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Heilbroner - Capítulo Final

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Prévia do material em texto

ROBERT HEILBRONER
A HISTÓRIA DO
P ENSAMENTO ECONÔMICO
Fundador
VICTOR CIVITA
(1907 - 1990)
Editora Nova Cultura l Ltda .
Copyr igh t © desta edição 1996, Círcu lo do Livro Ltda .
Rua Paes Leme, 524 - 10º andar
CEP 05424-010 - São Paulo - SP
Tradução publicada sob licença da Simon & Schuster .
Todos os direitos reservados., inclu indo o direito de
reprodução no todo ou em par tes.
Títu lo or igina l: The Wordly Philosophers - Rober t L. Heilbroner
Copyr ight © 1953, 1972, 1980, 1992
Direitos de t radução: Círcu lo do Livro Ltda .
Tradução: Therezinha M. Deutsch
Sylvio Deutsch
Consultor ia : Paulo Sandroni
Impressão e acabamento:
DONNELLEY COCHRANE GRÁFICA E EDITORA BRASIL LTDA.
DIVISÃO CÍRCULO - FONE (55 11) 4191-4633
ISBN 85-351-0810-6
Rober t L. Heilbroner vem estudando os grandes economistas
desde que foi apresen tado a eles na Universidade de Harvard, em
1936. Formou-se sum m a cum laude e Phi Beta Kappa; passou a
pra t ica r economia no governo, em negócios e completou os estudos
de graduação na New School for Socia l Research . Os Filósofos Pro-
fanos, agora na sexta edição, foi seu pr imeiro livro e a lcançou su-
cesso imedia to assim que foi publicado, em 1953. Desde en tão, foi
t raduzido para doze idiomas e tornou-se a in t rodução padrão da
economia em muitas facu ldades e un iversidades. Ent re seus ou t ros
livros incluem-se T he Future as History (1959), T he Great Ascent
(1963), An Inquiry in to the Hum an Prospect (1975), Business Ci-
vilization in Decline (Penguin 1977) e T he N ature and Logic of
Capitalism . O dr . Heilbroner é professor de Economia de Norman
Thomas na New School for Socia l Research , em Nova York, e fez
conferências para numerosas audiências do governo e de un iversi-
dades. Escreve para o jorna l N ew Y orker. É casado e mora na
cidade de Nova York.
AS VIDAS, ÉP OCAS E IDÉIAS
DOS MAIORES P ENSADORES
ECONÔMICOS
S EXT A E DIÇÃO
XI
ALÉM DA F ILOSOFIA P ROFANA
Chegamos ao fim do livro e está na hora de reflet ir sobre
nossa jornada . E , assim, nossa a tenção move-se das rea lizações
dos indivíduos filósofos profanos para suas rea lizações colet ivas —
o vasto campo da própr ia filosofia profana . Olhando para t rás, para
os t raba lhos de um punhado de homens especia is, o que podemos
dizer sobre suas previsões? Quão bem-sucedidos foram os grandes
economistas em descobr ir Ordem e Significado na Histór ia socia l,
para repet ir as pa lavras de nossa In t rodução? Em que extensão a
economia nos permite perceber a est ru tura que existe por t rás da
confusão da vida diá r ia , um drama no torvelinho dos eventos?
Estas questões nos levam a pensar novamente sobre os dois
aspectos da economia que vieram à ba ila no ú lt imo capítu lo. Vamos
começar com a previsão. Os grandes economistas rea lmente acre-
ditam que podem prever o curso dos eventos? Sim e não. Todos
eles projeta ram tendências e rumos econômicos no fu turo. O que
chegou mais per to de ser um agnóst ico econômico foi J ohn Stuar t
Mill, que apresen tou a seus leitores um ca tá logo de possíveis ca -
minhos na direção do estado estacioná r io, dependendo de que, por
exemplo, a população crescesse mais depressa do que a acumulação
de capita l ou vice-versa . Mas mesmo Mill t inha uma escolha “pre-
fer ida” en t re suas opções, e muitos dos grandes economistas, como
vimos, apresen tavam a seus leitores apenas um caminho.
Claro que nenhum dos economistas foi tolo a ponto de acre-
dita r que a sociedade cor r ia sobre t r ilhos econômicos. Ta lvez o que
chegou mais próximo de uma previsão r ígida tenha sido o implacável
pr imeiro Essay on Population , de Malthus. Ainda assim lembremos
que a este seguiu-se, depois de a lguns anos, o muito mais rest r ito
287
e circunspecto S econd Essay. Mesmo Marx, que é cit ado regula r -
mente como o Grande Profeta , e que rea lmente fa lou sobre as leis
de movimento do sistema, foi de fa to muito cau teloso em seus pro-
nunciamentos. Os marxistas a inda deba tem, por exemplo, se ele
via o sa lto do capita lismo para o socia lismo como a lgo “inevitável”.
A razão da ausência de decla rações diretas de previsão não
é difícil de encont ra r . A previsão é a lgo difícil o bastan te em quase
todas as ciências; exemplo de exceções são a ast ronomia e a física ,
onde as coisas ocor rem no imper turbável labora tór io do espaço ou
em a lguma aproximação dele feita pelo homem. No mundo socia l
não encont ramos um cená r io no qua l as coisas possam ocor rer livres
de forças est ranhas. A sociedade, que é pa ra o observador socia l
o equiva len te do universo, vive sendo constan temente aba lada ou
per turbada às vezes pela incursão da própr ia na tureza , porém mais
comumente pelo fa to de que os planetas e á tomos da sociedade —
suas inst itu ições e indivíduos — têm o incômodo hábito de se as-
senhorear dos assuntos e agir de maneiras que não têm corres-
pondentes no “compor tamento” de planetas e á tomos rea is.
Deste modo, os grandes economistas não escrevem sobre as
coisas que virão como se est ivessem fazendo previsões específicas
para o mercado de ações, mas sim como se est ivessem ret raçando
as conseqüências a longo prazo de tendências fundamenta is. “Um
luto oficia l”, escreve Adam Smith , “faz subir o preço das roupas
pretas”.1 Nós sor r imos, aprovando. Mas isto é uma previsão? Não
exa tamente. É possível imaginar que o próximo lu to oficia l não vá
fazer subir o preço das roupas pretas se, por exemplo, os comer-
cian tes de tecido t iverem em mãos um estoque muito grande de
pano negro que sobrou do ú lt imo lu to. Mas é cla ro que não era
isto que Smith t inha em mente. E le qu is dizer que em geral e
adm itindo que não haja circunstâncias especiais, um aumento na
demanda de uma mercador ia fa rá seu preço subir , pelo menos a
cur to prazo. E , de fa to, é este compor tamento o que encont ramos
em seu ret ra to da sociedade.
Da mesma maneira , é verdade quando Ricardo diz que um
aumento da população va i fazer os rendimentos subirem. Isto tam-
bém não é exa tamente uma previsão, já que o próximo aumento
de população pode não fazer os rendimentos subirem se, por exem-
plo, houver uma colheita especia lmente grande devido a um clima
favorável. Ricardo não está prevendo que com cada aumento no
número de bocas haverá um aumento dos rendimentos, mas sim
OS ECONOMISTAS
288
faz uma genera lização na qua l as in fluências do tempo ou de ou t ros
fa tores são colocadas de lado.
Assim, os grandes economistas são previsores em termos ge-
ra is e não profetas em termos específicos. Com esta dist inção que-
remos dizer que eles sabem que são capazes de discern ir tendências
na sociedade porque há r egula r idades de compor tamento nas qua is
um teór ico socia l pode confia r . O prognóst ico de Adam Smith sobre
o preço do pano preto apóia -se em sua cer teza de que quando a
demanda de um produto aumenta , seu preço cresce. E le viu isto
como uma questão de bom senso tão evidente que não parou para
explicar o fa to, mas é com base neste t ipo de genera lizações de
bom senso que Smith e todos seus sucessores baseiam seus pro-
nunciamentos a respeito do fu turo.
As genera lizações, ou “leis”, aplicam-se de forma ambígua à
vida rea l: par tem do pr incípio que o fa to em questão ocor re em
uma espécie de instan te seguin te fora do tempo, sem os efeitos
per turbadores de mudanças na situação de fundo, t a is como o gosto
de compradores e vendedores. Assim, se a lgum fa to em par t icu la r
não se der segundo as expecta t ivas, o prognóst ico gera l cont ido
nas leis não é necessar iamente desacreditado. Apenas uma longa
seqüência de fa tos, em número suficien te para descrever uma ten-
dência diferen te da que era esperada , pode acabar com um cená r io.
O que pode causar uma divergência com a t ra jetór ia implícita
na teor ia or igina l? Vamos ver istorapidamente, mas já deve esta r
evidente que a economia pode a r r iscar seus prognóst icos apenas
se duas condições forem cumpr idas:
Primeiro, as regularidades no com portam ento devem governar
as ações de indivíduos na sociedade. Sem essas regularidades não
pode haver leis e, portanto, nenhuma base possível para antecipar o
futuro com um mínimo de segurança “científica .” Estas regular idades
existem? Os grandes economistas certamente pensavam que sim. De-
vemos nos lembrar dos trabalhadores e capitalistas de Adam Smith ,
ambos querendo “melhorar suas condições”. Outra regular idade, an-
tigamente considerada amplamente como verdadeira, era o reflexo
malthusiano: salá rios mais altos invariavelmente levam a uma maior
população. Marx propôs o impulso sem fim do capita lismo de se ex-
pandir . Keynes descobriu uma confiável “propensão” de poupar parte
de qualquer aumento em nossos ganhos.
Como nossos exemplos deixam cla ro, nem todos os economistas
const roem suas teor ias com as mesmas regula r idades ou as in ter -
pretam exa tamente do mesmo modo. Ainda assim, todos dependem
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
289
em a lgum n ível da regula r e, por tan to, previsível ação ou reação
econômica . Ta lvez a mais simples, e a inda assim mais fundamenta l,
regula r idade seja a de que os compradores procuram o mercado
mais bara to e os vendedores, o mais ca ro.
Segundo, os prognósticos apóiam -se na crença de que o resu l-
tado do com portam ento econôm ico vai constitu ir a in fluência cen tral
que guia a evolução da sociedade. Todos os filósofos profanos re-
conhecem a impor tância da polít ica , da cu ltura , dos costumes, assim
por dian te, e muitos deles consideram estes aspectos da sociedade
muito mais do que seus envolvimentos econômicos su jos. No en-
tan to, t ambém acreditavam que o resu ltado destes envolvimentos
su jos rea lizam um papel de impor tância crucia l em determinar a
forma gera l do que está por vir . A visão, em gera l confian te, da
sociedade de Smith era , é cla ro, baseada em sua expecta t iva de
um longo curso ascendente do crescimento econômico; a visão de
Marx do dest ino do capita lismo der ivava in teiramente da compreen-
são de suas leis econômicas de movimento; as esperanças de Keynes
para seus netos apoiavam-se na convicção de que as instabilidades
do capita lismo poder iam ser remediadas.
Estas condições de prognóst ico econômico deixam cla ro por
que Schumpeter marca como que um ponto de in flexão. Em ambos
os aspectos ele par te da base sobre a qua l seus predecessores cons-
t ru íram suas visões do fu turo. Pr imeiro, ele não mais acredita que
as a t ividades econômicas do sistema são essencia lmente fixas. Pelo
cont rá r io, é crucia l para a sua visão que o compor tamento dos
pr incipa is a tores mude: os capita listas de Smith e Marx permane-
cem como acumuladores a té o fim, mas na visão de Schumpeter
eles se tornam burocra tas.
Segundo, ele é o pr imeiro dos filósofos profanos a projeta r
um cená r io de lógica econômica e depois a decla ra r que esse cená r io
não serve como base para a evolução socia l. Como vimos, a economia
torna-se subordinada a processos polít icos e sociológicos.
E assim retornamos à questão do prognóst ico com um novo
sent ido de sua impor tância . Um t ipo de previsão especia l é r ea l-
mente componente e parcela do projeto econômico. Suas leis podem
não nos habilit a r a ver muito longe ou com grande cla reza , mas,
an tes de descrevermos suas limitações, devemos reparar em como
é incr ível que existam. Pois não tem os leis de com portam ento nas
atividades política, cu ltural ou social que se igualem às leis de
m ercado. Pode parecer uma coisa ínfima decla ra r que os compra-
dores procuram preços ba ixos e os vendedores preços a ltos, mas
OS ECONOMISTAS
290
as conseqüências que podem se esboçar a par t ir desta simples ge-
nera lização most ram-se surpreendentemente complexas. Não existe
um quadro de explicação simples e ca lcu lável para prever as ações
de reis, de congressistas ou de eleitores; o compor tamento de cr ian-
ças, pa is, professores ou estudantes; as tá t icas de genera is ou a
disciplina de soldados; as pesquisas de cien t istas ou o curso da
a t ividade cr imina l. A economia pode não ser nem sequer remota-
mente capaz de duplicar as capacidades de previsão da ast ronomia
ou qu ímica , mas de qua lquer forma se dist ingue de suas irmãs
ciências socia is porque tem algum a capacidade neste sen t ido.
Agora devemos pergunta r : quanta?
Uma limitação é imediatamente visível. Os cenár ios dos filósofos
profanos são cont idos pelo tempo. A visão de Smith, que era espacial,
não se estendeu para a lém do seu século para o próximo, pois em
The Wealth of Nations não há o menor indício do capitalismo industr ial
que iria subst ituir a fábrica de alfinetes pela siderurgia. O fantást ico
modelo de Ricardo de uma economia que compete com as barreiras
da fer tilidade agr ícola não vislumbrou a Inglaterra dos tempos de
Alfred Marshall, cinqüenta anos no futuro, na qua l os rendimentos
advindos da agricultura já ser iam um elemento menor da economia .
À altura da morte de Mill, em 1870, já se tornara bastante claro que
seu imaginá rio estado está t ico era, de fato, apenas imaginár io. O
prognóstico de Marx resistiu mais à erosão dos acontecimentos, porém
cinqüenta anos após sua morte podia -se ver na Grande Depressão
tanto a confirmação de seu cenár io quanto a negação, com as primeiras
experiências de uma economia sustentada pelo Estado. Keynes viveu
quase o suficiente para descobrir que o capitalismo dotado de contra-
fortes ir ia desenvolver suas próprias disfunções, a inflação como um
ponto alto entre elas. E já vimos que as previsões gerais de Schumpeter ,
apesar de ainda serem relevantes, já mostram indícios de que começam
a ficar obsoletas.
O que provocou a limitação destas previsões?
Uma razão pr incipa l que se aplica par t icu la rmente ao t raba lho
dos pr imeiros economistas é a incapacidade deles em antecipar o
advento, ou as conseqüências, da mudança tecnológica . Smith não
previu a chegada do capita lismo indust r ia l porque as técnicas de
produção em massa a inda estavam cinqüenta anos no fu turo quando
ele escreveu . Ricardo não percebeu que o setor est ra tégico da eco-
nomia mudar ia da fazenda para a fábr ica porque não viu a iminente
genera lização do motor a vapor e de locomot ivas. Rea lmente —
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
291
a té mesmo Marx — n inguém apreciou completamente a força tec-
nológica geradora do própr io capita lismo, nem percebeu completa -
mente os efeitos que esta tecnologia poder ia exercer no curso dos
eventos econômicos.
Uma ilust ração desta cegueira tecnológica é a incapacidade dos
primeiros economistas em compreender que as máquinas iriam su-
plantar o trabalho puramente manual, dando início a uma espécie
de contrapartida , feita pelo próprio homem, ao crescimento da popu-
lação. Smith considerou que a adição de máquinas ir ia som ar-se à
capacidade dos mestres para dar mais empregos aos homens, o que
ta lvez tenha acontecido quando as máquinas eram pouco mais do que
ferramentas elaboradas. Ricardo, lembremo-nos, foi o primeiro a ver
que o maquinár io poderia tomar o lugar do traba lho manual, mas
ele considerava isto pouco mais do que uma possibilidade, uma cu-
r iosidade. Não foi se não com Marx que a subst ituição do t rabalho
manual pelas máquinas integrou-se no sistema de t rabalho como um
todo. A aná lise de Marx ainda é discut ida atualmente.
Uma segunda razão para as limitações na habilidade dos eco-
nomistas em fazer prognóst icos tem a ver mais com as mudanças
na sociedade que en tão preva lecia do que com o cená r io tecnológico.
Durante todo o século dezenove, por exemplo, a classe t raba lhadora
foi ficando cada vez mais a tuante e não — com Smith esperava
— cadavez mais sem persona lidade. O cená r io harmonioso de Smith
apoiava-se em um firme sen t ido de estabilidade da ordem socia l
e, por isso mesmo, não possu ía uma perspect iva de lu tas de classes.
Out ro ponto é a t ensão en t re a idéia de democracia , com sua im-
plícita aceitação da igua ldade — uma pessoa , um voto — e a idéia
do capita lismo, com sua explícita desigua ldade na posição econô-
mica . A expecta t iva — ou esperança — de Marx por uma revolução
socia l foi baseada em sua crença de que este contexto não poder ia
ser resolvido em paz dent ro do quadro de uma sociedade capita lista ,
e a pr incipa l razão de suas leis de movimento não terem seguido
seu curso é que esta expecta t iva demonst rou-se fa lsa . Um terceiro
aspecto leva-nos à emergência do governo como cent ro de poder
capaz de in tervir de forma decisiva no sistema econômico. Ta l con-
cepção era est ranha para a grande maior ia dos economistas do
século dezenove, t an to quanto a operação do modelo japonês de
capita lismo manipulado pelo Estado a inda é est ranha para a maio-
r ia dos economistas do século vin te.
Assim, a visão a té dos maiores economistas foi limitada porque
eles não conseguiram ver a lém das esquinas da Histór ia , nem nota r
OS ECONOMISTAS
292
as mudanças no cenár io institucional e técnico no qua l se realizam
as atividades econômicas dos atores. O capitalismo como uma idade
histórica parece ter virado estas esquinas t rês ou quatro vezes, indo
do começo mercant ilista para um per íodo de capitalismo pré-industrial,
grosso modo de Smith para Ricardo; depois, para uma época de ca-
pitalismo industr ia l, que se estendeu de Mill e Marx até Veblen; em
seguida para um estágio de capitalismo guiado ou sustentado, que
começou com Keynes e segue até os dias de hoje; agora , talvez esteja
entrando em uma nova época de mercados globais e alta tecnologia .
Em cada uma destas épocas, as idéias e visões de seus filósofos profanos
abriram uma avenida lógica para o futuro, mas cada visão alcançou
apenas o ponto que o cenár io tecnológico e inst itucional permit iu .
Quando uma esquina é alcançada, o prognóst ico deixa de ser vá lido.
As ações de compradores e vendedores no mercado podem permanecer
as mesmas, mas em um cenár io alterado elas fazem ocorrer conse-
qüências diferentes: um desgoverno no mercado é uma coisa quando
é causado por uma fábrica de alfinetes, e outra bem diferente quando
se t ra ta de uma siderúrgica .
Isto nos leva à t erceira e ta lvez mais desconcer tan te das razões
pelas qua is os prognóst icos econômicos são limitados — uma razão
que se aplica com especia l ênfase ao nosso per íodo. Esta razão é
que as regula r idades em si não são mais tão regula res e as respostas
previsíveis nas qua is se baseia a ciência da economia não são mais
tão previsíveis.
Aqui en t ra Adolph Lowe,2 a quem o leitor viu rapidamente
em nosso Prefácio. Como muitos economistas, Lowe ficou bastan te
tempo fascinado pelo problema da ordem na sociedade — o sur -
preendente fa to de que seres humanos agindo livremente, coope-
rando e colidindo uns com os ou t ros à procura de seus objet ivos
econômicos par t icu la res podem oferecer uma solução coeren te para
um problema que eles nunca levanta ram; solução esta que abastece
a comunidade como um todo. No en tan to, ao cont rá r io de muitos
economistas, Lowe nunca explicou esta capacidade como uma es-
pécie de resu ltado na tura l do sistema de mercado. Em vez disso,
ele perguntou: que t ipo de compor tamento é necessá r io para con-
seguir este impressionante resu ltado? Em seguida , prosseguiu in -
dagando: que t ipo de cená r io socia l é preciso para fazer surgir este
compor tamento? E , en tão, perguntou por fim: o que acontece se o
cená r io socia l não for aquele de que precisamos?
A resposta para a pr imeira pergunta é bem conhecida pelos
economistas: o compor tamento de mercado resu lta em uma socie-
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
293
dade de economia viável apenas enquanto cada pessoa agir mais ou
menos como as pessoas de Smith agiam. Isso quer dizer que a ordem
econômica depende de uma sociedade na qual compradores e vende-
dores são igua lmente forçados a “maximizar” — isto é, a procurar
vantagem pecuniár ia imediata. Apenas quando os indivíduos agem
desta forma podemos esperar que o mecanismo de mercado rea lize
sua alquimia social. O que somente Lowe apontou, no entanto, é que
este t ipo de mentalidade orientada apenas para a aquisição surgiu
nas circunstâncias sociais do capitalismo pré-industr ial e do início do
capitalismo industrial, quando a pobreza das massas, uma ordem
civil competitiva e a ávida busca do sucesso econômico produziram
este comportamento necessár io para a ordem econômica.
Agora vem o problema. As condições que dão origem ao com-
portamento de maximização são progressivamente erodidas, à medida
que o capitalismo se desenvolve. No lugar da pobreza, temos o crescente
bem-estar das massas, ao ponto em que precisamos de propaganda
baseada nos valores Veblenianos para cr ia r a demanda antes gerada
pela simples necessidade. Em vez de brigar pelo ganho imediato, temos
um jogo das cadeiras com música rea lizado em andamento menos
rápido, à medida que as empresas de larga esca la estabelecem estra-
tégias de longo prazo que podem esta r muito acima da capacidade
de pequenas empresas, que lutam para se manter à tona em mares
agitados por alta competição. E onde antigamente o mecanismo de
mercado sozinho conseguia maiores resultados sociais, há agora o
governo colocando-se acima — e contra — do mercado.
Tudo isto pode ser muito bom para os par t icipantes de um
sistema de mercado — n inguém gosta r ia de retornar ao capita lismo
do per íodo ret ra tado por Dickens. Mas o progresso tem um a lto
preço. O t ipo de compor tamento necessá r io para a ordem econômica
é cada vez menos o t ipo que emerge das pressões do cená r io socia l
em mudança . O capita lismo torna-se mais opulen to, porém, como
conseqüência , torna-se menos au to-regulador . A ordem é cada vez
mais imposta fora do sistema em vez de surgir de dent ro dele.
E en tão vem a mais sér ia cont rovér sia de Lowe. Se o capi-
ta lismo moderno, “organizado”, não pode mais depender das forças
espontâneas do mercado para garan t ir sua operação em ordem, a
economia em si t ambém muda sua relação com a sociedade. En-
quanto as leis de compor tamento podiam ser discern idas a tuando
no sistema, a economia podia ser uma busca passiva , quase uma
contemplação distanciada do funcionamento da sociedade. Para ter
cer teza de seu avanço, os observadores precisavam est imular com
OS ECONOMISTAS
294
energia este ou aquele curso de ação — todos os grandes economistas
viviam profundamente preocupados com o que ju lgavam ser as po-
lít icas cor retas para um governo adota r —, mas essas recomenda-
ções eram baseadas na firme convicção de que o sistema, deixado
por própr ia conta , seguir ia a rota para o qua l sua regula r idade de
compor tamento o levar ia .
Porém, a mudança no cená r io socia l do capita lismo moderno
acabou com isso. Para ser efet iva , a economia teve de se tornar
um inst rumento de in ter ferência a t iva no curso das coisas. Sua
função não é mais a de prever ou prognost ica r , porque isto não é
m ais possível. A nova função da economia — a liás, a única deixada
para ela pelo crescente aumentar da indeterminação de compor ta -
mento — é a de cont rola r o sistema econômico. Por cont role, Lowe
não quer dizer um planejamento cen t ra l au tor itá r io. Em vez disso,
ele vê como ta refa do cont role econômico guia r o sistema para um
objet ivo socia lmente desejado a t ravés de um cor reto compor tamento
do mercado. Pode-se fazer com que o compor tamento se torne ade-
quado a t ravés de polít icas muito brandas, t a is como inclusão de
impostos, ou pode ser dirigido por ações governamenta is mais duras
que a fetem diretamente a ofer ta e a procura . Com polít icas brandas
ou não, a ta refa da economia não pode mais ser o que era . A velha
economia era , por assim dizer , uma economia filosófica . A nova
economia terá de ser uma economia política — uma disciplina que
precisa encont ra r os meios econômicos de a lcançar as fina lidades
determinadas de maneira polít ica .
O diagnóst ico de Lowe está cor reto? O sistema econômico está
se tornando menos au to-regulador , mais dependente de forças
a lheias ao mercado para adequar sua per formance? É uma tese
plausível. A economia terá que, por necessidade, tornar -se menos
contempla t iva , mais dir igida para a in tervenção? Isto já é mais
contestável. Como vimos em nosso ú lt imo capítu lo, hoje em dia há
uma crescente desilusão com o planejamento. O out ro lado da moeda
é a celebração — quase uma veneração — do mercado como o
inst rumento ao qua l devemos en t regar nosso dest ino. O barco eco-
nômico pode precisa r da “economia polít ica” como novo sistema de
leme. Mas também pode levanta r as velas esperando pegar os an-
t igos ventos constan tes do comércio.
Esta decisão depende de um aspecto da filosofia profana que
notamos com freqüência , mas não ident ificamos explicitamente a té
agora . É o aspecto visioná r io, o cont role “pré-ana lít ico” (para usar
o termo de Schumpeter ) que destaca este ou aquele mot ivo como
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
295
força impulsionadora mais poderosa , esta ou aquela idéia como o
significado mais poderoso a ser percebido pela h istór ia . A concepção
de Schumpeter da impor tância das elit es é uma dessas visões pré-
ana lít icas, mas cer tamente não é a única . Toda a filosofia profana
de Smith foi conformada segundo as visões que ele t inha da Histór ia
humana como um processo que se desenrola em um pa lco no qua l
as sociedades progr idem de um n ível de rea lização mater ia l e cu l-
tu ra l para ou t ro, a té a humanidade fina lmente a lcançar as condi-
ções necessá r ias para a lcançar um estado de sociedade “natura l”.
A visão de Marx relaciona-se com a de Smith na medida em que
a emancipação humana é seu grande tema, mas difere na percepção
de que a denominada sociedade de “liberdade na tura l” de Smith
a inda é uma sociedade de classes, que está longe da sociedade sem
diferenças para a qua l a humanidade deve rea liza r seu penoso
caminho. Também Mill projeta uma visão da evolução humana
como a teleologia fundamenta l da h istór ia : sua visão de uma so-
ciedade de indivíduos que se rea lizam por conta própr ia é mais
radica l do que a de Smith , mais conservadora do que a de Marx.
Keynes, do mesmo modo, const rói seu sistema sobre uma visão
que mistura as idéias do filósofo libera l G. E . Moore e do grande
conservador polít ico Edmund Burke.
O que podemos dizer sobre ta is projeções var iadas da imagi-
nação? Sem dúvida todas elas contêm seus elementos de biografia
pessoa l, tão vividamente implícitas no caso do jovem estudante
jogado no meio de a lunos a r istocra tas. Cer tamente evidenciam a
raciona lização dos in teresses e predileções que Schumpeter chama
de ideologia . Mas ser ia ter r ivelmente er rado desconsiderar o núcleo
da penet ração in telectua l e coragem emociona l que marca todas
estas grandes visões. Marx disse que ser radica l era ir à r a iz das
coisas e que na ra iz estava o própr io homem. Neste sen t ido, todas
estas visões são esforços radica is para descobr ir a medida do homem
e da vida colet iva que ele cr iou para si mesmo.
Pode-se a r r iscar apenas uma coisa a lém destes comentá r ios
gera is. A impor tância das visões na disposição e t rama dos cená r ios
desenhados pelos filósofos profanos sugere que não se pode acusar
que os cená r ios foram baseados em fa tos ir refu táveis e incontes-
táveis. Para colocar de ou t ra forma, o espect ro mais amplo dessas
visões subjacentes implica em que a economia em si não é um
n ível fina l e ir redut ível da compreensão socia l. A economia lida
com os complexos produtos dos processos socia is, inclu indo o a to
de t roca , o impulso para a expansão de capita l e a inda out ros
OS ECONOMISTAS
296
compor tamentos que nós denominamos “econômicos”. Mas estes
compor tamentos refletem o cená r io h istór ico — ou humano — no
qua l são encont rados. Os a tos de t rocas ou acúmulo são como blocos
de const rução com os qua is o sistema econômico é const ru ído, mas
os blocos de const rução em si contêm as relações de mutua lismo
e dominação que estão na , ou por ba ixo da , tota lidade da vida
socia l. Na ra iz da questão encont ra -se o homem, mas não o homem
como ser “econômico” e sim o homem como ser psicológico e socia l,
que compreendemos de forma imperfeita . A compreensão da eco-
nomia é um maravilhoso capítu lo na au tobiografia da humanidade,
mas não é o pr imeiro nem o ú lt imo capítu lo.
Existem filósofos profanos a tua lmente? Com cer teza há um
vasto número de economistas — mais de vin te mil deles apenas
nos Estados Unidos. A profissão nunca foi tão notável nem tão
onipresen te. Existe um Council of Econom ic Advisors (Conselho de
Consultores Econômicos) e pode ser assunto para se pensar por
que não há um Conselho de Consultores Polít icos. Há um Prêmio
Nobel de Economia . Existem economistas em cada banco e em cada
empresa ; há economistas em colunas dos jorna is pela manhã e nos
jorna is da televisão à noite. Se a proeminência for o padrão, en tão
esta é por excelência a era dos economistas.
Mas eles são filósofos profanos? Não, se qu isermos dar ao
termo o sen t ido de grandes prognost icadores ou grandes visioná r ios.
Com pouqu íssimas exceções, os ganhadores do Nobel não estão
muito in teressados na const rução de grandes modelos de desenvol-
vimento econômico. Paul Samuelson , o pr imeiro amer icano a ganhar
o Nobel, é famoso por seu t raba lho pioneiro em matemá t ica eco-
nômica . Out ros ganhadores receberam o prêmio pelo refinamento
de técnicas poderosas, mas essencia lmente neut ras — economet r ia ,
para testa r h ipót eses sobre relações econômicas, ou aná lises de
insumo-produto para ver ifica r as conexões que mantêm o sistema
unido. Out ros agraciados com o prêmio Nobel t raba lharam em teo-
r ia pura demonst rando, por exemplo, a possibilidade ou as condições
necessá r ias para isso acontecer .
Assim, se a economia está em grande par te dian te dos olhos
do público, o t raba lho dos pr incipa is economistas não segue muito
a t radição do passado. Alguns poucos tornaram-se vastamente co-
nhecidos por suas filosofias econômicas — como o ganhador do
Nobel Milton Fr iedman, que louvou as vir tudes do mercado livre
(mas não foi por isso que ganhou o prêmio), ou como J ohn Kenneth
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
297
Galbra ith , que por sua vez apontou a obsolescência do mercado
livre. Mas, no gera l, a economia tornou-se uma questão técnica ,
muitas vezes en igmá t ica , e projeções ambiciosas da imaginação no
fu turo não estão mais na lista de seus objet ivos. É digno de nota
que mesmo Fr iedman e Galbra ith estão mais in teressados em cr i-
t ica r os er ros do presen te do quem em cr ia r modelos com fina lidades
Smith ianas, Marxistas ou Schumpeter ianas.
Por que a economia perdeu o in teresse nas preocupações de
uma filosofia profana? Não é cer tamente pela ausência de imensos
problemas econômicos ou difíceis perspect ivas econômicas. Não é
preciso ser um economista para saber que enormes problemas eco-
nômicos terão que ser enfren tados no fu turo. Há a ameaça constan te
de in flação e depressão — e o problema, a inda longe de ser resolvido,
da instabilidade econômica do sistema. Há o recém-aparecido de-
safio da globa lização do mercado, a lterando a geografia econômica
da produçãode maneiras que ameaçam as própr ias fundações dos
ant igos estados indust r ia is. Há a questão incômoda da dependência
dos pa íses pobres em relação aos r icos e a cont ra -dependência dos
r icos em relação aos pobres. Há a promessa ambiva len te da tec-
nologia , provedora de bem-esta r mater ia l e per igo ecológico, de cres-
cimento econômico e diminuição dos empregos, de vida e mor te.
O problema é que a solução destas questões, cu jo efeito irá
afeta r de forma profunda as perspect ivas do capita lismo, não ocor -
rerá por ação apenas das forças econômicas. Antes de estas forças
rea liza rem seu t raba lho, uma decisão an ter ior t erá de ser tomada
quanto à dimensão de seu papel. Depressão ou in flação, produção
e finanças in ternacionais, d ívidas globais e perturbações tecnológi-
cas são todos problem as econôm icos cu jos cursos e conseqüências
vão ser prim ariam ente determ inados pela resolução de se eles serão
ou não regulados pelo m ercado ou pela in terferência do governo.
Lowe pode ou não esta r cer to ao ju lgar que os economistas devem
altera r sua concepção do que a economia pode fazer , mas parece
incontestável que as decisões polít icas irão preparar o cená r io para
o que a economia faz. Se as decisões se inclinarem no sen t ido de
permit ir que o mercado seja pr ior itá r io, t eremos um t ipo de cená r io.
Se o pêndulo polít ico oscila r para a determinação gera l da economia
pelo Estado, t eremos out ro t ipo de quadro. Nenhum dos t ipos pode
ser descr ito an tes de exist ir — a s forças polít icas e econômicas são
complexas demais. Tudo que pode ser previsto é que cada cená r io
pressupõe condições diferen tes, den t ro das qua is as impor tan tes
questões terão de ser resolvidas. Uma determinação em favor da
ação livre das forças econômicas irá confer ir essas decisões deter -
OS ECONOMISTAS
298
minantes ao individua lismo e energia de uma sociedade de mercado
— jun tamente com sua instabilidade e cegueira mora l. Uma de-
terminação em favor do planejamento en t regará a resolução ao
exercício das decisões polít icas — jun tamente com suas tendências
burocrá t icas e ineficiências. É esta escolha en t re cená r ios compe-
t it ivos en t re si que deve ser feita an tes de ten ta rmos const ru ir
uma lógica de movimento h istór ico para nosso o per íodo.
Em qua lquer caso, é cla ro, vamos ter economia — economia
de mercado ou economia polít ica . Parece improvável que volta remos
a ter filósofos profanos. O cená r io da vida moderna não aceita os
t ipos de prognóst icos rea lizados pelos grandes economistas. Pode-
mos ter grandes visioná r ios, grandes const ru tores de sistema, mas
esses sistemas e visões provavelmente não terão a poderosa sim-
plicidade que apresen tavam os dos filósofos profanos. As nar ra t ivas
deles foram escr itas duran te um per íodo em que as ações econômicas
da sociedade in icia ram-se em um ponto h istór ico cen t ra l que pro-
vavelmente não volta rão a ocupar , mesmo que optemos pelo mer-
cado, recusando o planejamento. E , por tan to, podemos provavel-
mente escrever “fim” no capítu lo da filosofia profana . Não haverá
mais dramaturgos socia is que ousem ar r iscar -se a fazer nar ra t ivas
de tão la rga esca la par t indo de uma base de mot ivação tão est reita .
Ainda assim os filósofos profanos não serão relegados ao mu-
seu das idéias. Se suas nar ra t ivas exposit ivas não basta rem a um
mundo no qua l a economia nunca mais reinará de modo tão in-
contestável quanto no passado, cer tamente haverá esforços para
cr ia r novas nar ra t ivas nas qua is a lógica da economia será sus-
ten tada pela , ou possivelmente subordinada à , lógica da polít ica e
da psicologia . Não podemos prever se ta is cená r ios mais profundos
e vastos do movimento h istór ico poderão ser for jados. Mas uma
coisa parece cer ta . Como poucos ou t ros pensadores, os filósofos pro-
fanos nos ensinaram a ver a evolução da sociedade como um drama
cujo sign ificado pode ser compreendido por indivíduos que, se não
fosse assim, sen t ir -se-iam car regados por forças incont roláveis e
incompreensíveis. O objet ivo fina l do pensamento econômico deles
era a compreensão socia l. Esta ext raordiná r ia lição para a eman-
cipação humana não será esquecida .
A HISTÓRIA DO P ENSAMENTO ECONÔMICO
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6 - J . A. Schumpeter , T he T heory of Econom ic Developm ent (Cam-
br idge, Mass.: Harvard University Press, 1949), p. 84.
7 - Ibid., pp. 89-90.
8 - Ibid., pp. 93-94.
9 - Haber ler , op. cit ., p. 345.
10 - J . A. Schumpeter , Business Cycles (Nova York: McGraw-Hill,
1939), Vol. II, p. 1050.
11 - “Review of Keynes’s General T heory”, J ournal of the Am erican
S tatistical Association , Dezembro de 1936.
12 - Schumpeter , Capitalism , S ocialism and Dem ocracy, p. 126.
13 - Ibid., p. 117.
14 - Ibid., pp. 84, 87.
15 - Ibid., p. 143.
16 - Ibid., p. 163.
17 - Ibid., p. 167.
18 - Ibid., p. 58.
19 - Ibid., p. 101.
20 - Ibid., pp. 128-129.
21 - Schumpeter , T heory of Econom ic Developm ent, p. 81, n . 2.
22 - Ibid.
23 - Ibid.
24 - Schumpeter , Capitalism , S ocialism and Dem ocracy, p. 156.
25 - Ibid., p. 204.
26 - J . A. Schumpeter , History of Econom ic Analysis (Nova York:
Oxford University Press, 1954). p. 41.
27 - Ibid., p. 42.
28 - Veja discussão por Smith ies, op. cit ., 634-637.
29 - Seidl, op. cit ., p. 197, n . 55.
XI: ALÉM DA FILOSOFIA P ROFANA
1 - Smith , Wealth , p. 59.
2 - Adolph Lowe, On Econom ic Knowledge, 2ª ed. (Nova York e
Londres: M. E . Sharpe, 1977), Caps. 3, 5.
OS ECONOMISTAS
318
ÍNDICE
Prefácio da Sexta Edição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
I - In t rodução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
II - A Revolução Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
III - O Mundo Maravilhoso de Adam Smith . . . . . . . . . . . 43
IV - Os Sombr ios Pressen t imentos do Pá roco Malthus
e David Ricardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
V - As Visões dos Socia listas Utópicos . . . . . . . . . . . . . . . 101
VI - O Sistema Inexorável de Kar l Marx . . . . . . . . . . . . . 131
VII - O Mundo Vitor iano e os Subter râneos da
Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
VIII - A Sociedade Selvagem de Thorstein Veblen . . . . . . . 199
IX - As Heresias de J ohn Maynard Keynes . . . . . . . . . . . 231
X - As Cont radições de J oseph Schumpeter . . . . . . . . . . 267
XI - Além da F ilosofia Profana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
Um Guia para Leituras Poster iores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
319

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