Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Plano de Trabalho: INVESTIGAÇÃO GENÉTICA DA OBESIDADE COMO HERANÇA MULTIFATORIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Discentes: Ana Gabriela Santos, Caio César Arruda Soares da Silva, Isolda da Silva Barbosa, Maria Altina de Andrade Bonilla, Mariana Belo Lopes Barreto. 1. Fundamentação Teórica Sobre as características que não apresentam padrões simples de herança, sabe-se que os genes as influenciam, mas existem, também, diversos outros fatores externos, chamados fatores ambientais, que influenciam na manifestação de tais fenótipos. A esta combinação de fatores ambientais e genéticos, dá-se o nome de características quantitativas.¹ Na parte genética, em geral, percebe-se frequentemente, mais de um gene determinando a característica, usando, por exemplo, o caso da cor do trigo, experimento realizado pelo escandinavo Herman Nilsson-Ehle, o qual proporcionou o cruzamento de dois indivíduos, um vermelho escuro e outro branco. Neste experimento, ele concluiu que cada classe fenotípica se definiria pelo número de alelos contribuintes para a pigmentação, ou seja, com a hipótese de que existiriam três genes com 2 alelos cada, sendo que os dominantes expressariam o pigmento e os recessivos não, quem apresentasse 6 alelos contribuintes para o pigmento, fenotipicamente seria vermelho escuro. Já os que não apresentassem nenhum alelo que contribuísse para o pigmento, seriam brancos.¹ De forma geral, pode-se dizer que, para patologias humanas, algumas características influenciam na probabilidade da doença acontecer, determinando uma maior suscetibilidade do desencadear da doença, são estes: o sexo do indivíduo, uma vez que existem doenças com recorrência maior em algum dos sexos, número de afetados da família e a frequência na população. Esses fatores são considerados fatores de risco.¹ Além disso, outro conceito chave é importante de ser explicado, sendo este, a característica de limiar. Essa denominação é dada quando o indivíduo, devido aos hábitos de vida, tem algum fator de risco acima do nível tolerável, possibilitando o desenvolvimento da patologia. Em humanos, a determinação desse limiar é dada a partir de uma análise dessas características, feita com base na comparação genética entre o indivíduo e seus parentes.¹ A obesidade, entendida como o acúmulo excessivo de tecido adiposo, é consequência de um aporte calórico excessivo e crônico de substâncias provindas da alimentação, como proteínas, lipídios e carboidratos, em relação ao gasto energético. Essa acumulação tem como fatores que influenciam os hábitos alimentares, as práticas de exercícios, os fatores sociais e, ainda, alterações no metabolismo e nos sistemas neuroendócrino .Neste sentido, os genes intervêm na manutenção de peso e gordura corporal estáveis ao longo do tempo². Clinicamente, é possível, também, identificar fatores indicadores de influências genéticas na obesidade, como o início precoce e marcante da obesidade na infância ou adolescência. O risco de desenvolvimento de obesidade é maior na presença de história familiar de obesidade mórbida, com IMC ≥ 40 kg/m2, ou com níveis mais moderados de obesidade, IMC <40 kg/m2.3 Além disso, algumas influências sobre a obesidade podem ocorrer no útero ou até mesmo duas gerações passadas quando os oócitos são formados na avó. Assim, o aumento na obesidade que vemos hoje pode muito bem ser devido, em parte, às mudanças ambientais que afetaram as gerações anteriores.3 O presente projeto tem por objetivo avaliar a expressão gênica da obesidade em crianças na primeira infância e na adolescência, tendo como objetivo identificar o quanto os fatores ambientais influenciam nessa expressão, considerando o fato de que essa doença tem uma herança multifatorial. Dessa forma, o projeto é válido pois, com ele, pode-se ter uma medição acerca do que tem mais predominância no aparecimento da obesidade: as pressões ambientais ou as genéticas. Além disso, os dados aqui presentes podem ser utilizados como base para outras pesquisas maiores e mais complexas sobre o tema. 2. Materiais de métodos Para a realização do projeto, a princípio será necessário o recrutamento de 40 indivíduos, os quais serão divididos em dois grupos a partir de suas idades. O primeiro grupo será composto por 20 crianças com a faixa-etária entre 4 e 6 anos, sendo divididos em duas classes, a classe do grupo controle, com 10 crianças, cujos participantes não apresentem histórico familiar de obesidade, e a classe que apresenta indivíduos obesos na família, que possuem a predisposição genética, também com 10 crianças. Essa mesma subdivisão de classes, a do grupo controle e com predisposição, será feita no segundo grupo, de 20 adolescentes na faixa etária entre 14 e 16 anos. Através de entrevistas e formulários, com o consenso dos responsáveis, serão coletados os dados sobre os casos de obesidade nas famílias dos jovens, os hábitos alimentares (como a quantidade de refeições e a qualidade destas), hábitos esportivos, e, por fim, a coleta de material genético irá ser feita a partir de células da mucosa oral. Com ela, serão identificados potenciais genes e alelos participantes na expressão da obesidade e, a partir dessas informações, os grupos de crianças e adolescentes serão formados, segundo os critérios anteriormente citados. Esses grupos também serão acompanhados com entrevistas quinzenais sobre seus hábitos alimentares e tendo a composição corporal examinada para identificar alguma condição de sobrepeso, no período de um ano, a fim de saber o quão influenciadores podem ser os fatores ambientais nos casos de obesidade ou de predisposição a desenvolver essa condição em populações mais jovens. Decorrido o tempo estabelecido, as informações coletadas servirão para fazer um levantamento sobre a relação entre os genes responsáveis e os fatores ambientais aos quais os jovens são rotineiramente submetidos. 3. Resultado esperado É conhecido que a obesidade é o resultado de características quantitativas4, espera-se, portanto, que, com essa pesquisa, seja possível identificar o impacto da predisposição genética sobre a obesidade, assim como os fatores externos, como a má alimentação e sedentarismo, e assim então, observar relações de dominância de um fator sobre o outro, ou de impacto semelhante entre ambos os fatores. E, ainda, ratificar, empiricamente, o caráter quantitativo que atua sobre a doença, bem como identificar o impacto dessas características desde os estágios mais iniciais da vida até a adolescência. 4. Referências bibliográficas ¹ SNUSTAD, D. Peter; SIMMONS, Michael J. Fundamentos da genética. 7. edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017; ² MARQUES-LOPES, Iva et al. Aspectos genéticos da obesidade. Revista de Nutrição, v. 17, n. 3, p. 327-338, 2004; ³ ABESO. Diretrizes Brasileiras de obesidade 4 edição. São Paulo: 2016. 4 KOPLAN, J.P.; DIETZ, W.H. - Caloric imbalance and public health policy. Jama. 282 (1999) 1579-81;
Compartilhar