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As Representações Sociais: o individual, o coletivo e a comunicação.

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As representações sociais: o individual, o coletivo e a comunicação
As representações sociais fazem parte deste aprendizado, uma vez que é através delas que damos significado aos objetos e aos sujeitos, atribuindo-lhes um sentido. Jodelet (2001) afirma que, por meio das representações sociais, conseguimos dar significado às ideias, pessoas, objetos e acontecimentos e com isso nos tornamos seres sociáveis, conseguindo partilhar nosso mundo com as pessoas que nos cercam, podendo, assim, administrar, compreender e enfrentar o mundo à nossa volta e resolver conflitos. Para Moscovici (2007, p. 54), “a finalidade de todas as representações é tomar familiar algo não familiar, ou a própria não familiaridade”.
Um significado atribuído às representações sociais, comum à comunidade científica que a estuda, “é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 2011, p. 22). 
As representações sociais são criadas por um conjunto de pessoas que atribuem significado a algo durante seus processos de interação social e comunicação. 
· É através das representações sociais que instituímos nosso sistema de interpretação, orientação e organização nos grupos sociais aos quais pertencemos, formalizando, assim, nossa forma de comunicação nestes grupos e no mundo de uma maneira geral. 
Moscovici (2007, p. 35) afirma:
Nenhuma mente está livre dos efeitos de condicionamentos anteriores que lhe são impostos por suas representações, linguagem ou cultura. Nós pensamos através de uma linguagem; nós organizamos nossos pensamentos, de acordo com um sistema que está condicionado, tanto por nossas representações, como por nossa cultura.
Moscovici divide as representações sociais em dois mecanismos: 
· Ancoragem refere-se a nomear e classificar algo de acordo com os padrões que já conhecemos, é colocar um conhecimento novo dentro de uma categoria já existente em nossa consciência. 
· Objetivação é materializar ou dar forma a um objeto, torná-lo visível ou dar uma representação a ele, como, por exemplo, quando transformamos um santo em uma imagem. 
Para Moscovici, é por meio das representações sociais que se estabelecem as comunicações, que as pessoas e os grupos instituem as representações que serão utilizadas para se expressarem e para agirem nos grupos sociais aos quais pertencem. As representações sociais nos guiam na nossa vida cotidiana, dando significado aos mais “diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se frente a eles de forma defensiva” (JODELET, 2001, p. 17). As organizações são um conjunto de pessoas reunidas em busca de um objetivo comum, portanto, em sua coletividade, possuem representações sociais similares que permitem que sua comunicação se torne eficaz.
Outra importante colocação de Moscovici que mostra a relevância das representações sociais nas organizações é a seguinte:
· toda “cognição”, toda “motivação” e todo “comportamento” somente existem e têm repercussões uma vez que eles signifiquem algo e significar implica, por definição, que pelo menos duas pessoas compartilhem uma linguagem comum, valores comuns e memórias comuns (MOSCOVICI, 2007, p. 105).
A cultura organizacional e os valores que regem uma organização e são compartilhados por todos os colaboradores são representações sociais compartilhadas, valorizadas e difundidas por todos dentro de uma organização. O processo de comunicação também só se torna eficaz quando as representações sociais desse grupo chamado “organização” são compartilhadas e se tornam uma linguagem comum para todos.
Comunicação é um processo que envolve pelo menos duas pessoas, tornando-se mais eficaz quando essas pessoas possuem afinidades, empatia ou ao menos estão focadas em um objetivo comum. Quando não existe um interesse comum, não há comunicação, pois a pessoa que está emitindo a comunicação não está despertando interesse naquele que deveria estar recebendo aquela comunicação. Uma pessoa sozinha não se comunica, pois a comunicação é um processo que sempre envolve outra pessoa. Toda comunicação se fundamenta em cinco elementos: Quem? Diz o quê? Por qual canal? Para quem? Para quê? O emissor da informação ou mensagem é quem vai iniciar a comunicação e transmitir a mensagem, que deve ser codificada através de símbolos que o receptor possa compreender. Uma vez que a informação ou mensagem já está codificada, deve ser escolhido o canal de comunicação, como por exemplo, e-mail, telefone, correio etc. Para que a mensagem possa ser compreendida pelo receptor, que é aquele a quem a mensagem se destina, ela deve ser decodificada para que possa ser compreendida O último passo do processo de comunicação é chamado de feedback ou retroação, que ocorre quando o receptor confirma o recebimento da mensagem e sua total compreensão, demonstrando que a comunicação foi eficaz.
De acordo com Minicucci (2001), por mais simples que esse processo possa parecer, podem ocorrer algumas distorções que atrapalham a comunicação. São os ruídos, filtragens ou mesmo bloqueios. Os ruídos acontecem quando a mensagem é distorcida ou mal interpretada; as filtragens acontecem quando a mensagem é recebida apenas em parte e não na sua totalidade; e os bloqueios acontecem quando a comunicação é interrompida ou a mensagem não é captada pelo receptor. Além das distorções, existem também algumas barreiras que funcionam como resistências ou obstáculos na comunicação entre pessoas. Essas barreiras são divididas em três tipos:
– Barreiras pessoais: referem-se às limitações, valores e emoções inerentes a cada pessoa, que podem tanto limitar quanto distorcer o processo de comunicação. São exemplos deste tipo de barreira as percepções pessoais, os sentimentos e motivações pessoais, nível de atenção de cada pessoa etc.; 
– Barreiras físicas: referem-se a qualquer tipo de interferência que possa ocorrer no ambiente físico onde a comunicação está sendo realizada. São exemplos desse tipo de barreira sinal de telefone com ruídos, distância física grande entre as pessoas que estão se comunicando, um objeto que cai no chão fazendo barulho e desviando a atenção dos ouvintes durante uma palestra; 
– Barreiras semânticas: referem-se às distorções ou limitações da comunicação que acontecem em função dos símbolos utilizados na codificação das mensagens. Esses símbolos podem ser gestos, palavras em diferentes idiomas, sinais e outros tipos de símbolos. Como exemplo desse tipo de barreira podemos citar as “gírias”, que podem mudar de uma região para outra. 
Apesar de estarem divididas em três diferentes categorias, essas barreiras podem acontecer concomitantemente, prejudicando ainda mais a comunicação, como demonstra a Figura.
Outro importante fator que deve ser observado com atenção no processo de comunicação é a empatia. É fundamental que ao falar o emissor se coloque no lugar do receptor e tenta compreender o que as pessoas estão sentindo enquanto estão participando do processo de comunicação. Deve-se saber sempre qual é momento oportuno de enviar uma mensagem para não correr o risco de que ela seja ignorada ou até mesmo rejeitada. Por exemplo, avisar aos colaboradores sobre a festa de Natal no mês de julho, até chegar o Natal, que normalmente é comemorado em dezembro; muitos não se recordarão da data da festa. As mensagens devem ser sempre claras, simples e diretas, evitando a redundância ou uma linguagem muito rebuscada. O ideal é adequar a linguagem e o conteúdo de acordo com o receptor da mensagem, para ter certeza de que a informação que precisa ser compartilhada foi realmente compreendida. Sempre que for possível, as mensagens devem ser reforçadas com ações. Assim, a compreensão será ainda melhor sendo absorvida de forma clara pelo receptor.
Existem duas habilidades de comunicação que devem ser constantemente aprimoradas para que a comunicação ocorra sempre da melhor maneira possível:
· habilidade de ouvir e 
· habilidadede transmitir conhecimentos. 
A boa comunicação começa no ouvir com eficácia, com atenção, colocando-se no lugar de quem está falando. Prestar atenção verdadeiramente em quem está se comunicando e ser responsivo também faz com que o emissor sinta-se motivado e saiba que direção tomar na comunicação. A habilidade de transmitir conhecimentos também é fundamental no processo de comunicação. É imprescindível saber com quem estou me comunicando, colocar-me no lugar do receptor, adequar a mensagem que deve ser transmitida à linguagem e aos interesses do receptor, a fim de prender a atenção deste receptor e se fazer entender por ele.
Assim, podemos notar a intrínseca relação existente entre as representações sociais e a comunicação. 
Comunicar-se é tornar comum um saber, uma informação, um sentimento, uma ideia, uma ação. Para que isso aconteça com sucesso, precisamos utilizar símbolos, que criamos através das nossas representações sociais, que criamos desde a nossa primeira infância.
Referência: Comportamento organizacional - Josiane Cintra e Eloísa Dalbem

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