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Maria Eduarda de Souza – NEUROLOGIA ↪ AUDIÇÃO A audição é a capacidade de reconhecer o som emitido pelo ambiente. O órgão responsável pela audição é o ouvido e suas estruturas internas (principalmente, a cóclea), capaz de captar sons até uma determinada distância. Uma das funções mais nobres do ser humano é a linguagem – o único ser vivo capaz de expressar seus sentimentos e vontades através de palavras é o homem. Contudo, o indivíduo incapaz de ouvir perde parte desta conexão com o mundo: ele não perde apenas a audição, mas também perde a capacidade de se expressar e de ser entendido. Até porque a linguagem gestual ou leitura labial trata-se de modalidades de linguagem consideradas “frias”, incompletas. O indivíduo incapaz de ouvir nunca será capaz, por exemplo, de saber a diferença entre a entonação vocal de gratificação, de negação, de carinho, etc. Unidades de medidas de som O som é transmitido por ondas sonoras. A intensidade do som é determinada pela sua frequência (distância entre picos consecutivos) da onda: o número de ciclos de uma onda sonora. A audição é determinada pela amplitude da onda, ou seja, pela altura da onda sonora. O timbre (interação de ondas diferentes) é determinado pela complexidade e forma das ondas sonoras, que confere ao som sua qualidade única. A frequência auditiva (se o som é grave ou agudo) é medida em Hertz (Hz). A intensidade do som (se o som está “alto” ou “baixo”) é medida em Decibel (dB). Em resumo, temos as seguintes medidas do som: Frequência (Hertz ou Hz): mede a quantidade de oscilações por segundo que as ondas das moléculas de ar fazem em uma onda sonora (1 Hz = 1 ciclo/segundo). A frequência auditiva é a grandeza que determina se o som é agudo ou grave: Baixa frequência – tons graves Alta frequência (relacionada com a discriminação dos sons e entendimento dos fonemas) – tons agudos A capacidade média da população de interpretar frequência sonora é de 200 a 10000 - 20000 Hz. Intensidade sonora (Decibel ou dB): mede o que chamamos vulgarmente de “altura do som”. Zero dB não quer dizer a “ausência de som”, mas sim, a intensidade mínima do som necessária para que o ouvido normal perceba o som. É considerado um indivíduo de audição normal aquele que consegue captar com intensidade de zero até 25 dB. Zero decibel não significa, portanto, ausência de som: trata-se da capacidade mínima que o indivíduo normal tem de discriminar a intensidade do som. Acima de 25 dB, passa a existir um limiar doloroso e uma faixa de som potencialmente lesiva para audição (que ocorre por volta de 80 dB). Obs: Ondas sonoras. O som é a propagação de uma frente de compressão mecânica ou onda mecânica; esta onda se propaga de forma circuncêntrica, apenas em meios materiais - que têm massa e elasticidade, como os sólidos, líquidos ou gasosos. Os sons naturais são, na sua maior parte, combinações de sinais, mas um som puro monotónico, representado por uma senoide pura, possui uma velocidade de oscilação ou frequência que se mede em hertz (Hz) e uma amplitude ou energia que se mede em décibeis. Os sons audíveis pelo ouvido humano têm uma frequência entre 20 Hz e 20.000 Hz. Acima e abaixo desta faixa estão ultrassom e infrassom, respectivamente. Divisão anatômica e funcional do ouvido (orelha) O aparelho auditivo, a grosso modo, é composto por três regiões: orelha externa, orelha média e orelha interna. De um modo geral, todas estas estruturas trabalham no intuito de amplificar o som até ele ser transformado em energia nervosa para alcançar o sistema nervoso central. A primeira parte, a orelha externa, se estende desde o pavilhão auditivo até a membrana timpânica. A segunda parte, a orelha média, corresponde a uma pequena cavidade no osso temporal, se estendendo desde a membrana timpânica até o chamado promontório (eminência marcada pela espira basal da cóclea). É formada por uma pequena câmara cheia de ar na porção petrosa do osso temporal denominada de cavidade do tímpano. Essa cavidade comunica-se com a nasofaringe por um canal osteocartilaginoso chamado tuba auditiva. Em resumo, estão contidos nesta região: martelo, bigorna, estribo, células da mastoide, músculo estapédio, músculo do martelo, tuba auditiva, etc. A terceira porção, a orelha interna, consiste em um intricado conjunto de cavidades e canais no interior da Maria Eduarda de Souza – NEUROLOGIA porção petrosa do osso temporal, conhecidos como labirinto ósseo, dentro dos quais existem delicados ductos e vesículas membranosas, designadas, no seu conjunto, labirinto membranáceo, o qual contém as estruturas vitais da audição e do equilíbrio. Em resumo, estão contidos nesta região: sistema vestíbulo-coclear, responsável pelo equilíbrio (canais semicirculares, vestíbulo e sáculo) e audição (cóclea). Destas estruturas, nascem os segmentos aferentes para formar o nervo vestíbulo-coclear (VIII par craniano). No ouvido externo, a pina (pavilhão auditivo) coleta e direciona o som através do canal auditivo (meato acústico externo). O canal auditivo amplifica e afunila o som até a membrana timpânica que, por sua vez, coleta o som e faz vibrar os ossículos do ouvido médio, obedecendo a seguinte ordem: o martelo bigorna estribo. Este, então, vibra contra a janela oval da cóclea Obs: Ossículos do Ouvido. A membrana timpânica é responsável por converter a propagação área do som em propagação mecânica, a partir do momento em que ela vibra em direção ao martelo, que é divido em duas regiões: cabeça do martelo e corpo do martelo. O martelo faz uma articulação com a bigorna (constituída de corpo, processo maior e processo menor). O processo maior da bigorna faz conexão com o estribo (prolongamento anterior e prolongamento posterior, que se assenta na platina do estribo). A platina do estribo, por sua vez, se conecta com a janela oval da cóclea, responsável por converter a propagação mecânica do som em propagação líquida (graças à endolinfa dentro da cóclea), que será convertida, em nível da cóclea, em impulso elétrico, o qual seguirá até o córtex, onde haverá a interpretação do impulso. No ouvido interno, tem-se um órgão fundamental à audição chamado de cóclea. A cóclea, na realidade, consiste em um estojo ósseo em formato espiral (componente do labirinto ósseo) que abriga o chamado ducto coclear (componente do labirinto membranoso) que, por sua vez, abriga o órgão de Corti (unidade morfofuncional do ouvido, responsável por realização a transdução do estímulo sonoro em impulso elétrico). A cóclea (particularmente, a porção em forma de concha: o corpo da cóclea) é dividida em três canais ou rampas: rampa vestibular que é separada por uma membrana da rampa média e a rampa timpânica, que é separada pela membrana basilar da rampa média. Ela é preenchida por um fluido chamado de endolinfa, responsável por propagar a vibração que foi transmitida pelos ossículos, de modo que as células ciliadas captem a propagação dessa vibração (ver Obs1). As células ciliadas no órgão de Corti traduzem as ondas sonoras e as converte em impulsos nervosos. Obs1: O labirinto membranoso está presente dentro do labirinto ósseo e é preenchido por endolinfa (líquido similar aos líquidos intracelulares com alta concentração de K+ e baixa concentração de Na+). Já, dentro do labirinto ósseo, existe a perilinfa (de composição similar ao líquido extracelular, com baixa concentração de K+ e elevada concentração de Na+), que banha, por fora, o labirinto membranoso. Obs2: Acoplado à cóclea, existe ainda o vestíbulo e os canais semicirculares (dispostos em três planos de direção), que constituem, juntos, o aparelho vestibular (que também apresenta células ciliadas), estando relacionado ao equilíbrio. É a este conjunto (cóclea, vestíbulo e canais semicirculares) que se dá o nome de labirinto ósseo. Hidrodinâmica da audição O funcionamento da orelha internaé praticamente baseado nesta dinâmica dos fluidos contidos nos dois labirintos. Assim que o estribo realiza o movimento de pistão sobre a janela oval, ocorre uma compressão da perilinfa, a qual é deslocada na forma de uma onda de choque. Esta onda se propaga até o nível da janela redonda, onde o impacto é amortecido e, assim, a perilinfa é descomprimida. No mecanismo da audição, devemos levar em consideração, neste momento, a perilinfa localizada nas rampas cocleares. Esquematicamente, como podemos ver no desenho abaixo, temos a rampa vestibular em contato com a janela oval e a rampa timpânica em contato com a janela redonda. Entre as duas rampas, está situado o ducto coclear (rampa ou escala média), componente auditivo do labirinto membranoso, contendo o órgão de Corti. Em resumo, a energia sonora, depois de conduzida ao longo da orelha externa, estimula o movimento dos ossículos da orelha média, fazendo com que o estribo estimule a propagação sonora pela perilinfa, a partir da janela oval. Como a janela oval se abre na rampa vestibular, este é o primeiro espaço a receber as vibrações da base do estribo. A rampa média (representada pelo próprio ducto coclear) está entre a rampa vestibular e a rampa timpânica e está preenchida por endolinfa, como vimos anteriormente. Esta rampa tem duas fronteiras: membrana de Reissner e a membrana basilar. A membrana de Reissner (vestibular) separa a rampa vestibular da rampa média. Atendendo à sua espessura (por ser muito fina), não oferece obstáculo à passagem das ondas sonoras. Deste modo, a compressão e propagação do som ao longo da Maria Eduarda de Souza – NEUROLOGIA perilinfa é facilmente propagada à endolinfa dentro do ducto coclear, onde está contido o órgão de Corti. Órgão de corti A figura acima mostra um corte axial com relação a uma das voltas espirais da cóclea, demonstrando, no detalhe, a unidade anátomo-funcional da orelha: o órgão de Corti. O órgão de Corti consiste em: membrana basilar; membrana tectorial; e células ciliadas entre as duas membranas, apresentando ainda células de suporte. As células ciliadas são as receptoras do sinal vibratório, capazes de transformar a energia sonora propagada pela endolinfa em impulso nervoso. Este impulso será propagado através do componente coclear do N. vestíbulo- coclear, percorrendo a via auditiva, até o córtex auditivo, onde acontecerá a interpretação do som. Os cílios projetam-se no topo de cada célula ciliada até a membrana tectorial. Portanto, quando as ondas sonoras se propagam desde a perilinfa até a endolinfa, a membrana tectorial se move, provocando também um movimento ciliar, o que gera um potencial de ação e abertura de canais iônicos. Dois tipos de células ciliadas se encontram no órgão de Corti humano: Células ciliadas internas: (~ 3500): formam uma única camada de células ao longo da membrana basilar, estando elas localizadas mais medialmente com relação à membrana tectórica. Células ciliadas externas: (~ 12.000): são organizadas em colunas ao longo da membrana basilar. Estão relacionadas com a porção mais lateral da membrana tectórica, sendo esta porção a que mais se move na ocasião de onda de choque sonora. Lesão destas células causa disacusia neurossensorial grave. Transdução auditiva As extremidades ciliares são unidas por uma ligação. O movimento ciliar gerado pelo deslocamento da membrana tectorial produz tensão nos cílios, capaz de abrir canais iônicos na extremidade adjacente. Desta forma, íons de cálcio e sódio fluem para dentro dos cílios e produzem uma despolarização e condução do impulso nervoso. A intensidade do sinal sonoro determina o sentido da vibração dos cílios das células ciliadas dos órgãos de Corti. Em outras palavras, cada cílio é interligado ao outro por meio de um crosslink que, dependendo da intensidade vibratória, esta mesma ligação é responsável por abrir um canal iônico, entrando Na+ e Ca2+, levando a geração de um potencial de ação e, eventualmente, de um impulso nervoso, que segue pelo nervo coclear até seus respectivos núcleos no tronco encefálico. Via auditiva Depois que o estímulo sonoro na forma mecânica é convertido em uma transmissão eletroquímica – graças à ação do cílio das células ciliadas do órgão de Corti – o impulso chega até neurônios de 1ª ordem localizados no gânglio espiral (de Corti), os quais formam o componente coclear do nervo vestíbulo-coclear (VIII par craniano). O impulso é então levado para neurônios de 2ª ordem dos núcleos cocleares dorsal e ventral, localizados na ponte. Os axônios destes neurônios cruzam para o lado oposto (constituindo o corpo trapezoide), contornam o núcleo olivar superior e inflectemse cranialmente para formar o lemnisco lateral do lado oposto. As fibras do lemnisco lateral terminam fazendo sinapse com os neurônios III no Maria Eduarda de Souza – NEUROLOGIA colículo inferior. Existe um certo número de fibras provenientes dos núcleos cocleares que penetram no lemnisco lateral do mesmo lado, sendo, por conseguinte, homolaterais. A partir do colículo inferior, a via prossegue até o núcleo geniculado medial, onde estão neurônios de 4ª ordem. Por fim, o trajeto dessas vias continua pela radiação auditiva até o córtex auditivo, localizado principalmente no giro temporal transverso anterior (áreas 41 e 42 de Brodmann). Conclui-se, portanto, que os sinais a partir de ambos os ouvidos são transmitidos para os dois lados do encéfalo, com predominância da transmissão pela via contralateral. ↪ LESÕES A perda auditiva pode ser classificada como condutiva, neurossensorial, ou mista. Condutiva (canal auditivo externo ou ouvido médio) A perda auditiva condutiva ocorre secundária às lesões no canal auditivo externo, MT ou da orelha média. Essas lesões impedem que o som seja eficazmente conduzido para a orelha interna. Neurossensorial (cóclea e VIII nervo) A perda auditiva neurossensorial é causada por lesões da orelha interna (sensorial) ou nervo auditivo — VIII NC (neural —Diferenças entre perda auditiva neural e sensorial). Essa distinção é importante, porque a perda auditiva sensorial é, por vezes, reversível e raramente é ameaça à vida. A perda auditiva neural raramente é recuperável e pode ser decorrente de tumor cerebral, quase sempre localizado no ângulo pontocerebelar. Denomina-se um tipo adicional da perda neurossensorial de transtorno do espectro da neuropatia auditiva quando o som pode ser detectado, mas o sinal não é enviado corretamente ao cérebro, e acredita-se que ocorra por causa de uma anormalidade das células ciliadas internas ou neurônios que as inervam dentro da cóclea. Mista A perda mista pode ser ocasionada por traumatismo craniano, com ou sem fratura do osso temporal, por infecção crônica, ou por uma de muitas doenças genéticas. Também pode ocorrer quando perda de audição condutiva transitória, geralmente consequente à otite média, é sobreposta por perda auditiva neurossensorial. ↪ TESTES CLÍNICOS E COMPLEMENTARES A avaliação auditiva completa mínima inclui a determinação dos limiares por conduções aérea e óssea de sons puros, limiares de recepção de fala e discriminação de fala; timpanometria e teste de reflexo acústico, englobando teste de declínio de reflexo. Informações obtidas a partir desses procedimentos ajudam a determinar se diferenças mais definitivas de perda auditiva sensorial da neural são ou não indicadas. A audição por condução aérea é testada pela apresentação de um estímulo acústico ao ouvido através de fones de ouvido ou alto-falantes. A perda auditiva ou elevação do limiar auditivo, detectadas por este processo, podem ser causadas por um defeito em qualquer parte do aparelho auditivo – canal auditivo, ouvido médio, ouvido interno, VIII nervo ou vias auditivas centrais. A audição por condução óssea é examinada colocando-se uma fonte sonora (por exemplo,o oscilador de um audiômetro ou um diapasão) em contato com a cabeça. O som causa vibração em todo o crânio, incluindo as paredes da cóclea óssea, e estimula diretamente o ouvido interno. A audição por condução óssea não atinge os ouvidos externo e médio, e testa a integridade do ouvido interno, VIII nervo e vias auditivas centrais. Se o limiar por condução aérea estiver elevado e o limiar por condução óssea normal, diz-se que a perda auditiva é condutiva. Se ambos os limiares, por conduções aérea e óssea, estiverem igualmente elevados, diz-se que a perda auditiva é neurossensorial. Ocasionalmente, a perda auditiva é mista ou composta por componentes condutivo e neurossensorial. Nestas circunstâncias, ambos os limiares estão elevados, sendo que o limiar da condução aérea está mais elevado que o da condução óssea. Os testes de diapasão de Weber e Rinne são usados para diferenciar a perda auditiva condutiva da neurossensorial. Estes testes são realizados com diapasões com freqüências de 256, 512, 1.024 e 2.048Hz. No teste de Weber, a haste em vibração do diapasão é colocada na linha média da cabeça e o paciente indica em que ouvido o som está mais alto. Quando o paciente apresenta uma perda auditiva condutiva unilateral, por razões desconhecidas ele refere que o som é mais alto no ouvido comprometido. Em contraposição, quando o paciente apresenta uma perda auditiva neurossensorial unilateral, refere ouvir o som mais alto no ouvido não afetado, porque o diapasão estimula ambos os ouvidos internos da mesma maneira, e o paciente percebe o estímulo com o nervo e o órgão terminal não comprometido e mais sensível. O teste de Rinne compara a capacidade auditiva pela condução aérea com a capacidade auditiva pela condução óssea. A haste do diapasão em vibração é colocada em contato com o processo mastóide (para condução óssea); então as pontas do diapasão são colocadas próximo à aurícula (para condução aérea) e solicita-se ao paciente que indique qual estímulo é mais alto. Normalmente, o estímulo é ouvido mais intensamente pela condução aérea (AC) que pela condução óssea (BC), assim, a proporção é AC > BC. Quando existe uma perda auditiva condutiva, esta proporção é invertida; o estímulo por condução óssea é percebido mais intensamente que o estímulo por condução aérea (BC > AC). Com a perda auditiva neurossensorial, ocorre redução da percepção por ambas as conduções, mas a proporção se mantém a mesma como aquela para audição normal (AC > BC). O audiômetro é usado para quantificar a perda auditiva. Com este dispositivo eletrônico, podem ser emitidos estímulos acústicos de freqüências específicas (sons puros) nas intensidades específicas, para se determinar o limiar Maria Eduarda de Souza – NEUROLOGIA auditivo do paciente em cada freqüência. A audição de cada ouvido é medida de 125 ou 250 a 8.000Hz por condução aérea (usando-se fones de ouvido) e por condução óssea (usando-se um oscilador em contato com processo mastóide ou testa). A perda auditiva é medida em decibéis (dB). Um decibel é uma unidade logarítmica que é uma proporção entre um nível de referência e um nível calculado. Devido a várias referências usadas, a referência deve ser determinada quando relacionada ao decibel. O total de potência sonora é aumentado 10 vezes para cada 20dB. Os resultados dos testes são expostos em gráficos chamados audiogramas (ver FIGS. 82.1 e 82.2). O audiograma é uma representação logarítmica de potência sonora necessária para se obter o limiar auditivo. Quando a audição difere entre ouvidos ou conduções aérea e óssea, sons intensos apresentados a um ouvido podem ser ouvidos no outro. Nesses casos, um mascaramento de som, geralmente ruído, é apresentado ao ouvido que não está sendo testado, de modo que as respostas obtidas mais precisamente refletem audição no ouvido que está sendo testado. A audiometria da fala inclui o limiar de recepção da fala (LRF) e a discriminação da fala. O LRF, intensidade em que a fala é reconhecida como um símbolo significativo, é determinado pela apresentação de uma lista de palavras de 2 sílabas igualmente tônicas (espondeu), tais como ferrovia, escada, basebol, em intensidades específicas e observando a intensidade em que o paciente repete 50% das palavras apresentadas corretamente. O LRF geralmente é próximo dos níveis auditivos médios obtidos nas freqüências da fala de 500, 1.000 e 2.000Hz. A discriminação da fala, a capacidade em discriminar vários sons da fala ou fonemas, é determinada apresentando-se 50 palavras monossilábicas foneticamente balanceadas, com os fonemas na mesma freqüência relativa que ocorre na conversação em inglês, a uma intensidade de 25 a 40 dB acima do LRF. A porcentagem de palavras repetidas corretamente pelo paciente é o valor de discriminação da fala, normalmente 90 a 100%, sendo uma boa indicação de uma habilidade pessoal entender a fala em condições de escuta ideais. Este valor permanece normal na perda auditiva condutiva, mas é reduzido na perda auditiva neurossensorial, porque a análise dos sons da fala pelo ouvido interno e VIII nervo é prejudicada. A discriminação tende a ser pior nas perdas auditivas neurais do que nas sensoriais (ver adiante). A timpanometria mede a impedância do ouvido médio à energia acústica. Enquanto o paciente permanece quieto, uma sonda contendo uma fonte sonora e um microfone é colocada no canal auditivo para medir quanto da energia acústica é absorvida (passa) ou refletida pelo ouvido médio. Normalmente, a complacência máxima do ouvido médio ocorre quando a pressão no canal auditivo se equivale à pressão atmosférica. O aumento ou a diminuição da pressão no canal auditivo demonstra vários padrões de complacência. Quando a pressão no ouvido médio é relativamente negativa, como na obstrução da tuba de Eustáquio e derrame de ouvido médio, a complacência máxima ocorre com uma pressão negativa no canal auditivo e pequeno movimento da membrana timpânica. Quando há rompimento na cadeia ossicular, como na necrose ou no deslocamento do processo longo da bigorna, o ouvido médio é excessivamente complacente. Quando ocorre fixação da cadeia ossicular, como na anquilose estapedial na otosclerose, a complacência pode ser normal ou reduzida. A timpanometria tem sido usada como teste de triagem em crianças para avaliação de derrames de ouvido médio (otite média serosa ou secretora) e para fornecer dados diagnósticos sobre a perda auditiva condutiva. O teste de reflexo acústico pode detectar alterações na complacência provocadas pela contração reflexa do músculo estapédio; o reflexo acústico é desencadeado pela apresentação de um som de várias intensidades a qualquer um dos ouvidos. A presença ou ausência deste reflexo é importante no diagnóstico topográfico de funcionamento do ouvido médio e de paralisia do nervo facial. O reflexo se adapta ou diminui na perda auditiva neural, e determina se há adaptação ou diminuição, especialmente abaixo de 2.000Hz, auxilia o diagnóstico diferencial das perdas auditivas sensoriais e neurais. Este teste pode confirmar as respostas limiares voluntárias e indicar que o paciente está se fingindo de doente. ↪ SINAIS E SINTOMAS DO CASO
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