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Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 1 Definição: doença inflamatória crônica, sistêmica, autoimune. Apresenta-se por artrite poliarticular simétrica. Epidemiologia: distribuição mundial. Acomete 0,5% a 1% da população adulta. Pico de incidência dos 40 aos 50 anos. Acomete mulheres 2 a 3x mais. Patogênese: Etiologia é desconhecida. Sabe-se que fatores genéticos: →HLA-DR4/HLA-DR1 → alelos com predisposição para Artrite Reumatoide. Algumas populações o HLA-DR4 estava associada a AR e em outras populações o HLA-DR1: foi constatado que o que fazia o paciente ter AR era a sequência de aminoácidos no HLA era parecida e não se paciente tinha HLA- DR4 ou DR1 → epítopo compartilhado. Fatores não HLA: →PTPN22: proteína associada a ativação de célula T (OR:1,75). →Fatores ambientais: infecções, tabagismo (presença do anti-CCP). Peptídeo aritrogênico + MHC classe II (epítopo compartilhado)→ linfócito TCD4 → citocinas, intergeron gama → macrófagos → TNF-alfa, IL-1, IL-6, IL-17 → condrócito, fibroblasto, osteoblasto → metaloproteinases, colagenases, RANK-L → erosão da cartilagem óssea → auto-antígenos → LTCD4 (ciclo vicioso). *RANK-L estimula osteoclasto e reabsorção óssea – osteopenia. *Metaloproteinases – degradação da cartilagem. Além disso os LTCD4 também recrutam linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos e produzem autoanticorpos. Manifestações clínicas: geralmente a artrite é insidiosa em período de semanas. Existem manifestações: Articulares Extra-articulares (acomete 10 a 20% dos pacientes). Manifestações articulares: poliarticulares, simétrica, pequenas articulações (principalmente mãos, interfalangiana distal é poupada). Consistência amolecida (líquido), quente a palpação. Sinóvia espessada: panus. Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 2 ATM, cervical, ombros, quadris, cotovelos, punhos, MCF e IFP, joelhos, tornozelos, MTF. Observe que a coluna não é acometida (apenas cervical). Inflamação das metacarpofalangianas. Desvio em pescoço de cisne. Com o avanço: atrofia interóssea, sinovite em punhos, desvio ulnar dos dedos. Pescoço de cisne. Dedo em abotuadura – hiperflexão das interfalangeanas proximais e hiperextensão das interlangeanas distais (oposto do pescoço de cisne.; Nódulos reumatoides, se desenvolvem nas faces extensoras dos tendões. É uma manifestação tardia da AR. Vasculite reumatoide: devido a formação de imunocomplexos, pois esse imunocomplexo pode obstruir as periferias dos vasos, levando a inflamação, extravasando sangue. Se manifesta como púrpuras palpáveis (sente pequeno nódulo a compressão; não desaparece a digitopressão). Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 3 Grangrena – complicação. Manifestações oculares: anticorpos contra glândulas lacrimais e salivares – ceratoconjuntivite sicca; episclerite, esclerite. Manifestações pulmonares: infiltrato intersticial – pneumonite (inflamação do interstício pulmonar), a ausculta – crepitação da base pulmonar. (Raros) Síndrome Felty Pacientes que além da AR, desenvolve leucopenia e esplenomegalia. Esse paciente cursa com perda de peso, febre, infecções, vasculite. Quadro grave. →Aterosclerose: Devido a AR ser uma doença sistêmica, causa inflamação crônica, podendo a levar a aterosclerose. Aumento de mortes por doença cardiovascular em pacientes com artrite reumatoide. Radiologia: Normal. Não visualiza separação dos ossos do carpo; osteopenia periarticular; pequeno espaço entre metacarpo e ossos falangeanos. Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 4 Osteopenia periarticular, redução do espaço articular, erosões. Erosão do processo estiloide da ulna. Alguns pacientes cursam com amputação do processo estiloide da ulna. Outros métodos de imagem: US: examinador dependente. US de articulação com Doppler já demonstra inflamação pelo aumento do fluxo sanguíneo. RNM: caro. Alterações laboratoriais: →Hemograma: anemia, leucocitose, plaquetose. →Provas de atividade inflamatória: VHS, PCR, alfa-ácido glicoproteína. →Fator reumatoide: positivo em 80% dos pacientes. Não é específico (lembrando que neoplasias, inflamações também podem produzir). Valor prognóstico: quanto maior: mais grave; mais manifestações extra-articulares. →Anti-CCP: mais sensível e específico para AR precoce. Antiproteínas citrulinadas – presente em 40-60% dos pacientes. Valor prognóstico (maior anti-ccp, mais erosiva, mais extra-articular). Associada ao tabagismo (troca arginina, por citrulina: gera resposta imunológica). Diagnóstico (1988) – pelo menos 4 de 7: 1. Rigidez matinal maior que 1h. 2. Artrite em 3 articulações. 3. Artrite nas mãos. 4. Simétrica. 5. Nódulos reumatoides. 6.Fator reumatoide. 7.Alterações radiográficas. Diagnóstico (2010) – objetiva dx mais precoce: Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 5 Tratamento: Objetivos: controle rigoroso da inflamação; prevenção da destruição articular; prevenção da incapacidade funcional. A grande ideia é procurar fazer o diagnóstico da doença na fase janela de oportunidade. O dx precoce melhora o prognóstico da doença. Usar prednisona em dose anti- inflamatória – não modifica atividade da doença, usa porque melhora mais rapidamente. Utiliza a segunda droga, a que modifica o curso da doença: metotrexato (MTX), um imunossupressor de potência baixa (aumenta pouco o risco de infecção) – o MTX começa a fazer efeito em 6 semanas, nesse período começa a reduzir a dosagem da prednisona, de modo que no 3º mês (período de efeito máximo da MTX), o paciente já utiliza uma dose muito baixa de prednisona. Avalia o paciente – se ainda houver artrite, paciente não está respondendo ao MTX, aumenta a dose de MTX. Daqui 3 meses reavalia novamente o paciente (a dose de prednisona no período de avaliação deve estar baixa) e verifica se responde ao MTX; se necessário associa outras medicações, *preferência: metotrexato + leflunomide. Avalia daqui 3 meses: paciente ainda não responde? Entra com imunobiológico: Anti-TNF. Efeitos colaterais associados aos corticoesteroides: aumentam risco de infecção, osteoporose, necrose avascular, hipertensão, catarata/glaucoma, aterosclerose precoce, mudanças no humor. Cuidados com: ingestão de sal, ingestão calórica, suplementação de cálcio e vitamina D, atividade física, contaminação e procedimentos. →Mecanismos de ação de metotrexato: Inibe a dihidrofolato redutase e outras enzimas dependentes dos folatos. Aumenta liberação de adenosina. Reduz significativamente os níveis/atividade de citocinas pró-ifnlamatórias. Potencial anti-angiogênico. Reduz a síntese do fator reumatoide (in vitro). →Mecanismo de ação do Anti-TNF: Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Leticia Tamashiro 6 TNF-alfa produzido na sinóvia vai até o endotélio vascular adjacente, fazendo com que sejam produzidas moléculas de adesão (ICAM-1). Essa molécula interage comuma molécula no neutrófilo, sinalizando para realização da diapedese (saída do neutrófilo do intra e vai para o extravascular). TNF-alfa é importante para formação de granuloma (responsáveis por conter microrganismos extravasculares, como o bacilo da tuberculose). Anti-TNF: Fazer screening antes de administrar anti-TNF: RX de tórax e PPD (teste cutâneo com Ag da TB – se PPD +> 5mm: paciente teve contato com TB), contato com TB. Faz profilaxia com isoniazida por 6 meses se algum resultado indicar contato com TB; devem ser usados com MTX. Outros biológicos: →Anti-CD20 – bloqueia plasmócitos e consequentemente produção de Acs: Rituximab; →Moduladores da coestimulação – Abatacept: →Anti-receptor de IL-6 – Tocilizumab. Sintético: →Inibidores da JAK-1 (modula sinalização intracelular desencadeada por citocinas). Conclusões: AR é uma doença inflamatória sistêmica, caracterizada por rigidez matinal, edema simétrico, acometimento de punhos, IFPs e MCFs. Anti-CCP mais específico e precoce que FR. A doença causa muita morbidade, sendo deformante. O tratamento deve ser precoce e agressivo. Necessário seguimento frequente do paciente.
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