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45 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Unidade II 5 ROTINAS PERTINENTES À RELAÇÃO DE TRABALHO 5.1 Exigências legais 5.1.1 Livro de inspeção de trabalho O livro de inspeção do trabalho é obrigatório a todas as empresas. Ele é utilizado pelo agente da inspeção do trabalho na sua visita ao estabelecimento empresarial e nele serão anotados todos os dados da visita realizada, tais como: sua identificação funcional, a hora e a data da visita realizada no estabelecimento empresarial, incluindo seu término, bem como o resultado da inspeção, eventuais irregularidades e o prazo para que elas sejam sanadas. O livro de inspeção do trabalho deve permanecer no estabelecimento à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho, nos termos estabelecidos pela CLT. As empresas ou empregadores que mantiverem mais de um estabelecimento, filial ou sucursal, deverão possuir um livro de inspeção do trabalho para cada estabelecimento. O artigo 41 da CLT estabelecia que esse livro deveria ser autenticado pelo agente da inspeção do trabalho quando de sua visita ao estabelecimento empregador, mas a Lei n. 10.243, de 2001, revogou tal disposição. 5.1.2 Quadro de horário de trabalho Conforme as normas de natureza trabalhista, o horário do trabalho constará de um quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, e este será fixado em lugar bem visível. As informações constantes nesse quadro deverão ser de forma discriminativa, considerando os diversos horários dos funcionários. Vejamos o exemplo a seguir: 46 Unidade II Quadro 2 – Modelo de quadro de horário de trabalho Horário de trabalho Empregador................................................................................................... Denominação do estabelecimento .................................................................. Rua .................................................................................................................. n. ............... Atividade ............................................................................................. N. de ordem Nome do empregado Função Carteira profissional Entrada Intervalo Saída Descanso semanal Visto do FiscalNúmero Série Observação ............................................................................................................................................................................................................................................. ...................................................................................................................................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................ , ............. de ............................................................... de 20................... .......................................................................................................................... (Assinatura do empregador ou representante legal) Fonte: BRASIL (1941). 5.1.3 Controle de ponto – livro ou relógio de ponto Para os estabelecimentos com mais de dez trabalhadores, a legislação torna é obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída dos empregados em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver a devida demarcação do período de repouso. Com relação à diversificação do controle de jornada por meio dos métodos eletrônico e manual dentro da mesma empresa, ou seja, não há qualquer proibição legal em realizar o controle da entrada dos funcionários de uma categoria por sistema eletrônico computadorizado e dos funcionários de outra categoria mediante anotação manual, os juristas permitem tal procedimento. Para o trabalho executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder. Dessa forma, a hora de entrada e saída do empregado deve obrigatoriamente ser anotada por ele. Por determinação legal, não serão descontadas nem computadas como hora extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos por dia. 47 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Com relação ao intervalo para repouso ou alimentação, não há exigência de ser anotado diariamente pelo empregado, por sua vez, pode ser apenas mencionado antecipadamente no corpo ou cabeçalho do cartão. Diante da divergência da Justiça do Trabalho sobre a necessidade da empresa exigir a assinatura do empregado no cartão ou “espelho” de ponto, recomenda‑se o procedimento da assinatura, visando resguardar a organização de qualquer prejuízo futuro. Por outro lado, estão dispensados da marcação do ponto: • empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na ficha ou folha do livro de registro de empregados (parte de “Observações”), bem como na Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS (parte de “Anotações Gerais”). • gerentes, assim considerados os que exercem cargos de gestão, aos quais se equiparam, para esse efeito, aos diretores e aos chefes de departamento ou filial, quando o salário do cargo de confiança, que compreendendo a gratificação de função, se houver, não for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (BRASIL, 1943). Em 26 de agosto de 2009, o Ministério do Trabalho expediu uma instrução de procedimentos para o registro feito por meio de ponto eletrônico. Essa portaria determinou que todos os registros feitos de forma eletrônica deverão ser realizados por um instrumento específico chamado de Registrador Eletrônico de Ponto (REP), vedando a utilização de qualquer outro meio eletrônico. Tal ferramenta será utilizada exclusivamente para indicar o início e o término da jornada de trabalho de cada funcionário atuante em determinada empresa, emitindo comprovantes a cada registro. 5.1.4 Vale‑transporte A legislação do trabalho estabelece aos trabalhadores o direito de receberem o vale‑transporte, sendo que poderão ser descontados apenas 6% do salário do empregado. Alguns doutrinadores entendem que devem ser descontados 6% apenas dos dias trabalhados no mês, ou seja, dias do mês para os quais foi concedido o vale‑transporte; outros entendem que o desconto deve ser realizado sobre o salário básico percebido no mês, independentemente dos dias de trabalho prestado. Contudo, o Ministério do Trabalho determina que a base de cálculo do vale‑transporte é de 6% sobre o salário básico mensal, mesmo que os dias de trabalho prestados sejam inferiores a 30 dias. 48 Unidade II Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação A sra. Aparecida da Luz exerce a função de assistente de compras na empresa Indústria de Confecções de Bichos de Pelúcia Fofura Ltda. Para o trajeto de ida e volta ao trabalho, ela utiliza o transporte público, e paga a tarifa unitária no valor de R$ 4,40. O salário mensal dela é de um salário mínimo, R$ 1.045,00. Cálculo do desconto do vale‑transporte: Salário mensal: R$ 1.045,00 × 0,06 = R$ 62,70 Importante analisar a seguinte situação: Consideramos que a jornada de trabalho da sra. Aparecida Luz seja de cinco dias semanais, ou seja, de segunda a sexta‑feira, e para um mês de 30 dias e com apenas oito dias sem trabalho (sábados e domingo). Dessa forma, haverá 22dias de trabalho (30 – 8), então multiplicamos esse valor total por R$ 8,80 (gasto diário com o transporte de ida e volta ao trabalho), e a empresa gastará R$ 193,60 para sua condução, porém terá um reembolso de R$ 62,70 (refere‑se ao desconto do salário da empregada). Logo, o gasto efetivo da empresa será apenas de R$ 130,90 (R$ 193,60 – R$ 62,70). Que tal mudarmos um pouco o cenário? Vamos supor que o salário da sra. Aparecida Luz seja de R$ 3.250,00, como assistente de compras. Mantendo o trajeto, a tarifa unitária de R$ 4,40, o cálculo do desconto do vale‑transporte seria: Salário mensal: R$ 3.250,00 × 0,06 = R$ 195,00 Assim, considerando os mesmos 22 dias de trabalho (30 – 8), e multiplicando esse valor total por Assim, considerando os mesmos 22 dias de trabalho (30 – 8), e multiplicando esse valor total por R$ 8,80 (gasto diário com o transporte de ida e volta ao trabalho), a empresa continuará gastando R$ 193,60 R$ 8,80 (gasto diário com o transporte de ida e volta ao trabalho), a empresa continuará gastando R$ 193,60 para sua condução, porém teria um reembolso de até R$ 195,00. Assim, a sra. Aparecida Luz teria o para sua condução, porém teria um reembolso de até R$ 195,00. Assim, a sra. Aparecida Luz teria o valor relativo ao vale transporte integralmente descontado do seu salário. Obviamente, nesse cenário, valor relativo ao vale transporte integralmente descontado do seu salário. Obviamente, nesse cenário, o desconto do vale transporte não atingindo o desconto máximo de 6%, vão ser descontados apenas os o desconto do vale transporte não atingindo o desconto máximo de 6%, vão ser descontados apenas os 193,60 reais referente às passagens. 193,60 reais referente às passagens. Veja o que diz o art. 1º da Lei 7.418/85: Art. 1º fica instituído o vale‑transporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, poderá antecipar ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência‑trabalho e vice‑versa, mediante celebração de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho e, na forma que vier a ser regulamentada pelo Poder Executivo, nos contratos individuais de trabalho (BRASIL, 1985). Desse modo, o benefício só pode ser concedido após uma solicitação formal ser feita, e o termo de concessão do vale‑transporte preenchido. O benefício é, normalmente, pago no início do mês e 49 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS a empresa pode estabelecer o dia em que vai pagar, desde que seja antes do início da locomoção do funcionário e não atrapalhe seu percurso. Quadro 3 – Modelo de declaração de termo de compromisso de vale‑transporte Declaração e termo de compromisso vale‑transporte Assinale com um X se você deseja adquirir vales‑transporte: ___SIM ___NÃO Se sua opção for NÃO, apenas assine o formulário; se for SIM, preencha‑o com os dados necessários. Eu, ......................................., funcionário(a) da empresa ..................................................., desejando adquirir vales‑transporte, declaro que estou morando no endereço .......................................................... ............................................................................ e necessito diariamente, no meu deslocamento residência ‑ trabalho ‑ residência, dos seguintes vales‑transportes. Qtde. Linha Tarifa Qtde. Linha Tarifa _____ __________________ ______ _____ __________________ ______ Qtde. Linha Tarifa Qtde. Linha Tarifa _____ __________________ ______ _____ __________________ ______ Qtde. Linha Tarifa Qtde. Linha Tarifa _____ __________________ ______ _____ __________________ ______ Assumo o compromisso de utilizar o vale‑transporte exclusivamente para o meu efetivo deslocamento residência ‑ trabalho ‑ residência, e afirmo ter conhecimento do artigo 7º parágrafo 3º do Decreto n. 95.247, de 17/11/87, de que constitui falta grave o seu uso indevido ou a falsidade desta declaração. Comprometo‑me a atualizar anualmente as informações ou a qualquer tempo quando ocorrer mudança residencial ou no(s) meio(s) de transporte. Autorizo a empresa a descontar mensalmente, até 6% de meu salário‑base o valor destinado a cobrir o fornecimento de vales‑transporte por mim utilizados. Por ser a expressão da verdade, firmo a presente declaração e termo de compromisso. ......................................, .......................... de 2..................... __________________________________________ (Assinatura do empregado) Fonte: BRASIL (1941). 50 Unidade II 5.1.5 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) O CAGED foi criado pela Lei n. 4.923, de 23 de dezembro de 1965, e constitui uma importante fonte de informação do mercado de trabalho de âmbito nacional. Funciona como instrumento de acompanhamento e de fiscalização do processo de admissão e de dispensa de trabalhadores regidos pela CLT, com o objetivo de assistir aos desempregados e de apoiar medidas contra o desemprego. A partir de 1986, passou a ser utilizado como suporte ao pagamento do seguro‑desemprego e, mais recentemente, tornou‑se também um relevante instrumento à reciclagem e recolocação profissional do trabalhador no mercado de trabalho. A Medida Provisória no 2.164, de 24 de agosto de 2001, altera o prazo de declaração do CAGED para o dia sete do mês subsequente à movimentação. Em relação à certificação digital, a partir de 2013, todos os estabelecimentos ou arquivos que possuírem vinte ou mais trabalhadores no 1º dia do mês deverão transmitir a declaração CAGED utilizando um certificado digital válido. A obrigatoriedade também inclui os órgãos da Administração Pública. Para a transmissão da declaração de acerto do CAGED, também será obrigatória a utilização de certificado digital, inclusive para os órgãos da Administração Pública, independentemente do número de empregados. Deve informar ao Ministério do Trabalho e Emprego todo estabelecimento que tenha admitido, desligado ou transferido empregado com contrato de trabalho regido pela CLT, ou seja, que tenha efetuado qualquer tipo de movimentação em seu quadro de empregados. O prazo de entrega é até o dia 7 do mês subsequente ao mês de referência das informações. Observação Foi publicada a Portaria n. 1.127, de 14/10/2019, no DOU 15/10/2019, que define novos procedimentos para declaração das informações das empresas no Caged pelo eSocial, a partir da competência janeiro de 2020. 5.2 Jornada de trabalho Nos termos do artigo 58 da CLT, a duração normal do trabalho, para empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 horas diárias e 44 horas semanais, desde que não seja fixado expressamente outro limite (inferior). Entretanto, ela poder ser negociada, observando os limites constitucionais. Relevante modificação ocorreu na jornada parcial. A reforma trabalhista criou duas opções: contrato de até 30 horas semanais, sem horas extras, ou de até 26 horas semanais com até 6 horas extras. A reforma também oficializa a jornada 12 x 36, na qual o funcionário trabalha 12 horas e folga nas 36 horas seguintes, situação que já era praticada pelas empresas e pelos empregados de forma “não oficial”. 51 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS 5.2.1 Cálculo do total de horas de trabalho da jornada do trabalhador mensalista Para os trabalhadores mensalistas, ou seja, que recebem por mês, sempre serão considerados 30 dias para o cálculo de dias de trabalho, mesmo que o mês tenha número inferior ou superior a 30 dias. Com a redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais, o número de horas por mês do mensalista é de 220 horas. Cumpre lembrar que a semana tem seis dias úteis e a jornada de trabalho é de no máximo 44 horas semanais. Assim, seguem as duas formas de calcular: 1o – Modo de calcular: • 44 horas ÷ 6 dias = 7h 20 min por dia = 440 minutos por dia; • 440 min x 30 dias = 13.200 min por mês; • 13.200 min ÷ 60 min = 220h por mês. 2o – Modo de calcular: • 44 horas ÷ 6 dias = 7h 20 min por dia; • 7h x 30 dias = 210h; • 20 min x 30dias ÷ 60 min = 10h; • 210h + 10h = 220h por mês. 5.2.2 Cálculo do total de horas de trabalho da jornada do trabalhador horista O cálculo de dias de trabalho por mês, para o trabalhador que recebe por hora de trabalho, será considerado de acordo com o número de dias de cada mês (28, 30 e 31), ao contrário do trabalhador que recebe por mês trabalhado, que considera os meses sempre de 30 dias, mesmo que o mês tenha número de dias inferior ou superior a 30. Assim, para os trabalhadores que recebem por hora de trabalho, os valores referentes aos meses com 31, 30 e 28 dias serão calculados da seguinte forma: Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação A “Indústria e Comércio de Peças para Máquinas em Geral Ltda” contrata o empregado Sebastião dos Santos para exercer a função de soldador, com um salário de R$ 10,40 por hora: • Mês com 31 dias – considerando os meses do ano com 31 dias: janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro, o salário bruto do empregado será de: 52 Unidade II — jornada diária permitida pela legislação atual = 7h 20 min por dia, ou seja, 440 minutos por dia; — 31 dias x 440 min = 13.640 min/60 min = 227,33; — 227,33 x 10,40 = 2.364,26; — valor do salário bruto para um mês de 31 dias = R$ 2.364,26. Dessa forma, para os meses do ano com 31 dias: janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro, o salário bruto do empregado será de R$ 2.364,26: • Mês com 30 dias – considerando que o mês de abril possui 30 dias, o seu salário bruto será de: — jornada mensal permitida pela legislação atual = 220 horas; — jornada diária permitida pela legislação atual: 30 dias = 7,3333 horas; — apuração do salário bruto para um mês de 30 dias = 7,3333 horas x 30 dias x R$ 10,40 = R$ 2.288,00. • Mês com 30 dias – considerando os meses do ano com 30 dias: abril, junho, setembro e novembro, o salário bruto do empregado será de: — jornada diária permitida pela legislação atual = 7h 20 min por dia, ou seja, 440 minutos por dia; — 30 dias x 440 min = 13.200 min/60 min = 220; — 220 x 10,40 = 2.288,00; — valor do salário bruto para um mês de 30 dias = R$ 2.288,00. Sendo assim, para os meses do ano com 30 dias: abril, junho, setembro e novembro, o salário bruto do empregado será de R$ 2.288,00. • Mês com 28 dias – considerando o mês do ano com 28 dias: fevereiro, o salário bruto do empregado será de: — jornada diária permitida pela legislação atual = 7h 20min por dia, ou seja, 440 minutos por dia; — 28 dias x 440 min = 12.320 min/60 min = 205,33; — 205,33 x 10,40 = 2.135,43; — valor do salário bruto para um mês de 30 dias = R$ 2.135,43. 53 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Então, quando o mês de fevereiro possuir 28 dias, o salário bruto do empregado será de R$ 2.135,43. Vale informar que em ano bissexto, ou seja, quando o mês de fevereiro passa a ter 29 dias, o salário bruto será apurado, considerando esse número de dias. Quadro 4 – Comparação dos meses considerando o valor da hora de trabalho de 10,40 Número de dias do mês Mês com 31 dias: janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro Mês com 30 dias: abril, junho, setembro e novembro Mês com 28 dias: fevereiro Salário bruto R$ 2.364,25 R$ 2.288,00 R$ 2.136,45 5.2.3 Intervalo na jornada de trabalho para repouso e alimentação Na jornada diária de trabalho, o trabalhador tem direito ao repouso intrajornada, ou seja, um tempo para descanso e alimentação, que será de 1 hora, no mínimo, não podendo exceder a 2 horas, salvo acordo coletivo. Para as jornadas de 4 a 6 horas, o intervalo será de 15 minutos, no mínimo. Contudo, a jornada de trabalho inferior a 4 horas não é beneficiada com o intervalo intrajornada. Com a reforma da CLT, foi possível flexibilizar alguns direitos a favor do empregado. Assim, o funcionário poderá “negociar/flexibilizar” o repouso intrajornada (por exemplo, o horário de almoço), “negociando” que almoçará em 30 minutos e os outros 30 minutos (ao todo 1 hora de almoço) serão compensados no início ou término do expediente do dia, ou seja, ele poderá entrar 30 minutos mais tarde ou sair 30 minutos mais cedo. Também é direito do empregado o repouso interjornada, ou seja, direito a intervalos entre jornadas, paralisação do trabalho de no mínimo 11 horas entre o dia de trabalho e o início do trabalho no outro dia. Quando o intervalo para o repouso e alimentação não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar (à título de natureza indenizatória) apenas o período suprimido com um acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho conforme preceitua o artigo 71 da CLT e a nova Lei da Reforma Trabalhista (13.467 de 2017). 5.2.4 Repouso Semanal Remunerado – RSR/DSR Por fim, temos o RSR, que é o descanso semanal de 24 horas, salvo exceções aos domingos. Assim, no fim de uma jornada semanal, o empregador só poderá exigir a volta do trabalhador após 35 horas de repouso (11 horas do repouso intrajornada + 24 horas do repouso semanal). Repouso semanal e feriado em comissões – devido à remuneração do repouso semanal e dos dias de feriado ao empregado comissionista. 54 Unidade II Outra forma de calcular a remuneração do repouso semanal é encontrar um percentual que, multiplicado pelo valor da comissão, obtém de imediato a remuneração do RSR. Cumpre lembrar que o RSR é popularmente conhecido como Descanso Semanal Remunerado – DSR. 5.2.5 Desconto do RSR para mensalista e quinzenalista Quando ocorre falta ao trabalho sem justificativa legal, há controvérsia sobre o desconto do RSR de empregado mensalista ou quinzenalista. Para aqueles que defendem o não desconto do DSR do mensalista ou quinzenalista fundamentam sua justificativa no artigo 7º, § 2º, da Lei n. 605/49, que preceitua: Consideram‑se já remunerados os dias de repouso semanal do empregado mensalista ou quinzenalista cujo cálculo de salário mensal ou quinzenal, ou cujos descontos por falta sejam efetuados na base do número de dias do mês de 30 e 15 diárias, respectivamente (BRASIL, 1949). O que fica muito claro no artigo supracitado é que o mensalista ou quinzenalista vai receber apenas 30 diárias por mês e 15 diárias na quinzena, e não 30 diárias + 4 domingos, ou 15 diárias + 2 domingos. Consideram‑se já remunerados, dentro das 30 ou 15 diárias, os dias de repouso semanal. Os que defendem o desconto do DSR do mensalista ou quinzenalista têm como fundamento o artigo 6º da Lei n. 605/49 e do artigo 11 do Decreto n. 27.048/49: Artigo 6º – Não será devida a remuneração quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho. Artigo 11 – Perderá a remuneração do dia do repouso o trabalhador que, sem motivo justificado ou em virtude de punição disciplinar, não tiver toda a semana, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho (BRASIL, 1949). Contudo, a maior parte das decisões judiciais, inclusive do Tribunal Superior do Trabalho, defende que a falta injustificada durante a semana torna indevido o pagamento do repouso, autorizando, portanto, o desconto não só do dia de ausência como também daquele destinado ao repouso. Observação Não serão acumuladas a remuneração do repouso semanal e a do feriado civil ou religioso que caírem no mesmo dia. 55 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS 5.2.6 Horas extraordinárias (hora extra) e compensação de horas Diante da estipulação legal do limite da jornada de trabalho, são consideradas horas extraordinárias, todas as horas que excederem a jornada normal, que deve ser remunerada com acréscimo de no mínimo 50% do valor da hora normal de trabalho, segundo o artigo 7º, inciso XVI da CF. Assim, as convenções coletivas de trabalho podem estipular percentual maior que 50% para remuneração das horas extras. Contudo, as horas extraordinárias não poderão exceder a quantia de 2 horas por dia de trabalho, e tal informação deve estar expressa no contrato de emprego ou na convençãocoletiva. O valor das horas suplementares prestadas habitualmente, por mais de dois anos, ou durante todo o contrato, se suprimidas, integra‑se no salário para todos os efeitos legais (BRASIL, 1943). Com relação à compensação de horas extraordinárias, a Lei n. 9.601/98 criou o banco de horas, possibilitando a dispensa do pagamento do acréscimo de hora extra se, por força de acordo coletivo ou convenção coletiva, for prevista compensação, como redução de horário em outro dia. Assim, se houver compensação de horário semanal com prorrogação da jornada diária de trabalho, é necessário saber qual é o excesso de tempo trabalhado por dia, pois não poderá ultrapassar duas horas. Ocorrerá a integração das horas extraordinárias ao repouso semanal remunerado e aos feriados, computando‑se no cálculo as horas extraordinárias habitualmente prestadas. O cálculo é feito somando as horas extras da semana e dividindo o resultado pelo número de dias trabalhados; obtém‑se, então, o número de horas extras feitas por dia útil. Nas remunerações de valor variável, o empregado tem direito de, no mínimo, 50% pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor das comissões recebidas no mês, considerando‑se como divisor o número de horas efetivamente trabalhadas. Com a reforma trabalhista, o banco de horas pode ser acordado e negociado diretamente entre empresa e trabalhador, com limite de seis meses para a compensação. Também é possível fazer uma negociação com o sindicato da categoria por um período de um ano. 5.2.7 Trabalho noturno – adicional noturno Considera‑se noturno o trabalho executado entre 22h de um dia até 5h do dia seguinte. Nesse período, a remuneração terá acréscimo de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna, e irá integrar o salário enquanto durar a situação, ou seja, enquanto o trabalhador realizar total ou parcialmente o seu trabalho no período noturno. 56 Unidade II Assim, a transferência do empregado para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. Por ficção legal, a hora noturna é menor do que a diurna, sendo computada 1 hora a cada 52 minutos e 30 segundos. Exemplo: Há duas formas de calcular o coeficiente de conversão, o que facilitará o cálculo do adicional noturno. Coeficiente de conversão = Total de jornada diurna/Total de jornada noturna: • 1ª forma: coeficiente de conversão = total da jornada diurna (8 horas) dividido pelo total da jornada noturna (7 horas – 22h às 5h): — coeficiente de conversão = 1,142857. • 2ª forma: coeficiente de conversão = total dos minutos da hora de trabalho diurna (60 minutos) dividido pelo total dos minutos da hora de trabalho noturna (52 minutos e 30 segundos); — coeficiente de conversão = 60/52,5 = 1,142857. Dessa forma, para conhecer o número de horas para o adicional noturno, basta multiplicar o total de horas normais trabalhadas no período noturno pelo coeficiente de conversão, por exemplo: se o empregado trabalhou 4 horas no relógio, terá direito a 4,571428 (ou 4 x o coeficiente de conversão de 1,142857). Exemplo: Empregado com salário de R$ 3,00 por hora trabalhou das 22h de um dia à 1h30 do dia seguinte. Temos: a) horas noturnas trabalhadas: 4 horas (veja o cálculo anterior destacado); b) valor do salário/hora normal = R$ 3,00; c) adicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal = R$ 0,60; d) valor do adicional noturno R$ 0,60 x 4 horas = R$ 2,40; e) total bruto = R$ 14,40 (4 horas x R$ 3,00 = R$ 12,00 + R$ 2,40). Exemplo: Outra forma de fazer o cálculo seria da seguinte maneira: um empregado trabalhou das 24h às 5h do dia seguinte, durante 15 dias, com salário de R$ 8,00 por hora. Calcular: 57 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS a) 5h x 60 min = 300/52,50 = 5,71 horas noturnas; b) 5,71 x 15 dias = 85,65 horas noturnas mensais; c) R$ 8,00 valor hora normal x 20% adicional noturno = R$ 1,60; d) 85,65 x R$ 1,60 = R$ 137,04 total do adicional noturno, que será somado ao restante do salário, se houver. 6 SALÁRIO 6.1 Salário e remuneração Primeiramente, cumpre estabelecer a diferença entre salário e remuneração: • salário – é o pagamento realizado diretamente pelo empregador para o empregado como retribuição pelo seu trabalho. • remuneração – é tudo aquilo que o trabalhador recebe, do empregador ou de terceiros, decorrente da prestação do trabalho (salário + gorjeta). Dispõe o artigo 457 da CLT que se compreendem na remuneração do empregado, para todos os fins legais, além dos salários devidos e pagos diretamente pelo empregador, como contraprestação dos serviços às gorjetas que recebeu. O Tribunal Superior do Trabalho, no enunciado 354, determinou que as gorjetas cobradas pelo empregador na nota do serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso‑prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. A estimativa do valor das gorjetas calculadas pela média deve ser anotada na CTPS (artigo 29, § 2º), uma vez que incidiram na apuração de férias acrescida de 1/3, décimo terceiro salário, depósito do FGTS, recolhimento do INSS etc. Assim, salário é a contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador a todo empregado. Ele pode ser pago mensalmente, quinzenalmente, semanalmente ou diariamente por peça ou tarefa. Observação O salário nunca poderá ser inferior ao salário‑mínimo. 58 Unidade II Tabela 1 – Salário‑mínimo Vigência Valor mensal Valor diário Valor hora 01/02/2020 R$ 1.045,00 R$ 34,83 R$ 4,77 01/01/2020 R$ 1.039,00 R$ 34,63 R$ 4,74 01/01/2019 R$ 998,00 R$ 33,27 R$ 4,54 01/01/2018 R$ 954,00 R$ 31,80 R$ 4,34 01/01/2017 R$ 937,00 R$ 31,23 R$ 4,26 01/01/2016 R$ 880,00 R$ 29,33 R$ 4,00 01/01/2015 R$ 788,00 R$ 26,27 R$ 3,58 01/01/2014 R$ 724,00 R$ 24,13 R$ 3,29 01/01/2013 R$ 678,00 R$ 22,60 R$ 3,08 01/01/2012 R$ 622,00 R$ 20,73 R$ 2,83 01/03/2011 R$ 545,00 R$ 18,17 R$ 2,48 01/01/2011 R$ 540,00 R$ 18,00 R$ 2,45 01/01/2010 R$ 510,00 R$ 17,00 R$ 2,32 01/02/2009 R$ 465,00 R$ 15,50 R$ 2,11 01/03/2008 R$ 415,00 R$ 13,83 R$ 1,89 01/04/2007 R$ 380,00 R$ 12,67 R$ 1,73 01/04/2006 R$ 350,00 R$ 11,67 R$ 1,59 01/05/2005 R$ 300,00 R$ 10,00 R$ 1,36 01/05/2004 R$ 260,00 R$ 8,67 R$ 1,18 01/04/2003 R$ 240,00 R$ 8,00 R$ 1,09 01/04/2002 R$ 200,00 R$ 6,67 R$ 0,91 01/04/2001 R$ 180,00 R$ 6,00 R$ 0,82 03/04/2000 R$ 151,00 R$ 5,03 R$ 0,69 Adaptado de: Diário Oficial Alguns profissionais têm direito ao salário profissional, estipulado por lei, que também pode ser chamado de piso da categoria, não podendo, assim, receber valor inferior ao estabelecido. O art. 7º, inciso V, da Constituição Federal e a Lei Complementar n. 103/2000 facultam que os Estados e o Distrito Federal podem instituir um piso salarial estadual diferente do nacional, por aplicação do disposto no parágrafo único do art. 22 da Constituição. Alguns estados se utilizam desse dispositivo e já instituíram pisos salariais estaduais, os quais abrangem todos os trabalhadores do respectivo estado, exceto aos servidores municipais, aos estaduais, aos trabalhadores que tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, bem como aos contratos de aprendizagem regidos pela Lei Federal n. 10.097/2000. Integram no salário não só a importância fixa estipulada como também as comissões, as gorjetas, as percentagens, as gratificações ajustadas, as diárias para viagem que excedam 50% do salário percebido pelo empregado e os abonos pagos pelo empregador. 59 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade de trabalho, não deve ser estipulado por período superior a um mês, salvo no que concerne a comissões, percentagem e gratificações. O salário‑hora normal, no caso de empregado mensalista, será obtido dividindo‑se o salário mensal por 220 horas, limite máximo, ou número inferior, se o número de dias for inferior a 30, no qual será adotado para o cálculo o númerode dias trabalhados no mês. Exemplo: No caso de um empregado receber R$ 800,00 por mês, dividido por 220 horas, sua hora de trabalho equivale a R$ 3,64. No caso de empregado diarista, o salário‑hora normal será obtido dividindo o salário diário correspondente à duração do trabalho pelo número de horas efetivamente trabalhadas. Exemplo: Se um empregado receber R$ 60,00 por dia, dividido por 8 horas = R$ 7,50 por hora, trabalhando‑se 4 horas, o empregado irá receber R$ 30,00 (4 horas x R$ 7,50). Garantia de salário – os que percebem remuneração variável têm garantido por lei o recebimento de salário nunca inferior ao salário‑mínimo. 6.2 Formas de pagamento 6.2.1 Comprovante de pagamento Em relação ao comprovante de depósito de salários do empregado em conta bancária, a Lei n. 9.528/97 dispõe que terá força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho (BRASIL, 1997). O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária. 6.2.2 Adicional de insalubridade Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos. 60 Unidade II Há três graus de insalubridade: máximo, médio e mínimo; os empregados que trabalham em condições insalubres têm assegurados o pagamento adicional de 40%, 20% e 10%, respectivamente, do salário‑mínimo, salvo se, por força de lei ou convenção coletiva de trabalho, recebem salário profissional. Nesse caso, o adicional será calculado com base no salário profissional. As atividades insalubres obedecem às seguintes normas especiais: • exame médico a cada período ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado; • abreugrafia ou telerradiografia de tórax, sempre que o empregado estiver exposto a qualquer tipo de poeira ou outro agente que possa causar danos ao aparelho respiratório; • proibição de trabalho ao menor; • licença prévia das autoridades competentes em matéria de medicina do trabalho para a realização de horas extras; • existência de um lavatório para cada dez trabalhadores (BRASIL, 1943). O adicional de insalubridade, pago em caráter permanente, integra a remuneração para o cálculo de indenização. O cálculo do valor da hora extra para o empregado que recebe adicional de insalubridade é feito considerando‑se o adicional de insalubridade. Primeiro, calculam‑se 40%, 20% ou 10% do salário‑mínimo ou salário profissional, somando‑se com o salário e depois a hora extra. 6.2.3 Adicional de periculosidade São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em condições de risco acentuado. O empregado que trabalha em condições de periculosidade recebe um adicional de 30% sobre o salário efetivo, não incidindo esse percentual sobre gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Se o empregado trabalhar em serviço insalubre e perigoso, deverá optar pelo adicional de um dos dois. A caracterização e a classificação de insalubridade ou periculosidade, segundo normas do Ministério do Trabalho, serão feitas por meio de perícia a cargo do médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, registrado no Ministério do Trabalho. 61 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS A Súmula n. 191 do TST preceitua: O adicional de periculosidade incide, apenas, sobre o salário básico, e não sobre este, acrescido de outros adicionais. Em relação aos eletricitários, o cálculo do adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. Observação É proibido o trabalho do menor em serviços perigosos ou insalubres. 6.2.4 Salário‑família O salário‑família é uma prestação previdenciária devida ao empregado. Não é considerado salário, pois não é pago pelo empregador, mas sim pelo INSS. Dessa forma, o salário‑família será devido ao trabalhador‑segurado que tiver filho menor de 14 anos ou inválido. Para adquirir a concessão do benefício, o empregado deverá apresentar certidão de nascimento do filho mais a carteira de vacinação, que foi substituída pelo Cartão da Criança, além de comprovar a frequência da criança à escola. Por fim, o empregador vai efetuar o pagamento do salário‑família ao empregado e será reembolsado do valor correspondente pela Previdência Social, mediante abatimento na guia de recolhimento das contribuições previdenciárias. O valor da cota do salário‑família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade, é de: Tabela 2 Vigência Remuneração Salário‑família A partir de 1º/2/2020 (Portaria Ministério da Economia 914/2020) R$ 1.425,56 R$ 48,62 por filho *Desde dezembro de 2019 não existem mais duas faixas de salário‑família. Segundo o que dispõe a legislação, a prestação do salário‑família é proporcional aos dias trabalhados nos meses de admissão e demissão do empregado. Por fim, para a continuidade do recebimento do salário‑família anualmente, nos meses de maio e novembro devem ser apresentados os documentos exigidos novamente. 62 Unidade II 6.2.5 Salário‑maternidade O salário‑maternidade se refere a uma renda mensal igual à remuneração integral da segurada, paga pelo empregador, que irá descontar o valor pago à trabalhadora na guia de recolhimento das contribuições previdenciárias. O salário‑família também é uma prestação previdenciária devida ao empregado. Não é considerado salário, pois não é pago pelo empregador, mas sim pelo INSS. 6.2.6 Décimo terceiro salário O décimo terceiro salário representa a oficialização da gratificação natalina; seu valor corresponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, multiplicada pelos meses de serviço naquele ano. Para esse cálculo, a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será considerada como mês integral. Frações inferiores são desprezadas. De acordo com a legislação vigente, o 13º salário poderá ser pago em duas parcelas, sendo a 1ª até o dia 30 de novembro e a 2ª até dia 20 de dezembro. No caso da empresa optar pelo pagamento único, este deverá ocorrer até o dia 20 de dezembro, exceto em outras situações permitidas pelo sindicato da categoria. Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação A empresa Comércio de Artigos para Festas Garotada Ltda. efetuou o pagamento do 13º salário aos seus empregados. Sabe‑se que os três empregados contratados foram todos em 20X0, porém em datas diferentes. As informações utilizadas para elaboração da folha de pagamento do 13º salário no ano de 20X0 estão transcritas a seguir. Foram considerados os descontos para o INSS e IRRF, conforme tabelas vigentes à época, e ainda foram apurados os encargos sociais: Previdência Social (27,8%) e FGTS (8%). Tabela 3 Nome Admissão Função Número de dependentes Salário atual/mês Jorge de Sá 1º/3/20X0 Vendedor 1 R$ 2.500,00 Vânia Luz 1º/6/20X0 Gerente 2 R$ 5.500,00 Rita Rufino 1º/9/20X0 Diretor 0 R$ 10.000,00 Tabela 4 – INSS Tabela para empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 2020 – de 1º de janeiro a 29 de fevereiro de 2020 Salário de contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.830,29 8% De R$ 1.830,30 a R$ 3.050,52 9% De R$ 3.050,53 até R$ 6.101,06 11% Fonte: Tabela de contribuição…, 2020. 63 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Tabela 5 – INSS Tabela para empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 2020 – a partir de 1º de março de 2020 Salário de contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.045,00 7,5% De R$ 1.045,01 aR$ 2.089,60 9% De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12% De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,06 14% Fonte: Tabela de contribuição…, 2020. Tabela 6 – IRRF a partir de 4/2015 (em R$) De Até Alíquota Dedução 0,00 1.903,98 isento 0,00 1.903,99 2.826,65 7,50% 142,80 2.826,66 3.751,05 15,00% 354,80 3.751,06 4.664,68 22,50% 636,13 4.664,68 ‑‑ 27,50% 869,36 Dependentes: 189,59* *Deduz‑se o valor de R$ 189,59 por dependente da base de cálculo do IR. 1º empregado: Jorge de Sá Salário atual: R$ 2.500,00 Período: de 1°/3/20X0 a 31/12/20X0 = 10 meses ou 10/12 avos Valor do 13º salário: R$ 2.500,00/12 meses = R$ 208,33 por mês × 10 meses = R$ 2.083,33 O valor de R$ 2.083,33 (salário de contribuição) será a base de cálculo para os descontos do INSS e FGTS, ao passo que as alíquotas, neste exemplo, estão no enunciado. Na prática, você sempre deverá checar quais são os valores e alíquotas vigentes. • Desconto do INSS de 9%, conforme tabela de contribuição do INSS (2019): 13º salário de contribuição.................................................................R$ 2.083,33 (×) Percentual...........................................................................................× 0,09 (9%) (=) INSS a descontar..............................................................................R$ 187,49 64 Unidade II • Desconto do IRRF de 0%, conforme tabela de dedução do IR (janeiro e março): Salário.....................................................................................................................................R$ 2.083,33 (–) INSS (não se paga tributo sobre outro tributo; deduz‑se o INSS)..........R$ 187,49 (–) Dependentes (1 × R$ 189,59)................................................................................R$ 189,59 (=) Base cálculo para o IRRF.........................................................................................R$1.706,25 ≥ isento (×) Alíquota ........................................................................................................................× 0,000 Valor líquido a pagar para Jorge de Sá (total do 13º salário)...............R$ 2.083,33 (–) Total dos descontos (INSS + IRRF)............................................................R$ 187,49 (=) Valor líquido...................................................................................R$ 1.895,84 2º empregado: Vânia Luz Salário atual: 5.500,00 Período: de 1º/6/20X0 a 31/12/20X0 = 7 meses ou 7/12 avos Valor do 13° salário: 5.500,00/12 (meses) = 458,33 × 7 (meses trabalhados) = R$ 3.208,33 O valor de R$ 3.208,33 (salário de contribuição) será a base de cálculo para os descontos do INSS e FGTS, ao passo que as alíquotas, neste exemplo, estão no enunciado. Na prática, você sempre deverá checar quais são os valores e alíquotas vigentes. • Desconto do INSS de 11%, conforme tabela de contribuição do INSS (2019): 13º salário de contribuição....................................................................R$ 3.208,33 (×) Percentual..............................................................................................× 0,11 (11%) (=) INSS a descontar.................................................................................R$ 352,91 • Desconto do IRRF de 7,5%, conforme tabela de dedução do IR (janeiro e março): Salário....................................................................................................................R$ 3.208,33 (–) INSS.................................................................................................................R$ 352,91 (–) Dependentes (2 × R$ 189,59)..............................................................R$ 379,18; (=) Base cálculo para o IRRF........................................................................R$ 2.476,24 (×) Alíquota (7,5%) .........................................................................................× 0,075 (conforme tabela) (=) IRRF antes da dedução...........................................................................R$ 185,71 (–) Parcela a deduzir........................................................................................R$ 142,80 (conforme tabela) (=) IRRF a descontar........................................................................................R$ 42,91 Valor líquido a pagar para Vânia Luz (total do 13º salário)............R$ 3.208,33 (–) Total de descontos............................................................................................R$ 352,91 (INSS) + 42,91 (IR) = R$ 310,00 (=) Valor líquido.......................................................................R$ 2.898,33 65 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS 3º Empregado: Rita Rufino Salário atual: R$ 10.000,00 Período: de 1°/9/20X0 a 31/12/20X0 = 4 meses ou 4/12 avos Valor do 13º salário: R$ 10.000,00/12 meses = R$ 833,33 por mês × 4 meses = R$ 3.333,33 • Desconto do INSS de 11%, conforme tabela de contribuição do INSS (2019): Salário de contribuição..................................................................R$ 3.333,33 (×) Percentual.................................................................................× 0,11 (11%) (=) INSS a descontar......................................................................R$ 336,66 • Desconto do IRRF – 15% conforme tabela de dedução do IR (janeiro e março): Salário.......................................................................................................................R$ 3.333,33 (–) INSS.....................................................................................................................R$ 336,66 (–) Dependentes (0 × R$ 189,59)..................................................................R$ 00,00 (=) Base cálculo para o IRRF............................................................................R$ 2.966,66 (×) Alíquota (15%)...............................................................................................× 0,15 (conforme tabela) (=) IRRF antes da dedução...............................................................................R$ 444,99 (–) Parcela a deduzir............................................................................................R$ 354,80 (conforme tabela) (=) IRRF a descontar ..........................................................................................R$ 90,19 Valor líquido a pagar para Rita Rufino (total do 13º salário).............R$ 3.333,33 (–) Total dos descontos.........................................................................................R$ 336,66 (INSS) + 90,19 (IR) = R$ 426,82 (=) Valor líquido.................................................................................R$ 2.906,48 Tabela 7 – Folha de pagamento Comércio de Artigos para Festas Garotada Ltda Folha de pagamento do 13° salário Ano 20X0 Nome Função Salário Descontos Total Valor líquido INSS IRRF Jorge de Sá Vendedor 2.083,33 187,49 0,00 187,49 1.895,84 Vania Luz Gerente 3.208,33 352,91 42,91 395,82 2.898,33 Rita Rufino Diretor 3.333,33 336,66 90,91 427,57 2.906,48 Total 8.624,99 877,06 133,82 1.010,88 7.700,65 66 Unidade II Observação O IRRF deverá ser recolhido à Receita Federal de acordo com a legislação vigente, e o valor líquido a pagar aos empregados será, conforme determina a legislação, no máximo dia 20 de dezembro (exceto em situações acordadas com o sindicato da categoria). 6.3 Cálculo da folha de pagamento O uso da folha de pagamento é obrigatório para o empregador, conforme preceitua a Lei n. 8.212/91, artigo 32, inciso I, da Consolidação da Legislação Previdenciária (CLP). Nela são registrados mensalmente todos os proventos e descontos dos empregados. Deve ficar à disposição da fiscalização. A folha de pagamento se divide em duas partes distintas: proventos e descontos. A parte de proventos engloba: • salário; • horas extras; • adicional de insalubridade; • adicional de periculosidade; • adicional noturno; • salário‑família; • diárias para viagem; • ajuda de custo; • outrosproventos previstos em lei ou em Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A parte de descontos compreende: • quota de previdência – INSS; • imposto de renda; • contribuição sindical (se for autorizado o pagamento pelo empregado); • seguros; • adiantamentos; 67 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS • faltas e atrasos; • vale‑transporte; • outros descontos previstos e lei ou na CCT. Algumas empresas fazem o pagamento dos seus empregados no último dia do mês. Nesse caso, é necessário fechar a folha de pagamento alguns dias antes, ganhando‑se tempo necessário para o cálculo dos devidos proventos e descontos. Outras organizações realizam o pagamento no limite máximo exigido por lei: o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido, se o pagamento for mensal, ou o quinto dia subsequente, quando o pagamento for semanal ou quinzenal. O apontamento é feito, em geral, por meio da folha de ponto; o sistema soma as horas trabalhadas, inclusive as horas extras, e observa as faltas e atrasos para o não pagamento. Observação O uniforme e outros acessórios concedidos pelo empregador e usados no local de trabalho não poderão ser descontados do salário do funcionário. 6.3.1 Desconto nos rendimentos do empregado para o INSS A contribuição de cada segurado empregado, filiado ao INSS, inclusive o doméstico e o avulso, a partir de 1º de janeiro de 2011, é de 8%, 9% e 11%, de acordo com o salário de contribuição. O INSS incide sobre o salário, horas extras, adicional de insalubridade e periculosidade, adicional noturno, diárias de viagem acima de 50% do salário percebido, 13º salário e outros valores admitidos em lei pela Previdência Social. Esse valor é descontado na folha de pagamento. A contribuição destes segurados é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota, de forma não cumulativa, sobre o seu salário‑de‑contribuição mensal. Conforme a tabela instituída pela lei atual, que varia, há um limite máximo para o desconto do INSS. Quando o empregado ganhar um valor superior ao limite máximo (teto), só poderá ter desconto do salário o percentual máximo estabelecido como limite (atualmente 11%). Ressalta‑se que o limite máximo para o desconto do INSS é apenas para o segurado empregado; a empresa recolhe a contribuição previdenciária sobre o total da folha de salários. Segundo determina a legislação previdenciária, a contribuição patronal, em regra, é de: 68 Unidade II • 20% referente à contribuição previdenciária patronal sobre o total da folha de pagamento, inclusive pró‑labore; • 5,8% referente ao salário educação + Incra + Senai + Sesi + Sebrae (essa é a regra geral, mas a alíquota pode variar conforme o código FPAS da empresa); • 1%, 2% ou 3% sobre o total das remunerações pagas a título de salário, referente ao Seguro de Acidente de Trabalho – SAT, a alíquota muda de acordo com o grau de risco (1, 2 ou 3) da atividade exercida pela empresa (BRASIL, 1991). Dessa forma, as empresas farão o recolhimento da contribuição previdenciária patronal somando as três porcentagens anteriormente descritas. Vão calcular tudo sobre o valor total dos proventos da folha de pagamento, com incidência do INSS, inclusive pró‑labore. O aposentado que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida pelo regime previdenciário é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições para fins de custeio da Seguridade Social. Diante do exposto, os aposentados por idade ou por tempo de serviço não estão isentos de contribuir para a Previdência Social. Por exemplo: Uma determinada empresa possui quatro empregados, com os respectivos salários mensais: • Américo dos Santos: R$ 2.900,00 • Luiz da Silva: R$ 8.700,00 • Antônio de Souza: R$ 1.580,00 • Manuel Trindade: R$ 1.045,00 De acordo com a tabela para o desconto do INSS, teremos: • Américo dos Santos: R$ 2.900,00 × 0,12 = R$ 348,00 • Luiz da Silva: R$ 8.700,00 × 0,14 = R$ 1.218 (*) • Antônio de Souza: R$ 1.580,00 × 0,09 = R$ 142,20 • Manuel Trindade: R$ 1.045,00 × 0,075 = R$ 78,37 (*) Não será possível descontar o valor de R$ 1.218,00 do salário do sr. Luiz da Silva, uma vez que o salário‑teto para contribuição, conforme tabela, é de R$ 6.101,06. Logo, o desconto será de R$ 841,40 (R$ 6.101,06 × 0,14). 69 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS 6.3.2 FGTS O FGTS é um regime criado por meio da Lei n. 5.107/1996 e regulamentado atualmente pela Lei n. 8.036/1990 e pelo Decreto n. 99.684/1990, formado por depósitos mensais, em conta vinculada, efetuados pelo empregador, em nome dos seus empregados. Assim, pelo regime do FGTS, as empresas são obrigadas, mensalmente, a depositar em uma conta bancária vinculada à Caixa Econômica Federal o equivalente a 8% da remuneração paga ou devida ao empregado no mês anterior ao do efetivo depósito, tratando‑se de contrato de aprendizagem e de contrato de trabalho por prazo determinado (temporário). O percentual a ser recolhido será de 2%. O valor a ser recolhido, referente ao FGTS, não será descontado do salário do empregado, pois é uma obrigação do empregador. Exemplos: 1º) O funcionário Manuel Paiva foi contratado com um salário mensal de R$ 1.500,00 – FGTS = R$ 1.500,00 x 8% = R$ 120,00 (valor a ser recolhido de FGTS). 2º) O funcionário Manuel Paiva foi contratado com um salário mensal de R$1.500,00, com 10 horas extras e adicional de 50%. Sendo assim, temos: R$ 1.500,00/220 = R$ 6,81 + 50% = R$ 10,22 x 10 = R$ 102,27 – FGTS = R$ 1.500,00 + 102,27 x 8% = R$ 128,18 (valor a ser recolhido de FGTS). 3º) O funcionário Manuel Paiva foi contratado com um salário mensal de R$ 1.500,00, com uma falta injustificada no mês. Dessa forma, temos: R$ 1.500,00/30 = R$ 50,00 x 2 (1 falta + 1 perda do RSR/DSR) = R $ 100,00 – FGTS = R$ 1.500,00 – 100,00 x 8% = R$ 112,00 (valor a ser recolhido de FGTS). 6.3.3 Imposto de Renda – IR A tributação do IR sobre os rendimentos do trabalho assalariado pago incide sobre: salários, ordenados, soldos, soldadas, subsídios, honorários, adicionais, vantagens, extraordinários, suplementação, abonos, bonificações, gorjetas, gratificações, 13º salário, participações, percentagens, prêmios, cotas‑partes em multas ou receitas, comissões, corretagens, vantagens por transferência de local de trabalho, verbas de representações e outros rendimentos admitidos em lei pela Receita Federal. A Instrução Normativa n. 1.142, de 31 de março de 2011, dispõe sobre o cálculo do Imposto de Renda de pessoas físicas, no ano calendário de 2011/2014, da seguinte forma: Artigo 2º – O imposto sobre a renda a ser descontado na fonte sobre os rendimentos do trabalho assalariado, inclusive a gratificação natalina (13º salário), pagos por pessoas físicas ou jurídicas, bem como sobre os demais rendimentos recebidos por pessoas físicas que não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte ou definitiva, pagos por pessoas jurídicas (BRASIL, 2011a). 70 Unidade II Saiba mais Para saber mais sobre as tabelas comparativas sobre o cálculo de IR sobre pessoa física, pesquise em: http://www.receita.fazenda.gov.br. Acesso em: 29 abr. 2015. A Constituição Federal, no artigo 7º, inciso III, determinou que todo trabalhador tem o seu contrato de trabalho submetido ao regime do FGTS. 6.3.4 Contribuição sindical Com relação à contribuição federativa referente aos empregados associados ao sindicato, desde que devidamente autorizados, os empregadores são obrigados a descontá‑la mensalmente na folha de pagamento. Contudo, isso só pode ser feito após a devida notificação. Contudo, com relação à contribuição sindical, no mês de março de cada ano, os empregadores não são mais obrigados a pagá‑la. Com a reforma da CLT pela Lei n. 13.467 (2017), o antigo imposto sindical foi extinto e, até nova manifestação do governo, ele não será mais cobrado dos trabalhadores (o valor era de um dia de salário do trabalhador). O pagamento agora é opcional. Dessa forma, considera‑se como um dia de trabalho: • uma jornadanormal de trabalho, se o pagamento ao empregado for feito por unidade de tempo (mês, hora, quinzena, semana etc.); • 1/30 da quantia percebida no mês anterior, se a remuneração for paga por tarefa, empreitada ou comissão. Conforme determinação legal da Portaria n. 3.233/83, os empregadores enviarão, dentro do prazo de 15 dias, contados da data de recolhimento da contribuição sindical, a relação de todos os empregados contribuintes ao respectivo sindicato ou, na falta deste, à Secretaria Geral do Ministério do Trabalho, descriminando a função ou cargo de cada um, bem como o salário e o respectivo valor recolhido sobre a contribuição sindical. O prazo para o recolhimento da contribuição sindical é 30 de abril. Após essa data, o pagamento será acrescido de multa, a ser paga pela empresa. Com relação aos empregados que não estiverem trabalhando no mês da ocorrência do desconto da contribuição sindical, o referido desconto deverá ser efetuado no primeiro mês subsequente ao do início do trabalho, caso o trabalhador opte por pagá‑la. Já os trabalhadores que forem contratados após o referido mês e não tiverem pago opcionalmente a contribuição/imposto sindical por meio de outro empregador naquele ano, o desconto também opcional deverá ser efetuado no segundo mês de trabalho do empregado. Exemplo: João foi admitido em 1°/9/2011 e não havia recolhido a contribuição 71 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS sindical, pois estava desempregado desde 15/12/2010. Assim, o desconto da contribuição sindical será efetuado no pagamento de João no mês de outubro de 2011. Por fim, a contribuição sindical para os sindicatos patronais também passou a ser opcional com a Reforma Trabalhista de 2017 e é recolhida no mês de janeiro de cada ano ou na ocasião em que os empregadores requererem os seus registros ou licenças para o exercício da atividade econômica. 6.3.5 Férias Após cada período de 12 meses de trabalho, o empregado adquire o direito ao usufruto do descanso anual e o período fica a cargo do empregador. O período de férias deve ser dado dentro do prazo de 12 meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. Se não forem concedidas ao trabalhador, este terá direito ao recebimento das férias em dobro, podendo pedir fixação judicial de suas férias. Com a Reforma Trabalhista que entrou em vigor em 2017, as férias foram “flexibilizadas”, mas o direito a elas não foi alterado porque as férias continuam sendo de 30 dias anuais, com a possibilidade de um acordo entre trabalhadores e empregadores para que sejam divididas em até três vezes, desde que um dos períodos seja de 14 dias corridos e, os demais, cinco dias corridos. Também por ocasião da Reforma Trabalhista, não há mais a proibição do parcelamento de férias para o empregado menor de 18 anos ou maior de 50 anos. A remuneração das férias é a devida na data da concessão, incluindo‑se aí as horas extras, os adicionais noturnos, insalubridade e periculosidade, além da média das gorjetas. Sempre que a remuneração for variável deverá calcular a média das remunerações mensais. A remuneração das férias é a devida na data da concessão, incluindo‑se aí as horas extras, os adicionais noturnos, insalubridade e periculosidade, além da média das gorjetas. Sempre que a remuneração for variável deverá calcular a média das remunerações mensais. Considera‑se abono pecuniário a faculdade de se converter 1/3 das férias em abono pecuniário (dinheiro), ou seja, “vender” 1/3 das férias. Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração, na seguinte proporção, do artigo 130 da CLT: • 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de cinco vezes; • 24 dias corridos, quando houver tido de seis a 14 faltas; • 18 dias corridos, quando houver tido de 15 a 23 faltas; • 12 dias corridos, quando houver tido de 24 a 32 faltas (BRASIL, 1943). 72 Unidade II Existem algumas condições em que a ausência do empregado não será considerada falta ao serviço, nos termos do artigo 132 da CLT: • até dois dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declara em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; • até três dias consecutivos, em virtude de casamento; • cinco dias em caso de nascimento do filho; • por um dia, a cada 12 meses de trabalho por doação de sangue; • até dois dias consecutivos para alistamento eleitoral; • período que tiver de cumprir exigências do serviço militar; • nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular; • pelo tempo necessário para comparecimento em juízo; • pelo tempo necessário na qualidade de representante de entidade sindical; • acidente de trabalho (BRASIL, 1943). O empregado não poderá entrar em gozo de férias sem a apresentação da CTPS para a devida anotação. A anotação das férias também deve ser feita no livro ou ficha de Registro de Empregados. De acordo com o disposto no inciso XVII, do artigo 7º, da Constituição Federal, ficou instituído o pagamento de 1/3 a mais do que o salário normal, por ocasião do gozo de férias anuais remuneradas: O pagamento de férias, integrais ou proporcionais, gozadas ou não, na vigência da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 se sujeita ao acréscimo do terço previsto em seu artigo 7º, inciso XVII (BRASIL, 1988). A partir do pagamento de férias (em dobro, simples ou proporcionais), as Delegacias Regionais do Trabalho, bem como os sindicatos das categorias profissionais, têm adotado as incidências do INSS, FGTS e IR para o adicional de 1/3 do salário normal. Vejamos agora os quadros explicativos referentes à incidência das contribuições sobre férias I – Férias normais (individuais ou coletivas, inclusive coletivas proporcionais com menos de um ano): 73 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Quadro 5 Férias normais INSS SIM FGTS SIM IR SIM II – Férias pagas em dobro, na vigência do contrato de trabalho: Quadro 6 Férias pagas em dobro excluindo o adicional INSS SIM FGTS SIM IR SIM Quadro 7 Adicional – valor correspondente ao dobro das férias INSS NÃO FGTS NÃO IR SIM Assim, pode‑se concluir que as férias indenizadas (inclusive em dobro ou proporcionais) não estão sujeitas ao pagamento do INSS (Previdência Social). As férias proporcionais são calculadas na base de 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias. Exemplo: Um determinado empregado foi admitido na empresa em 1º de outubro de 20X0, com um salário mensal de R$ 1.100,00. Em 31 de março de 20X1 é demitido sem justa causa. Além de outras verbas rescisórias que têm direito (estudaremos o assunto no item sobre rescisão contratual), vai receber 6/12 (seis doze avos) de férias, ou seja, a cada mês vencido obteve o direito de 1/12 (um doze avos) referentes às férias; no período de 1º de janeiro de 20X0 a 31 de março 20X1, somam‑se seis meses, recebendo, assim, o montante de R$ 550,00 (R$ 1.100,00 / 12 = R$ 91,6666 x 6 meses = R$ 550,00), acrescido do adicional de férias de 1/3, perfazendo um total bruto de R$ 733,33 (R$ 550,00/3 = R$ 183,33 + R$ 550,00). 6.4 Pagamento da primeira parcela do 13º salário por ocasião das férias O empregado poderá receber antecipadamente, por ocasião do gozo de suas férias, a primeira parcela do 13º salário entre os meses de fevereiro a novembro de cada ano. Para que o empregado faça jus ao recebimento da primeira parcela do 13º salário, por ocasião das férias, é necessário que redija um requerimento no mês de janeiro do correspondente ano. 74 Unidade II Quadro 8 – Exemplo de modelo de requerimento De: Maria Cadilac (nome do empregado) Para: Sparadrapo Indústria de Produtos Dietético Ltda REF.: Solicitação da 1ª Parcela do 13º Salário Prezado Sr. João Magro, representante legal da pessoa jurídica Sparadrapo Indústria de Produtos Dietéticos Ltda:Eu, Maria Cadilac (nome), brasileira (nacionalidade), viúva (estado civil), nutricionista (profissão, cargo ou função), portadora da Carteira de Identidade RG n. 08.888.777 e devidamente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas (CPF) sob o n. 288.288.777‑11, com Carteira de Trabalho e Previdência Social n. 00088, série n. 88800, residente e domiciliada à Rua 01, do bairro 02, na cidade de Magrolândia, no estado da Caloria do Norte, venho, por meio desta, solicitar o pagamento da primeira parcela do 13º salário por ocasião do gozo de minhas férias, nos termos estabelecidos pelo artigo 2º, parágrafo 2º, da Lei n. 4.749/65. Certa de estar em conformidade com o prazo por lei estabelecido, aguardo e espero a efetivação da solicitação acima descrita. Magrolândia, 11 de janeiro de 20X5. X______________________ Maria Cadilac (assinatura do empregado) Se as férias proporcionais forem superiores às férias coletivas, o empregado fica com um saldo favorável. Se as férias proporcionais forem inferiores às férias coletivas, o empregado não faz jus a todo o período de férias coletivas, mas elas devem ser pagas como licença remunerada para que não haja redução salarial do empregado. O pagamento das férias coletivas e do abono, se for o caso, deve ser feito até dois dias antes do correspondente gozo, ocasião em que o empregado quita o pagamento em recibo com indicação do início e do término das férias. Em relação ao aviso de férias, o empregador deverá entregá‑lo ao empregado por escrito com antecedência mínima de 30 dias, nos termos do artigo 135 da CLT. 75 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Quadro 9 – Exemplo de aviso de férias De: Sparadrapo Indústria de Produtos Dietético Ltda (nome do empregador) Para: Maria Cadilac (nome do empregado) REF.: Comunicado de aviso de férias A pessoa jurídica Sparadrapo Indústria de Produtos Dietéticos Ltda vem, por meio desta, notificar o EMPREGADO, Sra. Maria Cadilac, com antecedência de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 135 da Consolidação das Leis do Trabalho, que concederá férias no período abaixo determinado. PERÍODO DE AQUISIÇÃO: 2/4/20X0 a 1°/4/20X1 PERÍODO DE GOZO DE FÉRIAS: 10/4/20X1 a 9/5/20X1 As bases para os cálculos são as seguintes: Faltas não justificadas somam um total de 1 falta; Salário‑base é de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Vencimentos: Valor da remuneração – R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais); Adicional 1/3 férias – R$ 500,00 (quinhentos reais); 1ª parcela 13º salário – R$ 1.000,00 (mil reais). Sendo, portanto, o total da remuneração R$ 2.000,00 (dois mil reais). Deduções: INSS – R$ (xxx) (valor expresso); IRF – R$ (xxx) (valor expresso); Valor total de descontos: O valor líquido a receber será então de R$ 1.000,00 (mil reais). Pelo presente fica o empregado comunicado que, de acordo com a Lei, ser‑lhe‑ão concedidas férias relativas ao período acima descrito, estando à sua disposição a importância líquida de R$ (xxx) (valor expresso), a ser paga adiantadamente. Magrolândia, 8 de abril de 20X1. X________________________ Maria Cadilac (assinatura do empregado) 76 Unidade II O recibo de férias é um documento que assegura que o empregador quitou as férias, e deve ser assinado pelo empregado até dois dias antes do início do respectivo período de férias, conforme o artigo 145 da CLT. Apuração de férias Férias gozadas: período de descanso – 30 dias Conforme estudado, o empregado terá direito ao período de descanso de 30 dias corridos, desde que não ultrapasse o limite de faltas (ver tabela de faltas não justificadas) durante 12 meses consecutivos, em outras palavras, o empregado adquire o direito das férias desde que obtenha, sem interrupção, um período de trabalho na mesma empresa durante um ano. Ressalva‑se que o período de descanso será informado pelo empregador, podendo haver acordo entre as partes. O empregador, a partir do período adquirido, ainda terá 11 meses para colocar o empregado em descanso, caso contrário assumirá como multa o pagamento de férias em dobro, conforme determina a legislação vigente. Para apurarmos o valor das férias a pagar ao empregado, sabemos que algumas informações serão necessárias, como: – controle de faltas; – tabela do INSS para cálculo do desconto e posterior recolhimento à Previdência Social; – número de dependentes legais; – tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF; – emissão do aviso de férias e entrega ao empregado no mínimo de 30 dias do período de descanso; – pagamento do valor líquido das férias aos empregados no mínimo de três dias do período de descanso (BRASIL, 1943). Importante: O período de 30 dias de férias é um direito do trabalhador, ressalvando‑se o desconto dos dias faltantes, sem justificativa legal, e o período de férias reduzido para 20 dias (também considerando‑se os descontos dos dias faltantes) será de comum acordo entre empregado e empregador – desde que atenda o acordo coletivo da categoria. 77 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação Exemplo 1 A empresa “Comércio de Tecidos Finos Ltda”, que possui três empregados contratados em datas diferenciadas, solicita ao departamento de recursos humanos informações sobre as férias adquiridas de cada um. Após o estudo, verificará a possibilidade financeira de efetuar o pagamento, considerando, ainda, se o período que um ou mais empregados ficar ausente do trabalho não prejudicará o andamento das atividades da empresa. As informações são: Tabela 8 – Anotações preliminares sobre as férias Nome Admissão Função Salário contratado/mês Número de dependentes Salário atual/mês Período aquisitivo Faltas justificadas Período de descanso Sônia Santos 1º/3/20X9 Gerente R$ 2.000,00 1 R$ 2.300,00 1º/3/20X9 a 28/2/20X0 0 1º/7/20X1 a 30/7/20X1 João da Silva 1º/4/20X9 Op. de caixa R$ 1.200,00 2 R$ 1.450,00 1º/4/20X9 a 31/3/20X0 3 1º/7/20X1 a 30/7/20X1 Importante: Segundo o INSS, o salário de contribuição máximo para fins de desconto equivale a R$ 6.101,06, e o valor máximo de desconto será de R$ 854,15 (R$ 6.101,06 x 0,14 = R$ 854,15). Atenção: Lembre‑se sempre de conferir, na prática, qual é a tabela do INSS vigente. Ela muda no mínimo uma vez ao ano. Agora vamos destacar os descontos para o INSS e IRRF (se for o caso) para cada empregado da “Comércio de Tecidos Finos Ltda”, bem como os encargos sociais – parte empresa: Previdência Social e FGTS. Tabela 9 – Cálculos gerais de Sônia Santos Nome Admissão Função Salário contratado/mês Número de dependentes Salário atual/mês Período aquisitivo Faltas justificadas Período de descanso Sônia Santos 1º/3/20X9 Gerente R$ 2.000,00 1 R$ 2.300,00 1º/3/20X9 a 28/2/20X0 0 1º/7/20X1 a 30/7/20X1 Importante: É preciso verificar se o salário contratado é o mesmo que o atual, caso contrário prevalecerá o atual tanto para pagamento das férias quanto para os demais cálculos (encargos sociais – parte empresa), conforme legislação vigente. No exemplo apresentado, o salário‑base para a empregada Sônia Santos será de R$ 2.300,00 para todos os descontos, pagamento das férias e demais obrigações. 78 Unidade II Outro item relevante é não deixar de conferir se o número de faltas ocorridas no período base das férias não ultrapassa o permitido por lei, caso contrário haverá uma redução no montante de férias, conforme tabela a seguir. Tabela 10 Dias de gozo de férias Faltas injustificadas no período aquisitivo 30 dias Até 5 faltas 24 dias De 6 a 14 faltas 18 dias De 15 a 23 faltas 12 dias De 24 a 32 faltas Acima de 32 faltas injustificadas no curso do período aquisitivo, há a perda do direito às respectivas férias. Voltando à questão de Sônia, deve‑se considerar o número de dependentes para fins de apuração do IRRF. Cálculo do desconto para o INSS: Salário bruto........................................................................................................... R$ 2.300,00 (+) 1/3 de adicional .............................................................................................R$ 766,67 Total ........................................................................................................................... R$ 3.066,67 Percentual conforme tabela ............................................................................ 12,00% Valor do desconto ............................................................................................. R$ 3.066,67 x 0,12 = R$ 368,00 Importante: Conforme informado, o valor máximo de desconto será de R$ 854,15 (R$ 6.101,06 × 0,14 = R$ 854,15). Logo, vemos que o desconto do INSS para a empregada Sônia não ultrapassou o limite determinado. Em seguida, calcula‑se o IRRF. Para tanto, conforme estipula a legislação, alguns abatimentos são permitidos, dentre eles o desconto para o INSS e o valor por dependente. Seguem os cálculos. Cálculo do desconto para o IRRF: Salário bruto...........................................................................................................................R$ 2.300,00 (+) 1/3 de adicional (férias) ..............................................................................................R$ 766,67 Total ...........................................................................................................................................R$ 3.066,67 (–) INSS .....................................................................................................................................R$ 368,00 (–) Dependentes (1 x R$ 189,59) ...................................................................................R$ 189,59 (=) Base cálculo para o IRRF ............................................................................................R$ 2.509,08 79 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS (x) Alíquota conforme tabela = 7,5% x (=) IRRF antes da dedução ...............................................................................................R$ 188,18 (–) Parcela a deduzir ............................................................................................................R$ 142,80 (=) IRRF a descontar ........................................................................................................R$ 45,38 Cálculo do valor líquido das férias a pagar para Sônia Santos: Salário bruto...........................................................................................................................R$ 2.300,00 (+) 1/3 de adicional .............................................................................................................R$ 766,67 Total ...........................................................................................................................................R$ 3.066,67 (–) INSS .....................................................................................................................................R$ 368,00 (–) IRRF .....................................................................................................................................R$ 45,38 (=) Valor líquido .................................................................................................................R$ 2.653,29 Importante: Vale informar que a data para o pagamento líquido das férias à empregada Sônia Santos deverá proceder de acordo com a legislação vigente. Em relação ao recolhimento do INSS, este deverá ocorrer junto com outros valores, devido à Previdência Social, no mês subsequente ao período de pagamento das férias. Já o recolhimento do IRRF deverá obedecer à data determinada pela Receita Federal (geralmente, na semana seguinte ao pagamento das férias). Encargos sociais – parte empresa Conforme o nosso estudo, a empresa terá que recolher os encargos sociais sobre as férias, ou seja, o montante de 27,8 % (por tratar‑se de atividade comercial prestadora de serviços, enquanto a atividade industrial recolhe 28,8%) para a Previdência Social, além do desconto ocorrido efetuado ao empregado, e mais 8% para o FGTS. Veja a tabela a seguir: Tabela 11 Contribuição à Previdência Social (INSS) 20% Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (8%) Salário‑educação 2,5% Senac/Sesc 1,5% Senai/Sesi 1% Sebrae 0,6% Incra 0,2% Risco de Acidente do Trabalho (RAT) 2% Total 27,80% Lembrando que a data de recolhimento de tais encargos ocorrerá no período determinado pela legislação vigente. Os encargos sociais – parte empresa: INSS e FGTS serão registrados como despesas do período sobre o montante das férias. 80 Unidade II Para fins de ilustração, sobre o pagamento das férias à empregada Sônia Santos, da empresa Comércio de Tecidos Finos Ltda, os encargos sociais – parte empresa são os seguintes: Previdência Social: Valor bruto das férias .........................................................................................................R$ 2.300,00 (+) 1/3 de adicional .............................................................................................................R$ 766,67 Total ...........................................................................................................................................R$ 3.066,67 Percentual conforme atividade .....................................................................27,8% Valor a ser recolhido pela empresa ..............................................................R$ 3.066,67 x 0,278 = R$ 852,53 Total a ser recolhido à Previdência Social sobre as férias de Sônia Santos: Valor do desconto efetuado sobre as férias ..............................................................R$ 368,00 (+) Valor parte empresa .....................................................................................................R$ 852,53 Total ..........................................................................................................................................R$ 1.220,53 Total a ser recolhido ao FGTS sobre as férias de Sônia Santos: Salário bruto...........................................................................................................................R$ 2.300,00 (+) 1/3 de adicional .............................................................................................................R$ 766,67 Total ...........................................................................................................................................R$ 3.066,67 Percentual conforme atividade ..........................................................................8% Valor a ser recolhido pela empresa ...................................................................R$3.066,67 × 0,08 = R$ 245,33 Exemplo 2 Vamos aos cálculos do empregado João da Silva: Tabela 12 – Cálculos gerais de João da Silva Nome Admissão Função Salário contratado/mês Número de dependentes Salário atual/mês Período aquisitivo Faltas justificadas Período de descanso João da Silva 1º/4/20X9 Op. de caixa R$ 1.200,00 2 R$ 1.450,00 1º/4/20X9 a 31/3/20X0 3 1º/7/20X1 a 30/7/20X1 Deve‑se analisar o quadro de informações com cuidado. • Verificando se o salário contratado é o mesmo que o atual, caso contrário prevalecerá o atual tanto para pagamento das férias quanto para os demais cálculos (encargos sociais – parte empresa), conforme legislação vigente. No exemplo, o salário‑base para o empregado 81 SISTEMAS PARA OPERAÇÕES DE RECURSOS HUMANOS João da Silva será o valor de R$ 1.450,00 para todos os descontos, pagamento das férias e demais obrigações. • Conferindo se o número de faltas ocorridas no período base das férias não ultrapassa o permitido por lei, caso contrário haverá uma redução no montante de férias, conforme tabela. • Considerando o número de dependentes para fins de apuração do IRRF. Cálculo do desconto para o INSS: Salário bruto...........................................................................................................................R$ 1.450,00 (+) 1/3 de adicional .............................................................................................................R$