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Módulo IV – Camila Magalhães Aula 1 Marcel Exame neurológico • Avaliação do estado mental; • Avaliação do sistema motor; • Teste dos reflexos; • Avaliação do sistema sensorial; • Presença de sinais meníngeos; • Avaliação dos nervos cranianos O exame neurológico demanda um complexo conhecimento sobre o funcionamento do sistema nervoso e requer o desenvolvimento de inúmeras habilidades para levantar dados significativos na anamnese e no exame físico que contribuam para o raciocínio clínico e formulação de hipóteses. Por suas características globais, os sintomas e sinais indicativos de alteração devem ser identificados e interpretados, também, por médicos não neurologistas e estudantes. É importante lembrar que, exceto a extremidade periférica do nervo óptico, visualizado na oftalmoscopia, e os troncos de alguns nervos periféricos, as estruturas do sistema nervoso são inacessíveis à inspeção e à palpação. Assim, o exame avalia suas funções e não a estrutura, propriamente dita. As etapas do exame são: avaliação do estado mental, do sistema motor, reflexos, sensibilidade, presença de sinais meníngeos, e dos nervos cranianos. Por ser complexo e extenso, é condensado, na prática, em: anamnese, com interrogatório dirigido; inspeção geral; avaliação da consciência e cognição; avaliação da marcha, equilíbrio, coordenação, tônus, força muscular, sensibilidade, reflexos superficiais e profundos; pesquisa de sinais de irritação meníngea e radicular, avaliação do sistema nervoso autônomo. Para organizar a avaliação neurológica, investigue: Há comprometimento do estado mental? Há simetria entre os dois lados do corpo? A alteração está localizada no sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal), ou no sistema nervoso periférico (12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinais)? Meningite x Encefalite A encefalite é definida como uma inflamação do encéfalo causada por infecção, geralmente um vírus, ou por um processo autoimune primário. Diferentemente da meningite em que o processo infeccioso e a resposta inflamatória associada se limitam basicamente às meninges, o parênquima cerebral também se mostra afetado na encefalite. Muitos pacientes com encefalite também têm evidências de meningite concomitante (meningoencefalite) e, em alguns casos, envolvimento da medula espinal ou das raízes nervosas (encefalomielite, encefalomielorradiculite). Sinais Meníngeos Módulo IV – Camila Magalhães Sinais de irritação meningorradiculares As meninges são membranas que envolvem o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal), com a função de protegê-lo, formando uma barreira mecânica contra agentes externos e um “filtro” contra a entrada de determinadas substâncias. Da camada mais externa para a mais interna, têm-se a dura-máter, a aracnoide e a pia-máter. A pia-máter está em contato íntimo com o sistema nervoso central e o liquor (ou líquido cefalorraquidiano — LCR), que circula no espaço entre a pia-máter e a aracnoide (espaço subaracnoide). Raízes nervosas que comunicam a medula espinal aos nervos periféricos passam pelas meninges, e quaisquer processos infecciosos e inflamatórios nessas estruturas podem ser detectados com a pesquisa dos sinais meningorradiculares. Nos quadros meníngeos, o paciente refere dor de cabeça que pode ser acompanhada de febre e sinais de hipertensão intracraniana: rebaixamento do nível de consciência, vômitos em jato e papiledema. Para avaliar a presença de comprometimento meníngeo, pesquise os sinais de rigidez de nuca, de Kernig e de Brudzinski: Módulo IV – Camila Magalhães Sinal de rigidez de nuca: com o paciente em decúbito dorsal e horizontal, apoie a região da nuca com uma das mãos e flexione o pescoço, tentando tocar o tórax com o mento (Fig. 7-2A). Observe resistência à flexão passiva — sinal positivo, ou mesmo quando a cabeça se encontra em retração, consequente à hipertonia dos músculos cervicais posteriores, e a dor, em resposta à tentativa de movimento voluntário. Numa rigidez mais grave pode haver resistência à extensão, rotação e aos movimentos laterais; Sinal de Kernig: posicione a pessoa em decúbito dorsal e flexione, passivamente, uma das coxas, formando um ângulo de 90o; eleve a perna, mantendo-a paralela ao leito e estenda-a gradativamente (Fig. 7-2B); observe se há resistência e limitação do movimento — sinal positivo, ao mesmo tempo que o paciente refere dor, quando a extensão atingir 45°; repita com o outro membro. Uma variação desse teste consiste em segurar os joelhos e solicitar que o paciente sente sem flexioná-los. O sinal de Kernig pode ser também evocado em lesões radiculares, porém o sinal é unilateral; O sinal de Kernig deve ser pesquisado com o paciente em decúbito dorsal. A coxa é fletida sobre o abdome, com o joelho fletido; quando há irritação meníngea, as tentativas de se estender passivamente o joelho suscitam dor. Sinal da nuca de Brudzinski: realize a mesma manobra de flexão passiva da nuca, ao mesmo tempo que pressiona o tórax para baixo, com a outra mão; observe se ocorreu a flexão involuntária dos quadris e joelhos — Brudzinski positivo. O sinal de Brudzinski deve ser pesquisado com o paciente em decúbito dorsal, sendo positivo quando a flexão passiva do pescoço resulta em flexão espontânea dos quadris e joelhos. https://www.youtube.com/watch?v=Zwmmqeg1HCI&ab_channel=SemiologiaEmFocoSemiolo giaEmFoco https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150546/epub/OEBPS/Text/B9788535290981000074.xhtml?create=true&favre=brett#f0015 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150546/epub/OEBPS/Text/B9788535290981000074.xhtml?create=true&favre=brett#f0015 https://www.youtube.com/watch?v=Zwmmqeg1HCI&ab_channel=SemiologiaEmFocoSemiologiaEmFoco https://www.youtube.com/watch?v=Zwmmqeg1HCI&ab_channel=SemiologiaEmFocoSemiologiaEmFoco Módulo IV – Camila Magalhães O comprometimento radicular lombar pode se apresentar como dor radicular, que se inicia num segmento vertebral e se irradia para o local inervado; como cervicobraquialgia (dor cervical que se irradia para um dos membros superiores), e como lombociatalgia (dor lombar que se irradia para um dos membros inferiores ou ainda uma dorsalgia que se irradia para o tórax entre as costelas). As radiculopatias podem ser avaliadas pelo sinal de Lasègue. O sinal de Bikele detecta alterações meníngeas e radiculares. Sinal de Lasègue (Fig. 7-2C): mantenha a pessoa em decúbito dorsal com a perna em completa extensão. Realize um movimento passivo de flexão da coxa sobre a bacia, no lado afetado. A partir de certo grau de elevação do membro inferior, o estiramento do nervo ciático provoca dor em seu trajeto. É classicamente descrito nas hérnias discais de L5/S1 e na lombociatalgia, mas pode ser encontrado nas meningites agudas, também; Sinal de Bikele: com o cotovelo flexionado e o ombro abduzido, elevado e em rotação externa, tente estender, passivamente, o cotovelo do paciente. Quando o sinal é positivo, ocorre resistência à extensão do cotovelo. Esta manobra distende raízes irritadas, sendo positivo tanto na inflamação meníngea quanto na plexite braquial. Com o paciente sentado, orientá-lo a abduzir o ombro em 90o e estender até onde for possível, com o cotovelo completamente flexionado (Fig. 5.126). Instruir o paciente a estender completamente o cotovelo (Fig. 5.127). Definição de Meningite Processo inflamatório nas meninges Meningoencefalite meninges + encéfalo Meningococcemia Sepse por meningite https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150546/epub/OEBPS/Text/B9788535290981000074.xhtml?create=true&favre=brett#f0015 Módulo IV – Camila Magalhães Microrganismos mais comuns ↳ Streptococcus pneumoniae (pneumococo) ↳ Neisseria meningitidis (meningococo) Fisiopatologia Essas bactérias colonizam a nasofaringe Caem no sangueAtravessam a barreira HE ⇈ Permeabilidade dos vasos → Edema vasogênico Processo inflamatório no espaço subaracnoide → Edema citotóxico Sinais de irritação meningorradiculares Rigidez de nuca (Resistência à flexão passiva da cabeça (por contratura da musculatura cervical posterior) ↳ Rigidez e espasmo da musculatura cervical e resistência à movimentação passiva ↳ Palpação do tônus muscular da musculatura cervical posterior ↳ Mobilização do pescoço para os lados (para excluir causas osteoarticulares da rigidez de nuca) CAUSAS -Meningite aguda -Hemorragia subaracnoidea (HSA)è cefaléia súbita de forte intensidade, vomitos, a dor piora com o esforço físico, normalmente sem febre. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS -miosite, osteoartrose, trauma • Sinal de Kernig; ↳+: A extensão passiva do joelho é acompanhada por dor e limitação da extensão da perna • Sinal de Brudzinski; ↳+: A flexão passiva da cabeça provoca flexão uni ou bilateral das coxas e das pernas • Sinal de Lasègue; • Sinal de Bikele. Quadro clínico Módulo IV – Camila Magalhães Tríade clássica de MENINGITE ↳ Febre ↳ Cefaleia ↳ Rigidez nucal A meningite pode apresentar-se como doença aguda fulminante que evolui rapidamente em algumas horas ou como infecção subaguda que piora de forma progressiva ao longo de vários dias. A tríade clínica clássica da meningite consiste em febre, cefaleia e rigidez de nuca; porém essa tríade clássica pode não estar presente. A queda do nível de consciência ocorre em > 75% dos pacientes e varia da letargia ao coma. Verifica-se a presença de febre e cefaleia, rigidez de nuca ou alteração do nível de consciência em quase todo paciente com meningite bacteriana. Náuseas, vômitos e fotofobia também são queixas comuns. A rigidez de nuca é o sinal patognomônico de irritação meníngea e está presente quando o pescoço resiste à flexão passiva. Os sinais de Kernig e de Brudzinski também são sinais clássicos de irritação meníngea. Embora comumente pesquisados no exame físico, a sensibilidade e especificidade dos sinais de Kernig e Brudzinski são incertas. Ambos podem estar ausentes ou fracos em pacientes muito jovens ou idosos, indivíduos imunocomprometidos ou pacientes com grave depressão do estado mental. A alta prevalência de doenças da coluna cervical em indivíduos de mais idade pode resultar em uma pesquisa falso-positiva da rigidez de nuca. As crises convulsivas ocorrem como parte da apresentação inicial da meningite bacteriana ou durante a evolução da doença em 20 a 40% dos pacientes. As crises focais costumam advir de isquemia arterial ou infarto focal, trombose venosa cortical com hemorragia ou edema focal. A atividade epiléptica generalizada e o estado de mal epiléptico podem ser decorrentes da hiponatremia, anoxia cerebral ou, menos comumente, dos efeitos tóxicos dos agentes antimicrobianos. A hipertensão intracraniana é uma complicação esperada da meningite bacteriana e a principal causa de embotamento e coma nessa doença. A complicação mais desastrosa da hipertensão intracraniana é a herniação cerebral. A incidência descrita de herniação em pacientes com meningite bacteriana é de 1 a 8% dos casos. Outros sintomas: Fotofobia Hiperacusia Calafrios Náuseas Vômito em jato - não é precedido por náusea Irritabilidade Confusão mental Delírio Coma Convulsão Diagnóstico diferencial → Hemorragia subaracnoide Mesmos sintomas, com rigidez de nuca só não vai ter febre ↳ Sangramento se difunde pelo espaço subaracnóide da meninge, ruptura de um aneurisma Módulo IV – Camila Magalhães intracraniano: geralmente súbito e sem aviso prévio ↳ Cefaleia súbita de forte intensidade, vômitos, a dor piora com o esforço físico, normalmente sem febre ↳ A presença de sangue no espaço subaracnóide produz sinais de irritação meníngea: rigidez de nuca, sinal de Kerning, às vezes febre. (quando há febre, o que eu faço para diferenciar? Sinal de Lasègue Pode ser positivo na meningite - 2 pernas acometidas Lombociatalgia - geralmente uma perna acometida https://www.youtube.com/watch?v=rzndCc1HiUk https://www.youtube.com/watch?v=rzndCc1HiUk Módulo IV – Camila Magalhães
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