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Anemia megaloblástica É um distúrbio ocasionado por um bloqueio na síntese do DNA CARACTERÍSTICAS Divisão celular se torna lenta Assincronia da maturação do núcleo em relação ao citoplasma As células se preparam para uma divisão que não ocorre e acabam se tornando maiores Alteração ocorre nos eritroblastos alteração nuclear megaloblastos Células mais afetadas: MO (medula óssea – precursoras); mucosa trato gastro intestinal. Não é o mesmo que anemia macrocística, anemia megaloblástica é uma das causas de macrocitose Megaloblastos são destruídos por macrófagos eritropoiese ineficaz Hipersegmentação do núcleo dos neutrófilos Principal causa: carência de vitamina B12 e/ou acido fólico; uso de medicamentos FISIOLOGIA DO ÁCIDO FÓLICO E VIT B12 Folato: FONTE: Folato vem principalmente de vegetais verdes, fígado, aveia e algumas frutas. QUANTIDADE: Necessidade mínima da vitamina: 50-200ug (dependendo da demanda metabólica pode aumentar para 200- 800ug/dia) ABSORÇÃO: Absorção no duodeno ou jejuno proximal através de enzimas carboxipeptidases que converter o poliglutamato para absorção CIRCULAÇÃO: Após absorção circula como Metiltetraidrofolato (MHTF) sob forma de monoglutamato, ligado a proteínas. INTRACELULAR: Ao adentrar a célula o grupamento metil é retirado liberando tetraidrofolato (THF) (poliglutamato – forma ativa) ARMAZENAMENTO: Fígado é o maior depósito corpóreo de folato EXCRESSÃO: Folato é secretado na bile para ser reabsorvido no jejuno. RELAÇÃO COM VITB12: a vitamina b12 atua como mantenedora do folato no meio intracelular (conversão em forma poliglut) Causas da deficiência: dieta inadequda Má absorção: distúrbios primários da mucosa, uso de fármacos hemodiálise. Utilização exagerada da vitamina VIT B12: Semelhante ao heme FONTE: Não consegue ser sintetizada no corpo humano; Deve fazer parte da dieta Encontrada em composto de origem animal. QUANTIDADE: 2,5ug dia quantidade corpórea total 2-4mg, sendo metade dela no fígado. Estoque estável: precisaria de 10-15 anos com dieta pobre em cobalamina para ver sinais ou 3-6 anos caso a absorção esteja prejudicada Mais causada por problemas absortivos ABSORÇÃO: 1. Vem ligada a proteínas alimentares; 2. Sofre ação do suco gástrico e da pepsina para se desprender 3. Liga-se novamente a glicoproteína (Ligante R), secretado na saliva e mucosa gástrica. 4. VITb12-ligante R é dissolvido no duodeno por ação das proteases pancreáticas 5. vitb12 é captada pelo Fator intrínseco (FI) – produzido pelas células parietais do fundo e corpo gástrico 6. Completo b12-FI é resistente a degradação proteolítica segue até o íleo onde os receptores da borda de escova absorverão. CIRCULAÇÃO: VITb12 no interior da mucosa ileal liga-se a proteína transportadora (transcobalamina II – TC-II) que a transporta para o plasma. TC-II tem meia vida curta e por isso depois de o transportador ser destruído aVITb12 passa a ser carregada pela TC-I e TC-III. BIOQUÍMICA ÁCIDO FÓLICO Função primordial é a transferência de 1 carbona para aceptores que darão origem a bases nitrogenadas (purinas e pirimidias) para produção do DNA Folato doador é o tetraidrofolato (THF) Após doar o THF é convertido em diidrofolato (DHF) Para transformar DHF em THF novamente é necessária diidrofolato redutase. VITAMINA B12 É cofator de duas importantes reações 1. METABOLISMO DO FOLATO MTHF: forma circulante do folato que precisa ser convertida na forma celular THF Conversão de MTHF em THF é feita pela metionina sintase a partir de VIT b12 como cofator Deficiencia de VIT b12 provoca estado de deficiência celular de folato. Por esse motivo apenas a reposição de acido fólico não é o suficiente OBS: Na reação da metionina sintase em retirar o metil do THF (MTHFTHF) esse metil é transferido para homocisteína e assim forma-se metionina. Porém com a ausência da reação por deficiência de vitb12 não ocorre essa conjugação e homocisteína se eleva. Homocisteína é lesiva ao endotélio. 2. CONVERSÃO DE METILMALONIL COA EM SUCCINIL COA. VITb12 atua como cofator Na deficiência de VITb12, mas não de acido fólico aumentam-se os níveis ´sericos e urinários de acido metilmalônico. IMPORTANTE: o quadro neurológico da carência de B12 deve-se a Níveis aumentados de metilmalonil CoA que promoverão síntese de ácidos graxos não fisiológicos que se incorporarão aos lipídios neuronais; Ausência da metionina reduzida, reduz a produção de fosfolipídios contendo colina (elemento fundamental para bainha de mielina). ORIGEM DAS DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS FOLATO: A principal em população geral é o alcolismo LACTENTES: reservas são reduzidas ao nascimento e podem ser rapidamente depletadas com o crescimento. Nos prematuros as necessidades são ainda mais elevadas. Concentração de ácido fólico no leite depende ads reservas materna e duração da lactação Suplementação de ácido fólico 50ug/dia e ferro é indicada em regiões onde a prevalência de anemina carencial na infância supera 40% OU se a alimentação não for por leite materno. VITAMINA B12: A principal é anemia perniciosa: ausência do fator intrínseco FI (não ocorre conjugação com a vitB12, portanto não consegue ser absorvida pela íleo) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – deficiência de B12 HEMATOLÓGICAS Anemia: palpitações, fraqueza, cefaleia, irritabilidade São capazes de tolerar níveis baixos de hemoglobina, pois foram acostumando, visto que a anemia se instala insindiosamente. DIGESTIVAS Diarreia Perda ponderal Sensação dolorosa na língua – atrofia de papilas (glossite) Quelite angular NEUROLÓGICAS Podem ocorrer com hemograma absolutamente normal e somente com B12 baixa Parestesia em extremidades (alteração mais precoce) – decorrente de polineuropatia Diminuição da sensibilidade profunda (prorpioceptiva e vibratória) Desequilibrio, marcha atáxica, sinal de romberg (perda de propriocepção insconsciente nos membros inferiores) Fraqueza, espasticidade nos membros inferiores com sinal de babinski, hiperreflexia profunda (síndrome piramidal nos membros inferiores). Déficits cognitivos, demência e psicoses. OBS: O Acometimento da sensibilidade profunda (cordão posterior da medula espinhal) associado ao comprometimento dos feixes piramidais é chamado de Sindrome dos sistemas combinados ou mielinose funicular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – Anemia perniciosa Desenvolvimento de autoanticorpos que atacam as células do fundo gástrico (parietais) reduz acido gástrico, pepsina e FI Desenvolve-se: hipocloridria + anemia megaloblástica por má absorção de B12 Mais comum em indivíduos de 45-65 anos. Rara antes dos 30 anos Atinge mais mulheres, olhos azuis, cabelos brancos precoces Associada a outras afecções autoimunes – tireoidite de Hashimoto, vitiligo, doença de addison, doença de Graves. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – deficiência de acido fólico. Geralmente desnutridos Sintomas semelhantes a anemia por deficiência de B12 Exceto por: 1. Achados do aparelho disgestivo são mais exuberantes 2. Não ocorrem manifestações neurológicas Pode cursar com hiperpigmentação difusa da pele ou somente das pregas cutâneas. LABORATÓRIO 1. HEMOGRAMA VCM: aumentado. Pode chegar até 140fL. Existem outras causas, porém VCM>110 é diagnóstico bem provável; VCM>120fL praticamente não há outro diagnóstico. CHCM: normal Anisocitose com aumento de RDW – comum Analise de HEM anteriores pode revelar aumento progressivo de VCM Neutropenia e trombocitopenia – podem se associar a anemia (pancitopenia) 2. SANGUE PERIFÉRICO – esfregaço de sangue Hipersegmentação do núcleo dos neutrófilos Achado de apenas um neutrófilo contendo 6 ou mais lobos Presença de pelo menos 5% de neutrófilos com 5 lobos Anisocitose e poiquilocitose; macroovalócitos (eritrócitos grandes e ovais) 3. MEDULA ÓSSEA – mielograma Hipercelular com diminuição da relação mieloide/eritroide Pode ser identificado ferro corado Alterações morfológicas (megaloblásticas) pode ser vistas em todos os tipos celulares – mais frequente na linhagem vermelha. Eritroblastos: volume aumentado, assincronia núcleo/citoplasma. 4. DOSAGEM DE COBALAMINA E FOLATO SÉRICOS Devem ser solicitados Níveis normais: B12: 200-900pg/ml (entre 200-300 é faixa de incerteza) Folato sérico: 2,5 a 20ng/ml (Deve ser colhido sempre em jejum) 5. DOSAGEM DE ÁCIDO METILMALÔNICO E HOMOCISTEÍNA ÁCIDO METILMALÔNICO: Melhor parâmetro para diferenciar deficiências de B12 e ácido fólico É elevado na deficiência de B12 Valor normal: 70-270 nmol/L Geralmente os deficientes em VITb12 encontram-se entre 3500 até 2.000.000 HEMOCISTEÍNA: Elevado na deficiente de VITB12 e na de folato. Geralmente nos deficientes os níveis são de 50-250nmol/L DIAGNÓSTICO 1. Suspeita clínica ou esfregaço do sangue sugestivo 2. Dosagem sérica de vitB12 e folato; se o sangue periférico não for conclusivo – deve-se solicitar mielograma. 3. Se dosagem de vit e folato estiverem na faixa de dúvida (200-300 ou 2-4 respectivamente) deve-se solicitar ácido metilmalônico ou pesquisa do falato eritrocitário. OBS: níveis baixos de folato podem gerar falsa queda de vitb12 – portanto o aumento de acido metilmalônico nesses casos confirma a deficiência de B12 concomitante (verdadeira); caso os níveis do acido estejam normais, diz a favor de falsa queda. 4. Após o diagnóstico de anemia megaloblástica por carência de VITb12 deve-se iniciar investigação para anemia perniciosa (dosagem de antifator intrínseco ou anticélula parietal); biopsia gástrica não é obrigatória TRATAMENTO DEFICIENCIA DE COBALAMINA (VITB12) Adm de VITB12 parenteral – cianobalamina ou hidroxicobalamina 1000ug IM, 1x ao dia durante 7 dias 1x por semana por 4 semanas 1 vez no mês para o resto da vida. OU VITb12 cristalina, 2mg/dia, VO Se presença de supressão bacteriana deve-se tratar com antibiótico Anemia perniciosa: acompanhamento regular com endoscopia pelo risco de Ca de estômago DEFICIENCIA DE FOLATO Terapia de reposição, 1-5mg/dia VO Se o problema for de absorção, doses de até 15mg/dia podem ser utilizadas A duração depende do grau da deficiência Correção da dieta Se houver anemia hemolítica ou má absorção continuas devem receber terapia ad eternum e dieta rica em folato. RESPOSTA AO TRATAMENTO Obserca-se pico reticulocitário dentro de 5-7 dias Anemia começa a melhorar após 10 dias e regride completamente após 1-2 meses Níveis de ácido metilmalônico começa a cair em 48h e retorna ao normal de 5-10dias Quadro neurológico possui resposta mais lenta – 4-6 meses COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO Hipocalemia – devido ao consumo de potássio pelas células hematológicas em multiplicação exagerada Potássio sérico deve ser acompanhado na primeira semana de tratamento (especialmente primeiras 48h) Reposição de B12 parenteral pode causar retenção de sódio Reposição de acido fólico: falsa melhora do paciente. PROVA TERAPEUTICA Na ausência de exames que diferenciem os dois tipos de carências (folato ou B12) deve-se realizar a prova. B12 em baixas doses (10ug/dia IM) SEM RESPOSTA: não tem carência de B12, provável de folato COM RESPOSTA: tem deficiência de B12 e deve ser testado para deficiência concomitante de folato com dose 200- 400ug/dia. Deficiencia concomitante é percebida em 25% dos casos. PROFILAXIA Reposição profilática de B12 – indicada quando: Vegetarianos RN e lactentes filhos de mães deficientes em B12 Pacientes com disabsorção crônica de VIT B12 (gastrectomizados, anemia perniciosa, acloridria, insufiência pancreática) doses de 2000ug/d Reposição profilática de Folato – indicada em: Mulheres em fase reprodutiva que usem anticonvulsivantes na dose de 400ug/dia Portadores de hemólise crônica e doenças mieloproliferativas na dose de 1mg/dia Acido folínico em pacientes que usam metotrexato, pirimetamia ou trimetoprim na dose de 1mg/dia.
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