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1 Características de oscilação do molde A combinação entre oscilação do molde e a aplicação de lubrificantes (óleo, escória) garantem a lingotabilidade do aço, que de outra maneira sofreria colagem ao molde e rompimento da pele (breakout) pelo esforço de extração. Vários modos de oscilação são propostos, o de mais simples de análise sendo o se- noidal, cujas características estão exemplificadas na figura 1. A velocidade do veio é de natureza vertical e descendente, para todos os efeitos, uma constante conhecida como velocidade de extração. Como o molde oscila, durante metade do período o mesmo se move no sentido vertical ascendente e, naturalmente, a outra metade no sentido vertical descendente. As características de oscilação são tais que durante parte do período o molde se move na descendente com velocidade maior(em módu- lo) que a do veio; esta porção do período é designada por Negative Strip Time (NST) ou Tempo de Estripamento Negativo; por conseqüência o complemento seria o Posi- tive Strip Time (PST). Figura 1: Curva senoidal de oscilação As oscilações do molde são acompanhadas por flutuações de nível do aço líquido e por oscilações do cordão de escória. O cordão de escória, vide figura 2, é o resulta- do do congelamento(solidificação) de escória de lubrificação ao longo do perímetro do molde. Este cordão poderia ser capaz de algumas ações mecânicas como bom- bear a escória líquida no gap entre molde e pele, dobrar a pele na região do menis- co. Presumivelmente o dobramento da pele do menisco(na direção da válvula) ocor- reria com o molde se movendo na direção vertical descendente e durante o NST; o desdobramento na direção do molde se daria sob ação da pressão ferrostática e/ou durante o PST. Note que, na ausência do cordão poderia ser postulado o efeito con- 2 trário mas que, de qualquer modo, existiria um ciclo de dobramento/desdobramento da pele associado ao ciclo de oscilação. Figura 2: Posição do cordão de escória, lingotamento com pó fluxante. As oscilações, embora necessárias, são então a causa de defeito superficial deno- minado marcas de oscilação, Oscillation Marks (OM) que se desenvolvem na dire- ção transversal, vide figura 3. Outros mecanismos, propostos para a formação de OM são apresentados na figura 4; compreendem também a inundação do menisco e a inundação seguida da refusão parcial. A OM apresentada na figura 3 parece ser compatível com o mecanismo de inundação; observe-se a direção dos cristais, cla- ramente delimitando o hook(gancho, curvatura do menisco). Verifica-se que a distância entre as marcas (pitch) pode ser estimada como: f Vd c= onde VC representa a velocidade de extração do veio(descendente) [m/s] e f a fre- quência de oscilação [1/s]. A figura 5 mostra a relação entre valores calculados e previstos, sugerindo boa concordância, como previsto. Note-se entretanto que uma OM não cobre, necessariamente, todo o perímetro do lingotado o que torna a deter- minação do pitch sujeita a incertezas. 3 Figura 3: Marca de oscilação 4 Figura 4: mecanismo de formação de marca de oscilação Figura 5: distância entre marcas de oscilação , calculada VS prevista. Sendo a onda de natureza senoidal e: VC = velocidade de extração do veio [m/s] So = stroke, metade da amplitude total de oscilação [m] 5 f = frequência de oscilação [1/s] t = tempo [s] a trajetória do molde se descreve como: tf2pisenSS o= A velocidade do molde resulta, por diferenciação, tf2picosSf2V om pi= É possível estimar a partir desta expressão o Tempo de Estripagem Negativa, NST(negative strip time); este seria caracterizado por esforços compressivos sobre a pele. Por consequência o restante do ciclo, que representa o tempo de estripagem positiva, seria caracterizado por esforços de tração sobre a pele. Anteriormente o NST era denominado também de “heal time” pois se admitia que os esforços de compressão característicos do mesmo levavam ao caldeamento, cura de eventuais trincas. Hoje esta idéia é descartada. Pode-se mostrar, por inspeção, que para uma oscilação senoidal, o tempo de estri- pagem negativa se calcula como: = o c NS Sf V arcfT pipi 2cos 1 Naturalmente, a duração do ciclo se calcula como fTc 1 = o que permite também definir a “negative strip time ratio”, NSR, como sendo a razão entre o tempo de estripagem negativa e a duração do ciclo, multiplicado por 100. Sugere-se que valores pequenos de NSR, < 50%, levam a operações instáveis. A figura 6 exemplifica a relação NST(negative strip time) VS f(freqüência) VS Vc(velocidade de extração) VS So(stroke). Os símbolos em negro delimitam os pon- tos de instabilidade; note como pequenas alterações nos parâmetros de oscilação podem levar a modificações significativas do tempo de estripagem negativa. Portan- to seria mais seguro trabalhar em freqüências mais altas, símbolos em vazio. A profundidade das marcas de oscilação representa outro parâmetro de qualidade superficial. As figuras 7 e 8 sugerem que a mesma cresce quando decresce a fre- qüência e quando cresce o valor de NST. Em função deste dados , e com o advento de sistemas de oscilação mais completos propôs-se a utilização de ondas não senoidais, triangulares como esquematizadas na figura 9. Nestas o NST seria comparativamente mais curto, resultando em mar- cas menos profundas 6 Figura 6: relação NST vs f vs So . Figura 7: Relação entre profundidade da O.M e freqüência 7 Figura 8: Relação entre profundidade da O.M e NST Figura 9 : Oscilação senoidal VS triangular 8 De acordo com os resultados a oscilação convencional(senoidal) produziria marcas de oscilação significativamente mais profundas. Como esperado, maiores frequên- cias de oscilação indicam menores profundidades das OM, figura 10. Figura 10: profundidade da OM, oscilação senoidal VS triangular. Outro parâmetro de oscilação ao em geral utilizados para caracterizar o ciclo. Entre eles a “Lead distance”, distância percorrida pelo molde quando sua velocidade é su- perior (em módulo) ao do lingotado ( )[m/s]dt[s]VVδ TNS O Cm∫ −= Exercício: Considere f = 120 min-1. ≡ 2s-1 So = 3 mm ≡ Vc = 1,3 m/min ≡ 21,7 mm/s O que resulta em velocidade (módulo) máxima igual a ]37,68[mm/s~3[mm]*3,142[1/s]*2VS2pi máxo ≈==f E em = o c NS Sf V fT pipi 2arccos 1 = 68,37 7,21 cos 2 1 arcTNS pi TNS = 0,15 [s] TC = 0,5 [s] o que implica que %NST = 30% 9 Exercício: Com os valores típicos de parâmetros de oscilação da máquina de sua empresa, encontre os valores de NST e NSR. Trace a curva que mostra a relação NST vs f vs So. Outras informações, inclusive acerca do uso de oscilação não senoidal podem ser encontradas nas referências: 10- Improvement of surface quality of continuously cast steel by high cycle mold oscillation; H. Yasunaka et al,Steelmaking Conference proceedings, 497-502 11- Control of the first shell formation during continuous casting of steel; A. Delhalle et al; La revue de metallurgie-CIT, Juin 1989, 483-489 12- Micrograph evidence of meniscus solidification and sub-surface microstructure evolution in continuous cast ultra low carbon steels; J. Sengupta et al; Acta Materialia 54(2006), 1165-1173 13- The formation of oscillation marks in the continuopus casting of steel slabs; E. Takeuchi et al; Metallurgical Transactions B, vol 15B, September 1984, 493-508.
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