Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATLAS SIMPLIFICADO DE OSTEOLOGIA Choloepus didactylus PRIMEIRA EDIÇÃO GILSON GONÇALVES PINHEIRO ALEXANDRE NAVARRO ALVES DE SOUZA EDUARDO LIMA DE SOUSA 0 ATLAS SIMPLIFICADO DE OSTEOLOGIA DE Choloepus didactylus PRIMEIRA EDIÇÃO Autor: Gilson Gonçalves Pinheiro, Acadêmico de medicina veterinária, procura voltar seus conhecimentos à área de animais selvagens. Possui experiência com pesquisa em ornitologia (IFAM-CMZL). Também faz parte de projetos como OIAA ONÇA (UFAM), que visa a conservação da onça pintada, e Vem Passarinhar Manaus (UEA), que trabalha a educação ambiental com ornitofauna urbana. Possui experiência com criação de animais em cativeiro, experiência essa adquirida no Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Possui experiência com clínica e manejo de criação de quelônios no Centro de Estudos dos Quelônios da Amazônia (CEQUA). Orientador e co-autor: Alexandre Navarro Alves de Souza, Pós-Doutor em Cirurgia de pequenos animais pela FMVZ-USP, São Paulo, SP. Professor em Anatomia e Cirurgia de Pequenos animais do curso de Medicina Veterinária do IFAM-CMZL, Manaus, AM. Orientador e co-autor: Eduardo Lima de Sousa, graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Nilton Lins, Mestre em Ciências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Professor das 1 disciplinas de Clínica médica de animais selvagens/ Manejos de animais selvagens/ Imunologia Veterinária. Co-autores: Vinicius de Almeida Mesquita, acadêmico de Medicina Veterinária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Membro do Grupo de Estudos de Animais Selvagens do Amazonas (GEAS-AM) e dos projetos Amigos da Onça e OIAAONÇA, que trabalham na conservação das onças no Brasil, sendo também membro fundador do grupo de pesquisa e atendimento de fauna silvestre (IFauna.am). experiência em bem-estar, nutrição animal e educação ambiental no zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Dyogines Araujo Marques, acadêmico de Medicina Veterinária, tendo seu foco atual nos estudos de animais selvagens, membro fundador do grupo de pesquisa ifauna.am e membro fundador do projeto eu amo os animais. Wylker de Almeida Silva, natural de Benjamin Constant, acadêmico de Medicina Veterinária engajado na área da pesquisa com animais silvestres. Atua em conjunto ao Laboratório de Manejo de Fauna da UFAM, produzindo ciência com foco em conservação de crocodilianos. É membro do GEAS-AM desde 2017 e membro do grupo de pesquisas IFAUNA-AM. Fotografias: Gilson Gonçalves Pinheiro. Edições: Gilson Gonçalves Pinheiro; Vinicius de Almeida Mesquita; Dyogines Araujo Marques; Wylker de Almeida Silva 2 3 AGRADECIMENTOS Nesta primeira edição, eu, Gilson Gonçalves Pinheiro, dedico meus agradecimentos aos docentes e discentes do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - campus Manaus Zona Leste, sem eles não seria possível a realização deste atlas. Os docentes Alexandre Navarro Alves de Souza e Eduardo Lima de Sousa que me ajudaram na dissecação e na utilização da técnica de maceração química para preparação das peças desse atlas, além de me orientarem e revisarem o atlas. Aos discentes Vinicius de Almeida Mesquita, Wylker de Almeida Silva e Dyogines Araujo Marques que estiveram sempre presentes me ajudando com a criação deste material. Ênfase para o docente Alexandre Navarro Alves de Souza por ter contribuído grandemente para a realização das descrições presentes. Além da colaboração de João Victor Gonçalves Pinheiro, que me auxiliou nas técnicas de fotografias empregadas neste trabalho. Agradeço a FAPEAM por incentivar a realização deste projeto, e ao CETAS IBAMA Manaus por disponibilizar as peças para que este fosse executado. 4 DEDICATÓRIA Este livro é dedicado a todos os profissionais que trabalham com animais silvestres das mais diferentes formas, desde os aspectos em vida livre até o estudo dos seus sistemas fisiológicos. 5 PREFÁCIO Esta obra fornece um material didático para o ensino dos acadêmicos de medicina veterinária e biologia. No entanto, esperamos que agrade um público maior, como pesquisadores, anatomistas comparativos, estudantes da área médica e qualquer pessoa que busque conhecer mais sobre a osteologia de xenartros. Tendo em vista o diversificado mundo que é anatomia e levando em consideração o déficit de materiais referentes a anatomia de animais selvagens, o presente trabalho busca fornecer novos conhecimentos a respeito da espécie trabalhada. As legendas das fotografias fornecem conhecimento adicional necessário para suas interpretações. As peças osteológicas foram preparadas através da técnica de maceração mecânica e maceração química, utilizando peróxido de hidrogênio. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 Esqueleto axial 11 1.1 OSSOS CRANIANOS 12 Esqueleto da cabeça 12 Ossos da face: 12 A porção caudal é formada pelos ossos: 12 Ossos nasais 13 Osso incisivo 13 Osso lacrimal 13 Osso zigomático 13 Osso jugal 13 Osso maxilar 13 Osso palatino 14 Osso mandíbula 14 Região neural 16 Osso Frontal 16 Osso parietal 16 Osso etmoide 17 Osso Temporal 17 Osso Occipital 18 1.2 COLUNA VERTEBRAL 19 Vértebras cervicais 21 Vértebras torácicas 25 Vértebras lombares 28 Vértebras sacrais 30 1.3 ESQUELETO TORÁCICO 34 Osso Costela 34 Osso Clavícula 36 2- MEMBRO TORÁCICO 37 2.1 Osso Escápula 39 2.2 Esqueleto do braço 41 Osso úmero 41 2.3 ESQUELETO DO ANTEBRAÇO 47 Osso Rádio 48 Osso Ulna 49 Ossos da mão 52 Ossos do Carpo 52 7 Ossos digitais 52 MEMBRO PÉLVICO 54 3.1 CINTURA PÉLVICA 55 Osso pélvico 55 Osso Ísquio 55 Osso Ílio 55 Osso Púbis 56 3.2 ESQUELETO FEMORAL 57 Osso Fêmur 57 3. 3 ESQUELETO DA PERNA 63 Osso Tíbia 63 Osso Fíbula 66 3.4 ESQUELETO DO PÉ 66 Ossos do Tarso 66 Ossos do Metatarso 66 Referências: 68 8 Choloepus didactylus A Preguiça real (Choloepus didactylus) apresenta apenas dois dígitos completos em cada um dos seus membros torácicos, varia de cor bronzeada a marrom-clara, mas na natureza pode assumir uma leve coloração esverdeada devido às algas verdes que vivem em seu pelo. As superfícies volares nuas dos pés são inteiramente cobertas por almofadas macias rosa-acastanhadas ou marrons. Esta espécie possui hábitos noturnos e passa a maior parte do tempo pendurada abaixo de galhos em uma postura invertida, muitas vezes descansando em um galho inferior para se apoiar. Foto: Idamara Fernandes Santa Cruz, Manaus 9 INTRODUÇÃO Esperamos que o atlas fotográfico possa ajudar estudantes que por algum motivo não tiveram acesso a tal material durante sua formação, por outro lado, aos que tiverem acesso confirmar e aumentar os seus estudos pessoais de osteologia. Entretanto, durante a aplicação da técnica de maceração química e mecânica acabaram perdendo se estruturas importantes, como clavícula, ossos carpais e tarsais. O presente trabalho foi dividido em capítulos voltados às regiões do sistema ósseo, sendo que o primeiro aborda o esqueleto axial, que abrange esqueleto da cabeça, coluna vertebral e esqueleto torácico. O segundo capítulo refere-se ao membro torácico, ao qual encontra-se o braço, antebraço e ossos da mão. O último capítulo refere-se ao membro pélvico, com cíngulo do membro pélvico, esqueleto femoral, ossos da perna e ossos do pé. 10 Esqueleto axial OSSOS CRANIANOS - COLUNA VERTEBRAL - ESQUELETO TORÁCICO 11 1.1 OSSOS CRANIANOS Esqueleto da cabeça O crânio forma uma construção rígida composta de diversos ossos, a maioria deles pareados. Ele envolve e protege o encéfalo e os órgãos sensoriais de visão, olfato, audição, equilíbrio e paladar, além de acomodar parte dos tratos respiratório e alimentar superiores. Esses ossos são divididos em duas porções, anterior ou facial e caudal. Ossos da face: Osso nasal - Osso incisivo - Osso maxilar - Osso zigomático - - Osso jugal (processos) - Osso palatino - Osso pterigóide - Osso mandibular - Osso hióide. A porção caudal é formada pelos ossos: Osso parietal - Osso frontal - Osso temporal - Osso occipital - Osso interparietal- Osso etmóide - Osso esfenóide. Figura 1 -1: Ossos cranianos (aspecto rostral). 12 Ossos nasais Estão localizados em ambos os lados da linha média, rostralmente ao osso frontal, delimitando dorsalmente as vias aéreas com uma abertura em sua extremidade rostral. Osso incisivo Osso reduzido que não faz contato com o osso nasal e não apresenta alvéolos dentários devido à ausência de dentes incisivos, característica comum da ordem pilosa. Osso lacrimal Localiza-se medial ao globo ocular e articula-se com o osso zigomático, frontal e maxilar. Osso zigomático O arco zigomático é incompleto, projeta-se lateralmente ao crânio, formando parte da margem orbital, que não é bem definida nesta espécie. Osso jugal Apresenta dois processos jugais, sendo o processo jugal ascendente e o processo jugal descendente, ambos compondo o arco zigomático. O processo jugal ascendente é mais longo, faz parte da órbita óssea, estende-se caudalmente em direção dorsal a parte escamosa do osso temporal. Já o processo jugal é largo, plano e terminando pontiagudo em direção caudoventral. Osso maxilar Está localizado na parte lateral da face e articula com todos os ossos faciais, exceto a mandíbula; Seu par maxilar constitui a maior parte do palato duro e possui cinco alvéolos que contêm os dentes superiores, sendo quatro molares e um 13 canino de cada lado. Figura 1 - 2: Ossos cranianos (aspecto lateral). Osso palatino Os dois ossos estão situados caudal a maxila e rostral ao esfenóide e pterigóide, formando parte caudal do palato duro. Osso mandíbula É composto por um corpo e dois ramos; o corpo é a parte horizontal, espessa; composta pela margem alveolar, onde se articulam os dentes inferiores, três molares e um anterior de cada lado; a face lateral possui o forame mentual localizado caudalmente próximo a borda alveolar; a borda ventral é quase reta, espessa e ligeiramente arredondada. Os ramos verticais são largos e constituem a parte vertical da mandíbula, sendo a face lateral convexa e serve para inserção do músculo masseter. Já a face medial é lisa com uma depressão longitudinal ventrocaudal, onde em mesma vista medial observa-se o forame mandibular centralizado. O ramo vertical ainda possui três processos, rostralmente e o mais dorsal, processo coronóide, caudalmente o processo condilar indo em direção também ventral separados pela incisura mandibular, e por fim, o processo angular localizado ventrocaudal bem no ângulo da mandíbula. 14 Figura 1 - 3: Osso mandibular (aspecto lateral). Figura 1 - 4: Osso mandibular (aspecto dorsal). 15 Região neural Osso Frontal Localizam-se nos limites do neurocrânio com o viscerocrânio formando a fronte. Cada osso irregularmente quadrangular, tem uma ligeira depressão na parte caudal, articulam-se com os ossos parietais caudalmente e rostralmente com os ossos nasais. Osso parietal Compõe a maior parte da parede dorsal do neurocrânio, caudal ao osso frontal. Possui um plano temporal que compõe a parede lateral do neurocrânio rostralmente ao osso occipital. Figura 1 - 5: Ossos cranianos (aspecto dorsal). 16 Osso etmoide Localiza-se na base da parede orbital e contribui para a formação da parede e face rostral delimitando o aspecto rostral do neurocrânio ventral ao osso frontal. O osso etmóide possui um conjunto de lâminas que formam um labirinto etmoidal denominado de etmoturbinados que compõem a sustentação óssea de conchas nasais, cuja uma de suas funções é aquecer e filtrar o ar durante a inspiração. Osso Temporal O par de ossos temporais constitui a maior parte da parede lateral do neurocrânio, localizado ventral ao parietal, articula-se com o mesmo além do occipital, frontal e esfenóide. A parte escamosa se une ao osso frontal, parietal e esfenóide. Já na parte timpânica observa-se o meato acústico externo, com uma abertura circular em continuidade à cavidade e à bula timpânica que recobre a região auricular. Rostralmente a parte escamosa do osso temporal, surge um processo zigomático do osso frontal que prolonga-se no sentido latero-rostral até o processo temporal do osso zigomático, formando o arco zigomático. 17 Figura 1 - 6: Ossos cranianos (aspecto ventral). Osso Occipital É um osso ímpar, dividido em corpo basal (osso basioccipital), uma parte escamosa e partes laterais. Circunda o forame magno ao qual liga-se a primeira vértebra cervical. Corpo basal encontra-se rostral ao forame magno onde em suas laterais encontram-se os forames jugulares adjacentes a bula timpânica. Dorsal as partes laterais encontra-se a parte escamosa que completa, dorsalmente, o forame magno. A crista nucal situa-se dorsalmente, delimitando a parte escamosa do osso occipital com o osso parietal. Possui seus côndilos na parte lateral, que juntamente com o atlas formam 18 a articulação atlanto-occipital cujo espaço dorsal serve para a coleta de líquido cefalorraquidiano. Lateralmente aos côndilos encontra-se o processo paracondilar que é pouco desenvolvido nesta espécie. No aspecto ventral do crânio é possível visualizar o osso esfenóide e alguns processos importantes como o pterigóide, rostral ao basisfenóide formando o assoalho que delimita o neurocrânio e o viscerocrânio. Figura 1 - 7: Ossos cranianos (aspecto caudal). 1.2 COLUNA VERTEBRAL É composta por ossos irregulares, que protegem a medula espinhal, onde a coluna vertebral é dividida em cinco regiões: região cervical (7 vértebras cervicais), região das vértebras torácicas (17 vértebras torácicas), região lombar (4 vértebras 19 lombares), região sacral (6 vértebras sacrais), região coccígea ou caudal (3 vértebras caudais). As vértebras são compostas por corpo, arco dorsal e processos. Figura 1 - 8: Coluna vertebral (aspecto lateral). O corpo localiza-se ventralmente, tem uma superfície cranial convexa ou cabeça e uma caudal côncava formando dorsal ao corpo o assoalho do canal vertebral, também conhecido como canal medular. Dorsal ao canal vertebral temos o arco ósseo, delimitando o forame vertebral, fixado aos corpos por meio de seus pedículos que compõem a porção lateral do canal vertebral. Na borda cranial e caudal do arco vertebral estão os processos articulares craniais e caudais, respectivamente. Os processos espinhosos localizados dorsalmente e os processos transversos projetados lateralmente. Estes processos variam em seu tamanho de acordo com a região vertebral que ocupam. 20 Figura 1 - 9: Coluna vertebral, região cervical (aspecto dorsal). Vértebras cervicais Indivíduos de Choloepus didactylus têm um pescoço longo apesar de só 7 vértebras cervicais, que permitem girar a cabeça cerca de 270º. A primeira vértebra cervical é o atlas, que não possui corpo ou processo espinhoso, mas possui duas projeções laterais em forma de asa, unidas pelo arco dorsal e ventral. Na linha média, o arco dorsal possui um 21 tubérculo dorsal e um tubérculo ventral no arco ventral. O atlas se articula cranialmente com os côndilos occipitais e caudalmente com o dente do axis. O Axis é a mais longa das vértebras, possuindo o dente do axis na extremidade rostral do corpo vertebral. É esta articulação atlanto-axial, trocóide, que permite a maior parte do movimento de rotação da cabeça. As demais vértebras cervicais (C-3 a C-7) são bastante semelhantes entre si, contendo processos espinhosos e transversos pouco pronunciados e processos articulares robustos. Figura 1 - 10: Vértebras cervicais (aspecto lateral). 22 Figura 1 - 11: Primeira vértebra cervical, Atlas (aspecto caudal). 23 Figura 1 - 12: Segunda vértebra cervical, Axis (aspecto lateral). 24 Figura 1 - 13: Sétima vértebra cervical (aspecto cranial). Vértebras torácicas Essas vértebras apresentam processos espinhosos mais longos, que diminuem de altura conforme se aproximam em sentido caudal à região lombar. Os corpos são vertebrais curtos, e possuem fóveas costais que se articulam com as cabeças das costelas (articulação costovertebral); Nos processos transversos, localizam-se as fóveas articulares dos processos transversos que se articulamcom o tubérculo da mesma costela (articulação costotransversária). 25 Figura 1 - 14: Primeira vértebra torácica (aspecto cranial). Figura 1 - 15: Segunda vértebra torácica (aspecto caudal). 26 Figura 1 - 16: Nona vértebra torácica (aspecto lateral). 27 Figura 1 - 17: 12º vértebra torácica (aspecto lateral). Vértebras lombares Essas vértebras lombares têm corpos maiores em comprimento, processos transversos mais longos e planos projetando-se lateralmente; os processos espinhosos são mais curtos, dando continuidade ao tamanho reduzido das últimas vértebras torácicas. Os processos articulares craniais são maiores em comparação com os das vértebras torácicas. 28 Figura 1 - 18: Primeira vértebra lombar (aspecto lateral). No caso das preguiças, são caracterizadas pela presença do processo xenartro em todo segmento das vértebras lombares, possuindo os processos espinhosos bem alongados cranialmente. Nota-se que o processo transverso direito é mais alongado que o esquerdo na primeira vértebra lombar. 29 Vértebras sacrais A estrutura óssea formada pela fusão do sacro ao membro pélvico é chamada de sinsacro, composto pelas vértebras coccígeas (sacrais), dispostas entre seis fusionadas ao sinsacro e três vértebras posteriores à estrutura (caudais), com processos espinhosos achatados e processos transversos compridos voltados caudalmente. Figura 1 - 19: Primeira vértebra caudal (aspecto lateral). 30 Figura 1 - 20: Segunda vértebra caudal (aspecto cranial). Figura 1 - 21: Segunda vértebra caudal (aspecto caudal). 31 Figura 1 - 22: Três primeiras vértebras caudais (aspecto dorsocranial). 32 Figura 1 - 23: Três primeiras vértebras caudais (aspecto dorsocaudal). 33 Figura 1 - 24: Três primeiras vértebras caudais (aspecto lateral). 1.3 ESQUELETO TORÁCICO Composto por: vértebras torácicas - costelas - esterno - clavícula. Osso Costela No indivíduo utilizado, observou-se cerca de 20 pares de costelas, sendo ossos curvos, achatados e alongados, responsáveis por formar a parede torácica lateral, Em seu aspecto ventral, sua parte cartilaginosa da cartilagem costal une-se a costela através da articulação costocondral e esta cartilagem ao esterno na articulação esternocostal. Seu número corresponde ao número de vértebras torácicas. Possui duas extremidades: vertebral e esternal, exceto as costelas esternais, cuja extremidade distal faz parte do hipocôndrio. A extremidade voltada às vértebras é formada pela cabeça, pescoço e tubérculo. A cabeça é ligeiramente arredondada e um pouco alongada, o pescoço de superfície 34 rugosa une a cabeça ao corpo e o tubérculo se projeta caudalmente. Articula-se com o processo transverso da vértebra dorsal por meio de uma superfície articular. Figura 1 - 25: Osso costela, porção inicial do tórax (aspecto caudal). 35 Figura 1 - 26: Osso costela, porção média (aspecto caudal). Osso Clavícula É um osso localizado entre a escápula e o esterno, possui um formato longo, ligeiramente curvado. Em relação à sua articulação, ela é realizada com a escápula, partindo de uma fenda que apresenta o acrômio compondo a articulação acromioclavicular. 36 2- MEMBRO TORÁCICO ESCÁPULA - ÚMERO -RÁDIO - ULNA - OSSOS DA MÃO 37 Composto por: escápula - clavícula - úmero - rádio - ulna - ossos carpais - ossos metacarpais - falanges. Em todos os animais, as costelas funcionam para proteger os órgãos internos. Esses animais, por seus hábitos, devem suportar o peso do estômago e do intestino da preguiça enquanto o animal está pendurado em árvores. O arranjo peculiar dos seus ossos ajuda as preguiças a carregar seu próprio peso corporal, que está sempre sendo puxado para o chão em favor da gravidade. Outra adaptação importante é a presença de garras em forma de gancho que possuem incrível força de flexão. Figura 2 - 1: Ossos do membro torácico direito (aspecto lateral). 38 2.1 Osso Escápula É um osso plano, em forma triangular com borda em leque, localizado lateralmente à parede torácica. A escápula possui três bordas (caudal, cranial e dorsal) e duas faces (lateral e medial). A borda dorsal possui uma delgada cartilagem escapular e na borda caudal possui uma rugosidade de inserção do músculo redondo maior. Figura 2 - 2: Osso escápula, direita (aspecto lateral). 39 O aspecto lateral apresenta a espinha da escápula, que distalmente projeta-se o processo acrômio. O processo acromial se estende ventralmente a borda da cavidade glenóide. A espinha da escápula divide esta face em duas fossas, a supraespinhal e a infraespinhal, onde o forame escapular se localiza no sentido ventral entre a borda da margem caudal e o processo coracóide. No lado medial, vê-se a fossa subescapular rasa, que se adapta a musculatura da parede torácica. O ângulo ventral apresenta-se uma depressão elíptica, denominada cavidade glenóide e o processo coracóide é caudal a este ângulo. Figura 2 - 3: Osso escápula, direita (aspecto medial). 40 2.2 Esqueleto do braço Osso úmero O osso úmero é responsável pelo segmento rígido do braço. Possui um formato longo com uma proeminente epífise distal. Em sua extremidade proximal, na parte caudal, encontra-se a cabeça do úmero que articula com a cavidade glenóide da escápula na articulação escápulo-umeral. O úmero é mais longo em proporção ao fêmur. 41 Figura 2 - 4: Osso úmero, esquerdo (aspecto cranial). A epífise proximal é formada por um sulco intertubercular, dois tubérculos, um pescoço e uma cabeça. A cabeça é lisa e arredondada, ventralmente a ela está a porção mais estreita delimitando a extremidade proximal da diáfise. O tubérculo maior é uma proeminência localizada no crânio lateral à cabeça e medialmente está localizado o tubérculo menor, sendo estas essas duas projeções ósseas separadas pelo sulco intertubercular. onde estão inseridos os músculos supraespinhal e infraespinhal, medialmente o tubérculo menor está localizado, que fornece inserção para os músculos subescapular e redondo menor, essas duas proeminências são separadas pelo sulco intertubercular. Em terço médio, existem duas rugosidades, a tuberosidade deltóide em face lateral e a tuberosidade do músculo redondo menor em face medial. Cranialmente na epífise distal, há a fossa radial e caudalmente a fossa do olécrano, que recebe o processo anconeal da ulna. Na superfície articular do côndilo umeral encontramos a tróclea do úmero. Lateral ao côndilo temos o epicôndilo lateral e medial ao côndilo o epicôndilo medial. 42 Figura 2 - 5: Osso úmero proximal, esquerdo (aspecto cranial). 43 Figura 2 - 6: Osso úmero proximal, esquerdo (aspecto caudal). 44 Figura 2 - 7: Osso úmero proximal, esquerdo (aspecto lateral). 45 Figura 2 - 8: Osso úmero distal, esquerdo (aspecto cranial). 46 Figura 2 - 9: Osso úmero distal, esquerdo (aspecto caudal). 2.3 ESQUELETO DO ANTEBRAÇO O antebraço é formado por dois ossos, o rádio e a ulna. A ulna localiza-se caudal ao rádio em quase toda sua extensão, sendo que em sua parte distal ela toma um lateral. 47 Figura 2 - 10: Ossos da articulação úmero - rádio - ulnar (aspecto lateral). Osso Rádio O rádio possui em sua extremidade proximal, a cabeça do rádio, com sua fóvea articular da cabeça do rádio que em conjunto com a incisura troclear da ulna irão articular com a tróclea do úmero formando a articulação do cotovelo. Possui uma superfície articular na extremidade distal do úmero e uma pequena tuberosidade radial circular na borda lateral. 48 Figura 2 - 11: Ossos da articulação úmero - rádio - ulnar (aspecto medial). Osso Ulna A ulna nesse indivíduo ocupa a posição caldo-lateral em relação ao rádio. Composto por duas epífises (proximal e distal) e uma diáfise, juntamente com o rádio formam o rígido do antebraço. A epífise proximal (região do olécrano), é a maior parte do osso que se projeta na parte caudal da extremidade distal do úmero pelo processo ancôneo na borda 49 cranial desta epífise. A diáfise é praticamente toda reta com ligeira curvatura no terço proximal. Existe um espaço interósseo entre adiáfise da ulna e a diáfise do rádio. A epífise distal é estreita, terminando em uma extremidade pontiaguda que contém a projeção do processo estilóide lateral. 50 Figura 2 - 12: Osso rádio e ulna (aspecto medial). 51 Ossos da mão O esqueleto da mão é composto de três segmentos: os ossos carpais, ossos metacarpais e as falanges. Ossos do Carpo São ossos irregulares, em duas fileiras, a fileira proximal e a fileira distal; a fileira proximal se articula com o rádio e a ulna, na articulação antebraquiocarpal. É composto pelos ossos escafóide, lunar, cuneiforme ou piramidal e pisiforme, formando uma superfície lisa e convexa com o escafóide, o que gera uma estrutura medial arredondada. A fileira distal inclui o osso uncinado ou hamato e junto ao trapézio. Ossos digitais O primeiro metacarpo é fundido com o trapézio. O primeiro e o quarto metacarpo são rudimentares; por outro lado os metacarpos II e III são articulados com as falanges proximais correspondentes, que se fixam nas falanges ou garras distais, que são muito longas e curvas com uma concavidade ventral, que permite ter maior aderência nos galhos das árvores. 52 Figura 2 - 13: Ossos digitais (aspecto dorsal). 53 MEMBRO PÉLVICO CINTURA PÉLVICA - ESQUELETO FEMORAL - ESQUELETO DA PERNA - ESQUELETO DO PÉ 54 3.1 CINTURA PÉLVICA O membro pélvico pode ser dividido em quatro segmentos: cintura pélvica (pelve e sacro), coxa (fêmur e patela), perna (tíbia e fíbula) e pé (tarso, metatarso, falanges). Osso pélvico É formado por dois ossos coxais fusionados dorsalmente na linha média com o sacro e a primeira vértebra caudal; Cada coxal é composto por três ossos, sendo eles o ísquio, ílio e púbis, tem formato de ossos planos e irregulares, se fundem na formação do acetábulo que contém uma depressão profunda e arredondada cuja superfície é a face semilunar e ao seu centro localiza-se a fossa acetabular; A face semilunar se articula com a cabeça do fêmur, formando a articulação coxofemoral. Osso Ísquio Está localizado caudalmente, e articula com a última vértebra sacral. A borda cranial, a espinha isquiática e o sacro formam a margem do forame sacrocítico. Em contrapartida, a borda caudolateral é convexa e continua ventralmente com o púbis. No aspecto caudal do ísquio encontra-se a projeção denominada de tuberosidade isquiática. Osso Ílio É o maior osso, localizado dorsalmente, alcançando o aspecto mais cranial do coxal e pode ser melhor visualizado no seu aspecto lateral. Possui grandes projeções planas denominadas asas do ílio, sendo uma a cada uma dos ossos pares do ílio. Em direção a borda cranial da asa do ílio encontra-se a crista do ílio, onde projeta-se a tuberosidade coxal do ângulo ventro-lateral da asa. 55 Osso Púbis É o menor dos três que formam o coxal e corresponde a parte ventral da pelve. Não apresenta articulação cartilaginosa em sínfise na linha média (sínfise pélvica) como nos animais domésticos, contudo apresenta uma separação entre as duas tuberosidades púbicas homólogas; O forame obturador está localizado entre o púbis e o ísquio tendo formato elíptico. Figura 3 - 1: Osso pélvico (aspecto dorsal). 56 Figura 3 - 2: Osso pélvico (aspecto ventral). 3.2 ESQUELETO FEMORAL Os membros pélvicos são compostos pelos ossos: fêmur, tíbia, fíbula, tarso, metatarso e falanges. Osso Fêmur Osso longo, que corresponde ao segmento rígido esquelético da região da coxa. Em grande parte das espécies é a mais longa do corpo, mas no caso de Choloepus didactylus evidenciou-se comprimento menor que o úmero. O fêmur se articula proximalmente com a pelve na articulação 57 coxofemoral a distalmente na articulação fêmoro-tíbio-patelar; composto além de suas duas epífises (proximal e distal) e sua longa diáfise. Figura 3 - 3: Osso Fêmur direito (aspecto cranial). 58 A epífise proximal é larga, tem uma cabeça e um pescoço cujos ângulos de inclinação e anteversão diferem dos quadrúpedes domésticos apesar de observarmos uma cabeça levemente excêntrica ao eixo anatômico do osso se comparado às demais espécies. Em seu aspecto proximal e medial, apresenta o trocanter menor e no aspecto lateral observa-se o trocanter maior. Em sua epífise distal apresenta dois côndilos sendo um medial e um lateral, cuja superfície articular se encontra caudoventralmente para justapor de modo discordante aos côndilos tibiais interpostos por meniscos. Entre os condilos do femur está a fossa intercondilar bem visualizada no aspecto caudal e cranialmente a tróclea que permite a articulação em deslize com a patela. A diáfise é ligeiramente cilíndrica, nas suas extremidades é larga e achatada com mínimo arqueamento convexo em margem cranial sendo mais retilínea que na espécie canina, por exemplo. 59 Figura 3 - 4: Osso Fêmur direito (aspecto caudal). 60 Figura 3 - 5: Osso Fêmur direito (aspecto medial). 61 Figura 3 - 6: Osso Fêmur proximal, direito (aspecto cranial). 62 Figura 3 - 7: Osso Fêmur proximal, direito (aspecto caudal). 3. 3 ESQUELETO DA PERNA Osso Tíbia A tíbia também é um osso longo que compõe o segmento rígido da perna, apresentando-se lateralmente à tíbia, encontramos a fíbula com uma posição paralela. Além de 63 proximalmente já citado sua relação com a articulação do joelho, distalmente tem sua relação com o tarso na articulação tarsocrural. Possui duas epífises (proximal e distal) e uma diáfise. A epífise proximal tem uma superfície de formato triangular pela vista proximal, onde duas projeções se apresentam nas eminências intercondilares próximas às áreas intercondilares para inserção dos ligamentos cruzados. Ainda em aspecto proximal observa-se a tuberosidade da tíbia cranialmente para receber a inserção do ligamento patelar. No aspecto caudal entre os côndilos medial e lateral encontra-se a incisura poplítea. A epífise distal possui sua cóclea para articular com o tálus, apresentando em seu aspecto medial a projeção do maléolo medial e em seu aspecto lateral uma incisura para articular com a fíbula. 64 Figura 3 - 8: Ossos tíbia e fíbula, direita (aspecto cranial). 65 Osso Fíbula É o osso localizado lateralmente à tíbia separado pela sindesmose do espaço interósseo e além de se articular proximal e distalmente com a mesma. Esse osso é fino e ligeiramente curvo, tem duas epífises (proximal e distal) e uma diáfise. A epífise proximal é maior em relação à distal, possui uma superfície na borda proximal que permite a articulação com o côndilo lateral da tíbia. Já a epífise distal além de articular com a tíbia medialmente, lateralmente apresenta uma proeminência denominada de maléolo lateral. 3.4 ESQUELETO DO PÉ Ossos do Tarso Para esta espécie, um total de 5 ossos. A fileira proximal é composta pelo calcâneo e pelo tálus. O tálus articula com a tíbia por meio de sua tróclea, enquanto o calcâneo apresenta sua tuberosidade direcionada caudalmente, para funcionar como alavanca para os músculos que estendem a articulação tibiotársica recebendo assim o tendão calcanear comum. A fileira distal é composta por três ossos: cubóide, mesocuneiforme e navicular. Infelizmente devido aos processos de maceração parte desses ossos foram perdidos no presente atlas. Ossos do Metatarso Diferente dos membros anteriores, os ossos metatarsais I e V são representados por rudimentos e os metatarsais II, III e IV são unidos às falanges proximais que os correspondem, onde estão fixadas em suas falanges distais ou garras. 66 Figura 3 - 9: Ossos do pé (aspecto dorsal). 67 Referências: AJALA, L. Identificação dos bichos-preguiça brasileiros por meio das características morfológicas de seus pêlos-guarda. 2002, n. 1, p. 35–40, 2016. AURICCHIO, PAULO; GRAÇA, M. Técnicas de coleta e preparação de vertebrados para fins científicos e didáticos. Phyllomedusa: Journal of Herpetology, v. 1, n. 2, p. 115, 2002. DA SILVEIRA, M. J.; TEIXEIRA, G. M.; DE OLIVEIRA, E. F. Análise de processos alternativos na preparação de esqueletos para uso didático. Acta Scientiarum - Biological Sciences, v. 30, n. 4, p. 465–472, 2008. Buchholtz,Emily A; Stepien, Courtney C. Anatomical transformation in mammals: Developmental origin of aberrant cervical anatomy in tree sloths. 2009. FREITAS, K. B. ESTUDO DAS VARIAÇÕES ANÁTOMO-RADIOGRÁFICAS DO ESQUELETO DO BICHO-PREGUIÇA-DE-GARGANTA-MARROM (Bradypus variegatus, SCHINZ,1825). 2020. Hautier, Lionel; Weisbecker, Vera; Sánchez-Villagra, Marcelo R. Goswami; Anjali; Asher, Robert J. Skeletal development in sloths and the evolution of mammalian vertebral patterning. 2010. HAYSSEN, V. Bradypus tridactylus. Mammalian Species, v. 839, n. 829, p. 1–9, 2009. MESQUITA, V. A. ATLAS SIMPLIFICADO DE OSTEOLOGIA DE Alouatta seniculus. 2020. 68 MONTILHA-RODRIGUES, M. A; Blanco-Rodríguez, J.C; Nastar-Ceballos, R.N; Muñoz-Martínez, L.J. Anatomical Description of Bradypus variegatus in the Colombian Amazonia ( Preliminary Study ). 2016. PETER, J. ADAM. Choloepus didactylus. MAMMALIAN SPECIES. No. 621, pp. 1-8, 3 figs. 1999. 69 Esta obra fornece um material didático para o ensino dos acadêmicos de medicina veterinária e biologia. No entanto, esperamos que agrade um público maior, como pesquisadores, anatomistas comparativos, estudantes da área médica e qualquer pessoa que busque conhecer mais sobre a osteologia de xenartros. Tendo em vista o diversificado mundo que é anatomia e levando em consideração o déficit de materiais referentes a anatomia de animais selvagens, o presente trabalho busca fornecer novos conhecimentos a respeito da espécie trabalhada. As legendas das fotografias fornecem conhecimento adicional necessário para suas interpretações. As peças osteológicas foram preparadas através da técnica de maceração mecânica e maceração química, utilizando peróxido de hidrogênio. 70 71
Compartilhar