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CÁRIE DENTÁRIA E ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DA POLPA E PERIÁPICE DENTÁRIO Ana Flávia leite *Biofilme: A placa bacteriana, também conhecida como biofilme dental, é uma película transparente e pegajosa que se forma sobre a superfície dentária. Ela é formada através do acúmulo de bactérias, restos alimentares e outros microorganismos que, devido a uma má higienização, se aderem ao dente. *Película adquirida: é uma fina camada celular observada entre as bactérias e a superfície do esmalte, formada sobre a gengiva devido à presença de proteoglicanos neste tecido. Proteínas e íons salivares; Constituintes do fluido gengival; Produtos bacterianos. *Placa bacteriana: Trata-se de uma película pegajosa e incolor, constituída de bactérias e restos alimentares que se forma sobre os dentes. É a principal causa de cárie e gengivite. Se não for removida diariamente, endurece e forma o tártaro. *Histologia do órgão dentinário: Etiologia da doença cárie Fatores etiológicos Para que possamos instituir medidas efetivas para o controle da doença cárie, se faz necessária a compreensão dos seus fatores etiológicos. O primeiro modelo proposto por Keyes (1960) para explicar a doença era um modelo essencialmente ecológico, no qual a cárie seria o produto da interação entre os fatores determinantes: hospedeiro, substrato (dieta cariogênica) e microrganismos (BRAGA et al., 2008). Newbrun (1978) acrescentou o fator tempo (figura 1) nessa interação, mas ambos os modelos não foram capazes de explicar a ocorrência da doença na população humana. A doença cárie é muito mais complexa e com um caráter comportamental, podendo ser influenciada por fatores modificadores (figura 2) *Padrões clínicos (aguda e crônica) e Padrões topográficos (superfície lisa e sulcos e fissuras) As lesões cariosas podem ser classificadas como: -aguda ou crônica Aguda: cores amarelas e castanhas, possui consistência macia e aparência necrótica. Sensível aos doces, ao frio e aos ácidos, o tratamento é rápido. Crônica: é a desmineralização do esmalte dentário, porém o processo é mais lento e geralmente ocorre em adultos. -localizada ou generalizada -infectada ou esteril -reversível ou irreversível -sintomática ou assintomática *Cárie superfície lisa *cárie com sulcos e fissuras *Camadas de desenvolvimento da doença em esmalte e dentina *Doenças inflamatórias da polpa dentária Agressores químicos, físicos e biológicos (cárie) Físico: mecânicos: trauma, iatrogênico (dano causado pelo erro do profissional), patológico (atrição, fratura, abrasão) térmicos: preparo cavitário, material restaurador Químico: ácidos para condicionamento erosão material restaurador Bacteriano: toxinas e enzimas associadas à cárie Desenvolvimento da resposta inflamatória Quando um estímulo externo atinge um nível nocivo, ocorre degranulação dos mastócitos, diminuição do fluxo de nutrientes e dano celular. São liberados diversos mediadores inflamatórios (p. ex., histamina, bradicinina, neurocinina, neuropeptídeos e prostaglandinas). Estes mediadores causam vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e extravasamento vascular com edema. Nos tecidos normais, o aumento do fluxo sanguíneo promove a cicatrização pela remoção dos mediadores inflamatórios e normalmente ocorre a tumefação dos tecidos lesionados. (causa aumento dos tecidos; tumor) No entanto, a polpa dentária está situada em uma área muito confinada. A resposta pulpar aos estímulos nocivos tem o propósito de eliminar quaisquer organismos invasores, remover restos celulares e limitar o dano tecidual. De maneira paradoxal, a reação inflamatória pode levar a um aumento na lesão pulpar ou até mesmo a necrose da polpa. (auto estrangulamento) Atualmente, pesquisadores reconhecem que o aumento da pressão do fluido em geral está localizado na área da polpa inflamada imediatamente adjacente à dentina afetada. O aumento da pressão intersticial nas áreas de inflamação leva ao aumento do retorno do fluxo para os capilares dos tecidos adjacentes não inflamados e ao aumento da drenagem. Dessa maneira, o aumento da pressão do fluido proveniente da inflamação é compensado e não leva a um aumento generalizado da pressão dos fluidos pulpares, prevenindo com eficácia o “autoestrangulamento”. Apesar de muitos considerarem a polpa dentária muito frágil, os mecanismos de defesa funcionam bem na grande maioria dos casos e raramente resultam em necrose generalizada. Muitas vezes, consegue-se a cura de abscessos pulpares localizados após a formação de dentina reparadora ou com o cessar do estímulo nocivo. Apesar dos diversos mecanismos de defesa, danos pulpares localizados grave podem sobrecarregar o sistema e se estender progressivamente para a porção apical, potencialmente causando necrose pulpar generalizada. Em lesões cariosas, quando bactérias atingem a dentina terciária, então a barreira de defesa foi atravessada, causando um grau de pulpite severa e uma chance mínima de recuperação da polpa *Terminações nervosas, odontoblastos, células dendríticas, complemento A polpa, por ser um tecido conjuntivo, quando diante de um fator agressor responderá por meio de reações de defesa. Tais reações podem ser inflamatórias ou degenerativas e vão estar presentes dependendo do tipo, da frequência e da intensidade do agente irritante. Fatores sistêmicos também influenciam no tipo de resposta pulpar ante o agente patogênico. Se essas reações não forem interrompidas por intermédio da remoção da causa (por exemplo, remoção de cárie e tratamento restaurador), a polpa caminhará para o envelhecimento pulpar e a calcificação do canal radicular ou para as pulpites e a necrose pulpar. A polpa dental é um tecido conjuntivo frouxo encontrado no interior da cavidade pulpar (câmara pulpar e canal radicular) que contém grande número de vasos sanguíneos, vasos linfáticos, fibras nervosas e células. Entre estas, estão os odontoblastos, os quais diferenciam o tecido pulpar dos demais tecidos conjuntivos presentes em outras regiões do corpo. Fatores locais e sistêmicos interferem na intensidade da resposta pulpar diante de um agente agressor. Como exemplos de fatores locais citam-se o número e a virulência dos microrganismos presentes no tecido cariado. O fator sistêmico é representado pela resposta imune do paciente. Quando os agentes etiológicos excedem o limiar de tolerância pulpar, instalam-se as patologias pulpares. Alterações pulpares degenerativas Resposta dentinária (esclerótica, terciária) Esclerose: aumento de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido a inflamação crônica ou por razões desconhecidas. *Esclerose dentinária: túbulos dentinários preenchidos por mineral É representada pela diminuição do diâmetro dos túbulos dentinários em decorrência da deposição de dentina peritubular. A diminuição da luz dos túbulos faz com que a proteção gerada pelo fluido dentinário seja diminuída, pois há pouco espaço para o movimento do fluido; *Dentina esclerótica se enrijece e fica escura na tentativa de proteger a polpa em casos de cárie crônica, por isso é *Característica da cárie inativa *Dentina terciária; reacional; reparadora: no mesmo local acometido pela cárie, mas na superfície interna, podem ser observadas deposição de dentina reacional e, por conseguinte, redução do volume da polpa coronária e alteração da câmara pulpar. A dentina reacional é depositada à medida que a cárie invade o tecido dentinário; *A dentina terciária se forma na tentativa de proteger o nervo pulpar, quando algum fator externo tenta causar danos à polpa, por exemplo a evolução de uma cárie. *Essa dentina é organizada de maneira mais aleatória e é denominada dentina terciária (reacional, reparadora, irregular ou de irritação). *Essa formação de dentina localizada pode ocorrer em resposta aos seguintes fatores: Atrição, Fratura, Erosão, Abrasão, Cárie, Doença periodontal, Lesão mecânica decorrente de procedimentos odontológicos e Irritaçãoprovocada por materiais odontológicos *Tratos mortos da dentina: ocorrem quando os prolongamentos dos odontoblastos se retraem, deixando os túbulos dentinários vazios e sem proteção, favorecendo a invasão de bactérias da cárie e a agressão ao tecido pulpar; * Envelhecimento pulpar: redução da capacidade de defesa do tecido pulpar pela diminuição do número de células, vasos e nervos (figura 1); http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-56852011000400019#fig01 • Formação de áreas de hialinização: sobre elas poderá ocorrer deposição de tecido mineralizado, dando origem aos nódulos pulpares (figuras 2, 3 e 4). Polpa: Por possuir um metabolismo intenso, a polpa dental apresenta boa capacidade de reparo. Por ser um tecido conjuntivo, quando diante de um agente agressor ocorrem fenômenos vasculares exsudativos (com pus), caracterizando a inflamação. Em virtude de a polpa dental estar circundada por paredes dentinárias rígidas, quando ocorre a inflamação pulpar e, consequentemente, o aumento de volume desse tecido, há a compressão de http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-56852011000400019#fig02 http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-56852011000400019#fig03 http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-56852011000400019#fig04 fibras nervosas, gerando dor. Além disso, o aumento do volume pulpar pode dificultar a circulação sanguínea local e o retorno de sangue venoso via forame apical, o que prejudica a capacidade de defesa do tecido pulpar. Pulpite aguda As pulpites agudas são classificadas clinicamente, de acordo com o grau de comprometimento pulpar, em reversível, reversibilidade duvidosa e irreversível. *Ressalva-se que as alterações pulpares não são observadas radiograficamente. Pulpite aguda reversível Neste estágio inicial de inflamação, a polpa está sob agressão; todavia, se o agente patogênico for removido, apresenta condições de voltar ao estado de normalidade. Clinicamente, o paciente acusa dor aguda, provocada muitas vezes pelo frio ou pelo doce, de curta duração que passa rápido após a remoção do estímulo. O prognóstico (ou seja, o provável desenvolvimento futuro) para o dente e para o tecido pulpar, nessa condição, mostra-se favorável. O tratamento indicado é o conservador, ou seja, a remoção do agente agressor ou proteção pulpar indireta ou direta. É importante diferenciar a pulpite aguda reversível de hipersensibilidade dentinária. Esta pode estar presente em casos de exposição dentinária cervical, na qual o estímulo térmico ou mecânico (por exemplo, a escovação) gera dor; Macroscopicamente, se fosse possível observar a polpa inflamada reversivelmente, seu aspecto seria de sangramento vermelho vivo e brilhante (figura 5), polpa com consistência e resistente ao corte. Pulpite aguda de reversibilidade duvidosa Tal alteração pulpar evidencia características de pulpite aguda reversível e de pulpite aguda irreversível, denotando um estado inflamatório transicional entre esses dois tipos de alteração. *O prognóstico da polpa nessa condição é incerto, pois depende do tempo que a polpa está sob agente agressor. Também deve ser considerado o risco de a inflamação ter comprometido irreversivelmente a polpa, mas ainda existirem algumas características clínicas de pulpite aguda reversível. O paciente pode relatar dor espontânea, intermitente, provocada pelo frio, e demora para passar após a remoção do estímulo; a dor pode ser aliviada por analgésicos comuns. Diante de tal condição pulpar, realiza-se tratamento conservador. No entanto é importante deixar claros para o paciente o risco de evolução para uma pulpite aguda irreversível e a necessidade de tratamento endodôntico. Pulpite aguda irreversível Esta condição pulpar denota estágio avançado de inflamação. A polpa está sob agressão, e apenas a remoção do agente patogênico não basta para cessar a dor, ou seja, a polpa não apresenta condições de voltar ao estado de normalidade após a remoção da causa. *Clinicamente, o paciente acusa dor aguda, espontânea, intensa, pulsátil, quando desencadeada, demora de segundos a horas para aliviar. *Analgésicos, nem os mais potentes são capazes de aliviar a dor. *No exame radiográfico a pulpite aguda irreversível não mostra sinais. A região periapical, radiograficamente, pode estar normal ou com aumento do espaço periodontal apical e lâmina dura intacta. *Quando a pulpite aguda irreversível se encontra em estágio inicial, o paciente ainda pode conseguir localizar o dente, facilitando o diagnóstico por meio de teste de vitalidade que acusará dor exacerbada. Por outro lado, se a inflamação irreversível progride, a dor passa a ser difusa ou reflexa (irradiada para outros dentes ou regiões da cabeça), exacerbada pelo calor e aliviada com o frio. *Nesse estágio, o paciente pode relatar que compressas com gelo aliviam a sintomatologia dolorosa. *Na pulpite aguda irreversível é comum o paciente afirmar que a dor fica mais intensa à noite. Isso ocorre pelo fato de, ao deitar-se, a pressão interna pulpar aumentar; como o tecido se encontra inflamado, a dor é exacerbada. Nessa condição, o prognóstico para o dente mostra-se favorável; já para o tecido pulpar é desfavorável, e então a polpa deve ser removida. Hiperemia pulpar: REVERSÍVEL Consiste numa ligeira inflamação da polpa na tentativa de se defender contra o agente agressor. Nesta fase da inflamação, chega à polpa excessiva quantidade de sangue. Pulpite aguda serosa: caracterizada por alterações vasculares e formação de um exsudado seroso, sendo a dor mais tolerável. Pulpite aguda supurativa: eventual evolução para uma pulpite aguda purulenta (ou supurativa), originando já a formação de pus Pulpite crônica Pulpite ulcerativa crônica: A pulpite crônica ulcerada é caracterizada pela presença de ulceração, visível microscopicamente, na superfície pulpar em contato com o meio bucal. Clinicamente, o paciente relata dor provocada durante a mastigação em dentes com cáries profundas ou restaurações profundas mal adaptadas. *Radiograficamente, pode ser observada cárie ou restauração profunda e mal adaptada em contato com o tecido pulpar. *A escolha do tratamento dependerá das características do tecido pulpar abaixo da área ulcerada. Se abaixo da superfície ulcerada a polpa se apresentar com características macroscópicas de polpa saudável (semelhante às características da pulpite aguda reversível), deverá ser realizado o tratamento conservador da polpa, sobretudo se o dente tiver ápice incompleto Pulpite crônica hiperplásica: Irreversível *ocorre em crianças e adultos jovens *grande exposição da polpa, nas quais muitas vezes toda a dentina do teto da câmara pulpar está ausente. *acomete molares decíduos e permanentes por possuírem câmaras pulpares amplas nesta faixa etária *O dente é assintomático, exceto pela possível sensação de pressão quando colocado em função mastigatória. *A irritação mecânica e a invasão bacteriana resultam em um grau de inflamação crônico, que produz um tecido de granulação hiperplásico, o qual extrui da câmara pulpar e, muitas vezes, preenche o defeito dentinário associado *Apesar de a dor pulpar nunca cruzar a linha média, ela pode ser referida como sendo de arco a arco, tornando o teste pulpar dos dois arcos necessário nos casos difíceis *O diagnóstico de dor pulpar é realizado com a combinação entre a apresentação clínica e as respostas dos dentes à percussão, aos estímulos térmicos e aos testes pulpares elétricos. O valor de prognóstico destes testes é, algumas vezes, menor do que o desejado. Quando os procedimentos demonstram que a polpa está sadia, os resultados são altamente confiáveis. Entretanto, quando o teste pulpar é positivo para a pulpite irreversível, o exame histopatológico pode demonstrar nenhuma evidência aparente de doença pulpar. O clínico deve utilizar todos os testes disponíveis, informação clínica e o seu julgamentopessoal na tentativa de chegar a um diagnóstico correto. Melhorias futuras nos métodos de diagnóstico, tais como a fluxometria pelo Doppler a laser e oxímetro do pulso, podem ajudar a aumentar a precisão do diagnóstico. *Basicamente, a histopatologia é, em primeiro lugar, de interesse acadêmico e em geral não altera de maneira significativa o tratamento. *Doenças inflamatórias do periápice dental Agressores químicos, físicos e biológicos Física Os fatores físicos podem ser representados pelo uso de brocas em alta rotação sem adequada refrigeração durante o preparo de cavidades na dentística restauradora. *A polpa de dentes acometidos por bruxismo, erosão, abrasão e atrição também está diante de fator agressor físico. *A formação de correntes elétricas (galvanismo), por causa da presença de restaurações metálicas, agride o tecido pulpar. *Periodontite apical aguda primária a necrose dente Química São representados pelos materiais odontológicos que, aplicados em cavidades profundas (por exemplo, os adesivos dentinários) sem a devida proteção do complexo dentinopulpar, podem atuar como fator irritante ao tecido pulpar, levando à sua inflamação. Biológica (principal) Os fatores biológicos são representados pelos microrganismos presentes na cárie dental ou em periodontopatias. Se a cárie dental não for tratada, as bactérias ali presentes agridem o tecido pulpar via túbulos dentinários. Em casos de periodontopatias, como, por exemplo, em abscessos periodontais, as bactérias poderão agredir a polpa dental através das vias de intercomunicação polpa/periodonto. A fratura dental com exposição de dentina ou dentina/polpa aos microrganismos da cavidade bucal também representa um fator biológico à alteração pulpar. *Traumas pode causar necrose pulpar (isquêmica) -Primária agride diretamente o periodonto exposição de túbulos dentinários em superfície radicular doença periodontal via nacoretica -Secundária reação inflamatória Desenvolvimento de resposta inflamatória (papel das bactérias, sistema de defesa inato) *Fatores locais e sistêmicos interferem na intensidade da resposta pulpar diante de um agente agressor: o número e a virulência dos microrganismos presentes no tecido cariado. O fator sistêmico é representado pela resposta imune do paciente. Quando os agentes etiológicos excedem o limiar de tolerância pulpar, instalam-se as patologias pulpares. *A polpa, por ser um tecido conjuntivo, quando diante de um fator agressor responderá por meio de reações de defesa. Tais reações podem ser inflamatórias ou degenerativas e vão estar presentes dependendo do tipo, da frequência e da intensidade do agente irritante. Fatores sistêmicos também influenciam no tipo de resposta pulpar ante o agente patogênico. Se essas reações não forem interrompidas por intermédio da remoção da causa (por exemplo, remoção de cárie e tratamento restaurador), a polpa caminhará para o envelhecimento pulpar e a calcificação do canal radicular ou para as pulpites e a necrose pulpar. Doenças inflamatórias do periápice dental Periodontite apical aguda: A fase inicial da doença inflamatória periapical *A predominância de neutrófilos e alterações radiográficas não estão presentes; *As células inflamatórias envolvidas são primariamente os neutrófilos e as prostaglandinas liberadas, as quais ativam os osteoclastos para reabsorver o osso circundante, promovendo uma área radiolúcida periapical detectável. * provoca uma dor pulsátil não localizada constante *O dente associado responde negativamente ao teste de vitalidade ou revela um resultado positivo retardado. Em muitos casos, a doença periapical inflamatória é diagnosticada sem qualquer recordação prévia da ocorrência de uma fase aguda. Abscesso periapical (com e sem fístula; fênix) *O acúmulo de células inflamatórias agudas no ápice de um dente não vital é denominado abscesso periapical. *periodontite apical aguda, pode ou não evoluir para a formação de um abscesso. *Os abscessos periapicais se tornam sintomáticos à medida que o material purulento se acumula no interior do alvéolo. *Os estágios iniciais provocam sensibilidade no dente afetado, que é muitas vezes aliviado pela aplicação direta de pressão. Com a progressão, a dor se torna mais intensa, frequentemente com sensibilidade extrema à percussão, extrusão do dente e tumefação dos tecidos. *O dente afetado não responde ao frio nem aos testes pulpares elétricos. Podem estar presentes cefaleia, mal-estar, febre e calafrios. Abscesso fênix: As alterações inflamatórias secundárias agudas que acometem os granulomas periapicais foram denominadas abscesso fênix, nome dado baseado no pássaro mitológico que morria e renascia de suas próprias cinzas. Os abscessos dentários também podem canalizar-se através da pele sobrejacente e drenar por uma fístula cutânea *A maioria dos abscessos relacionados a dentes perfura a cortical vestibularmente, pois o osso, nesta região, é menos espesso. Contudo, as infecções associadas a incisivos laterais superiores, as raízes palatinas dos molares superiores, bem como os segundos e terceiros molares inferiores, tipicamente drenam através da tábua cortical lingual. *Se um caminho de drenagem crônico for estabelecido, o abscesso periapical se torna assintomático devido à ausência do acúmulo de secreção purulenta no interior do alvéolo. *Ocasionalmente, tais infecções são diagnosticadas durante um exame oral de rotina, após a detecção de uma parúlide ou da drenagem através de uma cárie extensa Características histopatológicas: Espécimes de biópsia de abscessos puros são incomuns, pois o material está em forma líquida. *Os abscessos consistem em um mar de leucócitos polimorfonucleares, muitas vezes permeados por um exsudato inflamatório, restos celulares, material necrótico, colônias bacterianas ou histiócitos (Fig. 3-42). *Os abscessos fênix podem manter um componente de tecido mole; apresentam-se como granulomas ou cistos periapicais inflamados subagudos entremeados por áreas de formação de abscessos significativas. Nestes casos, o patologista tipicamente diagnostica a lesão primária, mas comenta sobre a formação de abscesso. O tratamento do paciente com abscesso periapical consiste na drenagem e na eliminação do foco de infecção. Fases: Na fase inicial o pus encontra-se próximo ao forame apical (sem edema); na evoluída invade o trabeculado ósseo e está próximo ao periósteo (edema difuso sem ponto de flutuação; na fase em evolução o pus perfura o periósteo e cai em tecido mole (edema localizado com ponto de flutuação). Intraósseo, subperiosteal, submucoso e fistulização Complicações: Celulite: Com a progressão, o abscesso se dissemina pela região que apresenta menos resistência. “A secreção purulenta, através dos espaços medulares, pode se afastar da área apical, resultando em osteomielite ou pode perfurar a cortical e se difundir através dos tecidos moles sobrejacentes”. Se um abscesso não é capaz de drenar através da superfície cutânea ou para o interior da cavidade oral, ele pode disseminar difusamente através dos planos faciais dos tecidos moles. Esta disseminação aguda e edemaciada de um processo inflamatório agudo é denominada celulite. Angina de Ludwig: A angina de Ludwig é uma celulite agressiva que se dissemina rapidamente e que acomete os espaços sublingual, submandibular e submentoniano;“estrangular” se desenvolve da disseminação de uma infecção aguda proveniente de um molar inferior. O tratamento da angina de Ludwig é baseado em quatro medidas: 1. Manutenção das vias aéreas 2. Incisão e drenagem 3. Antibioticoterapia 4. Eliminação do foco infeccioso original Trombose do seio cavernoso: O seio cavernoso é um seio dural maior posicionado entre as camadas meníngeas e as camadas periosteais da dura-máter. A camada meníngea contém os nervos troclear e oculomotor e os ramos maxilar e oftálmico do nervo trigêmeo. Além disso, a artéria carótida interna e o nervo abducente passam pelo interiordo seio. O seio recebe drenagem venosa da órbita por meio das veias oftálmicas superior e inferior. A infecção do seio pode produzir uma série de sintomas clínicos relacionados a diversas estruturas anatômicas que atravessam essa região. A pedra angular da terapêutica para a trombose do seio cavernoso secundária à infecção odontogênica é a drenagem cirúrgica combinada a altas doses de antibióticos, semelhantes àquela administrada aos pacientes com angina de Ludwig. O dente afetado deve ser extraído e a drenagem é necessária se houver presença de flutuação Periodontite apical crônica O termo granuloma periapical refere-se a uma massa de tecido de granulação crônica ou agudamente inflamado no ápice de um dente desvitalizado. A lesão não demonstra, microscopicamente, uma inflamação granulomatosa verdadeira. Granuloma dentário (periapical) ou periodontite apical crônica A maioria dos granulomas periapicais é assintomático, mas pode desencadear dor ou sensibilidade se ocorrer uma exacerbação aguda. *Por característica, o dente envolvido não apresenta mobilidade ou sensibilidade significativa à percussão. O tecido mole sobrejacente ao ápice pode ou não estar sensível. *O dente não responde aos testes pulpares térmicos ou elétricos, a menos que a necrose pulpar esteja relacionada a um único canal de um dente multirradicular *Grande parte das lesões é diagnosticada durante exames radiográficos de rotina. *Os dentes acometidos apresentam a perda da lâmina dura periapical. *O tecido de granulação é composto por um infiltrado de linfócitos denso variável, que é muitas vezes permeado por neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, menos frequentemente, mastócitos e eosinófilos Cisto radicular inflamatório (Verdadeiro e em baía) = CISTO PERIAPICAL; CISTO PERIODONTAL APICAL) O cisto radicular é o cisto odontogênico de maior significado clínico para o cirurgião-dentista. Por ser a lesão cística inflamatória mais frequentemente encontrada dos maxilares, é a mais tratada. Ocorre nos ápices de dentes infectados em decorrência à necrose pulpar. O epitélio na região do ápice de um dente pode ser estimulado pela inflamação para formar um cisto verdadeiramente revestido por epitélio ou cisto periapical. * A resposta inflamatória parece aumentar a produção do fator de crescimento de ceratinócitos pelo estroma das células periodontais, levando ao aumento da proliferação de epitélio normalmente quiescente na região. A fonte epitelial é formada pelos restos epiteliais de Malassez, mas também pode estar relacionada ao epitélio crevicular, ao revestimento sinusal ou ao revestimento epitelial dos tratos fistulosos. O desenvolvimento cístico é comum; a frequência relatada varia de 7% a 54% das imagens radiolúcidas periapicais. *Os cistos periapicais baía têm como característica um revestimento epitelial incompleto devido à extensão da porção apical do dente para o interior do lúmen do cisto. *Os cistos periapicais verdadeiros formam uma estrutura semelhante a um saco, com revestimento epitelial completo, que se localiza adjacente ao ápice do dente, mas está separado deste. Devido ao fato de a distinção entre um granuloma periapical epitelializado, um cisto “baía” e um cisto periapical “verdadeiro” possuir poucas implicações pós-cirúrgicas, os laboriosos exames histopatológicos e subclassificações tornam-se sem sentido prático. Característica histopatológica: O cisto é revestido por epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose ou hiperplasia
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