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1 A GESTÃO DO CONHECIMENTO EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO EMPRESARIAIS: UM ESTUDO DE CASO ELISANGELA D. CARVALHO * elisangelaibhf@yahoo.com.br SÉRGIO FRANKLIN ** sergiofr@ufba.br RESUMO: Apresenta um panorama de como as unidades de informação têm se comportado diante da gestão do conhecimento. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em revisão de literatura, de cunho qualitativo, cuja investigação se deu por meio da utilização de estudo de caso em uma biblioteca empresarial. Entre os pontos investigados, destacam-se o grau de conhecimento organizacional dos funcionários da biblioteca e os requisitos de identificação do gerenciamento de conhecimento nas organizações. Investigou-se se as unidades de informação definem sua missão e visão. Mostra aspectos da cultura e estrutura organizacional das bibliotecas empresariais. Como resultado, verificou-se que a unidade estudada ainda não adota a gestão do conhecimento como um processo gerador de eficiência e eficácia nos resultados de suas atividades. O estudo revelou que a cultura organizacional da biblioteca ainda não é voltada para criação do conhecimento, e que há muita burocracia nas tomadas de decisão, sendo os processos decisórios lentos e centralizadores. Palavras-chave: gestão do conhecimento; gestão de pessoas; cultura organizacional; bibliotecas empresariais. INTRODUÇÃO O século XXI trouxe consigo uma série de inovações que tiveram início no final do século passado; trouxe também avanços tecnológicos que permitem à humanidade conquistas em todas as áreas do conhecimento humano. Um exemplo disso é o surgimento da Tecnologia da Informação (TI) que nasceu após o avanço da informática e das telecomunicações. Em meio a essas inovações, destacamos Gestão do Conhecimento (GC) como disciplina administrativa que permite às organizações o gerenciamento do conhecimento criado na própria * Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Bahia. ** Mestre em Ciência da Informação pela UnB e prof. assistente da UFBA/ICI. 2 organização. A Gestão do Conhecimento e a Tecnologia da Informação trabalham juntas. A TI é um objeto que lida com a informação e a GC o objeto que gerencia o conhecimento. No meio bibliotecário, a GC é ferramenta importante para melhorar a produtividade das organizações, porém ainda pouco utilizada nas unidades de informação. A biblioteca precisa adaptar-se às inovações decorrentes das tecnologias e tirar o máximo proveito do que isso pode lhe trazer, porque gerir conhecimento é muito mais amplo do que coletar, tratar, registrar, disseminar e recuperar a informação, onde quer que ela esteja. O objetivo deste artigo é verificar se a Gestão do Conhecimento tem sido aplicada em bibliotecas empresariais, e qual o diferencial que ela representa para as unidades de informação que a utilizam. Alguns pontos serão analisados, tais como: a) averiguar se a GC define sua missão e visão; b) verificar se define os processos de recrutamento e seleção com base na cultura e nos valores da organização; c) perceber se, utilizada, a GC traz mudanças significativas para a estrutura e cultura da biblioteca; d) examinar se existe uma base documentada que ampare os processos decisórios dentro da biblioteca; 2 GESTÃO DE PESSOAS Não se pode abordar questões de GC sem antes se fazer referência aos recursos humanos. Na visão de Chiavenato (2004), a história da Gestão de Pessoas é relativamente recente. Embora tendo começado com a revolução industrial, só veio se firmar como uma área de estudo, em nossos dias. Nonaka e Takeuchi (1997, p.50) já diziam que “a sociedade industrial do pós-guerra evoluiu, transformando-se cada vez mais em uma sociedade de serviços [...] na chamada sociedade da informação”. Diferentemente de algumas décadas passadas, as tecnologias da informação, hoje, dão subsídios ao conhecimento gerado na organização. O investimento nas pessoas tem sido um ponto forte dentro das organizações, mais até do que em produtos e serviços (CHIAVENATO, 2004). As principais teorias da Administração deram ênfase a tarefas, na estrutura organizacional, nas pessoas, no ambiente, na tecnologia e, por fim, na competitividade, que são as novas abordagens da Administração atual. 3 Nas organizações de hoje, ainda existe a realização da tarefa em si, mas também é preciso que haja estrutura organizacional e, o mais importante, o foco nas pessoas que fazem a organização. Já se passaram muitas décadas após a publicação das principais teorias da administração, e o que se pode observar é que a estrutura das organizações já está bem consolidada, porém a rotina não é mais o centro que move as grandes companhias; as pessoas significam o diferencial competitivo que promovem o sucesso organizacional. A gestão de pessoas diz que as pessoas são os elementos básicos de sucesso empresarial. “As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões” (CHIAVENATO, 2004, p. 5). Stewart (1998 apud CHIAVENATO, 2003, p. 595) ainda acrescenta que administrar pessoas vem antes, durante e depois da administração de qualquer recurso organizacional, seja capital, máquinas, instalações, etc. Ou seja, é um conjunto cujos elementos não podem ser desmembrados. 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO A Gestão do Conhecimento (GC) é uma abordagem administrativa que tem o capital intelectual como fator predominante, baseado unicamente no conhecimento. Porém, para falar de GC, é preciso voltar um pouco para o início da década de 1990, quando o surgimento de novas tecnologias nos lançou à era da informação e, conseqüentemente, à sociedade do conhecimento. Nessa mesma década se deu o fenômeno da globalização impulsionado pelas novas tecnologias, que pôs o mundo numa mesma conexão, impulsionando a produtividade. A ênfase nos serviços foi um ponto forte que levou a economia globalizada a investir na melhoria contínua dos serviços, o que resultou no conceito de qualidade total. Foi nesse contexto que a GC se fortaleceu como disciplina administrativa, e isso se deu exatamente por causa das novas tecnologias, que passaram a constituir a principal ferramenta a serviço do homem. O aperfeiçoamento de novas tecnologias foi o berço da era da informação e do conhecimento, fazendo surgir uma nova economia que é a economia do conhecimento gerenciado pela TI. 4 Dados e informação são elementos que compõem o conhecimento por isso é preciso defini-los. Barroso e Gomes (2000, p. 4 apud CARVALHO, 2003, p. 24) asseguram que “uma mesma mensagem pode ser tratada como dado, informação ou conhecimento, dependendo de quem a recebe”. Por serem termos muito utilizados na sociedade do conhecimento, eles são, muitas vezes, usados como sinônimos, mas possuem significados diferentes. Davenport & Prusak (1998) definem dados como registros estruturados de transações. Dados, em si mesmos, não trazem nenhuma informação que agregue valor; eles são apenas registros de atividades ou transações quantificáveis e transferíveis e precisam de informação para ser interpretados. Estes mesmos autores definem informação como dados que fazem diferença. A informação tem o poder de fazer quem a recebe mudar de idéia ou tomar uma decisão; a informação instrui e tem significado. Chiavenato (2003, p. 593) define conhecimento como “a informação estruturada que tem valor para uma organização”. Esse conhecimento está dentro das pessoas, o chamado conhecimento tácito, porém intangível e que precisa ser absorvido pela organização. São essas pessoas que aprendem e desenvolvem o trabalho, gerenciam e descobrem a maneira certa de fazerem as coisas acontecerem. Já os recursos tecnológicos estão à disposição do conhecimento humano, os chamados recursos tangíveis das organizações. Davenport & Prusak(1998, p. 6) entendem que o conhecimento nas organizações não está apenas na cabeça das pessoas, mas em todo processo organizacional. O conhecimento adquirido através da experiência tende a ser tácito, físico e subjetivo, segundo Nonaka e Takeuchi (1997). É o conhecimento individual dos membros que compõem a organização. Por outro lado, o conhecimento facilmente expresso por palavras, números ou fórmulas, é o que os autores chamam de conhecimento codificado ou explícito; é o conhecimento a que toda organização tem acesso através de cursos, treinamentos e qualquer outro meio que a organização utiliza para disseminar o conhecimento organizacional. A GC ocupa-se da desafiadora tarefa de gerir o conhecimento tácito e o explícito, de maneira que adicione valor a processos, produtos, serviços e potencialize o aprendizado organizacional e a competitividade, levando a empresa à constante inovação (DUDZIAK, VILLELA E GABRIEL, 2002). 5 As organizações bem-sucedidas já investem grande parte de seu capital no gerenciamento dos ativos intangíveis. Segundo Chiavenato (2003 p. 595) as organizações “utilizam indicadores como eficiência, renovação, crescimento e estabilidade para gerir e monitorar seus ativos intangíveis”. Dudziak, Villela e Gabriel (2002), acrescentam que “as melhores empresas no futuro serão aquelas nas quais todos criam e usam de forma compartilhada o conhecimento, ao invés de mantê-lo entesourado e individualizado”. 4 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO VOLTADA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO A tecnologia da informação (TI) cumpre papel muito importante na realização da Gestão do Conhecimento. Contudo, essa tecnologia apenas dá o suporte necessário à realização do processo de gerenciamento do conhecimento organizacional. Carvalho (2003) afirma que “com estas ferramentas, pretende-se que o conhecimento possa fluir através de redes de comunidades, transformando a tecnologia em um meio e o conhecimento em uma mensagem”. Se as organizações não descobrirem como transformar informação em conhecimento, de nada adiantará o uso dessas tecnologias; elas, por si só, não garantem o sucesso da Gestão do Conhecimento. A TI representa a infra-estrutura necessária para tornar o conhecimento organizacional acessível a todos. É a capacidade de captar e gerir o conhecimento humano que torna as tecnologias da informação particularmente apropriadas para lidar com o conhecimento. (Davenport & Prusak, 1998). Porém, as organizações que trabalham com a GC precisam ter uma cultura organizacional de aprendizagem; a tecnologia é o canal que viabilizará a estruturação do conhecimento, podendo até influenciar, quantitativa ou qualitativamente, todo o processo. É leviano se pensar que as novas tecnologias são a solução para os problemas de qualquer empresa. Isso pode acontecer, desde que se reconheça que o conhecimento é o principal insumo que move toda sociedade do conhecimento. 6 O papel da TI é organizar o fluxo informal1, de modo a agregar valor às informações, acelerando a velocidade de transferência do conhecimento e disponibilizando esse conhecimento em uma base compartilhada por toda a organização (Carvalho, 2003). Logo, sem Gestão do Conhecimento, não faz o menor sentido o investimento em tecnologias que promovam o conhecimento organizacional. No âmbito das bibliotecas, a TI representa o suporte que permite a interação entre equipes de trabalho, melhorando a comunicação e promovendo a apreensão do conhecimento gerado. 5 GESTÃO DO CONHECIMENTO NA BIBLIOTECA Segundo Castro Filho e Vergueiro, (2005) “nas bibliotecas especializadas do meio bibliotecário brasileiro, a idéia de GC parece ainda ser um tema recente”. São poucas as literaturas que abordam a GC nas unidades de informação; os poucos estudos que abordam a temática estão voltados para biblioteca universitária. Dudziak, Villela e Gabriel (2002) salientam que poucas são as bibliotecas que tomaram a GC como fator diferencial em sua filosofia organizacional, mesmo conhecendo as vantagens que a aplicação de tal ferramenta representa para uma biblioteca. “A GC pode trazer significativas mudanças para a estrutura e cultura da biblioteca, assim como alterar e criar novas perspectivas e demandas para a administração e demais membros”. (JANTZ, 2001 apud DUDZIAK, VILLELA E GABRIEL, 2002). Autoras do artigo “Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias”, elas apontam que a importância da aplicação da GC se dá a partir de uma série de questionamentos referentes à organização quando da definição do projeto. Uma unidade de informação inserida no contexto empresarial tem a missão, visão e objetivos voltados para o interesse da organização. Apesar “de muitos considerarem a GC uma atividade empresarial em que o uso do conhecimento cria valor empresarial em termos de lucros ou alguma outra medida quantitativa” (Jantz, 2001, apud COSTA E CASTRO, 2004), a literatura não aborda a temática com a 1 Davenport & Prusak (1998, p. 144) chamam de redes informais. Segundo eles, os mercados do conhecimento formam-se ao redor das redes formais e informais; portanto, fornecer informações sobre essas redes é uma boa maneira de tornar o conhecimento visível. 7 freqüência esperada ou desejada, se formos levar em conta que toda grande organização possui unidades de informação, sejam arquivos, bibliotecas ou centros de documentação e utiliza-se dessas unidades. As bibliotecas têm uma grande participação no processo de inovação e consolidação de novos conhecimentos e dão o suporte informacional necessário para as organizações da qual fazem parte. Entretanto, as organizações não possuem formas conhecidas de quantificar os benefícios da biblioteca como fonte de informação e mercado do conhecimento (DAVENPORT & PRUSAK, 1998). Então, cabe à própria organização biblioteca trabalhar para exercer sua função de gestora do seu próprio conhecimento: gerenciar seu fluxo informal tendo como foco o capital intelectual. Davenport & Prusak (1998) vão dizer que a atividade bibliotecária, por ser informal e não documentada, muitas vezes não é reconhecida. As pessoas da organização utilizam-se dela, mas não a valoriza devidamente. Shanhong (2000) (apud COSTA E CASTRO 2004) vai mostrar que a GC em bibliotecas tornará-se-á cada vez mais importante, e que essa forma de gestão terá três focos distintos: gerenciamento dos recursos humanos, que ele considera ponto central da GC nas bibliotecas; promoção da inovação do conhecimento; e a tecnologia da informação, como instrumento para a GC em bibliotecas. O gerenciamento de recursos humanos faz lembrar a importância da gestão de pessoas na biblioteca. Castro Filho e Vergueiro (2005) quando falam da permeabilidade das unidades de informação à GC, apontam que a cultura organizacional influencia bastante quando da decisão de adotar tal disciplina. A falta de confiança mútua, de comunicações claras, a construção de relacionamentos duradouros, as diferenças de vocabulários, entre outros, podem ser impedimentos para que a GC flua devidamente. Citando Grosser (1991), os autores definem cultura organizacional: Cultura organizacional é o conjunto de valores e crenças compartilhados por aqueles que atuam numa organização, o qual exerce um impacto dramático no comportamento dos empregados e no desempenho organizacional, agindo como uma força unificadora, que mantém a coesão entre os empregados. (GROSSER ,1991 apud CASTRO FILHO e VERGUEIRO). A cultura organizacional da biblioteca deve ser uma facilitadora da aplicação da GC. Pessoas comprometidas são muito importantes para o desenvolvimento da disciplina em questão. 8 Promover a inovação do conhecimento significa “incentivar, de forma efetiva, o comportamento positivo das pessoas em relação à socialização do conhecimento”. (Valentim e Gelinski,2005). A inovação só se dá quando existe aprendizado constante da equipe que atua na biblioteca. A incorporação de novas tecnologias é essencial para a prestação dos serviços, que evoluíram de catálogos para os bancos de dados e intranets. Como já foi dito por Davenport e Prusak (1998), muitas vezes a organização não percebe a importância da biblioteca no contexto empresarial porque ela atua de forma quase silenciosa e os resultados nem sempre são visíveis, mas eles estão lá. A GC na biblioteca empresarial vai trazer visibilidade aos seus processos, atrair a clientela interna e melhorar a qualidade dos serviços prestados. Os benefícios são muitos. Dudziak, Villela e Gabriel (2002) apontam algumas das vantagens: a) Construção de uma base documentada que ampara os processos decisórios dentro da biblioteca; b) Melhoria da comunicação e interconectividade entre todos os setores da biblioteca, de modo que as informações possam fluir, de forma independente do desejo das pessoas, havendo também a redução dos obstáculos à separação geográfica; c) Racionalização de tarefas como conseqüência da padronização de procedimentos e conhecimento de normas; Castro Filho e Vergueiro (2005) acreditam que existem duas formas de pensar o tema GC na biblioteca: a primeira forma liga-se, diretamente, ao contato com o cliente, ou seja, concentra- se na criação de processos de GC voltados para os clientes dos serviços; a segunda consiste na aplicação interna dos preceitos da GC, investindo no próprio capital intelectual da biblioteca, ou seja, todos aqueles que colaboram para que seus serviços e produtos respondam com qualidade às necessidades dos clientes. Considerando o último ponto levantado, Di Domenico, De Bona e Fernández (2003, apud COSTA E CASTRO, 2004) ressaltam que: Um dos objetivos da gestão do conhecimento em bibliotecas é promover a mudança de conhecimento entre o pessoal da unidade de informação. Reforçando a consciência e habilidades da inovação. Eleva-se o entusiasmo do pessoal e a possibilidade de aprender, enquanto que o conhecimento seja mais bem aplicado às atividades, reconstruindo sempre, fazendo uma organização de aprendizagem contínua. (DI DOMENICO; DE BONA; FERNÁNDEZ, 2003). Por último, Castro Filho e Vergueiro (2005) reconhecem que além, de constituir em uma proposta de administração, a GC é também uma estratégia para a competitividade. Porém, em 9 geral, as bibliotecas não se colocam como competitivas, contentando-se com o desempenho rotineiro de suas atividades. 6 METODOLOGIA O enfoque deste estudo recai sobre os meios de desenvolvimento das atividades dos setores de processamento técnico, referência, atendimento ao usuário e da coordenação da biblioteca, procurando mapear se há atividades de GC e como se dá o gerenciamento. A população, objeto deste estudo, é composta por todos os funcionários da unidade de informação em estudo. 6.1 COLETA E ANÁLISE DE DADOS A coleta de dados se deu através da aplicação de questionário presencial. As perguntas do questionário foram agrupadas em 5 (cinco) dimensões da prática gerencial, que, segundo Terra (2000 apud Castro, 2005), são requisitos para avaliar a existência do gerenciamento de conhecimento na organização: Cultura organizacional, estrutura organizacional, política de recursos humanos, sistemas de informação e mensuração dos resultados. Para verificar se a GC tem sido aplicada em bibliotecas empresariais, é preciso, antes, investigar se as pessoas que trabalham na organização estudada possuem conhecimento do que acontece em seu ambiente de trabalho. Os funcionários souberam responder a 83% das perguntas, enquanto apenas 17% das questões não foram respondidas o que denota total falta de conhecimento. Esse é um aspecto positivo porque indica que o conhecimento é compartilhado na organização. Mesmo não possuindo mecanismos formalizados de GC, a unidade já demonstra que possui uma das características peculiar da Gestão do Conhecimento, que é o conhecimento organizacional. 10 6.1.1 CULTURA ORGANIZACIONAL O gráfico 1 mostra a cultura organizacional. Gráfico 1 – Panorama da Cultura Organizacional O aspecto mais pontuado foi o estabelecimento de metas pela biblioteca; 16% em detrimento de a missão e valores da biblioteca serem registrados com apenas 12% das respostas positivas. Os aspectos “estímulo à experimentação” e “novas idéias são valorizadas” tiveram os mesmos 12%. O gráfico ainda mostra outros aspectos que tiveram pontuações baixas, fazendo- nos entender que a cultura organizacional da biblioteca precisa ser mais trabalhada, a fim de criar o ambiente propício para o sucesso da Gestão do Conhecimento. O gráfico 1.1 mostra que 17% dos respondentes responderam negativamente aos aspectos questionados e o restante não soube responder. Gráfico 1.1 - Missão e valores da biblioteca 6.1.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O gráfico 2 aponta os principais aspectos da estrutura organizacional. 12% 13% 16% 12% 13% 12% 13% 9% Missão e valores da biblioteca de forma registrada Sentimento de confiança entre biblioteca e funcionários. A biblioteca estabelece metas. Estimula-se a experimentação. Há liberdade para tentar e falhar. As pessoas estão preocupadas com toda a organização. Novas idéias são valorizadas. As realizações importantes são comemoradas. Há grande tolerância para piadas e humor. 66% 17% 17% S N NS 11 Gráfico 2 – Estrutura Organizacional O que se percebe é que há muita burocracia nas tomadas de decisão. Apenas 11% dos entrevistados disseram que as decisões eram tomadas no nível mais baixo possível. Em contrapartida, 67% afirmaram que o processo decisório é lento. Castro (2005) afirma que, ao se projetar uma estrutura organizacional para a Gestão do Conhecimento, diversos elementos devem ser considerados, inclusive a centralização/descentralização, a formalização, dentre outros aspectos. Nesse quesito, a biblioteca precisa estruturar sua forma de gestão para que não haja uma demora desnecessária na solução de problemas que exigem ser solucionados em um curto espaço de tempo. Destaca-se no gráfico 2.1, o aspecto que teve a pontuação negativa mais alta do requisito estrutura organizacional. 75% da equipe entrevistada disseram que o processo decisório é muito burocrático; 17% afirmaram que o processo é rápido e 8% não souberam responder. Gráfico 2.1 – Processo Decisório 6.1.3 POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS No gráfico 3, foram elencados vários aspectos concernentes à política de recursos humanos. O gráfico mostra que, dos 5 (cinco) aspectos levantados, apenas os aspectos “existência de descrição de cargos e função”, e “o treinamento de pessoal está associado às necessidades 45% 44% 11% Realiza-se, com freqüência, reuniões informais para a realização de brainstormings Pequenas reorganizações ocorrem com freqüência para se adaptar às demandas do ambiente competitivo As decisões são tomadas no nível mais baixo possivel. O processo decisório é ágil: a burocracia é mínina. 17% 75% 8% S N NS 12 imediatas da área de trabalho” obtiveram 27% de respostas positivas. O aspecto “planejamento de carreiras” obteve o menor índice de respostas positivas, apenas 11%. A política de recursos humanos envolve gestão de pessoas. Esse requisito é muito importante porque envolve o capital intelectual da organização. Se as pessoas que formam a organização não se sentirem parte integrante, o processo de Gestão do Conhecimento será prejudicado porque não haverá o comprometimento necessário para o sucesso da disciplina. Apenas 19%, do totalde respostas positivas, afirmaram que existe a busca de diversidade e aumento da criatividade por meio do recrutamento. Através do processo de recrutamento e da seleção, a organização poderá atrair e selecionar pessoas que mais se identificam com os valores culturais da organização (Castro, 2005). O gráfico 3.1 mostra a divisão da equipe, quando 50% afirmam que há baixo turnover de funcionários na biblioteca, ou seja, não há rotatividade de funcionários, o que prejudicaria todo processo de aprendizagem coletiva. Entretanto, 33% afirmaram que há um alto turnover na biblioteca, e 17 % não souberam responder. O gráfico 3.2 mostra que 33% dos respondentes disseram não conhecer se há uma busca de diversidade e aumento da criatividade por meio do recrutamento, enquanto 8% das respostas foram negativas. 59% respondeu positivamente, afirmando que há diversidade por meio do recrutamento. Gráfico 3 – Política de Recursos Humanos Gráfico 3.1 – Turnover na Biblioteca Gráfico 3.2 – Diversidade e Aumento da Criatividade 19% 27% 11% 27% 16% Há uma busca de diversidade e aumento da criatividade por meio do recrutamento. Existe uma descrição de cargo ou função de cada funcionário da biblioteca. O planejamento de carreira busca dotar os funcionários de diferentes perspectivas e experiências. O treinamento está associado às necessidades da área imediata de trabalho do funcionário/biblioteca. Há um baixo turnover na biblioteca em comparação a outras áreas da organização. 50% 33% 17% S N NS 59% 8% 33% S N NS 13 6.1.4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO O gráfico 4 analisa o requisito sistemas de informação, que é a base da Gestão do Conhecimento. É possível observar, nos gráficos 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4, que todos os aspectos abordados possuem mais de 50% de respostas positivas, chegando até a 75% no item informações compartilhadas. O sistema de informação de qualquer organização precisa ser eficiente. Castro (2005) vai dizer que é fundamental a utilização de tecnologia da informação para disponibilizar e compartilhar o conhecimento em qualquer parte da organização, por meios de mecanismos de disseminação. No requisito sistemas de informação, a biblioteca mostra-se altamente eficaz em seu modelo de Gestão do Conhecimento. Gráfico 4 – Sistemas de Informação Gráfico 4.1 - Comunicação Gráfico 4. 2 – Base Documentada Gráfico 4.3 – Disciplina, eficiência e incentivo Gráfico 4.4 – Compartilhamento de Informação A comunicação é eficient em todos os sentidos. 58% 25% 17% S N NS Existe uma base documentada que ampara os processos decisórios dentro da biblioteca. 67% 8% 25% S N NS Há grande disciplina, eficiência e incentivo para a documentação do conhecimento e know-how existente na empresa. 66% 7% 27% S N NS As informações são compartilhadas. Existe amplo acesso, por parte de todos os funcionários, à base de dados e conhecimento da biblioteca. 75% 25% 0% S N NS 21% 24% 26% 29% A comunicação é eficiente em todos os sentidos (de cima pra baixo, de baixo para cima e entre áreas distintas). Existe uma base documentada que ampara os processos decisórios dentro da biblioteca. As informações são compartilhadas. Existe amplo acesso, por parte de todos os funcionários, à base de dados e conhecimento da biblioteca. Há grande disciplina, eficiência e incentivo para a documentação do conhecimento e know-how existente na empresa. 14 6.1.5 MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS Gráfico 5 – Mensuração de Resultados Observa-se que, no aspecto medição de resultados, 37% dos respondentes foram unânimes em dizer que a biblioteca se preocupa em medí-los. Porém, apenas 30% disseram que os índices medidos são avaliados e transformados em ações, enquanto que 33% afirmaram que os resultados são amplamente divulgados. Há uma pequena discrepância de opiniões nesse requisito, o que leva a um total de 8% de respondentes, que disseram não saber responder às perguntas formuladas. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo revelou que a GC tem sido pouco aplicada em bibliotecas empresariais. Embora algumas unidades de informação (especializadas ou universitárias) possuam aspectos inerentes à GC, esta disciplina ainda não é um instrumento de gestão muito comum nas bibliotecas brasileiras. Contudo, vale ressaltar que não são apenas as unidades de informação empresariais que sofrem com a ausência da GC nos seus processos de gerenciamento. De acordo com a literatura estudada, em geral, as bibliotecas brasileiras ainda não adotaram esse modelo de gestão, talvez por estarem ainda muito enraizadas em processos tradicionais, como coletar, processar, disseminar e armazenar, ou seja, uma repetição de técnicas e métodos. REFERÊNCIA CARVALHO, Rodrigo Baroni de. Tecnologia da informação aplicada à gestão do conhecimento. Belo Horizonte: FACE-FUMEC, C/arte, 2003. 37% 30% 33% Existe uma grande preocupação em medir resultados sob várias perspectivas Esses índices são avaliados e transformados em ações. Tais resultados são amplamente divulgados. 15 CASTRO FILHO, Cláudio Marcondes de.; Vergueiro, Waldomiro. A permeabilidade das unidades de informação à gestão do conhecimento: o ambiente das bibliotecas especializadas brasileiras. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIENCIA DA INFORMAÇÃO, 21, Curitiba. Anais... Curitiba: FEBAB: 2005. CASTRO, Gardenia de. A gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias: um instrumento de diagnóstico. 2005. 161 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação) - Centro de Ciência da Educação da Universidade Federal da Santa Catarina, Florianópolis, 2005. disponível em < http://www.cin.ufsc.br/pgcin/GardeniaCastro.pdf>. Acesso em: 12/11/2007. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ______.Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. COSTA, Marília Damiani; CASTRO, Gardenia de. Aplicações de gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias: mapeamento e discussões preliminares. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BILIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 13., 2004, Natal, RN. Anais... Natal: UFRN, 2004. Disponível em: < http://www.portalppgci.marilia.unesp.br/enancib/viewpaper.php?id=190>. Acesso em 22/09/2007. DAVENPORT, Tomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Disponível em <http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/31/29>. Acesso: 21/09/2007. DUDZIAK, Elisabeth Adriana; VILELA, Maria Cristina Olaio; GABRIEL, Maria Aparecida. Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 12., Recife. Anais... Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2002. Disponível em: <http://www.sibi.ufrj.br/snbu/snbu2002/oralpdf/91.a.pdf>. Acesso em: 22/09/2007. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. VALETIM, Marta Ligia P.; GELINSKI, João Vitor V. Gestão do conhecimento como parte do processo de inteligência competitiva. Informação e Sociedade, v. 15, n. 2, 2005.
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