redução do tônus musculoesquelético em planos anestésicos superficiais, quando queremos manter o paciente superficializado. Devemos avaliar se o paciente sente dor ou não, pois mesmo sentindo dor o paciente não consegue se movimentar. -Para prevenção da movimentação em cirurgias delicadas, em casos de animais que nós queremos fazer uma anestesia leve, mas sempre lembrando que o paciente não se move mas o paciente está consciente, e que o medicamento não é analgésico, e está sentindo dor. MECANISMO DE AÇÃO DOS BQNM -Os fármacos agem na placa motora, que é uma terminação nervosa que está chegando ao músculo. Eles agem impedindo a transmissão do impulso nervoso, e a onda de despolarização nervosa não gera despolarização do músculo, tendo efeito de relaxamento muscular. -Temos a medula espinhal e inervação periférica com fibras aferentes que captam sinais e enviam ao SNC. A via eferente/motora é pelas vias medulares ventrais, enquanto as sensitivas/aferentes são dorsais. A placa nervosa capta grande área muscular. Uma terminação nervosa pode movimentar todo o músculo. -Ocorre uma onda de despolarização, o potencial elétrico passa até a terminação nervosa. Entra cálcio no botão sináptico, com exocitose e liberação de acetilcolina, que promove a contração muscular ao se ligar em receptores nicotínicos pós sinápticos (canais iônicos que permitem a passagem de íons como cálcio) em terminações nervosas. Tem despolarização, reconhecida pelos túbulos T que reconhecem e estimulam o influxo de cálcio das miofibrilas para dentro dos sarcômeros, tendo o deslizamento entre filamentos protéicos de actina e miosina, provocando a contração muscular. 1 neurônio pode contrair todo um músculo, devido sua grande liberação de acetilcolina com terminação nervosa alargada. -Os indígenas que descobriram o curare, que é essa planta da imagem acima. Tem um princípio ativo que é a tubocurarina, que tem o poder de paralisar a caça. Os índios amassavam a planta e a colocavam na ponta da flecha e dardos. -Ao usar o curare com a tubocurarina tem paralisia muscular, e os animais morrem por asfixia, devido a uma parada respiratória, pois eles são relaxantes periféricos e relaxam toda a musculatura periférica, podendo relaxar muscular respiratória e provocar apneia e morte por parada cardiorrespiratória. -A ACH não consegue se ligar ao receptor nicotínico, pois a tubocurarina antagoniza o receptor e tem relaxamento muscular. -Temos dois tipos de BNM: 1) Competitivos não despolarizantes: competem pelo mesmo receptor e não deixam despolarizar a fibra muscular. 2) Despolarizantes não competitivos: despolarização sustentada da placa motora na fibra muscular. Não são fármacos competitivos. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES COMPETITIVOS -São os bloqueadores neuromusculares mais usados. -Ação curta (min) 34 min ● Trietiodeto de galamina (15-30) ● Brometo de vecurônio (8-30) -Ação intermediária (min) ● Brometo de pancurônio (20-30) ● Dibesilato de atracúrio (25-40) ● Brometo de rocurônio (30-40) Mais usados dentro dessa classe. -Ação prolongada (min) ● Cloreto de alcurônio (50-70) -O fármaco se liga aos receptores nicotínicos na membrana pós sináptica, não ocorrendo abertura de canal iônico e não tem entrada de sódio na fibra muscular e nem contração. O fármaco compete pelo mesmo receptor e não deixa a ACH se ligar e impede a contração muscular, provocando relaxamento muscular. Seu tempo depende se ele é de ação curta, intermediária ou prolongada.-Bloqueiam o músculo de ordem crescente: menor → maior -Não atravessam a BHE, então os pacientes ficam totalmente conscientes mas não conseguem se mexer, nem realizar o movimento dos olhos. É extremamente importante o cuidado com analgesia e nível de consciência. Tem relatos de pacientes humanos que acordaram no transoperatório, não se mexiam e sentiam tudo, provocando sequelas gravíssimas. -Devemos monitorar constantemente, pois se ele estiver sentindo dor o paciente tem aumento de pressão arterial e frequência cardíaca. Não é um efeito cataléptico, pois nesse estado ele se movimenta alheio ao meio. -Não atravessa o TGI, o que importa pois os índios sabiam disso: eles comiam a caça abatida pelo curare e não morriam, pois não o medicamento não atravessa a barreira gastrointestinal. -Administração por via IV exclusivamente, lembrando que halogenados e dissociativos potencializam os efeitos. -Alguns fármacos dessa classe podem liberar histamina, muito difícil observar no uso de BNM mais usados, como vancurônio, pancurônio e atracúrio. -Efeitos cardiovasculares podem ser observados pela inibição da ação da Ach, mas não é tão observado com fármacos mais usados. -Alguns aminoglicosídeos podem potencializar os efeitos indesejados dos bloqueadores. -Ordem de bloqueio: músculos da face e de cauda → músculos do pescoço → músculos de membro torácico e pélvico de região distal → bloqueio de músculos de membros da região proximal → bloqueio de nervos laríngeos → músculos abdominais → músculos intercostais → diafragma. -A reversão do bloqueio ocorre da maneira oposta, mas independentemente da dose temos bloqueio de diafragma, mas na prática com o uso de pancurônio, podemos ter apnéia e o colocamos em ventilação controlada em procedimentos longos. Mas em cirurgias curtas, como as oculares (facoemulsificação, cirurgia de catarata p.e.) onde introduzem material dentro do olho para sugar opacidade e o globo não pode se mexer de jeito nenhum, podemos fazer uso de BNM até que ele se centraliza (diluir metade da dose e ir aplicando dose efeito) e assim o paciente não entra em apnéia. Precisamos treinar a mão para fazer isso. -Quando usamos esses fármacos, nós temos que reverter seu efeito para que o fármaco não se redistribua no pós operatório e o paciente tenha apnéia em casa. Pode se usar: -Inibidores de acetilcolinesterase (neostigmina), que é a enzima que degrada a acetilcolina na fenda sináptica, que faz com que tenha o aumento de ACH na fenda sináptica e tira o fármaco do receptor nicotínico e promove a contração muscular. -Os efeitos adversos da neostigmina são vistos devido a exacerbação da atividade do Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático, visto que a Ach atua em receptores nicotínicos pré e pós ganglionares. Observamos bradicardia brusca, aumento de contratilidade de TGI, bradipnéia, etc. Mas o que nos preocupa mais é a bradicardia, e usamos anticolinérgico para diminuir os efeitos no músculo cardíaco. Usamos normalmente atropina, pois o glicopirrolato não é tão fácil de encontrar. 10 Minutos antes de aplicar neostigmina usamos atropina. -Começamos com doses baixas de atropina. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES DESPOLARIZANTES/NÃO COMPETITIVOS -O seu mecanismo de ação é dado em duas fases, sendo que a primeira dura de 5 até 30 segundos e a dois dura por todo tempo de ação do fármaco. -Fase 1: Despolarização mantida ou sustentada. Fasciculações são observadas. -Fase 2: -Dessensibilização dos receptores -Ach pode se ligar mas não consegue despolarizar. -Podemos observar as fasciculações após seu uso. -O fármaco se liga em receptores nicotínicos em questões de segundos após sua administração intravenosa e promove a abertura de canais iônicos por alguns segundos, tendo abertura de canais iônicos, com entrada de cálcio e grande onda de despolarização muscular sustentada. Deixa o canal iônico aberto o tempo todo. Ocorre a entrada de sódio e o músculo começa a contrair de forma exagerada por alguns minutos. O Fármaco sai dali mas sensibiliza o receptor, e a Ach pode se ligar, mas ela não consegue abrir mais canais iônicos, devido a dessensibilização do receptor. Temos pelo período de ação dos fármacos o relaxamento muscular, pois o sódio e o cálcio não conseguem mais entrar e a fibra muscular não relaxa. -Temos comercialmente a succinilcolina que é o nome comercial do suxametônio. São fármacos muito usados em intubação orotraqueal em medicina humana, mas não tão usados em medicina veterinária, pois tem ação muito curta. -A intubação nos nossos pacientes é muito mais fácil do que na medicina humana, pois esses ficam com reflexo e se aprofundar muito tem efeitos adversos. A reversão do efeito dos fármacos ocorre de maneira espontânea, e isso é um pró ao seu uso, visto que a colinesterase plasmática consegue degradar rapidamente o fármaco. -Usamos e no tempo de intubar manualmente o paciente já volta a respirar. Efeitos adversos -Observamos bradicardia após aplicação de succinilcolina; -Podemos ter aumento de PIC por causa das fasciculações; -Como ocorre contração muscular exagerada por poucos segundos, pode gerar aumento de PIC, aumento de PIO, não sendo recomendado em casos de trauma intracraniano, pacientes com glaucoma, etc. -Pode ter mialgia (inflamação dos músculos) devido à contração muscular sustentada. -Pode ocorrer hipertermia malígna pelas fasciculações e aumento de contração muscular. A professora nunca usou esse fármaco (succinilcolina) na sua rotina veterinária. -Período de bloqueio: Felinos: de 2 a 3 minutos Caninos: 10 a 20 minutos -Não precisa reverter pois a colinesterase plasmática já degrada o fármaco. Indicações de BNM: -Cirurgia delicada que não pode mexer, como em casos de cirurgias oftálmicas; -Pacientes em risco que nós não queremos aprofundar muito; -Paciente em que queremos colocar em ventilação controlada pois vai ter uma melhor qualidade respiratória, e queremos evitar que ele brigue com o aparelho de anestesia inalatória. Usamos esses fármacos na ventilação controlada dependendo do grau de profundidade anestésica do paciente, se ele estiver muito profundo é tranquilo, mas se estiver leve fica brigando com o aparelho e devemos fazer o uso. Isso em pequenos animais. -Animais de grande porte em que precisamos mantê-lo na ventilação controlada, dificilmente precisamos entrar com BNM, pois ao fornecer oxigênio e respiração mecânica ele já entra em apnéia, diferentemente dos pequenos animais. 03/05/2021 ANESTÉSICOS LOCAIS Uso clínico ● Cirurgia em pacientes conscientes (adjuvantes). ● Analgesia por dessensibilização das fibras aferentes e inibe a sensibilização central (sensibilização secundária). Quando falamos de analgesia é por dessensibilização de fibras aferentes, enquanto que se falarmos de paralisia estamos falando sobre fibras eferentes. Além disso, faz a inibição da sensibilização central, visto que se fazermos bloqueio na região de terminação nervosa que levaria informação para a medula espinhal, não tem o carreamento de informações para o SNC, tendo assim uma inibição da interpretação da dor. ● Efeito antiarrítmico → lidocaína tem efeito IV analgésico e potente poder antiarrítmico em casos de taquiarritmia, como em pacientes com VPCs, e lançamos mão do seu uso para esse fim. ● Efeito antimicrobiano: - Staphylococcus aureus - Escherichia coli - Pseudomonas aeruginosa - Enterococcus faecalis Os anestésicos locais tem efeito antimicrobiano muito bom contra os parasitas listados acima. Podemos usar em animais com peritonite, em que deixamos um dreno no abdome e administramos de maneira frequente no local, promovendo analgesia e auxiliando no combate de bactérias. Além disso, tem outros efeitos: ● Favorecimento de cicatrização USO CLÍNICO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS -Foto: paciente submetido à osteossíntese, de temperamento muito calmo. Foi feito um bloqueio peridural ou epidural, e não foi feito plano anestésico muito profundo. O animal ficava muito quietoe não sentia dor alguma. Na nossa rotina às vezes não conseguimos fazer isso. -Se for uma cirurgia em animal de grande porte, dependendo do caso, podemos fazer a cirurgia no animal em pé. Nos bovinos e equinos podemos lançar mão de bloqueios regionais. -Depende do temperamento do paciente e espécie usada. Se não conseguir manter o paciente acordado para fazer bloqueio, pelo menos conseguimos diminuir muito a CAM fornecida ao paciente. -Quando usamos fármacos diferentes com sinergismo, diminuímos muito a dose dos fármacos, o que ajuda a diminuir a depressão do paciente. Os anestésicos inalatórios provocam depressão e hipotensão. Com uso de analgesia local tem aumento da segurança do procedimento cirúrgico, que se torna estável. Mesmo assim, precisamos monitorar o paciente a cada cinco minutos. Se não induzirmos o paciente e nem intubarmos podemos não conseguir obter todos os parâmetros, mas conseguimos monitorá-lo bem. -Conseguimos ter boa analgesia por dessensibilização de fibras aferentes sensitivas, que levam a informação para o corno dorsal da medula espinhal (que tem fibras sensitivas). HISTÓRIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS ● Nativos dos Andes: folhas de Erythoxylon coca (cocaína) Os anestésicos locais surgiram da cocaína, que foi o primeiro dessa classe a ser descoberto. Era muito usada pelos nativos dos Andes, que viviam em altas altitudes e sofriam muita dor de cabeça e mastigavam a folha da coca que servia como analgésico. Por meio disso foram descobertos os efeitos da lidocaína. Após isso foram 100 anos de auto experimentação em que muitas pessoas morreram devido sua toxicidade ao organismo humano e animal, e também desenvolveram dependência química. ● 1884, Koller demonstrou a cocaína em Congresso de Oftalmologia (dependência). Usou a cocaína como anestésico tópico, e a levou em um congresso de oftalmologia assim. Após uso popular do fármaco tiveram mortes e dependência. ● Einhorn, em 1904, sintetizou a procaína, primeiro fármaco atóxico. Não tinha todas as propriedades tóxicas da cocaína. ● Posteriormente a Tetracaína. ● 1943, Lofgren desenvolveu a Lidocaína: precursor de todos anestésicos locais do tipo amida. -A descoberta da lidocaína, com propriedades estáveis e características mais vantajosas permitiu a descoberta de outros anestésicos locais que usamos no dia-a-dia. -Os anestésicos locais mais usados atualmente: lidocaína, seguida pela bupivacaína, que foi desenvolvida 20 anos após a lidocaína com propriedades químicas diferentes, e por último a levobupivacaína. DEFINIÇÃO DE ANESTÉSICOS LOCAIS ● São fármacos que inibem reversivelmente os processos de excitação e condução do impulso nervoso (potencial de ação) ao longo das fibras nervosas, sem produzir inconsciência. Somente diminuem o potencial de ação e transmissão de estímulo doloroso, que é bloqueado na transdução ou transmissão da dor, impedindo a sua chegada ao sistema nervoso central e assim impede a interpretação da dor pelo SNC. ● Os anestésicos locais são depositados ao redor das fibras nervosas (axônios de neurônios) → agem em fibras de dor A Delta e C polimodal. ● Ação sobre outras membranas excitáveis: músculo estriado esquelético e músculo cardíaco → tecidos com mecanismo de ação com a atuação de bombas de sódio e potássio. Dependendo da dose que usamos podemos levar toxicidade ao coração e aos outros músculos, devido ao tropismo do fármaco por membranas excitáveis. Apresentação: ● Pomadas ● Spray ● Injetável ● Géis e geleias → formas de bisnaga. Um dos seus usos é na intubação orotraqueal, impedindo que a sonda orotraqueal machuque a traquéia e que o animal sinta dor. FISIOLOGIA DO POTENCIAL DE AÇÃO -Um neurônio tem um potencial de repouso de -70mV (milivolts), em que seu axônio está em repouso e no seu meio intracelular tem cargas negativas (potássio em maior quantidade, sódio em menor) e no meio extracelular cargas positivas (sódio, que transita e muda a carga elétrica celular para onde se move). O sódio tem maior quantidade fora da célula (meio extracelular). -O estímulo elétrico é unidirecional: chega do dendrito, vai ao corpo celular e depois aos axônios. -Na foto acima temos um neurônio em repouso: sódio fora da célula e potássio dentro. O meio intracelular é negativo e o extracelular positivo. -O estímulo nocivo é captado por dendritos, o sódio entra dentro da célula e torna o meio positivo, e o meio extracelular negativo, ocorrendo a despolarização celular. Não ocorre de uma vez só no neurônio, e sim de uma maneira gradual: “despolarização nervosa em ondas” até o final do axônio. -A medida que a onda de despolarização vai passando para o terminal do axônio, o potássio volta ao meio intracelular, e o meio extracelular fica positivo novamente, ocorrendo o período refratário (duração de segundos) em que os canais iônicos se fecham para que o estímulo elétrico não volte, pois se isso ocorrer tem curto circuito, e o estímulo é unidirecional. -O período refratário ocorre para que o impulso elétrico não volte. Potencial de repouso definido, ocorre estímulo doloroso e entrada de sódio. -O neurônio em repouso tem -70mV. Com o estímulo doloroso tem mudança do potencial de membrana, com entrada de sódio que torna o meio intracelular positivo e chega +30mV, tem passagem do potencial de ação. Após isso tem período refratário com saída de potássio, e após o período de repouso. O período refratário é importante para que o estímulo nervoso seja unidirecional. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS -O anestésico local se liga e bloqueia os canais iônicos de sódio seletivos tempo dependente. Os canais de sódio vão se fechar, o sódio não entra na célula e não ocorre a sua despolarização, não tendo passagem do potencial elétrico. Isso ocorre na transdução e na transmissão. Tem anestésico local que age por mais tempo que outros, e isso está relacionado com a quantidade de canais que ele consegue bloquear. -Quanto maior a dose e concentração do fármaco, maior o bloqueio anestésico por maior bloqueio de canais de sódio. -O anestésico local precisa entrar dentro do canal iônico, atuar em seu receptor e fechar o canal, impedindo que o sódio adentre na célula e não ocorre a despolarização do meio interno celular. -Os anestésicos locais são bases fracas, ou seja, se ionizam facilmente. Os anestésicos locais estão na maneira não ionizada, e se ionizam quando se ligam ao H + formando a forma ionizada ou conjugada do anestésico. -A forma ionizada é hidrossolúvel, que só consegue adentrar na célula se o canal iônico de sódio estiver aberto. -O fármaco na sua forma lipossolúvel (não ionizada/não conjugada) consegue atravessar a membrana da célula pois ela é formada por lipídios, e assim ele consegue chegar ao seu local de ação. -Com a presença de anestésico local a célula não tem a entrada de sódio, e não ocorre a sua despolarização, ficando o tempo todo em repouso, sendo que o fármaco atua nas fases de dor de transdução e transmissão, agindo em terminações nervosas onde tem transformação de estímulo nocivo em potencial de ação, e na transmissão, impedindo que o estímulo elétrico chegue na medula espinhal, e não chega ao encéfalo, não tendo percepção da dor pelo sistema nervoso central. ESTRUTURA QUÍMICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS -Os anestésicos locais podem ser esteres ou amidas. Todos eles tem grupo amina, cadeia intermediária (que pode ser éster ou amida) e radical aromático. Tanto o grupo éster quanto amida tem uma amina na sua estrutura. O éster é o PABA, e a amida é a xilidina. -A partir do anel aromático tem a porção lipossolúvel (responsável pela entrada na célula), e a porção amina é mais hidrofílica/hidrossolúvel. O anestésico local precisa entrar no canal iônico para fazer o seu efeito. A porção hidrossolúvel (amina) determina a velocidade de ação para chegada do local de atuação do fármaco. -A cadeia intermediária (amida ou éster) vai ser responsável pela potência do fármaco, sua toxicidade, efeitosdistintos entre os anestésicos locais. -O anestésico local pode chegar ao canal iônico, e quando está conjugado e hidrossolúvel (base fraca conjugada ao íon H+), o fármaco entra quando o canal iônico está aberto. Quando o canal está fechado a porção hidrossolúvel não consegue entrar na célula. -Quando ele não está conjugado/não ionizado, e assim mais lipossolúvel, o fármaco consegue atravessar a membrana e entrar na célula mesmo que o canal esteja fechado. A porção lipossolúvel age mais rapidamente, pois não depende do canal aberto. -A via hidrofóbica é a via lipossolúvel, que consegue entrar no canal iônico aberto e também atravessar as membranas celulares. -A via hidrofílica precisa do canal iônico exclusivamente aberto para que o fármaco possa adentrar na célula. -Quando temos base conjugada/ionizada (BH+), temos um fármaco hidrossolúvel e que depende exclusivamente de canais iônicos abertos para ter seu efeito, enquanto quando na forma de não conjugado/não ionizado atravessa a membrana celular mesmo que o canal esteja fechado pois é lipossolúvel. -Os fármacos ésteres são menos usados do que as amidas, pois estão mais relacionados com efeitos adversos, devido seu anel aromático PABA (ácido paraminobenzóico), e são metabolizados por esterases plasmáticas e tem duração menor, diferente das amidas. As amidas são mais estáveis e metabolizadas no fígado para que posteriormente sejam eliminadas. Exemplos de fármacos ésteres e amidas ● Ésteres Ex: Tetracaína, Benzocaína e Procaína. ● Grande maioria hidrolisada pela colinesterase plasmática e tem curta durabilidade sem conservantes = duração menor. ● O metabolismo da maioria dos ésteres resulta na produção de ácido para-aminobenzóico (PABA) que pode ser associado a reações alérgicas. ● Amidas Ex: Prilocaína, Mepivacaína, Bupivacaína e Lidocaína. ● Estáveis, não podem ser hidrolisados pela colinesterase e têm degradação enzimática hepática FATORES QUE INTERFEREM A SUA AÇÃO -Tamanho da estrutura → as moléculas menores se desprendem mais facilmente do canal iônico e as maiores ficam por mais tempo e tem maior tempo de efeito. Quanto maior o tamanho do anestésico local, mais tempo ele se fixa ao canal iônico. O peso molecular influencia no tempo de efeito do anestésico local. -Solubilidade lipídica → quanto maior a solubilidade lipídica, melhor a potência do anestésico local, que facilmente atravessa as membranas e tem maior efeito. Maior a probabilidade de toxicidade e menor a sua margem de segurança. Os anestésicos conjugados/ionizados que se conjugam mais facilmente tem que agir em canais iônicos abertos. Fármacos altamente lipossolúveis se ligam ao íon H + dentro da membrana, conseguindo entrar tanto se o canal iônico estiver aberto ou fechado. -Tipo de fibra bloqueada → fibras de condução de dor aguda são as Fibras A delta, e fibras C polimodais em caso de dor crônica. As fibras alfa, delta e gama são fibras motoras (atuam em propriocepção, musculatura e sensibilidade de tato). -Fibras de condução lenta (finas e sem mielina): o fármaco tem efeito mais rápido, como as fibras C, e o anestésico a atravessa mais facilmente. -Em fibras com alta mielina o anestésico local demora mais tempo para atravessar, pois são grossas e tem efeito mais lento (como em fibras A delta). -Quanto mais grossa a fibra nervosa, mais difícil será para o anestésico atravessar e portanto tem efeito mais lento. -Primeiro tem bloqueio de fibras C e depois das fibras A delta. A sequência de bloqueio anestésico depende da região em que estamos anestesiando: em bloqueio de braços pode ser que não conseguimos movimentar o braço, mas se fizermos na ponta do dígito do membro posterior do cão, ele não deixa de movimentar o dedo. Enquanto no bloqueio peridural tem bloqueio de toda a transdução. -O animal tem bloqueio da dor, seguido de frio, calor, perda de tato e compressão e por fim da sensação motora. -pH do meio em que administramos o fármaco → O anestésico local é uma base fraca, que recebe o íon H+ de forma fácil e se conjuga facilmente. A forma hidrossolúvel (conjugada) e a lipossolúvel (não conjugada) estão balanceadas. -As duas formas dependem do pH do meio, e do grau de ionização de cada anestésico (dado pelo pKa, que é sua constante de dissociação, a facilidade de se conjugar). -Quanto maior o Pka do fármaco, mais ele se conjuga com os íons H+ e está mais hidrossolúvel, tendo maior dificuldade de atravessar as membranas e maior período de latência. -Concentração local; -Associação com vasoconstritores. Início rápido Início intermediário Início lento Lidocaína Bupivacaína Procaína Prilocaína Levobupivacaína Tetracaína Ropivacaína -Desses anestésicos locais o que age mais rapidamente e tem menor latência é a lidocaína, pois tem menor facilidade de se conjugar em comparação com por exemplo a bupivacaína. A lidocaína tem pKa de 7,9, enquanto a bupivacaína tem pKa de 8,1 (quanto maior o pKa maior a facilidade em se conjugar). -No pH sanguíneo a Lidocaína tem maior forma não ionizada, estando mais lipossolúvel, chegando mais ao canal iônico. Enquanto a bupivacaína tem maior facilidade de receber íons H+ e se conjuga facilmente, chegando ao local de ação dependendo de canais iônicos abertos e de sua dissociação para atravessar as membranas. pH em tecidos inflamados: -A disponibilidade de íons H+ em feridas é maior do que em tecidos íntegros. Se temos grande disponibilidade de íons H+ e sabemos que os anestésicos locais se conjugam facilmente pois são bases fracas, grande parte dos anestésicos se conjugam no meio ácido e se tornam hidrossolúveis, caindo na corrente sanguínea e não tendo efeito analgésico. Não adianta instilar anestésico local onde tem inflamação, precisamos fazer outro protocolo anestésico. ouvi até aqui -A lidocaína pela via peritoneal tem atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e melhora do quadro inflamatório. Por causa disso, podemos usar a lidocaína em casos de peritonite, em que observamos gradualmente melhora do paciente em comparação com pacientes que não recebem lidocaína intraperitoneal. Após a melhora da inflamação com os dias, tem melhor ação da lidocaína. A lidocaína é absorvida no pH ácido e vai para a corrente sanguínea, promovendo analgesia IV, com diminuição do processo inflamatório. Associação do anestésico local com o bicarbonato: -Usamos com o objetivo de alcalinizar a solução, produzindo maior quantidade da forma ionizada do fármaco. -Não vemos tanta absorção, pois o local está infeccionado e inflamado, e tem aumento da vascularização, tendo rápida eliminação do fármaco. -0,3 mL de bicarbonato de sódio diluído em 10 mL de AL. CONCENTRAÇÃO DO ANESTÉSICO LOCAL -Quanto mais concentrado, mais canais iônicos consegue bloquear e tem maior extensão do bloqueio. Podemos aumentar a concentração ou a dose, obtendo maior efeito e tendo diminuição do tempo de latência, aumentando tempo de efeito e extensão do bloqueio. -Relação com a proteína plasmática: quanto maior a ligação com as proteínas plasmáticas, menos fármaco livre para fazer o seu efeito e então temos maior o período de latência. -Dose tóxica de lidocaína: 7 mg/Kg Ex: peso 10 Kg, concentração 2%. Qual o volume da dose tóxica? 2% = 20 mg/mL 7 x 10 = 70 mg 70/20 = 3,5 mL. Associação com vasoconstritores -Epinefrina (5 mcg/mL) -Reduzir a velocidade de absorção: o uso com vasoconstritor local diminui a vasodilatação do local, fazendo com que tenha vasoconstrição e consequente potencializa o efeito local, evitando parcialmente que o fármaco vá para a corrente sanguínea. Aumenta em 50% o tempo de duração do efeito do anestésico local. Contraindicação: -Aplicações IV (lidocaína com vasoconstritor tem tarjas vermelhas, devemos ficar bem atentos a isso). Pode ocasionar estimulação do miocárdio, com arritmias e parada cardíaca. A lidocaína tem usos IV pois diminui a CAM do anestésico inalatório, promovendo analgesia visceral principalmente. -Extremidadescorpóreas: podem ocasionar vasoconstrição muito grande e bloqueio de seio venoso com necrose de extremidades. Narinas, cauda de orelha, dígito evitamos usar anestésicos locais com epinefrina pois ocasiona vasoconstrição grande e necrose tecidual. -Usar com cautela em cardiopatas, pois dependendo do volume usado, pode cair na corrente sanguínea e sensibilizar o miocárdio, promovendo arritmias cardíacas. Devemos ter certeza que não puncionamos um vaso ao injetar localmente. Monitorar parâmetros o tempo todo, pois cada paciente pode ter uma alteração respiratória e cardíaca diferente. Devemos sempre nos programar e ter métodos para agir em casos de complicações. -Devemos observar as características dos fármacos de maneira associada e não de maneira isolada. -Locais mais irrigados tem maior chegada de anestésico, e cai na corrente sanguínea e é ligado mais rapidamente, enquanto em tecidos adiposos demora mais tempo para chegar. -Tecido subcutâneo: se colocamos anestésico local na pele e outra na mucosa oral, tem absorção mais rápida em mucosa oral, e na pele demora ou então nem atravessa. A pomada com anestésico local para pele deve ter veículo oleoso e concentração muito maior. -Via oral: A absorção pelo TGI é mínima, exceto a cocaína que tem boa absorção de TGI. -Via tópica: A velocidade de absorção depende do tipo de mucosa ou tipo de superfície em que estamos administrando. -Lidocaína injetável ou perineural temos latências diferentes. -Dependendo da técnica empregada, temos latência diferente. -Curiosidades: pouco tempo atrás se associava muito a lidocaína com a bupivacaína, pois a lidocaína age mais rapidamente enquanto tem efeito curto. Quando fazemos a bupivacaína, tem período de latência de uma hora, e período de duração maior. Mas hoje se sabe que quando associadas tem diminuição da concentração dos fármacos, devido à sua diluição, diminuindo o efeito total de analgesia ou paralisia de membros. Devemos ter noção do tempo que será demandado na cirurgia, levando em consideração o tempo de duração do efeito do fármaco. Cirurgias mais demoradas nós iremos fazer bupivacaína, enquanto em cirurgias rápidas faremos lidocaína. Podem ser usadas em nefropatas e hepatopatas, tendo boa segurança, sendo que a lidocaína é mais sensível que a bupivacaína nesse quesito. Devemos nos preocupar com efeitos adversos em pacientes relacionados com tecidos altamente excitáveis, como o coração (podendo ocasionar arritmias), e tecido neural (podendo promover convulsões e coma). Não é um fármaco que atravessa a barreira hematoplacentária. 10/05/2021 TOXICIDADE DOS ANESTÉSICOS LOCAIS -Dose dependente → quanto maior a dose, maiores as consequências que são principalmente em órgãos mais irrigados e que apresentam células mais excitáveis e com maior potencial de despolarização. Os alvos principais são SNC e Sistema Cardiovascular. -Aplicação intravascular → pois tem tempo de latência menor, chegando rapidamente ao SNC e músculos. Em outras vias de administração que não a IV demora mais tempo para começar a ter efeito. O único anestésico local que pode ser usado IV é a lidocaína, pois os outros podem causar efeitos adversos de imediato. Quando feita por essa via tem a dose muito menor e deve ser diluída. -Principais alvos - SNC e cardiovascular: afinidade por órgãos irrigados. -Sinais clínicos: formigamento, vertigens, espasmos musculares, depressão do SNC e depressão cardiovascular. -A dose deve ser diluída e feita de maneira lenta. A convulsão pode ser um efeito adverso da sobredose ou da aplicação de maneira inadequada. Alguns animais podem ter sinais de intoxicação mesmo quando fazemos a dose correta e aplicamos de maneira adequada. -Comparando os anestésicos locais, o que pode causar mais efeitos tóxicos ao paciente: Os números da tabela revelam sua potência de provocar efeitos adversos dos fármacos. -A bupivacaína é a que tem mais chances de provocar intoxicação em SNC. -No sistema cardiovascular a que causa mais efeito adverso, e é usada em veterinária: bupivacaína. Etidocaína não é usada na veterinária. Gráfico: concentração sérica do fármaco em ovelhas - bupivacaína, levobupivacaína e ropivacaína. A bupivacaína pode provocar efeitos adversos em baixas concentrações comparadas aos outros fármacos. Pode provocar apnéia, paradas cardíacas, hipotensão severa, convulsões, etc. A bupivacaína tem efeitos mais tóxicos do que a ropivacaína e a levobupivacaína. TRATAMENTO DAS REAÇÕES ADVERSAS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS -Diagnóstico, estabilização (se tiver convulsões, hipotensão tratamos os sintomas), fazemos desintoxicação por meio da fluidoterapia e terapia de suporte (aumenta a eliminação do fármaco). -Oxigenoterapia: VPP (ventilação positiva: colocar o animal em ventilação mecânica) → melhora a oxigenação cerebral e do miocárdio. -Vasopressores: para melhorar a pressão hidrostática e fazer o tônus vascular voltar ao normal. -Anticonvulsivantes: em casos de reação adversa de convulsão. Medidas para evitar toxicidade: -Limitar a dose total em pacientes, como no caso de hipoalbuminemias → se é um fármaco que se liga às proteínas plasmáticas, e se ela está em baixa quantidade diminuímos a dose para reduzir sua fração livre e efeitos adversos. Tem alguns anestésicos locais que tem maior ligação às proteínas plasmáticas do que outros. -Uso de vasoconstritores: quando usamos anestésico local diluído com adrenalina ou noradrenalina temos a diminuição do seu tempo de absorção e aumento do tempo de latência, diminuindo a probabilidade de toxicidade, fazendo com que o fármaco fique mais tempo no local de ação, diminuindo os efeitos adversos. -Manter ventilação e oxigenação -Benzodiazepínicos: aumentam limiar de cardiotoxicidade e de neurotoxicidade. Transferência placentária -Grande discussão sobre seu uso em pacientes gestantes. -Aconselhável uso dos fármacos com maior afinidade por proteínas plasmáticas. -A bupivacaína tem 95% de ligação com proteínas plasmáticas, enquanto a lidocaína tem 65%, e por essa razão existe uma vertente que explica a utilização da bupivacaína nesses casos pois tem menores efeitos adversos do que a lidocaína, visto que tem menor fração livre do fármaco. Mas a bupivacaína é um fármaco com duração de efeito duas vezes maior do que a lidocaína, e sabemos que a melhor técnica usada em cesáreas é usando fármacos de efeito de pouca duração, portanto se usar a bupivacaína para anestesia peridural, demora mais para o paciente retornar ao normal, e se usarmos a lidocaína o paciente retorna ao normal mais rapidamente. Se a cadela acorda e não está sentindo membros, pode ficar mais agitada e estressada e não aceitar os filhotes. -Além disso, a bupivacaína tem pKa maior, e seu período de latência é maior do que o da lidocaína: demora 30-40 minutos para fazer efeito nessa via, enquanto a lidocaína demora 5-10 minutos para ter seu efeito. Quanto menor o tempo anestésico melhor será. Por causa desses fatores, teremos mais prós quando se usa a lidocaína do que quando usamos a bupivacaína em cesáreas. -A técnica peridural provoca menor depressão dos fetos quando comparada com a técnica de analgesia contínua. Essa depressão pode ocorrer de maneira exagerada ou de maneira branda. -A peridural analgesia a região do umbigo caudalmente, pegando a pele, musculatura, coto uterino, incisões uterinas. A analgesia do pedículo total não é feita, e podemos bloquear a dor desse local pela instilação de anestésico local no pedículo. Se o pedículo for muito gorduroso podemos infiltrar lidocaína nele. Geralmente nós castramos o animal após a retirada dos fetos, e assim podemos aprofundar o animal com gás anestésico ao invés de instilar o fármaco ou infiltrar. O limiar de dor de cadelas prenhas é maior do que cadelas não prenhes. A cadela prenhe pode aguentar muito mais a dor do que uma cadela normal. -Concentração mínima ultrapassa a barreira placentária Passa uma menor quantidade pela BHP, tornando a peridural muito segura.-Menor riscos aos fetos (bradicardia) → a depressão pode ocorrer de maneira exagerada ou branda quando se faz a anestesia. De maneira geral faremos suporte de reanimação aos recém nascidos, visto que o animal pode ter aspirado líquidos e também ter absorvido os fármacos usados. Na massagem para eliminar os líquidos também aumentamos o metabolismo e a frequência cardíaca. -Fração livre confere efeitos tóxicos → maior em fármacos com menor ligação às proteínas plasmáticas. -Uso de vasoconstritores em gestantes?? → pensar nos filhotes é legal pois diminui a absorção do fármaco, mas foi provado que pode causar vasoconstrição uterina e consequente hipóxia fetal. Além disso, podemos aumentar o tempo hábil do fármaco, o que não queremos. Excreção -Os produtos do metabolismo hepático são eliminados diretamente pelos rins, e uma parte inalterada também é. -Os ésteres são eliminados na urina na forma inativa mais do que as amidas. Os ésteres são inativados no plasma pela esterase plasmática. Propriedades ideais do anestésico local: Temos anestésicos ideais em determinado caso e situação. Não tem uma receita de bolo. Se a técnica não for feita de maneira correta o efeito do fármaco é influenciado. FÁRMACOS ANESTÉSICOS LOCAIS DO GRUPO AMINO-ÉSTER PROCAÍNA -Não é muito usado na veterinária. -Período hábil curto. -Pouco poder de penetração e assim não conseguimos usá-lo de maneira tópica. -Cai na corrente sanguínea bem facilmente, tendo menor período hábil. -Tem ação vasodilatadora importante, e cai na corrente sanguínea facilmente, por isso que seu efeito é menor. -Fármaco menos potente que a lidocaína. -Inativado como anestésico tópico. -Dose máxima de 10 mg/Kg. Usamos topicamente mais bupi e lido. Mas na forma de colírio usamos mais tetracaína devido seu grande poder tópico. TETRACAÍNA -Potente anestésico de ação tópica. -Absorção rápida e potente. -É degradada mais lentamente do que a procaína → período hábil mais longo. -10 X mais tóxica do que a procaína devido sua maior potência, absorção rápida e duração prolongada. -Dose tóxica de 1 mg/Kg → devemos diminuir suas doses. -Comercialmente compramos o colírio na concentração de 0,5%, e uso em outras mucosas de 1 a 2% para melhorar a eficiência de absorção. PRILOCAÍNA -Semelhante à lidocaína. Bastante usada por dentistas. -Bom poder de penetração. -Tempo de ação curto. -⅓ menos tóxico do que a lidocaína → Bom, pois é feita em ambulatórios. Podemos explicar ao tutor o risco de morte em anestesias locais. -Pode produzir metemoglobina em altas doses → hemoglobina com ferro oxidado que perde a capacidade de carrear oxigênio, podendo ocorrer hipóxia. -Concentrações 3%. LIDOCAÍNA -O mais usado. -10 vezes mais potente que a cocaína, mas tem mínimos efeitos tóxicos se comparado a ela. -Potência e duração moderada. -Alto poder de penetração, dependendo de onde usamos a lidocaína a penetração é mais rápida. De uma maneira geral a absorção é rápida. -Pouca vasodilatação. -Vendido associado com epinefrina em algumas formulações, o que aumenta o seu período hábil e aumenta a latência. -Ação tópica eficaz somente em altas concentrações ou quando vem em veículo oleoso, visto que tem pouca lipossolubilidade. -Ligação em proteínas plasmáticas de 64%. -Bloqueios infiltrativos: 0,5% a 2% (pequenos e grandes animais) → na rotina usamos lidocaína 2%, que é comprada mais facilmente do que a 0,5%. -Podemos usar lidocaína em spray a 10% para uso tópico → cada borrifada libera 10 mg de anestésico local. Devemos tomar muito cuidado em animais muito pequenos, pois a dose tóxica é de 7 mg/Kg. -Peridural e raquidiana (espaço subaracnóide) → técnicas de anestesia espinhal usam lidocaína a 2%. -Uso tópico de 2 a 10% → pode ser em gel, pomada, geléia (bom a ser usado em intubações pois provocam maior conforto e o paciente tosse menos no pós-operatório). -Uso intravenoso 1 a 2 mg/Kg (50 mcg/Kg/min em infusões contínuas). -Dose máxima de 7 mg/Kg. -Dose máxima permitida com vasoconstritor: 9 mg/Kg. -Gatos!!! (25 mcg/Kg/min em infusões) → gatos são mais sensíveis e se intoxicam mais facilmente. Não chegar perto de 7 mg/Kg IV. Vantagens: -Rápido início de ação, que depende do local usado, de 5 a 10 minutos. -Baixa toxicidade comparada aos outros anestésicos locais. -Redução da dor pós-operatória → em cirurgias rápidas é bom, mas cirurgias longas não. Desvantagens: -Curta duração, com tempo dependendo da técnica (1,5 a 2 horas). -Em casos de sobredoses tem toxicidade ao SNC. -Colapso cardiovascular em casos de sobredoses. -Doses em bloqueios locorregionais 25 mg/Kg de 2 a 5% (epidural ou infiltração/bloqueio local) a 2%. LIDOCAÍNA IV -Propriedades anestésicas, antiarrítmicas e analgésicas. -Pode ser usada sozinha ou conjunta com outros anestésicos → promove maior depressão do SNC (como MILK e FILK): coloca o paciente em plano mais estável, diminui o requerimento anestésico geral e inalatório, diminuindo a CAM. Vantagens da lidocaína IV: -Analgesia -CAM -Ação anti-inflamatória -Antiarritmogênico -Redução do risco de íleo-paralítico → Importante em equinos com cólica, pois a lidocaína promove melhora do peristaltismo e analgesia visceral, podendo ser usada no transoperatório ou no pós-operatório, ou no tratamento clínico da dor por infusão. -Proteção contra lesões de reperfusão. -NÃO USAR LIDOCAÍNA COM VASOCONSTRITOR IV → observamos taquicardia, taquiarritmias, paradas cardíacas. Se provocar taquicardia frequente pode provocar hipóxia do miocárdio e parada cardíaca. A adrenalina tem muita afinidade por receptores adrenérgicos BUPIVACAÍNA -3 a 4 X mais potente do que a lidocaína, então devemos tomar cuidado com a dose usada. -Período anestésico longo (2 a 4 horas), dependendo da técnica usada. -Causa menor vasodilatação do que a lidocaína. -Adrenalina melhora pouco sua duração comparando com a associação com a lidocaína, visto que o tempo de duração já é longo, e ao associarmos com a epinefrina temos pouco tempo de prolongamento e ela rapidamente é eliminada. Não temos efeito de grande duração. -Ligação de 95% a proteínas plasmáticas. -Dose máxima de 2 mg/Kg → dose menor do que a lidocaína, portanto é mais potente. -Concentração 0,5% e 0,75% → usamos 0,5% na rotina veterinária. -Não pode ser usada IV. Vantagens bupi: -Longa duração, o que é vantajoso em cirurgias de maior duração. Temos mais tempo de analgesia pós-operatória. Após fazer o bloqueio anestésico precisamos esperar o seu período de latência para começar a cirurgia. -Baixa toxicidade, mas é mais tóxica que a lidocaína. -Redução da dor pós-operatória → analgesia residual bastante importante. Desvantagens bupi: período de latência longo, o cirurgião precisa esperar o tempo para que ela comece a agir; toxicidade ao sistema cardiovascular (cuidado com seu uso em pacientes cardiopatas). -Peridural: 0,5 a 0,7 mg/Kg; bloqueio infiltrativo ou local 2 mg/Kg. -Dose de até 2 mg/Kg (epidural, ou infiltração/bloqueio local). ROPIVACAÍNA -Produzida para diminuir os efeitos colaterais da bupivacaína. -Ação longa semelhante a bupivacaína. -90 a 95% de ligação às proteínas plasmáticas. -Efeitos tóxicos menores. -Mais caro do que a bupivacaína. LEVOBUPIVACAÍNA -Produzida para diminuir os efeitos adversos da bupivacaína, é mais cara. -Alta ligação proteica - 95%. -Produzida para diminuir a cardiotoxicidade da bupivacaína. “Mistura Eutética de Anestésicos Locais” ou EMLA -É um fármaco muito usado em medicina, e na medicina veterinária de grandes animais. -Pomada anestésica de mistura de lidocaína e prilocaína, que tem veículo oleoso que aumenta a sua absorção. -Uso restrito devido ao desconhecimento do uso dos fármacos e devido ao temperamento dos pacientes. Podemos usar para canular uma veia ou artéria, por exemplo. -Devemos realizar a tricotomia da região, esfregar, colocar uma bandagem. Aula assíncrona: CIRCUITOS ANESTÉSICOS -Os tipos de aparelhos que podem ser usados na rotina do uso de anestésicosinalatórios. -Existem inúmeros tipos, podendo ser mais simples ou mais completos. São fixos e não podemos transportá-los de um local para outro. -Na imagem acima vemos dois tipos de aparelho de anestesia inalatória portátil, sendo transportados em maleta. A parte do equipamento pode desencaixar. É importante para anestesistas volantes. São equipamentos mais simples, que não tem suporte ventilatório, pois são pequenos. Não consegue anestesiar animais de grande porte, somente de pequeno porte. -Equipamento de anestesia de animais de grande porte, sendo bastante robusto, fixo e não transportável. Toda a parte do equipamento é de tamanho adequado ao animal de grande porte, pois tem ventilador (Folley) grande, com força adequada e que consegue expandir o tórax de um animal de grande porte. Em animais de grande porte usamos equipamentos da medicina veterinária, enquanto em pequenos animais usamos mais os de uso humano. -Gases que usamos na anestesia inalatória: o anestésico é volatizado e diluído com um gás, na maioria das vezes sendo o gás oxigênio a 100%. O oxigênio pode ser fornecido por cilindro de oxigênio, ou por meio de tubulações que tem cilindros fora do hospital. Temos coloração universal usada na identificação de gases, em seus cilindros e saídas de gás. A cor verde é dada para a fonte de oxigênio, sendo pintada nos tubos desse gás. -A saída de ar comprimido vem em coloração amarela, e a do óxido nitroso (gás anestésico inalatório que vem em forma de gás devido sua alta volatização) não é usada na prática anestésica devido aos seus efeitos adversos, mas em alguns locais podem ter sua saída de gases de coloração azul. Cada saída tem tamanho diferente de engate, onde se encaixa a válvula redutora de oxigênio, que tem coloração verde (oxigênio), ou amarela (ar comprimido) ou então azul (para óxido nitroso). A pressão muito alta de gases pode danificar o aparelho de anestesia inalatória, e se a saída de gases estiver aberta e a pressão ir ao paciente, gera aumento abrupto da pressão intratorácica e lesão de alvéolos, provocando barotrauma. Por isso que a válvula redutora de pressão é tão importante. -Usamos geralmente pressão de 3 a 4, sendo que equipamentos de anestesia necessitam de pressão um pouco maior, sendo aceito até 5. -O ar chega ao aparelho de anestesia inalatória por meio de uma mangueira que se chama chicote, que tem duas saídas: uma acoplada à válvula redutora de pressão e a outra no equipamento de anestesia inalatória. Ele também respeita a coloração universal, podendo ser amarelo, verde ou azul. -Fluxômetros ou rotâmetros: o fluxômetro mostra uma graduação em L/min de gás sendo fornecido ao paciente. O rotâmetro afere em mL/min, tendo graduação menor. Os dois medem a quantidade de fluxo de gases sendo enviados ao paciente, que serão misturados ao anestésico inalatório. O rotâmetro tem escala menor do que a do fluxômetro. -Vaporizadores: O gás fresco entra em contato com o vaporizador, onde tem o anestésico inalatório e lá ocorre a volatilização deste, sendo administrado concentrações seguras ao paciente. O vaporizador pode ser universal ou calibrado. -A medida que o gás diluente passa pelo vaporizador, ao sair dele por outra saída, estará misturado com o anestésico inalatório. Vaporizador universal: -É transparente ou âmbar, onde vemos quanto de anestésico está dentro do vaporizador na forma líquida, e observamos que na medida que o oxigênio entra, ocorre o borbulhamento, e quanto maior o borbulhamento, maior a volatização do anestésico inalatório, e vice-versa. -Não sabemos qual a quantidade de bolhas que estão sendo volatizadas, apenas temos conhecimento do que está sendo fornecido somente olhando e observando, tendo maior discernimento quanto maior a sua experiência anestésica e observando a profundidade do paciente na anestesia. Ao movimentarmos a válvula aumentamos ou diminuímos a oferta de gás inalatório. Não sabemos qual a CAM que está sendo fornecida ao paciente. -Esse volatilizador recebe o nome de universal pois podemos usá-lo na administração de qualquer gás na forma líquida, com exceção ao desflurano, que tem ponto de ebulição de 22ºC e se volatiliza muito rápido em temperatura ambiente, sendo fornecido em vaporizador calibrado só para ele. -Outro equipamento que pode ser usado e acoplado ao monitor multiparamétrico é o analisador de gases, que avalia a quantidade de anestésico que está sendo expirado ou inspirado pelo paciente, determinando assim a CAM. Vaporizadores calibrados: -São específicos para cada agente, podendo ser usados somente para o seu gás inalatório específico, tendo coloração universal de acordo com o fármaco. -Tem um maior controle sobre concentração anestésica: oferece o volume % que está sendo oferecido ao paciente. -Tem concentração de saída constante. -Calibração a cada seis meses. -São caros. -Na imagem acima temos o exemplo de vaporizador calibrado para o anestésico isoflurano, sendo observado uma outra marca e simples. Observamos a graduação do Dial, onde o 0 é o não oferecimento de gás, e graduações sequentes de 0,5% de anestésico, podendo chegar até 5%. Por isso, precisamos saber qual a CAM do anestésico inalatório que deve ser fornecida de maneira segura para aprofundar ou superficializar o paciente. Torna a anestesia mais segura, visto que sabemos qual a quantidade que estamos mandando, diferentemente do volatilizador universal, que não nos diz qual a quantidade que está fornecida, somente sabemos qual o estágio e plano de Guedel que ele está, podendo não ser 100% fidedigno. -O gás oxigênio passa pela tubulação, válvula redutora de pressão, chicote, equipamento de anestesia inalatória, abrimos o fluxômetro ou o rotâmetro, e depois o oxigênio passa pelo vaporizador universal ou calibrado dependendo de qual tivermos, ocorre volatização do anestésico inalatório, que estará diluído no gás oxigênio. O anestésico diluído sai do aparelho de anestesia inalatória pela saída de gases frescos, que tem tubulação acoplada a um circuito de anestesia inalatória. -O circuito de anestesia inalatória é uma parte do equipamento de anestesia inalatória que fornece fluxo de gases frescos, que são o gás diluente + anestésico inalatório. Circuito circular valvular -O mais usado na rotina. Só usamos esse em grandes animais, e em pequenos usamos esse também, com exceção em animais muito pequenos. -Usamos esse circuito em animais de porte médio a grande porte. Vantagens do circuito circular valvular -Possui vantagens de economia do anestésico e oxigênio, visto que temos reinalação de gases e assim tem a sua economia, aproveitando os gases novamente, e também diminui a perda de anestésico inalatório para o centro cirúrgico. Se for um local que não tem sistemas antipoluentes, é um problema a longo prazo para as pessoas que ali trabalham. -Menor poluição ambiental. -Aquecimento e umidificação do gás inspirado: quando ocorre a reinalação, tem aquecimento do ar e assim o paciente perde menos temperatura e o ar vem umidificado também. COMPONENTES DE CIRCUITO CIRCULAR VALVULAR -A mangueira de gases frescos (oxigênio + anestésico inalatório) é fornecida na peça que está acoplada na válvula inspiratória. Tem tubulação corrugada e peça unindo. A tubulação corrugada tem peça chamada de válvula expiratória. É um circuito com duas válvulas: inspiratória (que se abre na inspiração) e expiratória (que se abre quando o animal expira). A válvula expiratória tem válvula pop-off/alívio/escape, que retira o excesso de gases do circuito de anestesia. Se não tiver a válvula de escape a pressão do circuito fica grande e gera barotrauma. A válvula fica semi-aberta ou aberta. -Válvulas inspiratórias e expiratórias. - Traquéia corrugada (com peça em “Y”): infantil ou pediátrico (4 a 8 Kg) e adulto (>9Kg). -Canister (filtro valvular); *Cal sodada -Balão reservatório; -Válvula escape (“pop-off”) Resumo: O gás fresco passa pela válvula inspiratória quando o paciente inspira,depois pelo tubo corrugado, em que seu meio tem a traquéia, e na peça em “Y” é acoplada à sonda orotraqueal. O paciente expira, e o ar passa pela válvula expiratória, onde uma parte do gás é eliminado pelo pop-off e uma parte é reinalada ao passar pelo canister, onde tem cal sodada (absorve C02), onde tem balão reservatório acoplado. Quando o paciente inspira novamente, temos gases frescos e gás sendo reinalado. -A traquéia pode ser de tamanho pediátrico, adulto ou infantil, pois são humanas. Isso é importante para a diminuição do espaço morto, que é o espaço no aparelho respiratório onde não ocorrem trocas gasosas. Se ele for muito grande o animal pode ter hipóxia, hipercapnia ou reinalação de CO2. Devemos tomar muito cuidado com o tamanho do circuito usado. -O canister pode ser acoplado à válvula inspiratória, mas não é a melhor forma a ser acoplado, sendo a melhor quando está acoplado na válvula expiratória, e o balão abaixo. Dentro do canister vem a cal sodada, que absorve CO2. Cal sodada: -Faz a absorção de CO2 dentro do circuito circular valvular, pois tem reinalação de gases. -Devemos determinar o seu prazo útil e observar a sua saturação. Quando o CO2 entra em contato com ela, ocorre uma reação exotérmica, onde tem liberação de água e calor. Além do gás sendo aquecido e reinalado, quando passa na cal sodada, se aquece mais e isso ajuda a manter a temperatura do paciente e sua umidificação de vias aéreas, sendo importante no movimento ciliar, que é responsável pela proteção do sistema respiratório. São grânulos que precisam esfarelar quando apertamos, sendo que quando está velha fica com coloração roxa (são indicadores de pH, e em excesso de ácidos voláteis como CO2, sua cor muda de branco para roxo). Também fica bastante dura quando envelhece. Balão Reservatório -Muda de local dependendo do tipo de aparelho de anestesia, mas normalmente se localiza abaixo do canister. -É importante visto que é uma reserva de gases de dentro do circuito que mantém o paciente anestesiado, e simula o que está ocorrendo dentro dos alvéolos, não podendo ficar muito vazio ou muito cheio. Podemos observar o movimento respiratório também (se murcha quando o paciente inspira e se enche quando o paciente expira), observamos a pressão dentro do circuito. -Dentro dele tem anestésico e oxigênio que serão reinalados. O balão reservatório também auxilia em situação de apnéia, visto que ao apertarmos o balão e fecharmos a válvula pop-off ventilamos o paciente. Quando aliviamos o balão, abrimos a válvula pop-off e assim eliminamos o ar. -Conseguimos observar a ventilação espontânea. -Quando tem ventilação mecânica, é usado como reservatório de gases e observamos a pressão no circuito. -Tem tamanhos variados de balão reservatório, sendo usados como estimativa da capacidade respiratória do paciente. Usamos peso X 70 para saber qual a capacidade de volume de ar que o pulmão pode receber. -Existem diversos tamanhos para pequenos animais (0,5;1;2;4) e grandes animais (15,20 ou 30 litros). -Exemplo do que foi falado: A tubulação de gases frescos entrando na válvula inspiratória, tubo corrugado, peça em Y, tubo orotraqueal, paciente expira, tubo corrugado e de expiração, uma parte do gás sai pela válvula pop-off, uma parte passa pelo canister, uma pelo balão inalatório e que no momento de inspiração o balão se movimenta e o ar é sugado em parte e passa pela tubulação indo ao paciente que reinala. Não reinala o CO2, visto que ele fica retido pelo canister nos grânulos de cal sodada no momento de expiração. Sistema fechado -Onde ocorre a reinalação de gases. -Quando a válvula fica fechada precisamos fornecer um mínimo fluxo de gases. -Se formos colocar esse circuito circular valvular em sistema fechado em ventilação mecânica, fechamos a válvula pop-off e oferecemos uma quantidade de gases pequena para não aumentar muito a pressão de gases dentro do circuito, além de não ter muita contaminação ambiental, nem desperdício de gases. -O fluxo de gases no fluxômetro é de 3 a 5 mL/Kg/min se o sistema for fechado e ligar ventilador mecânico. -Devemos tomar cuidado com a inalação de cal sodada por excesso de pressão. Sistema semifechado -Mais usado. -Tem reinalação de gás contínua. -Animal em ventilação espontânea. -Em equipamentos antigos o modo semi-fechado é mais seguro, tendo menor risco de hipercapnia e barotrauma. -Conservação de calor e umidade razoável (intermediária). -Poluição ambiental diminuída. -Alto fluxo de O2 e anestésico → visto que deixamos a válvula pop-off aberta e tem perda do oxigênio e anestésico. -O fluxo de oxigênio a ser oferecido é de 50-100 mL/Kg no rotâmetro. Circuitos respiratórios avalvulares -Não tem válvulas, não tem reabsorvedor de gases (canister com cal sodada). -Usamos em pacientes de pequeno porte (até 5 Kg); -Não colocamos pacientes pequenos em circuito circular valvular pois o espaço morto é muito grande e ele não tem força para expandir os pulmões. Não tem reabsorção de gases, e então tem perda de umidade e calor, sendo essa uma das principais desvantagens. -Alto fluxo de gases (200 a 300 ml/Kg/min) → volume alto devido a não reinalação de gases. -Somente ventilação espontânea. -Pode ocorrer ressecamento de vias aéreas e perda de calor no transoperatório, e devemos tomar cuidado com anestesias prolongadas. -Não fazemos ventilação mecânica, somente espontânea ou manualmente. -O circuito anestésico é chamado de Mapleson A, com circulação corrugada, um balão reservatório em uma extremidade, e uma extremidade fica acoplada ao tubo orotraqueal do paciente. Temos duas saídas: uma para gás fresco e outra para escape de gases. O ar expirado sabe pelo escape. -Mapleson D/BARAKA: é o mesmo circuito que o mapleson A, mas a entrada de gás fresco é feita bem perto do momento de inspiração próximo do paciente, e o escape sai perto do balão reservatório. O ar expirado sai do escape. Não ocorre reinalação de gases devido a ausência de válvulas. O mapleson A e D tem as mesmas peças e só diferem entre si em razão de onde o gás fresco entra no circuito. Se quisermos ventilar manualmente o animal: fechamos o escape e apertamos o balão reservatório e para ele expirar retiramos o dedo do escape. -Circuito BAIN: tubo corrugado externo com tubulação pequena por dentro. Em uma extremidade tem a conexão com tubo orotraqueal e na outra tem o balão reservatório e uma saída de gases. O gás fresco é adaptado na peça. No tubo interno sem comunicação: o gás fresco passa dentro dele e vai até o paciente, e quando ele expira o gás passa pelo tubo corrugado sem se comunicar pelo tubo interno, saindo pela saída de gases. É interessante pois tem menor espaço morto (pacientes de peso de 4 a 9 Kg), não tem reinalação de gases (sem comunicação), avalvular, conservação de calor (ar expirado que passa no tubo corrugado aquece tubulação interna com gás fresco), economizamos mais o gás diluente do que o BARAKA. 17/05/2021 TÉCNICAS LOCORREGIONAIS EM PEQUENOS ANIMAIS Usamos os anestésicos locais em algumas técnicas, o que influencia a técnica usada é: -Espécie -Cirurgia -Localização do procedimento cirúrgico Indicações: - Anestesia balanceada: associação de fármacos para fazer sinergismo e permitir diminuir a dose de fármacos, com redução de efeitos adversos. A anestesia é bem estável, sem aprofundamento e superficialização. - Pacientes críticos: quando usamos os bloqueios locorregionais os efeitos adversos são mínimos, com algumas exceções. Conseguimos bloquear locais sem provocar efeitos ao paciente crítico. Isso aumenta a segurança da anestesia e as chances de sobrevida. -Suporte analgésico: dependendo do fármaco usado, temos efeitos de durações diferentes, que dependem da técnica usada também. Pode ocorrer no transoperatório e no pós-operatório. -Transoperatório -Pós-operatório: muito importante, pois alguns dos pacientes acordam da anestesia com dor. - O temperamento do paciente: quando usamos uma técnicaou outra, as espécies animais tem comportamentos e temperamentos diferentes, respondendo aos fármacos de maneira diferente. Ex: O animal selvagem é mais estressado e fica tentando fugir o tempo todo, e por isso não conseguimos fazer a cirurgia só com os bloqueios. Gatos e cães podem ser assim também. Diferentemente do animal de grande porte, em que podemos fazer o procedimento no campo em pé no tronco, entre outros. Se fizermos um bom bloqueio no abdome podemos até fazer cirurgias abdominais. Nos pequenos animais e selvagens o bloqueio deve vir junto com anestesia geral. FASES DA DOR Nociceptores periféricos captam o estímulo nocivo da periferia, onde convertem o estímulo em potencial de ação (transdução). Essa fase pode ser bloqueada por anestésicos locais se for usada a técnica correta. A transmissão do estímulo nocivo pode ser bloqueada também. As fibras A delta e as C polimodais captam estímulo da dor e levam o potencial de ação até o corno dorsal da medula espinhal. Conseguimos bloquear a transmissão por meio de técnicas de bloqueio anestésico. Dessas duas maneiras bloqueamos o impulso elétrico, não ocorrendo o reconhecimento da dor. -Os bloqueios locorregionais podem ser chamados de maneiras distintas. -Anestesia tópica: colocamos o anestésico local em cima. Não injetamos. -Anestesia Infiltrativa: injetamos o anestésico local em várias infiltrações em determinado local. -Anestesia Perineural: administramos o anestésico local próximo de um ramo nervoso. -Anestesia Espinhal (peridural ou intratecal): depositamos o anestésico local na medula espinhal, ou próximo à ela, ou no seu canal. ANESTESIA TÓPICA -Aplicação tópica de anestésicos. -O tecido deve ser fino e bem vascularizado para que o anestésico tenha efeito. -Mais eficiente sobre as mucosas. -Tem formulações que atravessam a pele íntegra, como o EMLA (Mistura Eutética de Anestésicos locais, que tem veículo oleoso). -Cremes, aerossóis, pomadas e líquido (vem em frasco e aspiramos na seringa, instilando em feridas íntegras por instilação). -Colírios: importantes em cirurgias oftálmicas e casos de blefaroespasmo (para permitir abertura de olhos em casos de úlceras, por exemplo). -Instilação de lidocaína 10% em spray na região orotraqueal para podermos fazer a intubação. Auxilia no conforto e na analgesia. A mucosa da traquéia é sensível e isso auxilia bastante. Podemos colocar geléia ou gel de lidocaína na sondagem esofágica, uretral. -Na mastectomia é provocada muita dor, pois na pele tem muitos nociceptores, e o paciente tem dor severa em transoperatório e pós-operatório. Podemos puxar anestésico local e instilar em cima de toda a ferida, promovendo analgesia importante no transoperatório e no pós-operatório imediato. -O colírio promove analgesia instantânea em região ocular, pois instalamos 1-2 gotas. -Podemos usar em casos de animais com úlceras de córnea. Animal com caso de úlcera e blefaroespasmo. -Após a retirada da cadeia mamária podemos instilar anestésico local. Devemos tomar bastante cuidado para não ultrapassar a dose tóxica. -Uso de sondas orotraqueais e geléias ou sprays para intubação. Com o uso do spray podemos melhorar a anestesia periglótica, e intubar os gatos no plano II dos estágios anestésicos. Devemos tomar cuidado com os gatos. Lembrando que cada borrifada de spray administra 10 mg. -Para usar pomadas devemos fazer tricotomia bem feita da pele. Colocamos quantidade generosa de pomada na superfície e esperamos 30 minutos para a absorção total. Pode ser usada em venopunção, arteriopunção, suturas simples e biópsia de pele pouco cruenta. -Podemos usar anestésicos locais com ou sem vasoconstritor. -O tempo de latência depende da técnica usada: o spray e o colírio são bem rápidos. -A eficiência: pequena comparada com as outras técnicas, maior se a pele não está íntegra. O colírio anestésico é muito eficiente. ANESTESIA POR INFILTRAÇÃO -Segura, não demanda de muita experiência da pessoa que for realizar. -Consiste em pegar o anestésico local e infiltrar ao redor do local que será feita a cirurgia. Várias aplicações distintas na região que vai ser operada, para bloquear a transdução do estímulo nocivo. -Usamos quantidade grande de anestésico local e devemos tomar cuidado com as doses tóxicas, e como aplico a agulha em diversos locais distintos, corre o risco de aplicação IV. Sempre devemos aspirar a seringa antes de aplicar, para evitar de pegar vasos. -Se for administrada IV existe o risco de intoxicação e não ocorre dessensibilização da área operada. -Técnica: Fazemos tricotomia e delimitamos com o cirurgião qual a região, que deve ser cercada por anestésico local. Se for uma cirurgia mais longa usamos medicamentos diferentes (bupivacaína dura mais tempo). Antissepsia e uso de luvas de procedimento ou estéreis (se a área já tem antissepsia definitiva, usamos luva estéril, mas se foi feita somente a prévia, podemos usar luvas de procedimento). -Mastectomia, nodulectomia (cercamos ao redor do nódulo para dessensibilizar ao seu redor: aplicamos injeções mais profundas ou mais superficiais para abranger todas as suas terminações nervosas), suturas. -Múltiplas injeções: intradérmicas, subcutâneas ou intramusculares. Imagem demonstrando como é feita a anestesia local infiltrativa em casos de nodulectomia. -Botão anestésico: aplicação subcutânea de anestésico em determinado local, formando uma bolinha que promove analgesia naquele ponto. Fazemos uma boa antissepsia regional, usando luvas de procedimento. Podemos usar em casos de punção venosa ou arterial, promovendo conforto ao paciente. Usamos em animais de grande porte para realizar a técnica de anestesia peridural, visto que ela é feita com o animal acordado e assim ele não sente a dor da região subcutânea, pele e parcialmente intramuscular. -Tumescência -Bastante usada em casos de mastectomia, no local onde será feita a incisão (ao redor de toda a cadeia mamária). -Promove analgesia trans e pós-operatória, diminui o sangramento, promove melhor divulsão tecidual (facilita a retirada da cadeia mamária), e melhor analgesia trans e pós-operatória. -Solução usada: 500 mL de solução fisiológica, 0,5 mL de adrenalina e 40 mL de lidocaína sem vasoconstritor. Colocamos a solução na geladeira para otimizar a vasoconstrição e deixar a lidocaína mais tempo no local e retirar mais facilmente a cadeia mamária. Conseguimos fornecer uma analgesia regional muito importante. Faremos várias perfurações, e por isso devemos tomar cuidado para não formar hematomas caso pegue vasos. Devemos palpar e não puncionar tumor, pois podemos realizar semeadura: levar células tumorais para uma região saudável. -Evitamos seu uso em tumores ulcerados e inflamados. Nos tumores ulcerados existe maior risco de semeadura e de levar contaminação para locais de pele íntegra. -Puxamos tecido subcutâneo ao redor da região a ser feita incisão e aplicamos a solução ao redor da cadeia mamária, puxando e injetando, formando linha ao redor. -Podemos usar agulhas cumpridas, pois fazemos menor número de perfurações no animal. -Método: Faremos um furo com bisturi e inserimos a cânula ou uma agulha de rosental, ou até mesmo uma agulha hipodérmica. Usaremos a que tiver no nosso ambiente de trabalho. -Faremos um furo com bisturi, introduzimos a agulha ou cânula com cuidado para não perfurar o abdômen nem tórax. Colocamos uma torneira de três vias para conectar um equipo no local. Utilizamos um equipo e torneira de três vias pois administraremos uma grande quantidade de anestésico local. ANESTESIA PERIDURAL BLOQUEIOS DE CABEÇA -Nervo infraorbitário: inerva o lábio superior, narinas, cavidade nasal, incisivos superiores e molares. -1 a 2 mL de lidocaína em cães, 0,5 a 1 mL para gatos. É bloqueado ipsilateralmente, e se queremos bloquear todos os lados faremos bloqueios nos dois nervos infraorbitários. -Palpamos o forame infraorbitário e colocamos o anestésico local na sua emergência. -Faremos triângulono molar e canino superior e com o dedo localizamos o forame infraorbitário, que está na maxila, depositando na sua emergência, não sendo necessário entrar com agulha, o que pode lesionar o nervo temporariamente ou permanentemente. Por isso usamos uma agulha de menor calibre (hipodérmica). Podemos fazer por cima do lábio ou abaixo. Se precisamos dos lados esquerdo e direito bloqueados, precisamos fazer a técnica nos dois antímeros. -Peça anatômica demonstrando onde o forame está, e que nele passam artéria, veia e nervo infraorbital, sendo necessário sempre aspirar com agulha para não pegar vasos. -Faremos o bloqueio bem na emergência do nervo. Dessensibiliza a região rostral facial de estruturas da maxila (ipsilateral). -Entramos com a agulha crânio-caudal. -Nervo mentoniano: localizado entre o primeiro pré-molar e o canino inferior, estando na mandíbula. Promove analgesia na região rostral da mandíbula a partir do forame. É ipsilateral. Se fizermos a cirurgia bilateral, precisamos bloquear os dois nervos mentonianos. -Depositamos o anestésico local na emergência do nervo, sem entrar no forame, pois podemos lesioná-lo. Já quando bloqueamos o nervo mandibular, gera analgesia de todo o ramo da mandíbula ipsilateral, enquanto no bloqueio de nervo mentoniano a analgesia é rostral ao bloqueio. -O lábio inferior tem uma parte mais durinha e firme, e abaixo dela está o forame mentoniano. -Podemos fazer por cima do lábio ou abaixando ele. -Posicionamento da agulha: sempre crânio-caudal, de frente ao forame. -Geralmente usamos lidocaína a 2%. -Nervo mandibular: depositamos o anestésico local próximo ao forame mandibular, que é localizado na porção medial da mandíbula. Não conseguimos vê-lo e nem palpar. -Externamente: Palpamos toda a região de mandíbula e perto da asa do atlas não conseguimos palpar, e ali entramos com a agulha caudo-cranial. -Faz o bloqueio de toda a mandíbula unilateral. -1 a 2 mL de lidocaína 2% - cão. -Faremos a entrada da agulha raspando no osso, pois o forame é ósseo. Quanto mais próximo do osso em sua porção medial, maior a chance de pegar o nervo mandibular. -Se temos que analgesiar toda a mandíbula, devemos bloquear bilateralmente. -Técnica de bloqueio do nervo mandibular pela região interna, onde vamos na região medial da mandíbula e bloqueamos o local raspando o osso para conseguir localizar o canal. A agulha vem por dentro da boca do animal sentido crânio-caudal. Devemos tomar cuidado com a lesão de nervos, pois podem causar paralisia de tônus muscular. Não causa trisma mandibular pois não tem rigidez dos músculos mandibulares. Tomar cuidado com infecções também. Nenhuma das técnicas descritas analgesia a região de masséter. Osteossíntese de mandíbula: A técnica de bloqueio mandibular é mais eficaz no caso acima do que a de bloqueio do nervo mentoniano, visto que a lesão está mais caudal. Paciente crítico, com TCE emergencial e que foi atropelado. Foi feito uma técnica para estabilização de sínfise mandibular, e uso de bloqueios regionais para não ser necessário aprofundamento na anestesia geral. Alguns cirurgiões usam botões ou êmbolos de seringa para estabilizar a região mandibular, e se alimentam por meio de sondas esofágicas. -Anestesia retrobulbar: -Promove analgesia de musculatura ao redor dos olhos e todo o globo ocular, anestesiando a região adjacente ao globo ocular e do próprio. -Usamos normalmente em casos de enucleação, por causa de suas possíveis complicações. -Colocamos lidocaína 2 mL. -Palpamos a órbita, usando a comissura medial, entrando com agulha raspando o tabique ósseo, bloqueando nervo óptico e todas as estruturas, entrando no espaço atrás do olho. -Por causa da introdução de agulha próximo ao olho, existe o risco de perfuração ocular. Devido a isso usamos em caso de enucleação, onde o olho já vai ser retirado. Raspamos a agulha no tabique ósseo até introduzir toda a agulha. O globo ocular pode ficar protuso. Observamos nervo óptico, musculatura e olho anestesiado. -Riscos de perfuração do globo ocular e injeção IV (sempre aspiramos antes a agulha). Entramos raspando no tabique ósseo para ter menores chances de lesionar o olho. Não promove analgesia de pálpebra. -Anestesia peribulbar: pode ser usada para a anestesia de globo ocular com menor risco de lesões. Podemos entrar por cima da pálpebra ou abaixo. -Precisamos bloquear a região inferotemporal da órbita e região superonasal da órbita. -Agulha entra em subcutâneo em 0,5 cm, tomando cuidado para não perfurar o olho. No bloqueio retrobulbar a agulha entra até a região atrás do globo, enquanto no peribulbar não. Curiosidades: em cirurgia de cherry eye é melhor usar colírio anestésico do que as técnicas de bloqueio regionais. ANESTESIA PERINEURAL DE MEMBROS BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL -Cirurgias de membro torácico: bloqueios na articulação escápulo-umeral e estruturas distais à ela. -Decúbito lateral, com membro a ser bloqueado para cima. Tricotomia do vazio torácico, palpamos com as mãos a artéria axilar, pois onde ela passa tem passagem de nervos também e queremos depositar o anestésico ali próximo. -Neuroestimulador: aparelho que consegue localizar o local de passagem dos nervos. -Repetir a técnica mais de uma vez para ter maiores chances de ocorrer bloqueio dos nervos, tomando cuidado com as doses tóxicas. -Fármacos: -Obs: na região distal escápulo-umeral. -Analgesia pós-operatória de longa duração até 12 horas, pois demora mais a ser eliminado. -Latência de 10 a 40 minutos dependendo do fármaco usado. -Complicações: pneumotórax (pois se entrar com agulha sem seringa, podemos perfurar o tórax e retirar sua pressão negativa) e aplicação intravascular. Devemos sempre aspirar a agulha antes. Região de vazio torácico, onde tem uma depressão. Suspendemos o membro com uma mão e palpamos a artéria axilar. Com a outra mão palpamos a artéria axilar. Sempre tentar entrar com a agulha o mais próximo do membro e do dedo onde palpamos a artéria axilar. Podemos repetir a técnica buscando bloquear mais fibras e ter uma técnica efetiva. Conseguimos realizar cirurgias invasivas com animal sedado. Tudo dependendo do tempo cirúrgico e do temperamento do animal. Conseguimos observar os sinais hemodinâmicos de dor caso a técnica de bloqueio anestésico não tenha sido feita corretamente. ANESTESIA DE BIER -Técnica de anestesia intravenosa -Uso em extremidades de membros torácicos ou pélvicos, em regiões distais ao garrote. Não pode ser usado em cirurgias longas. -O animal deve estar em cirurgia geral ou anestesiado. Os pequenos animais não aceitam o garrote bem se estiverem acordados, já os de grande porte aceitam. -Passamos faixa de bandagem de Esmarch, que pode ser uma atadura ou tecido elástico que desloca uma boa quantidade de sangue para fora do membro. Deixar garrote em grande superfície. Após colocar a faixa e colocar o garrote, tiramos a faixa. Ocorre anestesia de toda região. Depositamos anestésico local na região posterior do garrote, sendo que o anestésico que fica preso ali no local. Tricotomia da região, canulação com cateter, escalpe ou uso de agulha. Não usamos lidocaína com vasoconstritor. -Esperamos 5 minutos para total analgesia local. -Gera analgesia de pele, musculatura, sc e ossos. -Podemos fazer amputação de dígito, osteossíntese de metatarso. -O garrote pode permanecer no local de 60-90 minutos. Em grande podemos usar por 1 hora e meia, mas em pequenos apesar de ser possível devemos ter muito cuidado. -Após retirar a bandagem podemos ter lesão de reperfusão quando se deixa por 1 hora e meia. -Não podemos retirar a bandagem antes do local, pois tem muito anestésico na corrente sanguínea, e precisa de tempo hábil para que ele seja absorvido localmente e não vá para a circulação sistêmica. -Após retirar o garrote ou torniquete, devemos fazer isso lentamente (5 minutos) para evitar intoxicação e rápida absorção sistêmica, com lesão de reperfusão. Vantagens: -Fácil realização
Compartilhar