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SÃO PAULO 2021 UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA GABRIELA ALCANTARA RA: N5213F-7 GABRIELA DE SOUZA RA: N4678A-8 LAUREN MATTIOLI RA: F063FG-0 MONICA CIBELE LUZ MATSUMOTO RA: T9248E-0 STELA MARIA FERREIRA DE ALMEIDA RA: F0073E-4 THAINA GUARIROBA DOS SANTOS RA: N494EJ-3 PESQUISA CULTURAL VIRTUAL HISTÓRICO GEOGRÁFICO 2 INTRODUÇÃO Neste trabalho abordaremos a importância da cultura histórica geográfica, através de uma visita virtual ao museu Afro Brasil. A cultura está intrínseca ao ser humano, onde transforma-se constantemente em nossa sociedade. A visita virtual ao museu se faz de suma importância para podermos aprofundar conhecimentos de costumes, épocas, acontecimentos importantes, pessoas que marcaram gerações. Além de conter nossa história e representar diversas culturas, o museu nos proporciona uma viagem através das transformações históricas e geográficas de cada momento presenciado e ali registrado permitindo ao visitante internalizar e estudar todo contexto presenciado. Ao realizar a visita surgem indagações que nos instiga a pesquisar: “Em que época aconteceu? Se passou em qual local? Quem foram os envolvidos? Foi importante para os tempos atuais? Quais contribuições que proporcionou tais atos?”. Evidenciando a importância do museu e da cultura, que vai além das obras em exposição, tem um contexto histórico, lutas foram travadas, obstáculos superados e mudanças que impactaram nossa comunidade. As Ciências Humanas refere-se àquelas ciências que têm o ser humano como seu objeto de estudo ou foco. Inicialmente não era vista com tanta importância, consequentemente ela era compilada em uma só matéria chamada estudos sociais. A partir do século XX houve uma mudança na visão dessa Ciência, desta forma ela foi separada em disciplinas, sendo elas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia, tornando-se um canal de conhecimento mais organizado e amplo. Segundo Barros: “[...] toda a disciplina é constituída, antes de mais nada, por um certo 'campo de Momento, interesses', o que inclui desde um interesse mais amplo que define esse campo como um todo, até um conjunto mais privilegiado de objetos de estudo e de temáticas a serem percorridas pelos seus praticantes [...]” (BARROS, 2011, p. 19). É muito importante trabalhar história e geografia através da cultura que é exibida no museu, já que propicia aos alunos outra dimensão, levando-os para aquela narrativa, onde ele pode vivenciar de forma lúdica e prazerosa, entretanto apropriando-se de conhecimento e cultura. 3 Mais considerável ainda, através deste trabalho, iremos compreender a história de nosso país, povos e questionamentos que vão além da sala de aula, iremos compreender e aprender mais sobre a cultura africana, para que possamos partilhar o nosso conhecimento com os alunos e mostrar, que por meio do museu, podemos também entender as histórias que ele retratou. De acordo com Wazenkeski, “Nesse sentido, o desenvolvimento de ações educativas nos museus surge como vital ferramenta com o objetivo de ir muito além do simples chamamento de público para o recinto, mas de construção de conhecimento, entretenimento, encantamento, possibilitando reconhecer e mudar atitudes, bem como modificar o modo de ver as coisas, os objetos, as pessoas e as relações entre nós mesmos. Este assunto deve ser tratado e trabalhado com os educadores, para que eles próprios entendam o que é um museu e, assim, possam refletir e entender o que é cultura, patrimônio e tradição, e, ao levarem seus alunos a uma visita ao museu, estes momentos passados dentro da instituição sejam realmente aproveitados em todos os sentidos” (WAZENKESKI,2015, p.66). Diante do excerto acima fica claro que tais ações engrandecem o saber dos alunos e dos docentes, sendo essencial para construção de um indivíduo crítico que saiba articular sobre tempo, espaço e culturas, transformando o pensamento que o museu é apenas para passar tempo, ou como distração, visto que mediante dele adquirimos um vasto e amplo conteúdo que não temos acesso no cotidiano, permitindo nos evoluir e respeitar as diferenças e sendo objeto de transformação para uma sociedade mais justa e inclusiva. Ao decorrer desse estudo iremos descrever a importância da contribuição cultural para os dias de hoje e como ela está integrada em nossas vidas através de relações culturais existentes entre os povos de diferentes tempos e lugares. 4 DESENVOLVIMENTO O Museu escolhido por nosso grupo está localizado no parque mais famoso de São Paulo, Ibirapuera, chamado Museu Afro Brasil. Ele contém um acervo com mais de 6 mil obras, entre esculturas, gravuras, pinturas, fotografias e documentos etnológicos. Todos produzidos por autores brasileiros e estrangeiros, entre o século XVIII e os dias de hoje. As obras são agrupadas por meio de núcleos temáticos, o acervo procura englobar diversos aspectos, alguns deles são: aspectos da arte, da religião afro-brasileira, do catolicismo popular, do trabalho, da escravidão, das festas populares. Sendo assim, catalogando a rota histórica, artística e as principais influências africanas na construção da sociedade brasileira. O mesmo aborda através de uma leitura de fácil entendimento, fatos importantes e relevantes quanto à história e a nacionalidade africana. Através da observação do acervo disponível é evidente perceber o vínculo com nossa própria vida, por meio de linguagens, escritas, religiões, festividades, danças, costumes, enfim no nosso cotidiano. Inaugurado em 2004 pelo Diretor e Curador Emanoel Araújo, com uma coleção particular voltada ao estudo das contribuições africanas para com a cultura nacional, Araujo não obteve êxito em sua proposta. No mesmo ano de inauguração o Curador apresentou sua proposta a Marta Suplicy, até então na época era a prefeita de São Paulo, com aprovação das ideias iniciou-se um projeto com recursos da Petrobrás e do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet. “Art. 1° Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com a finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a: I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais;” (BRASIL, 1991). Desde de tal aprovação o Museu Afro Brasil vem construindo sua trajetória aos poucos, contribuindo com grandes momentos decisivos para a valorização da arte e suas contribuições para a sociedade atual, apostando sempre na ousadia e inovação dos artistas brasileiros e internacionais. 5 Segundo os artigos da Lei Rouanet as exposições devem ser de livre acessos a todo público, independente de suas restrições, para então promover e estimular a cultura, preservar bens materiais e imateriais do patrimônio público, desenvolver consciência internacional, entre outros: “II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com valorização de recursos humanos e conteúdos locais; III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores; IV - proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da sociedade brasileira; VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro; VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros povos ou nações;” (BRASIL, 1991). Visitar o Museu Afro Brasil é ter uma grande experiência, podendo conhecer e desvendar as complexidades da sociedade humana e poder aprender sobre os aspectos do homem, que estão relacionadas a arte, beleza, comunicação, tecnologia, entre outros aspectos que nos levam a estudara Ciência Humana. Quando se fala de presença africana no Brasil nos vem em mente apenas contribuições nos campos folclóricos e culturais, como dança, culinária, religião, música, medicina, mas vai além desses campos. A partir deste trabalho, com a visita ao Museu Afro Brasil, na exposição online “Design e Tecnologia na escravidão”, abordaremos o papel dos povos africanos no desenvolvimento e domínio de ferramentas e habilidades que inovaram a forma de realizar suas tarefas e foram explorados pelos colonizadores, sendo mantidos como escravos e realizando o trabalho braçal nas lavouras e plantações. “A África, berço da humanidade, também desenvolveu tecnologias fundamentais para a cultura humana. Além da metalurgia, alguns povos bantos praticavam a caça com utilização de rede, armadilha de laço, arco e flecha, armadilhas cavadas no chão e até um tipo de espingarda. Também praticavam a pesca e a olaria; faziam trabalhos em folha de palmeira; carpintaria; tecelagem; curtiam peles; faziam escultura e gravação em marfim e madeira e preparavam bebidas alcoólicas. Fabricavam um tipo de pólvora usando uma cana chamada djeredjere e uma espécie de casca chamada uunga, que se formava sobre rochas. Praticavam a agricultura e a pecuária. Todas essas atividades e técnicas foram trazidas para o Brasil.” (A COR DA CULTURA, 2010). 6 Essas ferramentas trazidas pelos africanos foram essenciais no desenvolvimento tecnológico e econômico no país, sendo ¾ de nossa história baseada na exploração do trabalho escravo e em seus conhecimentos. Este mesmo pensamento tem Luciano Gonsalves Costa, organizador do livro História e Cultura afro-brasileira, ele defende a seguinte ideia: “É necessário colocar os africanos e afro-brasileiros como uma questão importante no contexto nacional, tendo como meta superar a visão negativa construída ao longo da história. Mediante um projeto pedagógico comprometido com a eliminação da discriminação racial nas escolas e com a transformação, de forma positiva, da visão do papel do negro na construção de conhecimento e cultura...” (COSTA, 2010, p. 22 e 23). A seguir apresentaremos algumas ferramentas presenteadas pelos povos africanos e suas utilidades, levando em consideração o tempo, espaço, transformações, produtos e a migração dos mesmos. As ferramentas expostas, como serrotes, serras, facões e foices, eram fundamentais para o desenvolvimento da economia da época, que eram desenvolvidas e utilizadas em trabalhos ligados ao plantio e a colheita. 7 Utensílios produzidos por ferreiros, que em sua maioria eram escravos, e utilizados nos diversos espaços de trabalho e afazeres domésticos. Alguns destes utensílios são os estribos, pesos e moedores de café. Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, os povos africanos foram capturados e trazidos como escravos para o Brasil para realizar a mineração do ouro, já que eram um dos únicos povos que conheciam as técnicas necessárias neste processo. Os materiais utilizados para a mineração eram o fole, bigorna e bateia, respectivamente. 8 Uma forte característica do Brasil colonial foi o intenso uso da madeira na produção de máquinas e ferramentas. Assim como a moenda, utilizado no processo de transformação da cana em melaço, rapadura e no próprio açúcar, e a prensa que era utilizada para a produção da farinha de mandioca. Na época do Brasil colonial eram os escravos responsáveis pelo plantio, colheita e produção. Podemos observar nas obras acima onde ilustram os escravos produzindo a farinha de trigo, o açúcar e moendo a cana, respectivamente. 9 No período colonial os escravos eram responsáveis pela produção dos sapatos, porém os mesmo não tinham o direito de utiliza-los, já que naquela época era um objeto de grande cobiça e evidenciava a condição de liberdade de um indivíduo. Pode-se observar na obra um homem branco com uma palmatória utilizada para intimidar os escravos. Os resultados da exploração dos africanos escravizados inovou a economia daquela época, ainda tendo grande influência nos dias atuais, considerando a utilização de alguns objetos atualmente, porém com menos frequência. Esta frequência se dá pela evolução da tecnologia e mecanização da mão de obra. 10 CONCLUSÃO Este trabalho foi de grande valia, pois conhecemos a cultura africana mais a fundo, quebrando os paradigmas de que os povos africanos só contribuíram nos campos folclóricos e culturais. Conhecendo então uma nova versão da história, diferente da qual é abordada em sala de aula, onde os narradores principais são os colonizadores. É importante salientar que o ensino da história e geografia não se restringe apenas à classe, tendo em vista que estamos a todo tempo construindo novos conhecimentos através de vivências, diferentes campos de ensino, locais, pessoas, relações, etc. A visita ao Museu torna o ensino mais instigante, trabalhando o campo visual de forma significativa, onde internalizamos aprendizados referentes a tempo, espaços, cultura de forma lúdica, fazendo-nos concentrar em detalhes que em uma aula teórica não detemos recursos e oportunidades que a visita proporciona, já que nos aproxima da realidade vivenciada em determinada época. Por fim, concluímos que o museu é um meio de ensino aprendizagem essencial ao aluno e docente, tendo em vista que permite conhecer a história por completo agregando sentido, materializando o conhecimento da sala de aula, favorecendo um aprendizado concreto e uma experiência diversificada para a vida. 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA A Cor da Cultura, 2010. Disponível em: http://antigo.acordacultura.org.br/mojuba/programa/ci%C3%AAncia-e-tecnologia. Acesso em: 29 de março de 2021. BARROS, José D'Assunção. Teoria da História: princípios e conceitos fundamentais. v. 1 Petrópolis: Vozes, 2011. Brasil, Lei Nº 8.313, de 23 de Dezembro de 1991. Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Brasília,DF, Dez, 1991. COSTA, L. G. (Org). História e Cultura afro-brasileira, subsídios para a prática da educação sobre relações étnico-raciais. Eduem – UEM, Maringá – PR. Brasil – 2010. Museu Afro Brasil. Disponível em: http://www.museuafrobrasil.org.br/programacao- cultural/exposicoes/longa-duracao. Acesso em: 29 de março de 2021. WAZENKESKI, Verlaine Fátima; DA COSTA, Heloisa Helena Fernandes Gonçalves. A importância das ações educativas nos museus. Ágora, v. 17, n. 2, p. 64-73, 2015. http://antigo.acordacultura.org.br/mojuba/programa/ci%C3%AAncia-e-tecnologia http://www.museuafrobrasil.org.br/programacao-cultural/exposicoes/longa-duracao http://www.museuafrobrasil.org.br/programacao-cultural/exposicoes/longa-duracao
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