Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT16 SP5 – fadiga, perda de peso e anemias Anemias Na prática clínica, porém, para um diagnóstico diferencial e estabelecimento de tratamento adequado, é necessário, além disso, analisar: os valores de contagem de hemácias e hematócritos; índices hematimétricos como: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e cell distribution width (RDW); parâmetros complementares, como contagem de reticulócitos, dosagens de ferro, transferrina, ferritina, vitamina B12, ácido fólico, estado da medula óssea, dentre outros. VCM: serve para avaliar o tamanho médio dos glóbulos vermelhos A microcitose reflete-se por um VCM inferior ao normal (< 80), enquanto valores elevados (> 100) in- dicam macrocitose. HCM: indica o peso da hemoglobina na hemácia. Portanto, serve para avaliar a quantidade média de hemoglobina na célula. Valores altos de HCM são encontrados em glóbulos vermelhos mais escuros. Nesses casos, a anemia é denominada hipercrômica. Se o HCM estiver baixo, as hemácias terão coloração mais clara e a anemia é chamada hipocrômica. Valores normais de HCM são encontrados em glóbulos vermelhos de cor normal, chamados normocrômicos. CHCM: é a concentração de hemoglobina em uma hemácia RDW: avalia a variação de tamanho entre as hemácias -> pessoa com anemia pode apresentar RDW alto, já que a baixa produção de hemoglobina leva a formação de glóbulos vermelhos menores. De acordo com a classificação morfológica, levamos em conta a forma,o tamanho e as características tintoriais dessas células, a partir do que chegamos a três tipos de anemias com características diferentes: macrocíticas e normocrômicas; normocíticas e normocrômicas; e microcíticas e hipocrômicas. Outros fatores que colaboram para diagnóstico: Contagem de leuco ́citos e de plaquetas: As contagens fazem a distinc ̧a ̃o entre “anemia pura” (comprometimento só da se ́rie vermelha) e “pancitopenia” (comprometimento das tre ̂s séries, com diminuic ̧a ̃o de eritro ́citos, granulo ́citos e plaquetas), que sugere defeito mais amplo da medula óssea (p. ex., causado por hipoplasia medular ou infiltrac ̧ão da medula) ou destruic ̧a ̃o geral de ce ́lulas (p. ex., hiperesplenismo). Contagem de reticulo ́citos: A contagem porcentual normal e ́ de 0,5 a 2,5%, e a contagem absoluta, de 25 a 150 × 103/μL (Tabela 2.4). A contagem de reticulo ́citos deve elevar-se na anemia devido ao aumento de eritropoetina, e o aumento costuma ser proporcional a ̀ severi- dade da anemia. O aumento e ́ mais evidente quando houver tempo para desenvolvimento de hiperplasia eritroide na me- dula óssea, como na hemólise crônica. A falta de elevac ̧a ̃o da contagem de reticulo ́citos em pacientes ane ̂micos sugere diminuic ̧a ̃o da func ̧a ̃o da medula óssea ou falta de esti ́mulo eritropoeti ́nico Os reticulócitos são células imaturas, precursoras das hemácias maduras. Tais células encontram-se no estágio final de diferenciação celular da eritropoese, que tem duração de 72 horas, sendo que os três primeiros dias ocorrem na medula óssea e nas últimas 24 horas essas células serão liberadas para a circulação sanguínea. A fase de reticulócitos é o período compreendido entre a perda do núcleo do eritroblasto ortocromático e a perda de organelas, posteriormente evoluindo para eritrócito. Dessa forma, a célula ainda apresenta alguns componentes intracelulares, como porções do complexo de Golgi, mitocôndria e um número variável de mono e polirribossomos De maneira fisiológica: Levamos em conta o critério cinético medular, ou seja, verificamos que a medula (principal local de produção das células sanguíneas na vida adulta) Julia Paris Malaco – UCT16 pode responder de forma diferente a diferentes estímulos. Assim, chegamos a dois grupos de anemias: as chamadas anemias não hemolíticas (ou hipoproliferativas, ou ainda arregenerativas) e as anemias hemolíticas. A hematopoiese refere-se ao processo de produc ̧a ̃o dos elementos figurados do sangue. O processo e ́ regulado por meio de uma se ́rie de etapas que comec ̧a com a ce ́lula-tronco hematopoie ́tica. A eritropoietina (EPO) e ́ o hormo ̂nio regulador envolvido na produc ̧a ̃o dos eritrócitos. A EPO necessa ́ria para a manutenc ̧a ̃o das ce ́lulas; progenitoras eritroides consignadas que, na ause ̂ncia do hormo ̂nio, sofrem morte celular programada (apoptose). Dizemos então que anemia hemolítica é um distúrbio no qual as hemácias são destruídas mais rapidamente do que podem ser produzidas, ou seja, em período inferior aos seus 120 dias de vida. Como a contagem de reticulócitos reflete a capacidade regenerativa da medula óssea, quando os reticulócitos de um indivíduo estão superiores a 3% na circulação periférica, isso sugere um excesso de destruição e produção de hemácias, enquadrando-se na classificação de anemias hemolíticas. Já as anemias não hemolíticas são caracterizadas quando os reticulócitos de um indivíduo estão inferiores a 2% na circulação periférica e refletem uma falha na produção dos precursores eritroblastos na medula óssea. Etiologia Anemia consiste na redução da massa eritrocitária circulante total, que se encontra abaixo dos limites normais. A OMS define como condição no qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal. Valor de referência da hemoglobina: 12 a 17 g/dL Anemia leve: >10 Anemia moderada: 7-10 Anemia grave: <7 Reticulocitos baixos - anemias hipoproliferativas: que apresentam reticulócitos baixos ou normais, são aquelas em que a medula não produz o número adequado de hemácias. Assim, a hemácia pode apresentar diferentes tamanhos, sendo classificada como: Microcítica (VCM < 80): Deficiência de ferro (ferropriva), talassemia, anemia Sideroblástica, doenças crônicas (mais comum na normocítica) Normocítica (VCM 80 - 95): Insuficiência renal crônica, doenças, hipotireoidismo (embora seja mais comum ocorrer na macrocítica), aplasia de medula, perda aguda de sangue. Macrocítica (VCM >95): deficiência de B12 e ácido fólico, hipotireoidismo, mielodisplasia (pré-leucemia), hepatopatia alcoólica Reticulocitos altos - anemias hiperproliferativas: que apresentam reticulócitos altos, são aquelas em que a medula produz hemácias adequadamente, porém, o paciente está perdendo hemácias por: Perda aguda: hematêmese, hemoptise (tosse com sangue), hemorragia digestiva baixa, entre muitos outros. Hemólise intravascular: destruição de hemácias dentro dos vasos sanguíneos, com liberação de hemoglobina. Tipos Anemia ferropriva Problema for no ferro do grupo heme anemia ferropriva (microcitica – problemas na formação do grupo heme com consequente formação de menos hemoglobina, hemácias são menores porque tem pouco para carregar) O corpo nunca trabalha na reserva, o estoque de ferro é grande (ferro armazenado na forma de ferritina no fígado). Julia Paris Malaco – UCT16 Nos casos de anemia ferropriva, a primeira diminuição sera da ferritina e a transferrina vai estar alta porque o fígado tenta mandar a transferrina para captar mais ferro em outros locais do corpo (intestino), aumentando a captação do ferro. Hemograma Hemoglobina – baixo Hematocrito – baixo VCM: microcícita HCM: hipocrômica RDW: alto Leucócitos – normal Plaquetas - aumentada Padrões do ferro: Ferro sérico - baixo Ferritina - baixo Transferrina – alta TIBIC – alto Saturação de transferrina - baixo Doença crônica Doença crônica liberação de mediadores inflamatórios (citocinas) a principal consequência desses mediadores é alteração de uma proeina chamada hepsidina Hepsidina: faz com que o corpo mantenha o ferro estocado no fígado, não permite a libração da ferritina. O fígado percebe que o estoque está cheio e como consequência não ve necessidade de produzir transferrina para captar mais ferro. Hemograma e Perfil do ferro: VCM – pode aparecer normal, mas geralmente baixo. No início pode aparecer como normocitica e normocromica. Com o tempo evolui para microcitica e hipocromica. Ferro sérico – diminuído (falta de transferrina não tem captação de ferro) TIBIC – diminuído (não tem transferrina) Ferritina – alta (estoque no fígado) Saturação de transferrina – baixa (não tem ferro e nem transferrina, vai estar zerado) Anemia sideroblastica Problema for na protoporfirina do grupo heme anemia siderobastica (microcitica – problemas na formação do grupo heme com consequente formação de menos hemoglobina, hemácias são menores porque tem pouco para carregar) Talassemias Defeito da síntese de globina alfa ou beta, depende do grau de defeito - maior (grave defeito com evolução para hemólise) e menor (defeito leve, pode ser assintomatico) Problema for na globina pouca quantidade – talassemia - microcitica – pouca quantidade, hemácias menor porque tem pouco para carregar) Anemia megaloblástica: Fisiologicamente: intesta de ácido fólico entra na forma de metil-tetra-hidrofolato (MTHF) vitamina B12 (age sobre MTHF) tetra-hidrofolato (THF) formação correta do DNA. Quebra do MTHF em THF pela vitamina B12 sobra o metil metil se liga a homocisteina para formar metionina. O aumento da homocisteina pode ser por falta de ácido fólico ou vitamina B12. A deficiência de B12 causa sintomas neurológicos porque: Ácido metil malonico é metabolizado e transformado em succinil coenzima A, essa transformação é feita pela vitamina B12. Se não tem B12, aumenta ácido metil malonico e diminui succicil coenzima A porque não ocorre a transformação. O excesso desse ácido se torna toxico para o nervo. Homocisteína alta: ou deficiência ou de ácido fólico ou de B12 Ácido metil malonico alto: deficiência de B12. Hemograma Hemoglobina: baixo Hg - baixo Hematocrito: baixo VCM: alto HCM: normo RDW: alto Plaquetas e leucócitos: baixo LDH: muito aumentado Bilirrubina indireta: aumentada (pouco) Julia Paris Malaco – UCT16 Anemia falciforme Problema na globina pouca qualidade – anemia falciforme (macrocitica - forma em quantidade normal, hemácia maior porque tem mais para carregar Hemoglobinopatia hereditária Normocromica Normocitica Hemoglobina normal: duas cadeias alfa globina e duas cadeias beta globina, cada uma se associa a um grupo heme e o heme se associa o ferro. Tipos de hemoglobina: HbA (α2β2): baixa afinidade pelo oxigênio, sendo mais eficaz no transporte dele Pequenas quantidades de HbA2 (α2δ2): afinidade maior ao oxigênio o que dificulta a liberação dele Pequenas quantidades de hemoglobina fetal (α2γ2): muito alta afinidade pelo oxigênio, dificulta distribuição para os tecidos Hemácias na doença falciforme: HbS (α2βs2) - alteração da beta globina, adição de hemoglobina S. E ́ a mais frequente das hemoglobinopatias. Ocorre, principalmente, em indivi ́duos negros e pardos. E ́ uma anemia hemoli ́tica cro ̂nica hereditária, cuja manifestac ̧a ̃o cli ́nica surge em decorre ̂ncia da HbS que polimeriza e promove a deformac ̧a ̃o do eritrócito de formato bico ̂ncavo para a forma de foice em situac ̧ões de baixa tensa ̃o de oxige ̂nio. Essa alterac ̧a ̃o ocorre pela substituic ̧a ̃o de um aminoa ́cido, a ́cido gluta ̂mico, pela valina, na posic ̧a ̃o 6 da cadeia β da globina. Para o paciente ter hemoglobina S precisa ser homozigoto. Nos heterozigotos somente tem traço falciforme, que não é a doença (poucas hemácias falciformes em quadro de hipóxia, mas não o suficiente para causar doença) Consequência de hemoglobina S na hemácia: se torna ineficiente logo após se ‘desligar’ do oxigênio se associa a outros grupos de hemoglobina S aumena viscosidade, fica mais endurecida maior chance de formação de polímeros e filamentos distroçao da arquiteruta da hemácia, deixando-a no formato de foice (falcizaçao). A medida que os polímeros de HbS vão se acumulando no citoplasma da nossa hemácias, eles vão sofrendo herniação, eles se projetam, atravessando o esqueleto membranoso e vão desestabilizar a Membrana plasmática. Com isso há a abertura de canais que vão possibilitar o influxo de Calcio para entro da hemácia, consequentemente vai ocorrer a abertura de canais que vão possibilitar o efluxo de potássio e água, causando desidratação da hemácia. Com ciclos repetidos de oxigenação e desoxigenação que vai gerando o que chamamos de Falcização, as hemácias vão se tornando cada vez mais desidratadas, pela liberação contínua de potássio e Água, decorrentes do processo de falcização. Além da desidratação, há o aumento da densidade desse citoplasma, porque cada vez Julia Paris Malaco – UCT16 mais vai havendo a formação de polímeros e fibras de HbS, e há o aumento de rigidez dessas células. Esse processo após passar por extensas lesões na membrana dessas células se tonam irreversivelmente falciforme, mesmo com a oxigenação não conseguem retornar para sua forma de disco côncavo por uma rigidez muito extensa da Membrana plasmática. A consequência dessas falcização irreversível essas hemácias vão perder a capacidade de se tornar deformáveis (maleáveis) isso faz com que essas células sejam reconhecidas pelos fagócitos no baço e sejam fagocitadas levando a Hemólise extravascular. A falcização pode ser reversível ou irreversível: Reversível: pode voltar ao seu formato normal por ligação ao oxigênio Irreversível: altera a membrana aumenta influxo de cálcio saída de potássio e agua aumenta viscosidade falcizaçao irreversível Pode ocorrer dois eventos o hemolise extravascular o oclusão da microvasculatura (aumento da expressão de moléculas de adesão) – causa crises dolorosas – característica da anemia falciforme Outros fatores contribuem para oclusão microvascular ↑ moléculas de adesão (Mediadores aumentam a expressão de moléculas de adesão) Estagnação de eritrócitos → baixa tensão de O2, falcização e obstrução vascular. ↓ óxido nítrico → vaso constrição, agregação plaquetária, falcização e trombose. (Oxido nítrico faz vasodilatação, sua diminuição prejudica) Morfologia Número variável de células irreversivelmente falciformes Reticulocitose Células em alvo (desidratação eritrocitária) Medula: hiperplásica Clinica Maxilares proeminentes Alterações do crânio que lembram um corte de cabelo militar ao raio X (aumento de produção de trabécula óssea no osso esponjoso, estimuladas por conta da hiperplasia de medula) Hematopoiese extramedular Cálculos biliares Hiperbilirrubinemia Autoesplenectomia: perda da capacidade funcional do baço por fibrose constante e extensa Infartos podem ocorrer em: ossos, cérebro, rins, fígado, retina e vasos pulmonares. Ulceras na pele (adultos) Hipertonicidade da medula renal → hipostenúria (dificuldade de concentração da urina) Alteração da função esplênica → susceptibilidade a infecções Crises vaso oclusivas (crises dolorosas): causas mais comuns de morbidade e mortalidade nadoença falciforme Hipóxia e infarto que causam dor intensa na região afetada. Locais mais envolvidos: ossos, pulmões, fígado, cérebro, baço e pênis Síndrome torácica aguda: tipo grave de crise vaso-oclusiva envolvendo os pulmões. Apresenta febre, tosse, dor torácica e infiltrados pulmonares. A oclusão microvascular não está relacionada ao número de células falciformes irreversíveis, mas sim com lesões sutis na membrana da hemácia e outros fatores associados a oclusão, que são principalmente a inflamação, pois um dos eventos da inflamação é a estase (reduz a velocidade do fluxo sanguíneo) o que retém as hemácias falciforme no leito capilar e esses hemácias falciformes por si só apresentam grande número de moléculas de adesão, o que favorecem a adesão dessa células nos capilares. Além disso as células imunológicas que estão ali mediando a inflamação, vão liberar Mediadores que aumentam a expressão de moléculas de adesão por células endoteliais que interagem com as moléculas de adesão das hemácias falciformes facilitando sua ancoragem no capilar levando a Estagnação de eritrócitos naquela região o que leva uma baixa tensão de O2 levando a falcização e obstrução vascular. (gera um ciclo vicioso). Também ocorre que quando a Hemácia falciforme é lisada ela pode inativar o Oxido Nítrico levando a diminuição dele O Oxido nítrico é um vasodilatador e tem ação de inibição da agregação plaquetária. com a Redução do O.N gerada pela lise das hemácias vai ocorrer vasoconstrição agregação plaquetária Falsização Trombose da microvasculatura. Crises sequestro esplênico (baço intacto): aprisionamento maciço de células falciformes (macrófago fagocita hemácias no baço e elas não saem mais, isso reduz quantidade de célula Julia Paris Malaco – UCT16 na corrente sanguínea) → esplenomegalia → hipovolemia → choque hipovolêmico Crises aplásicas: parvovírus B19 Hipóxia crônica: prejuízo generalizado do crescimento e desenvolvimento (quanto mais hemácias falciformes, maior falta de oxigênio Tratamento Objetivo de Melhorar O2 e fluidos Opioides para dor Transfusão sanguínea Vacina para prevenção de sepse e meningite Adm de hidroxiureia Transplante de medula óssea Penicilina V Óxido Nítrico – em estudo, em casos mais graves de complicações Em caso de crise falcêmica: hidratação rigorosa, oxigenação e analgesia. Hidroxiureia: previne ou reduz muitas complicações clínicas da doença. Diminuindo a frequência das crises dolorosas, síndromes torácicas agudas, hemotransfusões, hospitalizações e redução da mortalidade. Através da inibição do ribonucleotídeo redutase, a droga aumenta a concentração de hemoglobina fetal . Além disso diminui o número de leucócitos e reticulócitos circulantes, reduzindo o número de adesões das moléculas nessas células, minimizando os efeitos vaso-oclusivos. Outros efeitos: aumentar o tamanho das hemácias, melhorar sua deformabilidade e promover a liberação do óxido nítrico através do seu metabolismo, o que contribui para a vasodilatação local. São contraindicados durante a gestação e lactação. Transfusão sanguínea: doadores normais possuem HbA normal, que diluem a HbS, resultando na diminuição de eventos vaso-oclusivos e hemólise. Devem ser realizadas principalmente durante os eventos de crise da síndrome. O não uso implica com aumento da mortalidade. Porém possui risco de hiperviscosidade, aloimunização, sobrecarga de ferro e acentuação da hemólise. Tratamento curativo: transplante de células tronco hematopoiéticas, porém é reservado para crianças, com manifestações graves e que tenham irmãos HLA compatíveis. A sobrevida em 5 anos é de 92%, sobrevida livre de complicações de cerca de 80% e mortalidade associada ao procedimento de 7%. Fadiga na anemia Sensação de exaustão durante ou após atividades usuais, ou a sensação de energia insuficiente para iniciar essas atividade. Ele deve ser distinguido de sonolência, dispnéia e fraqueza, embora tais sintomas muitas vezes possam ocorrer concomitantemente. Os termos fadiga, cansaço, astenia, exaustão, sensação de fraqueza, cansaço extremo e falta de motivação têm sido utilizados como sinônimos. Fadiga Aguda: geralmente ocorre em indivíduos saudáveis e é compreendida como uma função de proteção do organismo. A fadiga aguda tem um início rápido e é de curta duração, geralmente está ligada a uma causa única, podendo resultar de trabalho ou exercício excessivos, privação do sono ou de doenças do tipo do resfriado. Ela não é extrema ou persistente, geralmente vai embora após o indivíduo repousar ou se recuperar, por exemplo, de uma gripe. De forma geral, ela causa efeitos pequenos ou mínimos nas atividades da vida diária e na qualidade de vida. Fadiga Crônica: afeta primariamente populações com doenças crônicas, muitas vezes tem múltiplas causas, costuma ter início insidioso, persiste ao longo do tempo, geralmente é pouco aliviada pelo repouso e afeta negativamente as atividades da vida diária e a qualidade de vida do paciente. Fisiopatologia: Glóbulos vermelhos ficam reduzidos e a oferta de O2 é comprometida, há hipóxia tecidual sintomas de fraqueza, comportamento lento. Mecanismo compensatório e redistribuição do fluxo sanguíneo (baixa de Hb privilégio de órgãos mais nobres) aumento do volume de sangue palidez mucosa Lactato: maior liberação quando há degradação, maior utilização da via anaeróbica e maior consumo de NAD na via cansaço Maior falta de energia quando há demanda maior de oxigênio jovens Em idosos a falta de energia é mais frequente e ocorre em atividades simples, os mecanismos compensatórios não ocorrem adequadamente nessa fase. Diagnósticos diferenciais: Apneia, hipotireoidismo, depressão, DPOC, fadiga crônica. Julia Paris Malaco – UCT16 Substancias orixigenicas O orexígeno é um medicamento com a função de estimular o apetite. É utilizado em doenças em que a falta do apetite pode comprometer a saúde do indivíduo, como a síndrome da anorexia e caquexia em câncer e em aids, em que a maioria dos indivíduos perdem peso, devido, entre outros motivos, à falta de apetite. Os orexígenos devem ser prescritos depois de ter resultado infrutífera a tentativa de aumentar a ingestão alimentar apenas com a alimentação espontânea. Fisiologia: o cérebro interpreta e integra os sinais neuronais e hormonais para promover uma resposta reguladora coordenada da homeostase energética. Esse sistema é centrado no hipotálamo e no tronco cerebral, os quais possuem conexões neuronais recíprocas. Especificamente dois grupos de neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo parecem ser cruciais: neurônios orexígenos (ligados ao estímulo do apetite): que expressam o neuropeptídeo Y (NPY) e a proteína relacionada à agouti (AgRP) → São ativados pela fome neurônios anorexígenos (relacionados à saciedade): que expressam pró- opiomelanocortina (POMC) e transcrito regulado por anfetamina e cocaína (CART) → São ativados pela plenitude/satisfação. Os neurônios do núcleo arqueado projetam-se para outro núcleo, o paraventricular (NPV). Ele processa as informações e manda para circuitos fora do hipotálamo, a partir disso coordena o corpo a gastar ou poupar energia. Sinais a curto prazo: indicam a ingestão de uma refeição coordenado principalmente pelo “eixo intestino-cérebro” o “eixo intestino-cérebro” existe para transmitir informações vindas do trato gastrointestinal para o: Hipotálamo: através dos hormônios intestinais e flutuação da glicemia, por e quimiorreceptores. Tronco cerebral: através do nervo vago mediado por mecanorreceptores e quimiorreceptores,quem sinalizam densidade de energia do alimento contido no trato gastrointestinal. Os neurônios vagais aferentes expressam uma variedade de receptores, incluindo aqueles para colecistoquinina (CCK), leptina, peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e 2 (GLP-2), além dos receptores para grelina. CCK: liberada pelo duodeno em resposta dos lipídios ou proteínas no lúmen intestinal. Ela atua por meio de receptores sensoriais no duodeno, enviando sinais ao cérebro sobre o conteúdo nutricional no intestino. Informação sobre o paladar, olfato, visão, memória de alimentos e do contexto social: o trato solitário envia para os centros do hipotálamo e outros centros, a integração destes sinais resulta na ativação da expressão gênica de mediadores envolvidos na regulação da saciedade. Os hormônios intestinais circulantes influenciam a atividade neuronal no sistema nervoso central ou diretamente pela penetração na barreira hematoencefálica, agindo dessa maneira no hipotálamo e no tronco cerebral, ou via receptores no nervo vago aferente. A antecipação de uma refeição, bem como alimento no estômago e intestino delgado, promovem a secreção de muitos desses hormônios intestinais, por via de estímulos mecânicos e químicos. Esses sinais estão envolvidos tanto com o início como com o término da ingestão alimentar Medicamentos Acetato de megestrol (AM) é um derivado sintético, ativado por via oral, do hormônio progesterona. Este é o medicamento mais estudado dentre os orexígenos. Pode induzir o apetite pela estimulação do neuropeptídeo-Y (NPY), presente no cérebro e secretado pelo hipotálamo, com capacidade de estimular o apetite; e pela inibição de citocinas pró- inflamatórias, como interleucina 1 (IL-1), IL-6 e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa). Tanto o NPY quanto as IL e o TNF podem levar à caquexia pela diminuição da ingestão alimentar direta ou por meio de mediadores anorexígenos, como leptina e serotonina. Corticosteróides: incluem a prednisolona e a dexametasona. Seus mecanismos de ação envolvem a inibição da síntese ou da liberação de citocinas pró-inflamatórias, citadas acima. Ou seja, estimulam o consumo alimentar e diminuem o gasto de energia Cobavital: Associa a ação anabolizante-protéica (aumento da massa corpórea) da cobamamida Julia Paris Malaco – UCT16 ao efeito estimulante do apetite da ciproeptadina. A cobamamida (coenzima B12) apresenta uma ação farmacológica direta sobre o metabolismo que estimula a síntese protéica, desenvolve potente atividade terapêutica com conseqüente aumento do apetite, da curva ponderal e do crescimento. Restabelece o equilíbrio azotado, quando perturbado. Não sendo anabolizante hormonal, é isento de ação virilizante. Este fármaco contém cloridrato de ciproeptadina, cuja ação é à semelhança dos princípios anteriormente descritos um bloqueador de histamina e serotonina. pq a inibição de serotonina ajuda? porque a serotonina faz hiperpolarização do núcleo arqueado liberando POMC, logo esse sinal é enviado para o núcleo paraventricular que é interpretado como plenitude. Porém, com a inibição da serotonina isso não ocorre e o NPY é liberado estimulando o apetite. Aconselhamento familiar Aconselhamento genético propriamente dito ou consultoria genética: os aconselhados (geralmente um casal) apresentam um risco real, já estabelecido por vínculo reprodutivo estável, de gerar filhos com doença falciforme relevante (homozigoto ou heterozigotos duplos) A situação mais freqüente, no entanto, é aquela em que o casal é encaminhado (por algum programa de triagem, por um profissional de saúde, por algum familiar, etc.) para receber o aconselhamento genético. Orientação genética: o aconselhando está envolvido pessoalmente com a alteração genética, mas não necessita tomar uma decisão reprodutiva naquele momento. Trata-se da situação mais comum nos programas voluntários de detecção de heterozigotos adultos, bem como entre familiares de pacientes; Informação genética: trata-se de processo de divulgação da doença falciforme para um público não necessariamente envolvido com esta doença (pelo menos em um primeiro momento). Tal processo educativo, realizado por meio de folders, cartazes, palestras, aulas, atuação na mídia, etc., é fundamental para que a forma ideal de aconselhamento genético, ou seja, o solicitado espontaneamente pelos indivíduos, possa ocorrer na população Objetivos do aconselhamento: Permitir a indivíduos ou famílias a tomada de decisões consistentes e psicologicamente equilibradas a respeito da procriação. Secundariamente, o aconselhamento genético também pode exercer uma função preventiva, que depende de opções livres e conscientes dos casais que apresentam a possibilidade de gerar filhos com doença falciforme. Os indivíduos são conscientizados da situação, sem serem privados do seu direito de decisão reprodutiva O oferecimento do aconselhamento genético é um componente importante e parte integrante da conduta médica, sendo a sua omissão considerada uma falta grave. São direitos do aconselhando: Aceitar ou recusar livremente o recebimento do aconselhamento genético oferecido pelo profissional Receber todas as informações necessárias para que possam tomar as decisões conscientes a respeito da procriação. Além do risco genético em si, outras informações são necessárias, tais como o tratamento disponível e a sua eficiência, o grau de sofrimento físico, mental e social imposto pela doença, o prognóstico, a importância do diagnóstico precoce e as perspectivas terapêuticas futuras; Receber informações adequadas ao seu nível de instrução. Cabe a quem fornece o aconselhamento genético o desenvolvimento de técnicas de comunicação que possibilitem o fornecimento de informações completas e abrangentes Receber tratamento médico e seguimento especializado para os filhos eventualmente afetados pela doença falciforme; • Realizar opcionalmente a investigação laboratorial de hemoglobinopatias em seus familiares. Quando fornecer o aconselhamento genético: O aconselhamento genético deve ser fornecido, de preferência, sempre que solicitado pelos interessados. Como parte da responsabilidade médica, ele também pode ser oferecido em caráter opcional, sempre que houver a possibilidade de o indivíduo tomar uma decisão consciente a respeito da procriação, a partir das informações fornecidas Julia Paris Malaco – UCT16 Falso abdome agudo O abdome agudo é um quadro clínico caracterizado por dor e sensibilidade abdominais, de início súbito ou de evolução progressiva, que geralmente necessita de conduta cirúrgica de emergência para resolução do quadro. Para essas condições agudas, é importante fazer um diagnóstico rápido, a fim de reduzir a morbidade e a mortalidade. Abdome Agudo Inflamatório: A dor é de início insidioso, com agravamento e localização com o tempo. O paciente apresenta geralmente sinais sistêmicos, tais como febre e taquicardia. Abdome Agudo Perfurativo: A dor é súbita e intensa, com defesa abdominal e irritação peritoneal. Abdome Agudo Obstrutivo: A dor em cólica, geralmente periumbilical. Associadamente surgem náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada da eliminação de flatos e fezes. Abdome Agudo Vascular: A dor difusa e mal definida, há desproporção entre a dor e o exame físico e as causas mais comuns são embolia e trombose mesentérica, com isquemia intestinal. Abdome Agudo Hemorrágico: A dor intensa, com rigidez e dor à descompressão; há sinais de hipovolemia, tais como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. O falso abdome agudo não é um quadro incomum. Basicamentesão doenças que geram uma dor indireta no abdome mas que não são consideradas abdome agudo Tabes dorsalis, saturnismo, herpes zoster, infarto agudo do miocárdio são alguns exemplos de condições que podem cursar com sintomas que se confundem com apendicite, úlcera perfurada ou até colecistite. Muitas laparotomias brancas já foram realizadas repetidamente sem que se encontrasse nenhuma evidência de patologia cirúrgica, e, com achados laboratoriais a posteriori de cetoacidose diabética. Desta forma, para evitar a realização de procedimentos invasivos desnecessariamente, deve-se atentar para essa possibilidade diagnóstica. Algumas das principais causas de falso abdome agudo são: cetoacidose diabética, tétano, IAM, angina, endocardite, anemia, esplenomegalia, doenças infecciosas, doenas hematológicas Crise abdominal na anemia falciforme: é causada por isquemia/microinfartos no território mesentérico, geralmente evoluindo com resolução espontânea e sem maiores complicações. O quadro clínico é de dor abdominal intensa acompanhada de sinais de irritação do peritônio, o que pode simular abdome agudo cirúrgico e levar o médico a indicar uma laparotomia exploradora. Um dado importantíssimo que ajuda a afastar a existência de abdome agudo “cirúrgico” no contexto da crise abdominal falcêmica é a presença de peristalse ao exame clínico. Se a peristalse estiver normal a indicação de laparotomia deverá ser baseada em outros dados que não a “síndrome de peritonite” observada no exame físico. Exames de imagem A anemia falciforme é uma anemia hemolítica hereditária, caracterizada pela presença de células vermelhas com formato anormal (forma de foice), que são removidas da circulação e destruídas. A alteração de base nas células vermelhas é a presença de uma hemoglobina anormal (HbS), que quando desoxigenada, se torna relativamente insolúvel, formando agregados que distorcem sua forma e impedem seu fluxo no interior dos vasos sangüíneos. A denominação anemia falciforme é reservada para a forma que ocorre nos indivíduos homozigotos para a hemoglobina S (SS), havendo ainda as formas heterozigotas, na qual o gene da HbS combina-se com a hemoglobina normal (HbA) ou com outras formas anormais da hemoglobina (HbC, HbD, betatalassemia, entre outras). O diagnóstico da Anemia falciforme é feito por meio de técnicas eletroforéticas, hemograma e dosagens de hemoglobina fetal. O papel dos Julia Paris Malaco – UCT16 métodos de imagem na avaliação desses pacientes está relacionado, principalmente, ao diagnóstico e ao acompanhamento das complicações que podem surgir durante a vida, sobretudo aquelas de natureza vaso-oclusiva. Os métodos de diagnóstico por imagem são parte importante no manuseio de pacientes com anemia falciforme, sobretudo na avaliação das freqüentes complicações musculoesqueléticas. Neste contexto, a radiografia simples pode mostrar aspectos característicos da doença. A ressonância magnética é de grande valia na detecção precoce das alterações osteoarticulares, além de contribuir para monitoramento e acompanhamento das infecções, podendo também detectar alterações em partes moles, como infartos musculares. Hiperplasia medular reativa: Em indivíduos sadios, a medula óssea vermelha se converte em medula gordurosa durante a infância, iniciando-se nas regiões distais do esqueleto apendicular e caminhando para as regiões proximais. Esse processo se inicia ao nascimento e por volta da segunda década de vida, a medula vermelha residual pode persistir na pelve, no esterno, nos arcos costais e nos corpos vertebrais. Nos pacientes com anemia falciforme, o espaço medular tende a preservar a medula vermelha, podendo sofrer expansão devida ao aumento da demanda hematopoiética causado pela anemia. O predomínio da medula óssea vermelha pode ser avaliado através de Ressonância Magnética que mostra um hipossinal difuso da medular óssea, onde se esperaria um hipersinal devido à presença de gordura Infartos ósseos: As crises vaso-oclusivas afetam virtualmente todos os pacientes com anemia falciforme, com início na infância e recorrências durante toda a vida. Embora possam ocorrer em qualquer órgão, os infartos são particularmente comuns na medular óssea e nas epífises. O infarto ósseo pode manifestar-se clinicamente com dor, edema e eritema locais ou pode ser silencioso, sendo o achado de imagem acidental. Nos casos sintomáticos, febre e leucocitose também podem estar presentes, dificultando o diagnóstico diferencial com processos infecciosos. O envolvimento isquêmico de músculos e fáscias é um achado menos comum nesses pacientes, mas pode ser encontrado. A ressonância magnética é um método de imagem bastante sensível para detectar o infarto ósseo, podendo identificar anormalidades dentro de poucos dias após o evento isquêmico. A mionecrose pode causar alteração do tamanho e da forma da musculatura afetada, que se apresentará com aumento do sinal nas imagens de ressonância magnética. Essa alteração é caracterizada por dor no segmento afetado, além de poder estar associada a alterações laboratoriais relacionadas à mionecrose, como aumento de CPK. Com o passar do tempo, essas áreas passam a ter baixo sinal em todas as seqüências em razão da fibrose e da esclerose. Osteomielite: A susceptibilidade aumentada a infecções dos pacientes com anemia falciforme, incluindo a osteomielite, está relacionada a vários mecanismos (hipoesplenismo, alteração do sistema complemento e áreas de necrose óssea). A osteomielite é mais comum na região diafisária dos ossos longos, em particular do fêmur, da tíbia e do úmero. O microrganismo mais encontrado é Salmonella, seguido por S. aureus e bacilos entéricos Gram-negativos. Embora menos comum que os infartos ósseos, o diagnóstico diferencial entre essas duas condições é freqüentemente difícil, pois nas duas condições o paciente pode apresentar dor, edema, eritema, febre e alterações sangüíneas. Achados radiográficos de osteopenia e periostite não são específicos e podem ser encontrados tanto em osteomielite quanto em infartos ósseos. A
Compartilhar