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APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CONCEITO: A atividade de aplicar a pena exclusivamente judicial, consiste em fixá-la na sentença, depois de superadas todas as etapas do devido processo legal, em quantidade determinada e respeitando os requisitos legais. É ato discricionário juridicamente vinculado, pois o juiz está preso aos parâmetros que a lei estabelece. PRESSUPOSTO: Culpabilidade do agente (constituído por imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa). Ausente a culpabilidade, será impossível a imposição da pena. Mas, na hipótese de inadequação da pena, poderá o réu suportar uma medida de segurança. SISTEMAS OU CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DA PENA: O art 68, caput do CP, filiou-se ao critério trifásico: 1ª fase: o juiz fixa a pena-base, com apoio nas circunstâncias judiciais. 2ª fase: aplica as atenuantes e agravantes genéricas. 3ª fase: aplicação das causas de diminuição e de aumento de pena. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. → Entretanto, a pena de multa adota o sistema bifásico. Fixa-se inicialmente o número de dias-multa e, após, calcula-se o valor de cada dia-multa. ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS: Elementares: São os fatores que compõem a estrutura da figura típica, integrando o tipo fundamental. Exemplo: “alguém” no crime de homicídio (art. 121, caput). Circunstâncias: são os dados que agregam ao tipo fundamental para o fim de aumentar ou diminuir a quantidade de pena. Exemplo: “motivo torpe” e o "relevante valor moral”. Formam o tipo derivado. a) Legais: previstas no Código Penal e na legislação penal. Espécies: - qualificadoras - atenuantes - agravantes genéricas - causas de diminuição - causas de aumento de pena b) Judiciais: relacionadas ao crime e ao agente. Tem natureza residual ou subsidiária, pois somente incidem quando não configuram circunstâncias legais. ***Compensação entre circunstâncias legais e judiciais → somente é possível essa operação quando dentro da mesma fase, sob pena de frustrar o sistema trifásico estabelecido em lei. Exemplo: na primeira fase, o magistrado pode compensar os maus antecedentes (circunstância desfavorável ao réu) com o comportamento inadequado da vítima (circunstância favorável ao réu). É vedada a compensação envolvendo fases distintas.O juiz não pode compensar a personalidade desajustada do réu (desfavorável 1ª fase), com a menoridade relativa (atenuante genérica (2ª fase). A forma mais segura para distinguir o que é uma elementar ou uma circunstância é pelo método da exclusão. Se a sua retirada resultar na atipicidade do fato = Trata-se de elementar. Se o crime subsistir, alterando-se somente a quantidade de pena = Circunstância. AGRAVANTES GENÉRICAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA *também são chamadas de qualificadoras em sentido amplo. Previstas taxativamente na Parte Geral do Código (arts. 61 e 62) e são aplicáveis aos delitos em geral. Incidem na 2ª fase da aplicação da pena. Obrigatórias ou facultativas. Situam-se na parte geral do código e também na legislação especial. São previstas em quantidade fixa (exem (aumenta-se a pena de ⅙ a ⅔ ). Aplica-se na 3ª fase da dosimetria da pena. CAUSAS DE AUMENTO QUALIFICADORAS Utilizáveis na 3ª fase da aplicação da pena e funcionam exclusivamente como percentuais para a elevação da reprimenda, em quantidade fixa ou variável. Tem pena própria e o magistrado utiliza na primeira fase da dosimetria da pena. ATENUANTES GENÉRICAS CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DA PENA Estão localizadas na parte geral do código (arts. 65 e 66) e serem aplicáveis aos delitos em geral. O abrandamento da pena é definido pelo juiz no caso concreto, uma vez que a lei não indica a quantidade de diminuição, sendo observado o limite máximo cominado pelo legislador. → Na 2ª fase de aplicação da pena. a) obrigatórias b) facultativas Previstas na parte geral e na parte especial, em quantidade: - fixa, ou - variável Podem reduzir a pena abaixo do mínimo legal. → Na 3ª fase de aplicação da pena. O CRITÉRIO TRIFÁSICO: O CP adotou o sistema trifásico. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Impõe-se a dosimetria da pena em três fases sucessivas. → A ausência de fundamentação leva nulidade à sentença, ou pelo menos, à redução da pena ao mínimo legal pela instância superior. REGRAS DO SISTEMA TRIFÁSICO: ● Na pena-base o juiz deve navegar dentro dos limites legais (não pode ultrapassar o mínimo e nem o patamar máximo correspondente ao crime ou contravenção penal pelo qual o réu foi condenado). ● Se estiverem presentes agravantes ou atenuantes genéricas, a pena não pode ser elevada além do máximo abstratamente cominado nem reduzida aquém do mínimo legal. ● Causas de aumento e diminuição são aplicáveis à reprimenda resultante da 2ª fase, e não sobre a pena-base. E, se existiram causas de aumento ou de diminuição, a pena pode ser definitivamente fixada acima ou abaixo dos limites máximo e mínimo abstratamente definidos pelo legislador. ● Na ausência de agravantes ou atenuantes, e também de causas de aumento ou diminuição da pena, a pena-base resultará como definitiva. 1ª FASE: Circunstâncias judiciais (fixação da pena-base). 2ª FASE: Atenuantes e agravantes. 3ª FASE: Causas de aumento e diminuição da pena Depois de concretizada a sanção penal, o juiz fixará o valor mínimo para a reparação dos danos causados, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. → E se não for possível a SUBSTITUIÇÃO ou a SUSPENSÃO condicional da pena privativa de liberdade? R: O magistrado, decidirá na sentença, fundamentalmente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar. 1ª FASE: Circunstâncias judiciais (fixação da pena-base). Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Para o cálculo da pena-base o juiz se vale das circunstâncias judiciais previstas no art. 59. Algumas observações: ● Ainda que todas as circunstâncias sejam extremamente favoráveis ao réu, a pena-base não pode ser inferior ao mínimo abstratamente cominado ao crime. ● O juiz está adstrito aos parâmetros legais não podendo ultrapassá-los. ● As circunstâncias tem caráter residual → apenas podem ser utilizadas quando não configurarem elementos do tipo penal, qualificadoras ou privilégios, agravantes ou atenuantes genéricas, ou ainda causas de aumento ou diminuição de pena. ● O julgador deve evitar o bis in idem de uma mesma circunstância para elevar a reprimenda. As circunstâncias não podem funcionar simultaneamente como circunstância judicial e agravante genérica. ● Quando o preceito secundário do tipo penal cominar penas alternativas (ex: detenção ou multa), o magistrado deve, optar por qual delas irá aplicar. Se o crime imputado for qualificado, inicia-sea fixação da pena-base a partir da pena correspondente à qualificadora. ● Quando estiverem presentes duas ou mais qualificadoras → o magistrado deve utilizar uma delas para qualificar o crime, e as demais como agravantes genéricas na segunda fase. A circunstância que funciona como qualificadora do crime deve também ser prevista como agravante genérica. Se não houver essa correspondência, as demais qualificadoras passam a funcionar como circunstâncias judiciais desfavoráveis, incidindo na fixação da pena-base (1ª fase). ● Entendimento majoritário: na pluralidade de qualificadoras, somente uma pode ser empregada pelo julgador, menosprezando-se as demais. ● É necessário o respeito na fixação da pena-base ao princípio da proporcionalidade. ● Algumas circunstâncias dizem respeito ao agente e outras à infração penal. ➔ O magistrado deve indicar quais as circunstâncias e fundamentá-las, sob pena de nulidade da sentença. Não é suficiente indicar de forma genérica!! Se a pena-base for majorada sem fundamentação, estará configurado o excesso de pena.
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