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Apostila Projeto de Cenografia e Eventos Unid 1


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PROJETO DE CENOGRAFIA E EVENTOS
CENOGRAFIA E
AMBIENTAÇÃO
Autor : Me. Laura Carol ina Ol iv e ira Nobrega
Reviso r : An a Ca ro l in a P ere ira de So u za
INICIAR
introdução
Introdução
Ao longo desta unidade, estudaremos o conceito de cenogra�a, o papel
do cenógrafo dentro da composição da representação artística, além de
toda a interação dos elementos cênicos com o espectador. Sendo assim,
a partir do estudo deste conteúdo, será possível veri�car que a
cenogra�a é uma tarefa que vai além da mera decoração do palco, da
cena, do conserto musical ou do des�le. A cenogra�a, além do texto ou
do roteiro, serve para contar a história que se quer passar ao seu
público, por meio de diferentes elementos que a compõem, como a
decoração, o mobiliário, as vestimentas, a iluminação e a maquiagem,
ou seja, é por meio da cenogra�a que será possível dar uma identidade
visual ao espetáculo artístico.
Cenogra�a é um termo muito utilizado em áreas como teatro, cinema,
televisão e até mesmo em eventos. Mas você sabe o que signi�ca? Saiba
que cenogra�a não é sinônimo de cenário. Ela diz respeito a todo o
conjunto necessário para que a história seja narrada. Abordaremos,
aqui, o conceito de cenogra�a, quais são suas diferenças em relação ao
design de interiores e arquitetura e quais são os elementos dentro da
cenogra�a.
O que é Cenogra�ia?
Um cenógrafo tem o ofício de criar a imagem e a identidade visual de
um espaço teatral ou cênico. Antes de qualquer coisa, é necessário
trazer o conceito de cenogra�a. Segundo o dicionário Michaelis (2019),
cenogra�a é a “arte e técnica de desenhar ou pintar segundo as regras
de perspectiva” ou ainda a “arte e técnica de conceber e realizar espaços
cênicos”.
Cenogra�a: Conceito Inicial
Segundo Urssi (2006), o conceito de cenogra�a, vocábulo que vem do
grego skenographia e do latim scenographia, é toda metodologia de
concepção e constituição do evento estético-espacial e da imagem
cênica.
Portanto, veri�ca-se que o conceito de cenogra�a é mais abrangente do
que a mera decoração do espaço cênico, pois envolve muito mais que
isso. O projeto de cenogra�a está intimamente relacionado à escolha do
espaço em que se dará a manifestação artística, seja um espaço arti�cial
seja natural. Além disso, está relacionado à participação do espectador,
à indumentária utilizada pelos atores e ao instrumental cênico, ou seja,
aos utensílios cênicos.
A cenogra�a trata-se de todo o composto necessário para a criação da
identidade cênica, é o conjunto visual (arquitetônico e decorativo) que
contribuirá para a narrativa da história a ser contada.
Segundo Cohen (2007, p. 19) há dois conceitos de cenogra�a:
● Cenogra�a: é a atividade realizada para áreas relacionadas a
expressões artísticas, e é a que será objeto deste texto.
● Cenogra�a aplicada: é a atividade realizada para atender às
necessidades comerciais de uma determinada pessoa, a �m de
angariar clientes.
Contudo, não deve se confundir os conceitos de cenogra�a com o de
cenário, pois, segundo Garcia apud Cohen (2007, p. 2), “cenogra�a é o
tratamento do espaço cênico. O cenário é o que coloca neste espaço.
Assim, não há espetáculo teatral sem cenogra�a, mas pode haver sem
cenário”. Ou seja, cenário faz parte da cenogra�a, a qual é dispensável
para a ocorrência da expressão, mas a cenogra�a é imprescindível.
Design de Interiores e a Cenogra�ia
Design de Interiores e a Cenogra�ia
No Brasil, é possível veri�car que há uma discussão se alguma criação
se trata de cenogra�a, decoração, instalação, arquitetura ou qualquer
outra nomenclatura, trazendo à baila diversos campos de atuação do
cenógrafo.
Segundo Cohen (2007, p. 7), “a cenogra�a, por seu caráter efêmero e
provisório, parece ser o termo encontrado para explicar algo que não
será tão de�nitivo como se pressupõe a arquitetura”. Entretanto,
erroneamente emprega-se o nome cenogra�a para de�nir, distinguir ou
enaltecer o que, na realidade, é trabalho de design de interiores, de
decoração ou de arquitetura de interiores.
Ainda de acordo com Cohen (2007, p. 7-8), essa confusão entre os
propósitos da cenogra�a e da decoração ocorre pelos fatores
destacados a seguir:
1. Na cultura brasileira, até muito recentemente descrevia a
cenogra�a com base na expressão francesa “décorateur”, que
nada mais é do que decorador no idioma francês;
2. Resultado do próprio mercado de trabalho, o qual admite que
o pro�ssional de cenogra�a �que transitando de uma linguagem
a outra, como por exemplo, cenógrafo que atua tanto no teatro
como na televisão.
Em contrapartida, em outros países, nos quais a especialização de cada
segmento se destaca, �ca mais difícil a transição de uma área para
outra, como ocorre no Brasil. Além disso, nesses países, utiliza-se um
melhor emprego da nomenclatura, a �m de diferenciar as áreas
pro�ssionais de atuação de cada pro�ssional.
A �m de exempli�car essa situação, vamos nos valer dos conceitos de
Howard apud Cohen (2007) que deixa explícita a distinção entre o
designer de teatro, que é aquele que apenas dispõe de um serviço dado
a determinado espetáculo, criando a cenogra�a, ao passo que o
cenógrafo participa efetivamente da construção e das etapas decisivas
sobre o espetáculo juntamente com o diretor e com o produtor.
Elementos Cenográ�icos
Sendo assim, Serroni (2013, p. 25) nos explica que “cenogra�a não é
apenas um desenho de cena, não é só projetar e executar cenários”.
Diante disso, é possível perceber que cenogra�a é uma arte muito mais
abrangente que a mera construção de cenários.
Ademais, na cenogra�a, são usados diversos elementos que servem
para solver as necessidades apresentadas no decorrer do espetáculo,
como: cores, luzes, formas, aparatos, indumentárias, linhas e volumes.
Portanto, os elementos cenográ�cos servem para contar a história
narrada, assim como quem são e qual é a história dos personagens, ou
seja, funcionam como transmissores de sentimentos e estados
psicológicos ao público-alvo do espetáculo artístico.
Existem três elementos cenográ�cos que integram o espaço teatral,
conforme explica Pavis apud Cohen (2007, p. 19):
A Cena (skene)
O Palco (orchestra)
O Palco (orchestra)
A Platéia (thetaron)
É importante destacar que tudo que agrega valor grá�co ao espetáculo
faz parte da cenogra�a, desde os grandes efeitos especiais dos �lmes
hollywoodianos, até a simplicidade de uma peça teatral que traz em seu
contexto um monólogo.
Nesse contexto, corroborando com o que já foi demonstrado, Serroni
(2013, p. 28) nos explica que o “valor da cenogra�a não está certamente
na quantidade de efeitos ou de elementos no palco. Num palco vazio,
com apenas três cadeiras, podemos ter uma cenogra�a monumental”.
Em outras palavras, não importa se a cenogra�a é simples ou
rebuscada, o que importa é a linguagem artística e o conceito a ser
passado.
Ou seja, cenogra�a vai além da decoração e dos efeitos luminosos e
sonoros que trazem riqueza ao espetáculo artístico, porque cenogra�a
pode ser simples e com poucos recursos e, mesmo assim, imprimir
riqueza ao espetáculo por inteiro. Isso porque a cenogra�a serve para
auxiliar a imagem, a história e a re�exão que se quer contar à plateia.
Por �m, conclui-se que o conceito de cenogra�a é a expressão grá�ca e
visual de um determinado espetáculo artístico, seja teatro, musical,
cinema, televisão ou outros, sendo considerado como arte o ofício de
projetar, conceber e conduzir espetáculos.
praticar
Vamos Praticar
Entre publicações estrangeiras e nacionais, registros e depoimentos coletados
de cenógrafos brasileiros e estrangeiros, existem mais de uma centena de
de�nições para responder “O que é Cenogra�a?”. Tantas que permitiria
escrever um livro comentado a partir delas. A�nal, qual a necessidade de
criarmos tantos conceitos para de�nir Cenogra�a? Por que não sabemos
explicar com clareza o que fazemos? Por que não há clareza sobre o papel do
cenógrafo? Por que as de�nições existentes não são su�cientes, não
exprimemverdadeiramente o que é a cenogra�a hoje? Ou por que se trata de
uma percepção artística, e cada artista a vê através de sua própria
subjetividade?
COHEN, M. A. Cenogra�a brasileira no século XXI: diálogos possíveis entre a
prática e o ensino. 2007. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
Considerando o excerto e com o conceito de cenogra�a, analise as a�rmativas
a seguir.
I. A cenogra�a é a decoração do espaço reservado para a realização do
espetáculo artístico, a �m de que transmita toda a sua beleza ao público.
II. O trabalho de cenogra�a vai desde a compreensão do texto, da escolha do
espaço, das indumentárias usadas, da decoração ornada e da fala transmitida
ao espectador.
III. Há dois tipos de cenogra�a: a que é voltada a expressões artísticas e a que
é voltada a atender as necessidades comerciais de empresas e consumidores.
IV. Cenário e cenogra�a são sinônimos e podem ser aplicados para o mesmo
conceito.
Está correto o que se a�rma em:
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III e IV, apenas.
A �gura mais importante da cenogra�a, não é o ator, como muitos
podem a�rmar, mas, sim, o cenógrafo em si. O grande artista executor
do labor de transformar diversos elementos em cenogra�a é o que
chamamos de cenógrafo. O cenógrafo é o pro�ssional que (COHEN,
2007, p. 6-7):
Formula o conceito artístico da cenogra�a, pesquisando a obra
artística, seu contexto histórico, per�l das personagens, autor e
conteúdo, possibilitando a compreensão do texto; responsável
por dar corpo às palavras no espaço e no tempo e criar
ambientes e atmosferas que valorizam e enfatizam a concepção
cênica; elabora projeto cenográ�co a partir de estudos
preliminares do espaço cênico; da viabilidade na utilização de
materiais e de ajustes com equipes (artística, técnica e de
produção) que acompanham sua concretização, coordenando e
supervisionando equipes de cenotécnica, produção cenográ�ca
e outras equipes envolvidas na montagem da cenogra�a;
elaboram projeto cenográ�co para adaptar cenogra�a a novos
lugares e espaços.
O Trabalho do Cenógrafo
lugares e espaços.
Por isso, esse pro�ssional é a �gura que será responsável por criar,
juntamente com o diretor, o produtor e toda sua equipe, todos os
elementos visuais, sonoros, luminosos e outros, necessários para a
narrativa da história. Sendo assim, o cenógrafo tem um papel essencial,
pois ajudará a contar uma narrativa, por meio do visual. Muitas vezes, o
cenógrafo terá que adaptar ambientes e criar novos espaços, sendo a
�gura central dentro de um projeto cenográ�co.
Portanto, o trabalho do cenógrafo não está restrito apenas a espetáculos
de teatros, mas, sim, a diversas representações artísticas em diversos
nichos: ópera, cinema, televisão, concertos musicais, carnaval, exposição
de museu, eventos de diversas naturezas, parques temáticos e outros.
A responsabilidade do cenógrafo dentro da representação artística é
enorme, pois, conforme preleciona Cohen (2007, p. 10), esse pro�ssional,
juntamente com o diretor e produtor, é responsável “pela elaboração da
atmosfera ou da unidade cênica”, pois trata de todo o cenário como
uma estrutura única, dando sentido ao todo da obra, ou seja, dando um
novo sentido ao espetáculo e à história.
Fazem parte das atividades do cenógrafo:
decupagem do roteiro;
pesquisas sobre cultura, história em geral;
estudo de colorimetria;
busca de locações;
desenvolvimento de esboços;
desenhos tridimensionais;
desenvolvimento de projeto executivo;
acompanhamento do trabalho de construção;
decoração do ambiente cenográco.
Além disso, o cenógrafo precisa saber desenhar, não só desenhos livres,
mas também técnicos, bem como entender sobre os diversos
acontecimentos históricos, de arte e movimentos artísticos, ter grande
conhecimento em arquitetura e até de engenharia civil, dominar
elementos visuais e pesquisar sempre sobre semiótica. Obviamente que
tais aspectos irão se diferenciar, tudo depende do texto a ser
interpretado. Dessa forma, o pro�ssional também irá interatuar com
pro�ssionais dessas áreas, por isso, é necessário ter conhecimentos
básicos para realizar um projeto executivo que atenda à ideia do texto.
É notório que o papel do cenógrafo vai muito além do que a mera
decoração do local em que ocorrerá o espetáculo; é preciso ter uma
ideia visual de como será o desempenho dos atores.
praticar
Vamos Praticar
Na contemporaneidade, as fronteiras entre as mais diversas áreas do teatro
estão se desfazendo. O espaço, a luz, a direção e a dramaturgia estão se
interligando. Tais divisões estão se tornando, cada vez mais colaborativa, e o
cenógrafo acaba assumindo essas novas responsabilidades. O papel do
cenógrafo, atualmente, é muito mais do que um decorador ou do que a
pessoa que trabalha apenas com a linguagem visual do espetáculo, pois é
necessário que seja um pro�ssional multidisciplinar e que tenha a�nidade
com áreas técnicas e artísticas, pois será responsável por conceber processos
técnicos e de criação.
COHEN, M. A. Cenogra�a brasileira no século XXI: diálogos possíveis entre a
prática e o ensino. 2007. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
De acordo com o contexto apresentado, assinale a alternativa que indica uma
atividade que não é exercida pelo coreógrafo.
a) Treinar atores.
b) Desenhar um espaço.
c) Copiar informações de roteiros.
d) Dirigir as cenas.
e) Instalar a iluminação.
A cenogra�a é uma maneira de expressão artística, que é composta de
arte e técnica, a �m de criar um espaço e um visual que dialogam com o
espaço cênico em sua totalidade.
O espaço cênico não é necessariamente o teatro. No teatro de rua, por
exemplo, o espaço cênico se dá no espaço público: praças, ruas,
parques, etc. O teatro medieval, por exemplo, ocorria dentro de igrejas e
nas ruas. Outro ponto que é importante destacar é o de que o público
também faz parte do espaço cênico. Falaremos sobre o instrumental
cênico e re�etiremos sobre a importância da cenogra�a dentro de um
espetáculo.
A Importância da Cenogra�ia na
Composição do Espetáculo
Cenogra�a é uma maneira de expressão artística, que é composta de
O Espaço Cênico
arte e técnica, a �m de criar um espaço e um visual que dialoguem com
o espaço cênico em sua totalidade. Sendo assim, é importante destacar
que o público também faz parte do espaço cênico.
Todo esse espaço cênico faz parte do que foi conceituado por Pavis
citado por Cohen (2007, p. 27) de acontecimento teatral, que é “a
representação teatral, não apenas no �ccional, mas em sua realidade de
prática artística que dá origem a uma troca entre ator e espectador”.
O trabalho de cenogra�a é a junção de elementos materiais e imateriais
que, combinados, criam um diálogo, uma comunicação com todos os
espectadores, mas sem perder a individualidade da narração.
A composição de todos os elementos visuais, sonoros e luminosos faz
parte do trabalho do cenógrafo, que é responsável por criar o
acontecimento teatral, bem como pela contação das histórias, que
levam os seus espectadores a viajar no tempo e no espaço.
De acordo com Cohen (2007, p. 34), “o mundo representado pelo Teatro
tornou-se realidade imaginada, carregada de simbolismos, contemplada
pela abstração”. Por isso, é possível perceber que o acontecimento
teatral criado pela cenogra�a representa ou o mundo atual em que
vivemos ou o mundo imaginário que permite ao público que realize
uma viagem pela imaginação do objeto do espetáculo artístico.
A cenogra�a serve para transmitir, também, toda a linguagem artística
que o espetáculo deseja transmitir ao público. Por meio de expressão
de emoções, pensamentos e re�exões, permite-se que a audiência
receba essas informações e a interprete, não de uma maneira restrita,
mas, sim, de uma maneira livre.
É essencial compreender o papel da cenogra�acomo linguagem
artística, pois, assim, é possível diferenciar a cenogra�a da cenogra�a
aplicada, que utiliza a linguagem da cenogra�a e a aplica ao cenário
comercial, por meio do uso de diversos meios de comunicação, como a
publicidade, para atingir os consumidores quanto à utilidade e à
necessidade daquele produto ou serviço.
Outro aspecto importante da cenogra�a é a utilização do espaço que lhe
é dado. Nesse contexto, segundo Cohen (2007), assemelha-se muito o
trabalho do cenógrafo com o do arquiteto.
Porém, o diferencial entre o espaço usado pelo cenógrafo reside no fato
que esse espaço será usado para garantir a comunicação entre os
artistas e a audiência somente no decorrer do espetáculo artístico, ao
passo que o espaço utilizado pelo arquiteto será destinado
simplesmente para fruição do homem.
O Instrumental Cênico
Ao ver um espetáculo, em quais elementos você repara no cenário? O
cenário é composto de estrutura e linguagem. Para de�nir o
instrumental cenográ�co, é preciso levar em consideração elementos
relacionados ao espaço cênico, compreender qual é a linguagem a ser
adotada e quais signi�cados serão trabalhados.
Segundo Urssi (2016), a criação e concepção do espaço cênico abrangem
aspectos conceituais e práticos especí�cos da encenação. Segundo o
autor, a criação de um cenário sai da geração e estruturação de ideias e
vai para outras três dimensões: o ator, o tempo e o espaço.
Sendo assim, é preciso associar e re�etir sobre a relação entre tais
elementos para �nalizar a compreensão e conceber um espaço cênico.
O “encontro” entre espaço, corpo, lugar, espectador, texto e sentido
ocorre no espaço teatral e in�uencia na percepção do espaço cênico.
Mas como trabalhar tais questões? Urssi (2016, p. 76) explica que
Esse conteúdo pode ser organizado através da diversidade de
leituras simultâneas permitidas pelo espetáculo e refere-se aos
contextos e convenções do teatro, à performance e à instalação
de arte, reconhecendo uma escala de intenções expressas como
o acoplamento social, a prática artística e a intervenção
política.
A cenogra�a é um espaço onde ocorrem interações, experimentações,
associações, sensações e percepções. Uma fundamentação estética e
funcional deve ser feita por parte do cenógrafo. Sendo assim, Urssi
(2016) divide as questões conceituais e práticas especí�cas da
encenação nas relações entre:
Espaço de corpo
A relação entre o espaço e o corpo se dá quando o ator interage, por
meio de informações físicas e simbólicas em cena. Por isso, vários
elementos estão em jogo, como performance, �gurino, maquiagem e
suas relações com a cenogra�a. Sendo assim, a cinésica estuda as
expressões faciais e corporais e seus signi�cados.
Espaço e lugar
Segundo Urssi (2016), a sequência do espetáculo e a medida de tempo
se dão pelo trajeto do início ao �m. O autor aborda o conceito de lugar
como sendo um conjunto de elementos coexistindo e a�rma que tem
caráter identi�cador relacional e histórico.
Espaço e espectador
Fato é que no teatro o encontro acontece, pois esse espaço é construído,
exatamente, para que o espectador receba mensagens vindas das mais
diversas formas, podendo ser por meio da fala, do cenário, do �gurino,
do gesto, da iluminação, de interações e provocações. Por isso, a partir
de todo o seu repertório, o espectador terá sua própria leitura e
interpretação de um espetáculo teatral. Portanto, pensar em cenogra�a
é pensar na troca entre o espetáculo e o espectador.
Espaço e texto
A cenogra�a deve ser pensada como parte de um texto, pois seu papel é
transmitir o que está expresso em palavras. No decorrer de um texto,
temos apenas as intenções de uma encenação e da cenogra�a, porém é
preciso identi�car, desenvolver e trabalhar as ideias para que a
linguagem visual ande junto com o texto.
Todo espetáculo teatral concretiza-se na construção cênica dos
signi�cados, nos códigos semânticos dos textos teatrais.
Qualquer ação ou fato, real ou �ctício, é apresentado
cênicamente para que um elemento se coloque no lugar de
outro elemento que não seja ele próprio. Como representação
revela o caráter sígnico que o reveste através da
referencialidade, signi�cado e intertextualidade (URSSI, 2016, p.
81).
Por isso, compreender o texto e signi�cá-lo, por meio de elementos, é a
função da cenogra�a, que é uma atividade íntima, complexa e de muita
pesquisa. O processo criativo tem início no texto e o cenógrafo
mergulha em seu universo com o objetivo de buscar referências,
signi�cados. Contudo, a relação entre espaço e texto se dá na
construção de mensagens, a partir de códigos semânticos.
● Espaço e sentido
Urssi (2016, p. 77) a�rma que a “construção dos sentidos do homem
abrange conceitos estéticos, perceptivos e psicológicos.” O sentido no
espaço teatral se transforma de acordo com tempo e espaço, sendo
preciso analisar culturas e comportamentos. Portanto, cada cultura vê
signi�cados diferentes para determinados fenômenos e essa
signi�cação é o que deve ser analisada. Uma boa cenogra�a é aquela
que não é apenas decorativa, mas que participa da narrativa, ou seja, a
partir de elementos consegue se comunicar de forma correta, buscando
sentido.
praticar
Vamos Praticar
O espaço cênico se relaciona com diversos elementos, pois depende do
espaço teatral, da encenação e da relação entre a cena e o público. Portanto,
ao pensar sobre o espaço cênico, o cenógrafo precisa analisar o espaço
teatral, ou seja, o lugar em si, e também o espaço dramático, por isso, é
preciso entender todas essas linguagens e comunicá-las. Nesse contexto, a
“investigação e análise do texto, do espaço e do corpo do ator como fontes
preliminares para a criação e a articulação, física e digital, evolui aos métodos
de representação cênica relacionando-os no espetáculo enquanto cena e
imagem, iluminação e projeções, som e silêncio”.
COHEN, M. A. Cenogra�a brasileira no século XXI: diálogos possíveis entre a
prática e o ensino. 2007. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
De acordo contexto apresentado, pode-se a�rmar que, na cenogra�a, o
espaço cênico se relaciona com:
I.       Corpo do ator.
II.      Lugar.
III.     Público.
IV.     Texto.
Está correto o que se a�rma em:
a) I, II, III e IV.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) II, III e IV, apenas.
O projeto de cenogra�a se dá pela geração de ideias e da criação de um
esboço sendo representado, por meio do traço, ou seja, do desenho. O
resultado do projeto cenográ�co é o desenho, porém não podemos nos
esquecer da importância de todo o processo criativo em sua concepção.
Como podemos veri�car, a cenogra�a contemporânea é transdisciplinar,
ou seja, envolve diversos segmentos. Rossini (2012, p. 9) a�rma que
A re�exão que procura redimensionar o conceito de cenogra�a
para revelar a complexa gama de pro-posições vinculadas a ela
não encontrou ainda uma nomenclatura própria e adequada;
dessa maneira, toma de empréstimo termos oriundos das artes
visuais para poder discutir suas questões mais urgentes.
O processo criativo de grandes projetos pode levar anos, por ser um
trabalho minucioso e de pesquisa. Leva-se em consideração o texto,
Projeto de Cenogra�a
todo o universo do espetáculo, o espaço, o tempo, o sentido, os
elementos visuais. En�m, é necessário pensar na mensagem que o texto
quer passar e em como fazer.
Decupagem Textual
O projeto de cenogra�a tem início com o processo chamado
decupagem de texto. Decupar um texto nada mais é do que
compreender a sua sequência dramática. Kamita (2011) a�rma que o
termo “decupagem” vem do francês dècouper, que signi�ca cortar ou do
inglês breaking into shots.
Com a decupagem de texto, o cenógrafo entende o período histórico em
que a encenação ocorreu, pensa nas mudanças das cenas, nos
movimentos e nas necessidades dos atores, nas sensações que devem
ser passadas ao espectador, nas intenções das cenas, entreoutros
elementos.
A decupagem vai organizar de maneira mais prática a organização das
cenas, pois estrutura como todas as ideias serão feitas. No cinema, por
exemplo, a decupagem roteiriza o que será gravado, indicando a posição
da câmera e o enquadramento dos atores e dos objetos.
Para Burch (1973), a decupagem documenta e detalha as cenas por
escrito, adicionando detalhes técnicos. Além disso, faz uma espécie de
“decisões” em relação a planos e cortes.  
Após a decupagem do texto, faz-se um esboço das cenas, mostrando a
disposição geral de cena: quais mobiliários e objetos serão utilizados,
onde serão colocados, onde acontece cada cena, dentre outros fatores.
A Linguagem Cenográ�ica
As maquetes e/ou os desenhos tridimensionais são desenvolvidos com
o objetivo de mostrar como serão as cenas. Tais elementos possibilitam
a visualização cênica para a equipe, tanto de criação, como de outras
áreas envolvidas no espetáculo. Eles fazem com que qualquer
pro�ssional que esteja trabalhando compreenda melhor como se dará o
projeto.
Quando pronto, o projeto deve ser apresentado para a equipe. É nesse
momento em que os detalhes entre a produção e os atores são
discutidos. Por isso, é importante que haja essa interação e que o
processo seja colaborativo, para que o projeto seja efetivamente claro.
Normalmente, diversas reuniões são feitas para de�nir cronograma e
projetos estruturais de cor, áudio, objetos, �gurino, entre outros.
É importante citar que não há exatamente uma regra para o
desenvolvimento de um projeto e tudo dependerá das particularidades
do texto. O projeto cenográ�co pode ser feito a partir de painéis de
inspiração, storyboards, layouts, desenhos tridimensionais, manuais,
desenhos tridimensionais através de programas especí�cos tipo CAD,
maquetes, storyboards, etc.
Além disso, cada cenógrafo possui uma metodologia e um suporte para
a realização de um projeto. O desenho do projeto quase sempre é feito,
pois é um grande aliado visual na organização de ideias, e é um dos
principais instrumentos para concretizar e comunicar as ideias.
praticar
Vamos Praticar
“O cinema e o teatro são veículos para a expressão de emoções, possuindo
traços que os aproximam e distanciam. O teatro conta com uma tradição de
séculos, o cinema surgiu no �nal do século XIX, apoiado pela tecnologia da
época, e foi bem recebido por uns, mal visto por outros, criando pontos de
tensão em busca de garantias de seu próprio espaço. Em um primeiro
momento é possível aproximá-los pelo viés dramatúrgico, considerando a
forma como os personagens são trabalhados, a relevância dos diálogos, a
construção de cenas, a realização conjunta necessária para que uma peça e
um �lme estreiem. Direção, produção, cenário, �gurino, iluminação, som...
são vários setores envolvidos em um projeto comum. Porém, suas
especi�cidades residem em algumas questões, com destaque para aspectos
básicos, como a efemeridade do espetáculo teatral versus a perenidade da
imagem gravada”.
KAMITA, R. Dramaturgia: literatura, cinema e teatro.  In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DA ABRALIC, 7., Curitiba, 2011. Anais [...]. Curitiba: UFPR,
2011. Disponível em:
 http://www.abralic.org.br/eventos/cong2011/AnaisOnline/resumos/TC0229-
1.pdf. Acesso em: 17 nov. 2019.
Diante do contexto, analise as a�rmativas a seguir, assinalando (V) para
Verdadeiro e  (F) para Falso.
I. (  ) O processo criativo de projetos cenográ�cos são breves e rápidos, por
ser um trabalho com poucos detalhes.
II. (  ) A �m de criar todo o projeto cenográ�co, todos os seus elementos são
levados em consideração, como o texto, o espaço, o tempo, o sentido e os
elementos visuais.
III. (  ) Decupagem é a fase inicial do criação do projeto cenográ�co, que
consiste na tarefa de compreensão de toda a sequência dramática que o
artista quer passar ao seu público.
http://www.abralic.org.br/eventos/cong2011/AnaisOnline/resumos/TC0229-1.pdf
IV. (  ) A cenogra�a é um processo colaborativo que depende da ação de toda
cadeia criativa, desde o roteirista, diretor, produtor, iluminador, �gurinista,
ator, entre outros.
A partir do exposto, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) F, F, V, V.
b) F, V, F, V.
c) F, V, V, F.
d) F, V, V, V.
e) V, V, F, V.
indicações
Material Complementar
L IVRO
Cenogra�icamente: da cenogra�ia ao
�igurino
Jose de Anchieta
Editora: SESC SP
ISBN: 9788569298465
Comentário: José de Anchieta, no livro sobre o
trabalho cenográ�co no Brasil,  relata suas histórias
pro�ssionais ligadas ao teatro e conta como suas
raízes in�uenciaram seu senso estético. O autor
mostra cadernos de cenogra�a e �gurino e diversos
projetos que realizou. É um ótimo ensinamento
para quem pensa em iniciar na área, com casos
reais e práticos de �gurino e cenogra�a. Além
disso, é um importante registro histórico de um
grande pro�ssional brasileiro.
F ILME
Pantera Negra
Ano: 2018
Comentário: o �lme Pantera Negra, que ganhou o
Oscar de melhor Direção e Arte e Figurino no ano
de 2019, já virou uma referência ao falarmos sobre
cenogra�a. Assista ao �lme e analise os cenários.
Hannah Beachler trabalhou a estética afrofuturista.
Ela buscou inspirações na cultura africana e trouxe
como referências as obras da arquiteta árabe Zaha
Hadid.
Para saber mais sobre o �lme, acesse o trailer.
TRAIL ER
conclusão
Conclusão
A partir da leitura desta unidade, podemos considerar que o trabalho do
cenógrafo é árduo e envolve diversos elementos como palco, público e
cena. Assim, a cenogra�a não é uma expressão artística livre, pois é
composta de técnica, sendo necessária a veri�cação dos elementos que
farão parte da composição do espaço cênico, que auxiliará na
comunicação do artista ao público de maneira técnica. Além disso,
demonstrou-se que para ocorrer esse diálogo deve haver interação do
espaço cênico com o corpo, o lugar, o sentido, o espectador e o texto.
Por �m, todo projeto cenográ�co se inicia com a decupagem do texto,
que é o entendimento da linguagem dramática do espetáculo, passando
para a elaboração do projeto cenográ�co, que é apenas uma simulação
do trabalho, e, por último, a realização da própria cenogra�a no local
destinado para a realização do espetáculo artístico.
referências
Referências Bibliográ�cas
BURCH, N. Práxis do Cinema. Tradução de Nuno Júdice e Cabral
Martins. Lisboa: Editorial Estampa, 1973.
CENOGRAFIA. In: MICHAELIS: moderno Dicionário da Língua Portuguesa.
Disponível em:
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php. Acesso em:
17 nov. 2019.
COHEN, M. A. Cenogra�a brasileira no século XXI: diálogos possíveis
entre a prática e o ensino. 2007. Dissertação (Mestrado em Artes
Cênicas) – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2007.
DORTA, L. Fundamentos em Técnicas de Eventos. São Paulo: Bookman
Companhia, 2015.
KAMITA, R. Dramaturgia: Literatura, Cinema e Teatro. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DA ABRALIC, 7., Curitiba, 2011. Anais [...]. Curitiba: UFPR,
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MAIA, H. G.; MUNIZ, E. S. Novos caminhos para a cenogra�a diante da
evolução tecnológica: o teatro e a realidade aumentada. Rev.
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https://periodicos.unifor.br/tec/article/view/6706. Acesso em: 17 nov.
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ROSSINI, E. Cenogra�a no teatro e nos espaços expositivos: uma
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SERRONI, J. C. Cenogra�a brasileira: notas de um cenógrafo. São Paulo:
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URSSI, N. J. A linguagemcenográ�ca. 2006. Dissertação (Mestrado em
Artes Cênicas) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2006.