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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – UFOP ESCOLA DE MINAS COLEGIADO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO – CECAU CONTROLE DO NÍVEL DO DISTRIBUIDOR FEITO PELA VÁLVULA GAVETA DA PANELA DO LINGOTAMENTO CONTÍNUO MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO ANDRÉ MASSA CIPRIANI Ouro Preto 2007 ii ANDRÉ MASSA CIPRIANI CONTROLE DO NÍVEL DO DISTRIBUIDOR FEITO PELA VÁLVULA GAVETA DA PANELA DO LINGOTAMENTO CONTÍNUO Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Ouro Preto como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Engenheiro de Controle e Automação. Orientadora: Profª. Eliana Ferreira Rodrigues Ouro Preto 2007 iii iv Dedico este trabalho a todos que de alguma forma contribuíram e acreditaram em mim. v AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, que me deu o dom da vida e me proporcionou tudo que tenho hoje. Aos meus pais, Maria Cecília Massa Cipriani e Walter Cipriani Filho, que sempre me apoiaram e me incentivaram, dando força e inúmeros motivos para que eu vencesse. Aos meus irmãos, Daniel e Flávia, por serem sempre tão amigos e nunca me deixaram de lado. A Giovana, minha querida princesa, que sem querer sempre me deu muita força de vontade para poder ser o melhor. À Carolina, por ser uma pessoa tão especial e que me ajudou de uma maneira incondicional na hora que mais precisei. Amo vocês. Agradeço a meus vários amigos que tenho e que sei que sempre estarão ao meu lado. Aos colegas, que de uma forma ou outra contribuíram para a minha formação. A Profª Eliana, por ter uma paciência enorme e me ajudar a me localizar em meus objetivos. A grandiosa República Pureza, lugar de um grande aprendizado e amizade, onde todos se tratam como irmãos. Não há lugar melhor para viver. E a todos os Puros e Ex-Alunos, que se tornaram minha família para sempre. Obrigado pelos MELHORES anos da minha vida. vi RESUMO Com a crescente busca de qualidade, aliada com a grande preocupação com o meio ambiente, a saúde e segurança do empregado, as siderúrgicas tem aumentado consideravelmente as tecnologias para produção do aço. Portanto, este trabalho é realizado a fim de obter uma estratégia eficiente para o controle do nível do distribuidor do lingotamento contínuo, onde ocorre um estudo sobre o lingotamento contínuo e seus equipamentos, dá uma visão mais detalhada sobre o distribuidor, seus fundamentos e o controle do fluido no distribuidor. Também é feita uma análise sobre a modelagem matemática do processo, os elementos sensores/ atuadores que são necessários para o processo e os tipos de controladores que podem ser empregados no sistema. Assim, o controlador escolhido, on-off, é simulado na ferramenta SIMULINK do programa MATLAB e seus resultados são apresentados no trabalho. Palavras-Chave: lingotamento contínuo, controle de nível no distribuidor, controlador on-off. vii ABSTRACT With the crescent search of quality, ally with the great preoccupation with the environment, health and safety of the employee, the iron and steel industry has been an increase considerable the technologies about to production of the steel. Therefore, this work is realized for the purpose of obtain an efficient strategy to the level control of the tundish on the continuous casting process, where happen a study above the continuous casting process and your equipments, gives a vision more detail above the tundish, your basis and the flow control in the tundish. It’s also analyzed all modeling mathematics above the process, the elements sensors / acted who are necessaries to the process and the analyses from the varieties of controllers that can be employees into the system. So, the controller choice, on-off, is simulated in SIMULINK, a tool of the MATLAB, and your results. Key-words: continuous casting process, level control of the tundish, on-off controller. viii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................................. IX LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................................X LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS .......................................................................................................XI I – INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1 1.1 – OBJETIVOS.............................................................................................................................. 1 1.2 – JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................ 2 1.3 – METODOLOGIA................................................................................................................................ 2 1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................................................. 2 II – O LINGOTAMENTO CONTÍNUO ................................................................................................. 4 2.1 – A INTRODUÇÃO DO LINGOTAMENTO CONTÍNUO NAS METALÚRGICAS ............................................. 4 2.2 – O FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA DE LINGOTAMENTO CONTÍNUO .................................................. 4 2.2.1 – Panela .................................................................................................................................... 4 2.2.2 – Torre giratória ....................................................................................................................... 5 2.2.3 – Válvula gaveta da panela de aço............................................................................................ 5 2.2.4 – Carro porta-distribuidor ........................................................................................................ 6 2.2.5 – Distribuidor............................................................................................................................ 6 2.2.6 – Válvula gaveta do distribuidor............................................................................................... 6 2.2.7 – Molde...................................................................................................................................... 6 2.2.8 – Segmentos............................................................................................................................... 7 2.2.9 – Máquina de corte.................................................................................................................... 7 III – OS FUNDAMENTOS DO DISTRIBUIDOR................................................................................ 10 3.1 – A PREPARAÇÃO DO DISTRIBUIDOR................................................................................................. 10 3.2 – O FLUXO DA PANELA DE AÇO PARA O DISTRIBUIDOR..................................................................... 11 3.3 – O CONTROLE DO FLUIDO NO DISTRIBUIDOR................................................................................... 11 IV – MODELAGEM MATEMÁTICA.................................................................................................. 14 4.1 – ELEMENTO SENSOR....................................................................................................................... 15 4.1.1 – Célulade carga .................................................................................................................... 15 4.2 – ELEMENTO ATUADOR ................................................................................................................... 17 4.2.1 – Válvula gaveta...................................................................................................................... 17 4.3 – MODELAGEM DO SISTEMA ............................................................................................................ 18 4.3.1 – Modelagem Matemática ....................................................................................................... 19 4.3.1.1 – Nível do aço líquido ...................................................................................................................... 19 4.3.1.2 – Efeito da temperatura na densidade do aço líquido ....................................................................... 23 V – A ESCOLHA DO CONTROLADOR ............................................................................................. 24 5.1 – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTROLADORES......................................................................................... 24 5.1.1 – Controlador de duas posições (on-off)................................................................................. 24 5.1.2 – Controlador proporcional.................................................................................................... 26 5.1.3 – Controlador integral ............................................................................................................ 26 5.1.4 – Controlador proporcional e integral.................................................................................... 27 5.1.5 – Controlador proporcional e derivativo ................................................................................ 28 5.1.6 – Controlador proporcional, integral e derivativo.................................................................. 29 5.2 – ANÁLISE DOS CONTROLADORES .................................................................................................... 30 VI – O CONTROLADOR SUGERIDO E UMA SIMULAÇÃO......................................................... 34 VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 41 VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 42 ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 – CORTE DE UMA VÁLVULA GAVETA DA PANELA DE AÇO.............................. 5 FIGURA 2.2: O MOLDE .......................................................................................................................... 7 FIGURA 2.3: O PROCESSO DE LINGOTAMENTO CONTÍNUO.................................................... 9 FIGURA 3.1: O DISTRIBUIDOR.......................................................................................................... 10 FIGURA 3.2: DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA................................................................... 13 FIGURA 4.1: STRAIN GAUGE............................................................................................................. 16 FIGURA 4.2: VÁLVULA GAVETA...................................................................................................... 17 FIGURA 4.3: FLUXO DO FLUIDO COM O OBTURADOR DA VÁLVULA ABERTO ............... 18 FIGURA 4.4: NÍVEIS DE AÇO NA PANELA, DISTRIBUIDOR E MOLDE. ................................. 20 FIGURA 5.1: DIAGRAMA DE BLOCOS ON-OFF ............................................................................ 25 FIGURA 5.2: DIAGRAMA DE BLOCOS ON-OFF COM INTERVALO DIFERENCIAL............ 25 FIGURA 5.3: DIAGRAMA DE BLOCOS CONTROLADOR PROPORCIONAL .......................... 26 FIGURA 5.4: DIAGRAMA DE BLOCOS CONTROLADOR INTEGRAL...................................... 27 FIGURA 5.5: DIAGRAMA DE BLOCOS CONTROLADOR PROPORCIONAL E INTEGRAL 28 FIGURA 5.6: DIAGRAMA DE BLOCOS CONTROLADOR PD ..................................................... 29 FIGURA 5.7: DIAGRAMA DE BLOCOS CONTROLADOR PID.................................................... 30 FIGURA 5.8: RESPOSTA DO SISTEMA ON-OFF ............................................................................ 30 FIGURA 5.9: RESPOSTA DO SISTEMA PROPORCIONAL........................................................... 31 FIGURA 5.10: VARIAÇÃO DA RESPOSTA COM RELAÇÃO AO GANHO PROPORCIONAL32 FIGURA 5.11: RESPOSTA DO SISTEMA PROPORCIONAL E INTEGRAL............................... 32 FIGURA 5.12: RESPOSTA DO SISTEMA PID................................................................................... 33 FIGURA 6.1: DIAGRAMA DA ABERTURA DA VÁLVULA GAVETA DA PANELA ................. 35 FIGURA 6.2: ÁREA DA ABERTURA DA VÁLVULA GAVETA DA PANELA............................. 36 FIGURA 6.3: NÍVEL DE AÇO LÍQUIDO NA PANELA.................................................................... 36 FIGURA 6.4: NÍVEL DE AÇO LÍQUIDO NA PANELA.................................................................... 37 FIGURA 6.5: ABERTURA DA VÁLVULA GAVETA DO DISTRIBUIDOR .................................. 38 FIGURA 6.6: NÍVEL DE AÇO LÍQUIDO NO DISTRIBUIDOR ...................................................... 38 FIGURA 6.7: SISTEMA DE CONTROLE DO NÍVEL DO DISTRIBUIDOR ................................. 39 FIGURA 6.8: NÍVEL DE AÇO LÍQUIDO NO DISTRIBUIDOR ...................................................... 40 x LISTA DE TABELAS TABELA 6.1: VALORES DOS PARÂMETROS DAS EQUAÇÕES PARA SIMULAÇÃO. 34 xi LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS R Resistência (Ω) ρ Resistividade (Ω/m) l Comprimento (m) S Seção da Área (m2) A1 Seção da Área da Panela (m2) A2 Seção da Área do Distribuidor (m2) b Área da Base do Distribuidor (m2) V Volume de Aço Líquido no Distribuidor (m3) x1 Nível de Aço Líquido na Panela (Ton) x2 Nível de Aço Líquido no Distribuidor (Ton) Qin Taxa de Vazão de Entrada Qout Taxa de Vazão de Saída CD1 Coeficiente de Descarga da Válvula Gaveta da Panela (1/m) CD2 Coeficiente de Descarga da Válvula Gaveta do Distribuidor (1/m) A1n Área de Vazão Atual da Válvula Gaveta da Panela (m2) A2n Área de Vazão Atual da Válvula Gaveta do Distribuidor (m2) g Gravidade (m/s2) Smin Posição Mínima do Braço da Válvula Gaveta Smax Posição Máxima do Braço da Válvula Gaveta pa Pressão Atmosférica (Pa) p Pressão no Interior do distribuidor (Pa) ρ Densidade (kg/m3) vc Velocidade do Lingotamento Contínuo (m/s) T Temperatura (ºC) u(t) Sinal de Saída e(t) Erro Atuante U1 Valor Mínimo do Sinal de Saída U2 Valor Mínimo do Sinal de Saída Kp Ganho Proporcional Ki Ganho Integral ti Tempo Integral td Tempo Derivativo PI Proporcional e Integrativo PD Proporcional e Derivativo PID Proporcional, Integrativo e Derivativo xii 1 I – INTRODUÇÃO Paralelamente ao aumento de produção de tarugos, placas e blocos no mundo, os padrões de qualidade também foram melhorados, e um dos principais responsáveis por essa condição foram os métodos desenvolvidos de automação e controle das máquinas e o processo de lingotamento contínuo. O ciclo operacional de uma siderúrgica de grande porte consiste em quatro fases básicas, mas que devem ter um controle exato de todo material e processo incluído em cada fase. Essas quatro fases são: • A preparação da matéria-prima: Compreende o recebimento e despacho do carvão, do minério de ferro, das pelotas e outros materiais para seus respectivos processos, coqueria, sinterização e produção do ferro gusa. • Produção de ferro gusa: O carregamento do Alto Forno com matérias como o coque, sinter e pelotas, para produção do aço. O contato destes materiais com ar em altas temperaturas origina a fundição e reduçãodo minério, originando assim o ferro gusa. • Produção de aço: O ferro gusa produzido é transportado por Carros Torpedos diretamente para a Aciaria, onde o ferro gusa é tratado com sopros de oxigênio e depois de feita a oxidação de alguns elementos, o ferro é tratado de acordo com o pedido feito. • Produção de placas: Como todo processo deve ser monitorado, o comportamento do fluido nas diferentes etapas do lingotamento deve ser bem preciso para não comprometer na qualidade do aço a ser produzido, conseguindo aplicar estratégias adequadas para obtenção de produtos com características desejadas. 1.1 – Objetivos Desenvolver uma estratégia de controle de nível eficiente para o distribuidor da máquina do lingotamento contínuo por meio da válvula gaveta da panela. Como objetivos secundários, podem-se citar: o estudo do processo de lingotamento contínuo, conhecimento da dinâmica do processo, estudo dos dispositivos a serem aplicados, sensores e atuadores, e o estudo das estratégias de controle, análise 2 e escolha de um controle que atenda o problema do nível de aço líquido a ser controlado no distribuidor. 1.2 – Justificativa Atualmente, a indústria siderúrgica procura sempre um aumento da qualidade, junto com a preocupação com o meio ambiente, a saúde e segurança do empregado, as siderúrgicas tem aumentado consideravelmente as tecnologias para produção do aço. Assim, o controle de qualidade dos produtos obtidos pelo processo de lingotamento contínuo é de suma importância para a minimização de custos, tempo de processo e obtenção de reprodutibilidade das corridas. Portanto, o controle do nível do aço líquido no distribuidor se torna indispensável para a qualidade do produto final, pois além de controlar a velocidade do lingotamento, possui parâmetros que influenciam no aço. Dessa forma, torna-se evidente a necessidade de desenvolvimento e implementação de um projeto de controle de nível capaz de assegurar as características desejadas. 1.3 – Metodologia A fim de obter um estudo de um projeto de controlador de nível do distribuidor no processo de lingotamento contínuo, foi preciso realizar um estudo sobre o processo e seus elementos, dando uma ênfase para o monitoramento, operação e fundamentos do distribuidor. Assim, com o sistema já modelado, foram selecionados sensores e atuadores para a escolha e formulação do controlador de nível. Foi também obtido um estudo sobre as formas de controle, suas análises e a obtenção da utilização de um controlador on-off, e uma simulação do controle e a apresentação dos resultados obtidos. 1.4 – Estrutura do Trabalho 3 O capítulo 2, a fim de conhecer os processos operacionais da máquina de lingotamento contínuo, apresenta-se um estudo sobre o processo e sobre cada parte da máquina e suas funções. Uma etapa importante do processo se passa no distribuidor. O comportamento que o aço líquido apresenta em seu interior é fundamental para qualidade do produto. Portanto, o capítulo 3 apresenta as operações no distribuidor, parâmetros que influenciam na qualidade do produto e o problema do controle de nível. No capítulo 4, apresenta uma definição dos elementos atuadores, válvula gaveta, e dos elementos sensores, célula de carga. Também é representada a modelagem matemática do nível do líquido do aço no distribuidor e os efeitos causados no aço pela temperatura. No capítulo seguinte, capítulo 5, é demonstrado todas as ações de controle, bem como suas análises com vantagens e algumas desvantagens e qual critério de escolha do controlador. Também é feita uma simulação dos sinais do controlador no programa MATLAB, capítulo 6. No capítulo 7, são feitas as considerações finais junto com sugestões para futuros trabalhos. E no último capítulo, estão listadas as referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento do trabalho. 4 II – O LINGOTAMENTO CONTÍNUO 2.1 – A introdução do lingotamento contínuo nas metalúrgicas O conceito inicial de lingotamento contínuo surgiu no século XIX. Entretanto, a engenharia da época e a indisponibilidade de recursos, permitiram que as idéias concebidas por G.E. Sellers (1840), J. Laining (1843) e H. Bessemer (1846) fossem utilizadas em baixa escala e para metais não ferrosos com baixo ponto de fusão. Em 1887, o alemão R.M. Daelen propôs a primeira planta com desenho que corresponde às atuais máquinas de lingotamento, que incluía um molde refrigerado a água, aberto no topo e no fundo, alimentado por um fluxo contínuo de metal líquido, refrigeração secundária, barra falsa, rolos extratores e um aparelho de corte para o veio. S. Junghaus (1950), desenvolveu estudos sobre lingotamento contínuo de metais e conseguiu produzir ligas de cobre e alumínio por este processo. Ainda foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de oscilação do molde. A partir de 1950, intensificaram-se os estudos acerca de novas tecnologias e melhorias no processo. Em 1955, a primeira máquina de lingotamento contínuo de aço em escala industrial entrou em operação na Rússia. No Brasil, data de 1960 o início da utilização de máquinas de lingotamento contínuo de tarugos e de 1976 a primeira máquina de placas (ARAÚJO, 1997). Com essas pesquisas e as inúmeras patentes criadas, a máquina de lingotamento contínuo foi introduzida no cenário mundial com bastante sucesso, e isso se deve a alguns fatores: aumento do rendimento, eliminação de fornos poços e laminadores desbastadores, redução dos custos de energia e melhoria da qualidade do produto. 2.2 – O funcionamento da máquina de lingotamento contínuo Para poder entender o processo e funcionamento do lingotamento contínuo, devem-se saber quais são os elementos que fazem à composição da máquina e qual a função de cada elemento (TONIATI e NASCIMENTO, 2004): 2.2.1 – Panela 5 Tem como função básica o transporte do aço líquido da aciaria para o lingotamento; possui uma válvula, tipo gaveta em sua parte inferior, uma das responsáveis pelo fluxo do aço no lingotamento contínuo. 2.2.2 – Torre giratória Equipamento pneumático com dois braços que possuem a função de sustentar e posicionar a panela em cima do distribuidor e fazer a troca de panelas. Enquanto um braço segura uma panela que está sendo lingotada, o outro braço está em posição de espera, assim que necessário há o rotacionamento dos braços em 180º, o mais rápido possível para que o fluido no distribuidor não tenha alterações. 2.2.3 – Válvula gaveta da panela de aço Equipamento instalado na parte inferior da panela de aço responsável pelo controle da vazão do aço da panela de aço para o distribuidor. O controle da vazão se dá através do deslocamento das placas sobrepostas (placas deslizantes). A Figura 2.1 mostra uma válvula gaveta em corte. Figura 2.1 – Corte de uma válvula gaveta da panela de aço Fonte: V & M Tubes, 2007 6 2.2.4 – Carro porta-distribuidor É um equipamento responsável pelo transporte do distribuidor entre o pré- aquecedor e os moldes e ainda, pela sustentação do distribuidor sobre o molde durante o lingotamento. É utilizado para inspeções e reparos durante a posição de aquecimento. 2.2.5 – Distribuidor É um aparelho instalado entre a panela de aço e o molde, tendo a finalidade de distribuir o aço líquido nos veios da máquina de lingotamento contínuo, proporcionando condições de controle e vazão para o molde, manter a continuidade do processo durante a troca de panelas, promover a separação das inclusões e controlar a velocidade do processo (LAI et al., 1986). 2.2.6 – Válvula gaveta do distribuidor São válvulas localizadas na parte inferior do distribuidor sendo uma por veio, que tem a função de controlar a vazão para o molde, mantendo um nível constante. 2.2.7 – Molde É destinado para a solidificaçãoinicial da placa e a definição de sua forma e dimensões. Grande parte da qualidade da placa está diretamente relacionada como funcionamento do molde. O molde é composto de placas de cobre, que são refrigeradas internamente, através da circulação de água, para extrair o calor proveniente do aço líquido. Por este sistema o molde processa a solidificação de uma pele de aço que suporta a massa liquida; esta solidificação avança à medida que a placa desce na máquina. O molde possui alguns aparelhos de extrema importância para a qualidade da placa: o oscilador e o agitador eletromagnético. O elemento molde é exibido pela Figura 2.2. 7 Molde compacto Base Frame Molas Placa Twin Encaixe do Cilindro Figura 2.2: O Molde Fonte: CST, 2006 2.2.8 – Segmentos Conjunto de rolos, cuja função é amparar a pele solidificada evitando que a mesma se deforme ou se rompa devido à pressão ferrostática da coluna de aço líquido do molde. 2.2.9 – Máquina de corte Efetua o corte automático das placas, através de maçaricos alimentados por gás natural e oxigênio. Os comprimentos das placas são de acordo com as especificações de cada máquina e o marco inicial deve ser após o comprimento metalúrgico, que é o comprimento que a placa não contém mais aço líquido em seu interior. Como já citado, a máquina do lingotamento contínuo, Figura 2.3, é responsável pela solidificação e preparação das placas. Durante o processo de produção do aço, a panela vem da aciaria previamente tratada com as porcentagens de elementos presentes no aço bem definidas. Esta panela é então colocada no braço em repouso da 8 torre giratória e fica em espera por certo tempo controlado para que não haja solidificação do material dentro dela. Após o término do aço na panela que estava sendo utilizada, a torre giratória levanta os dois braços e inverte as posições das panelas de aço, assim a panela em repouso entra no processo de lingotamento. Com a devida alocação da panela em cima do distribuidor, uma válvula longa é introduzida na mesma e começa o fluxo da panela para o distribuidor. Quando o distribuidor possui certo nível de aço líquido as válvulas gavetas do distribuidor se abrem e começam a fazer o controle do nível do molde, essas são chamadas de válvulas submersas. Quando se inicia o lingotamento e o molde está vazio, é inserida uma barra falsa para não escorrer o fluido e ocorrer o Break Out. Ao entrar em contato com o molde, que é resfriado com água, ocorre à refrigeração primária do aço líquido e a formação da película que forma a placa. Durante o processo a placa percorre os segmentos e com uma série de jatos de água e spray de ar vai se solidificando lentamente. Quando totalmente solidificada, após o comprimento metalúrgico, a placa entra na máquina de corte e milimetricamente é cortada com maçaricos de gás natural e oxigênio, no comprimento determinado pela produção. As características do produto final são determinadas por diversos parâmetros operacionais e variáveis: tamanho da seção transversal do molde, temperatura do aço líquido, velocidade de lingotamento, intensidade de oscilação do molde, resfriamento, dentre outras. A operação correta das diversas etapas do lingotamento contínuo, constitui fator preponderante na obtenção de produtos finais com elevados índices de qualidade superficial e interna. Tais necessidades demandam a automatização do processo pela incorporação de sistemas de controle automático de nível no distribuidor e no molde, sensores para controle de escória no distribuidor, sistemas de alimentação de pós fluxantes, sensores de breakout, etc. (ARAÚJO, 1998). 9 Figura 2.3: O processo de lingotamento contínuo Fonte: CST, 2006 10 III – OS FUNDAMENTOS DO DISTRIBUIDOR Antigamente, o distribuidor tinha apenas a função de servir como um elemento intermediário no processo contínuo do lingotamento. Recentemente, os propósitos do distribuidor foram estudados mais a fundo, pois além de manter a continuidade do processo, o distribuidor tem grande influência na qualidade da placa, pois é diretamente responsável pelo controle da velocidade do processo e não pode deixar de alimentar o molde com aço líquido durante a troca de panela (YEH et al., 1992). Também pode acarretar na remoção de inclusões, equilíbrio térmico e homogeneização química (SCHADE et al., 2003), assim a alteração destes fatores podem provocar defeitos no produto final. Por este motivo o controle do nível do distribuidor deve ser bem monitorado. Outras funções do distribuidor: • Evitar a contaminação do aço • Purga do distribuidor com argônio • Selagem das conexões refratárias • Remover inclusões • Uso de pó de cobertura • Uso de direcionadores de fluxo de aço líquido • Adição de cálcio • Promover aquecimento do aço Figura 3.1: O distribuidor Fonte: CST, 2006 3.1 – A preparação do distribuidor 11 O distribuidor é um instrumento formado por material refratário, que é inserido no carro porta-distribuidor e preparado para receber o aço líquido. Essa preparação é feita para adequar o distribuidor às altas temperaturas e à rápida troca de informação do processo com os operadores. Antes da sua utilização, o distribuidor e seus acessórios (tampão e válvula submersa) devem estar convenientemente pré- aquecidos. A temperatura interior do distribuidor para se iniciar o lingotamento deve ser de 1000 a 1100ºC. É também adicionada ao distribuidor uma camada de escória sintética, que é utilizada para evitar o contato do aço líquido com o ar e para reter algumas inclusões que estão no distribuidor. 3.2 – O fluxo da panela de aço para o distribuidor Como toda parte do processo de lingotamento contínuo tem que ser controlada, o fluxo de aço líquido da panela de aço para o distribuidor, realizado pela válvula longa, possui um equipamento importante para o funcionamento do distribuidor. Este instrumento se chama Amepa, instrumento que mede a quantidade de escória que passa da panela de aço para o distribuidor. Se a porcentagem de escoria detectada for superior a um valor pré-estabelecido, a válvula gaveta se fecha automaticamente para evitar danos e anomalias nas placas que serão produzidas. 3.3 – O controle do fluido no distribuidor A turbulência do metal líquido no distribuidor e molde durante o vazamento é uma das mais importantes causas das flutuações do nível na região do menisco (nível de metal líquido na região superior do molde). Assim, projetos ótimos de válvulas submersas são parâmetros necessários para boa qualidade do produto (GARCIA et al., 2004). O distribuidor possui barreiras e equipamentos (Ex: Turbo Shop) para amenizar os distúrbios que ocorrem no fluxo dentro do distribuidor. O fluxo de aço líquido se choca contra o fundo do distribuidor e retorna pelas paredes laterais, provocando uma pequena ondulação na superfície do aço no distribuidor. Quando o aço atinge um nível desejado dentro do distribuidor, o controle da válvula gaveta da panela é extremamente importante. 12 Segundo Ozgu (2003), a maioria das operações de lingotamento usa o monitoramento do peso com células de carga, pois é de fácil instalação e manutenção no carro porta-distribuidor. Além disso, a célula de carga fica instalada no carro porta- distribuidor e pode ser usada em vários distribuidores diferentes. A maior desvantagem do monitoramento do peso é que eles confiam em estimativas do distribuidor, cobertura do distribuidor e o peso da escória, assim sendo impreciso. Estes problemas preocupam somente durante a drenagem final do aço, pois pode significar a drenagem da escória para o molde ou o excesso de aço residual no distribuidor. Outras operações de lingotamento utilizam sensores eletromagnéticos no topo do distribuidor, mas estes não serão estudados neste trabalho.Assim sendo, é feita uma escala, contendo um setpoint e com seus limites previamente indicados. Portanto, se a célula de carga está medido um valor baixo, a válvula gaveta fica totalmente aberta. De acordo com o crescimento do peso medido na célula de carga, a válvula gaveta vai se fechando proporcionalmente até chegar ao limite máximo, quando ela se fecha completamente. Este equipamento deve ser regulado quando o distribuidor estiver sendo preparado, pois deve ser descontado o peso do distribuidor e da escória sintética depositada, entre outros materiais, assim o peso medido será somente do aço líquido. A queda do nível abaixo das tolerâncias provoca a criação de vortex (redemoinhos) dentro do distribuidor, fazendo com que inclusões, situadas na interface aço / escória, sejam arrastadas pelo fluxo de aço destinado aos moldes, comprometendo a qualidade do aço. Estas inclusões danificam o produto final com defeitos como “slivers” ou “blisters”. A subida do nível acima do limite pode ocasionar transbordamento de aço no distribuidor, e interrupções no processo de lingotamento. Este transbordamento pode ocasionar danos nos aparelhos do lingotamento contínuo e afetar a segurança dos operadores. As interrupções no lingotamento causam um grande prejuízo financeiro e transtornos operacionais em toda aciaria. Este tipo de controle pode ser feito manualmente, mas as variações do nível do distribuidor e a necessidade da presença humana, em tempo integral, em um lugar hostil fazem com que este estudo tenha que ser preciso. 13 O modelo de controle do nível do distribuidor pode ser representado de maneira esquemática, como representado na Figura 3.2. Assim será necessária a escolha dos dispositivos a serem utilizados no diagrama em blocos apresentado. Gc GP GA Células de Carga Referência Erro + - To Saída Controlado n r Atuador Processo Figura 3.2: Diagrama de blocos do sistema 14 IV – MODELAGEM MATEMÁTICA A modelagem matemática é definida por um conjunto de equações que representem a dinâmica do sistema com precisão ou, pelo menos, de forma bastante aceitável (OGATA, 2000). Um sistema pode ser representado de diversas maneiras, sendo assim, há inúmeras formas de modelagem matemática sobre o objeto em estudo. Sempre é importante lembrar que a modelagem matemática, na maioria das vezes não é consegue representar de forma precisa todas as características do sistema. Entretanto, este modelo é deve ter uma boa aproximação do processo real, um alto grau de confiabilidade e conter informações relevantes para o controle. Assim, uma vez obtido o modelo matemático de um sistema, várias ferramentas analíticas e computacionais podem ser usadas para fins de análise e síntese, pois se conhece o comportamento do sistema, além de permitir o projeto de uma estratégia de controle que atenda as necessidades da planta. Em sistemas de controle sua representação pode ser feita através de funções de transferência ou de equações de estado, que permitem descrever o comportamento das saídas da planta em função das suas entradas. Portanto temos três termos fundamentais para este processo: • Variável controlada: é a condição que se deseja manter em determinado nível; • Variável desejada (setpoint): é o valor da referencia para cada variável; • Variável manipulada: é normalmente a grandeza ou condição variada pelo controlador de modo a afetar o valor da variável controlada. Alem disso, existem os distúrbios que tendem a afastar as variáveis controladas do valor desejado. Assim a função do sistema de controle é ajustar a variável manipulada, de forma a manter a variável controlada no valor desejável ou em uma faixa aceitável. Pode se utilizar no desenvolvimento de um modelo, métodos empíricos (baseados na análise dos dados de operação do processo) ou teóricos (que partem dos princípios físicos que governam o sistema). A modelagem da planta será apresentada na seção 4.3. 15 Um sistema de controle pode ser representado por certo número de componentes. O diagrama de blocos é, portanto, uma representação das funções desempenhadas por cada um desses componentes e do fluxo de sinais entre eles. Todas as variáveis do sistema são ligadas umas às outras através dos blocos, que simbolizam uma determinada operação sobre um sistema de entrada, que produz o sinal de saída (OGATA, 2000). Célula de Carga: Elemento que retorna para o sistema, o peso do líquido no interior do distribuidor. O valor lido pela célula de carga será comparado com a referência do sistema, permitindo a correção do erro encontrado através de uma ação de controle apropriada. Controlador: Opera na malha de controle corrigindo os desvios da saída medida. Utiliza uma ação de controle apropriada para enviar um sinal ao elemento atuador que corrija o erro do valor medido em relação ao desejado. Atuador: A função do atuador é manipular a vazão de fluido que influi sobre a variável do processo, com a finalidade de mantê-la no valor desejado. É ela que transforma o sinal do controlador em uma ação física efetiva 4.1 – Elemento Sensor É um dispositivo que converte a variável de saída em uma outra variável adequada, tal como um deslocamento, uma pressão ou uma tensão elétrica que pode ser usada para comparar o sinal de saída com o de referência. Recebem informações reais e as transformam em dados que são inseridos no sistema de controle. 4.1.1 – Célula de carga As células de carga são estruturas mecânicas, planejadas para receber esforço, portanto devem ser usadas para medidas de força. São utilizadas para tração ou compressão, medindo esforços em diversos ambientes, sempre que a medição de força for necessária, quer ela seja peso ou não. 16 Uma aplicação freqüente é a permissão de um controle muito preciso do material recebido em estoque e descarregado pelo reservatório. Assim sendo, podemos afirmar que o material recebido em estoque é o aço líquido vindo da panela e o reservatório é o distribuidor, nosso objeto em estudo. O funcionamento da célula de carga é feito pela alteração da tensão devido à alteração da resistência. A célula é composta por um compartimento, onde em seu interior tem-se um circuito elétrico conhecido como Strain Gauge. O Strain Gauge consiste de um fio condutor solidamente colado em uma lâmina base (tira extensiométrica). A flexão da lâmina provoca a tração das fibras mais externas, enquanto as fibras internas são comprimidas, resultando na variação das dimensões e da resistência elétrica do fio condutor. S lR ρ= (4.1) Onde R é o valor ôhmico de uma determinada resistência, ρ é a resistividade do material, l é o comprimento e S a seção da área da resistência. Em geral, o Strain Gauge é composto por quatro tiras extensiométricas conectadas em ponte de Wheatstone, que permite compensar as variações de temperatura ambiente, uma vez que todos os elementos são montados em um único bloco, como representado na Figura 4.1. Figura 4.1: Strain Gauge Fonte: Rocha, 2006 17 Assim, com a relação entre as 4 resistências no Strain Gauge, , conseguimos determinar a tensão de saída e portanto enviar informações ao PLC. 3241 ** RRRR = 4.2 – Elemento Atuador Segundo Ogata (2000), dispositivo de potência que produz o sinal destinado a agira sobre o processo, de acordo com o sinal de controle, de tal modo que o sinal de retroação tenda ao valor do sinal de referência. Eles executam ações de saída para o mundo externo. 4.2.1 – Válvula gaveta Considerada, como uma das válvulas mais utilizadas para fins de bloqueio, as válvulas gaveta têm uma forma construtiva tal que, como se pode observar na Figura 4.2, o fluido ao passar em linha reta através do corpo com o obturadorna posição totalmente aberta, sofrerá uma resistência mínima e conseqüentemente terá uma baixa perda de carga (MIPEL, 2005). Figura 4.2: Válvula gaveta Fonte: MIPEL, 2005 18 O obturador que tem forma de disco atua através de uma haste que fica montada na tampa da válvula, promovendo por meio de uma rosca própria, movimentos de translação do disco, nos sentidos ascendente e descendente, perpendiculares à trajetória do fluido, abrindo ou fechando respectivamente a válvula, Figura 4.3. Dentre as características da válvula gaveta, podemos citar: Passagem totalmente desimpedida quando totalmente aberta; Estanques para quase todo tipo de fluido; Construção de ampla gama de tamanhos; Fluxo nos dois sentidos. Figura 4.3: Fluxo do fluido com o obturador da válvula aberto Fonte: MIPEL, 2005 4.3 – Modelagem do Sistema O modelo matemático desenvolve em controle não-linear do nível de aço líquido no distribuidor no processo de lingotamento contínuo. Este modelo matemático foi desenvolvido por BARRÓN e TREJO (2003) e adaptada para este projeto, onde o objetivo é regular o nível de aço líquido no distribuidor. No enfoque proposto, o erro de saída se desenha de modo que o sistema em malha fechada fica estável e os valores atuais das entradas de controle se determinam diante do método de Newton-Raphson. O desempenho dinâmico do controlador se analisa mediante simulações numéricas. 19 Recentemente, uma técnica para manuseio da vazão do aço líquido no processo de lingotamento contínuo foi proposta. Foi reduzida a pressão no distribuidor para regular a taxa de entrada de aço no molde. Esta técnica melhora a qualidade da superfície sólida do produto, promove uma limpeza no aço devido a uma flutuação das inclusões no distribuidor, e melhora os testes padrões do fluxo no molde que evitam a as formações de inclusões e a oxidação de aço. Uma poderosa teoria de controle não-linear está sendo desenvolvida desde os anos oitenta que usa a realimentação para sintetizar controladores para sistemas não- lineares, há poucos relatórios sobre a aplicação desta aproximação do sistema não-linear do tipo: ( ) ( )uxxf dt dx ,ψ+= (4.2) onde ( ux, )ψ é uma função não-linear. Neste trabalho o modelo matemático do processo de lingotamento contínuo é desenvolvido. Então um controle implícito é proposto. Para regular o nível do distribuidor a posição da válvula gaveta da panela é utilizado entradas de controle. Os valores atuais das entradas de controle são determinados através da equação de Newton- Raphson. Finalmente a performance dinâmica da malha fechada é ilustrada por simulações numéricas. 4.3.1 – Modelagem Matemática 4.3.1.1 – Nível do aço líquido O modelo matemático que descreve o nível do aço líquido no processo de lingotamento contínuo é desenvolvido nesta seção usando balanço de massa, representado na Figura 4.4. O fluxo do aço líquido é feito pela ação da gravidade da panela para o distribuidor através da válvula gaveta. A seção do fluxo da válvula gaveta da panela é ajustada pelo movimento de um braço hidráulico computadorizado. A braço automático empurra uma placa móvel em uma placa fixa. Junto da válvula gaveta temo a válvula longa que conduz o aço líquido da panela até o distribuidor com uma seção de 20 área de fluxo constante. A taxa de fluxo do aço líquido dentro do molde é regulada pela pressão exercida no distribuidor, ou seja, ele mantém a velocidade de lingotamento. No molde, que possui paredes de cobre sofre tratamento constante de jatos de água, assim o aço começa a resfriar ficando com uma temperatura abaixo do ponto de solidificação, então uma pele fina de aço começa a ser formada. Logo após os rolos dos veios puxam para baixo a placa parcialmente solidificada. Sprays de água jogados sobre a placa completam a solidificação da mesma. A placa solidificada é extraída com uma velocidade chamada de velocidade de lingotamento. Finalmente, a placa é cortada milimetricamente pela máquina de corte e encaminha para outros processos. Figura 4.4: Níveis de aço na panela, distribuidor e molde. Fonte: BARRÓN e TREJO, 2003 O balanço de massa do produto da panela é feito pela equação, 21 outin QQxA 1111 −= • (4.3) onde A1 é a seção da área da panela, x1 é o nível de aço na panela, 1 • x é o tempo derivado de x1, e Q1in e Q1out são as vazões volumétricas de saída e entrada de aço líquido, respectivamente. Quando não existe taxa de entrada de aço líquido na panela, Q1in = 0. Cada panela possui uma abertura por onde o aço líquido é transferido para o distribuidor, e é nesta abertura que se encontra a válvula gaveta da panela, e a equação para a vazão volumétrica de aço que sai da panela é: ( ) 1111 2gxsACQ nDout = (4.4) onde A1n é a área transversal real da válvula gaveta da panela, que depende da posição do braço, s. Além disso, CD1 é o coeficiente de descarga do fluxo que passa pela válvula, e g é a constante da gravidade. Manipulando as equações anteriores, segue a expressão para a taxa de mudança do nível da panela: ( ) 111 1 1 2 1 gxsAC A x nD⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−=• (4.5) Em contrapartida, uma análise trigonométrica produz esta expressão, que relata a área transversal real da válvula gaveta com a posição do braço: ( ) ( )22121 2cos2 sDD sD D sDDsA n −−⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −−⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= − (4.6) onde D é o diâmetro do orifício da válvula gaveta. Da equação 6, pode-se afirmar que quando s = 0 a válvula gaveta está totalmente fechada, i.e. A1n(0) = 0, portanto a área real é nula. Por outro lado, quando s = D a válvula gaveta está totalmente aberta, i.e. A1n(0) = πD2/4, que corresponde para a vazão máxima. Comumente, os valores da posição do braço da válvula gaveta são os limites indicados pelo valor mínimo, smin, e um valor máximo, smax, portanto s ∈ [smin,smax]. O balanço da conservação da massa no distribuidor resulta em, 22 (4.7) outin QQxA 2222 −= • onde A2 é a área da seção transversal do distribuidor, x2 é o nível do aço no distribuidor, é o tempo derivado de x2 • x 2, e Q2in e Q2out são vazões volumétrica de saída e entrada do aço líquido no distribuidor, respectivamente. Na Figura 4.3.1.1, é observado que a vazão volumétrica de saída da panela é igual à vazão volumétrica de entrada do aço líquido no distribuidor, i.e. Q2in = Q1out. Além disso, Q2out depende da pressão exercida: ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−= g ppxgACQ anDout ρ2222 2 (4.8) onde CD2 é o coeficiente de descarga do fluxo na válvula do distribuidor, A2n é a área transversal da válvula gaveta da panela, p é a pressão no distribuidor, pa é a pressão atmosférica e ρ é a densidade do aço líquido. Na prática, os valores permitidos de pressão no distribuidor são limitados pela pressão mínima de uma bomba de vácuo, pmin, e pela pressão atmosférica, pa, portanto p ∈ [pmin,pa]. De acordo com esta definição, a expressão para mudança de nível do distribuidor é: ( ) ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−−⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=• g ppxgACgxsAC A x anDnD ρ2221112 22 1 (4.9) Analogamente, fazendo o balanço de massa no molde, tem-se: outin QQxA 3333 −= • (4.10) onde A3 é a área transversal no interior do molde, x3 é o nível de aço no interior do molde, é o tempo derivado de x3 • x 3, e Q3in e Q3out são vazões volumétricas de saída e entrada de aço líquido no molde, respectivamente. Em contrapartida, Q3out depende da velocidade de lingotamento contínuo, vc, portanto: Q3out= A3vc. Manipulando as expressões anteriores, a taxa de variação do nível do molde é dada pela expressão: 23 c a nD vg ppxgAC A X −⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=• ρ22233 2 1 (4.11) No último modelo matemático, o nível do aço líquido é, por definição, não- negativo. Por outro lado, pode ser facilmente verificado que os argumentos da função raiz quadrada vem sempre não-negativos. Além disso, o valor positivo da raiz quadrada é considerado. 4.3.1.2 – Efeito da temperatura na densidade do aço líquido Nas equações envolvendo densidades, anteriormente citadas, dependem da temperatura. Supondo que a temperatura de aço líquido está em contínuo decréscimo devido à perda de calor da panela para o distribuidor, a densidade do aço muda continuamente também. Este fenômeno deve ser considerado para elaborar um controlador que suporte tais variações. De acordo com Chakraborty e Sahai (1991), a densidade do aço (kg/m3) muda linearmente com a temperatura de acordo com a seguinte equação: ( ) ( )mpTTT −−= 883.07010ρ (4.12) onde Tmp = 1538° C é o ponto de fusão do ferro. Estes autores também relataram que na indústria a temperatura do distribuidor decresce em uma taxa média de 0,00833 °C/s sobre o período de produção, e que a temperatura do aço cai cerca de 3 °C na saída do distribuidor. Então, a média da temperatura do aço no distribuidor e no molde varia ao longo do período do processo como segue: ( ) 300833.00 −−= tTtT (4.13) onde T0 é a temperatura do aço líquido no início do processo e t é o tempo em segundos. 24 V – A ESCOLHA DO CONTROLADOR Um controlador automático compara o valor real da grandeza de saída do processo com a grandeza de referência (valor desejado), determina o desvio e produz um sinal de controle que reduzirá o desvio a zero ou a um valor pequeno. A maneira pela qual o controlador automático produz o sinal de controle é chamada de ação de controle (OGATA, 2000). Os controladores analógicos digitais industriais podem se classificados de acordo com a ação de controle: Controlador de duas posições (on-off); Controlador proporcional; Controlador integral; Controlador proporcional e integral; Controlador proporcional e derivativo; Controlador proporcional, integral e derivativo. 5.1 – Classificação dos controladores 5.1.1 – Controlador de duas posições (on-off) Neste sistema de controle, o elemento atuador apresenta apenas duas posições fixas, geralmente “ligado ou desligado” ou “aberto e fechado”, por isso é também chamado de controlador on-off. Este controle é utilizado para medidas que não requerem uma alta precisão e por serem mais baratos e mais simples, tanto em controles industriais ou domiciliares. No controle de duas posições, o sinal u(t) permanece igual a um valor máximo ou a um valor mínimo, conforme o sinal de erro atuante que seja positivo ou negativo, assim: u(t) = U1, para e(t) > 0 e (5.1) u(t) = U2, para e(t) < 0, onde U1 e U2 são constantes. O valor mínimo U2 é, geralmente, zero ou U1. Os controladores de duas posições são normalmente dispositivos elétricos, sendo que as 25 válvulas operadas por solenóides elétricas são extensivamente usadas nestes controladores (OGATA, 2000). A Figura 5.1 mostra o diagrama de blocos de controladores de duas posições. O intervalo através do qual o sinal do erro atuante deve mover-se antes de ocorrer à comutação de valores é chamado de intervalo diferencial, indicado na Figura 5.2. Este intervalo faz com que a saída do controlador u(t) mantenha seu valor presente até que o sinal de erro atuante seja movido ligeiramente além do valor zero. e u U1 U2 Figura 5.1: Diagrama de blocos on-off Fonte: OGATA, 2000 e u U1 U2 Intervalo diferencial Figura 5.2: Diagrama de blocos on-off com intervalo diferencial Fonte: OGATA, 2000 Assim, este controlador é bastante útil para o estudo que está sendo feito, pois a variação o aço líquido no distribuidor pode ter uma grande alteração, é simples, barato e eficiente. 26 5.1.2 – Controlador proporcional É um tipo de controlador que utiliza a relação entre a saída do controlador, u(t), e o sinal de erro atuante, e(t). ( ) ( )teKtu p= (5.2) ou no domínio da transformada de Laplace, ( ) ( ) pKSE sU = (5.3) onde Kp é denominado de ganho proporcional. Ou seja, qualquer que seja o mecanismo ou forma de energia usada na operação, o controlador proporcional atua como um amplificador de ganho ajustável. O diagrama de blocos é determinado seguinte Figura 5.3. Kp E(s) U(s) Figura 5.3: Diagrama de blocos controlador proporcional Fonte: OGATA, 2000 5.1.3 – Controlador integral Neste tipo de controlador, o valor de saída u(t) é variado segundo uma taxa proporcional ao sinal de erro atuante e(t). Portanto, temos: 27 ( ) ( )teK dt tdu i= (5.4) ou seja: ( ) ( )∫= t o i dtteKtu (5.5) onde Ki é uma constante ajustável. Assim a função de transferência do controlador é: ( ) ( ) s K sE sU i= (5.6) Então, para um erro atuante nulo, o valor de u(t) permanece estacionário. O diagrama de blocos é mostrado na Figura 5.4. s Ki E(s) U(s) Figura 5.4: Diagrama de blocos controlador integral Fonte: OGATA, 2000 5.1.4 – Controlador proporcional e integral A ação de um controlador proporcional integral é definida por ( ) ( ) ( )∫+= t i p p dtteT K teKtu 0 (5.7) ou pela função de transferência do controlador 28 ( ) ( ) ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ += sT K sE sU i p 11 (5.8) onde Kp representa o ganho proporcional e Ti é chamado de tempo integral, sendo que os dois valores são ajustáveis. O tempo integral ajusta a ação de controle integral, enquanto uma mudança no valor Kp afeta tanto a parte proporcional quanto à parte integral do processo. O diagrama de blocos é representado na Figura 5.5. ( ) i ip T sTK +1 E(s) U(s) Figura 5.5: Diagrama de blocos controlador proporcional e integral Fonte: OGATA, 2000 5.1.5 – Controlador proporcional e derivativo A ação de um controlador proporcional e derivativo é definida por ( ) ( ) ( ) dt tdeTKteKtu dpp += (5.9) ou pela função de transferência do controlador ( ) ( ) ( sTKsE sU dp += 1 ) (5.10) onde Kp representa o ganho proporcional e Td é uma constante chamada de tempo derivativo sendo que Kp e Td são ajustáveis. A ação de controle derivativa, às vezes chama de controle de taxa de controle, é onde a magnitude da saída do controlador é 29 proporcional à taxa de variação do sinal do erro atuante. O diagrama de blocos do controlador proporcional e derivativo é representado na Figura 5.6. ( )TdsK p +1 E(s) U(s) Figura 5.6: Diagrama de blocos controlador proporcional e derivativo Fonte: OGATA, 2000 5.1.6 – Controlador proporcional, integral e derivativo Segundo OGATA (2000), a combinação das ações de controle proporcional, integral e derivativo é determinada ação de controle proporcional-integrativo-derivativa, ou comumente chamada de controle PID. Esta ação combinada possui as vantagens das três ações de controle individuais. A equação do controlador PID é definida por ( ) ( ) ( ) ( ) dt tdeTKdtte T K teKtu dp t i p p ++= ∫ 0 (5.11) ou pela função de transferênciado controlador ( ) ( ) ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ++= sT sT K sE sU d i p 11 (5.12) onde Kp representa o ganho proporcional, Td representa o tempo derivativo e Ti representa o tempo integral. O diagrama de blocos do controlador PID é representado na Figura 5.7. 30 ( ) sT TdssTK i ip 21 ++ E(s) U(s) Figura 5.7: Diagrama de blocos controlador PID Fonte: OGATA, 2000 5.2 – Análise dos controladores O controle on-off, evidentemente, não consegue manter a variável em um setpoint. O comportamento da variável controlada equivale a uma oscilação próximo aos valores equivalentes aos comandos on e off do controlador. Assim, o controlador é empregado em controles que possuam uma grande faixa de variação. E para evitar uma grande freqüência de chaveamento e desgaste do atuador, normalmente se adiciona uma zona morta. A Figura 5.8 ilustra a resposta de um sistema sob controle on-off, mostrando que a oscilação não é necessariamente senoidal. A linha constante indica o valor desejado da variável controlada; observe que a média não equivale necessariamente ao valor desejado. Figura 5.8: Resposta do sistema on-off 31 Uma característica do controlador proporcional é que ele não consegue "zerar" o desvio do setpoint, deixando um erro residual (offset), ou seja, uma diferença entre o sinal de saída e o setpoint. A figura a seguir ilustra o comportamento de uma variável controlada por um controlador proporcional após uma perturbação externa em degrau. O setpoint é indicado pela linha constante na Figura 5.9. Figura 5.9: Resposta do sistema proporcional A saída do controlador varia apenas quando o erro está atuando. À medida que o ganho é aumentado, o erro diminui e o sistema responde de forma mais rápida. Mas quanto maior o ganho mais tempo é a estabilização da variável. Esta variável nunca é igual ao valor desejado. Esta variação pode ser vista na Figura 5.10. 32 Figura 5.10: Variação da resposta com relação ao ganho proporcional Fonte: MARTINS, 2006 Já o controlador integral é muito preciso, porém lento, acontecendo isso porque a resposta depende da acumulação do sinal de erro na entrada, levando a um erro de regime nulo, pois não e necessário um sinal de entrada para haver saída do controlador, e o acionamento do atuador após o período transitório. O controlador proporcional e integral possui uma ação de sempre variar a saída assim que houver erro, portanto elimina o offset assim que o processo atingir um estado estável. Altos valores para o tempo integral fazem com que a aproximação da variável em relação ao setpoint seja lenta, mas apresenta um menor tempo de estabilização Figura 5.11. Figura 5.11: Resposta do sistema proporcional e integral Fonte: OGATA, 2000 33 O controlador proporcional derivativo não diminui o offset, mas melhora a estabilidade do processo. Reduz a velocidade de resposta, ao passo que diminuindo, a velocidade de resposta aumenta, porém com comprometimento da estabilidade, já que ocorre um aumento das oscilações. Como dito anteriormente, controlador PID apresenta todas as vantagens dos outros três controladores, proporcional, integrativo e derivativo, assim, essas vantagens podem corrigir as desvantagens criadas por estes controladores, offset, demora na estabilidade e outros, assim fica como sendo o tipo de ação de controle mais completa que temos. A Figura 5.12 mostra o sinal do controlador PID com relação aos outros controladores. Figura 5.12: Resposta do sistema PID Fonte: OGATA, 2000 34 VI – O CONTROLADOR SUGERIDO E UMA SIMULAÇÃO Os chamados controladores convencionais (PID - Proporcional, Integral e Derivativo) são os principais controladores da indústria de uma forma geral, sendo utilizados como solução imediata para uma vasta gama de problemas de controle. Para situações de controle de nível é usual empregar-se a versão reduzida desta classe de controladores sem a parcela derivativa. O controlador resultante é conseqüentemente denominado PI (Proporcional e Integral). Mas para esta proposta de trabalho, onde são conhecidos os parâmetros e quais são as condições do processo, é definido que uma ação de controle de duas posições (on-off) recebe totais condições do controle do processo. Como informado anteriormente, o controlador on-off possui algumas vantagens e algumas desvantagens para um determinado processo. Para este processo, onde a faixa de controle é mais ampla e o sistema pode ser mais simples, o controlador on-off é totalmente recomendado para tal função. Por ser mais simples, barato e eficiente, o controlador foi escolhido e sua simulação é representada pela ferramenta SIMULINK do programa MATLAB. Primeiramente, distribuem-se valores para as variáveis e constantes das equações, como se segue na tabela 6.1: Tabela 6.1: Valores dos parâmetros das equações para simulação. Parâmetros Valores Unidade CD1 0,3 1/m D1 0,25 m A1 7,07 m2 A1n 0.049 m2 G 10 m/s2 pa 1,01x105 Pa CD2 0,5 1/m D2 0,08 m A2 6 m2 35 A2n 5,03x10-3 m2 ρ 7350 Kg/m3 p 1,3x105 Pa Assim, são analisadas todas as equações do modelo matemático proposto e conseqüentemente são feitos diagramas e simulações para o desempenho do processo. A equação 4.6, da abertura da válvula gaveta da panela com relação ao diâmetro da válvula foi a primeira a ser desenvolvida no programa, como segue na Figura 6.1: Figura 6.1: Diagrama da abertura da válvula gaveta da panela O sinal de entrada do controlador (s), indicando 0 ou 0,25, é inserido no diagrama subtraindo o diâmetro D, assim, com seus ganhos, pode-se calcular a área da abertura da válvula gaveta, indicada pela saída A1. Portanto, o gráfico mostrado na Figura 6.2 representa os valores da área da abertura da válvula gaveta da panela: 36 Figura 6.2: Área da abertura da válvula gaveta da panela O próximo passo da simulação é definir qual o nível da panela. Usando a equação 4.5, derivada do nível do aço na panela pelo tempo, para identificar o nível de aço líquido na panela. A Figura 6.3 mostra o diagrama da equação. Figura 6.3: Nível de aço líquido na panela 37 O sinal da mostra qual o nível do aço líquido pelo tempo, representado no gráfico da Figura 6.4: Figura 6.4: Nível de aço líquido na panela Assim, quando se tem um decréscimo linear representa-se a situação da válvula gaveta da panela totalmente aberta, e quando o peso permanece constante, a situação da válvula gaveta é totalmente fechada. A panela de aço em questão apresenta uma carga máxima de 300 toneladas de produto, entre aço líquido e escória. É então usada a equação 4.6, a abertura da válvula gaveta do distribuidor, que alimenta o molde. Esta equação é destinada à abertura da válvula gaveta da panela, mas por analogia, pode ser aplicada na válvula gaveta do distribuidor. Assim, o seguinte diagrama é descrito na figura 6.5: 38 Figura 6.5: Abertura da válvula gaveta do distribuidor Para este trabalho, é considerado o valor da válvula gaveta do distribuidor constante e totalmente aberta, para assim manter um fluxo constante para o molde e simular para obter melhores resultados. A simulação do nível do distribuidor é realizada a partir da equação 9, onde temos a variação do nível com o tempo. Representada na Figura 6.6: Figura 6.6: Nível de aço líquido no distribuidor Neste diagrama, onde o bloco In 1 está localizado, representa o valor do nível de aço líquido da panela. E no bloco In 2 está representado o valor da abertura da 39 válvula gaveta do distribuidor, que, como informado anteriormente, neste projeto é constante. No bloco da Diferença de Pressão/ (Densidade * Gravidade) está situado um valor negativo, pois a pressão interna é maior do que a externa. Para esta simulação,não é considerado a mudança de densidade com o tempo, assim ρ foi constante durante toda a simulação. Com as equações e seus parâmetros definidos, é feito o sistema de controle de nível do distribuidor. Exibido na figura 6.7. Figura 6.7: Sistema de controle do nível do distribuidor A simulação começa no bloco Step, onde manda um pulso e o ganho manda um sinal de 0,25 para s, ou seja, a válvula gaveta da panela se abre totalmente, depois do calculo da área da válvula gaveta, o nível de aço da panela é medido. Este valor é enviado para o cálculo do valor do nível de aço do distribuidor junto com o valor da área da válvula gaveta do distribuidor. Após o cálculo dos valores do nível do distribuidor, o Controlador on-off recebe estas informações e dependendo dos valores envia para o comparador o valor de 0 para a válvula fechada ou 0,25 para válvula totalmente aberta. O gráfico mostrado na Figura 6.8 mostra os valores do nível do distribuidor. 40 Figura 6.8: Nível de aço líquido no distribuidor O distribuidor em questão apresenta uma capacidade de 60 toneladas de aço líquido, sendo que o valor máximo do peso do aço na simulação é de 55 toneladas e o valor mínimo do peso do aço é de 14,8 toneladas, valores que estão determinados na faixa de produção de aço, pois o aço não atinge 60 toneladas, onde ocorreria o Break- out, nem contém o peso mínimo para que não ocorram turbulências que contém escórias e danifiquem o produto final. Observa-se então que nos gráfico das Figuras 6.4 e 6.8, os resultados são demonstrados em toneladas e não metros, portanto para efeitos de resultados do processo, podem ser utilizados as seguintes expressões: ρ*mV = (6.1) e considerando o distribuidor um elemento de forma regular (cúbico), bVh /= , (6.2) onde V é o volume do distribuidor, m é o peso medido, ρ é a densidade, h é o nível de aço líquido e b a área da base. Assim os resultados dos níveis máximo e mínimo são 1,25m e 0,34m. 41 VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da obtenção do modelo matemático do processo, junto com a escolha dos seus elementos a serem usados, é então analisado qual o método de controle para o nível do distribuidor do lingotamento contínuo pode ser usado com eficiência. A escolha do controlador on-off se deve aos parâmetros que pode se ter como resultado. Assim o controlador atende perfeitamente o trabalho em questão, pois mantém o nível do distribuidor numa faixa aceitável. É mais barato e mais simples do que outros tipos de controladores. Atualmente, algumas empresas ainda contam com este tipo de controle manual, fazendo com que o empregado permaneça em um ambiente tão hostil, com temperaturas bem elevadas e outros riscos a saúde. Assim, com a grande preocupação das empresas com o meio ambiente, saúde e segurança dos seus funcionários, é extremamente aceitável o acréscimo de algum tipo de controlador, pois retira empregados de perto deste ambiente de trabalho. 42 VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARAÚJO, L. A., Manual de Siderurgia, São Paulo: Editora Arte & Ciência, 1997. Volume 1. 2. BARRÓN, M. A. e TREJO, J. G. An Implicit Controller for the Steel Level Regulation in a Vacuum-Based Continuous Casting Process. Journal of Applied Research and Technology, August, Vol. 2, number 002, Universidad National Autonomy de México, Distrito Federal, México, p. 161-169 3. CHAKRABORTY, S. and SAHAI, Y., “Effect of Varying Ladle Stream Temperature on the Melt Flow and Heat Transfer in Continuous Casting Tundishes”, ISIJ International, vol. 31, no 9, 1991, pp. 960-967. 4. Dados Operacionais do Lingotamento Contínuo, Companhia Siderúrgica de Tubarão, 2006. 5. DUARTE, A. C. M. Controle de Nível no Molde de Lingotamento Contínuo, Monografia – Engenharia de Controle e Automação, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2005. 6. GARCIA, A., SPIM, J. A., SANTOS, C. A. e CHEUNG, N. Lingotamento Contínuo de Aços, Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, 2004. 7. LAI, K. Y. M., SALCUDEAN, M., TANAKA, S. and GUTHRIE, R. I. L. Mathematical Modeling of Flows in Large Tundish Systems in Steelmaking, Metallurgical Transactions B, vol. 17B, September 1986, pp. 449-459. 8. Manual da Válvula Gaveta da Panela, Dados Operacionais da Vallourec & Mannesman Tubes, 2007. 9. MARTINS, V. V. Estudo de Uma Planta Piloto: Controle da Temperatura Em Função da Vazão, Monografia – Engenharia de Controle e Automação, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2006. 10. MIPEL. Manual Mipel: Manual para Seleção, Instalação, Uso e Manutenção de Válvulas de Bronze. Disponível em: < http://www.mipel.com.br/homeport/manualpdf/11-12-13-14-15.pdf> Acesso em 30 de agosto de 2007. 11. OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. 3ª ed, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A., 2000. 12. OZGU, M. R. Casting Volume, Chapter 20: Instrumentation, The AISE Steel Foundation, Pittsburg, PA, 2003. 13. ROCHA, R. Metrologia – A Ciência da Medição, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2006. 43 14. SCHADE, J. H., O’MALLEY, R., KEMENY, F., SAHAI, Y. and ZACHARIAS, D. J. Casting Volume, Chapter 13: Tundish Operations, The AISE Steel Foundation, Pittsburg, PA, 2003. 15. TONIATI, A. e NASCIMENTO, R. M. Otimização do Sistema de Controle do Nível de Aço do distribuidor do Lingotamento Contínuo da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), UCL – Faculdade Centro Leste, Serra – ES, 2004. 16. YEH, J. L., HWANG, W. S. and CHOU, C. L. Physical modeling validation of computational fluid dynamics code for tundish desing, Ironmaking and Steelmaking, vol. 19, Nº 6, 1992, pp. 501-504.
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