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Laura Costa Exame clínico FPS MED20 2021.2 Objetivos: − Conhecer os principais conceitos, classificações e a semiotécnica relacionado ao sistema nervoso. − Sistematizar a avaliação dos pares cranianos do I ao XII par. − Identificar os principais sinais e sintomas relacionados aos nervos cranianos. − Realizar o exame físico da olfação. − Demonstrar as técnicas para avaliação da motricidade ocular. − Sistematizar a avaliação da motricidade e sensibilidade facial. − Demonstrar as técnicas para avaliação da acuidade auditiva. − Sistematizar a avaliação da motricidade da língua, cavidade oral e musculatura cervical. − Descrever as principais características avaliadas no exame físico dos nervos cranianos. − Escrever características semiológicas avaliadas no exame físico dos pares cranianos. Resumo: NC V (nervo trigêmeo) Parte motora. Durante a palpação dos músculos temporal e masseter, peça ao paciente que cerre com firmeza a mandíbula. Observe a força da contração muscular. A seguir, peça ao paciente para abrir e mover a mandíbula, primeiro para a direita e depois para a esquerda. A dificuldade para cerrar a mandíbula ou para movê-la para o lado oposto sugere fraqueza dos músculos masseter e pterigóideo lateral, respectivamente. Desvio da mandíbula durante a abertura indica fraqueza no lado desviante. Pesquise fraqueza muscular unilateral nas lesões pontinas do NC V; fraqueza bilateral ocorre na doença hemisférica bilateral. Os padrões de SNC decorrentes de AVC incluem perda sensorial corporal e perda sensorial facial ipsolateral consequentes a lesões talâmicas ou corticais contralaterais; perda sensorial facial ipsolateral e perda sensorial corporal contralateral ocorrem nas lesões do tronco encefálico. palpação dos Mm. Temporais palpação dos Mm. Masseteres Parte sensorial. Após explicar ao paciente o que será feito a seguir, verifique a sensibilidade dolorosa na testa, nas regiões malares e na mandíbula (bilateralmente) nas áreas determinadas. Os olhos do paciente devem estar fechados. Use um objeto pontiagudo adequado, como um alfinete ou um cotonete. O cotonete pode ser usado para dois tipos de estímulos, um com a extremidade com algodão e outro com a extremidade sem algodão. Para evitar a transmissão de infeção, um objeto novo é usado para cada paciente. Ao testar, ocasionalmente use a ponta romba do objeto, como estímulo contrastante. Solicite ao paciente que informe se cada estímulo é “pontiagudo” ou “rombo” e compare os lados. local para teste de sensibilidade facial Laura Costa Exame clínico FPS MED20 2021.2 A perda sensorial isolada ocorre em distúrbios de nervos periféricos, incluindo lesões do nervo trigêmeo (NC V). Caso alguma perda sensorial for detectada, deve ser confirmada por meio de avaliação da sensibilidade térmica. Com dois tubos de ensaio, um com água quente e o outro com água gelada, são os estímulos convencionais. Um diapasão também pode ser usado, que geralmente parece frio, e deve-se aquecê-lo ou esfriá-lo com água corrente. Seque, encoste o objeto na pele do paciente e o paciente deve identificar se está “quente” ou “frio”. Para pesquisar tato leve, é utilizado um chumaço pequeno de algodão. Peça ao paciente que diga quando o algodão tocar a pele dele. Reflexo corneano. Consiste em uma prova da função aferente do nervo oftálmico e eferente do nervo facial. Peça ao paciente que olhe para cima e para o lado oposto ao seu e se aproxime pelo lado oposto, fora da linha de visão do paciente. Evitando o contato com os cílios, toque levemente a córnea (não apenas a conjuntiva) com um chumaço de algodão. Se o paciente estiver apreensivo, tocar na conjuntiva primeiro pode ser útil. Verifique se o paciente pisca ambos os olhos, a reação normal a esse estímulo. O ramo sensorial desse reflexo é carreado pelo NC V, e a resposta motora, pelo NC VII em ambos os lados. *As lentes de contato interferem nesse exame. *Quando há lesão unilateral do trigêmeo, não há resposta ao se estimular a córnea do lado afetado, mas ao se estimular o outro globo ocular, ambas as pálpebras se ocluem. Na paralisia facial periférica unilateral, o olho do lado parético não se fecha qualquer que seja a córnea estimulada, quanto as pálpebras do lado não paralisado ocluem-se à estimulação de ambos os lados. O paciente não pisca bilateralmente nas lesões do NC V e no lado “fraco” nas lesões do NC VII. A ausência do reflexo corneano e a perda auditiva sensorineural ocorrem no neuroma do acústico. NC VII (nervo facial) Deve se examinar a face, tanto em repouso como durante a conversa com o paciente. Observe se existe assimetria, geralmente visível nas pregas nasolabiais, e tiques ou outros movimentos anormais. Retificação da prega nasolabial e queda da pálpebra inferior sugerem fraqueza facial. Ações que devem ser solicitadas ao paciente: 1.Elevar as duas sobrancelhas 2.Franzir a testa 3.Fechar os olhos com força de modo que o examinador não consiga abri-los. Verifique a força muscular ao tentar abri-los 4.Mostrar os dentes superiores e inferiores 5.Sorrir 6.Encher de ar as bochechas. A lesão periférica no NC VII, pode ser observado na paralisia de Bell, afeta tanto a face superior como inferior; uma lesão central afeta principalmente a face inferior. Perda do paladar, hiperacusia e aumento ou redução do fluxo de lágrimas também ocorrem na paralisia de Bell. Na paralisia facial unilateral a boca “cai” do lado paralisado quando o indivíduo sorri ou faz caretas. A sensibilidade gustativa é pesquisada empregando soluções de sabor doce, salgado, amargo e ácido. A língua deve ser exteriorizada e enxuta com gaze e a substância colocada em vários pontos, sem deixar se difundir pela boca. Outro ramo do facial inerva o músculo estapédio, isso modula a viração da membrana timpânica e atenua os sons. Quando esse nervo é afetado o paciente sofre hiperacusia. NC VIII (nervo vestibulococlear) Avalia-se a capacidade auditiva pelo teste do sussurro. Peça ao paciente para repetir os números sussurrados em uma orelha enquanto bloqueia ou estala os dedos próximo à orelha contralateral. O teste da voz sussurrada é sensível (>90%) e específico (>80%) na avaliação de perda auditiva. Laura Costa Exame clínico FPS MED20 2021.2 Caso haja perda auditiva, é preciso determinar se a perda é de condução, consequente a comprometimento da transmissão do som pelo ar, ou sensorineural, consequente a lesão do ramo coclear do NC VIII. Pesquise a condução aérea e a condução óssea, usando o teste de Rinne, e a lateralização, usando o teste de Weber. Perda da audição Perda condutiva Perda sensorineural Fisiopatologia Distúrbio da orelha externa ou média que compromete a condução do som para a orelha interna. As causas incluem: corpo estranho, otite média, perfuração do tímpano e otosclerose dos ossículos da audição Distúrbio da orelha interna que compromete o nervo coclear e a transmissão de impulsos neuronais para o cérebro. As causas incluem exposição a ruídos altos, infecções da orelha interna, traumatismo, neuroma do acústico, distúrbios familiares e congênitos e envelhecimento Idade de início habitual Infância e adulto jovem, até os 40 anos Meia-idade ou idade avançada Meato acústico e tímpano Anormalidade, em geral, visível, exceto na otosclerose Problema é não visível Efeitos Pouco efeito sobre o som Audição parece melhorar em ambientes barulhentos; Voz tende a ser baixa porque a orelha interna e o nervo coclear estão intactos Registros mais altos são perdidos, de modo que o som pode estar distorcido Audição piora em ambientes barulhentos Voz pode ser alta porque a audição está comprometida Teste de Weber (na perda auditiva unilateral) Diapasão no vértice da cabeça Lateralização do som para a orelha comprometida – ruídoambiente não bem escutado, de modo que a detecção de vibrações melhora Diapasão no vértice da cabeça Lateralização do som para a orelha hígida – lesão da orelha interna ou do nervo coclear prejudica a transmissão para a orelha comprometida Teste de Rinne Diapasão ao lado do meato acústico externo e depois apoiado no processo mastoide do osso temporal CO igual ou mais prolongada do que a CA (CO ≥ CA). A condução aérea pela orelha externa ou média fica comprometida, porém as vibrações que atravessam o osso contornam o problema e atingem a cóclea Diapasão ao lado do meato acústico externo e depois apoiado no processo mastoide do osso temporal CA mais prolongada do que CO (CA > CO). A orelha interna ou o nervo coclear tem menor capacidade de transmitir impulsos, independentemente de como as vibrações cheguem à cóclea. Prevalece o padrão normal Laura Costa Exame clínico FPS MED20 2021.2 Excesso de cerume, otosclerose e otite média provocam perda auditiva de condução; Presbiacusia consequente a envelhecimento reflete frequentemente perda auditiva sensorineural. Vertigem associada a perda auditiva e nistagmo é característica da doença de Ménière. NC IX e NC X (nervos glossofaríngeo e Vago) Deve-se escutar com atenção a voz do paciente. A voz dele é rouca ou anasalada? Existe dificuldade à deglutição? Disfagia- dificuldade de deglutição Disfonia- alteração na fala Rouquidão ocorre na paralisia das cordas vocais; a voz anasalada ocorre na paralisia do palato. Deglutição comprometida sugere fraqueza muscular do palato ou da faringe. Peça ao paciente que diga “ah” ou bocheche com o propósito de avaliar os movimentos do palato mole e da faringe. Normalmente, o palato sobe de modo simétrico, a úvula permanece na linha média e cada lado da parte posterior da faringe se move medialmente, como se fosse uma cortina. Algumas vezes, é encontrada uma úvula de formato discretamente curvo, uma variação do normal, e esta não deve ser confundida com desvio da úvula consequente a lesão do NC IX ou X. O palato não sobe quando existe lesão bilateral do NC X. Na paralisia unilateral um lado do palato não sobe e, juntamente com a úvula, é tracionado em direção ao lado normal. Avisa-se ao paciente quando da realização do teste do reflexo faríngeo (reflexo do vômito); pacientes podem se recusar a se submeter a este teste. Consiste na elevação da língua e palato mole e constrição dos músculos da faringe. Estimula-se delicadamente a parte posterior da garganta de cada lado e observe. Esse reflexo diminuiu em muitas pessoas normalmente saudáveis. A ausência unilateral desse reflexo sugere lesão do NC IX e, talvez, do NC X. Fonte: S., BICKLEY,, L. e SZILAGYI, Peter G.. Bates - Propedêutica Médica, 12ª edição, 2018.