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ESTOQUES Dayvson Ricardo Rufino da Silva Curso Técnico em Administração Educação a Distância 2021 ESTOQUES Dayvson Ricardo Rufino da Silva Curso Técnico em Administração Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 2.ed. |Ago. 2021 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor(es) Autor(es) Dayvson Ricardo Rufino da Silva Revisão Dayvson Ricardo Rufino da Silva Coordenação de Curso Letícia Alves Melo Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 4 1.Competência 01 | Conhecer o processo e variáveis da armazenagem de materiais ......................... 5 1.1 Compreendendo os Princípios da Logística ................................................................................................ 5 1.2 Atividades da Logística ................................................................................................................................ 9 1.2.1 Atividades Primárias .............................................................................................................................. 11 1.2.2 Atividades de Apoio ............................................................................................................................... 23 2.Competência 02 | Compreender a classificação de estoques por níveis de valor ........................... 35 2.1 Conceito e Classificação de Estoques por Tipo ......................................................................................... 35 2.2 Classificação de Estoque por Níveis de Valor ........................................................................................... 43 2.2.1 Curva ABC............................................................................................................................................... 43 2.2.1.1 Calculando a Curva ABC ...................................................................................................................... 47 2.3 Métodos de Avaliação dos Estoques ........................................................................................................ 51 2.3.1 PEPS ou FIFO .......................................................................................................................................... 52 2.3.2 UEPS ou LIFO .......................................................................................................................................... 53 3.Competência 03 | Entender o dimensionamento e níveis de estoques........................................... 58 3.1 Dimensionamento de Estoque ................................................................................................................. 58 3.2 Níveis de Estoque ...................................................................................................................................... 60 3.2.1 Curva dente de serra.............................................................................................................................. 60 3.2.2 Tempo de reposição do estoque ........................................................................................................... 63 3.2.3 Estoque Mínimo ..................................................................................................................................... 64 3.2.4 Lote Econômico...................................................................................................................................... 68 3.2.5 Estoque Máximo .................................................................................................................................... 70 3.3 Previsão e Avaliação da Demanda de Estoques ....................................................................................... 71 4.Competência 04 | Compreender os Pontos de Compras e Reposição de Estoques ........................ 78 4.1 Sistema de Controle de Estoques ............................................................................................................. 78 4.1.1 Sistema Mínimo e Máximo (Emín | Emáx) ................................................................................................. 79 4.1.1.1 Níveis de Estoque Mínimo (EmÍn) ......................................................................................................... 81 4.1.1.2 Níveis de Estoque Máximo (Emáx) ........................................................................................................ 82 4.1.2 Sistema Revisão Periódica ..................................................................................................................... 84 4.1.3 Sistema MRP (Material Requirements Planning) | ERP (Enterprise Resource Planning) ...................... 86 4.2 Custo de Estocagem .................................................................................................................................. 88 4.2.1 Custo de aquisição ................................................................................................................................. 88 4.2.2 Custo de armazenagem ......................................................................................................................... 89 4.2.3 Custo de Pedido ..................................................................................................................................... 91 4.2.4 Custo de falta ......................................................................................................................................... 92 4.3 Ponto de Compra ou Reposição ............................................................................................................... 92 Conclusão ............................................................................................................................................. 95 Referências ........................................................................................................................................... 96 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 100 4 Introdução Olá estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Estoques. E já quero chamar a sua atenção sobre a importância dessa temática no contexto organizacional e principalmente enquanto atividade da logística. Imagino que você deve estar se perguntando o que é que estoques tem a ver com a logística. Pois bem, o estoque, ou melhor, a gestão de estoque é uma das principais atividades da logística e dentro do contexto organizacional precisa ser bem administrado. E a logística por sua vez, é vital para a sobrevivência de qualquer empresa, pois é responsável por agregar valor ao produto desde a fase da matéria prima até a chegada do produto ao consumidor.Perceba que para que a logística seja efetiva quanto ao seu objetivo, se faz necessária a operacionalização das suas principais atividades e as de apoio. E dentre as atividades principais está a de gestão de estoques, pois os resultados positivos de uma empresa estão relacionados à gestão de forma eficiente e, portanto, merecem ter a devida atenção. Nesse sentido, quero lhe alertar que com a alta competitividade e a maior exigência do consumidor, as empresas necessitam se adaptarem rapidamente à tendência, melhorar suas performances e agregar valores aos seus serviços e produtos. E a gestão de estoque entra com a função de deixar as empresas no nível em que se exige o mercado, garantindo maior disponibilidade de produto ao consumidor, com o menor nível de estoque possível, pois estoques excessivos significam gastar dinheiro à toa, é assumir custo que não retorna benefício algum. Então, caro(a) estudante, ao longo desta disciplina serão abordados alguns assuntos a fim de desenvolver as seguintes competências: Competência 1 objetiva conhecer o processo e variáveis da armazenagem de materiais; Competência 2 objetiva compreender a classificação de estoques por níveis de valor; Competência 3 objetiva entender o dimensionamento e níveis de estoques; e Competência 4 compreender os pontos de compras e reposição de estoques. Vamos lá estudante, te convido a realizar a leitura de cada uma dessas competências e aprofundar seus conhecimentos sobre a gestão de estoques. _Bons estudos! 5 Competência 01 1.Competência 01 | Conhecer o processo e variáveis da armazenagem de materiais Olá estudante! Esta competência tem como objetivo desenvolver a habilidade de conhecer o processo e variáveis da armazenagem de materiais. Por isso você estudará sobre os princípios da logística, como é conceituada e suas atividades, tanto as principais quanto as de apoio. Dessa forma, você terá um entendimento geral de como as atividades se relacionam e se completam a fim de que a estocagem ocorra dentro dos armazéns. Faça uma leitura atenta e ao final assista à videoaula disponível no ambiente virtual de aprendizagem. 1.1 Compreendendo os Princípios da Logística Com o advento da globalização, as empresas querem se tornar cada vez mais competitivas, e para que isso ocorra buscam novas estratégias. As empresas que mantêm um estoque elevado ou não controlam a quantidade de seus itens em linha, acabam perdendo oportunidades em novos investimentos, com isso as empresas, em geral com estoques fixos, precisam se aperfeiçoar e melhorar seus controles de maneira eficaz e eficiente (BENTO, 2008). Ainda de acordo com a fala do autor Bento (2008), é perceptível que os estoques assumem funções fundamentais no processo produtivo. Pois, eles podem ser utilizados como precaução contra incertezas, flutuações da demanda e também como reguladores da produção, evitando grandes oscilações das necessidades de produção. A gestão de estoque deve ser entendida, portanto, como parte de um processo integrado dentro das empresas, levando em consideração a estratégia. Você Sabia? A logística teve início com as estratégias militares e atravessou séculos até ser vista hoje como um forte instrumento gerencial capaz de promover reduções de custos e de agregar valor quando do sucesso de suas estratégias e operações (COSTA, 2018). 6 Competência 01 A maior organização mundial de profissionais e acadêmicos da área, o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), que traduzido do inglês significa Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Abastecimento, define logística ou gestão logística como parte da cadeia de abastecimento que é responsável por planejar, implementar e controlar o eficiente e eficaz fluxo direto e inverso; e as operações de armazenagem de bens, serviços e informações desde o ponto de origem até o ponto de consumo de forma a ir ao encontro dos requisitos/necessidades dos clientes (CSCMP 2010). Nessa ótica, o autor Dias (2017) indica que a logística tem a finalidade de administrar toda movimentação de recursos materiais e equipamentos da empresa, coordenando a compra, a movimentação, a armazenagem, o transporte, a distribuição física, assim como, gerenciando todas as informações de cada fase do processo. Na Figura a seguir, você pode observar algumas etapas importantes que vão do planejamento até a distribuição. Figura 1 – Atividades da Logística Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Descrição: A figura apresenta um círculo central com a palavra logística. Ao redor do círculo estão cinco retângulos com setas que vão ao encontro do círculo central. Em cada um dos retângulos está escrita uma atividade da logística. O primeiro retângulo do lado esquerdo está escrito a atividade planejamento, no sentido horário o próximo retângulo apresenta a atividade gerenciamento, na sequência o próximo traz a atividade transporte, ainda no sentido horário o próximo retângulo informa a atividade inventário, o próximo, a embalagem e, por fim, o último retângulo apresenta a atividade distribuição. Logística Planejamento Gerenciamento Transporte Inventário Embalagem Distribuição 7 Competência 01 Na Figura anterior observe que na perspectiva das atividades de um profissional da área de administração de materiais, especificamente na logística, cabe coordenar suprimentos, produção, embalagem, transporte, comercialização e finanças em uma atividade de controle global, capaz de apoiar firmemente cada fase do sistema com um máximo de eficiência e um mínimo de capital investido. O autor Costa (2018) traz uma breve definição sobre como a logística pode ser organizada sistematicamente, em que o planejamento logístico está alicerçado em três pontos de decisões fundamentais envolvendo a localização das instalações, os transportes e os estoques. Estes, porventura, estão ligados entre si e confluem para o alcance de três objetivos denominados de ações de planejamento, organização e controle, conforme a Figura a seguir: Figura 2 – Planejamento Logístico Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Costa (2018) Descrição: A figura apresenta quatro círculos, sendo o círculo central na cor azul, onde está escrito planejamento, organização e controle. Ao redor deste círculo estão mais três círculos interligados. O círculo superior na cor vinho está escrito “localização das instalações”. No sentido horário no círculo de cor marrom está escrito “estoques” e por fim no círculo verde está escrita a palavra “transportes”. Planejamento, Organização e Controle Localização das Instalações Estoques Transportes 8 Competência 01 Ainda com base na Figura anterior, agora, estimado(a) estudante, entenda como o autor Costa (2018) define cada uma dessas decisões fundamentais e os objetivos: • Planejamento, organização e controle: são estas as ações que deverão estar presentes do início ao fim dos processos logísticos e sempre sendo alimentadas e suprindo as demais ações com informações em um fluxo contínuo, melhorando a execução a cada repetição das operações e possibilitando o suporte para a implantação de novos negócios. • Localização das instalações: as decisões sobre a estrutura física devem estar voltadas ao atendimento dos clientes, pois só assim se pode buscar a excelência no atendimento, já que custos reduzidos e oferta operacional são vitais para o negócio logístico. Para isso, um estudo prévio se torna necessário, pois não há limites para a determinação de um local já que quem manda é o mercado. • Transportes: as decisões sobre a melhor estratégia para as operações e a escolha ideal da matriz de transporte são as mais impactantes em termos financeiros, pois representam a maior parte dos custos logísticos na maioria das empresas e, principalmente,influenciado pelo fator tempo, é o principal meio para atingir o objetivo logístico. • Estoques: as decisões de estoque estabelecerão o abastecimento e sua manutenção da forma mais adequada possível a fim de garantir o uso correto do espaço físico, influir sobre o tempo de transporte, evitar perdas e diminuir riscos, já que são decisões que influem diretamente sobre o atendimento da produção e dos clientes, refletindo sobre o capital da empresa e, no caso dos estoques, no capital investido, repleto de consequências nas demais áreas. Interessante não é? No próximo tópico você irá aprender sobre as atividades da logística. 9 Competência 01 1.2 Atividades da Logística De acordo com Meirim (2007) apud Santos et al. (2016), a Logística busca otimizar os fluxos de informações e materiais desde a aquisição até o consumidor final, sempre buscando melhorar os níveis dos serviços com preços adequados para os clientes ou para os fornecedores. Então, para que o fluxo logístico ocorra de maneira eficiente existem várias atividades logísticas necessárias que são articuladas a fim de atender os objetivos de uma organização. Essas atividades são segregadas em: • Atividades primárias, que são as principais da logística; e • Atividades de apoio ou suporte, que auxiliam no funcionamento das atividades primárias. Observe na Figura a seguir como são segregadas essas atividades da logística e a composição. 10 Competência 01 Figura 3 – Atividades da Logística Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Descrição: A figura apresenta do lado esquerdo um retângulo azul escrito a palavra logística e nele estão interligados mais dois retângulos um na cor vinho escrito atividades de apoio e outro na cor roxa escrito atividades primárias. Neste, estão interligados três retângulos na cor verde apresentando as seguintes atividades: processamento de pedidos; gestão de estoques e gestão de transportes. No retângulo de cor vinho onde está escrito atividades de apoio está interligado a outros retângulos com as seguintes atividades: compras (obtenção); manutenção da informação; manuseio de materiais; armazenagem; programação do produto e por fim embalagem de proteção. A partir da Figura anterior, é possível destacar que a logística possui um trio de atividades consideradas a base da logística que são conhecidas como atividades primárias: Processamento de Pedidos; Gestão de Estoques; e Gestão de Transportes. De acordo com Ballou (2006), que é um importante autor literário na área da logística, a integração entre essas três atividades é fator crítico para que uma cadeia logística tenha um serviço adequado. Veja no próximo tópico, com mais detalhe em que consiste as atividades primárias. Logística Atividades Primárias Processamento de Pedidos Gestão de Estoques Gestão de Transportes Atividades de Apoio Compras (Obtenção) Manutenção da Informação Manuseio de Materiais Armazenagem Programação do Produto Embalagem de Proteção 11 Competência 01 1.2.1 Atividades Primárias No âmbito da logística empresarial Ballou (1995) indica que as atividades primárias tratam das atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos do ponto de obtenção da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento com a finalidade de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes com um custo razoável. Em resumo, essa definição identifica as atividades que são de importância primária para alcançar os objetivos logísticos de custo e nível de serviço. De acordo com Dias (2008) acompanhe a seguir a definição de cada uma: a) Processamento de pedidos: é a primeira atividade da cadeia logística e é essencial para o cumprimento correto das demais atividades. Envolve o tratamento dos pedidos, recebimento, e transmissão de informações para os demais setores da empresa: I. Tratamento dos pedidos: é uma das principais atividades realizadas nos canais de suprimentos de uma empresa e se faz necessário um rigor total na programação das aquisições. Ele possui função estratégica, pois estabelece o contato direto com os fornecedores, sendo o principal responsável em garantir produtos adequados à necessidade da produção e da empresa. Os procedimentos de compra são orientados por técnicas de programação dos suprimentos, também conhecidas como planejamento das necessidades de materiais e geram a necessidade de estoque dos suprimentos essenciais para a produção planejada. Com essas informações será possível decidir as quantidades de suprimentos que serão adquiridas, quando, como movimentá-las e onde a empresa deve adquiri-los. Observe o Quadro a seguir e veja como o ocorre o tratamento dos pedidos: 12 Competência 01 Quadro 1 – Tratamento dos Pedidos Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Dias (2008) Descrição: O Quadro apresenta o passo a passo do tratamento dos pedidos, desde a fase da requisição de compras até o efetivo recebimento. II. Recebimento: As atividades de recebimento abrangem desde a recepção do material na entrega pelo fornecedor até a entrada nos estoques. A função de recebimento de materiais é o módulo de um sistema global integrado com as áreas de contabilidade, compras e transportes e é caracterizada como uma interface entre o atendimento do pedido pelo fornecedor e os estoques físico e contábil (LOGÍSTICANDO, 2010). Desta forma, percebe-se que o recebimento é a atividade TRATAMENTO DOS PEDIDOS Recebimento e análise das requisições de compra de materiais. Verificada a necessidade de insumos à produção ou de reposição do estoque, é emitida uma requisição de compras. Seleção de fornecedores e pedido de orçamento. É realizado o contato com os fornecedores que enviam propostas de orçamento a serem avaliados. Análise das propostas e negociação. É feita a análise das propostas e negociados termos e condições de atendimento. Emissão de pedido de compra. É emitido o pedido de compra firmando a relação de fornecimento. Acompanhamento dos pedidos. O pedido é acompanhado desde sua saída do fornecedor até o momento da entrega. Recebimento. O pedido é recebido e inspecionado qualitativa e quantitativamente, avaliando também o nível de atendimento do fornecedor. 13 Competência 01 intermediária entre as tarefas de compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade a conferência dos materiais destinados à empresa. Observe as etapas básicas do recebimento conforme a Figura a seguir: Figura 4 – Etapas do Recebimento Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Descrição: A figura apresenta três retângulos, organizados de forma horizontal, representando um processo. Em que o primeiro de cor azul representa a etapa um (entrada), em seguida o retângulo na cor verde a etapa dois (entrega de materiais) e o último retângulo na cor laranja a etapa três (recebimento). Conforme visto na Figura anterior que ilustra as etapas básicas do recebimento, e agora entenda do que se trata cada um: 1) Entrada: É na entrada de materiais que se inicia a recepção dos veículos, indo desde a verificação da existência do pedido de compra, até a correspondência do pedido com a nota fiscal. Ao verificar que tudo está de acordo, deve-se indicar quais docas estão preparadas para o recebimento dos veículos que, logo depois de posicionados, devem começar a descarregar os produtos. A Figura a seguir ilustra a etapa de recepção dos veículos. Figura 5 – Caminhão estacionado na doca Fonte: https://thumbs.dreamstime.com/b/caminh%C3%A3o-em-docas-de-carga-76282982.jpg Descrição: A figura apresenta um pátio de um armazém. Em uma das docas está estacionada uma carreta de cor 1 Entrada 2 Entregade Materiais 3 Recebimento https://thumbs.dreamstime.com/b/caminh%C3%A3o-em-docas-de-carga-76282982.jpg 14 Competência 01 vermelha, fazendo alusão a etapa de recepção dos veículos para o recebimento. 2) Entrega de Materiais: A entrega deve ser efetuada em uma área especificamente destinada ao recebimento físico/fiscal do material, onde é realizada a verificação quantitativa e qualitativa dos itens, e se há a necessidade de regularização ou devolução da carga, conforme o Quadro a seguir. Quadro 2 – Tipos de Conferência de Materiais Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Dias (2008) Descrição: O quadro apresenta as definições das conferências quantitativas e qualitativas, e a da etapa de ATENÇÃO! A realização da entrega em outras áreas pode implicar em extravio ou atrasos indesejáveis, por isso é necessário ficar atento para não encaminhar para um local errado. Tipos de Conferência de Materiais Conferência Quantitativa Esse tipo de conferência tem a finalidade de verificar se as quantidades declaradas na nota fiscal emitida pelo fornecedor correspondem com a quantidade recebida de material, podendo identificar divergências fiscais, extravios de produtos e erros de operação. É importante verificar também se as quantidades disponibilizadas pelo fornecedor atendem às quantidades estabelecidas no pedido de compra, pois essas quantidades estão atreladas à demanda da empresa e, caso não seja atendida em sua totalidade, poderá implicar em falta de produtos ou paradas na produção. Conferência Qualitativa Também conhecida como inspeção técnica, visa verificar a integridade física dos produtos recebidos, além de certificar se os critérios qualitativos como: dimensões do produto, funcionamento e se atendem às especificações técnicas estabelecidas no momento da compra ou informado pelo fornecedor, garantindo assim a adequação do material ao fim que se destina. Regularização É na regularização que, se foi constatado algum erro, durante as conferências quantitativas ou qualitativas, deve-se decidir pela devolução da carga, acusando no verso da nota-fiscal o motivo da devolução, a data e hora do fato, seguido de carimbo e assinatura. Se a conferência for aprovada em sua totalidade, proceder com o recebimento. E, caso seja constatado algum item avariado, violação da carga e de quantidades, o recebimento poderá ser feito com ressalvas, realizando as devidas anotações no verso da nota fiscal. 15 Competência 01 regularização. 3) Recebimento: O recebimento do item de material é a etapa intermediária entre a compra e o pagamento ao fornecedor. Somente após o recebimento (etapa que, nos órgãos públicos, refere-se à etapa de liquidação da despesa) é que o pagamento é autorizado (FENILI, 2015). Após a conferência dos materiais, no recebimento faz-se a atualização dos dados a respeito dos materiais, inserindo as informações quanto às quantidades recebidas em seus sistemas de controle e definindo local para depósito do material. Esses sistemas podem ser controles manuais de quantidade ou softwares de gestão de estoque, programas específicos para o controle das movimentações de itens em estoque (entradas, saídas e transferências), conforme o Quadro a seguir. Quadro 3 – Tipos de Movimentações de Materiais Fonte: Quadro elaborado pelo autor (2021); fonte da imagem 1 (fase de entrada): https://blog.gs1br.org/; fonte da imagem 2 (fase de saída): https://www.portalic.com.br/; fonte da imagem 3 (fase de transferência): https://variosmateriais.blogspot.com/. Descrição: O Quadro apresenta os conceitos dos tipos de movimentações de materiais no que se refere a entrada, saída e transferência. Ao lado de cada um dos conceitos é vista uma imagem ilustrativa: para a fase de entrada, a imagem 1 ilustra uma pessoa acionando um coletor do tipo pistola com radiofrequência para captar as informações no código de Tipos de Movimentações de Materiais Entrada: o registro de entrada pode ser feito a partir de uma compra ou até uma devolução. O objetivo aqui é que a entrada do item possa ser registrada, alimentando o financeiro (contas a pagar) e/ou suprimento do estoque. Saída: considera-se saída a movimentação de materiais para o consumidor final, ou seja, a venda propriamente dita. Em o registro da saída resultará numa baixa no sistema e gerará um crédito referente a venda. Este processo gerará um registro por meio de notas fiscais transferindo a posse ou o direito sobre o material devidamente especificado mediante pagamento. Transferências: considera-se transferência a operação que decorra da saída de mercadoria de um estabelecimento a outro da mesma empresa. Em outras palavras, a transferência da mercadoria do estabelecimento remetente para o estabelecimento destinatário. https://blog.gs1br.org/ https://www.portalic.com.br/ https://variosmateriais.blogspot.com/ 16 Competência 01 barras em uma caixa, a caixa está sendo segurada por outra pessoa; para a fase de saída, a imagem 2 ilustra uma pessoa dando os comandos no computador do tipo desktop e com uma maquineta de cartão ao lado; para a fase de transferência é visto uma pessoa empurrando um carrinho de transporte de materiais carregado com 4 caixas. Como você pôde perceber no Quadro 3, esta etapa de recebimento é importantíssima, pois é onde a empresa demonstra que tem o total controle sobre o seu estoque. Então, para uma movimentação eficiente, seja a entrada, saída ou transferência do estoque, é fundamental ter atenção total e padronizada no cadastro de produtos e os softwares, além de uma equipe bem treinada, podem auxiliar muito nesse processo. A realização desse procedimento permite conhecer as necessidades da empresa e ter uma melhor performance no atendimento às demandas (SANKHYA, 2020). b) Gestão de estoques: é responsável pelo armazenamento dos insumos e produtos acabados. Envolve atividades relacionadas ao controle de compras de insumos, a realização de previsão de vendas, estabelecimento de embalagens adequadas para os produtos, estratégias para armazenagem, manuseio de materiais, entre outros que você estudará com um pouco mais de profundidade na competência 2 deste e-book. c) Gestão de transportes: é responsável pelo estabelecimento de estratégias para a movimentação ao longo de toda a cadeia logística. É a atividade mais cara, pois é responsável por toda movimentação do produto desde a fase de matéria-prima até a chegada do produto acabado ao consumidor. Deste modo, pode-se afirmar que envolve atividades relacionadas a decisões sobre as formas de transporte, roteirização, programação da entrega dos produtos, entre outras. De acordo com Labre (2017) a gestão de transportes pode ser definida, em resumo, “como o controle de toda a movimentação física de cargas do ponto de origem até o destino”. Em outras palavras, trata do controle dos produtos desde o momento em que os veículos são carregados, até a efetivação da entrega para o cliente. Dentro dessa área, são acompanhados processos importantes, como: • Planejamento de rotas; 17 Competência 01 • Rastreamento de veículos; • Gestão de documentos; • Controle de custos; • Acompanhamento de ocorrências (atrasos, avarias, extravios, entre outros). Essa atividade de gestão de transporte está diretamente relacionada com o sistema de distribuição que na cadeia de suprimentos é comumente conhecida como atividade de distribuição física. De acordo com Arnold (2006) um canal de distribuição pode corresponder a uma ou mais empresas ou indivíduos que participam do fluxo de produtos e/ou serviços desde o fabricante até o consumidor ou usuário final. Nesse processo, algumas empresas realizam a entrega diretamente a seus clientes, mas muitas vezes utilizam outras empresas ou indivíduos para distribuir todos os seus produtosou alguns deles ao cliente final. Essas empresas ou indivíduos recebem o nome de intermediários, tais como atacadistas, agentes, empresas transportadoras e proprietários de depósitos. O autor Arnold (2006) ainda sustenta que o sistema de distribuição física é responsável por entregar aos clientes o que eles desejam a um custo mínimo. Sendo objetivo da administração da distribuição criar e operar um sistema de distribuição que atinja o nível exigido de atendimento aos clientes, possivelmente, com os menores custos possíveis. Então, no tópico a seguir, observe que saber escolher os sistemas ou modais de transportes, forma ou modalidade e ainda estar atento aos menores custos é fundamental nesse processo de distribuição, possibilitando assim uma gestão de transporte mais eficiente. Modais de Transportes: Ao planejar a movimentação da mercadoria pela cadeia de distribuição física deve-se escolher, inicialmente, o modal de transporte mais adequado para conduzir a carga ao destino final. Portanto, conhecer bem os tipos, características, pontos positivos Você Sabia? Os processos integrados que formam um determinado negócio desde os fornecedores originais até o usuário final, proporcionando produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente é defino como Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002). 18 Competência 01 e negativos de todos eles são fundamentais para elaborar uma estratégia assertiva e com a possibilidade de otimizar os custos. Veja o Quadro a seguir sobre os tipos de modais: Rodoviário O transporte rodoviário é o mais utilizado pelas empresas no Brasil e é único que se articula com os demais tipos de modais. Os principais motivos para isso são a possibilidade de criar rotas flexíveis, viabilidades para diversas cargas, desde grãos a itens de alto valor agregado, com prazos razoáveis e preços competitivos. Este tipo de modal é de grande acessibilidade, uma vez que consegue chegar a diversos lugares, além de facilidade e agilidade para contratar o serviço e pouca burocracia na hora de emitir a documentação necessária. Em contrapartida este modal pode oferecer algumas desvantagens como: custo de frete elevado por causa do preço do combustível e do pagamento de pedágios; capacidade de carga limitada; e um risco elevado, pois pode haver acidentes, furtos e roubos nas estradas. Aeroviário Este modal, assim como o rodoviário, também é muito utilizado no país, pois trata-se da melhor escolha para as empresas que precisam de agilidade nos envios para longas distâncias e, também, para transportar cargas de alto valor agregado e itens perecíveis. Tem como principais vantagens o atendimento a longas distâncias com agilidade, visto que não é influenciado pelo trânsito e questões geográficas possibilitando menores prazos de entrega; conta com aeroportos que atendem grandes centros urbanos e regiões metropolitanas; e menor necessidade de movimentação das cargas durante o processo. No entanto, por outro lado, há limitação na quantidade, tamanho e pesos das cargas transportadas; os seus custos são mais elevados; requer terminais de acesso; e demanda da combinação com outro modal para finalizar a entrega. 19 Competência 01 Ferroviário O modal ferroviário é uma excelente opção para empresas que precisam enviar grandes volumes de cargas para um destino fixo e que envolvam trajetos de longa distâncias. Este tipo de modal está entre os modais que oferecem custos mais baixos. As cargas transportadas comumente são commodities, como produtos siderúrgicos e agrícolas, derivados do petróleo e minério de ferro além de poder ser levadas em grande escala, possuir baixo custo, em decorrência da incidência menor de taxas e dos combustíveis mais baratos, mais segurança no transporte de cargas e menor risco de acidentes. Apesar das vantagens que se mostram bem atraentes, o transporte ferroviário apresenta algumas limitações, que muitas vezes impedem as empresas de optarem por essa modalidade como: inflexibilidade, decorrente das rotas fixas em virtude da geografia; geralmente depende de outro modal para finalizar o transporte, necessitando de transbordos que, por ventura, ocasiona aumento no manuseio e o risco de avarias nas cargas; e falta de investimento por parte do governo. Aquaviário O transporte aquaviário pode ser usado para enviar produtos dos mais variados tipos e em todos os estados (sólido, líquido e gasoso), desde que eles estejam devidamente armazenados, porém recomenda-se para este tipo de modal o transporte de cargas com baixo valor agregado e não perecíveis. Este modal não oferece tanta agilidade e pode ser combinado com os outros modais para alcançar o seu destino, porém oferece baixo risco de furtos, roubos e avarias na carga, entre outros sinistros; e o custo com o frete é compensatório. Já as desvantagens seriam os prazos de entrega mais longos; muita burocracia envolvida na documentação de desembaraço das cargas; demanda o uso de terminais especializados na carga e descarga; custo elevado com o seguro dos produtos; e falta de investimento do governo nos portos e nos processos de fiscalização para tornar a fiscalização mais rápida. 20 Competência 01 Quadro 4 – Tipos de Modais de Transportes Fonte: Quadro elaborado pelo autor com base em Blog Cargox (2018); fonte da imagem 1 (modal rodoviário): https://www.clicklogtransportes.com.br/; fonte da imagem 2 (modal aeroviário: https://lapadalapada.com.br/; fonte da imagem 3 (ferroviário): https://www.clicklogtransportes.com.br/; fonte da imagem 4 (modal aquaviário): https://dclrealestate.com.br/; fonte da imagem 5 (modal dutoviário): https://cbie.com.br/. Descrição: O quadro apresenta algumas imagens, sendo a primeira uma carreta vermelha na estrada, a segunda um avião branco sobre as nuvens, a terceira apresenta duas linhas de trem onde uma está vazia e na outra é possível observar um trem, na quarta é visto um navio no oceano e o navio está carregado de vários contêineres vermelhos, e por último, a quinta imagem são de tubulações de aço e ao fundo do pôr do sol. ● Modalidade de transporte: é importante lembrar que um sistema de transportes é constituído pelo modo ou modal, ou seja, a via de transporte, pelo meio (elemento transportador), pelas instalações complementares (terminais de carga) e ao tratar da modalidade de transporte, refere-se à forma de transporte, ou melhor, o relacionamento entre os vários modos de transportes (RODRIGUES, 2007). Na Figura a seguir, veja as formas ou modalidades de transportes: Dutoviário O transporte dutoviário funciona por meio da utilização de dutos que podem ser subterrâneos, aparentes ou submarinos. O transporte é feito com base no controle de pressão inserida. É recomendado para o envio de granulares, fluído líquidos e gases. Apesar de não ser tão disseminado, esse tipo de transporte pode apresentar vantagens bem atrativas, entre as quais: possibilidade de envio para longas distâncias e em grandes quantidades; conta com custo operacional muito baixo e o transporte é altamente seguro e confiável. Em contrapartida o custo inicial é elevado; há risco de acidentes e danos ambientais em larga escala; há burocracia para a atuação, pois requer obtenção de licenças; e o percurso é inflexível, demandado destinos fixos para entrega; e sua utilização é única por produto. https://www.clicklogtransportes.com.br/ https://lapadalapada.com.br/ https://www.clicklogtransportes.com.br/ https://dclrealestate.com.br/ https://cbie.com.br/ 21 Competência 01 Figura 6 – Modalidades de Transportes Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Descrição: A figura apresenta quatro modalidades de transportes. No círculo central está escrito (modalidadesde transportes), o círculo superior na cor vermelha está escrito unimodal, no sentido horário o círculo verde apresenta a modalidade sucessivo, ainda no mesmo sentido o círculo roxo a modalidade segmentado e depois dele é apresentado a modalidade multimodal no círculo de cor azul claro. Veja abaixo como o autor Rodrigues (2007) define cada uma das modalidades de transportes: • Unimodal: Quando a unidade de carga é transportada diretamente, utilizando um único veículo, em uma única modalidade de transporte e com apenas um contrato de transporte. É a forma mais simples de transporte. • Sucessivo: Quando, para alcançar seu destino final, a unidade de carga necessita ser transportada por um ou mais veículos da mesma modalidade de transporte, abrangidos por mais de um contrato de transporte. Modalidades de Transportes Unimodal Sucessivo Segmentado Multimodal 22 Competência 01 • Segmentado: Quando se utilizam veículos diferentes, de um ou mais modais de transportes, em vários estágios, sendo todos os serviços contratados separadamente a diferentes transportadores, que terão a seu cargo a condução da unidade de carga do ponto de expedição até o destino final. Qualquer atraso pode significar a perda do transporte nos demais modais, gerando frete morto (pagar por ter reservado o espaço, mesmo sem realizar o transporte). A imputação de responsabilidades por perdas ou avarias é muito complexa e as indenizações por lucros cessantes, flutuação de preços etc., são praticamente impossíveis. Esta forma de transporte é também conhecida como intermodal. • Multimodal: Quando a unidade de carga é transportada em todo percurso utilizando duas ou mais modalidades de transporte, abrangidas por um único contrato de transporte e uma única apólice de seguro. A prévia coleta e movimentação de mercadorias para unitização, bem como eventuais operações depois de sua entrega final no local do destino estabelecido no contrato de transporte não caracterizam o transporte multimodal e nem dele fazem parte. • Custos de transportes: Segundo Arnold (2006) o objetivo da administração da distribuição é oferecer o nível exigido de atendimento aos clientes com um mínimo custo total de sistema. Isso não significa que os custos de transporte ou de estoque, ou o custo de qualquer outra atividade deva corresponder a um mínimo, mas que o total de todos os custos deve ser minimizado. E isso ocorre porque para oferecer serviços de transporte, qualquer transportadora, independente do meio que utilize, precisa ter certos elementos básicos. Esses elementos são: vias (que são os caminhos nos quais a transportadora opera); terminais (que são os lugares onde as transportadoras carregam, e descarregam os produtos e fazem conexões entre o serviço de retirada e entrega local e o serviço de filas); e veículos (são os utilizados Você Sabia? Unitizar é reunir (cargas de diversas naturezas) num só volume, para fins de transporte. Para fins econômicos, a unitização auxilia a movimentação, armazenagem e transporte de produtos, fazendo com que a transferência, do ponto de origem até o seu destino final seja com o mínimo de manuseio possível (SIMÕES, 2009). 23 Competência 01 em todos os modais de transporte, exceto na tubulação). Cada um resulta em um custo para a transportadora e dependendo do meio e da transportadora, esses custos podem ser capital (fixos) ou operacional (variáveis). É importante salientar que além dos custos relacionados às vias, terminais e veículos, uma transportadora terá outros custos, como os de manutenção, mão-de-obra, combustível e administração. Geralmente, esses custos são operacionais, podendo ser fixos ou variáveis. Caro(a) estudante, você percebeu o quão complexas são as atividades primárias da logística? Bem, a seguir você conhecerá um pouco mais sobre as atividades de apoio. _Siga em frente! 1.2.2 Atividades de Apoio A seção anterior dessa competência abordou sobre as atividades primárias da logística, a saber: processamento de pedidos, gestão de estoques e gestão de transportes. No entanto, nesta seção veremos como as atividades de apoio a logística, conforme Ballou (2006) menciona: “compras/obtenção, manutenção da informação, manuseio de materiais, armazenagem, programação do produto e embalagem de proteção”, auxiliam aquelas atividades principais e o que significa cada uma dessas atividades de apoio ou suporte. Observe a Figura a seguir e veja como as atividades de apoio se relacionam com as atividades primárias da logística: ATENÇÃO! Os custos fixos são aqueles que não variam de acordo com o volume de produtos transportados, por exemplo, o custo de compra de um caminhão para a transportadora é um custo fixo, pois independentemente de quanto é utilizado, o custo do veículo não muda. Entretanto, muitos custos operacionais, tais como combustível, manutenção e salário do motorista, dependem da utilização do caminhão, portanto são variáveis (ARNOLD, 2006). 24 Competência 01 Figura 7 – Relação das Atividades Logísticas Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Descrição: A figura apresenta um grande quadrado de cor azul claro onde estão contidas as atividades de apoio a logística. Dentro deste quadrado é apresentado do lado direito um círculo maior na cor azul representando as atividades primárias da logística e nele contém mais três círculos e cada um destes círculos liga por meio de setas as funções específicas. O círculo verde (processamento de pedidos) liga as atividades liga por setas na cor preta as atividades: manutenção da informação; programação do produto e compras. O círculo da atividade primária gestão de transporte, liga por setas na cor rosa claro as atividades de apoio: manuseio de materiais; embalagem de proteção; armazenagem e compras. O último círculo da atividade de apoio (estoque), liga por meio de setas na cor rosa escuro as seguintes atividades de apoio: manuseio de materiais; embalagem de proteção; armazenagem e compras. Você percebeu na Figura anterior como as atividades de apoio são articuladas a fim de concretizar a função das atividades primárias. Nos tópicos a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre cada uma das atividades de apoio. a) Compras/Obtenção É a atividade que trata do fluxo de entrada dos produtos, deixando-os disponíveis para o sistema logístico. Segundo Ballou (1993), a obtenção é responsável pela seleção das fontes de 25 Competência 01 suprimento, estabelece as quantidades a serem adquiridas, elabora a programação das compras e define a forma pela qual o produto é comprado. A atividade de compras ou obtenção tem papel fundamental na logística, por ter grande representatividade no quesito de custos, e se essa atividade não funcionar bem pode provocar um aumento expressivo no custo de aquisição, o que poderá representar redução imediata da margem de lucro, ou caso a aquisição seja realizada em quantidades superiores às necessárias, pode-se ter um aumento do custo de estoque (MEIRIM, 2012). Em linhas gerais, conforme Meirim (2012) pode-se dizer que a atividade de obtenção tem como grande missão planejar e programar as quantidades a adquirir, selecionar as fontes de suprimentos adequadas quanto às condições comerciais, qualidade e prazo de entrega, fazer o acompanhamento da entrega do que foi adquirido e sistematicamente avaliar os processos de previsão, avaliar os fornecedores e os critérios de aquisição. O autor ainda destaca que no serviço privado esta atividade (aquisição) é regida por normas e procedimentos que visam assegurar o atendimento de premissas definidas pela empresa. Já no serviço público, faz-se necessário a observação das normas internas e também da lei de licitações. b) Manutenção da Informação A manutenção da informação conforme Ching (2001) é teruma base de dados que possibilite o planejamento e o controle da logística. Tal base de dados deve ser mantida na empresa e envolvem, entre outros, seguimentos tais quais: informação sobre clientes; volume de vendas; níveis de estoque etc. É na manutenção da informação que é estabelecida a infraestrutura necessária para recebimento e tratamento dos pedidos recebidos, os padrões para colocação de pedidos, as normas de tratamento e o fluxo das informações dentro da organização (ROSA, 2012). ATENÇÃO! A atividade de compras/obtenção é também essencial na manutenção dos níveis de serviço ao cliente, pois a demora ou a impossibilidade de aquisição de um item poderá gerar uma ruptura no estoque que causará o não atendimento do cliente no momento desejado (MEIRIM, 2012). 26 Competência 01 Então, ter informações para o auxílio na tomada de decisão é essencial para o profissional de logística. Assim, é imprescindível reunir informações, preferencialmente em base de dados integradas, sobre os clientes, concorrentes, volumes de vendas, níveis de estoque e custos relacionados com cada atividade da gestão de estoques, transportes e processamento de pedidos (MEIRIM, 2012). Nesse sentido, o uso de tecnologia da informação está cada vez mais ligado à atividade logística, por isso, os profissionais que atuam nesta área precisam estar atentos às ferramentas que os auxiliem no processo de análise e tomada de decisão. c) Manuseio de Materiais A atividade de manuseio de materiais trata da movimentação dos produtos no local de armazenagem e compreende desde o processo de recebimento do item, incluindo a sua movimentação interna dentro do armazém até a o momento de saída deste (expedição) ou transferências de um depósito para outro (MEIRIM, 2012). Ressalta-se, ainda, que a movimentação gera custo, portanto é fundamental realizar a menor quantidade de movimentações possíveis, ou melhor, um item deve entrar (ser guardado) e sair de um armazém com a menor quantidade de movimentação possível. Para que isso ocorra, se faz necessário observar alguns pontos conforme o Quadro a seguir: Quadro 5 - Dicas de Movimentações Eficientes Sempre encurtar as distâncias, ou seja, se o item é da curva "A" em termos de movimentação, procurar colocá-lo em áreas de armazenagem próximas ao recebimento e expedição do mesmo. Unitizar as quantidades movimentadas, ou seja, ao deslocar um item dentro do armazém, procurar fazer isto em quantidades maiores (por exemplo, paletizado, caixas unitizadoras). Procurar melhorar o fluxo, usar sistemas informatizados que possibilitem a escolha dos melhores percursos dentro de um armazém. 27 Competência 01 Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Meirim (2012) Descrição: O quadro 5 apresenta algumas dicas para ter uma movimentação eficiente. De acordo com Rosa (2012) na atividade de manuseio de materiais, também se efetua a escolha do tipo de equipamento de manuseio, as políticas de guarda e recuperação de produtos e as políticas de coleta de pedidos. d) Armazenagem O renomado autor Ballou (1993) refere-se à armazenagem como a administração do espaço necessário para manter os estoques visando à otimização. Nessa perspectiva, Rosa (2012) indica que na atividade armazenagem, define o espaço necessário para armazenar os produtos, o layout do armazém, a distribuição dos produtos nesse layout, os cuidados com a integridade da carga, o número de locais para estacionar os caminhões a serem atendidos e as medidas de segurança patrimonial contra roubo e incêndios/explosões, entre outras. Além disso, a atividade de armazenagem pode ser realizada em diversos tipos de áreas ou tipos de armazenagens, dentre as quais podemos citar as principais, que são: armazém, pátio, galpão, silos, tanques e esferas. A Figura a seguir é um exemplo de um layout apropriado para as atividades de armazenagem. 28 Competência 01 Figura 8 – Layout dos processos de armazenagem Fonte: Senai (2018) Descrição: Na imagem é visto um layout de armazém apresentando as diversas atividades que ocorrem de forma simultânea. Do lado esquerdo para o direito é possível visualizar parte de um caminhão que está estacionado no lado de fora, na parte de dentro estão os porta-paletes com alguns produtos armazenados e algumas empilhadeiras sendo manuseadas por operadores. De acordo com o que foi visto na Figura anterior, em resumo, é possível entender que a armazenagem é a guarda de estoques diversos dentro de um depósito que, por sua vez, conta com uma estrutura física e equipamentos de movimentação compondo um sistema que engloba: • Paredes, divisórias e coberturas; • Paletes; • Porta-paletes, estantes e cantilever; • Estruturas Drive-in e Drive-thru; • Empilhadeiras, carrinhos e paleteiras; • Scanners, computadores e outros hardwares. 29 Competência 01 O Quadro a seguir apresenta mais informações sobre alguns elementos do sistema de armazenagem. SE LIGA! O armazém é basicamente a estrutura que se utiliza para guardar os produtos ou mercadorias. O estoque é quanto de um determinado produto se tem guardado. Veja a expressão: _Eu tenho guardado no armazém meus estoques de feijão e soja. Observe que nessa expressão como o armazém e estoque se diferem, um é o espaço físico e o outro é o que se tem estocado ali. 30 Competência 01 Paletes: os paletes são os suportes mais utilizados para a manipulação dos produtos e seu armazenamento nas estantes. Os mais utilizados são os paletes de madeira, porém, recentemente estão ganhando espaço os paletes de plástico que, aliás, podem ser fabricados com materiais reciclados. Por último, em certos setores também são utilizados paletes de metal, já que são mais resistentes, embora, em contrapartida, também são mais pesados e seu preço mais elevado. Porta-paletes: o porta-palete é uma estrutura vertical, destinada à organização de mercadorias dentro do ambiente do depósito. Funcionam como estantes, cuja característica principal é a acomodação de produtos com total segurança e otimização do espaço interno. Além dos porta- paletes convencional como o da imagem ao lado, existem também os porta-paletes duplo com profundidade, autoportante, delizante, pushback, entre outros. Estantes: Esse tipo de estrutura apresenta uma capacidade menor de armazenagem devido a sua baixa verticalização. Como exemplo, elas podem ser utilizadas em lugares como supermercados, bibliotecas, entre outros. Também podem ser chamadas de prateleiras. Cantilever: Estrutura que armazena materiais com dimensões maiores em relação ao seu comprimento. Seu formato é parecido com ganchos e suportam toneladas de materiais. É uma estrutura versátil, podendo ser convertida para armazenar produtos embalados com dimensões menores. Podem armazenar tubos, madeiras, barras de ferro ou alumínio, etc. Drive-in: Na estrutura Drive-in as operações de entradas e saídas são realizadas pela mesma extremidade da estrutura, possibilitando o uso do modelo de gestão de estoque UEPS (Último a entrar, primeiro a sair), onde o último pallet armazenado é o primeiro a ser retirado. 31 Competência 01 Quadro 6 – Elementos do sistema de armazenagem Fonte: Quadro elaborado pelo autor (2021); fonte da imagem 1 (paletes): https://www.mecalux.com.br/manual-de- armazenagem/paletes; fonte da imagem 2 (porta-paletes): https://portapalete.net.br/; fonte da imagem 3 (estante): https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/produto/Estanteria/15; fonte da imagem 4 (cantilever): https://www.lusoracks.com/cantilevers; fonte da imagem 5 e 6 (drive-in e drive-thru): https://www.longa.com.br/estrutura-fixa/drive-in-thru/; fonte da imagem 6 (empilhadeira): https://www.futuromaq.com.br/; fonte da imagem 7 (carrinho hidráulico): https://http2.mlstatic.com.Descrição das imagens: O quadro apresenta algumas imagens, sendo a primeira um palete de madeira, a segunda uma estrutura de porta-paletes com algumas cargas armazenadas e uma empilhadeira na frente, a terceira imagem é vista uma estante do tipo industrial, na quarta é vista uma estrutura de cantilever de parede com tubos de pvc armazenados, na quinta imagem é visto uma estrutura de porta-paletes apropriada para operações de movimentação drive-in e uma empilhadeira, na sexta imagem é vista uma estrutura de porta-paletes apropriada para operações drive-thru e duas empilhadeiras (uma em cada lado), na sétima imagem é vista uma empilhadeira amarela e na oitava imagem é visto um carrinho do tipo hidráulico na cor amarela. Certamente você deve ter percebido no Quadro anterior as características dos elementos do sistema de armazenagem. Nesse sentido, a atividade de armazenagem carrega uma antiga missão de “guardar estoques”, o que representava um custo a mais no negócio, a armazenagem depara-se com sua nova e imprescindível missão, que é “gerenciar o fluxo físico e de informações”. Então, nessa nova missão, a armazenagem passa a representar um instrumento de grande importância no que diz respeito à competitividade. Os produtos passam a ser armazenados Drive-thru: O Drive-thru permite que as entradas e saídas de materiais sejam realizadas por ambos os lados da estrutura. Pode ser utilizado para operações UEPS e PEPS (Primeiro a entrar, primeiro a sair), em que o primeiro pallet armazenado é o primeiro a ser retirado. Empilhadeira: As empilhadeiras proporcionam um armazenamento em níveis de altura, cuja sua movimentação requer um profissional licenciado para manuseio. Outra característica é que as empilhadeiras podem ser elétricas ou a combustível. Suportam uma carga acima de 3 toneladas a depender do modelo da empilhadeira. Carrinho hidráulico: O carrinho hidráulico ou paleteira é um equipamento de movimentação que tem a capacidade de movimentar até 3 toneladas de itens paletizados. Auxilia na organização do espaço físico e nas atividades de separação de pedidos (picking). https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/paletes https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/paletes https://portapalete.net.br/ https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/produto/Estanteria/15 https://www.lusoracks.com/cantilevers https://www.longa.com.br/estrutura-fixa/drive-in-thru/ https://www.futuromaq.com.br/ https://http2.mlstatic.com/ 32 Competência 01 de maneira mais eficiente (redução de custos) e eficaz (qualidade), bem como fornecem as informações necessárias para a manutenção da informação (BALLOU, 1993). E isso permite observar os dois papéis da atividade de armazenagem que, conforme o Quadro a seguir, são: Quadro 6 – Papéis da Armazenagem Fonte: Elaborado pelo autor com base em Ballou (1993) Descrição: O Quadro apresenta definições sobre os papéis operacionais e estratégicos. Atualmente, percebe-se que a função de armazenagem passa a ter cada vez mais um papel estratégico, visto que é de grande importância para a competitividade de uma organização, já que hoje se pensa em disponibilizar o produto de forma mais rápida para o cliente, e deslocar o estoque para próximo dele pode ser uma das alternativas a serem consideradas no desenho logístico (MEIRIM, 2012). O autor ainda chama a atenção para o fato de: ao pensar na administração dos espaços é importante fazer a análise de questões como: • Na definição da localização, é necessário identificar onde estão as principais fontes de fornecimento e os principais pontos consumidores, além de identificar os custos de aquisição, locação de imóvel, bem como as questões tributárias; O ponto de vista operacional consiste em avaliar os processos de estocagem (guarda), movimentação, atendimento dos pedidos pelo armazém, processamento de produtos e informações. O Papel Operacional (visão interna) Sob a ótica estratégica percebe-se o armazém como elo e coordenação de distribuição possibilitando atender de forma eficaz mercados geograficamente distantes, procurando criar valor para os clientes. O Papel Estratégico (Visão externa) 33 Competência 01 • No dimensionamento da área, é importante avaliar as demandas futuras, pois ingressar em um armazém e mudar no ano seguinte por falta de espaço gera transtornos e custos; • No momento do dimensionamento do armazém é preciso avaliar o fluxo de materiais (layout) e ainda validar a área de estocagem e áreas de apoio (recebimento, separação e expedição), pois a não observação deste aspecto poderá gerar gargalos operacionais. e) Programação do Produto Tal atividade de apoio abrange as ações presentes no “fluxo de saída” (distribuição), atentando para as quantidades que devem ser produzidas, quando e onde devem ser fabricadas. Para poder acionar as atividades de produção ou aquisição é necessário um planejamento prévio das quantidades a comprar ou produzir (MEIRIM, 2012). Na indústria, o PCP (Planejamento e Controle da Produção) analisa para cada produto, a previsão de demanda do mercado, as quantidades disponíveis em estoque, a capacidade produtiva instalada e disponível (se for produzir) e o lote mínimo de produção/compra. Com base na análise destas variáveis, é definida a quantidade a produzir ou comprar. Se o item for produzido internamente, é necessário ainda identificar a quantidade de matéria prima necessária para produção, e neste sentido é feita a análise da quantidade disponível em estoque e gerada, se necessário, à ordem de compra. Os processos mencionados acima, geralmente, são conhecidos como MRP (Material Requirement Planning) que do inglês significa “Planejamento das Necessidades de Materiais” e que os dados são gerados via sistemas informatizados por ser um software. f) Embalagem de Proteção Na atividade de embalagem de proteção, elabora-se o projeto de embalagem que facilita o manuseio, a armazenagem e a segurança patrimonial das mercadorias movimentadas dentro dos armazéns e durante o transporte (ROSA, 2012). Como o próprio nome da atividade faz menção, sua finalidade é a proteção dos produtos e das mercadorias. E um processo logístico, em nível de excelência, procurará utilizar-se 34 Competência 01 de embalagens adequadas que possibilitem: movimentar produtos sem quebras ou danos; otimizar atividades de manuseio e armazenagem (BALLOU, 1993). Então, o desenvolvimento de uma boa embalagem, na perspectiva da logística, deve buscar: • Que os produtos sejam movimentados sem quebras e avarias; • Que as atividades de armazenagem e transporte sejam otimizadas, ou seja, ela deve buscar a ocupação máxima do espaço (m3); • Que as atividades de manuseio sejam facilitadas, através da observação de aspectos relacionados à ergonomia (peso, tamanho e condições para que uma pessoa a movimente); • E quando a mesma necessitar ser movimentada por equipamentos, que a embalagem ofereça condições para acoplamento destes equipamentos. Depois de termos estudado bastante essa parte introdutória da logística, chegamos ao final desta primeira competência. No entanto, te convido a acessar o ambiente virtual de aprendizagem e assistir à videoaula, bem como realizar as atividades referentes a esta competência. _Quanta coisa não é verdade!? Mas, você já está apto(a) para prosseguir com os assuntos, agora com um pouco mais de profundidade, sobre os tipos e gestão de estoques na competência seguinte. _Vamos lá? Competência 02 35 2.Competência 02 | Compreender a classificação de estoques por níveis de valor Olá estudante! Na competência anterior você estudou sobre a definição e importância da logística, suas principais atividades e de apoio a fim de compreender o processo e as variáveis da armazenagem de materiais. Vimos que dentreas atividades principais há a atividade destinada a preocupar-se com a gestão de estoques. Então, neste momento, a fim de desenvolver a competência de compreender a classificação de estoques por níveis de valor, você irá estudar a classificação dos tipos de estoques e sua classificação por níveis de valor. Nesta abordaremos os aspectos da curva ABC em que há a segregação por níveis de importância relativa dos estoques por quantidade e faturamento. E por fim, trataremos dos métodos de avaliação de estoques PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado. 2.1 Conceito e Classificação de Estoques por Tipo Estoque são acumulações de matérias-primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e logística das empresas (BALLOU, 2006). Dessa forma, o estoque faz parte do imobilizado da empresa e representa dinheiro parado, até o momento de sua negociação no mercado, assumindo o papel de herói ou vilão para as empresas e o que o diferencia é a forma como é gerenciado, ou seja, isto pode influenciar na logística de suprimentos. O autor Ballou (2006), indica que a logística de suprimentos é o ramo da logística empresarial que trata dos fluxos de matéria-prima e de produtos para a organização, sendo o objetivo da logística de suprimentos satisfazer às necessidades de materiais da operação. E isso significa que a boa administração da logística de suprimentos coordena a movimentação de suprimentos com as exigências da operação. Dessa forma, os estoques são materiais e suprimentos que uma empresa ou instituição mantém, seja com o objetivo de vender ou fornecer insumos ou suprimentos para o processo de produção. No entanto, é fundamental que todas as empresas mantenham estoques, pelo menos, em quantidades mínimas e de acordo com a demanda produtiva da empresa (ARNOLD, 2006). Competência 02 36 Em termos financeiros, os estoques são muito importantes para as empresas de manufatura. No balanço patrimonial, eles representam de 20% a 60% dos ativos totais. Dessa forma, à medida que os estoques vão sendo utilizados, seu valor se converte em dinheiro, o que melhora o fluxo de caixa e o retorno sobre o investimento. Mas é preciso ter cuidado na gestão dos estoques, pois existe um custo de estocagem, que aumenta os custos operacionais e consequentemente diminui os lucros. Ainda assim, a gestão de estoques é responsável pelo planejamento e controle do estoque, desde o estágio de matéria-prima até o produto acabado entregue aos clientes. Diante dessas afirmações, entender os tipos, características e classificações dos estoques é fundamental para ter sucesso na sua administração e principalmente quanto ao acondicionamento adequando e avaliação (ARNOLD, 2006). Segundo Vendrame (2008) os estoques são classificados da seguinte forma, conforme o Quadro a seguir: SE LIGA! Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade e ele é constituído pelo ativo e o passivo. - Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos. - Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigirão ativos para a sua liquidação. Os custos podem ser classificados de diversas maneiras, de acordo com sua finalidade. Quanto ao volume de produção os custos são classificados em fixos e variáveis. Competência 02 37 Quadro 7 – Classificação de estoques em estágios Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Descrição: O Quadro 7 apresenta os tipos de estoques em forma de processo, da esquerda para direita são vistas caixas de texto em cores de tons lilás que em formato de retângulos e com palavras no centro, são guiadas por setas demonstrando os diferentes estágios dos estoques. E uma delas no formato de círculo na cor azul com o texto MRO no centro. Como você pode ter visto, no Quadro anterior, foram destacados alguns tipos de estoques, nos próximos tópicos você aprenderá do que se trata cada um deles. Avante! • Estoques de Matérias-Primas Constituem os insumos e materiais básicos que ingressam no processo produtivo da empresa, ou seja, são os itens iniciais para a produção dos produtos/serviços da empresa. As matérias primas podem ser produtos de origem vegetal, animal ou mineral, as quais são transformadas e utilizadas pela indústria para elaborar outros produtos. E de acordo com os seus processos químicos, é possível classificar ainda as matérias-primas como: sólidas, líquidas, soluções, suspensões e gases. No Quadro a seguir, veja alguns exemplos de matéria prima: Estoques de Matéria- prima Estoques de Materiais em Processamento Estoques de Materiais Semiacabados Estoques de Componentes Estoque de Produtos Acabados MRO Competência 02 38 Quadro 8 – Tipos de matérias-primas Fonte: Quadro elaborado pelo autor (2021); Fonte da imagem 1 (vegetais e agrícolas): https://www.estudokids.com.br/materia-prima-definicao-tipos-e-importancia/; Fonte da imagem 2 (animal): https://www.todamateria.com.br/origem-dos-alimentos/; Fonte da imagem 3 (mineral): https://escolakids.uol.com.br/geografia/minerais.htm. Descrição: O Quadro 8 apresentou os conceitos dos tipos de matérias primas e para cada uma é apresentada uma imagem ilustrativa. Para ilustrar a matéria-prima do tipo vegetal e agrícolas, é vista na primeira imagem vários troncos cortados; na segunda imagem para ilustrar matéria-prima animal é visto um peixe fresco, ovos branco e marrom e uma garrafa de leite; na terceira imagem, para ilustrar matéria-prima do tipo mineral são vistos vários minerais metálicos como prata, ouro, cobre, alumínio e platina. • Estoques de Materiais em Processamento ou em Vias Também denominados materiais em vias, são constituídos de matérias que estão sendo processadas ao longo de diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa. Não estão nem no almoxarifado, por não serem mais matérias primas iniciais e nem no depósito, por ainda não serem produtos acabados. Em resumo, são materiais que estão na fase de fabricação ou que passaram por algum processamento e ainda precisam passar para o estágio de semiacabados ou acabados. Matérias-primas vegetais e agrícolas, como madeira ou algodão, em geral derivadas da agricultura e com as quais se fabricam móveis e tecidos. Ou seja, os que são extraídos das plantas, como o látex, por exemplo, que é usado para fazer a borracha. Matérias-primas animais, como a carne, o couro e o leite das vacas, derivadas da agropecuária, ou seja, são matérias-primas de origem animal. Matérias-primas minerais, que por sua vez se dividem em: Minerais metálicos, como ferro e cobre, que são utilizados nas indústrias metalúrgicas. Minerais não-metálicos, como o enxofre e a fluorita, empregados na indústria química. Rochas industriais, como o gesso e o granito, fundamentais para a indústria da construção, entre outas. https://www.estudokids.com.br/materia-prima-definicao-tipos-e-importancia/ https://www.todamateria.com.br/origem-dos-alimentos/ https://escolakids.uol.com.br/geografia/minerais.htm Competência 02 39 Por exemplo: a preparação de mistura de tintas numa indústria de tintas representa material em processamento, nesse caso a mistura precisa ficar estocada por algum período, como sendo fase do processo de elaboração do produto com o intuito de que o produto final seja concluído com sucesso. Ou seja, mesmo a matéria-prima passando pelo processo de pesagem, mistura e dispersão (moagem), seguem para a fase de diluição, momentoem que o lote é enviado para tanques e/ou misturadores onde ocorre a adição de solventes, vernizes e aditivos. Depois do processo de filtração, é que o material será encaminhado para o enchimento, rotulagem e armazenagem, para assim ser considerado um produto acabado, como representa a Figura a seguir. Figura 9 – Processo de Enchimento na Indústria de Tintas Fonte: https://betaeq.com.br/index.php/2019/04/16/processo-de-producao-de-tintas/ Descrição: O contexto da imagem é de uma fábrica de tintas, onde é visto várias latas sendo enchidas por máquinas SE LIGA! Os produtos em processo necessitam de tempo de produção suficientemente longo para que seja necessário esse registro. Grande parte das empresas industriais não necessita ter em seus estoques os produtos em processo, uma vez que o processo de produção é rápido e os estoques se transformam diretamente de matérias-primas e componentes em produtos acabados. Já outras empresas, como fabricantes de aviões, navios, obrigatoriamente mantêm estoques de produtos em processo, pois o ciclo de produtos é mais demorado. https://betaeq.com.br/index.php/2019/04/16/processo-de-producao-de-tintas/ Competência 02 40 injetoras e uma inspetora acompanhando o processo usando EPI’s e vestida de roupa em tons preto e verde limão. • Estoques de Materiais Semiacabados Referem-se aos materiais parcialmente acabados, cujo processamento está em algum estágio intermediário de acabamento e que se encontram também ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo. Diferem-se dos materiais em processamento pelo seu estágio mais avançado, pois se encontram quase acabados, faltando apenas mais algumas etapas do processo produtivo para se transformarem em materiais acabados ou em produtos acabados. Vamos a um exemplo, imagine que você vai a uma pizzaria, certamente você será atendido pelo garçom que deverá anotar o seu pedido e enviá-lo para o pizzaiolo. Então, como parte do processo e a fim de agilizar o atendimento dos clientes, o pizzaiolo experiente já conhecia a demanda e antecipadamente havia preparado a massa e recheado as pizzas com vários sabores, o que na culinária é conhecido como mise en place (pôr em ordem, deixar tudo preparado) e apenas o que faltava era assar a pizza. Observe que nessa situação a pizza já estava semipronta, faltando apenas uma etapa para considerá-la pronta para o consumo. • Estoques de Materiais Acabados ou Componentes Referem-se a peças isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto durante o processo de produção. Ou seja, são partes prontas ou montadas que, quando juntadas, constituirão o produto acabado. Tal estoque tem uma grande importância na gestão de estoques e sua falta ocasiona perdas financeiras. Por exemplo, numa indústria automotiva, o carro como sendo o produto em fabricação, as rodas que estão estocadas e que serão usadas nesse processo de montagem, são consideradas componentes, pois, geralmente, apesar dessa indústria fabricar grande parte das peças do veículo, ainda assim, pode haver a necessidade de terceirizar a compra de algum componente e que se faz necessário para a conclusão do produto. A imagem a seguir representa as fases de montagem do veículo. Competência 02 41 Figura 10 – Processo de Montagem do Veículo em Indústria Automobilística Fonte: https://quatrorodas.abril.com.br/ Descrição: A imagem ilustra um carro passando por várias etapas no processo de fabricação e montagem, onde é visto na fase inicial de agrupamento por soda da base realizado por máquinas, na sequência são inseridos os para-choques traseiro, frontal e capô por homens. Na sequência a lataria que era prata está sendo pintada de preto por máquinas e por fim são inseridas as rodas por homens. • Estoque de Produtos Acabados Referem-se aos produtos já prontos e acabados para vendas, cujos processamentos foram completados inteira e definitivamente. Constitui o estágio final do processo produtivo, ou seja, já passaram por todas as fases, como matéria prima, materiais em processamentos, materiais semiacabados, materiais acabados, tornando-se produtos acabados. Devem estar prontos para a entrega tão logo a venda seja realizada. É o mais líquido dos estoques, pois sua transformação em caixa depende da venda, do prazo e da cobrança. Estes são os produtos que estão na área de armazenagem e posicionados estrategicamente para aperfeiçoar o fluxo de separação e expedição do produto. A Figura a seguir representa o estoque de produtos acabados em um armazém. https://quatrorodas.abril.com.br/ Competência 02 42 Figura 11 – Materiais em Armazém Fonte: https://www.fabrimetalarmazenagem.com.br/ Descrição: Na imagem é visto uma empilhadeira de cor alaranjada sendo operada por um homem em trajes azul e laranja dentro de um armazém em que está empilhando palete carregado de caixas unitizadas num porta-palete. • Estoques de suprimentos, de reparo e de operação (MRO) Os estoques de suprimentos, de reparo e de operação são itens utilizados na produção que não se tornam partes do produto. Incluem, por exemplo, ferramentas manuais, peças sobressalentes, lubrificantes, materiais de limpeza, lápis e borrachas, entre outros. Ou seja, tudo que não é matéria-prima para a produção da empresa está na categoria de MRO (Manutenção, Reparo e Operações). Naturalmente, companhias de grande porte têm um alto número de demandas e, para que tudo funcione, é necessário ter ferramentas, produtos e outros itens. No entanto, gerir suprimentos de MRO é importante para que a empresa não precise lidar com impeditivos que atrapalhem o dinamismo da rotina, por exemplo. Qualquer queda na produtividade pode representar prejuízos, atrasos na entrega e até o relacionamento dificultado com distribuidores e clientes. Cada categoria de material englobado por MRO tem impacto direto no bom funcionamento da empresa como um todo e, consequentemente, em sua produção. Observe o Quadro a seguir, que apresenta classificação dos estoques do tipo MRO separadamente: https://www.fabrimetalarmazenagem.com.br/ Competência 02 43 Quadro 9 – Classificação de Estoques MRO Fonte: Elaborado pelo autor com base no Blog e-Sales Descrição: O quadro apresenta os conceitos referentes a cada uma das siglas do MRO. Estimado(a) estudante, após ter conhecido a classificação dos estoques quanto ao tipo, o próximo tópico tratará sobre a classificação de estoques por níveis de valor. 2.2 Classificação de Estoque por Níveis de Valor 2.2.1 Curva ABC A curva ABC é uma importante ferramenta que auxilia o administrador; ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua Na categoria manutenção estão incluídos todos os materiais necessários para a rotina da fábrica, de materiais de limpeza até ferramentas operacionais. Tudo é englobado dentro do conceito de que são itens indispensáveis para que a produção se desenvolva e para que a companhia funcione. Manutenção Em reparos estão os itens que serão utilizados para reparos comuns que, consequentemente, o maquinário da produção vai precisar em algum momento. Soldas, parafusos e outras ferramentas estão inclusas. A alta exigência pela qual as máquinas passam gera possibilidade de problemas mecânicos. Ter um estoque organizado e de prontidão ajuda a reduzir o tempo de equipamentos parados e evitar perdas no volume de produção. Reparos Nessa categoria está tudo que é fundamental para a operação da empresa, ou seja, todo processo de produção e funcionamento. São itens como EPIs, ferramentas de ajustes de produtos, instrumentos de testes e o que mais for necessário. Os itens de operação talvez sejam os mais importantes na continuidade do dia a dia, uma vez que eles têm influência direta no nível
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