Buscar

LIVRO 03

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

120
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Unidade III
7 A depressão e suA repercussão no Adoecimento e no trAtAmento
Começaremos agora nosso estudo sobre a depressão e a sua repercussão no adoecimento e no 
tratamento. Este sempre foi um tema que despertou muita preocupação nos profissionais, pois a baixa 
disposição e o estado de ânimo da pessoa com depressão dificulta o desenvolvimento do trabalho dos 
profissionais que atuam junto a essa demanda.
Comumente ouvimos as pessoas falarem que estão deprimidas, e mais comum ainda é a expressão 
“estou deprê”. Tenho certeza de que você já ouviu isso, não é mesmo? Mas será que depressão é algo 
assim tão simples que em um dia se tem e em outro não se tem mais? Claro que não!
Depressão é um quadro psíquico sério que se não for adequadamente tratado pode levar a pessoa 
a desenvolver comportamentos que trarão transtornos enormes tanto para si mesma como para 
sua família. A pessoa com depressão, além de ter afetada sua relação com o mundo, apresenta certa 
mudança na postura corporal. Se não houver orientação e tratamento, a motivação para sair do episódio 
depressivo será muito difícil.
Iniciemos com a sua definição de acordo com a Classificação de Transtornos Mentais e de 
Comportamento da CID‑10 (OMS, 2007), que coloca a depressão como parte dos transtornos de humor 
(afetivos), Código F32 – Episódio depressivo, assim descrito:
• Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão (leve, moderado ou grave), o 
paciente apresenta rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe 
alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse e diminuição da capacidade 
de concentração, associadas em geral a fadiga acentuada, mesmo após um esforço mínimo. 
Observam‑se em geral problemas de sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma 
diminuição da autoestima e da autoconfiança e frequentemente ideias de culpabilidade e/ou 
indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo 
as circunstâncias e pode acompanhar‑se de sintomas ditos “somáticos” – por exemplo, perda de 
interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, 
agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora acentuada, agitação, perda de apetite, 
perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem três graus de um 
episódio depressivo: leve, moderado e grave.
— Inclui episódios isolados de uma:
‑ depressão psicogênica;
121
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
‑ depressão reativa;
‑ reação depressiva.
— Exclui, quando associados com transtornos de conduta em F91.‑(F92.0):
‑ transtornos de adaptação (F43.2);
‑ transtorno depressivo recorrente (F33.‑).
É importante esclarecer que a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID‑10 
é um manual publicado pela OMS, sendo referência para a classificação de todos os transtornos mentais, 
trazendo as descrições clínicas e as diretrizes para o diagnóstico.
Vamos definir as depressões conforme as suas variedades descritas na CID‑10 (ORGANIZAÇÃO 
MUNDIAL DA SAÚDE, 2007):
• episódio depressivo leve: nele, geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas 
citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença desses sintomas, mas 
provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades;
• episódio depressivo moderado: nele, geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas 
citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a 
desempenhar as atividades de rotina;
• episódio depressivo grave sem sintoma psicótico: episódio depressivo no qual vários dos 
sintomas são acentuados e angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e ideias de desvalia 
ou culpa. As ideias e os atos suicidas são comuns e observa‑se em geral uma série de sintoma 
“somáticos”.
— Depressão:
‑ agitada;
‑ maior (episódio único sem sintomas psicóticos);
‑ maior vital.
• episódio depressivo grave com sintomas psicóticos: episódio depressivo correspondente à 
descrição de um episódio depressivo grave (F32.2), mas acompanhado de alucinações, de ideias 
delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de tal gravidade que todas as atividades 
sociais normais tornam‑se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação 
ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do 
distúrbio afetivo. Há episódios isolados de:
122
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
— depressão:
‑ maior com sintomas psicóticos;
‑ psicótica;
‑ psicose depressiva;
‑ psicogênica;
‑ reativa.
• Outros episódios depressivos:
— depressão atípica;
— episódios isolados de uma depressão “mascarada” SOE;
— episódio depressivo não especificado;
— depressão SOE;
— transtorno depressivo SOE.
Observe com quantas variáveis a depressão pode ser manifestar. Em todas elas existe com certeza 
um grande sofrimento para a pessoa e para aqueles que a cercam.
Seja qual for a característica da depressão, vemos que há em comum entre todos os tipos o sentimento 
de inutilidade e a perda da autoestima e da autoconfiança, entre outros sentimentos. Consequentemente, 
haverá a perda do equilíbrio e da disposição para o enfrentamento de situações do dia a dia.
Morris e Maisto (2004, p. 408) citam os sintomas para o diagnóstico da depressão de acordo com 
DSM‑IV, que orienta que ao menos cinco dos sintomas a seguir, incluindo pelo menos um dos dois 
primeiros, devem estar presentes:
• Temperamento deprimido: a pessoa se sente triste ou vazia na maior 
parte do dia, quase todos os dias – ou os outros observam esses 
sintomas?
• Perda de interesse no prazer: a pessoa perdeu interesse em 
desempenhar as atividades normais, como trabalhar ou ir a eventos 
sociais? A pessoa parece estar “simplesmente levando” a vida diária, 
sem obter qualquer prazer dela?
123
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
• Perda ou ganho significativo de peso: a pessoa ganhou peso ou 
perdeu mais de cinco por cento do peso corporal em um mês? A 
pessoa perdeu o interesse em comer ou reclama que a comida perdeu 
o sabor?
• Transtornos de sono: a pessoa está com dificuldades para dormir – ou, 
ao contrário, está dormindo demais?
• Transtornos nas atividades motoras: os outros observam uma 
mudança no nível de atividade da pessoa? A pessoa “fica parada” ou 
demonstra agitação e inquietação incomuns?
• Fadiga: a pessoa se queixa de estar constantemente cansada e sem 
energia?
• Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva: a pessoa expressa 
sentimentos como “você ficaria melhor sem mim” ou “sou o mal e 
arruíno tudo para todos que amo”?
• Incapacidade para se concentrar: a pessoa reclama de falta de 
memória (“simplesmente não consigo me lembrar de mais nada”) ou 
da incapacidade de concentrar a atenção em tarefas simples, como a 
leitura de um jornal?
• Pensamentos recorrentes de morte: a pessoafala em cometer suicídio 
ou expressa o desejo de estar morta?
A depressão provoca instabilidade emocional na pessoa e dificuldade para aqueles que convivem com 
ela. Quando surgem os sinais da depressão, é importante a busca de ajuda, e somente um profissional 
especializado – no caso, o psiquiatra – poderá fazer o diagnóstico e o acompanhamento medicamentoso.
Infelizmente, é comum a pessoa recusar ajuda e principalmente o tratamento, alegando que está 
bem e que “não gosta de tomar remédio”. Cuidado! A ajuda é sempre necessária.
124
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Figura 19
Como profissional da área da saúde, é importante o diálogo com o paciente e a comunicação também 
com a família, pois ela deve ser o apoio no dia a dia do paciente.
É necessário observar que a pessoa que apresenta as características descritas no quadro de depressão 
simples, se não tratada, gradativamente poderá evoluir para o quadro moderado e finalmente para o 
episódio grave com risco de suicídio. É preciso estar atento: quanto mais demorado for o diagnóstico e 
o tratamento, mais difícil será o tratamento.
Outro fato importante: além do acompanhamento com o médico psiquiatra, é necessário o trabalho 
com o psicólogo, visto que a pessoa precisa entender o que está acontecendo com ela, aceitar o seu 
diagnóstico e, consequentemente, o tratamento, buscando de volta o equilíbrio perdido.
Vale saber que assim como outras psicopatologias, a depressão pode acometer todas as pessoas, 
independente do nível socioeconômico‑cultural ou idade. Isso significa que todos nós somos vulneráveis 
a desenvolver depressão; portanto, estar atento aos sinais do paciente e às queixas da família e do 
próprio paciente são meios de ajudar no encaminhamento e na detecção do diagnóstico precoce.
Quanto à adesão ao tratamento da fisioterapia, esta é uma questão delicada quando o indivíduo 
apresenta um quadro de depressão. Geralmente, pelas próprias características da doença, a pessoa tende 
a não acreditar que é possível melhorar.
Não esqueça que são sintomas da depressão a perda da autoestima e da autoconfiança, o que é 
suficiente para levar a pessoa a não acreditar que a sua melhora é possível ou mesmo que vale a pena 
o tratamento e/ou a cura.
 observação
O DSM‑IV‑TR estabelece os critérios para o diagnóstico das perturbações 
mentais, servindo como referência para os profissionais de saúde da mente.
125
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
7.1 Fatores motivacionais: a importância da motivação no tratamento
Outro fator importante no atendimento à pessoa doente diz respeito aos aspectos motivacionais 
para o tratamento, pois, conforme já estudamos, é necessário que a pessoa se sinta envolvida no 
seu tratamento para que o resultado possa ser o esperado, tanto pelo indivíduo que se submete ao 
tratamento como para o profissional.
Iniciando nossos estudos sobre motivação, vamos ao significado da palavra apresentada pelo 
dicionário da língua portuguesa (MICHAELIS, 1998):
1 Ato de motivar. 2 Exposição de motivos. 3 Psicol Espécie de energia 
psicológica ou tensão que põe em movimento o organismo humano, 
determinando um dado comportamento. 4 Sociol Processo de iniciação de 
uma ação consciente e voluntária.
Interessante observar que, de acordo com os significados apresentados, todos os seres são 
constantemente motivados para alguma coisa, seja para o trabalho ou para os estudos; algo sempre 
impulsiona a pessoa para alguma ação, havendo sempre um motivo para que o sujeito siga em uma 
determinada direção.
Buscando o significado dentro dos estudos da Psicologia, encontramos em Lindzey, Hall e Thompson 
(1977, p. 328) a seguinte explicação:
[...] um motivo é qualquer coisa que inicia o comportamento. Há duas 
classes de motivos: impulsos (ou necessidades) e incentivos. Os impulsos 
(drives) são incitações à ação. Impulsos originados em processos orgânicos 
internos, identificáveis, são chamados impulsos não aprendidos ou 
primários. A fome é um exemplo. Outros impulsos são adquiridos através da 
aprendizagem; a competição é um tipo de impulso aprendido.
As colocações dos autores se referem à chamada teoria da redução dos impulsos. Conforme 
explicam Morris e Maisto (2004), as necessidades corporais, como a fome, cria um estado de tensão 
ou estimulação chamado impulso. Aqui, o comportamento será a busca da comida a fim de que o 
organismo retorne ao equilíbrio anterior. A teoria da redução dos impulsos classifica os impulsos em 
duas categorias:
• impulsos inatos: conforme colocação de Lindzey, Hall e Thompson (1977), são os impulsos não 
aprendidos, chamados também de primários. Estão presentes em todos os seres e garantem a 
sobrevivência das espécies, inclusive humana. Exemplos desses impulsos: sexo, fome e sede;
• impulsos secundários: ao contrário dos anteriores, estes são adquiridos por meio da aprendizagem 
e podem mudar de uma pessoa para outra, pois cada indivíduo pode sentir‑se motivado a buscar 
sua satisfação de diferentes maneiras e de acordo com os estímulos que recebeu. Alguns são 
motivados a praticar boas ações e outras a ganhar dinheiro, por exemplo.
126
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Outro estudo sobre a motivação é a teoria da ativação, a qual Morris e Maisto (2004, p. 263) 
explicam:
[...] a ativação se refere a um estado de alerta. O nível de ativação que ocorre 
em um determinado momento se apresenta ao longo de um continuum. 
Numa ponta, está o estado de alerta extremo; na outra, está o sono. Às 
vezes, o comportamento parece ser motivado pelo desejo de reduzir o 
estado de ativação; em outros momentos, parece ser motivado pelo desejo 
de intensificar esse mesmo estado. Por exemplo: quando você está cansado, 
tira um cochilo. Quando está entediado, vê TV.
Interessante observar que nessa teoria os “extremos” acontecem, ou seja, o indivíduo busca o 
comportamento que o leve ao nível ideal de ativação. Num determinado momento ele está envolvido 
em uma atividade de trabalho ou estudo e em outro momento sente necessidade de parar e tomar água 
ou conversar com um colega.
Alguns estudiosos observam que podem haver motivações externas à pessoa e que também são 
importantes – por exemplo, o cheiro de alguns alimentos quando estão sendo preparados e que levam 
a pessoa a comer, mesmo quando ela não está com fome. No caso, os incentivos do ambiente exercem 
influência sobre o comportamento.
O psicólogo americano Abraham Maslow (1908‑1970) hierarquizou os motivos que levam a pessoa 
a apresentar determinados comportamentos. As necessidades corporais estão na base da sua pirâmide.
Observe a figura a seguir e conheça a classificação ou hierarquia proposta por Maslow:
Motivação
Necessidades espirituais?
Autorrealização
Necessidade de status
Necessidade sociais
Necessidade segurança
Necessidade do corpo
Fatores higiênicos 
Desmotivação
Figura 20 – Pirâmide das Necessidades de Maslow
Veja que as necessidades que estão na base são primordiais para a sobrevivência humana. De 
acordo com Maslow, conforme tais necessidades vão sendo atendidas, o indivíduo vai galgando níveis 
superiores. Morris e Maisto (2004, p. 265) afirmam que Maslow acreditava que “o mais elevado motivo 
da hierarquia era a autorrealização – o desejo que uma pessoa tem de desenvolvertodo o seu potencial”. 
Sobre a hierarquia de Maslow, Fontana (2003, p. 234) apresenta a seguinte explicação:
127
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
[...] a hierarquia de Maslow mostra que se os indivíduos têm suas necessidades 
fisiológicas satisfeitas, junto com suas necessidades de proteção de 
agressores, eles se tornam interessados basicamente em ser aceitos por sua 
família e por seu grupo social (necessidades sociais). Uma vez aceitos, eles se 
preocuparão em seguida em ser estimados pelos outros, para que possam vir 
a pensar bem de si mesmos. Tendo satisfeito essas necessidades, eles passam 
para necessidades cognitivas e estéticas e, por fim, para a autoefetivação, 
que é um conceito mais difícil, mas ao qual Maslow dá grande destaque. A 
autoefetivação significa que os indivíduos desenvolvem as características 
peculiares a pessoas maduras e bem ajustadas.
 Lembrete
Podemos então entender que autorrealização só é possível de ser 
alcançada depois que todas as necessidades da pessoa tiverem sido 
atingidas.
O trabalho apresentado por Maslow nos leva a questionar sobre a impossibilidade de muitas pessoas 
não conseguirem, por diferentes razões, ter satisfeitas as suas necessidades básicas. Nesse caso, os 
autores Morris e Maisto (2004, pp. 265‑266) explicam que:
[...] de fato, a dificuldade em satisfazer necessidades básicas pode na verdade 
promover a satisfação de necessidades superiores: um casal com dificuldades 
financeiras para construir uma família pode acabar se aproximando muito 
mais como resultado dessa vivência.
A teoria de Maslow nos leva a refletir sobre diversas situações a respeito das diferenças entre as 
pessoas, a vontade e as motivações que impulsionam cada sujeito e o desejo de estar no mais alto grau 
da pirâmide ou não, tendo em vista que o que é importante para um pode não o ser para outro.
É interessante que você reflita sobre essas questões, que são de grande valia para o entendimento da 
motivação em diferentes níveis para cada indivíduo. A importância de se conhecer as teorias da motivação 
se justifica porque é importante que os profissionais, principalmente da área da saúde, entendam os 
mecanismos que levam a pessoa a apresentar determinados comportamentos, principalmente quando 
necessitam aderir a tratamentos específicos.
Algumas vezes, o sujeito pode apresentar dificuldade na aceitação exatamente por não se sentir 
motivado ou não acreditar que aquilo será melhor para ele. É fundamental que o profissional esteja 
atento às motivações que levaram a pessoa até o tratamento.
Podemos citar como exemplo a pessoa que segue motivada para o tratamento porque deseja apenas 
o alívio da sua dor, visto que conviver com ela é insuportável. Nesse caso, assim que ela encontra o 
alívio, abandona o tratamento. Assim, a motivação não está baseada na busca da cura ou da melhora 
128
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
prolongada, pois para isso seria necessário que o sujeito se sentisse motivado, acreditasse e se lançasse 
para alcançar seus objetivos.
É sempre importante que, para que o sujeito se sinta motivado, ele entenda o que está acontecendo, 
a partir de uma linguagem acessível em que haja espaço para questionamentos. Caso contrário, não será 
possível sentir motivação na pessoa, afinal, como se sentir motivado se o indivíduo não compreende o 
que está acontecendo com ele?
Portanto, é fundamental que, quando você for um profissional, procure diagnosticar a motivação 
do seu cliente para o tratamento. Use de seus conhecimentos técnicos explicando a ele todas as etapas 
e condutas do seu trabalho em uma linguagem que ele possa entender e na qual sinta‑se seguro e 
motivado.
7.2 pouca ou nenhuma melhora dos “pacientes” e aspectos psicológicos do 
fisioterapeuta
Continuando o tema anterior e pensando em todo o esforço do profissional para a cura ou 
reabilitação do seu cliente, nem sempre os resultados propostos com relação ao tratamento são atingidos 
conforme os objetivos estabelecidos. Isso quer dizer que o conhecimento e o uso de técnicas específicas 
e corretamente usadas podem não levar aos objetivos esperados. Nesses casos, temos que nos ater 
também às condições emocionais do profissional – afinal, na maior parte das vezes ele é preparado 
profissionalmente para a cura do outro ou para promover a sua significativa melhora.
Até o momento, nossos estudos estão direcionados principalmente para a compreensão do outro, ou 
seja, do cliente, seu comportamento, seus aspectos psicoemocionais, suas expectativas e seus recursos 
de enfrentamento diante do adoecer, mas também se faz necessário refletirmos sobre os aspectos 
emocionais do profissional e a qualidade da relação interpessoal que é estabelecida durante o período 
de tratamento. Sobre esse tema, Martins (2004, p. 21) nos coloca que:
[...] assim como a preocupação com a qualidade técnica faz com que, em 
cada área, se desenvolvam temas específicos, que constituem parte do 
que chamamos de conhecimentos e habilidades relativos à áreas técnica, 
a abordagem da qualidade interacional também torna necessário o 
estudo de vários temas teóricos e a reflexão sobre o desenvolvimento 
de atitudes.
A autora afirma ainda que tão importante quanto o profissional conhecer os motivos do 
comportamento do cliente é ter conhecimento também sobre os efeitos que esses comportamentos 
provocam no próprio profissional, como a angústia, a impotência e a raiva.
Podemos entender esses sentimentos como mecanismos de defesa por parte do profissional, 
que de alguma maneira irão influenciar em sua relação com o outro, podendo provocar no cliente 
comportamento de distanciamento, incompreensão de suas queixas e desmotivação para o tratamento.
129
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Consideramos que as relações interpessoais carregam em si muito mais do que se pode esperar; 
afinal, nem sempre elas ocorrem no plano da objetividade, e a subjetividade das relações trazem em si 
emoções e sentimentos que são inerentes a ela. Um exemplo disso ocorre quando o profissional tem 
diante dele um cliente com característica de baixa autoestima, que sente‑se desmotivado para a cura, 
embora ela possa acontecer. A convivência com pessoas com tais características é difícil e, principalmente 
na relação profissional‑cliente, pode desmotivar um profissional que não esteja preparado para lidar 
com pessoas que carregam a vida como se ela fosse um fardo. Nesse sentido, Martins (2004, p. 22) faz 
a seguinte afirmação e comenta sobre Bleger (1979):
Seres humanos são tanto os clientes como os profissionais, ou seja, ambos têm necessidades, 
desejos, medos e carências. Bleger (1979) se opõe à “velha ilusão, tão difundida, de que uma tarefa é 
mais bem realizada quando são excluídos os chamados fatores subjetivos e ela é considerada apenas 
objetivamente”, e afirma que, pelo contrário, “o mais alto grau de eficiência em uma tarefa é obtido 
quando se incorpora sistematicamente à ela o ser humano total”. No âmbito do humano, portanto, 
alcança‑se maior objetividade incorporando os fatores subjetivos, quer dizer, tomando as coisas tal 
como acontecem, para entendê‑las, e poder fazer com que aconteçam da melhor maneira. Essa é a 
forma de evitar a atividade desumanizadae desumanizante.
Para que as relações possam acontecer num plano de compreensão e entendimento, a autora propõe 
a formação da “aliança terapêutica”, visto que ela é o elemento fundamental e a mola propulsora para 
o vínculo profissional‑cliente.
Outro ponto importante a ser observado é a relação de transferência e contra‑transferência que 
se dá entre cliente‑profissional e profissional‑cliente. Já abordamos esse tema, portanto sugiro que 
você reveja tais conteúdos e reflita sobre as diversas interferências que podem acontecer nas relações 
interpessoais e o quanto isso pode trazer benefícios positivos ou negativos, tanto para o cliente como 
também o profissional.
Além das questões discorridas sobre a relação profissional‑cliente, Perdicaris e Silva (2008, p. 407) 
mostram que tal relação pode se apresentar seguindo basicamente três modelos, que são os seguintes:
• Modelo ativo/passivo: surge quando os profissionais decidem o 
tratamento de forma praticamente unilateral.
• Modelo de cooperação: segundo esse modelo, o diagnóstico é 
estabelecido e as opções terapêuticas são apresentadas (inclusive com 
a participação de familiares) para que se busque a melhor solução.
• Modelo de participação e consentimento mútuos: nessa modalidade, 
os profissionais têm o papel de ajudar o cliente a se ajudar. São 
parceiros, cada qual com atribuições e responsabilidades, no resgate 
do melhor de si, na busca de um equilíbrio psicossociobiológico. Esse 
modelo é aplicável nas chamadas doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT), entre as quais se encontra o câncer. Nos países desenvolvidos, 
130
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
cada vez mais os indivíduos exigem informações adequadas, inclusive 
para que se possa auto ajudar e controlar a saúde, de maneira mais 
integrada e integradora.
Ao seguir o modelo de participação e consentimento mútuos proposto pela autora, o 
profissional estará estabelecendo uma comunicação sincera com seu cliente e transmitindo a ele 
a segurança necessária para manutenção do tratamento e a possibilidade da cura, quando ela 
for possível.
Na verdade, não há fórmulas para que a boa relação e a comunicação atinjam o seu ideal. A 
necessidade está justamente na compreensão da dinâmica que ocorre nas relações interpessoais.
O reconhecimento de que a dor tanto física quanto psíquica do cliente pode atingir de alguma 
maneira o profissional é um meio de tornar mais amena a convivência com o sofrimento do outro. 
Assim, o uso do conhecimento aliado à compreensão da fragilidade e limitações que o cliente pode 
apresentar ajuda o profissional a lidar de uma melhor maneira com suas próprias limitações e com o 
sentimento de impotência que surge frente às dificuldades do outro.
Todo preparo é necessário para o profissional, principalmente se ele optar por trabalhar com doenças 
graves e com pacientes fora de possibilidade de cura. Nesse caso, é necessário o conhecimento técnico, 
mas fundamentalmente o preparo pessoal, pois o profissional entrará em contato com situações limites 
e com a morte do outro.
A próxima etapa do nosso estudo irá justamente abordar os aspectos emocionais do paciente 
terminal e da morte. Você verá logo de início o quanto é difícil o contato com a finitude humana e que, 
independentemente da idade, todos nós estamos expostos a ela.
7.3 paciente terminal e a morte
Vamos iniciar o tema sobre o paciente terminal e morte relatando um estudo de caso:
P.V., 11 anos de idade, sexo masculino, diagnóstico de linfoma Hodgkin, em tratamento 
de quimioterapia há seis meses. De origem humilde, os pais são trabalhadores rurais. P.V. é o 
mais novo e “temporão” de quatro filhos, como explica a mãe. No início, sem compreender 
muito bem o que está acontecendo, é ela quem acompanha o filho durante o tratamento, 
deixando para trás os outros filhos e o marido, que continuam com o trabalho na lavoura. 
P.V. frequentava a terceira série do Ensino Fundamental até adoecer e diz sentir falta da 
escola e da vida livre.
Apesar do tratamento, a doença não tem apresentado sinais de remissão e P.V. se sente 
cada vez mais enfraquecido. Num determinado dia, ele solicita lápis, lápis de cor, papel e 
borracha, porque quer escrever e desenhar, e reclama que está cansado dos brinquedos do 
hospital. Trazido o material, P.V. passa horas desenhando e escrevendo.
131
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Entre as idas e vindas para o hospital, P.V. resolve certo dia dar de presente para cada 
um da equipe um desenho seu. Comovidos, todos se emocionaram com o gesto carinhoso 
do menino. Mas a maior surpresa foi com a relação ao papel que P.V. entregou para sua 
mãe, pedindo que ela lesse e cumprisse o que havia escrito. Chocada, a mãe pegou o papel 
que o filho lhe entregou e nele constava a relação dos seus “pertences” e a determinação de 
que cada objeto fosse dado para uma determinada pessoa da família – enfim, os poucos e 
simples “brinquedos” que ele tinha estavam agora sendo doados.
Toda a equipe ficou apreensiva com aquele gesto e procurou orientar a mãe na sua 
compreensão daquilo que para ela já havia sido entendido como uma despedida.
Poucas semanas depois, P.V. foi a óbito. A equipe pôde estar próxima da família e lamentou 
a sua morte. Emocionados, tiveram a oportunidade de conversar sobre a trajetória de P.V. 
e os muitos momentos difíceis que ele viveu em tão pouco tempo de existência. Também 
lembraram com carinho da alegria de P.V. quando contava sobre sua vida de liberdade no 
sítio.
No caso, pudemos observar muitos elementos importantes na relação que envolve o profissional, 
a pessoa com doença, a família e a sociedade. Assim, observa‑se que é preciso que a intervenção não 
seja prejudicada em função da realidade, pois os familiares podem necessitar de ações que não serão 
executadas quando não se consegue separar a emoção da técnica.
Outra questão que pudemos observar é a de que a morte pode ser entendida de maneira diferenciada, 
assim é uma realidade heterogênia, como se observa no estudo de caso, a qual o jovem por já ter claro 
sua realidade fez a declaração de quem iria ficar com seus pertences após sua morte, pois para que esse 
tipo de documento seja realizado a pessoa tem que ter a morte como algo natural à vida.
Também conseguimos associar essa perspectiva ao filme Uma prova de amor, que tem a mesma 
realidade. Veja a sinopse do filme:
Sara (Cameron Diaz) e Brian Fitzgerald (Jason Patric) são informados que Kate (Sofia 
Vassilieva), sua filha, tem leucemia e possui poucos anos de vida. O médico sugere aos 
pais que tentem um procedimento médico ortodoxo, gerando um filho de proveta que 
seja um doador compatível com Kate. Disposto a tudo para salvar a filha, eles aceitam a 
proposta. Assim nasce Anna (Abigail Breslin), que logo ao nascer doa sangue de seu cordão 
umbilical para a irmã. Anos depois, os médicos decidem fazer um transplante de medula 
de Anna para Kate. Ao atingir 11 anos, Anna precisa doar um rim para a irmã. Cansada dos 
procedimentos médicos aos quais é submetida, ela decide enfrentar os pais e lutar na justiça 
por emancipação médica, de forma a que tenha direito a decidir o que fazer com seu corpo. 
Para defendê‑la, ela contrata Campbell Alexander (Alec Baldwin), um advogado que cuidará 
de seus interesses.
Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme‑130304/>.
132
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
 saiba mais
Assista ao filme Uma prova de amor, produção americana de 2009, 
dirigida por Nick Cassavetes.
Percebe‑se que, por pensarem diferente, as pessoas possuem comportamentos distintos em 
uma mesma situação. É necessário, para que um profissional seja diferenciado, que seja garantida a 
individualidade no atendimento.
O caso parece inquietante pela idade de P.V., mas o propósito inicial é exatamente o de levar você, 
aluno, a refletir sobre a questão da morte. O tema em si já desperta incômodo na maioria das pessoas, e 
quando se trata de crianças ou jovens, esse desconforto parece ficar ainda maior, pois há em todos nós 
a “fantasia” de que a morte é algo distante e que acontece somente na velhice.
Entretanto, a realidade é diferente, infelizmente. De acordo com Kovács (2008), a questão da 
temporalidade é relativa, pois a afirmativa de que um idoso com doença grave está próximo da morte é 
constantemente contrariada, afinal, pessoas jovens e saudáveis morrem antes deles.
Acreditamos que o menino P.V., diante de uma realidade tão difícil, apesar da pouca idade, quis 
deixar aquilo que era seu para as pessoas que amava, pois o vínculo seria mantido após sua partida por 
meio dos pertences que ele deixou.
Não raro encontramos histórias como a de P.V. tanto na prática profissional como na descrição da 
literatura – pessoas que, independentemente da idade, despedem‑se das pessoas queridas e deixam 
recomendações ou até mesmo uma organização para os que ficam, podendo assim partir em paz.
Mas como é possível para o profissional enfrentar tais situações? Como lidar com a morte do outros?
Podemos considerar que trabalhar com pacientes com doenças graves é um desafio para os 
profissionais, pois a morte é algo inerente à condição humana e atinge a todos indiscriminadamente. Isso 
significa dizer que estar próximo de alguém que está partindo faz com que o profissional se aproxime 
da certeza da própria finitude.
Algumas das maneiras possíveis para minimizar a angustia do profissional é ele estar preparado para 
o trabalho, especializando‑se para isso, e estar inserido em uma equipe que tenha como meta oferecer 
as melhores condições possíveis para o paciente e que saiba trocar entre si os momentos mais difíceis.
Agora, vamos ao conceito de paciente terminal descrito por Kovács (2003):
[...] o conceito de paciente terminal é historicamente relacionado com o 
século XX, por causa da alteração na trajetória de doenças que, no passado, 
eram fulminantes; observa‑se sua cronificação, graças ao desenvolvimento 
133
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
da medicina, da cirurgia e da farmacologia. Muitas ainda não têm cura, 
como alguns tipos de câncer, Aids e moléstias degenerativas, o que faz com 
que alguns pacientes vivam anos com necessidade de cuidados constantes.
De fato, além dos avanços médicos e farmacológicos, temos o avanço tecnológico, que permite 
o diagnóstico precoce de doenças. Porém, embora seja possível o prolongamento da vida, existem 
determinadas doenças que por si só carregam o estigma da morte, conforme citado pela autora, como é 
caso do câncer, da Aids e das doenças degenerativas. Nesses casos, escreve Kovács (2003, p. 107) que “o 
rótulo ‘paciente terminal’ é usado de forma estereotipada para pacientes que apresentam doenças com 
prognóstico reservado, mesmo que estejam em fase de diagnóstico e de tratamento”.
Nesses casos, o apoio profissional com o esclarecimento e a orientação correta poderá ser fundamental 
para que a pessoa não desanime diante do diagnóstico e siga com esperança em seu tratamento. Outro 
ponto importante é com relação à família, que também deve ser olhada e orientada. Conforme Carvalho 
(1996), o medo do sofrimento pela perda faz, muitas vezes, com que os familiares evitem entrar em 
contato explicito com o assunto “morrer”.
Atualmente, quando o paciente recebe o diagnóstico de uma doença grave, ele passa a ser considerado 
e tratado dentro do conceito de cuidados paliativos (CP). Mas o que vem a ser cuidados paliativos? 
Pessini (2004, p. 166), citando a definição da Organização Mundial de Saúde, escreve:
[...] cuidados paliativos são uma abordagem que aprimora a qualidade de 
vida dos pacientes e família que enfrentam problemas associados com 
doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, 
por meios de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e 
outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.
É importante notar que a família também é incluída nos cuidados paliativos, pois é sabido que a 
doença afeta diretamente a família, que precisa ser vista e cuidada pelos profissionais.
O Ministério as Saúde (2012) também apresenta sua definição de cuidados paliativos como:
[...] o conjunto de ações interdisciplinares, promovido por uma equipe de 
profissionais da saúde e voltado para o alívio do sofrimento físico, emocional, 
espiritual e psicossocial de doentes com prognóstico reservado, acometidos 
por condições ou doenças em estágio irreversível.
Embora o Ministério da Saúde não cite a família de modo explícito, podemos entender que ela está 
inserida no aspecto psicossocial.
Pessini (2004) esclarece que os cuidados paliativos não devem ser vistos como diferentes de outras 
formas ou áreas de tratamento, mas à medida em que ocorre o agravamento da doença, é possível 
que hajam necessidades especiais tanto do doente como da família. Com isso, a equipe que oferece os 
cuidados paliativos deve estar preparada para atender a tais necessidades.
134
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
A OMS aponta os princípios fundamentais, conforme cita e comenta Pessini (2004, pp.167‑168):
• Os CP valorizam o atingir e manter um nível ótimo de dor e 
administração dos sintomas. Isto exigirá uma avaliação detalhada de 
cada doente, levando em conta sua história detalhada, exame físico 
e pesquisas, se apropriado. Os doentes devem ter acesso imediato 
a toda medicação necessária, incluindo uma variedade de opioides 
numa gama de formulações.
• Os CP afirmam a vida e encaram o morrer como um processo 
normal. O que todos nós compartilhamos em comum é a realidade 
inescapável de nossa morte. Os pacientes que solicitam CP não devem 
ser vistos como falhas médicas. Os CP visam assegurar que os doentes 
sejam capacitados e encorajados a viver sua vida de uma forma útil, 
produtiva e plena, até o momento da sua morte. A importância da 
reabilitação, em termos de bem‑estar físico, psíquico e espiritual, não 
pode ser negligenciada.
• Os CP não apressam e nem adiam a morte. Intervenções de CP não 
devem ser para abreviar a vida prematuramente, da mesma maneira 
que as tecnologias disponíveis na moderna prática médica não são 
aplicadas para prolongar a vida de forma natural. Os médicos não 
são obrigados a continuar tratamentos que são considerados fúteis 
e excessivamente onerosos para o paciente. Da mesma forma, os 
pacientes podem recusar tratamentos médicos. Quando o processo 
da doença conduz a vida para um final natural, os doentes devem 
receber conforto físico, emocional e espiritual. Especificamente, 
presta‑se atenção para o fato de que a eutanásia e o suicídio assistido 
não estão incluídos em nenhuma definição de CP.
• Os CP integram aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados do 
paciente. Um nível elevado de cuidado físico é certamente de vital 
importância,mas não suficiente em si mesmo. Não devemos reduzir a 
pessoa humana a uma simples entidade biológica.
• Os CP oferecem um sistema de apoio para ajudar os pacientes a 
viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte. 
Neste sentido, é importante ressaltar que o paciente estabelece os 
objetivos e prioridades. O papel do profissional da saúde é capacitar 
e assistir o paciente em atingir seu objetivo identificado. É evidente 
que as prioridades de um paciente podem mudar dramaticamente 
com o tempo. O profissional deve estar consciente dessas mudanças e 
responder consequentemente.
135
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
• Os CP ajudam a família a lidar com a doença do paciente e no luto. 
Em CP, a família é uma unidade de cuidados. Neste sentido, os 
membros da família terão suas questões e dificuldades, que devem 
ser identificadas e trabalhadas. O trabalho em relação ao cuidado com 
o luto se inicia bem antes do momento da morte do doente.
• Os CP exigem uma abordagem de equipe. É evidente que do exposto 
até o momento, nenhuma pessoa, ou disciplina somente, pode 
adequadamente lidar com a gama e complexidade das questões que 
surgem durante o período de CP. Embora a equipe central, consistindo 
de médico, enfermeira e assistente social, possa prover o cuidado 
necessário, é útil a colaboração de uma gama maior de profissionais 
da área médica, de enfermagem e outros aliados. Para que essa equipe 
trabalhe de forma coesa, é criticamente importante que se tenham 
metas e os objetivos partilhados, bem como meios rápidos e efetivos 
de comunicação.
• Os CP visam aprimorar a qualidade de vida. Esta questão de qualidade 
de vida atraiu muito interesse de pesquisa nos últimos anos. É 
importante reconhecer que isto não é simplesmente uma medida de 
conforto físico ou de capacidade funcional. Antes, trata‑se de algo 
que somente pode ser definido pela pessoa doente, e é também algo 
que pode se alterar significativamente ao longo do tempo.
• Os CP são aplicáveis no estágio inicial da doença, concomitantemente 
com as modificações da doença e terapias que prolongam a vida. 
Historicamente os CP foram associados com os cuidados oferecidos 
a doentes de câncer próximos da morte. Reconhece‑se que os CP 
têm muito a oferecer aos pacientes e familiares no estágio inicial do 
curso da doença, pelo menos a partir do momento em que se atinge 
o estágio avançado da doença e a progressão não pode ser evitada. 
Isto exige que os serviços de CP estejam intimamente integrados com 
toda a gama de serviços de saúde, seja no hospital ou em instituições 
comunitárias.
Os comentários realizados pelo autor são muito claros e nos fazem refletir sobre a importância dos 
cuidados paliativos, a partir da valorização da vida e do respeito ao paciente e à família.
Mas e os sentimentos do paciente que se encontra na condição de terminalidade? De que maneira 
entender esse momento que ele está vivendo?
Certamente, conhecermos os sentimentos do paciente, seus desejos e emoções na etapa final da 
vida nos ajuda a reconhecer que, apesar de sua condição, ele é um sujeito com direitos e desejos e que 
deve receber todo apoio necessário não somente da família como também da equipe.
136
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Apresentamos a seguir o texto extraído do seminário Paciente terminal: como ajudá‑lo, em Lansing, 
Michigan, EUA, conforme Macieira (2001, p. 146):
• Tenho o direito de ser tratado como pessoa humana até que eu morra.
• Tenho o direito de ter esperança, não importa que mudanças possam 
acontecer.
• Tenho direito de ser cuidado por pessoas que mantêm o sentido da 
esperança, mesmo que ocorram mudanças.
• Tenho o direito de expressar, à minha maneira, sentimentos e emoções 
diante da minha morte.
• Tenho o direito de participar das decisões referentes a meus cuidados 
e tratamentos.
• Tenho o direito de receber cuidados médicos e de enfermagem mesmo 
que os objetivos “de cura” mudem para objetivos “de conforto”.
• Tenho o direito de não morrer sozinho.
• Tenho o direito de ser aliviado na dor e no desconforto.
• Tenho o direito de que minhas questões sejam respondidas 
honestamente.
• Tenho o direito de não ser enganado.
• Tenho o direito, ao aceitar a minha morte, de receber ajuda de meus 
familiares e que estes também sejam ajudados.
• Tenho o direito de morrer em paz e com dignidade.
• Tenho o direito de conservar minha individualidade e não ser julgado 
por minhas decisões que possam ser contrárias às crenças dos demais.
• Tenho o direito de discutir e aprofundar minha religião e/ou 
experiências religiosas, seja qual for seu significado para os demais.
• Tenho o direito de esperar que o meu corpo seja respeitado.
• Tenho o direito de ser cuidado por pessoas sensíveis, humanas e 
competentes que procurarão compreender e responder às minhas 
137
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
necessidades e me ajudem a enfrentar a morte e garantir minha 
privacidade.
Exemplo de aplicação
Encerrando essa exposição, gostaria de convidar você, aluno, a refletir novamente sobre a importância 
do fisioterapeuta na equipe de cuidados paliativos e no acompanhamento ao paciente sem possibilidade 
de cura.
7.4 o luto: fases de enfrentamento
Tão difícil quanto falar sobre a morte é falar sobre o luto. Porém, como entendemos que o trabalho 
do profissional nem sempre se encerra com a morte do paciente, é necessário estar preparado para 
o apoio à família. Assim, vamos à sua definição de acordo com o dicionário da língua portuguesa 
(MICHAELIS, 1998):
1 Sentimento de pesar ou tristeza pela morte de alguém. 2 Tristeza 
profunda causada por grande calamidade; dor, mágoa, aflição. 3 Crepes, 
panos pretos com que se forram a câmara ardente, a casa ou a igreja por 
ocasião do falecimento de uma pessoa. 4 Vestes escuras que a família e 
amigos da pessoa falecida usam durante certo tempo como sinal do seu 
pesar ou tristeza. 5 Tempo que dura o uso dessas vestes. 6 poét O aspecto 
tristonho das coisas. Antôn (acepções 1 e 2): alegria, regozijo. L. aliviado: traje 
negro com algumas peças de cor ou guarnecido com branco ou cinzento. 
L. nacional: manifestações oficiais de pesar, como homenagem a alguma 
pessoa importante, cujo falecimento entristece a nação. L. pesado: vestuário 
sem enfeites e completamente preto. Trazer luto nas unhas: estar com elas 
sujas, orladas de negro.
Podemos ver que o luto nos remete a sentimentos de tristeza e muito pesar. Kovács (2007, p. 217) 
define luto a partir dos aspectos psicológicos da pessoa, da seguinte maneira:
[...] luto é o processo de elaboração diante de uma perda de uma pessoa 
com quem vínculos foram estabelecidos. É a vivência da morte consciente, 
é como se uma parte nossa morresse. Faz parte de nossa existência e nos 
configura como humanos, e dela nos recordamos; todos temos histórias 
de perdas para contar, e às vezes é mais sofrida que a própria morte. É 
um vínculo que se rompe de forma irreversível, quando se trata de morte 
concreta.
Como vemos, luto é bem mais do que a perda de alguém; é o rompimento de um vínculo, o que faz 
evocar tristeza, saudades e outros sentimentos.
138
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Figura 21 – Luto
Sempre que pensamos em luto, temos a certeza de que ele é um sentimento apenas daqueles que 
ficam, mas Kovács (2007, p. 227) nos lembra dos sentimentos da pessoa que, com doença grave e 
vivendo a iminência da morte, viverá o luto pelas coisas perdidas e da própria vida a partir das seguintes 
dimensões:
• profissional: que tinha um trabalho ou atividade que não pode mais 
ser realizada;
• identidade: de pessoa saudável, autônoma, de posse da sua vida;
• familiar: não pode realizar as atividades de cuidador ou de provedor;
• saúde: do ser saudável;
• corporais: as eventuais mutilações resultantes da doença ou do 
tratamento, perdas de partes do corpo e mudanças corporais, como 
aumento ou diminuição de peso, inchaço, mudança de cor, perda de 
cabelo;
• planos e projetos: poderão ser interrompidos pela doença ou pela 
morte.
Como podemos ver, a pessoa em estado grave passa por diversas perdas, como a de pessoas queridas 
e as temporárias – caso das hospitalizações e consequente afastamento do seu meio ambiente, de seus 
pertences e principalmente das pessoas que o cercam.
É evidente que para cada uma dessas perdas será necessário um tempo para que a pessoa viva o luto, 
ou seja, a tristeza do não mais ter e, em breve, do deixar de existir.
139
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Retomando a questão do luto propriamente, Bromberg (1996) afirma que ele só acontece quando 
o vínculo que existe entre as pessoas é rompido; assim, entendemos que não havendo a relação de 
vínculo, não há luto. Relembrando a teoria do vínculo, a qual já vimos em nosso estudo, Bromberg 
retoma a teoria de Bowlby para explicar o vínculo e a situação de luto:
[...] a figura vincular é aquela que tiver oferecido uma base de segurança 
que permite ao indivíduo a exploração do meio, de maneira que ele, em 
situação de ameaça ou de risco, possa se afastar do estímulo ameaçador e 
se proteger junto à figura de vínculo. Com a perda dessa figura, não há mais 
a base segura onde se refugiar, tornando a experiência aterrorizante. Assim 
Bowlby explica por que o sofrimento é uma reação universal à perda de 
uma figura de vínculo, mesmo que as manifestações desse sofrimento sejam 
culturalmente determinadas (BROMBERG, 1996, p. 101).
Assim, podemos entender que as reações pelo rompimento do vínculo ou o sofrimento pela perda 
são inerentes à condição humana, independentemente do meio cultural em que a pessoa esteja inserida.
Diversos autores escrevem sobre as fases para o enfrentamento do luto, mas Bowlby (1985 apud 
KOVÁCS, 2007, p. 221) apresenta as principais, que são:
• fase de choque: momento de conhecimento da perda, na qual podem 
ocorrer reações – da anestesia até um total descontrole;
• fase de busca: em que ocorre o anseio pela pessoa perdida e também 
se processa o contato com a realidade, de que houve de fato uma 
perda, da qual não há volta. Pode haver a ilusão de que a pessoa não 
tenha morrido, de que tudo não passa de um pesadelo. Convivem dois 
processos: a certeza da perda e a esperança de que talvez não tenha 
ocorrido. Podem estar presentes vários sentimentos: tristeza, raiva, 
medo e culpa. A raiva pode ser transferida para aqueles que estão 
próximos, ou culpa por ainda estar viva, ou por sentir que não cuidou 
de seu familiar de forma adequada, acreditando que aquela morte 
pudesse ser evitada;
• fase de desorganização e desespero: presente quando a perda já é 
vista como realidade. Podem estar presentes atuações contraditórias, 
como manter tudo que recorde a pessoa e se desfazer rapidamente de 
tudo que possa lembrá‑lo. É nessa fase também que uma depressão 
reativa pode se manifestar num processo mais duradouro ou como 
uma dimensão patológica que se torna mais evidente;
• fase de reorganização: a vida pode ser reorganizada em novos patamares 
sem a existência daquele que morreu. Novas habilidades terão que ser 
aprendidas e novos relacionamentos poderão ser formados.
140
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Como vimos, há um processo pelo qual a pessoa enlutada deverá passar, de modo a poder continuar 
sua vida sem aquele que se foi. Entretanto, é preciso considerar que o luto nunca será totalmente 
concluído, pois sempre haverá uma data como o aniversário, o Natal ou qualquer outra que trará de 
volta as lembranças e despertará sentimentos de tristeza e saudades.
Com relação ao luto infantil, Bowlby (1985, apud KOVÁCS, 2007) afirma que as crianças também 
passam pelo processo de luto e têm no adulto o seu modelo. É comum a criança apresentar sentimentos 
de culpa, principalmente quando ela tem menos de seis anos e vive o período em que a fantasia, ou 
pensamento mágico, se confunde com a realidade.
Diversos autores, como Bowlby (1985), Aberastury (1984) e Raimbault (1979) (apud KOVÁCS, 2007) 
concordam que não se deve sonegar informações para a criança, pois é falsa a ideia de que ela não 
entende o que está acontecendo. A criança passa pelas mesmas fases do adulto, embora não consiga 
se expressar da mesma maneira. O adulto poderá usar de recursos lúdicos com ela, como desenhos, por 
exemplo, que são meios que ajudam a criança na expressão dos seus sentimentos.
 saiba mais
Uma dica para o trabalho do luto com a criança é o desenho infantil 
O Rei Leão. O pequeno Simba, filho do rei Mufasa e da rainha Sarabi, é 
apresentado ao reino como herdeiro. Depois de algum tempo, seu pai é 
morto e Simba tem que enfrentar sua dor e outras dificuldades.
7.5 o luto patológico
Infelizmente, nem sempre o sofrimento pela perda de uma pessoa querida ocorre de modo 
relativamente organizado. Há casos em que a perda não é aceita e a pessoa, de uma maneira negativa, 
pode desenvolver comportamentos que não acompanham as fases anteriormente descritas.
Bowlby (1985, apud KOVÁCS, 2007, p. 222) destaca alguns fatores que devem ser observados e que 
são complicadores do processo de elaboração do luto:
• O relacionamento com a pessoa perdida: relacionamentos carregados 
com ressentimentos e mágoas são mais difíceis de serem elaborados. 
É importante observar também se está envolvida uma relação de 
dependência. Perda de criança e jovens podem ser muito difíceis de serem 
aceitas e elaboradas.
• Idade e sexo do enlutado: é importante considerar se é uma criança 
ou um adulto e também as especificidades de gênero.
• As causas e circunstâncias da perda: as perdas rápidas e inesperadas 
podem causar muitas dificuldades no início, pois nenhum 
141
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
preparo ocorre. Muitas delas são acompanhadas de violência, 
tendo ampliados os fatores de risco. Corpos muito mutilados ou 
desaparecidos podem dificultar bastante o processo do luto. Este 
é um dos grandes problemas dos acidentes aéreos com perdas 
coletivas e corpos irreconhecíveis. Por outro lado, mortes lentas 
podem envolver convivência com muito sofrimento e dor, o que 
também pode ser penoso. Cada uma dessas circunstâncias deve 
ser olhada com muito cuidado, não se chegando a generalizações 
simplificadoras.
• A personalidade do enlutado: éimportante considerar como o enlutado 
viveu as suas experiências anteriores, as formas de enfrentamento 
escolhidas, as características de personalidade e se existem distúrbios 
psiquiátricos. Estes últimos podem afetar muito ou até impedir o 
processo de luto.
• A rede social e de apoio do enlutado: as pessoas sozinhas ou com 
famílias desorganizadas ou pouco continentes estão sob maior risco 
de um luto complicado.
É importante estar atento a esses processos. No caso de a pessoa dar sinais de luto complicado ou 
patológico, deve ser encaminhada a atendimento médico e psicológico para que ela possa se reorganizar 
sem a figura perdida.
Em seu estudo sobre o luto, Parkes (1998, pp.133‑136) apresenta os seguintes tipos:
• Luto crônico: um processo de luto que se prolonga de forma indefinida, 
possivelmente mais presente em relações com forte conteúdo de 
dependência. A princípio é difícil caracterizá‑lo como tal, já que o 
processo de luto tem tempos variados para cada pessoa.
• Luto adiado: a pessoa não entra em contato com a perda, não 
consegue expressar os seus sentimentos e não procede a elaboração.
• Luto inibido: a expressão do luto está inibida e seus sinais parecem 
ausentes.
Kovács (2007, p. 224) comenta sobre o luto complicado:
[...] o luto complicado é uma nova área de estudo, na qual ainda se 
encontram várias controvérsias. Segundo Parkes (1998), é um grande 
engano se acreditar que há um padrão único de enfrentamento das perdas, 
sendo necessária uma cuidadosa avaliação em cada caso, examinando‑se as 
suas singularidades.
142
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Definir exatamente se o luto está seguindo para uma patologia ou se aquele é o tempo necessário 
para que a pessoa possa elaborar a perda é algo extremamente difícil, tendo em vista que a linha que 
separa o normal do patológico pode ser muito tênue. Além disso, a família muitas vezes não “percebe” 
que o comportamento apresentado por aquela pessoa está saindo do que se considera “normal”, e 
pela sua própria dificuldade em lidar com a perda acaba encarando o comportamento da pessoa como 
aquele esperado.
O não perceber também é algo relativo, afinal, a perda é sentida por todos. De uma maneira ou outra 
cada um precisa se reorganizar e dar assim continuidade em sua vida.
 Lembrete
É muito difícil, até mesmo para os profissionais da saúde, diagnosticar 
o luto patológico, tendo em vista as variáveis dos sentimentos e 
comportamentos das pessoas em situação de perda.
8 o FisioterApeutA e suAs reLAções interdiscipLinAres
A partir de agora iremos focar nosso estudo para as relações entre o fisioterapeuta e os profissionais 
de diversas áreas. Você verá que, contrariando posições passadas, há cada vez mais a necessidade da 
integração de muitos saberes para o atendimento das pessoas em todas as suas necessidades: físicas, 
psíquicas, cognitivas, social e espiritual.
Entretanto, para que possamos compreender os modelos de atendimento ao doente que atualmente 
encontramos e as relações entre profissionais de diferentes áreas, é necessário nos reportarmos um 
pouco na história e entendermos que a construção da relação profissional‑paciente esteve baseada em 
outro modelo, outra dinâmica, a qual predominou por longo tempo.
Na história da Medicina, até o século passado, o predomínio do atendimento ao doente estava 
baseado no modelo que não considerava a pessoa, pois se concentrava nos sintomas que ela apresentava, 
excluindo qualquer influência dos aspectos psicológicos, por exemplo. Tínhamos assim o chamado 
modelo biomédico. Evidentemente, não cabia nesse modelo saber a integralidade do ser, já que ele não 
era visto como um sujeito de direitos, e o atendimento, conforme dissemos, estava centrado apenas no 
diagnóstico, excluindo qualquer outro aspecto do indivíduo.
Neste sentido, Marco (2007, p. 36) relata:
[...] considera‑se que a influência do paradigma cartesiano sobre o 
pensamento médico foi um fator determinante na construção do chamado 
modelo biomédico, alicerce consensual da moderna medicina científica. 
Descartes propõe, por meio de suas concepções, uma separação absoluta 
entre fenômenos da natureza e fenômenos do espírito e, por consequência, 
uma separação radical entre mente e corpo.
143
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Podemos observar que o modelo biomédico ainda é encontrado em muitos meios e remonta de um 
tempo advindo da influência da Filosofia, que discutia o dualismo mente‑corpo.
A grande transformação proposta está na mudança do modelo biomédico para o modelo 
biopsicossocial, que atualmente se faz presente na maior parte das relações e no cuidado da pessoa 
com doença. Marco (2007) nos alerta que é importante considerar que essa nova proposta não significa 
fragmentação, ou seja, a separação e posterior junção indiscriminada do ser, ou que tudo deve ser 
abordado simultaneamente.
De fato, é necessário cuidado, inclusive no atendimento integral da pessoa, tendo em vista que é 
necessário conhecer as prioridades do indivíduo e tentar atendê‑lo a partir delas.
Atuar junto a outros profissionais se faz necessário; assim, o médico usará dos seus recursos para o 
diagnóstico da pessoa, por exemplo. Entretanto, seu olhar não pode estar centrado apenas nos aspectos 
objetivos, e sim em conhecer o que significa para a pessoa estar doente, encaminhando‑a para outros 
profissionais capacitados para atender ao sujeito em todas as suas dimensões.
Se assim o fizer, o profissional terá melhores condições para avaliar o tratamento proposto e as 
interferências de outros aspectos, tendo em vista que quando a pessoa adoece todas as suas dimensões 
se comprometem e influenciam diretamente sobre eles.
O atendimento deve incorporar profissionais de diferentes áreas a fim de que a integração dos 
conhecimentos atenda ao sujeito em todas as suas necessidades. Assim, a ação de multiprofissionais 
deve ser entendida como a ocorrência de atividades desenvolvidas entre profissionais de diferentes 
especializações, buscando a harmonização no ambiente de trabalho.
Para que aconteçam “atos de saúde”, e não atos médicos ou de outros profissionais, como 
fisioterapeutas, psicólogos e outros, uma equipe multiprofissional deve implicar duas dimensões do 
trabalho que, conforme Bruscato, Benedetti e Lopes (2006, p. 34), são indissociáveis:
• Articulação das ações: supõe a integração de processos de trabalho 
distintos, consideradas as conexões e interfaces existentes 
entre as intervenções técnicas peculiares de cada profissional, 
flexibilizando as fronteiras entre elas, mas com a preservação das 
respectivas especificidades e diferenças técnicas, trabalhando, 
assim, numa conjugação de especificidade e flexibilidade. Há a 
centralização das ações na obtenção de resultados; na integral 
às necessidades de saúde da clientela, por exemplo, a avaliação 
pré‑cirúrgica de um paciente poderá ser realizada através do 
cruzamento dos dados obtidos por diversos profissionais. Nessa 
situação, o prognóstico pode depender da condição clínica (sob 
a perspectiva dos médicos, cirurgião ou anestesista), do estado 
emocional, da motivação e dos recursos de enfrentamento 
(avaliados pelo psicólogo), das condições socioeconômicas 
144
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
necessáriasà manutenção do tratamento (observadas pelo 
assistente social) e assim por diante.
• Interação dos profissionais: as inter‑relações e o vínculo entre os 
integrantes da equipe potencializam a realização da tarefa (não é um 
objetivo em si, porque não se trata de um grupo terapêutico, e sim de uma 
equipe, que utiliza a interação como meio de trabalho). Os integrantes 
colocam‑se de acordo quanto a um projeto comum, quanto ao que dizem 
e quanto aos valores pressupostos. Para tanto, a comunicação entre os 
profissionais faz parte do exercício cotidiano do trabalho.
Tais ações e interações irão proporcionar ao cliente o benefício das ações integradas e que estarão 
voltadas para as necessidades da equipe, conforme explicam os autores.
Desta forma, Japiassu (1976, apud BRUSCATO; BENEDETTI; LOPES, 2006, p. 35) define:
[...] a multidisciplinaridade é como uma associação de disciplinas que abordam 
um mesmo objeto a partir de distintos pontos de vista. A multidisciplinaridade 
é, então, entendida como uma simples justaposição de disciplinas, visando a 
objetivos múltiplos, sem interagir quanto aos seus métodos e conceitos. Ou 
seja, a equipe permite uma bem‑vinda cooperação multidisciplinar, mas não 
se ocupa em empreender uma coordenação supradisciplinar unificadora.
Nessa perspectiva multidisciplinar, podemos entender que as informações de cada profissional a 
respeito do cliente se complementam, mas não há uma decisão conjunta, já que essa é em geral tomada 
pelo médico. Assim sendo, encontramos nas ações multidisciplinares a reprodução do modelo biomédico, 
conforme citado anteriormente.
Entretanto, é necessário encontrar o modelo que esteja voltado para a integração dos saberes, a 
favor da pessoa com doença, que esteja de acordo com o modelo biopsicossocial.
O trabalho realizado em equipes interdisciplinares utiliza técnicas 
metodológicas, esquemas conceituais e de análises de diferentes ramos do 
saber com a finalidade de integração. Essa equipe busca uma superação de 
fronteiras disciplinares, com a construção de uma linguagem interdisciplinar 
consensualmente construída entre os integrantes. Cada membro amplia 
seus referenciais específicos e desenvolve ação colaborativa com os demais 
(JAPIASSU, 1977, apud BRUSCATO; BENEDETTI; LOPES, 2006, p. 35).
A partir das explicações dos autores, entendemos que nas relações interdisciplinares a avaliação e o 
planejamento caminham de maneira colaborativa, interdependente, complementar e coordenada.
Completam os autores que não há uma fusão entre as diferentes áreas do conhecimento e que as 
especialidades não são negligenciadas – afinal, todos os profissionais agem ampliando seu referencial 
145
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
e atuam colaborando uns com os outros –; a identidade profissional é mantida, assim como o domínio 
específico da técnica.
Como exemplo de relações interdisciplinares, podemos citar o caso do reconhecimento pelo 
fisioterapeuta e por outros profissionais da equipe de que a condição socioeconômica desfavorável irá 
interferir na reabilitação de uma pessoa, havendo a necessidade de um profissional do serviço social 
para avaliar a questão e buscar meios tanto para que a problemática seja resolvida como para que hajam 
avanços no tratamento.
No exemplo citado, o conhecimento pelos profissionais da problemática da pessoa irá favorecer uma 
postura de compreensão e acolhimento das intervenções sociais, no sentido de que algumas vezes a 
pessoa necessita de adaptações físicas em sua casa, pois não há condições de viver como anteriormente.
Exemplo de aplicação
Neste sentido, sugiro que você reflita sobre a importância do trabalho do fisioterapeuta e da integração 
do seu conhecimento com outros conhecimentos, tendo em vista que o principal favorecido será a 
pessoa doente. O objetivo também deve estar voltado para o desenvolvimento de ações possibilitem o 
crescimento do profissional.
Com a certeza de um novo olhar para a questão das relações profissionais, convido você a conhecer 
e estudar o tema a seguir, pois está diretamente relacionado ao que até aqui apresentamos.
8.1 o fisioterapeuta na participação de projetos de prevenção de doenças e 
estímulo a melhor qualidade de vida
Iremos desenvolver a seguir o tema relacionado à atividade do fisioterapeuta em projetos e 
programas de prevenção de doenças. Além de ver de maneira mais profunda como se desenvolve 
um projeto, você conhecerá alguns programas que são realizados pelo Ministério da Saúde nos seus 
diferentes níveis de atuação. De início, você irá conhecer as definições de projeto e a importância do 
seu desenvolvimento.
8.2 projeto e suas definições
O que pretendemos aqui é identificar primeiramente um projeto de forma generalista, para que 
assim você tenha subsídios teóricos para apreender com maior eficiência o que vem a ser um projeto. 
Para tanto, nos reportamos à definição mais ampla em relação ao significado da palavra projeto:
1 Plano para a realização de um ato; desígnio, intenção. 2 Cometimento, 
empreendimento, empresa. 3 Redação provisória de qualquer medida 
(estatuto, lei etc.). 4 Constr Representação gráfica e escrita com orçamento 
de uma obra que se vai realizar. P. de lei: proposição escrita apresentada a 
146
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
uma câmara legislativa sobre qualquer assunto, para, depois de discutida em 
plenário, ser convertida em lei; propositura. P.‑tipo: projeto padronizado que 
deve ser seguido em diversas obras ou instalações da mesma natureza. Pl: 
projetos‑tipos e projetos‑tipo.
O significado que mais se aproxima ao nosso real interesse citado anteriormente é o que 
afirma que projeto trata‑se de um “Plano para a realização de um ato; desígnio, intenção”, ou seja, 
começamos a identificar que projetos são intenções elaboradas com o intuito de se realizar algo 
(fato/intenção).
Não há projeto se não houver a intencionalidade em realizar alguma coisa. No caso, não nos 
importa qual é tal fato a ser vislumbrado pela pessoa que elabora determinado projeto. De acordo 
com Lück (2003, p. 27), projeto é:
[...] conjunto organizado e encadeado de ações de abrangência e escopo 
definidos, que focaliza aspectos específicos a serem abordados num período 
de tempo, por pessoas associadas e articuladoras das condições promotoras 
de resultados, com um determinado custo.
A autora coloca com bastante ênfase a necessidade de um projeto ser desenvolvido por pessoas 
pró‑ativas, ou seja, com atitude e que saibam visualizar os resultados e custos para essa obtenção, 
sendo planejado com peculiaridade e norteando de todos os lados para se conseguir o objetivo 
central do projeto desenvolvido. Para Chase (2006, p. 78):
[...] um projeto pode ser definido como uma série de serviços relacionados, 
normalmente voltados para alguma produção importante e que necessita 
de um período significativo de tempo para ser realizado. Pode‑se destacar 
nesta interpretação que para haver a elaboração de qualquer projeto é 
preciso de tempo; assim, nenhum é feito “da noite para o dia”.
De acordo com o mesmo autor, deve‑se refletir que é preciso haver preparo metodológico para seu 
início. Há outros estudiosos que defendem a ideia de que não há nenhuma definição universalmente 
reconhecida para projeto, visto que seu significado pode mudar de acordo com a linha de pensamento 
de quem o faz. Entretanto, há pontos que todos os projetos devem adotar, conforme discursa Fusco 
(2007, p. 59):
[...] não existe nenhuma definição de “projeto”reconhecida universalmente. 
Assim, diferentes especialistas usam, às vezes, definições bastante diferentes. 
No entanto, alguns pontos importantes devem ser considerados para balizar 
a definição de projeto:
• o objetivo da atividade de projeto deve ser buscar a satisfação das 
necessidades dos consumidores;
147
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
• a atividade de projeto pode ser aplicada tanto a produtos (ou serviços) 
como a sistemas (que chamamos processos);
• a atividade de projeto é, em si mesma, um processo de transformação;
• o projeto começa com um conceito e termina na tradução desse 
conceito, em uma especificação de algo que é viável e passível de ser 
produzido.
Como se percebe, não é de grande importância para o autor a caracterização/significado do projeto 
(como palavra), e sim os objetivos que devem ser alcançados para que se concretize aquilo esperado 
inicialmente.
A palavra projeto pode ser utilizada de maneiras ambíguas, como discursa Orth (2009, p.15): “projeto 
de vida (significando um plano de como pretende viver daqui para frente), projeto de pagamentos 
(cronograma de pagamentos), projeto de curso (montagem de um currículo de curso), projeto de 
governo (coleção de boas intenções)”.
O importante nesse momento é que você perceba que para que seja um bom projeto é preciso 
tempo para sua elaboração, bem como objetivos definidos; sendo assim, um projeto não pode ser 
interpretado como algo que não demande conhecimento técnico e metodológico, pois é a partir do 
projeto que são feitos os estudos dos resultados das ações, minimizando possíveis erros e aumentando 
a assertividade.
Vale destacar que há inúmeros conceitos para projetos, e você, como futuro profissional, deve 
se identificar com algum deles para a utilização em seu cotidiano profissional, além de ter em 
mente que o projeto não precisa ser estático. É possível seguir o mesmo dinamismo do trabalho do 
fisioterapeuta, mas é preciso ficar atento para que o foco do projeto não se perca.
8.3 projeto com eficiência, eficácia e efetividade
Trabalharemos agora os conceitos dos “3 Es – eficiente, eficaz e efetivo”, em especial na visão da 
elaboração de projetos, pois tais conceituações podem se aproximar de ações bem sucedidas em aspectos 
amplos e diminuir possíveis situações‑problema.
O conhecimento do projeto como um todo pode ser um diferencial não somente para os envolvidos 
na sua elaboração e execução – pode também, de fato, causar a exultação do público a quem se destina.
8.3.1 Projeto eficiente
A palavra eficiente, de acordo com o dicionário Michaelis (1998), quer dizer: “1 Ação, capacidade 
de produzir um efeito; eficácia. 2 Mec Rendimento”. É a capacidade de se fazer alguma coisa, ponto 
importante no que tange à elaboração de projetos, pois o profissional precisa saber (ter competência) 
para desenvolver tal ação.
148
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Chiavenato e Sapiro (2009, p. 30) colocam como eficiência os seguintes atos:
• Fazer as coisas da maneira certa.
• Resolver problemas.
• Salvaguardar os recursos aplicados.
• Cumprir o dever.
• Reduzir custos.
De acordo com os autores citados, não há como ser eficiente – e, consequentemente, o mesmo 
ocorrerá com o projeto – se a pessoa, principalmente o gerente, não tiver claras a meta e a estratégia, 
não pensar em situações futuras e não absorver as responsabilidades.
Como a gerência fará as coisas corretas, sem saber quais de fato são? Como resolver os problemas 
se não há a absorção das responsabilidades? Como vou garantir e proteger os recursos se não sei onde 
serão aplicados e nem como? Como cumprir os deveres se não tenho claro quais eles são? Reduzir 
custos sem as devidas pesquisas de mercado?
Perceba o quanto é complexo e prioritário o líder ser de fato o responsável pelas ações que envolvem 
o projeto. Claro que não precisa somente ser uma pessoa responsável, mas haver responsáveis, que 
trarão os problemas para si visando à resolutividade.
Chiavenato (2006, p. 181) é extremamente direto quanto ao que vem a ser uma atitude eficiente:
[...] relaciona‑se com a maneira pela qual fazemos a coisa. É o como fazemos, 
o caminho, o método. No projeto anterior (aprovação em um certame), se 
escolhermos corretamente o melhor material, a melhor equipe docente e 
estudarmos de forma proativa, muito provavelmente seremos aprovados em 
menos tempo. Aí está a eficiência: a economia de meios, o menor consumo 
de recursos dado um determinado grau de eficácia.
Esse exemplo serve perfeitamente no cotidiano do elaborador de projetos, pois é preciso escolher 
perfeitamente (tanto em termos de qualidade como de preço) o material, os objetos, as pessoas e o local 
a ser usado, ou seja, os meios corretos para alcançarmos o objetivo e, consequentemente, termos ações 
pró‑ativas.
Resumidamente, eficiência é fazer o correto, utilizar da melhor maneira os recursos, analisar a 
questão custo‑benefício e obter o mínimo de perdas (desperdícios).
149
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
Psicologia aPlicada à FisioteraPia
8.3.2 Projeto eficaz
Se formos recorrer ao conceito da palavra eficaz no dicionário, teremos: “1 Qualidade daquilo que 
é eficaz. 2 Qualidade daquilo que produz o resultado esperado [...]”(MICHAELIS, 1998), ou seja, está 
associada a fazer corretamente aquilo que é posto no objetivo do projeto.
Chiavenato e Sapiro (2009, p. 30) discursam que ser eficaz é:
• Fazer as coisas certas.
• Produzir alternativas criativas.
• Maximizar a utilização dos recursos.
• Obter resultados.
• Aumentar o lucro.
O conceito utilizado para eficaz associa‑se ao fazer o que deve ser de fato feito, realizar as metas 
e propósitos, gerar lucro, diminuir desperdícios (não ter) e trazer os resultados com o máximo de 
criatividade possível.
Chiavenato (2006, p. 181) exemplifica que eficácia:
[...] consiste em fazer a coisa certa (não necessariamente da maneira certa). 
Assim, está relacionada ao grau de atingimento do objetivo. Se desejamos 
fazer algo [...] e logramos êxito nesse projeto, somos eficazes. Dessa forma, 
evidencia o cumprimento da missão, chegar ao resultado desejado.
8.3.3 Projeto efetivo
Ser efetivo, segundo o dicionário Michaelis (1998), significa “1 Real, verdadeiro. 2 Que produz efeito; 
que tem efeito; eficaz. 3 Que não tem interrupção; permanente: Serviço efetivo. [...]”. Para nossos estudos 
em relação a projetos, ser efetivo se concentra no ato de proporcionar a continuidade das ações, ou seja, 
haver a permanência para se chegar às metas.
A efetividade do projeto está direcionada ao fato dele conseguir perdurar no meio em que foi 
proposto, com resultados bem sucedidos durante o percurso do trabalho. Para isso, é preciso haver uma 
coordenação de esforços e “quereres” de maneira ordenada, para que o público‑alvo esteja satisfeito 
com o resultado.
Chiavenato (2006, p. 181) discursa sobre o conceito de efetividade com um breve exemplo prático 
e lúdico:
150
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: K
ar
en
 -
 1
9/
02
/2
01
3 
||
 2
ª r
ev
isã
o:
 V
irg
in
ia
 -
 c
or
re
çã
o:
 F
ab
io
 1
2/
03
/1
3 
 //
 3
ª R
ev
isã
o:
 ?
? 
- 
Co
rr
eç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
15
-0
3-
20
13
[...] a efetividade ressalta o impacto, à medida

Outros materiais