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TRABALHO DE ANJOS A MULHERES

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS 
CURSO DE ENFERMAGEM 
DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS SÓCIO FILOSÓFICOS 
CARLA VIVIANE DE MENESES OLIVEIRA 
CATERINE HELEN COUTINHO DE SOUZA 
LIANA SOARES BARROSO 
MARINA ROCHA BARROS DE LIMA 
VIVIAN MAGALHÃES DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DO CAPÍTULO 2 DO LIVRO “DE ANJOS A MULHERES” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA – CE 
2021 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ 
CARLA VIVIANE DE MENESES OLIVEIRA 
CATERINE HELEN COUTINHO DE SOUZA 
LIANA SOARES BARROSO 
MARINA ROCHA BARROS DE LIMA 
VIVIAN MAGALHÃES DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DO CAPÍTULO 2 DO LIVRO “DE ANJOS A MULHERES” 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à docente, Profa. Dra. Marinina 
Gruska Benevides, e aos discentes da disciplina de 
Fundamentos Sócio Filosóficos como requisito para 
uma das avaliações referentes ao 1º semestre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA – CE 
2021 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................04 
2. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 05 
2.1 AS RELAÇÕES DE GÊNERO .......................................................................... 05 
2.2 O ESPÍRITO DE SERVIR COMO UM PRINCÍPIO IDEOLÓGICO NA 
ENFERMAGEM…………………………………………………………..…….05 
2.3 O RESPEITO À HIERARQUIA……………………………………………......07 
2.4 A NORMA A SERVIÇO DA REPRODUÇÃO DE GÊNERO NO SEIO DA 
ENFERMAGEM……………………………………………………………..….09 
2.5 O PERFIL DE UMA ENFERMEIRA……………………………………….…..10 
2.6 ENTREVISTAS COM PROFISSIONAIS DA ÁREA………………………….11 
3. CONCLUSÃO………………………………………………………………………14 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………15 
5. APÊNDICE……………………………………………………………………..…..16 
 5.1 APÊNDICE A – CRÍTICAS SOBRE O LIVRO………………………………..16 
 5.2 APÊNDICE B – ANÁLISES SOBRE AS ENTREVISTAS……..……………..18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
 No capítulo dois do livro “De anjo a mulheres”, da autora Elizete Passos, é feita uma 
abordagem sobre os aspectos históricos e sociais da formação da enfermagem brasileira. 
Nesse trabalho, construiremos uma crítica acerca da relação de gênero, da hierarquização, dos 
princípios éticos e do perfil do profissional da enfermagem, além de buscar compreender 
normas e ideologias que embasam a institucionalização da profissão, uma vez que é 
importante conhecer o contexto histórico e as influências ao longo do processo de evolução de 
uma enfermagem, a princípio meramente religiosa e patriarcal, até uma engendrada no viés 
técnico e científico. 
 Somado a isso, faremos uma entrevista com profissionais atuantes na área, com o 
intuito de esclarecer dúvidas sobre preconceitos, paradigmas e hierarquias existentes na 
enfermagem ainda hoje na sociedade brasileira. Dessa forma, podemos refletir o quanto é 
relevante ter conhecimento do dia a dia do enfermeiro na prática, para uma boa formação 
acadêmica enquanto estudantes de enfermagem.
5 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 2.1. AS RELAÇÕES DE GÊNERO 
 Neste capítulo é feita um discussão acerca da palavra gênero, a qual foi amplamente 
difundida pelas feministas americanas que buscavam enfatizar a diferença entre os sexos com 
base no aspecto social, evitando assim não relacionar com o caráter biológico, o qual mostra a 
mulher como um ser frágil devido a sua estatura física. É crucial esclarecer que, a princípio, a 
figura feminina, na sociedade coletora, estava presente no trabalho, muitas vezes, exaustivo e 
com uso de força física, entretanto, com o passar do tempo houve uma mudança quanto a isso, 
uma vez que a mulher passou a assumir o papel materno, sendo vista apenas como ser 
reprodutor para gerar mais homens. 
 Tendo em vista essa diferença, é necessário que haja um estudo dos sexos de maneira 
integrada, uma vez que o homem e a mulher não se dissociam dentro de uma sociedade. A 
abordagem da sexualidade é importante para que seja possível compreender as desigualdades 
de classe e raça, o alcance político e a manutenção ou alteração de uma ordem social, além de 
colocar em ênfase as questões feministas, no que se refere aos status e aos papéis dos gêneros 
no contexto social. Pode-se concluir que é relevante compreender o conceito de gênero, como 
uma organização social e formadora de relações de poder, para que se possa fazer uma 
abordagem geral da história da enfermagem brasileira e desmitificar o que a enfermagem tem 
representado durante seu curso ao longo do tempo, ou seja, mudanças nas ideologias e como 
influenciou o tradicional modelo feminino. 
 2.2. O ESPÍRITO DE SERVIR COMO UM PRINCÍPIO IDEOLÓGICO NA 
ENFERMAGEM 
 A enfermagem sempre sofreu muito influência da religião até chegar a sua formação 
atual como ciência, visto que a igreja possuía grande poder na sociedade e na política nesse 
tempo. Nesse viés, os cuidados à saúde eram feitos de forma gratuita e caridosa, isto é, não 
existia nenhuma remuneração, a recompensa viria após a morte. Um exemplo disso é 
mostrado no livro com a existência das Casas de Misericórdia, as quais acolhiam crianças, 
pobres e doentes para disponibilizar cuidados dentro dos preceitos cristãos, esse cuidado era 
praticado por pessoas leigas, sem uma base técnica. A influência da religião era tão evidente 
que existia uma analogia entre o Cristo Sacrificado, como sendo o doente e o Divino Mestre, 
como o enfermeiro. Dessa forma, o ato de cuidar estava associado ao valor que se tinha pelo 
ser humano de maneira mais afetiva, daí surge então o espírito de servir relacionado ao 
6 
 
cristianismo. 
 A enfermagem brasileira tem forte influência da Inglaterra com a Florence 
Nightingale que sempre relacionou a religião com o cuidado na sua formação como 
enfermeira, deixando claro que o corpo humano é uma realização divina, portanto, em um 
cenário de doença é necessário se livrar dela para colaborar com Deus. Florence priorizava a 
união do corpo com o espírito, o que caracteriza bem o teor religioso em suas teorias, pois o 
auge da enfermagem seria essa associação entre corpo e alma de maneira plena. 
 Os profissionais da enfermagem eram valorizados pelos familiares dos doentes por 
atuarem com muita dedicação e zelo para com os pacientes, fugindo, muitas vezes, do 
conformismo e das ideologias apregoadas pela sociedade, propiciando bem-estar através de 
cuidados. Afinal, a enfermagem é um trabalho árduo que necessita de uma execução 
embasada na competência e na dedicação para com o outro. 
 Somado a isso, o enfermeiro possuía o papel de educador, uma vez que buscava 
ensinar o paciente a dar um sentido profundo à vida, isto é, buscar a essência e o valor de se 
estar vivo. Para que esse papel fosse efetivado, os religiosos decidiram que seria viável que a 
mulheres assumissem essa função, haja vista que elas eram consideradas educadoras natas, 
pelo fato de possuírem o dom da maternidade. Nessa perspectiva, a enfermagem prosseguiu 
com passos lentos porque sua formação continuava sem uma base técnica, era voltada para o 
senso comum atrelado à intuição, isto é, era praticada como uma arte ou apenas como uma 
maneira de ajudar o outro, sem nenhum embasamento teórico relevante. Pode-se inferir que a 
atual situação da enfermagem brasileira é um reflexo de um passado marcado pela 
desvalorização do profissional do cuidado. 
 Com o surgimento de inúmeras doenças no território brasileiro, como febre amarela, 
cólera e varíola, notou-se uma maior importância da saúde como forma de diminuir a 
proliferação dessas doenças, o que colocou em ênfase o papel da enfermagem, como forma de 
incentivar a melhoria dos hábitos da população. Para isso, o governo optou por enviar 
enfermeiras nos lares para que elas pudessem educar o civis, ou seja, elas passariam a assumir 
o papel de educadoras sanitárias, ensinado hábitos saudáveis,afim de melhorar a qualidade de 
vida da população e por conseguinte evitar a proliferação de doenças. Com isso, iniciou-se, 
por meio do Serviço de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, uma 
formação técnica das enfermeiras para ensinar sobre alimentação, higiene e saúde no geral. 
Então, foi possível notar que a formação técnica passou a ter um grande valor, todavia, sem 
7 
 
deixar a inspiração religiosa de lado, a Associação Brasileira de Enfermagem soube fazer isso 
de maneira a atrelar a religião ao tecnicismo. 
 Apesar de a enfermagem ter formado uma base técnica primária, ainda assim 
perpetuava-se o ideário da profissão como forma de caridade, devoção e renúncia, tais 
aspectos sempre transmitidos por entidades religiosas, como o Papa Pio XII, o qual deixava 
claro em seus discursos a necessidade de praticar o cuidado como ato de caridade e ajuda para 
com o outro, nomeando enfermeiras de apóstolas da caridade. Diante disso, a enfermagem 
seguia seu percurso ainda sem uma base científica e muito pautada na religiosidade. 
 Além dessa questão, o espírito de servir tinha o devotamento como princípio que 
tinha como intuito alegar que o indivíduo não possui início e término de serviço, ou seja, o 
expediente depende da necessidade de cada um e do momento. Tal situação tratava a 
enfermeira como um anjo, que deveria estar a todo instante ao lado do doente por ser enviada 
por Deus, além de não levar em consideração sua vida pessoal e o cansaço. Nessa perspectiva, 
o profissional era incansável, o que iria muito além da condição humana. Infelizmente, essa 
realidade permeia no Brasil hodierno, tendo em vista que os profissionais da enfermagem não 
possuem uma carga horária definida para cumprir seus trabalhos. 
 O processo de convencimento foi colocado em questão para que as enfermeiras 
sentissem a obrigação de atuar, dessa forma a religião foi crucial para alcançar esse objetivo, 
esclarecendo o papel da mulher no que se refere à possibilidade de evitar doenças e reduzir a 
mortalidade. Nesse cenário, as enfermeiras se tornavam cada vez mais presas ao ideário do 
devotamento e consequentemente não conseguiam se distanciar da profissão, mesmo que 
viesse a causar transtornos, como o reconhecimento de si mesmo como indivíduo. 
 Com todos esses percalços, a enfermagem conseguiu sua institucionalização com a 
fundação da Escola Anna Nery, ainda com muitos traços românticos e idealizados da 
profissão, mostrando que é uma missão da mulher ajudar, servir, acompanhar e colaborar. 
 2.3. O RESPEITO À HIERARQUIA 
 Por muitos anos, a enfermagem foi subordinada à medicina, como se os enfermeiros 
fossem os que não chegaram a ser médicos por falta de algo, seja por carência de mérito ou 
por escassez de recursos financeiros. Nesse sentido, a enfermagem foi posta como atividade 
auxiliar da medicina. Ao definir as áreas de competência de cada uma, colocou-se a medicina 
como a parte mais valorizada do serviço, a de diagnosticar e curar, e a enfermagem como a 
8 
 
mais trabalhosa e mais desvalorizada, a de prestar assistência ao médico e cuidar do paciente, 
oferecendo-lhe serviço e carinho, funções essas essenciais, mas rebaixadas no âmbito 
hospitalar. 
Um dos maiores argumentos usados para justificar tal desvantagem é o religioso, 
afirmando que a enfermagem é um cargo divino, comparados com uma ocupação de anjos, 
enviados para aliviar a dor e o sofrimento de seus semelhantes. Outro argumento utilizado é 
que as enfermeiras estão destinadas ao serviço de cuidar, pois o cargo é exercido por uma 
maioria feminina, pela qual foi taxada e está enraizado na cultura cristã como sendo o sexo 
submisso, enquanto cabe ao gênero masculino, o “superior”, o cargo mais valorizado: o do 
médico. Nesse sentido, cabe a mulher, pouco valorizada e restrita ao espaço interno e ao 
trabalho doméstico sem remuneração, a profissão da enfermagem, sendo esta vista como 
atividade sem relevância social e atratividade econômica. Portanto, não é possível diferenciar 
se a mulher é destinada a ser enfermeira por ela ser o gênero desvalorizado, ou se a profissão 
é desvalorizada por ser exercida majoritariamente por mulheres, porque as duas afirmativas 
estão corretas. 
Na série televisiva, Ratched, aborda um pouco sobre esse assunto. Nela a 
protagonista começa a trabalhar como enfermeira em um hospital psiquiátrico somente por 
uma indicação de uma carta falsificada pela mesma, pois ela não possuía diploma e a 
instituição hospitalar não exigia, sinalizando então uma falta de importância com a 
qualificação dos profissionais. No decorrer da trama, retratada no século XIX, são vistas 
várias outras situações alarmantes, como a subordinação das enfermeiras aos médicos, a má 
remuneração pela jornada longa de trabalho, além do machismo. Esses acontecimentos 
ficcionados pela serie são reflexos do que realmente acontece no ambiente hospitalar. 
Florence Nitghingale, precursora da enfermagem na Europa, foi um grande exemplo 
no aspecto sexista do cargo. Em seu livro “Notas sobre enfermagem”, ela demonstra ter ideias 
preconceituosas sobre as mulheres, ao citar suas inconsequências quanto ao modo inadequado 
de se portarem, sua visão sobre o mundo, sua insegurança e sua incompetência. Em 
contraponto, ela mesma apresentava-se totalmente o contrário do que criticava, ela era 
destemida, decidida, autoritária, articulista e inteligente, qualidades essas socialmente vistas 
como destinadas ao homem. Além de ter formulado a Teoria Ambientalista no espaço 
hospitalar, ela ajudou a elevar a enfermagem à categoria de profissão, que requeria 
especialização acadêmica sobre pilares científicos. A partir disso, as profissionais da época 
começaram a tomar consciência que tais preconceitos, além de refletirem o fato da 
9 
 
identificação da enfermagem como uma atividade feminina e do seu caráter religioso e 
caridoso, achava-se vinculado a outros elementos, como o fato da enfermagem ter sido, por 
muito tempo, um curso sem tantos pré-requisitos e especialidades, bastando ter somente o 
nível médio, além da carência de organização política da categoria e a não existência de um 
código de ética que garantisse seus direitos no exercício da profissão. 
No Brasil, Ana Néri, precursora da Cruz Vermelha no país e considerada a primeira 
enfermeira da região brasileira por sua atuação na Guerra do Paraguai (1864-1870), teve em 
sua homenagem a primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no país, denominada 
de Ana Néri. Essa escola de enfermagem significava um grande avanço na busca de 
qualificação da profissão. E, além disso, incentivou outras regiões do país a dar início as suas 
próprias escolas, como foi feito no Ceará, local onde foi criada a Escola de enfermagem de 
São Vicente de Paulo no ano de 1943 pelas Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo. 
Atualmente essa escola corresponde ao curso de enfermagem na Universidade Estadual do 
Ceará (UECE). 
A partir disso, a profissão de enfermagem passou a ser mais valorizada, visto que é 
preciso de uma preparação técnica e científica para se tornar enfermeiro(a). Nesse viés, 
também foi criado um código de Ética em enfermagem em 10 de julho de 1953, passo 
importante para a garantia de reconhecimento e individualidade como profissão. Entretanto, a 
luta valorização continua até os dias atuais, como é o caso da PL2564-o projeto de lei que 
busca instituir o piso salarial aos Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliar de 
Enfermagem, e da Parteira. 
 2.4. A NORMA A SERVIÇO DA REPRODUÇÃO DE GÊNERO NO SEIO DA 
ENFERMAGEM 
 A enfermagem surgiu em um contexto muito conservador, em que o patriarcado e a 
religiosidade dominavam, por isso foi tão influenciada por esses conceitos. No início, era uma 
prática realizada exclusivamente pelo sexo feminino, pois suas atribuições giravam em torno 
do cuidado e da obediência, funções associadas às mulheres, que tinham que sersubmissas ao 
que era imposto e possuíam uma vida voltada ao cuidado para com a sua residência e sua 
família. Além disso, a enfermagem era baseada numa ética espiritual, em que o mais 
importante não era conhecimento técnico, mas sim seguir a moral cristã e se dedicar 
totalmente ao ato de servir. 
 Por ser uma prática ainda muito abstrata, começou-se a estudar o exercício da 
10 
 
enfermagem, dando início, então, ao molde das atividades e ao estabelecimento do que é certo 
e errado, buscando a normatização e a regulamentação da conduta das enfermeiras. No 
entanto, esse código de conduta, apesar de listar alguns aspectos importantes, como o fato do 
enfermeiro ter como sua principal responsabilidade a conservação da saúde dos seres 
humanos, continuava influenciado pelo contexto da época, portanto prezava pela obediência 
aos médicos, pela religiosidade e pelo ato de servir. Assim, a enfermagem não era tratada 
como uma profissão, mas sim como uma vocação, baseada na caridade, na dedicação e no 
devotamento, em que a parte técnica era necessária, mas não era prioridade, resumindo anos 
de estudos à execuções de simples tarefas. 
 Mesmo com o passar do tempo, os ideais antiquados continuaram persistindo, de 
modo que o código de ética da enfermagem passou por várias atualizações e em todas elas o 
verbo “obedecer” era frequentemente ressaltado. Hoje, depois de muitas experiências vividas 
e com a supressão de ideologias conservadoras, nota-se muitas diferenças positivas na 
construção do código de ética da profissão: a enfermagem é uma ciência e sua relevância é 
cada vez mais percebida na área da saúde, suas atribuições não se resumem a obedecer ordens 
da classe médica e seu conhecimento científico colabora de forma significativa para o avanço 
da sociedade, muitos indivíduos do sexo masculino estão sendo atraídos pela área e, de pouco 
em pouco, os preconceitos estão sendo quebrados. 
 O passado conservador da profissão deixou muitas marcas, as quais a classe ainda 
luta para superar. O enfermeiro ainda é muito explorado, suas cargas horárias são extensas e o 
seu salário não é equivalente à quantidade de trabalho que efetua, por isso, é de extrema 
importância valorizar essa classe e apoiá-la na busca por seus direitos, pois ela é de extrema 
importância para o pleno funcionamento do sistema de saúde, fato ainda mais evidenciado 
pelo contexto pandêmico. Como o livro aborda nesse capítulo, a fundação da enfermagem foi 
conturbada, com ideias equivocadas e errôneas, e, na atualidade, estas devem servir para 
apontar a inadequação e, com base nisso, elaborar uma ética benéfica para esses profissionais, 
e não usar tais ideais antiquados como uma tradição a ser seguida. Pelo contrário, essa 
tradição deve ser quebrada. 
 2.5. O PERFIL DE UMA ENFERMEIRA 
 É possível associar a enfermagem a um padrão construído no decorrer da história da 
profissão, dentre eles, Florence utiliza a perspectiva de uma “boa” enfermeira como aquela 
pessoa digna de confiança e que está atenta às mudanças de quadro de saúde do paciente, 
11 
 
além de perceber o estado fisiológico é capaz de observar minuciosamente os 
comportamentos que podem influenciar no processo de cura. Tudo isso também está alinhado 
à competência e preparo para exercer as funções, que darão autonomia ao enfermeiro para 
realizar uma atividade criativa e não apenas uma execução de tarefas robotizadas. 
 Antigamente, a profissão era considerada uma prática sem preparo técnico e 
realizada apenas por devotamento. A título de referência, é possível atribuir alguns símbolos 
religiosos, como a cruz de brilhante (uma referência dada ao sangue que cristo derramou na 
cruz) esse símbolo tinha a finalidade de inspirar a missão dada às enfermeiras. Ademais, 
temos a lâmpada (que enfatizava a preocupação dos profissionais em confortar as pessoas 
doentes). Esses atributos se associavam a imagem caridosa da enfermeira, que por muito 
tempo era conhecida como “Sister”, na Inglaterra, uma vez que a enfermagem se associava a 
um viés heróico (como anjo na paz e na guerra) e também de vocação maternal (sendo 
propícia a uma disposição relacionada ao cuidado). 
 A enfermagem foi se modificando, primeiro com Florence, com a concepção de que 
o ato de cuidar poderia ser algo de cunho científico e abordou como meio ambiente poderia 
ser determinante para o processo de recuperação do paciente, como também, entre 1960/1970, 
houve a sistematização do conhecimento, formulação de conceitos e teorias que iriam 
respaldar a profissão, adquirindo o status de “Nurse”, termo criado para referenciar os 
cuidados de enfermagem. 
 Foi preciso romper com alguns preconceitos historicamente estabelecidos, entre eles, 
a de ver o profissional de enfermagem como uma figura passiva e apenas cumpridora de 
ordens, contudo, na atualidade, é preciso que o enfermeiro se imponha em determinadas 
situações, trabalhando de forma horizontal com a equipe multiprofissional de saúde, dessa 
forma, o atendimento será realizado de forma complementar e não hierarquizada, uma vez que 
cada profissional tem a sua importância no cuidado. Além disso, podemos concluir que a 
enfermagem hoje é uma profissão pluralista, considerando não só como arte e sim como 
ciência, também uma profissão de conhecimento técnico, teórico e prático assistencial. Ao 
observar essa concepção, é possível superar o status de anjos e atingirem o de mulheres. 
 2.6. ENTREVISTAS COM PROFISSIONAIS DA ÁREA 
 Para que pudéssemos tornar o nosso estudo mais completo acerca da obra “De anjo a 
mulheres”, da autora Elizete Passos, fizemos um formulário, o qual fora respondido por 
alguns profissionais atuantes da enfermagem, buscando esclarecer algumas dúvidas que 
12 
 
surgiram no decorrer da leitura do capítulo 2. As perguntas foram: 
1- A enfermagem, desde sua criação, sofreu com o processo de hierarquização dentro do 
ambiente hospitalar, uma vez que o médico era sempre visto como soberano em detrimento do 
profissional da enfermagem. Tal realidade ainda é muito evidente hoje, você poderia citar 
alguma situação dentro do seu contexto? 
2- As marcas deixadas pelo patriarcalismo presente na fundação da enfermagem ainda 
persistem nos dias de hoje. Quais situações relacionadas a um “padrão ideal” de 
comportamento feminino você enfrenta no dia a dia? 
3- Sabe-se a importância de conhecer os princípios bioéticos da enfermagem, como a 
beneficência, não maleficência, veracidade e autonomia, pois eles nortearão o profissional a 
ter a conduta correta com os pacientes. Diante disso, você já se deparou com alguma situação 
de colegas infringindo os princípios bioéticos no trabalho e que não foram denunciados aos 
superiores? Cite um exemplo. 
 Diante desse formulário, os profissionais responderam de acordo com as suas 
experiências vividas dentro de um hospital como enfermeiros atuantes. 
 A primeira entrevistada foi a enfermeira Cristiane Cid Cruz, formada pela 
Universidade Estadual do Ceará e que trabalha atualmente na Unidade Básica de Saúde 
Casemiro Filho, em Fortaleza. Na primeira questão, ela justificou que a enfermagem já 
conseguiu superar muitos obstáculos devido ao empoderamento dos profissionais, e assim, 
houve uma redução considerável dos assédios vivenciados dentro do ambiente hospitalar. 
Apesar disso, ainda persistem algumas práticas, como acordar médicos em repouso, quando 
isto não deveria ser uma função do profissional da enfermagem, mas uma questão de 
responsabilidade própria do médico. Já na segunda questão, a enfermeira esclareceu sobre o 
padrão ideal do comportamento feminino da enfermagem que, para ela, as pessoas costumam 
associar a profissão à caridade, ou seja, tornam o enfermeiro um ser “angelical” e, por isso, 
romantizam a profissão como sendo completamente feminina. Por fim, na terceira, Cristiane 
deixa evidente que, muitas vezes, os princípios bioéticos não são seguidos pelos profissionaisda enfermagem, tendo em vista que ela já presenciou colegas de trabalho gritarem com o 
paciente ou acompanhante, deixando-os, dessa forma, desestabilizados emocionalmente e 
tornando o ambiente hospitalar mais hostil. 
 A segunda entrevistada foi a enfermeira Jordana Marjorie, formada pela 
13 
 
Universidade Estadual do Ceará e atualmente residente em cancerologia pelo Hospital Geral 
de Fortaleza. No que se refere à primeira pergunta, ela esclareceu que essa realidade de 
hierarquização é muito comum na saúde, principalmente dentro da enfermagem, onde também 
existe a sexualização da enfermeira e desrespeito aos seus conhecimentos científicos. Nesse 
contexto, muitas vezes, a opinião do médico acaba sendo a única e exclusiva verdade 
considerada, tanto pelos profissionais da área quanto pelos pacientes, os quais ratificam essa 
desvalorização e hierarquização da enfermagem, já enraizada na sociedade. Na segunda 
questão, Jordana disse que existem situações em que os médicos do sexo masculino não 
respeitam a opinião da enfermeira, mas que, se fosse um enfermeiro, ele consideraria como 
correta. Além disso, ela deixa claro que o machismo e a sexualização da enfermeira são 
marcas do patriarcalismo. Para finalizar, a enfermeira alega ainda não ter visto situações no 
seu ambiente hospitalar que infringissem o código de ética da enfermagem. 
 As falas das enfermeiras as quais aplicamos a entrevista foi de extrema importância 
para tirar algumas dúvidas que permaneceram mesmo após a leitura do livro, além de 
mostrarem vários exemplos práticos de toda a teoria e contextualização feita no capítulo. 
Assim, foi possível conhecer mais sobre o contexto hospitalar, que muitas vezes pode ser 
hostil e preconceituoso, por isso a relevância de conhecer e se aprofundar no assunto: para 
poder saber em que situações ele ainda persiste e, dessa forma, combatê-lo.
14 
 
3. CONCLUSÃO 
 A leitura do livro “De anjos a mulheres” possibilitou um entendimento mais 
aprofundado sobre a formação da Enfermagem no Brasil, que teve como base a forte 
influência dos princípios religiosos e patriarcais que marcavam a sociedade da época. Com 
essa expansão de conhecimento fornecida pelo livro, é importante ressaltar o quanto o senso 
crítico das integrantes da equipe foi ampliado, de forma que nos sentimos muito mais 
preparadas para lidar e combater as situações preconceituosas que persistem no cenário da 
Enfermagem. Além disso, foi de extrema relevância conhecer as instituições políticas e a 
legislação que rege os profissionais da área, para conhecer a base política e, assim, denunciar 
casos que não estão compatíveis com ela. 
 Portanto, a compreensão do contexto histórico da Enfermagem brasileira foi de 
fundamental importância em prol de motivar a mudar a realidade de desvalorização da 
profissão. Ademais, as perguntas da entrevista realizada focadas na hierarquização, no efeito 
da sociedade patriarcalista e na ética da área da saúde, mostraram para a equipe que, apesar de 
um cenário tão negativo ainda se fazer presente nos dias atuais, há esperança de um futuro 
melhor na profissão, pois, como há cada vez mais criticidade entre os enfermeiros, eles lutam 
contra os preconceitos e, assim, aumentam o empoderamento da Enfermagem. Sob esse viés, 
cabe a nós, acadêmicas em enfermagem, auxiliar na luta contra a desvalorização dessa área 
tão importante que escolhemos para amar e seguir.
15 
 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANGERAMI, E.L.S. & CORREIA, F. de A. Em que consiste a enfermagem. Rev. Esc. Enf. 
USP, São Paulo, 25(3):337-344, dez. 1989. 
http://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx?id=Mg== SITE HERÓIS DA SAÚDE NA 
BAHIA, BIOGRAFIA DE ANA JUSTINA FERREIRA NERI. 
http://aenfermagemnoceara.blogspot.com/2017/06/a-historia-da-enfermagem-no-brasil-e-
no_63.html SITE A ENFERMAGEM NO CEARÁ, A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO 
BRASIL E NO CEARÁ. 
https://www.scielo.br/j/tce/a/WgRwyHd9B9Sc9Wj8zqcN4qh/?lang=pt SITE SCIELO, PRIMEIRO 
CÓDIGO INTERNACIONAL DE ÉTICA DE ENFERMAGEM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx?id=Mg==
http://aenfermagemnoceara.blogspot.com/2017/06/a-historia-da-enfermagem-no-brasil-e-no_63.html
http://aenfermagemnoceara.blogspot.com/2017/06/a-historia-da-enfermagem-no-brasil-e-no_63.html
https://www.scielo.br/j/tce/a/WgRwyHd9B9Sc9Wj8zqcN4qh/?lang=pt
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 5. APÊNDICE 
 5.1. APÊNDICE A – CRÍTICAS SOBRE O LIVRO 
 Nessa parte inicial do capítulo, é possível compreender a forte influência da religião e do 
gênero do que concerne à consolidação da enfermagem como profissão no Brasil, haja vista que os 
princípios cristãos foram os principais pilares da enfermagem, no que se diz respeito ao espírito de 
servir, ao cuidado como forma de caridade, à valorização do ser humano, ao endeusamento da 
enfermeira ao ser vista como um anjo enviado por Deus e à união do corpo e da alma para o processo 
da cura. Quanto ao gênero, pode-se inferir que a escolha da mulher como profissional da enfermagem 
está diretamente associada à sociedade patriarcal do período, tendo em vista que a figura feminina 
possuía um grande apelo emocional materno, demonstrando assim afetividade para com o paciente. 
Diante disso, é notória a desvalorização da enfermagem desde o seu nascimento, uma vez que a 
mulher, nesse tempo, estava configurada em um contexto de subserviência e renúncia, sendo esses 
aspectos, portanto, refletidos na profissão. 
- Discente Liana Soares Barroso, que ficou responsável pela parte do capítulo correspondente às 
páginas 41 a 47. 
 Nesse livro, De Anjos a Mulheres, foi possível enxergar a importância do conhecimento 
da história e dos preceitos que rodeiam a profissão da enfermagem. Esses conceitos são 
fundamentais para entender como tudo funciona e o porquê da atual composição 
predominantemente feminina na área. E, além disso, adquirir uma maior criticidade em 
relação aos preconceitos enraizados na profissão, completando a formação universitária e 
preparando os futuros enfermeiros(as) para os desafios que rodeiam o cargo. 
- Discente Vivian Magalhães de Sousa, que ficou responsável pela parte do capítulo 
correspondente às páginas 48 a 54. 
 O livro “De anjos a mulheres” proporciona uma compreensão fácil da leitura, para, 
assim, podermos entender os desafios da enfermagem desde a sua formação no Brasil. No 
subtópico “O respeito à hierarquia” do capítulo 2, entende-se bem a persistência da 
desvalorização das enfermeiras, tanto em questão financeira quanto ao seu papel profissional, 
fato que é um problema estrutural advindo do patriarcalismo, que passa por todas as gerações 
de enfermeiros. Apesar de no século XXI as mulheres terem conseguido inúmeras conquistas 
de autonomia social, isso ainda não se mostrou ser suficiente para acabar com o preconceito 
sofrido por elas. Diante disso, as enfermeiras acabam se sentindo inferiores, submissas, e 
infelizmente, conhecidas como “secretária do médico”, por exemplo. Entretanto, a categoria 
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tem avançado ao longo dos anos em outros segmentos com a administração das organizações 
políticas, como por exemplo a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que busca pelo 
reconhecimento dos direitos desses profissionais. 
- Discente Marina Rocha Barros de Lima, que ficou responsável pela parte do capítulo 
correspondente às páginas 55 a 61. 
 A leitura do capítulo foi de extrema contribuição intelectual e pessoal, pois, para ser 
um bom profissional, é necessário conhecer as normas, os fundamentos e a história da 
profissão que será exercida pelo indivíduo, pois todos esses aspectos influenciam nas 
situações vivenciadas pelos profissionais da área na época atual, e o livro aborda com precisão 
esses conceitos no âmbito da enfermagem. Sob esse viés, a autora do livro, mais 
especificamente no capítulo estudado, comenta com clareza a construção da enfermagem, 
abordando o preconceitoe a hierarquização pelos quais as enfermeiras eram submetidas, de 
modo a fazer compreender o cenário atual da profissão, que ainda é desvalorizada e sofre com 
algumas marcas negativas deixadas pelo seu passado. Dessa forma, a leitura do capítulo 
edifica o conhecimento, fazendo com que os fatos que marcaram a fundação da enfermagem 
sirvam como base para reescrever uma nova história, em que os preconceitos e a 
desvalorização sofridos pelos enfermeiros sejam deixados para trás, apenas como um degrau 
que foi necessário para chegar ao topo. No entanto, para que isso aconteça, é necessário lutar 
contra os desafios impostos e suprimi-los, e o livro “De anjos a mulheres” dá um incrível 
suporte teórico para que os profissionais da área, com o auxílio do corpo civil, quebrem os 
estigmas do passado e, assim, a enfermagem seja reconhecida como merece. 
- Discente Carla Viviane de Meneses Oliveira, que ficou responsável pela parte do capítulo 
correspondente às páginas 62 a 68. 
 Diante da leitura do livro é possível perceber que a enfermagem passou por diversas 
transformações de cunho científico, dando um respaldo maior ao exercício da profissão. 
Contudo, as influências de um patriarcalismo enraizado impediram muitos profissionais da 
enfermagem no exercício pleno de suas atividades laborais. A partir disso, pode-se associar ao 
padrão de “mulher ideal” da sociedade Inglesa no século XVIII, em que a renúncia, a 
obediência e o sacrifício são vistos como características essenciais para o perfil de uma 
enfermeira, que muito tempo ainda se associava como um ser heróico ou até mesmo de dons 
extraordinários, como um anjo. Entretanto, para Florence, essas concepções se distanciam da 
realidade vivenciada pelas profissionais, que, de fato, apresentam uma vocação para a 
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assistência, mas também são capazes de analisar de forma crítica como o ambiente pode 
influenciar no processo de tratamento. Não somente ser enfermeira por apresentar 
“predisposições maternas”, como muitos relataram antigamente, e sim por se tornarem 
profissionais que adquiriram competência teórico, científica e prática para tal feito. Além 
disso ,por muito tempo, observou-se uma relação vertical, uma enfermagem apenas 
cumpridora de regras e que precisava se submeter aos demais profissionais. Hoje, muitos 
enfermeiros investem em capacitações que irão, cada vez mais, dar uma maior credibilidade 
para a enfermagem e isso contribui positivamente para um maior vínculo com a equipe 
multiprofissional de saúde, colaborando para uma relação horizontal, uma vez que cada um 
tem a sua importância no processo de tratamento. 
- Discente Caterine Helen Coutinho de Souza, que ficou responsável pela parte do capítulo 
correspondente às páginas 69 a 75. 
 5.2. APÊNDICE B – ANÁLISES SOBRE AS ENTREVISTAS 
 Diante da entrevista exposta neste trabalho, é possível evidenciar que as profissionais 
questionadas possuem grande experiência no âmbito hospitalar, portanto, puderam deixar 
claro seus posicionamentos quanto à hierarquização e ao preconceito existente na 
enfermagem. 
 Com isso, é notória existência de assédios e sexualização da mulher dentro da 
enfermagem, ratificando, dessa forma, o que fora abordado no livro, ou seja, a permanência 
do patriarcalismo nos hospitais, desvalorizando o papel da mulher e exaltando o do homem, 
tendo em vista que a segunda entrevistada citou a questão da opinião do enfermeiro ser 
considerada em detrimento do posicionamento da enfermeira. Além disso, é importante frisar 
que ainda há uma forte hierarquização entre médicos e enfermeiros, apesar de cada 
profissional atuar em uma área diferente e possuírem bases científicas nas suas formações. 
 Diante disso, é possível concluir que a enfermagem ainda enfrenta inúmeros desafios 
dentro do seu contexto histórico, sendo necessária a valorização dos profissionais por parte da 
sociedade e do Governo. 
- Discente Liana Soares Barroso. 
O assunto abordado pelo livro é de extrema importância para a classe dos 
profissionais de enfermagem. Com isso, o surgimento de dúvidas acerca do tema pelos 
universitários da área é inevitável e dessa forma a entrevista apresentada está sendo essencial 
e enriquecedora para os acadêmicos de enfermagem. Paralelo a isso é indispensável ressaltar 
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o quanto é alarmante os casos relatados pelas enfermeiras Cristiane Cid e Jordana Marjorie, 
pois são problemáticas citadas no livro que acontecem há anos, e com as entrevistas fica claro 
o quando o assunto é importante e o quanto ele precisa ser discutido e combatido pelos 
estudantes do curso. Desse modo, será possível quebrarmos as raízes preconceituosas - 
religiosa e patriarcal – da Enfermagem. 
- Discente Vivian Magalhães de Sousa. 
 A partir da leitura do capítulo 2 do livro “De anjos a mulheres” foram 
elaboradas três perguntas acerca da hierarquização dos profissionais da saúde, 
sociedade patriarcalista e princípios bioéticos, para realizar a entrevista com 
enfermeiras com experiência profissional, a fim de completar o entendimento sobre os 
desafios históricos na Enfermagem. Na primeira pergunta, referente a hierarquização 
na saúde concluiu-se a presença do desprezo do conhecimento da enfermeira por 
médicos do sexo masculino. Na segunda, está relacionada com o problema estrutural 
de patriarcalismo no qual as enfermeiras ainda sofrem com o machismo dos médicos. 
E por fim, a terceira dúvida a respeito do descumprimento dos princípios bioéticos da 
enfermagem, na qual a primeira entrevistada relatou já ter presenciado situações de 
desrespeito de colegas com os pacientes. Pode-se notar que apesar das enfermeiras 
entrevistadas trabalharem em unidades diferentes elas enfrentam algumas situações 
em comum 
- Discente Marina Rocha Barros de Lima 
 As entrevistas foram importantes para expor quais tipos de situações poderemos nos 
deparar em nossa vida acadêmica e profissional, além de afirmar o que é abordado no livro, 
nos mostrando que práticas do século passado ainda persistem, infelizmente, nos dias atuais. 
Mesmo após todo o avanço técnico e científico da enfermagem, é revoltante ver que funções 
dos profissionais da área ainda são reduzidas a atos absurdos, como o de acordar médicos, 
além de todo o esforço dos estudos feitos na graduação serem ignorados, pois muitos ainda 
tratam a assistência de enfermagem como algo caridoso, sem base científica. Dessa forma, 
cabe a nós, acadêmicos e futuros enfermeiros, participarmos da luta contra a desvalorização 
dessa profissão tão importante, não aceitando situações antiquadas, como as listadas nas 
entrevistas, auxiliando no avanço científico da profissão e, assim, mostrando à sociedade o 
quanto somos relevantes. 
- Discente Carla Viviane de Meneses Oliveira. 
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 Ao analisar as entrevistas foi possível perceber que a enfermagem ainda sofre com 
situações de preconceito enraizado na sociedade, associando os profissionais da área com 
seres divinos e com uma vocação para o cuidado. Tal situação se evidencia ao que se diz 
respeito às mulheres, quando as marcas do patriarcalismo trouxeram uma imagem de 
fragilidade e pode ser observado um preconceito tanto por pacientes como pelos outros 
profissionais. A título de referência, podemos citar a discussão apontada na entrevista em que 
a questão de uma hierarquização dos profissionais de saúde ainda é tão presente na sociedade, 
trazendo uma equipe multiprofissional que atua de forma verticalizada e não de forma 
horizontal. Além disso, a questão da sexualização da enfermagem é um assunto que vem 
ganhando bastante notoriedade nos últimos anos, como notas de repúdio apresentadas pelos 
Conselhos Regionais de Enfermagem, em que médicos relacionaram a imagem de uma 
enfermeira como estratégia de marketing e atração ao público em geral, desrespeitando a 
profissão e pessoalmente a honra dos que a desempenham. Tais situações devem ser 
denunciadas para que a Enfermagemconquiste o empoderamento da profissão, dando a ela o 
respaldo que a tantos anos as mulheres lutaram para conquistar. Por isso que o projeto de lei 
2564 luta por um reconhecimento e melhores condições de trabalho, para que os profissionais 
não se submetam a situações que desmerecem a qualidade da sua profissão, como bem 
apresentado pelas enfermeiras na entrevista. 
- Discente Caterine Helen Coutinho de Souza 
 
 
	UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
	CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS
	CURSO DE ENFERMAGEM
	DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS SÓCIO FILOSÓFICOS
	CARLA VIVIANE DE MENESES OLIVEIRA
	CATERINE HELEN COUTINHO DE SOUZA
	LIANA SOARES BARROSO
	MARINA ROCHA BARROS DE LIMA
	VIVIAN MAGALHÃES DE SOUSA
	RESUMO DO CAPÍTULO 2 DO LIVRO “DE ANJOS A MULHERES”
	FORTALEZA – CE
	2021
	UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
	CARLA VIVIANE DE MENESES OLIVEIRA (1)
	CATERINE HELEN COUTINHO DE SOUZA (1)
	LIANA SOARES BARROSO (1)
	MARINA ROCHA BARROS DE LIMA (1)
	VIVIAN MAGALHÃES DE SOUSA (1)
	RESUMO DO CAPÍTULO 2 DO LIVRO “DE ANJOS A MULHERES”
	Trabalho apresentado à docente, Profa. Dra. Marinina Gruska Benevides, e aos discentes da disciplina de Fundamentos Sócio Filosóficos como requisito para uma das avaliações referentes ao 1º semestre.
	FORTALEZA – CE (1)
	2021 (1)
	SUMÁRIO
	1. INTRODUÇÃO
	2. DESENVOLVIMENTO
	2.1. AS RELAÇÕES DE GÊNERO
	Neste capítulo é feita um discussão acerca da palavra gênero, a qual foi amplamente difundida pelas feministas americanas que buscavam enfatizar a diferença entre os sexos com base no aspecto social, evitando assim não relacionar com o caráter biológ...
	Tendo em vista essa diferença, é necessário que haja um estudo dos sexos de maneira integrada, uma vez que o homem e a mulher não se dissociam dentro de uma sociedade. A abordagem da sexualidade é importante para que seja possível compreender as desi...
	2.2. O ESPÍRITO DE SERVIR COMO UM PRINCÍPIO IDEOLÓGICO NA ENFERMAGEM
	A enfermagem sempre sofreu muito influência da religião até chegar a sua formação atual como ciência, visto que a igreja possuía grande poder na sociedade e na política nesse tempo. Nesse viés, os cuidados à saúde eram feitos de forma gratuita e cari...
	A enfermagem brasileira tem forte influência da Inglaterra com a Florence Nightingale que sempre relacionou a religião com o cuidado na sua formação como enfermeira, deixando claro que o corpo humano é uma realização divina, portanto, em um cenário d...
	Os profissionais da enfermagem eram valorizados pelos familiares dos doentes por atuarem com muita dedicação e zelo para com os pacientes, fugindo, muitas vezes, do conformismo e das ideologias apregoadas pela sociedade, propiciando bem-estar através...
	Somado a isso, o enfermeiro possuía o papel de educador, uma vez que buscava ensinar o paciente a dar um sentido profundo à vida, isto é, buscar a essência e o valor de se estar vivo. Para que esse papel fosse efetivado, os religiosos decidiram que s...
	Com o surgimento de inúmeras doenças no território brasileiro, como febre amarela, cólera e varíola, notou-se uma maior importância da saúde como forma de diminuir a proliferação dessas doenças, o que colocou em ênfase o papel da enfermagem, como for...
	Apesar de a enfermagem ter formado uma base técnica primária, ainda assim perpetuava-se o ideário da profissão como forma de caridade, devoção e renúncia, tais aspectos sempre transmitidos por entidades religiosas, como o Papa Pio XII, o qual deixava...
	Além dessa questão, o espírito de servir tinha o devotamento como princípio que tinha como intuito alegar que o indivíduo não possui início e término de serviço, ou seja, o expediente depende da necessidade de cada um e do momento. Tal situação trata...
	O processo de convencimento foi colocado em questão para que as enfermeiras sentissem a obrigação de atuar, dessa forma a religião foi crucial para alcançar esse objetivo, esclarecendo o papel da mulher no que se refere à possibilidade de evitar doen...
	Com todos esses percalços, a enfermagem conseguiu sua institucionalização com a fundação da Escola Anna Nery, ainda com muitos traços românticos e idealizados da profissão, mostrando que é uma missão da mulher ajudar, servir, acompanhar e colaborar.
	2.3. O RESPEITO À HIERARQUIA
	Por muitos anos, a enfermagem foi subordinada à medicina, como se os enfermeiros fossem os que não chegaram a ser médicos por falta de algo, seja por carência de mérito ou por escassez de recursos financeiros. Nesse sentido, a enfermagem foi posta co...
	2.4. A NORMA A SERVIÇO DA REPRODUÇÃO DE GÊNERO NO SEIO DA ENFERMAGEM
	3. CONCLUSÃO
	A leitura do livro “De anjos a mulheres” possibilitou um entendimento mais aprofundado sobre a formação da Enfermagem no Brasil, que teve como base a forte influência dos princípios religiosos e patriarcais que marcavam a sociedade da época. Com essa...
	Portanto, a compreensão do contexto histórico da Enfermagem brasileira foi de fundamental importância em prol de motivar a mudar a realidade de desvalorização da profissão. Ademais, as perguntas da entrevista realizada focadas na hierarquização, no e...
	4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	http://aenfermagemnoceara.blogspot.com/2017/06/a-historia-da-enfermagem-no-brasil-e-no_63.html SITE A ENFERMAGEM NO CEARÁ, A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL E NO CEARÁ.
	https://www.scielo.br/j/tce/a/WgRwyHd9B9Sc9Wj8zqcN4qh/?lang=pt SITE SCIELO, PRIMEIRO CÓDIGO INTERNACIONAL DE ÉTICA DE ENFERMAGEM.
	5. APÊNDICE
	5.1. APÊNDICE A – CRÍTICAS SOBRE O LIVRO

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