Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal de Pelotas - UFPEL 11100050 - Equações Diferenciais Profa. Rejane Pergher CAPÍTULO 1: EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 1.1 Conceitos Básicos Uma equação diferencial é uma equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. Exemplos: a) dy dx = fx ou y ′ = fx y : função incógnita, onde y = yx, ou seja, por exemplo, y ′ = x + 3 b) d2y dx2 + 2 dy dx 2 = 1 y = yx c) d3y dx3 + x + 3 d2y dx2 + dy dx + xy = 0 y = yx d) d2y dx2 3 + y dy dx 7 + y3 dy dx 2 + 5x = 0 y = yx e) ∂2y ∂t2 = c ∂2y ∂x2 y = yx, t f) m d2xt dt2 = F t,xt, dxt dt (Lei de Newton) 1.2 Classificação: 1. Tipo: Equação Diferencial ↙ ↘ Eq.Diferencial Ordinária(EDO) Eq. Diferencial Parcial (EDP) - EDO: uma equação diferencial ordinária é aquela cuja função incógnita depende de apenas uma variável independente. Exemplos.: a), b), c), d) e f). - EDP: uma equação diferencial parcial é aquela cuja função incógnita depende de duas ou mais variáveis independentes. Exemplo: e). 2. Ordem: A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada que nela aparece. Exemplos.: a) é equação diferencial de primeira ordem. b), d), e) e f) são equações diferenciais de segunda ordem. c) é equação diferencial de terceira ordem. 1 Exemplos de Aplicação: ● Um modelo para o movimento de uma mola: A equação diferencial ordinária que modela o movimento de um objeto de massa m preso a uma mola é: m d 2x dt2 = −kx onde k é uma constante positiva(chamada constante da mola) ● Equação diferencial ordinária que governa o decaimento de uma substância radioativa com o tempo R(t) (função incógnita): dRt dt = −kRt onde k é uma constante conhecida. 3. Linearidade: Equação Diferencial ↙ ↘ Linear Não - linear - Linear: uma equação diferencial ordinária (EDO) de ordem n é linear se puder ser escrita na forma: a0x dny dxn + a1x dn−1y dxn−1 +. . .+anxy = gx (Definição semelhante aplica-se a EDP). - Não-linear: uma equação diferencial que não tenha a forma da equação acima é dita não-linear. Exemplos.: a), c) e e) são lineares. b) e d) são não-lineares (potências das derivadas). Exemplo de Aplicação: Pêndulo: A equação diferencial ordinária que modela o movimento oscilatório de um pêndulo simples é dada por: d2θ dt2 + g l sinθ = 0 que é uma equação não-linear (termo sinθ ). Faltam técnicas gerais de solução. Em alguns casos, é possível fazer uma aproximação do problema para equações lineares (técnicas desenvolvidas). Neste exemplo, se o ângulo θ for pequeno, então sinθ ≅ θ e a EDO não-linear é substituída por uma equação linear: d2θ dt2 + g l θ = 0 Observação: Existem problemas que não é possível aproximar uma equação não-linear por uma equação linear. 1.3 Soluções: 2 Uma solução de uma equação diferencial na função incógnita y e na variável independente x, no intervalo I, é uma função que verifica a equação diferencial identicamente para todo x em I. Exemplo 1: yx = C1 sin2x + C2 cos 2x é solução de y ′′ + 4y = 0 ? y ′x = y ′′x = Substituindo na EDO, verifica-se que yx satisfaz a equação diferencial para ∀x. Portanto, yx é solução no intervalo −∞,∞. Exemplo 2: yx = x2 lnx é solução de x2y ′′ − 3xy ′ + 4y = 0 , x > 0 ? y ′x = y ′′x = Exemplo 3: y = x2 − 1 é solução de y ′ 4 + y2 = −1 ? A equação não admite solução, pois y ′ 4 + y2 é sempre não negativo para todo yx real, não podendo ser igual a -1. Exemplo 4: y ′ 4 + y2 = 0 , admite como única solução y ≡ 0 (pelo mesmo motivo do exemplo anterior). Definição: Uma solução particular de uma equação diferencial é qualquer solução. A solução geral de uma equação diferencial é o conjunto de todas as soluções. Exemplo 5: Pode-se mostrar que yx = C1 sin2x + C2 cos 2x é a solução geral de y ′′ + 4y = 0. Isto é, toda a solução particular da ED tem esta forma. Por exemplo, são soluções particulares: y = 5sin2x − 3 cos 2x C1 = 5,C2 = −3 y = sin2x C1 = 1,C2 = 0 y = 0 C1 = 0,C2 = 0 Observação: Nem sempre se pode expressar por uma fórmula única a solução de uma ED. Exemplo 6: y ′ + y2 = 0 tem como soluções particulares y = 1x e y ≡ 0. 1.4 Problemas de Valores Iniciais e de Valores no Contorno: Uma equação diferencial acompanhada de condições adicionais sobre a função incógnita e suas derivadas (todas no mesmo valor da variável independente) constitui um problema de valores iniciais. Estas condições são chamadas C.I. (condições iniciais). Exemplo 1: y ′′ + 2y ′ = ex yπ = 1 , y ′π = 2 (CI) 3 Este é um problema de valor inicial, pois as condições adicionais são dadas em x = π. Se as condições adicionais são dadas para mais de um valor da variável independente, temos um problema de valores no contorno e as condições são C.C. (condições de contorno). Exemplo 2: y ′′ + 2y ′ = ex y0 = 1 , y1 = 1 (CC) Este é um problema de valor no contorno, pois as condições adicionais são dadas em x = 0 e x = 1. Exemplo 3: Determine uma solução do problema y ′′ + 4y = 0 onde y0 = 0 , y ′0 = 1 se a solução geral é yx = C1 sin2x + C2 cos 2x y0 = y ′x = y ′0 = Solução particular: yx = 1 2 sin2x Solução geral: conjunto de todas as soluções (família de curvas). Solução particular: solução que satisfaz as CI ou as CC (uma única curva). -4 -2 2 -0.4 -0.2 0.2 0.4 x y -4 -2 2 4 -3 -2 -1 1 2 3 x y Solução particular: Solução geral: Campo de direções: dá um “perfil” das soluções dy dx = fx,y coeficiente angular da solução no ponto x,y. 1.5 LISTA DE EXERCÍCIOS 1 1- Nos exercícios seguintes, determine: (a) a ordem da eq. diferencial. (b) o tipo EDO ou EDP. (c) a variável independente. (d) a função incógnita. 1.1 y ′ + xy = x2 1.2 y ′3 = sinx 4 1.3 ∂ 2u ∂x2 + ∂ 2u ∂x∂y + 7 ∂ 2u ∂y2 + 8 ∂u ∂x + 2u = sinxy 1.4 d3y dx3 + 3 d2y dx2 + y = ex 1.5 d4y dx4 d3y dx3 d2y dx2 = dy dx 1.6 y ′′2 − 3yy ′ + xy = 0 1.7 x4yIV + xy ′′′ = ex 1.8 d ny dxn = y2 + 1 2 - Quais, entre as funções abaixo, são soluções de y ′ − 5y = 0? a) y = 5 b) y = 5x c) y = x5 d) y = e5x e) y = 2e5x f) y = 5e2x 3 - Quais, entre as funções abaixo, são soluções de x ′′ − 4x ′ + 4x = e t ? a) x = e t b) x = e2t c) x = e2t + e t d) x = te2t + e t e) x = e2t + te t 4 - Determine os valores das constantes, de modo que as funções dadas satisfaçam as condições iniciais indicadas: 4.1 yx = C1ex + C2e2x + 3e3x; y0 = 0; y ′0 = 0 4.2 yx = C1 sinx + C2 cos x + 1; yπ = 0; y ′π = 0 Respostas: 1.1 (a) 1 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.2 (a) 1 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.3 (a) 2 (b) E.D.P. (c) x,y (d) ux,y 1.4 (a) 3 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.5 (a) 4 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.6 (a) 2 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.7 (a) 4 (b) E.D.O. (c) x (d) yx 1.8 (a) n (b) E.D.O. (c) y (d) xy 2- (d) e (e) 3- (a), (c) e (d) 4.1 C1 = 3, C2 = −6 4.2 C1 = 0, C2 = 1. CAPÍTULO 2: EDO DE PRIMEIRA ORDEM 2.1 Interpretação Geométrica das EDOs de Primeira Ordem - Campo de Direções: Uma EDO de primeira ordem é uma equação da forma: dy dx = fx,yx A solução desta equação é uma função y = φx que pode ser representada através de um gráfico. Geometricamente, da equação diferencial acima, podemos afirmar que, em qualquer ponto x,y, o coeficiente angular dy dx da solução neste ponto é dada por fx,y. Graficamente, podemos traçar um pequeno segmento de reta, no ponto x,y, coeficiente angular fx,y. 5 Exemplo 1: dy dx = 1 3 y, cuja solução exata é yx = Ce 1 3 x -4 -2 0 2 4 1 2 3 4 5 x y -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 5 10 15 20 x y O conjunto dos segmentos de reta é o campo de direções da EDO de primeira ordem. 2.2 Equações a Variáveis Separáveis: A forma padrão de uma EDO de primeira ordem é dy dx = fx,y. No entanto, podemos escrever fx,y como Mx,y −Nx,y , assim, dy dx = Mx,y −Nx,y −Nx,ydy = Mx,ydx e obtemos a forma diferencial para esta equação:Mx,ydx + Nx,ydy = 0 Exemplo 1: Escreva yyy ′ − 1 = x na forma padrão e na forma diferencial: Forma padrão: dy dx = x + y y2 Forma diferencial: (existeminfinitas) x + y y2 dx − dy = 0 ou x + ydx − y2dy = 0 Uma EDO de primeira ordem é uma equação a variáveis separáveis se pode ser escrita como: Mxdx + Nydy = 0 e sua solução geral é obtida via integração: ∫Mxdx + ∫Nydy = C Exemplo 2: Determinar a solução geral da equação dy dx = x 2 1 − y2 : 6 Solução: x3 + y3 − 3y = C Obs.: y = yx implícitamente. Exemplo 3: Determinar a solução geral da equação dy dx = 3x2 : Solução: y = x3 + C Obs.: dependência explícita ( yx está isolado) Exemplo 4: Determinar a solução geral da equação dy dx = 4y : Solução: y = Ce4x 2.3 Lista de Exercícios 2 1 - Escreva as seguintes equações diferenciais na forma padrão: 1.1 exy ′ + e2xy = sinx 1.2 yyy ′ − 1 = x 1.3 xy + 3dx + 2x − y2 + 1dy = 0 1.4 xy ′ + cosy ′ + y = 1 2 - Determine a equação da curva que passa pelo ponto P5,6, conhecendo a declividade de sua tangente num ponto qualquer dada por: dy dx = 2x 3y . 3 - Resolva as seguintes equações diferenciais: 3.1 y ′ = 5y 3.2 y ′ = 5 x2 3.3 db dp = 2b 3.4 dy dx = − sinx 3.5 xdx + ydy = 0 Respostas: 1.1 y ′ = −exy + e−x sinx, onde fx,y = −exy + e−x sinx 1.2 y ′ = x + y y2 1.3 y ′ = xy + 3 y2 − 2x − 1 1.4 Não pode ser escrita na forma padrão. 2 3y2 − 2x2 = 58 3.1 y = Ce5x 3.2 y = 5 3 x3 + c 7 3.3 b = Ce2p 3.4 y = cos x + c 3.5 y = ± k − x2 2.4 Exemplo de Aplicação 2.4.1 Cultura de Bactérias Considere uma cultura de bactérias cuja taxa de crescimento populacional é proporcional à população presente. Determinar a quantidade de bactérias presentes, após 15 horas, sabendo que após 3 horas a quantidade inicial duplicou: Sejam Nt o número (população) de bactérias no intante t, k uma constante de proporcionalidade, N população inicial (no instante de tempo t = 0) e dN dt , a taxa de crescimento populacional (velocidade de crescimento). Então, a EDO é dada por: dN dt = kNt N0 = N0 e N3 = 2N0 A solução desta EDO é N = Aekt, substituindo as condições de contorno, determinamos A e k : Nt = N0e t ln2 3 e, em t = 15, obtemos N15 = 32N0 2.4.2 Lei do Resfriamento de Newton: “A taxa de resfriamento de uma substância numa corrente de ar é proporcional à diferença entre a temperatura da substância e a temperatura do ar”. Considere a temperatura do ar 250C. Se uma substância resfria, neste ambiente, de1000 C para 700 C, em 20 minutos, ache o intante em que a temperatura da substância é 500C. Obs.: Suponha que a temperatura da substância é homogênea. Sejam Tt a temperatura da substância 0 C no instante t (min) e k uma constante de proporcionalidade. Então, a EDO é dada por: dT dt = kT − 25 T0 = 100 e T20 = 70 A solução desta EDO é T = Aekt + 25 , substituindo as condições de contorno, encontramos A e k : Tt = 75e t 20 ln 3 5 + 25 e, queremos encontrar t1 tal que Tt1 = 50. Substituindo na solução, obtemos t1 = 42,25 min, ou seja, 42 min e 15 seg. 8 0 20 40 60 80 100 120 40 60 80 100 x y Grafico da solução da EDO. 2.4.3 Um corpo em queda livre: Um corpo em queda livre, satisfaz a segunda lei de Newton que indica que a força líquida que aje sobre o corpo (peso) é proporcional à sua aceleração. Considerações: - massa e gravidade são constantes; - resistência do ar é proporcional à velocidade v da queda; - direção positiva é para baixo. Da segunda lei do movimento de Newton, obtemos: F = m dv dt onde F é a força líquida e dv dt é a taxa de variação do momento do corpo em relação a t (m é constante). mg − kv = m dv dt mg = m dv dt + kv dv dt + km v = g Equação do movimento onde mg = W é o peso do corpo e kv é a resistência do ar. . Observação: Se k = 0 (desprezamos a resistência do ar) a equação se reduz à: dv dt = g. 2.5 LISTA DE EXERCÍCIOS 3 APLICAÇÕES: 1) Determinar o tempo necessário para que uma certa quantia duplique seu valor quando aplicada à juros de 5% ao ano, continuamente acumulados. 2) Sabendo que o rádio se decompõe numa razão proporcional à quantidade existente e que a metade da porção original desaparece em 1600 anos, calcular a percentagem perdida em 100 anos. 3) Numa cultura, a quantidade de fermento ativo cresce proporcionalmente à quantidade presente. Sabendo que em uma hora a porção inicial foi duplicada, qual a multiplicação que se pode esperar no final de 2 : 45 horas? 4) Uma certa substância esfria-se de 1000C a 600C, em 10 minutos. Agora, sendo a temperatura da substância de 200C. Achar a temperatura da substância depois de 40 minutos. 9 5) O nuclídeo radioativo plutônio 241 decai de acordo com a eqação diferencial dQ dt = −0,0525Q, onde Q está em miligramas e t em anos. a) Determinar a meia vida τ do plutônio 241. b) Se 50 mg de plutônio estiverem presentes numa atmosfera no dia de hoje, quanto plutônio existirá daqui a dez anos? 6) Uma bola, com massa de 0,25 kg, é lançada para cima, com uma velocidade inicial de 20m/s, do terraço de um edifício com 30 m de altura. Desprezar a resistência do ar. a) Calcular a altura máxima que a bola atinge acima do nível do solo. b) Admitindo que a bola não caia no terraço, ao retornar, calcular o tempo que leva para atingir o solo. Respostas: 1) 13,9 anos. 2) 4,23%. 3) 6,73 vezes a quantia original 4) 250C. 5) a) 13,20 anos b) 29,6 mg 6) a) 50,4 m. b) 5,25 s. 2.6 Equações Homogêneas: Uma EDO de primeira ordem, na forma dy dx = fx,y é homogênea se flx, ly = fx,y para todo l real. Exemplo 1: Verifique se y ′ = x + y x é homogênea: fx,y = x + y x ∴ flx, ly = lx + ly lx = lx + y lx = x + y x = fx,y ∴ A EDO é homogênea. Exemplo 2: Verifique se y ′ = x2 + y x3 é homogênea: Resp.: A EDO não é homogênea. Uma equação homogênea pode ser transformada em equação a variáveis separáveis (que já sabemos resolver), mediante a seguinte substituição de variável: y = xν dy dx = ν + x dν dx Obtemos, então, uma equação diferencial nas variáveis ν e x que resolvemos como equação a variáveis separáveis. Não esqueça de substituir ν = y x no final do procedimento. Exemplo 1: Encontre a solução da EDO y ′ = y + x x : Já vimos que é uma EDO homogênea. 10 Façamos a substituição: y = νx dy dx = ν + x dν dx . A solução geral da EDO é y = x ln|x| + Cx. Exemplo 2: Encontre a solução da EDO y ′ = y2 + x2 xy com y1 = −2 : Solução: A EDO é homogênea e y2 = x2 lnx2 + 4x2 ou y = − x2 lnx2 + 4x2 Obs.: O sinal de menos garante a consistência com a condição inicial. Atenção: Em algumas situações é conveniente escrever a EDO original como dx dy = 1 fx,y e fazer a substituição x = νy dx dy = ν + y dν dy Exemplo: Resolver dy dx = 2xye x y 2 y2 + y2e x y 2 + 2x2e x y 2 Verifique que a EDO é homogênea! A substituição conveniente é x = νy dx dy = ν + y dν dy , pois simplifica os termos. dx dy = 1 fx, y = y2 + y2e x y 2 + 2x2e x y 2 2xye x y 2 Solução geral: y = k 1 + e x y 2 2.7 Equação Diferencial Ordinária de Primeira Ordem Exata: Uma equação diferencial: Mx,ydx + Nx,ydy = 0 é exata se existe uma função gx,y tal que: dgx,y = Mx,ydx + Nx,ydy. Por outro lado, dgx,y = ∂g ∂x dx + ∂g ∂y dy 11 de onde concluímos que: Mx,y = ∂g ∂x e Nx,y = ∂g ∂y . Da teoria de derivação, temos que ∂2g ∂x∂y = ∂2g ∂y∂x ∂ ∂x ∂g ∂y = ∂ ∂y ∂g ∂x ∂ ∂x Nx,y = ∂ ∂y Mx,y TESTE: Uma EDO de primeira ordem, na forma diferencial é exata se e, somente se, ∂ ∂y Mx,y = ∂ ∂x Nx,y SOLUÇÃO: 1) gx,y = ∫Mx,ydx + Yy 2) ∂g ∂y = Nx,y 3) Yy = ∫Y′ydy 4) Solução geral gx,y = k (forma implícita) Exemplo 1: Resolva ycos x + 2xeydx + sinx + x2ey − 1dy = 0. Teste: ∂M ∂y = cos x + 2xey ∂N ∂x = cos x + 2xey 1) gx, y = ∫Mx,ydx + Yy gx, y = ∫ycos x + 2xeydx + Yy gx, y = y sinx + x2ey + Yy 2) ∂g ∂y = Nx,y sinx + x2ey + Y′y = sinx + x2ey − 1 ∴ Y′y = −1 3) Yy = ∫Y′ydy Yy = ∫−dy = −y 4) gx, y =y sinx + x2ey − y = k solução geral! Exemplo 2: 3xy + y2dx + x2 + xydy = 0 Exemplo 3: Resolva dy dx = 2 + yexy 2y − xexy 12 Solução geral: 2x + exy − y2 = C 2.8 LISTA DE EXERCÍCIOS 4 1)Resolva as seguintes equações diferenciais: a) 3xy2 + 1dx + yx2 + 2dy = 0 b) dy dx = 8xy + 3y c) yy ′ = cos2wx. (w é constante) d) v dv dt = g (g é constante) e) y ′ = 1 + x + y2 + xy2 f) xyy ′ = 2y + 1 2) Resolva os seguintes problemas de valor inicial: a) y ′ = − xy , y1 = 2 b) sin2ydx + cos2xdy = 0 , y π 4 = π 4 c) dI dt + 5I = 10 , I0 = 0 d) v dv dt = g , vt0 = v0 3) Determine as soluções gerais das seguintes equações: a) xy ′ + y + 2x = 0 b) y ′ = xy + x sec y x c) xy ′ − y − y − x3 = 0 d) xy ′ = xe −y x + y 4) Resolva as equações: a) x + y2dy + y − x2dx = 0 b) ex cos ydx = ex sinydy. c) 3x2 + 2xy2dx + 2x2ydy = 0 d) 3x2y + y x dx + x 3 + lnxdy Respostas: 1.a) x2 + 23y2 + 1 = k. 1.b) y = ke4x 2+3x. 1.c) y2 = x + sin2wx 2w . 1.d) v2 = 2gt + k. 1.e) arctgy = x 2 2 + x + k. 1.f) y − ln|y + 1| − 2 ln|x| = k. 2.a) x2 + y2 = 5 2.b) tgx − cotgy = 0 2.c) It = 21 − e5t 2.d) v2 − 2gt = v02 − 2gt0 13 3.a) y = cx − x 3.b) y = xarcsinx + c 3.c) y = x + xc − x 2 − 1 2 3.d) e y x − lnx = k. 4.a)yx − x 3 3 + y3 3 = k 4.b) ex cos y = k 4.c) x3 + x2y2 = k 4.d) x3 + lnxy = k 2.9 Fatores Integrantes: Normalmente, a equação diferencial Mx,ydx + Nx,ydy = 0 não é exata. Mas, em alguns casos, podemos transformar esta equação diferencial em exata, fazendo uma multiplicação adequada. Exemplo: Resolva y ′ = 2xy − x (não é homogênea) ∴ Não é exata. Se multiplicarmos a equação por e−x 2 , obtemos: −2xye−x2 + xe−x2dx + e−x2 dy = 0 ∂M ∂y = −2x e−x2 ; ∂N ∂x = e−x 2 .−2x . Assim, é exata e já sabemos resolver. Definição: Uma função Ix,y é um Fator Integrante de Mx,ydx + Nx,ydy = 0 se a equação: Ix,yMx,ydx + Nx,ydy = 0 é exata. 2.9.1 Métodos para Determinação de Fatores Integrantes: Caso 1: Fator integrante depende só de x : Ix Se 1 N ∂M ∂y − ∂N ∂x ≡ hx é função somente de x, então Ix = e∫ hxdx Exemplo: Resolva x − ydx − dy = 0 Não é exata, mas com hx = 1, temos Ix = ex e a EDO fica exata: exx − ydx − exdy = 0. Solução geral: xex − ex − yex = k ou y = Ce−x + x − 1 14 Caso 2: Fator integrante depende só de y : Iy Se 1 M ∂M ∂y − ∂N ∂x ≡ hy é função somente de y, então Iy = e −∫ hydy Exemplo: Resolva ydx + 3 + 3x − ydy = 0 Não é exata, mas com hy = − 2y , temos que Iy = y 2 e a EDO fica exata y3dx + 3y2 + 3xy2 − y3dy = 0 Solução geral: y3x + y3 − y 4 4 = k Caso 3: Fator integrante depende de x e y : Ix,y Se 1 xM − yN ∂N ∂x − ∂M ∂y ≡ hx,y é função de x e y, então Ix,y = e −∫ hvdv onde v = xy Exemplo: y2 + xy + 1dx + x2 + 5xy + 1dy = 0 Não é exata. Solução geral: xexy + yexy = k 2.10 Equações Diferenciais Lineares: Quando podemos escrever fx,y == pxy + qx na equação diferencial dy dx = fx, y, dizemos que a equação é linear, ou seja, dy dx + pxy = qx Solução: Utilizamos o fator de integração Ix = e∫ pxdx. Ix dy dx + Ixpxy = qxIx e ∫ pxdx dy dx + Ixpxy = qxe∫ pxdx d dx e ∫ pxdx .y = e∫ pxdx.qx Integrando em relação a x: e ∫ pxdx .y = ∫ e∫ pxdx.qxdx y = e −∫ pxdx . ∫ e∫ pxdx.qxdx + C 15 Exemplo 1: Resolva y ′ + 2y = e−x , y0 = 0.75 Fator integrante: Ix = e2x Solução geral: y = e−x + Ce−2x Solução particular: y = e−x − 0.25e−2x Exemplo 2: Resolva y ′ − 2xy = x , y0 = 0 Fator integrante: Ix = e−x 2 Solução geral: y = − 1 2 + Cex 2 Solução particular: y = − 1 2 + 1 2 ex 2 2.11 Equação de Bernoulli: Uma equação diferencial de Bernoulli é uma equação da forma: y ′ + pxy = qxyn, onde n é real. Fazendo a substituição z = y1−n reduzimos a equação de Bernoulli a uma equação diferencial linear na função incógnita z. Exemplo 1: Resolva dy dx + xy = xy2 Equação de Bernoulli com n = 2. Substituição: z = y1−2 ou seja: z = 1y , ainda, y = 1z dy dx = − 1 z2 dz dx Fator integrante: Ix = e − x 2 2 Solução geral: y = 1 1 + Ce − x 2 2 Exemplo 2: Resolva dy dx − 3x y = x 4y 1 3 Equação de Bernoulli com n = 1 3 . Substituição: z = y 2 3 , então y = z 3 2 dy dx = 3 2 z 1 2 dz dx Fator integrante: Ix = 1 x2 16 Solução geral: y 2 3 = 2 9 x5 + Cx2 ou y = ± 2 9 x5 + Cx2 3 2 2.12 LISTA DE EXERCÍCIOS 5 1) Em que condições as seguintes equações diferenciais são exatas? Determinadas as condições, resolva-as. 1.1) 2x + aydx + 2y + bxdy = 0 1.2) coshy + acosaxdx + bx sinhydy = 0 2) Determine um fator integrante para as equações abaixo e resolva-as. 2.1) 2x3 − ydx + xdy = 0, y1 = 1. 2.2) y3 + 2exydx + ex + 3y2dy = 0 2.3) dy dx = x x2y + y3 . 2.4) ydx − xdy + lnxdx = 0 3) Verifique se as seguintes equações são Equações diferenciais Lineares e resolva-as. 3.1) dy dx + y x = 1 3.2) dy dx − 2yx = x 2 sin3x. 3.3) dy dx = 2xy − x + 1 3.4) x dy dx + y = 2x, y1 = 2. 4) Prove que a equação diferencial dy dx + pxy = qxy lny, pode ser resolvida mediante a mudança de variável lny = v. Use isto para resolver a EDO: x dy dx + 2x2y = y lny 5) Resolva as equações de Bernoulli. 5.1) yy ′ = xy2. 5.2) y ′ + y = y2ex. 5.3) yy ′ − xy2 − x = 0. Respostas. 1.1) a = b, x2 + axy + y2 = k 1.2) b = 1, xcoshy + sinax = k 2.1) hx = 1 x2 . yx = 2x − x3; 2.2) hx = ex, exy3 + e2xy = k; 2.3) hy = e−y 2 , e −y2 2 x2 + y2 + 1 = k ; 2.4) hx = 1 x2 . yx = cx − lnx − 1 ; 3.1) yx = x 2 + kx , 3.2) yx = x 2− cos3x 3 + k. 3.3) yx = x + kex 2 . 3.4) yx = x2 x 2 2 + k 4) yx = 3 2 1 − e−2x 5.1) z = y−1; yx = ke x2 2 . 17 5.2) z = y−1; yx = −1 c + xex . 5.3) z = y2; y2 = 1 + kex 2 . 2.13 Aplicações das EDO de Primeira Ordem 2.13.1 Trajetórias Ortogonais Considere a família de curvas no plano xy Fx,y,c = 0 , onde c é um parâmetro (“constante” que fazemos variar). Chamamos de trajetórias ortogonais, desta família, a uma nova família Gx,y,k = 0 , onde cada curva de G intercepta cada curva de F , segundo um ângulo reto. Exemplo: F : x2 + y2 = c G : y = kx -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 -4 -2 2 4 x y 2.13.2 Procedimento para Determinação de Trajetórias Ortogonais a Fx,y,c 1) Derivamos Fx,y,c em relação a x (derivação implícita). Se necessário, isolamos c em Fx, y,c e substituímos na equação derivada. Obtemos: dy dx = fx,y. 2) As trajetórias ortogonais são soluções de dy dx = − 1 fx,y. . Exemplo 1: Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas x2 + y2 = c2 (circunferências com centro na origem). 1) 2x + 2yy ′ = 0 ∴ y ′ = − xy 2) dy dx = − 1 fx,y. ∴ dy dx = y x (EDO a variáveis separáveis) Solução geral: y = kx Retas que passam pela origem - trajetórias ortogonais. Exemplo 2: Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas y = cx2 (parábolas com vértice na origem). 18 1) y ′ = 2cx , mas c = y x2 ∴ y ′ = 2yx 2) dy dx = − 1 fx,y. ∴ dy dx = − 1 2 x y EDO a variáveis separáveis. Solução geral: x 2 2 + y2 = C (elipses=trajetórias ortogonais) -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 -4 -2 2 4 x y 2.13.3 Exemplos de aplicação: - Problemas de Diluição: Considere um tanque contendo inicialmente V0 litros de salmoura com a kg. de sal. Uma outra solução com b kg. de sal por litro começa a entrar no tanque a uma razão de e l/min e, simultaneamente, a mistura deixa o tanque a razão de f l/min. Qual a quantidade de sal no instante t? Seja: Qt: quantidade (kg) de sal no instante t. dQ dt : taxa de variação de Q. dQ dt = Tent − Tsai = taxa que o sal entra no tanque - taxa que o sal sai do tanque. Tent: be (kg/min) onde b é a quantidade de sal por l (concentração de sal na solução que entra) e é a quantidade de l de solução que entra por minuto. Tsai: concentração de sal no tanque no instante t (kg/l).f (quantidade em litros de mistura que sai por minuto). Tsai: Q V0 + et − ft f onde Qt é a quantidade de sal (kg) em t et é o que entrou em t min ft é o que saiu em t min V0 é o volume inicial. A EDO fica: dQ dt = be − Q V0 + et − ft f ou dQ dt + Q V0 + et − ft f = be, que é linear. Exemplo 1: Um tanquecontém inicialmente 350 litros de salmoura com 10 kg de sal. No intante t = 0, água pura começa a entrar no tanque a razão de 20 l por minuto, enquanto a mistura sai do tanque a 19 mesma taxa. Determine a quantidade de sal no tanque no instante t. V0 = 350 l. b = 0 kg/l f = 20 l/min Q0 = 10 kg e = 20 l/min dQ dt + 20 350 + 20t − 20t Q = 0.20 ∴ dQ dt + 2 35 Q = 0 É linear. Fator integrante: It = e 2t 35 Solução geral: Q = Ce − 2t 35 Solução particular: Qt = 10e − 2t 35 Observe que Q → 0 quando t → ∞ , o que esperávamos, pois está entrando água pura. - Problemas de Temperatura: Lei do Resfriamento de Newton (válida também para aquecimento). “ A taxa de resfriamento de uma substância numa corrente de ar é proporcional à diferença entre a temperatura da substância e a temperatura do ar”. Sejam T: temperatura do corpo Tm: temperatura do meio k: constante de proporcionalidade k > 0. dT dt = −kT − Tm dT dt + kT = kTm é linear. Obs.: Por que escolher k positivo? - Processo de resfriamento: T − Tm > 0 ∴ −kT − Tm < 0 ∴ dT dt < 0 (variação da temperatura negativa, implica em temperatura decrescente). - Processo de aquecimento: T − Tm < 0 ∴ −kT − Tm > 0 ∴ dT dt > 0 (temperatura crescente). Exemplo 1: Um corpo à temperatura de 50∘ F é colocado ao ar livre onde a temperatura é de 100∘ F. Se, após 5 min, a temperatura do corpo é 600∘ F, determine: a) o tempo necessário para que o corpo atinja 75∘ F. b) a temperatura do corpo após 20 minutos. Solução: T0 = 50 T5 = 60 Tm = 100 20 a) Tt1 = 75, encontre t1 : dT dt + kT = kTm dT dt + kT = 100k é linear. Fator integrante: It = ekt Solução geral : Tt = 100 + Ce−kt. Solução particular: Tt = 100 − 50e − 1 5 ln1.25t E para Tt1 = 75, t1 ≅ 15,5 min. b) T20 = 79,52 ∘ F. - Problemas de Queda dos Corpos: Considere um corpo de massa m em queda vertical. Considerações: - massa e gravidade são constantes; - resistência do ar é proporcional à velocidade v da queda; - direção positiva é para baixo. Da segunda lei do movimento de Newton, obtemos: F = m dv dt onde F é a força líquida e dv dt é a taxa de variação do momento do corpo em relação a t (m é constante). mg − kv = m dv dt mg = m dv dt + kv dv dt + km v = g Equação do movimento onde mg = W é o peso do corpo e kv é a resistência do ar. . Obs.1: Se k = 0 (desprezamos a resistência do ar) a equação se reduz à: dv dt = g. Obs.2: Quando o corpo é arremessado para cima, a resistência do ar tem sentido igual ao do peso porque a resistência é sempre oposta ao sentido do movimento. Obs.3: Quando a direção positiva é considerada para cima, precisamos reavaliar os sinais da equação do movimento. Obs.4: Pode existir outra relação entre a resistência do ar e a velocidade que não seja a relação considerada na modelagem anterior. Se a resistência do ar for proporcional ao quadrado da velocidade: −kv2. Obs.5: O peso é aproximado por W = mg quando o corpo se encontra muito próximo da terra. Caso contrário, é dado por: W = mgR2 R + x2 onde R é o raio terrestre e x é a altura acima do nível do mar. Neste caso, será necessário usar dv dt = dv dx dx dt v dv dx = dv dt . Exemplo 1: Um corpo de massa m cai a partir do repouso, num meio que oferece resistência proporcional à velocidade. Admitindo que a força gravitacional seja constante, determine: 21 a) a velocidade em qualquer instante. b) a velocidade limite v e quando t → ∞. Solução: a) dv dt + km v = g v0 = 0 é linear. Fator integrante: It = e kt m Solução geral: v = mg k + Ce− kt m Solução particular: vt = mg k 1 − e− kt m b) lim t→∞ vt = v l , então v l = mg k , velocidade limite. - Problemas de Circuitos Elétricos: Considere: R é o resistor (ohms), L é o indutor (henries), C é o capacitor (Faradays), E é a força eletromotriz (volts), I é a corrente (ampères). Casos Particulares: - Circuito RL: Lei que rege a quantidade de corrente no circuito é dI dt + R L I = E L Obs.: Não necessariamente E é constante. É uma equação linear não-homogênea. - Circuito RC: Lei que rege a quantidade de carga é dq dt + 1 RC q = E R Obs.: A EDO é linear e não-homogênea. A relação entre q e I é: I = dq dt Atenção: It = corrente transiente + corrente estacionária. - Estado transiente: Tem forte influência no início do experimento. Vai para zero quando t → ∞. - Estado estacionário: caracteriza a corrente quando t → ∞ (muito grande). Exemplo 1: Um circuito RL tem uma f.e.m. de 5 volts, uma resistência de 50 ohms, uma indutância de 1 henry e não tem corrente inicial. Determine: 22 a) a corrente no instante t; b) sua componente no estado estacionário; c) sua componente no estado transiente. Solução: a) dI dt + 50I = 5 I0 = 0 Fator integrante: e50t Solução particular: It = 1 10 − 1 10 e−50t. b) Iest = 110 A, c) I trans = − 110 e −50t - Crescimento Exponencial: Exemplo 1: Seja Nt a população de uma certa espécie (ou a quantidade de uma substância). Hipóteses: taxa de variação de N é proporcional ao valor instantâneo de N. População inicial N0. dN dt = rN N0 = N0 Obs.: se r > 0 : crescente; se r = 0: Nt = N0 e se r < 0 : decrescente (extinção) r: velocidade específica de crescimento (ou declíneo). Solução: Nt = N0ert. Exemplo 2: Uma pessoa deposita R$20.000,00 em uma conta que paga 5% ao ano de juros compostos continuamente. Determine: a) o saldo na conta após 3 anos; b) o tempo necessário para que a quantia inicial duplique. Solução: Sejam Nt : quantidade de dinheiro=saldo na conta r : taxas de juros compostos continuamente=velocidade específica de crescimento. r = 0.05 > 0 (o saldo aumenta) e N0 = 20.000 dN dt = 0. 05N N0 = 20.000 Solução: Nt = 20.000e0.05t a) N3 = 23.236, 68 reais b) Nt = 40.000 t = 13,86 anos. 23 - Problemas de Crescimento Logísitco: Suponha que a velocidade específica de crescimento dependa da realidade da população (meio ambiente, alimentação, competição intra e extra-específica, clima, etc). Então, esta velocidade fica melhor expressa por uma função de N : fN. Escolhemos: fN = r − aNN onde r,a > 0 são constantes e, portanto: dN dt = r − aNN (Equação Logística) ou dN dt = r1 − N K N onde K = ar . Exemplo 1: Cinco ratos de uma população constante de 500 são intencionalmente inoculados com uma doença contagiosa para testar uma teoria de disseminação da epidemia segundo a qual a taxa de variação da população infectada é proporcional ao produto de ratos infectados pelo número de ratos sem a doença. Qual o tempo necessário para que a metade da população contraia a doença? Solução: Sejam Nt o número de ratos infectados, N0 = 5 e o número de ratos sem a doença é 500 − N, então dN dt = 500 − NRN ou dN dt = 1 − N 500 rN Eq. Logística r = 500R N0 = 5 Atenção: Integração via frações parciais! Solução Particular: N 500 − N = 1 99 e500Rt Pergunta: Nt = 250 t = 0.00919 R u.t. 2.14 LISTA DE EXERCÍCIOS 6 1) Em cada um dos casos abaixo, desenhar curvas da família dada e também das respectívas tragetórias ortogonais. a) A famíla de hipérboles xy = c. b) A família de círculos x − c2 + y2 = c2 c) A família x2 + y2 = Cx 2) Um tanque de 50 litros contém inicialmente 10 litros de água pura. No instante t = 0, começa a ser despejada uma solução contendo 0,1 kg de sal por litro, a razão de 4 l/min, enquanto a mistura sai do tanque a razão de 2 l/min. Determine: a) O instante em que ocorre o transbordamento. b) A quantidade de sal no tanque neste instante. 3) Um corpo de massa m é lançado verticalmente para cima com velocidade inicial v0. Se a resistência do ar é proporcional à velocidade, determine: a) a equação do movimento no sistema coordenado v, t. b) a velocidade no instante t. c) o instante em que o corpo atinge a altura máxima. 4) Um circuito RL tem f.e.m. dada (em volts) por 3sin2t , uma resistência de 10 ohms, uma indutância de 0.5 henry e uma corrente inicial de 6 ampères. Determine a corrente em t: 24 5) Sabe-se que a população de um determinadopaís aumenta a uma taxa proporcional ao número de habitantes do país. Se, após 2 anos, a população duplicou e, após 3 anos, é de 20.000 habitantes, estime o número inicial de habitantes: Pesquisa Pesquise, nos livros abaixo indicados, uma aplicação para as equações diferenciais ordinárias de primeira ordem. Escolha uma aplicação na área que preferir, como por exemplo: biologia (crescimento populacional e disseminação de doenças), química (decaimento radioativo, misturas e datação por carbono), física (resfriamento de Newton e corpo em queda livre) e engenharia (circuitos elétricos e eletromagnetismo). O trabalho deve conter no mínimo duas páginas com: introdução, descrição do problema de forma geral (pelo menos uma página), um exemplo resolvido e conclusão, contendo a sua opinião sobre as aplicações das equações diferenciais e sobre a aplicação escolhida. Procure pesquisar em mais de um livro da biblioteca, escolhendo a aplicação que achar mais interessante. Referências *BOYCE W.E. DIPRIMA R.C.. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Rio de Janeiro LTC. 1998. BRONSON. R.. Moderna Introdução às Equações Diferenciais. São Paulo, McGraw-Hill, 1977. *EDWARDS C.H. PENNEY D.E. Equações Diferenciais Elementares com Problemas de Contorno. Prentice-Hall, 1995. *HUGHES-HALLETT, D., GLEASON, A. M. Cálculo v. 2. Rio de Janeiro LTC. 1997. *ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. Thomson Learning 2003. ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais v 1. MAKRON BOOKS. MATOS, M. P., Séries e Equações Diferenciais. São Paulo, Prentice Hall, 2002. ( * indicados ) CAPÍTULO 3: EDOs LINEARES DE SEGUNDA ORDEM 3.1 EDO Lineares de Segunda Ordem Uma EDO de segunda ordem é linear se pode ser escrita na forma: y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx Uma EDO linear de segunda ordem homogênea é dada com gx ≡ 0 y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0 Caso contrário, a equação é dita não-homogênea. Uma EDO linear de segunda ordem é dita com coeficientes constantes se a1,a0 são constantes. 25 Caso contrário, a equação é com coeficientes variáveis. Obs.1: Uma EDO linear de segunda ordem pode ser escrita como: Ly = gx onde L é um operador linear definido como segue: L : C2I → CI tal que Lyx = y ′′ + a1xy ′ + a0xy C2I : conjunto das funções definidas no intervalo I duas vezes derivável com segunda derivada contínua. CI : conjunto das funções contínuas definidas no intervalo I. Obs.2: Um operador linear satisfaz as duas propriedades: P1 Ly1 + y2 = Ly1 + Ly2 P2 Lαy1 = αLy1 α ∈ ℜ Exemplos.: a) y ′′ + 4y = ex − sinx a1 = 0,a0 = 4 gx = ex − sinx EDO linear de segunda ordem com coeficientes constantes não-homogênea. b) x2y ′′ + xy ′ + x2 − 1y = 0 ou y ′′ + 1x y ′ + x2 − 1 x2 y = 0 a1x = 1x ,a0x = x2 − 1 x2 gx ≡ 0 EDO linear de segunda ordem com coeficientes variáveis homogênea. c) yy ′′ − y ′ = 0 O produto yy ′′ indica a não linearidade da EDO. d) y ′′ − y = 0 A potência indica a não linearidade da EDO. TEOREMA: Considere o problema de valor inicial y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx com condições yx0 = y0 e y ′x0 = y0′ , onde a1,a0 e g são contínuas num intervalo I. Então existe uma única solução para este problema e ela existe sobre todo o intervalo I. Exemplo: y ′′ − 4xy ′ + 6ycos x = e−x sinx y0 = 2,y ′0 = −3 a1 = −4x,a0 = 6cos x,gx = e−x sinx são contínuas em ℜ. Este problema possui uma solução única para todo ℜ. TEOREMA: (Princípio da Superposição) Se y1 e y2 são duas soluções da equação diferencial y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0 , então a combinação 26 linear c1y1 + c2y2 também é solução para quaisquer constantes c1 e c2. Obs.: A solução é pelo menos duplamente derivável sobre o intervalo I. 3.2 Wronskiano e Soluções Linearmente Independentes (L.I.): DEFINIÇÃO: O Wronskiano de duas funções y1 e y2 é dado por: Wy1,y2 = y1 y2 y1 ′ y2 ′ = y1y2 ′ − y1′ y2 Propriedade 1: Se y1 e y2 são funções deriváveis em I e se Wy1,y2 ≠ 0 num ponto xI ∈ I, então y1 e y2 são L.I. em I. Exemplo 1: y1x = cos x e y2x = sinx são L.I.? Wy1,y2 = cos x sinx − sinx cos x = cos2x + sin2x = 1 ≠ 0 ∀ x ∈ ℜ ∴ y1 e y2 são L.I. Exemplo 2: y1x = eλ1x e y2x = eλ2x , λ1,λ2 são constantes reais e λ1 ≠ λ2 são L.I.? Wy1,y2 = eλ1x eλ2x λ1eλ1x λ2eλ2x = λ2eλ1+λ2x − λ1eλ1+λ2x = λ2 − λ1eλ1+λ2x ≠ 0 ∴ y1x e y2x são L.I. Propriedade 2: Se y1 e y2 são soluções L.I. da EDOLH (Ly = 0), então y = c1y1 + c2y2 é a solução geral de Ly = 0. Exemplo: y ′′ − y = 0 ex,e−x são soluções L.I. Pela propriedade 2, a solução geral da EDO é yx = c1ex + c2e−x Propriedade 3: Existem duas soluções L.I. para Ly = y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0. Obs.1: Relações de Euler: e ix = cos x + i sinx e e−ix = cos x − i sinx x ∈ ℜ , i : unidade imaginária i2 = −1. ou equivalentemente: 27 cos x = e ix + e−ix 2 e sinx = e ix − e−ix 2 . Obs.2: Uma função y : ℜ → C pode ser solução de uma equação diferencial. Exemplo: y = e ix é solução de y ′′ + y = 0. Verifique! Propriedade 4: Uma função complexa y = u + iv (u e v são, respectivamente, a parte real e imaginária de y) é solução de uma EDO Ly = 0 se e, somente se, u e v são também soluções de Ly = 0. Exemplo: y = e ix é solução de y ′′ + y = 0 Pela relação de Euler: y = cos x + i sinx Pela propriedade 6, u = cos x e v = sinx também são soluções de y ′′ + y = 0. 3.3 EDOLH de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes: Considere a equação diferencial y ′′ + a1y ′ + a0y = 0. A esta equação associamos uma equação algébrica conhecida como equação característica λ2 + a1λ + a0 = 0. Fatorando a equação característica, obtemos: λ − λ1 λ − λ2 = 0. Obtemos a solução geral da EDOLH a partir das raízes da equação característica. CASO 1: λ1 e λ2 são raízes reais distintas. Como eλ1x e eλ2x são soluções L.I., então a propriedade 2 nos garante que a solução geral é yx = C1eλ1x + C2eλ2x Exemplo 1: y ′′ + 5y ′ + 6 = 0 λ2 + 5λ + 6 = 0 → λ + 2λ + 3 = 0 Solução geral: y = C1e−2x + C2e−3x Exemplo 2: y ′′ − 4y = 0 y0 = 1 , y ′0 = 0 Solução geral: y = C1e2x + C2e−2x Solução particular: yx = e 2x + e−2x 2 ou yx = cosh2x CASO 2: λ1 = λ2 (raízes reais e iguais). Solução L.I. eλ1x e xeλ1x A solução geral é yx = C1eλ1x + C2xeλ1x. 28 Verifique se eλ1x e xeλ1x são soluções L.I. W ≠ 0 Exemplo: y ′′ + 2y ′ + y = 0 Solução geral: y = C1e−x + C2xe−x CASO 3: λ1 = a + bi , λ2 = a − bi (aparecem aos pares complexos conjugados). Solução L.I.: ea+bix e ea−bix. Solução geral: y = C1 ea+bix + C2 ea−bix Mas, pela propriedade 6, podemos equivalentemente escrever a solução geral como y = C1eax cos bx + C2eax sinbx Exemplo 1: y ′′ + 20y ′ + 200y = 0 Solução geral: y = C1e−10x cos 10x + C2e−10x sin10x Exemplo 2: y ′′ + 9y = 0 Solução geral: y = C1 cos 3x + C2 sin3x 3.4 LISTA DE EXERCÍCIOS 7 1) Resolva as seguintes EDOH. 1.1) y ′′ − 2y ′ + 2y = 0 1.2) y ′′ + 7y = 0 1.3) y ′′ + 2y ′ + 5y = 0 1.4) y ′′ − 4y + 4y = 0 2) Resolva os seguintes problemas de valor inicial. 2.1) y ′′ + 2y ′ + y = 0, y0 = 1,y ′0 = 2. 2.2) y ′′ − 6y + 9y = 0, y0 = 2, y ′0 = 8. 2.3) y ′′ + 4y ′ + 4y = 0, y0 = −1, y ′0 = 3 3) Construa a matriz Wronskiana e determine o valor de seu determinante para os seguintes conjuntos de soluções. 3.1) ex,e−x 3.2) sen3x, cos3x 3.3) ex,xex 4) Mostre que duas soluções L.I. da equação diferencial y ′′ − 6y ′ + 9y = 0 são dadas por e3x, xe3x. Escreva a solução geral da EDOH. 29 RESPOSTAS 1.1) y = c1ex cos x + c2ex sinx 1.2) y = c1 cos 7 x + c2 sin 7 x 1.3) y = c1e−x cos 2x + c2e−x sin2x 1.4) y = c1e2x + c2xe2x 2.1) y = e−x + 3xe−x 2.2) y = 2e3x + 2xe3x 2.3) y = −e−2x + xe−2x 3.1) Wex,e−x = −2 3.2) Wsen3x, cos3x = −3 3.3) Wex,xex = e2x 4) y = c1e3x + c2xe3x 3.5 EDOL Não Homogênea com Coeficientes Constantes: Método dos Coeficientes a Determinar: Considere a EDO não linear Ly = y ′′ + a1y ′ + a0y = gx Propriedade 1: Se yh é a solução geral de Ly = 0 e yp é a solução particular de Ly = gx então: yx= yh + yp é a solução geral de Ly = gx. Exemplo: y ′′ − y = e2x Equação homogênea associada y ′′ − y = 0 cuja solução geral é yx = c1ex + c2e−x. yp = ? Supõe que yp = Ae2x onde A é uma constante. Derive yp e substitua na EDO para encontrar A = 1 3 . ∴ yp = 13 e 2x e a solução geral yx = yh + yp será yx = c1ex + c2e−x + 13 e 2x Propriedade 2: Se yh é a solução geral de Ly = 0, yp1 é uma solução particular de Ly = g1x e yp2 é uma solução particular de Ly = g2x, então, pelo princípio da superposição, y = yh + yp1 + yp2 é a solução de Ly = g1 + g2. Exemplo: y ′′ − y = e2x + 1 yh = c1ex + c2e−x solução de y ′′ − y = 0 yp1 = 13 e 2x solução particular de y ′′ − y = e2x yp2 = ? Supõe yp2 = A constante, deriva e substitui na EDO para encontrar A = −1.∴ yp2 = −1 ∴ y = yh + yp1 + yp2 y = c1ex + c2e−x + 13 e 2x − 1 é a solução geral de y ′′ − y = e2x + 1. Solução geral: yx = yhx + ypx Para determinarmos ypx, vamos utilizar o método dos coeficientes a determinar: CASO 1: Ly = keax onde a,k ∈ ℜ Supõe yp = Aeax onde A = ? 30 Deriva e substitui na EDO: Se a2 + a1a + a0 ≠ 0, então A = k a2 + a1a + a0 Mas isto significa que a não pode ser raíz de λ2 + a1λ + a0 = 0 , ou, do mesmo modo, eax não pode ser uma das soluções L.I. que compõe yh. Se a é raiz simples de λ2 + a1λ + a0 = 0 , devemos supor yp = Axeax , então: A = k 2a + a1 se 2a + a1 ≠ 0 Se a é raiz dupla de λ2 + a1λ + a0 = 0 2a + a1 = 0 , devemos supor: yp = Ax2eax onde A = k 2 . Exemplo 1: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = −3e−2x Solução: yh = C1e−x + C2e−4x Supõe yp = Ae−2x, derivando e substituindo na EDO, encontramos A = 3 2 Solução geral: yx = yh + yp Exemplo 2: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = 5e−4x A solução homogênea é a mesma do exemplo anterior. A solução particular yp = Ae−4x não deve funcionar, pois -4 é raiz da equação característica. Supõe, então, yp = Axe−4x , que derivando e substituindo na EDO, obtém-se A = − 5 3 . Exemplo 3: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = −e−x + 2e−4x + e5x Solução: yh = C1e−x + C2e−4x Supõe yp1 = Axe−x, yp2 = Bxe−4x e yp3 = Ce5x CASO 2: Ly = k sinαx ou kcosαx - Se Piα ≠ 0, supõe yp = Acosαx + B sinαx. - Se Piα = 0, supõe yp = Axcosαx + Bx sinαx 31 Exemplo 1: Resolva y ′′ + 4y = − sin2x + cos x yh = C1 cos 2x + C2 sin2x - P2i = 0 → yp1 = Axcos 2x + Bx sin2x . Deriva e substitui na EDO, encontra: A = 1 4 e B = 0. yp1 = 1 4 xcos 2x - Pi ≠ 0 → yp2 = Acos x + B sinx . Deriva e substitui na EDO, encontra: A = 1 3 e B = 0. yp2 = 1 3 cos x Exemplo 2: Resolva y ′′ + 3y ′ + 2y = − sin2x yh = C1e−2x + C2e−x Como P2i ≠ 0, supõe yp = Acosαx + B sinαx. Deriva e substitui na EDO: A = 3 20 , B = 1 20 yp = 1 20 3cos 2x + sin2x CASO 3: Ly = keαx cosβx ou Ly = keαx sinβx Vamos considerar Lwp = keα+iβx : - se Pα + iβ ≠ 0 , então wp = Aeα+iβx - se Pα + iβ = 0, então wp = Axeα+iβx Solução particular yp: se Ly = keαx cosβx, então yp = Rewp se Ly = keαx sinβx, então yp = Imwp Exemplo 1: Resolva y ′′ + 2y ′ + 5y = −2ex cos 2x yh = C1e−x cos 2x + C2e−x sin2x Como P1 + 2i ≠ 0, então wp = Ae1+i2x. Deriva e substitui na EDO, obtém: A = −1 + 2i 10 yp = Rewp ∴ yp = − 1 10 ex cos 2x − 1 5 ex sin2x CASO 4: 32 Ly = b0 + b1x +. . .+bnxn Se P0 ≠ 0 : supõe yp = A0 + A1x +. . .+Anxn Se P0 = 0 e P′0 ≠ 0 : supõe yp = xA0 + A1x +. . .+Anxn Se P0 = 0 e P′0 = 0 : supõe yp = x2A0 + A1x +. . .+Anxn Exemplo 1: Resolva y ′′ + 3y ′ = 2x2 + 3x yh = C1e−3x + C2 yp : P0 = 0 → yp = xA0 + A1x + A2x2. Deriva e substitui na EDO, obtém: A0 = − 5 27 , A1 = 5 18 e A2 = 2 9 yp = − 5 27 x + 5 18 x2 + 2 9 x3 CASO 5: Ly = b0 + b1x +. . .+bnxn eαx Se Pα ≠ 0 : supõe yp = A0 + A1x + A2x2eαx Se Pα = 0 e P′α ≠ 0 : supõe yp = xA0 + A1x +. . .+Anxneαx Se Pα = 0 e P′α = 0 : supõe yp = x2A0 + A1x +. . .+Anxneαx Exemplo 1: Resolva y ′′ + 2y ′ + 4y = −xe2x + 3e2x yh = C1e−x cos 3 x + C2e−x sin 3 x Como P2 ≠ 0, yp = A0 + A1xe2x. Deriva e substitui na EDO: A0 = 7 24 ,A1 = − 1 12 yp = 7 24 − 1 12 x e2x 3.6 EDOL Não Homogênea: Variação de Parâmetros Nesta seção, vamos desenvolver um outro método para determinar a solução particular da EDOL Ly = y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx a partir da solução geral de Ly = 0 : yhx = C1y1x + C2y2x. Suponha que ypx = v1xy1x + v2xy2x Se yp = v1y1 + v2y2, yp ′ = ? yp ′′ = ? Supõe que v1′ y1 + v2′ y2 = 0 (1) 33 Substitui na EDO: v1′ y1′ + v2′ y2′ = gx (2) De (1) e (2), obtemos o sistema linear: v1 ′ y1 + v2 ′ y2 = 0 v1 ′ y1 ′ + v2 ′ y2 ′ = gx Resolvemos por Cramer: v1 ′ = 0 y2 gx y2 ′ detA = − gxy2x wy1,y2 e v2′ = y1 0 y1 ′ gx detA = gxy1x wy1,y2 v1 = ∫− gxy2x wy1,y2 dx e v2 = ∫ gxy1x wy1,y2 dx E, finalmente, yp = v1xy1x + v2xy2x Exemplo 1: Resolva y ′′ + y = cscx yh = C1 cos x + C2 sinx, yp = v1 cos x + v2 sinx wy1,y2 = cos x sinx − sinx cos x = 1 v1 = ∫−cscx sinxdx = ∫−dx = −x, v2 = ∫ cscxcos xdx = ∫ cos x sinx dx = ln|sinx| yp = −xcos x + ln|sinx| sinx Exemplo 2: Resolva y ′′ + 4y = tan2x yh = C1 cos 2x + C2 sin2x, yp : wy1,y2 = 2 v1 = − 12 ∫ tan2x sin2xdx = − 1 2 ∫ sin 22x cos 2x dx = − 1 2 ∫ 1 − cos 22x cos 2x dx = − 1 2 ∫sec2x − cos 2xdx v1 = − 14 ln|sec2x + tan2x| + 1 4 sin2x v2 = 12 ∫ tan2xcos 2xdx = 1 2 ∫ sin2xdx = − 1 4 cos 2x yp = − 14 ln|sec2x + tan2x| 3.7 EDOL de Ordem n com Coeficientes Constantes: 34 EDO: yn + an−1yn−1 +. . .+a1y ′ + a0y = 0 com a i ∈ ℜ i = 1, . . . ,n − 1 Polinômio característico (equação característica): Pλ = λn + an−1λn−1 +. . .+a1λ + a0 = 0 (possui n raízes). Soluções L.I.: - Se λi é raiz real simples: y i = C ieλ ix - Se λi é raiz real de multiplicidade p: eλ1x;xeλ1x; . . . ;xp−1eλ1x - Se λi = a + bi e λi∗ = a − bi são raízes complexas conjugadas: eax cos bx;eax sinbx Exemplo 1: y ′′′ − 6y ′′ + 11y ′ − 6y = 0 Solução geral: yx = C1ex + C2e2x + C3e3x Exemplo 2: y ′′′ + 4y ′′ + 13y ′ = 0 Solução geral: yx = C1 + C2e−2x cos 3x + C3e−2x sin3x 3.8 LISTA DE EXERCÍCIOS 8 1) Resolva as seguintes equações usando o método dos coeficientes a determinar. 1.1) y ′′ − 3y ′ + 2y = 5ex 1.2) y ′′ − 4y ′ + 4y = 3e2x. 1.3) y ′′ + 7y ′ + 12y = 3cos2x. 1.4) y ′′ + 4y = x 1.5) y ′′ + 3y ′ + 2y = xe−x + cos2x + x2 2) Resolva as seguintes EDOH de ordem n. 2.1) y ′′′ − 3y ′′ + 2y ′ = 0 2.2) y ′′′ + 2y ′′ + 2y ′ = 0 3) Resolva usando o método de variação de parâmetros y ′′ − 2y ′ + y = e x x RESPOSTAS 1.1) y = c1ex + c2e2x − 5ex 1.2) y = c1e2x + c2xe2x + 32 x 2e2x 1.3) y = c1e−3x + c2e−4x + 665 cos 2x + 21 130 sin2x 35 1.4) y = c1 cos 2x + c2 sin2x + 14 x 1.5) y = c1e−x + c2e−2x− 23 xe −x + 1 24 x2e−x + Acos 2x + B sin2x + A0 + A1x + A2x2 yH yP1 yP2(resolver) yP3(resolver) 2.1) y = c1 + c2ex − c3e2x 2.2) y = c1 + c2e−x cos x − c3e−x sinx 3) y = C1ex + C2xex − xex + ln|x|xex v1 = −x e v2 = ln|x| 3.9 Exemplos de Aplicação: - Problemas de Mola: Lei de Hooke: A força F de uma mola é igual e oposta às forças aplicadas sobre esta mola e é proporcional à distensão (contração) l da mola resultante da força aplicada. F = −kl onde k é a constante da mola (constante de proporcionalidade). Considerações: - Desprezamos a massa da mola. - Resistência do ar é proporcional à velocidade do corpo. - Forças sobre o corpo no instante t são: força da resistência do ar: −ax ′ a > 0 força restauradora: −kx k > 0 Lei de Hooke Obs.: A resistência do ar é sempre no sentido oposto ao da velocidade do movimento. Segunda Lei de Newton: FR = ma Ft − ax ′ − kx = mx ′′ ou x ′′ + am x ′ + km x = Ft m C.I. x0 = 0 e x ′0 = 0 Obs.: Se a gravidade for considerada: x ′′ + am x ′ + km x = g + Ft m Exemplo: Uma massa de 2 kg. está suspensa em uma mola cuja constante é 10 N/m e permanece em repouso. É, então posta em movimento, imprimindo-lhe uma velocidade inicial de 150 cm/s. Determine a expressão da posição da massa, desprezando a resistência do ar: xt = 0.671sin 5 t - Problemas de Circuitos Elétricos: Seja umcircuito RCL (resistência-capacitância-indutância). Lei de Kirchhoff: A soma algébrica das quedas de tensão em um circuito elétrico fechado simples é zero. 36 QT(resistência)+QT(capacitância)+QT(indutância)-E(t)=0 Rq ′ + Lq ′′ + 1 C q = Et ou q ′′ + R L q ′ + 1 LC q = Et L com C.I. q0 = q0 e q ′0 = I0 = I0,que é a equação da carga q com o tempo t. Por outro lado, a equação da corrente I com o tempo t, é dada por: I ′′ + R L I ′ + 1 LC I = 1 L dEt dt com C.I. I0 = I0 e I ′0 = 1 L E0 − R L I0 + 1 LC q0 Exemplo: Um circuito RCL tem R=10 ohms, C=10−1 farad, L=0.5 henry e uma tensão aplicada de 12 volts. Admitindo que não haja corrente inicial nem carga inicial em t = 0 , quando a tensão é aplicada pela primeira vez, determine a corrente subseqüente no sistema: Equação diferencial: I ′′ + 20I ′ + 200I = 0 Condições iniciais: I0 = 0 e I ′0 = 24 Solução: It = 12 5 e−10t sin10t - Problemas de Barras e Vigas: É um exemplo de problema de contorno. Exemplo: Seja uma barra de comprimento L sujeita a uma carga uniforme q. Se, no ponto x0 = 0, esta barra está presa e, em xL = L, está só apoiada, este problema é descrito pelo seguinte problema de contorno: y4x + kyx = q y0 = y ′0 = 0 yL = y ′′L = 0 3.10 LISTA DE EXERCÍCIOS 9 1. Uma mola com massa de 3 kg é mantida esticada 0,6 m além de seu comprimento natural por uma força de 20 N. Se a mola começar em sua posição de equilíbrio, mas um empurrão der uma velocidade inicial de 1,2 m/s, determine a posição da massa depois de t segundos (fórmula). 2. Determine a carga e a corrente em um circuito em série RCL quando L = 1 henry, R = 2Ω, C = 0,25 Faraday e Et = 13sin t Volts, com carga inicial e corrente inicial nulas. Escreva a variável dependente e independente do problema e a função solução. 37 d2q dt2 + R L dq dt + 1 LC q = Et L Respostas 1. xt = 0,36sen 10 3 t. 2. qt = 3sin t − 2cos t + 2e−t cos t 3 − 1 3 3 e−t sin t 3 . 3.11 Equação de Cauchy-Euler Uma equação diferencial linear da forma anx n d ny dxn + an−1xn−1 dn−1y dxn−1 +. . .+a1x dy dx + a0y = gx onde os coeficientes an, an−1, . . . , a0 são constantes, é conhecida como uma equação de Cauchy-Euler. Método de Resolução: Como o coeficiente de y é zero em x = 0, restringimos nossa atenção à determinação da solução geral definida no intervalo 0,∞. Tentaremos uma solução da forma y = xm, onde m deve ser determinado. Tem-se akx k d ky dxk = akxkmm − 1m − 2. . . m − k + 1xm−k = akmm − 1m − 2. . . m − k + 1xm Por exemplo, para a equação de segunda ordem, ax2y ′′ + bxy ′ + cy = amm − 1xm + bmxm + cxm = amm − 1 + bm + cxm Assim, y = xm será uma solução da equação diferencial sempre que m for uma solução da equação auxiliar amm − 1 + bm + c = 0 ou am2 + b − am + c = 0 ∗ Caso I: Raízes Reais Distintas Sejam m1 e m2 raízes reais de ∗, com m1 ≠ m2. Então y1 = xm1 e y2 = xm2 formam um conjunto fundamental de soluções. Logo, a solução geral será y = c1xm1 + c2xm2 Exemplo 1: Resolva x2y ′′ − 2xy ′ − 4y = 0 Equação auxiliar: m2 − 3m − 4 = 0. Solução geral: y = c1x−1 + c2x4 38 Caso II: Raízes Reais Repetidas Se m1 = m2, então obtemos somente uma solução, y = xm1 . Quando as raízes da equação quadrática ∗ são iguais, a raiz é m1 = − b − a 2a . Podemos construir uma segunda solução y2 = uxy1, usando o método de redução de ordem, obtém-se u = ∫ e −∫ Pxdx y1 2 dx = ∫ e −b/a lnx x2m1 dx = ∫ x−b/ax−2m1 dx = ∫ x−b/axb−a/adx = ∫ dxx = lnx Portanto, a solução geral será y = c1xm1 + c2xm1 lnx Exemplo 2: Resolva 4x2y ′′ + 8xy ′ + y = 0 Equação auxiliar: 4m2 + 4m + 1 = 0 Solução geral: y = c1x−1/2 + c2x−1/2 lnx Caso III: Raízes Complexas Conjugadas Se as raízes de ∗ forem um par de números complexos conjugados m1 = a + bi e m2 = a − bi, onde a e b > 0 são reais, então a solução será y = xac1 cosb lnx + c2 sinb lnx Exemplo 3: Resolva 4x2y ′′ + 17y = 0 , y1 = −1 , y ′1 = 0 Equação auxiliar: 4m2 − 4m + 17 = 0 Solução geral: y = x1/2c1 cos2 lnx + c2 sin2 lnx CAPÍTULO 4: Sistemas de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares com Coeficientes Constantes: 1) Introdução: Os sistemas de EDO simultâneas aparecem naturalmente em problemas que envolvem várias variáveis dependentes, cada qual função de uma única variável independente. Variável independente: t Variáveis dependentes: x1 = x1t;x2 = x2t; . . . 39 Aplicações: 1) Sistema Predador-Presa: Sejam Pt : população de predadores no instante t Ht : população de presas no instante t O modelo é descrito pelo sistema de EDO: dH dt = a1H − b1HP dP dt = −a2P + b2HP 2) Sistema Massa-Mola: Sejam x1t , x2t coordenadas da posição das massas m1 e m2. O modelo é descrito pelo sistema de EDO: m1 d2x1 dt2 = k1 + k2x1 + k2x2 + F1t m2 d2x2 dt2 = k1x1 − k2 + k3x2 + F2t Segunda Ordem 3) Circuito RCL: Sejam V : queda de voltagem no capacitor C I : corrente no indutor L. O ciruito é descrito pelo sistema de EDO: dI dt = V L dV dt = − I C − V RC Como reduzir uma EDO de grau n a um sistema de EDO de grau 1: Tome a equação de segundo grau: d 2u dt2 + p du dt + qu = Ft Suponha x1t = ut e x2t = du dt . Então x1′ t = x2t e na EDO acima: x2 ′ t + px2t + qx1t = Ft x2 ′ t = −px2t − qx1t + Ft E a EDO fica reduzida ao sistema: x1 ′ = x2 x2 ′ = −px2 − qx1 + Ft De maneira geral, qualquer EDO da forma: ynt = Ft,y,y ′,y ′′, . . . ,yn−1 pode ser reduzida a sistema de EDO de primeira ordem com n equações. Basta tomar: x1t = y;x2t = y ′; . . . ,xnt = yn−1t. E o sistema fica: x1 ′ = x2 x2 ′ = x3 x3 ′ = x4 . . . . . . . . . . . xn−1 ′ = xn xn ′ = Ft,x1,x2, . . . ,xn 40 Sistema de EDO Lineares de Primeira Ordem: Considere o sistema na forma geral: x1 ′ = F1t,x1,x2, . . . ,xn x2 ′ = F2t,x1,x2, . . . ,xn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xn ′ = Fnt,x1,x2, . . . ,xn Podem ser dadas condições iniciais na forma: x1t0 = x10, . . . ,xnt0 = xn0. Associado a estas C.I sistema constitui um PVI. Este sistema tem solução no intervalo I se existirem n funções: x1 = φ1t; . . . ;xn = φnt , deriváveis em I, que satisfazem o sistem em todo I. Um sistema é dito sistema de equações lineares de primeira ordem se pode ser escrito na forma: x1 ′ = p11tx1 + p12tx2 +. . .+p1ntxn + g1t x2 ′ = p21tx1 + p22tx2 +. . .+p2ntxn + g2t . . . xn ′ = pn1tx1 + pn2tx2 +. . .+pnntxn + gnt Se não pode ser escrito desta forma, o sistema é não-linear. Se g1t = g2t =. . .= gnt = 0 , então o sistema é homogêneo. Senão, é não-homogêneo. Ex.1: Reduzir o PVI a um sistema de EDO de primeira ordem: u ′′ + 2tu ′ + t2u = sin t u0 = 0 u ′0 = 1 Sejam x1t = ut e x2t = u ′t x1 ′ t = x2t x2 ′ t + 2tx2t + t2x1t = sin t CI: x10 = u0 → x10 = 0 x20 = u ′0 → x20 = 1 PVI: x1 ′ = x2 x2 ′ + 2tx2 + t2x1 = sin t x10 = 0;x20 = 1 Exemplo 2: Resolva o problema: x1 ′ = −2x1 + x2 x2 ′ = x1 − 2x2 com x10 = 2 e x20 = 3. 41 Isolar x2: x2 = x1′ + 2x1 e substituir na outra equação, resultando: x1′′ + 4x1′ + 3x1 = 0. Resolve-se pelo método de coeficientes a determinar: x1 = C1e−x + C2e−3x e x2 = C1e−x − C2e−3x são a solução geral. Com as CI, obtém-se: C1 = 5 2 e C2 = − 1 2 . Revisão de Autovalores e Autovetores: Considere a transformação linear (função linear) y = AX, que transforma um vetor X em un novo vetor Em particular, estamos interessados naqueles vetores que são transformados em múltiplos de si mesmo, ou seja, y = λX , onde λ é um fator de proporcionalidade. A − λIX = 0 ∗ se detA − λIX = 0 ∗ ∗ , infinitas soluções (tem soluções além da nula). Os valores de λ que satisfazem ∗ ∗ são ditos AUTOVALORES de A e as soluções de ∗ são os AUTOVETORES correspondentes ao seu respectivo autovalor. A equação Δλ = 0 é uma equação polinomial de grau n em λ : λn + an−1λn−1 +. . .+a2λ2 + a1λ + a0 = 0 Cada autovalor tem pelo menos um autovetorassociado a ele. No entanto, se um autovalor λi tem multiplicidade m, ele pode ter q autovetores L.I. associados a ele onde 1≤ q ≤ m. Exemplo 1: Ache os autovalores e autovetores de A = 1 −1 1 3 : Exemplo 2: Ache os autovalores e autovetores de A = 0 1 1 1 0 1 1 1 0 : Um conjunto de vetores X1 = x1 1 ⋮ xn 1 , . . . , é L.I. se, e somente se, detX ≠ 0. (X = x ij = x i j ). Um conjunto de k vetores x1,x2, . . . ,xk é L.I. se, e somente se, a equação c1x 1 + c2x2 +. . .+ckxk = 0 admite a solução trivial como solução única: c1 = c2 =. . .= ck = 0. Se existirem números c1,c2, . . . ,ck com pelo menos um número diferente de zero, então o conjunto x1,x2, . . . ,xk é L.D. 42 Exemplo 3: x1 = 1 0 −1 e x2 = 0 1 −1 : Exemplo 4: x1 = 1 2 −1 ,x2 = 2 1 3 e x3 = −4 1 −11 : detX = 0, então x1,x2,x3 são L.D. Teoria Básica dos SEDL de Primeira Ordem: SEDL com n EDOs de primeira ordem: x1 ′ = p11tx1 +. . .+p1ntxn + g1t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xn ′ = pn1tx1 + pnntxn + gnt Forma matricial: X ′ = PtX + gt Solução: x1 = φ1t,x2 = φ2t, . . . ,xn = φnt Φ = φ1t φ2t . . . φnt . SEDL homogêneo: X ′ = PtX Propriedades: P1) Se x1,x2 são soluções de X ′ = PtX então c1x1 + c2x2 também é solução. P2) Se x1,x2, . . . ,xn são soluções L.I. de X ′ = PtX , então φt = c1x1 + c2x2 +. . .+cnxn é a solução geral do sistema. P3) Se x1,x2, . . . ,xn são soluções de X ′ = PtX, então ou detX é identicamente nulo ou nunca é nulo. Ex.: Verifique que x1t = e3t 2e3t e x2t = e−t −2e−t é solução de X ′ = 1 1 4 1 X. Determine a solução geral: SEDLH com Coeficientes Constantes: 43 X ′ = AX onde An é uma matriz constante. Supõe: X = ert com r constante e vetor constante. X ′ = rert . Substitui na SEDLH e obtém: A − rI = 0 Portanto, r autovalor, autovetor de A. Exemplo 1: Ache a solução geral de X ′ = −3 2 2 −2 X : Exemplo 2: Determine a solução geral de X ′ = 1 1 4 1 X : Exemplo 3: Ache a solução geral de X ′ = 0 1 1 1 0 1 1 1 0 X : - Autovalores Complexos: Se r1a + bi é raiz de Δr , então o complexo conjugado r2 = r̄1 = a − bi também é. 1 autovetor correspondente a r1. 2 autovetor correspondente a r2 = r̄1. Propriedade: 2 = ̄1. (vetor conjugado). Soluções: x1 = 1er1t e x2 = ̄1e r̄1t A partir destas soluções, podemos determinar duas soluções reais L.I. Se 1= u + vi , obtemos: x1t = eatucos bt − v sinbt + ieatvcos bt + u sinbt xR 1 xR 2 tal que xR 1 e xR 2 são soluções L.I. do sistema X ′ = AX Exemplo 4: X ′ = − 1 2 1 −1 − 1 2 X : 44 Exemplo 5: Resolva X ′ = −1 −1 2 −1 X com X0 = 2 2 : Exercícios: 1) X ′ = 2 10 −1 −5 X 2) X ′ = −1/2 −1/8 2 −1/2 X com X0 = 2 3 : - Autovalores Repetidos: r = ρ : autovalor de multiplicidade m (m autovetores L.I.→ m soluções L.I.) Obs.: Menos que m autovetores L.I. → tem que pesquisar outros autovetores L.I. até termos m autovetores L.I→m soluções L.I. Exemplo introdutório: X ′ = 1 −2 2 −2 1 −2 2 −2 1 X Solução: 1) detA − rI = 0 −r + 15r − 5 = 0 → r1 = r2 = −1 e r3 = 5 2) Para r1 = r2 = −1, temos: 2 −2 2 −2 2 −2 2 −2 2 1 2 3 = 0 0 0 Resolvendo o sistema, temos 1 = 2 − 3 E assim, dois autovetores associados a esses autovalores repetidos são: 1 = 1 1 0 , 2 = 0 1 1 . 45 As soluções correspondentes são: x1 = 1 1 0 e−t e x2 = 0 1 1 e−t. Para o autovalor r3 = 5, temos: −4 −2 2 −2 −4 −2 2 −2 −4 1 2 3 = 0 0 0 . Resolvendo o sistema, temos 1 = 3 e 2 = −3. E assim, o autovetor associado a esse autovalor é 3 = 1 −1 1 . A solução correspondente é: x3 = 1 −1 1 e5t. A solução geral é dada por: X = c1 1 1 0 e−t + c2 0 1 1 e−t + c3 1 −1 1 e5t. Se a matriz A for simétrica, isto é, A = AT e se tiver elementos reais, será sempre possível obter n autovetores L.I. Exemplo 1: X ′ = 1 −1 1 3 X : Solução: x1 = 1 −1 e2t 46 x2 = Kte2t + Pe2t Encontrando P : A − 2IP = K −1 −1 1 1 P1 P2 = 1 −1 Resolvendo o sistema, temos P2 = −1 − P1 Se P1 = 0, P2 = −1 Portanto, P = 0 −1 E a solução x2 é x2 = 1 −1 te2t + 0 −1 e2t Assim, a solução geral será: X = c1 1 −1 e2t + c2 1 −1 te2t + 0 −1 e2t Exemplo 2: Resolva o sistema não-homogêneo, usando o método dos coeficientes a determinar X ′ = −2 1 1 −2 X + 2e−t 3t : Solução: X ′ = AX + gt onde gt = 2 0 e−t + 0 3 t 1) Resolve-se o sistema homogêneo: X ′ = AX Solução geral: X = c1 1 −1 e−3t + c2 1 1 e−t 47 Solução particular: Supõe Xp = ate−t + be−t + ct + d Xp ′ = −ate−t + a − be−t + c Substitui no sistema de EDOs e obtém: Aa = −a Ab = a − b − 2 0 Ac = − 0 3 Ad = c A solução geral é dada por: X = c1 1 −1 e−3t + c2 1 1 e−t + 1 1 te−t + 0 −1 e−t + 1 2 t − 1 3 4 5 Exemplo 3: X ′ = 2 −1 3 −2 X + 1 −1 e t : Exercício: Encontre a solução geral do sistema X ′ = 3 −18 2 −9 X. 1) detA − rI = 0 r + 32 = 0 → r1 = r2 = −3 Obtemos x1 = 3 1 e−3t A solução x2 será obtida a partir da solução x1 : x2 = Kte−3t + Pe−3t, onde K = 3 1 . Para encontrarmos P , basta resolvermos detA − rIP = K. Ou seja: 6 −18 2 −6 P1 P2 = 3 1 48 Resulta que P1 = 1 + 6P2 2 , se P2 = 0 → P1 = 12 Assim, x2 = 3 1 te−3t + 1/2 0 e−3t E a solução geral é: X = c1 3 1 e−3t + c2 3 1 te−3t + 1/2 0 e−3t 49
Compartilhar